quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Veja os jogos do slb na... SPORT TV


«Para além da Liga Portuguesa de Futebol, Taça de Portugal e da Taça da Liga, a SPORT TV transmite, em exclusivo, as principais ligas europeias e, mais recentemente, o campeonato Argentino.
A SPORT TV também detém os direitos de transmissão de todos os jogos da maior prova de clubes a nível europeu – a Liga dos Campeões. Liga Europa, Taça dos Libertadores, Copa América, Campeonato da Europa, Campeonato do Mundo e Mundial de clubes são também grandes competições que a SPORT TV transmite, em direto»


Há muita propaganda e lavagens ao cérebro diárias tendo como alvo o "povão benfiquista" mas, na realidade, tirando os 15 jogos que o slb disputa em casa para o campeonato, todos os outros jogos oficiais - Campeonato fora de casa, Taça de Portugal (excepto a final), Taça da Liga e Liga dos Campeões, estão na mão da SPORT TV.
Ou seja, a partir da época 2013/14, a revolução anunciada nas transmissões televisivas, resume-se ao seguinte: dos 45-50 jogos oficiais que o slb disputa por ano, apenas cerca de 1/3 serão transmitidos na benfica TV isto, claro está, se Vieira cumprir com esta promessa eleitoral (penso que, a médio prazo, a da final europeia será mais fácil de cumprir...). Para verem os restantes 30-35 jogos na televisão, os benfiquistas terão de ir para o café, ou continuarem a ser clientes da... SPORT TV.

Veja os jogos do slb na... SPORT TV. A partir de Junho de 2013, não me admirava que este fosse um dos slogans da SPORT TV. Rima e é verdade (pelo menos para a maior parte dos jogos).

P.S. Olhando para as fotos que ilustram este artigo, fico com uma dúvida: Vieira e Joaquim Oliveira são mesmo inimigos, ou disfarçam bem?

Direitos televisivos: slb, Liga e regulamentos

Extrato de um artigo de opinião de Luís Sobral (publicado no Maisfutebol, em 29-10-2012), com observações muito pertinentes acerca dos direitos e transmissões televisivas.

«(...) Fazer algo que soe a ataque à Olivedesportos gera aplausos na Luz e, viu-se, dá votos. Será também racional?
O presidente dos «encarnados» diz há muito tempo a mesma coisa: o clube merece receber mais pelos direitos. Oliveira já ofereceu mais, mas o líder benfiquista não acha suficiente. Pode ser estratégia negocial, legítima, ou início de revolução. (...)
Os próximos tempos serão, pois, fascinantes. Os clubes e a Liga estão a mexer no coração das receitas, no ponto fundamental do negócio. Com os riscos que isso acarreta, numa altura em que o mercado publicitário decresce a um ritmo assustador, as televisões compram muito menos e as tecnologias trazem novas oportunidades e desafios.
Para muitos emblemas, a dependência da tv ronda os 70 por cento. Pode ser que tudo acabe por ficar na mesma, apenas mais caro para a Olivedesportos. Mas também pode mudar, com consequências que ninguém consegue verdadeiramente antecipar. A hipótese de passar jogos na Benfica TV, a concretizar-se, obrigará também a rever a utilização que é feita das imagens televisivas em diferentes instâncias do futebol, da disciplina à arbitragem. Digo eu.
O Maisfutebol levantou o tema na última sexta-feira. Do meu ponto de vista, a Liga e a Federação estão obrigadas a olhar com lupa para os regulamentos de competições e disciplinar. Deixará de ser legítimo utilizar as imagens de jogos para tomar decisões, pelo simples facto de que o olhar deixará de ser neutro, distante, frio, igual para todos.
Eu sei que a minha opinião não será partilhada por muitos leitores. Mas também sei que já fiz mais transmissões de futebol do que a esmagadora maioria de quem me lê. E sei como se faz e conheço quem faz. Também sei que nada na prática atual dos clubes portugueses me leva a acreditar que algum dia poderão ser fontes justas e isentas. É contra a sua natureza, viciados em colocar o emblema antes do futebol.
Valia a pena começar a pensar sobre isto. É impensável que uma televisão de clube transmita jogos de uma liga profissional e os regulamentos e práticas não se alterem.»

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Duas iniciativas para encher o Dragão


29/10/2012 Bilhetes para recepção ao Marítimo a oito euros
Em semana de Dragões de Ouro, os ingressos de sócio para o FC Porto-Marítimo (sexta-feira, 20h15, oitava jornada da Liga) têm o valor único de 8 euros, para qualquer bancada.
Os detentores de Dragon Seat têm ainda a possibilidade de adquirir até dois bilhetes pelo preço unitário de oito euros.
As entradas estão disponíveis nos locais habituais: Loja do Associado, FC Porto Stores do NorteShopping, do ArrábidaShopping e do Shopping Cidade do Porto, lojas Fnac do GaiaShopping, MarShopping, NorteShopping e Via Catarina, www.fcporto.pt e Linha Dragão (707 28 1893).


30/10/2012 Entra no FC Porto-Marítimo pela porta do Vitalis Park
A FC Porto Store do Vitalis Park comemora esta terça-feira quatro anos de existência e por esse motivo quer presentear os mais dedicados adeptos portistas.
Por cada 15 euros de compras na loja azul e branca, os adeptos recebem um convite para o FC Porto-Marítimo, da oitava jornada da liga (sexta-feira, 20h15, Estádio do Dragão).
A promoção é válida durante esta terça-feira, dia 30, na FC Porto Store do Vitalis Park.

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Duas boas iniciativas, que vão de encontro aquilo que venho defendendo, para que o Estádio do Dragão tenha mais gente, e se possível encha, nos jogos que o FC Porto disputa em casa.
Só é pena que a divulgação se tenha cingido ao website do clube e com uma antecedência e destaque limitado. Conheço vários portistas que não tinham conhecimento destas iniciativas.

Salvar o projeto da equipa B


Após as grandes expectativas iniciais, os factos que traduzem o que tem sido o triste desempenho da equipa B do FC Porto, são os seguintes:
11 jogos
1 vitória
5 empates
5 derrotas
8 golos marcados
15 golos sofridos
8 pontos
19º classificado (com os mesmos pontos do 20º) a 20 pontos do 1º lugar (sporting B)

Este fim-de-semana, mais um jogo, mais uma derrota (Atlético 2, FCP B 1), algo que já não surpreende os adeptos, mas que também não parece suscitar qualquer tipo de reação nos responsáveis e estrutura portista (onde andam o Antero Henrique e o Luís Rocha?).

Os problemas em que a equipa B está mergulhada, para não dizer afogada, são claros desde o início do campeonato, pelo menos para quem já se auto-flagelou a ver alguns jogos (o Porto Canal tem transmitido os jogos realizados em casa).
Por isso, desde finais de Agosto, já escrevi e publiquei vários textos (e comentários) sobre o assunto:

A explicação de que o desempenho e resultados da equipa B portista são naturais, porque os jogadores são jovens e inexperientes, não colhe. Senão, quem defende este argumento, terá de explicar como é possível que os "jovens e inexperientes" leõezinhos sejam os atuais líderes da II Liga.
E também não me parece que alguém sério, consiga explicar este desastre com as arbitragens ou a falta de sorte.

Olhando para as habituais escolhas de Rui Gomes, constata-se que o núcleo duro é um misto de promessas das camadas jovens portistas, como são os casos de Tiago Ferreira, Pedro Moreira ou Sérgio Oliveira, a que se juntam vários jogadores estrangeiros (contratados ou emprestados), como Abdoulaye, Quiñones, Mikel, Sebá, Dellatorre ou Vion.

Será que não é possível extrair um melhor rendimento, individual e coletivo, do lote de jogadores que o treinador Rui Gomes tem à sua disposição?
Ou, dito de outra forma, o problema está na falta de qualidade dos jogadores, na incapacidade da equipa técnica, ou em ambos os fatores?

Infelizmente, a realidade atual ultrapassou os piores cenários que imaginei serem possíveis e, numa altura em que a equipa B está a apenas um empate (2 pontos) do 22º e último classificado (Freamunde), a questão primordial é saber o que pode ser feito para salvar o projeto da equipa B, de modo a que este não tenha o mesmo destino de um outro projeto emblemático da formação portista, o projeto Visão 611.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

A (falta de) intensidade

Intensidade. É uma palavra de que os portistas têm falado muitas vezes esta época.
Faltou intensidade (e uma arbitragem séria) em Barcelos.
Faltou intensidade (e outra atitude após estar em vantagem) em Vila do Conde.
E no Estoril x FC Porto (disputado na Amoreira e não no estádio de Faro/Loulé...) faltou novamente intensidade, principalmente durante a primeira parte.
E faltou intensidade em várias situações do desafio.
Faltou intensidade nos lances de bola parada (cantos e livres). Se na quarta-feira já tinha ficado evidente as dificuldades da equipa azul-e-branca nos livres e cantos, ao ponto do 1º golo do Dinamo Kiev ter sido marcado de cabeça na pequena área portista, é altamente preocupante que estes problemas se tenham repetido com um conjunto do nível do Estoril. A forma como a equipa (não foi só a defesa) foi duas vezes batida, e da mesma maneira, nos dois primeiros cantos a favor do Estoril, deveria merecer uma profunda reflexão (do treinador e jogadores).
Mas também faltou intensidade na disputa das bolas divididas e na pressão (quase inexistente) sobre os adversários que vestiam de amarelo.

Ao intervalo o Vítor Pereira deve ter falado com os seus jogadores acerca da (falta de) intensidade e, logo no início da segunda parte, notou-se uma atitude diferente, com um pressing maior sobre o portador da bola e, pasme-se, logo no meio-campo adversário! (algo que parecia impossível na primeira parte)
E os resultados apareceram. Dois golos e um falhanço inacreditável com a baliza completamente escancarada, tudo nos primeiros 20 minutos da segunda parte.

Em vantagem, e mesmo sem ter marcado o 3º golo e "matado o jogo", a equipa voltou a abrandar, correndo o risco de sofrer o golo do empate numa falha defensiva ou num remate feliz de meia distância. Felizmente, ao contrário do que aconteceu em Vila do Conde, desta vez a coisa correu bem, mas penso que não haveria necessidade do FC Porto ter terminado o jogo entrincheirado no seu meio-campo e com uma super muralha defensiva composta por quadro defesas centrais (Maicon, Rolando, Otamendi e Mangala), mais quatro médios de combate (Fernando, Moutinho, Danilo e Defour).

Tal como na passada quarta-feira, Varela voltou a marcar o 1º golo do FC Porto e a justificar a aposta (polémica) de Vítor Pereira nele, em detrimento de Atsu. Mas o MVP do jogo foi novamente Jackson cha cha cha Martinez, com mais um golo, uma assistência e participação direta em todos os lances de perigo criados pelos dragões. E agora, que quase toda a gente está rendida à qualidade deste novo goleador colombiano que veste de azul-e-branco, Vítor Pereira fez questão de dizer que o mérito da sua descoberta não era dele, mas sim do scouting do FC Porto.

P.S. Ao contrário de outros casos, não foram precisos meses para Jackson Martinez se adaptar ao clube e/ou ao futebol praticado em Portugal. Começou logo a render e a justificar o investimento feito pela SAD. Contudo, se lhe acontecer alguma coisa (lesões, castigos, abaixamentos de forma), qual é a alternativa? Não parece que possa ser Kléber o qual, desta vez, nem sequer mereceu integrar o lote dos 18 convocados.

domingo, 28 de outubro de 2012

Este Martinez tem "salero"



Mais sofrido do que aquilo que em campo se viu, a vitória inatacável do FC Porto viu-se órfã de alguns golos que vincassem a diferença das equipas na contenda. Entre a ansiedade do revés ocorrido cedo e perda de algumas oportunidades prometedoras, o conjunto de Vítor Pereira foi protelando a decisão do encontro para meados do 2º tempo, quando o Estoril não foi capaz de acompanhar o ritmo do bicampeão nacional. Três pontos com caliente salero “Cha Cha Cha”, Martinez de seu nome, que vai acrescentando pontos ao seu curriculum já de si meritório.

Como um autentico paradoxo, no jogo em que a equipa azul e branca até entrou bem, a impor ritmo à partida e a ser pressionante, leva um coice ao segundo canto do conjunto da casa. Numa passividade ao primeiro poste como já havia acontecido na passada Quarta-Feira, Licá ganha de cabeça para fazer o desvio quase fatal. O ressalto em Steven Vitória confirmou o inevitável e o galo que se lamuriavam os adeptos portistas bem o podiam retribuir à sua passiva defesa.

Se para aqueles que fazem voto de fé nas coincidências já ladainhavam algo de estranho, mais o fizeram quando na baliza contrária Jackson, num desvio a papel químico do lance vitorioso canarinho, viu a bola ir ao poste numa atrapalhada canelada de Otamendi. Triste sina para quem tanto dominava. Nem sempre na mais perfeita das formas, mas merecedora de melhor sorte.

A bola circulava entre o azul e o branco, mas o conjunto vai coxo. Aquele lado esquerdo, Senhor me perdoe, que até pode ser cisma minha, não ata, nem desata. Se um treinador decide fazer uma adaptação numa equipa tem de ver e fazer uma de duas coisas; 1) Avaliar se o jogador tem capacidade para se adaptar naquele espaço; 2) Fazer um trabalho específico de integração à posição com o respectivo atleta. Vítor Pereira não fez nenhuma das duas coisas com Mangala. E assim fica todo um flanco sei rei, nem roque, até ao dia que venha pior sorte, e depois não digam que não o avisei.

E neste flashback mais alongado nem me dei conta e já se joga a 2ª parte. Agora sim, a bola é redonda e rola em boa velocidade. O ritmo imposto foi duro para o Estoril que fez criar brechas no seio da sua defesa. James testou a atenção de Vagner de meia distância, mas foi Jackson quem abriu a lata e ofereceu o sumo ao seu companheiro de ataque Varela. Empate, enfim, chegou ele.

Sem perder o embalo, porque os três pontos é o objectivo único em vista, Moutinho bate finalmente um livre tenso, como se quer, e em conta para o baile “Cha Cha Cha” Martinez fazer a remontada. Os filhos da Colômbia parecem querer eternizar-se na ligação umbilical ao FC Porto. Não é que o nosso actual avançado necessite de comparações, mas vai bem no encalce de quem o precedeu no seu lugar. Vítor Pereira agradece, a bem da luta acesa e renhida deste campeonato.

sábado, 27 de outubro de 2012

Análise económica e financeira às Contas 2011/12 (parte I)

Correndo o risco de repetir uma boa parte do que já aqui escrevi há uns anos na análise económica e financeira às contas da FC Porto SAD, tentarei abordar as Contas Consolidadas dos últimos seis exercícios (a partir do último grande prejuízo de 30 milhões EUR em 2005-2006).













Primeira parte: os Balanços e a Situação Patrimonial

Partindo de uma análise aos Balanços Consolidados verificamos que em todos os seis anos a FC Porto, SAD se encontra numa situação financeira complicada, uma vez que os seus capitais estáveis são insuficientes para financiar o Activo Fixo (o Fundo de Maneio é negativo em todos os anos da análise), sendo que uma parte importante do ciclo de investimento está a ser financiada com exigível de curto prazo. A situação agravou-se de forma radical no exercício de 2011-2012 tendo o Fundo de Maneio atingido o valor negativo de 114 milhões EUR. Por isso mesmo é referido no Relatório e Contas que o Conselho de Administração está a estudar “a realização de uma operação financeira para a reestruturação desse passivo, de forma a assentar uma parte significativa da sua dívida no longo prazo”.


Por outro lado, no que respeita ao ciclo operacional da sociedade, as Necessidades de Fundo de Maneio, que apresentavam montantes positivos bastante elevados (o que significa, grosso modo, que a sociedade pagava cedo aos fornecedores e recebia mais tarde dos seus clientes) até 2009-2010, apresentam agora uma variação muito significativa. Ou seja, face às crescentes necessidades de liquidez a sociedade fez um esforço e conseguiu cobrar valores em atraso, o que mesmo assim não foi suficiente para sustentar o ciclo de exploração, pelo que teve de recorrer a financiamento alheio, nomeadamente a empréstimos bancários de curto prazo.

O Endividamento Líquido mais do que duplicou em 6 exercícios, passando de 50 milhões de euros em 2006/07 para 105 milhões em 2011/12, representando um crescimento anualizado de 16%. O rácio Endividamento Líquido/EBITDA (Net Debt/EBITDA) é usado para medir a capacidade das empresas para pagar a sua Dívida Bancária. O rácio mostra quantos anos são necessários para liquidar toda a Dívida (ceteris paribus). Este indicador oscilou entre 2 e 3 de 2006/07 a 2010/11 e disparou para quase 9 em 2011/12. A deterioração da situação patrimonial da SAD no último exercício também pode ser verificada pela evolução dos indicadores Liquidez Geral e Autonomia Financeira.









Ao longo dos últimos anos (pelo menos até 2009-2010) a FC Porto SAD apresentou-se como um bom pagador mas revelou inércia para reclamar e obter a liquidação das dívidas pelos seus devedores. Neste último exercício houve uma inversão desta tendência – costuma dizer-se que a necessidade aguça o engenho – e isso é visível pela variação do indicador Necessidades de Fundo de Maneio e pela diminuição drástica dos prazos médios de recebimento.

Da relação entre o Fundo de Maneio (ciclo de investimento) e as Necessidades de Fundo de Maneio (ciclo operacional) surge a Tesouraria líquida. Pelo desequilíbrio estrutural dos Balanços Consolidados da FC Porto SAD, este indicador foi negativo nos últimos anos. E, na prática, a manutenção de uma Tesouraria líquida negativa durante um espaço temporal alargado acentua o desequilíbrio e o risco de ruptura financeira. A FC Porto SAD, diante deste cenário, apresenta uma forte dependência das fontes de financiamento.









A continuação da actividade continua fortemente dependente de capitais alheios (sejam empréstimos bancários de curto prazo, de longo prazo ou empréstimos obrigacionistas) e das transacções de jogadores por valores muito elevados, o que não será, de todo, uma situação desejável.

(Segunda parte: as Demonstrações de Resultados e a Exploração)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

O “bicho” dos FSE


Uma enorme parte dos custos da FCP SAD reside na rubrica menos compreendida pelos adeptos, nomeadamente os FSE (Fornecimentos e Serviços Externos).  

No entanto é importante entender isto porque hoje em dia gastamos basicamente tanto em FSE (36 milhões/ano, resultados consolidados) como em custos com jogadores & treinadores (salários e bónus de todos os jogadores e treinadores sob contrato, num total de 38 milhões em 11/12), o que me parece um franco exagero.

Em geral não me parece de todo que a «máquina» do FCP seja hoje muitíssimo mais profissional do que era há 10 anos atrás, quando estes custos eram 3x mais baixos (11M em 02/03),  e já descontando os custos de Corporate Hospitality (explico mais adiante porquê). Mas antes de mais nada, explicações do que se fala ao certo...

Basicamente e de uma forma simples, esta rubrica consiste em despesas correntes da «máquina administrativa» pagas a outrém (i.e. a empresas, pessoas e entidades fora da SAD). Inclui no entanto custos extremamente variados (de viagens a serviços de consultadoria, passando por rendas ao FCP clube) , muito deles com pouca ou nenhuma informação pública, sendo em alguns pontos específicos uma espécie de «caixa negra».

Uma clarificação à partida é que as comissões na compra e venda de passes não entram em FSE, mas sim em «operações com passes».  Por exemplo, se se pagar 10 de comissão na compra do jogador X, esse valor vai ser incluído na amortização do seu passe (rubrica totalmente distinta de FSE). No entanto, outro tipo de comissões já entram em FSE, incluindo por exemplo eventuais comissões relacionadas com «serviços de prospeção de mercado» (e com  um bocadinho de imaginação pode-se decidir colocar algumas comissões aqui ou nos passes, sendo a fronteira bastante fluida).

Os FSE têm vindo a subir imenso ao longo dos anos, como se vê no pequeno quadro ao lado. De assinalar no entanto que grande parte dessa subida explica-se por mudanças na contabilização de algumas despesas; mas outra parte considerável... nem por isso.

Só a partir da época 08/09 é que a SAD passou a apresentar um breakdown dos FSE, sendo por isso quase impossível fazer comparações com épocas anteriores (quando os FSE eram apenas 1/3 do que são hoje). Apresento de seguida uma tabela comparativa entre 11/12 e 08/09, com o disclaimer que é impossível que seja 100% apples-to-apples porque mesmo nos últimos 3 anos houve alguns tratamentos diferentes para algumas despesas; fiz algumas adaptações de forma a poder comparar melhor, mas mesmo assim é imperfeito.

Mas antes disso, algumas clarificações importantes:

 1) «Corporate Hospitality»: custos relacionados com a exploração comercial do estádio para empresas (camarotes e outros lugares).

<2 .="." b="b">Trabalhos especializados
: inclui custos com serviços de prospeção de mercado, serviços de consultadoria jurídica & financeira, e de auditoria. Inclui também (e apenas a partir de 11/12) alguns dos custos com deslocações e estadas e despesas de organização.  Concluindo: uma sarrabulhada de vários tipos de despesas com serviços prestados por estranhos ao grupo SAD. O R&C nao dá mais detalhes do que isto ou qualquer breakdown.

3) «Subcontratos»: consiste principalmente em pagamentos ao FCP clube pela utilização do centro de treinos, mas também outros custos não explicitados.

4) «Outros fornecimentos e serviços»: a SAD não diz adianta nenhuma descrição do que está aqui incluído.

A maior diferença temporal no tratamento reside nos custos de Corporate Hospitality. Anteriormente a SAD registava nas contas apenas o lucro liquído da operação, nos proveitos; agora registra tanto os custos como os proveitos (os proveitos de 10M nesta rubrica são portanto a outra face da moeda dos 8M de custos). Por isso mesmo incluo na tabela um subtotal para FSE excluindo estes custos, de forma a fazer uma comparação justa.

Para além disso, «rendas e alugures» subiram imenso aparentemente devido a uma mudança contablística/operativa (anteriormente era a Porto Estádio que cobrava as rendas internas, agora é o FCP clube). Porque se mudou isso, não faço ideia.


Passo agora às minhas considerações pessoais:

1) No que diz respeito a Corporate Hospitality, nunca entendi nem entendo porque é que é preciso gastar muitos milhões (8M). À partida (e é possível que seja apenas uma questão de desconhecimento) eu esperava que esta rubrica fosse uma autêntica «cash cow» com custos muito baixos associados à gestão dos camarotes e outros espaços para as empresas (champanhe, uns canapés & tal J), estando o espaço disponível. Será que as senhoras que servem as bebidas e canapés são modelos topo de gama com um cachet a la Giselle Bundchen J?

2) Verifico com agrado que se conseguiu em 3 anos diminuir um pouco custos associados com honorários, conservação e renovação, vigilância e segurança, e material desportivo. No entanto essa diminuição não passa de «amendoins» no cômputo geral, em que as subidas foram muito mais consideráveis.

3) Custa-me um pouco entender que se gaste imensos milhões em honorários e serviços vários de consultadoria (espalhados por várias rubricas), quando 1) esta área era quase inexistente há uma década atrás e 2) quando a actividade da SAD é relativamente simples para uma empresa desta dimensão. Aliás, seria de esperar por exemplo que após os anos «Apito Dourado» as despesas com advogados tivessem descido bastante.

4) Apesar de ser uma rubrica relativamente pequena, admira-me que os nossos directores e funcionários precisem de gastar 640mil anos em despesas de representação (e quando as despesas com deslocações junto  da equipa já estão naturalmente contabilizadas em outra rubrica). Para colocar em perspectiva: este valor é por exemplo equivalente a umas 500 viagens de avião em classe executiva dentro da Europa. Já agora, como curiosidade o slb gastou 360mil nesta rubrica em 10/11.

5) Custa-me também entender que faça sentido para o FCP gastar quase 5M em publicidade e propaganda, correspondendo a uma % muito significativa das receitas de bilheteira e merchandising. Isto quando a procura da parte dos adeptos é relativamente inelástica (será que a venda de camisolas ou bilhetes aumentou uns 40 ou 50% só por causa da publicidade, de forma a compensar os tais 5M?), e quando hoje em dia há maneiras bem eficazes e baratas de comunicar com o público-alvo (nomeadamente email, Facebook e outros meios por internet).

6) Constato como curiosidade que a SAD do Braga na época passada gastou 5M em FSE. É 100% verdade que o Braga é um clube de outra dimensão (e há diferenças contabilísticas, como Corporate Hospitality) e portanto difícil ou injusto como base de comparação, mas há várias áreas de FSE em que os custos não deviam ser tão diferentes como isso entre eles e nós (como deslocações e estadias, despesas de representação, alguns serviços de consultadoria e auditoria, electricidade, material desportivo, etc); custa-me portanto a crer que se justifique que os nossos FSE sejam 7x mais elevados do que os deles. Quanto ao slb, ainda não vi o R&C deles para 11/12; no ano anterior os seus FSE tinham sido de 22M.

Para concluir: a informação dada pela SAD sobre FSE é muito escassa (embora melhor do que no passado, o que é de louvar), continuando esta a ser em boa medida uma espécie de «caixa negra» (embora não tanto como muitos adeptos pensam, e espero que este artigo tenha servido para os esclarecer um pouco). Por consequência é difícil fazer análises detalhadas e ha' mais duvidas do que certezas.

Uma coisa é certa: a haver «sacos azuis» nas SADs, é principalmente aqui, nos FSE, que eles estarão camuflados (seja num FCP seja num slb ou noutra SAD).

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Falar com os olhos e sonhar de olhos abertos

«A todos os benfiquistas e sportinguistas, uns atordoados pela dimensão caótica das coisas, outros entretidos na disputa eleitoral, recomendo vivamente a leitura do artigo de Paulo Futre, aqui [jornal A BOLA] publicado no domingo passado. (...) Se benfiquistas e sportinguistas alguma vez estiverem interessados em perceber as razões dos sucessivos êxitos do FC Porto, leiam o texto que Futre dedicou a Pinto da Costa e onde explica bem porque razão ele é um vencedor. Mas se porventura preferirem ficar na posição intelectual de um Rui Gomes da Silva, que apenas serve para espalhar a calúnia e a ofensa e destilar inveja e ódio, não vale a pena lerem. Fiquem com as suas verdades e a sua arrogância.»
Miguel Sousa Tavares
in A BOLA, 23-10-2012



Fonte: abola.pt

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

9 pontos e os oitavos à vista


Como o próprio Vítor Pereira reconheceu, nem tudo correu bem no FC Porto x Dinamo Kiev de hoje, particularmente na segunda parte, em que a equipa portista "desligou" do jogo muito cedo (algo que esta época já aconteceu noutras ocasiões).

Numa análise individual, poder-se-á dizer que:
Maicon, que tem sido o patrão da defesa, poderia ter feito mais nos dois golos dos ucranianos;
Danilo, sendo um bom jogador, tarda em justificar os quase 20 milhões de euros que a SAD investiu na sua contratação;
Moutinho, o pêndulo do meio-campo portista, não sabe jogar mal, mas esteve distante dos seus melhores dias (foi naturalmente substituído);
James, o genial Nº 10 colombiano, não esteve particularmente brilhante;
E podia continuar.
Contudo, prefiro salientar o potente e colocadíssimo remate do "Drogba da Caparica" no primeiro golo portista e, principalmente, a estreia de Jackson Martinez a marcar na principal "montra do futebol mundial", e logo com um bis.

Oito golos de Cha cha cha Martinez (1 na Supertaça, 5 no Campeonato, 2 na Liga dos Campeões) nos primeiros 10 jogos oficiais com a camisola do FC Porto. Era difícil pedir melhor a este ponta-de-lança sul-americano, que se está a estrear no FC Porto e no futebol europeu. Grande contratação! (e penso que a FC Porto SAD é detentora de 100% do seu passe)

De resto, com estas três vitórias em três jogos, o mal amado Vítor Pereira já superou os 8 pontos alcançados na Liga dos Campeões da época passada e está quase a alcançar o segundo objectivo da época: a qualificação para os oitavos-de-final da liga milionária (o Angelino Ferreira agradece...).

Ah, e com a vitória de hoje, o FC Porto distancia-se como o clube que mais contribuiu para o ranking de Portugal na UEFA e, além disso, superou a Juventus e subiu ao oitavo lugar do ranking referido no post anterior.

É o "Sistema", estúpido!...


Fonte: ojogo.pt

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Prejuízo depois de 5 anos de lucro


Na apresentação à comunicação social dos resultados consolidados do exercício 2011/12, a Administração da FC Porto Futebol SAD, através de Angelino Ferreira, destacou o facto de a SAD ter prejuízo depois de cinco anos consecutivos de lucro.

De facto, entre 2006/07 e 2010/11, a FC Porto SAD obteve sempre resultados positivos, embora o lucro acumulado nestes cinco anos (15,9 milhões de euros) apenas tenha permitido recuperar pouco mais de metade do prejuízo de 30,5 milhões de euros que foi registado na época 2005/06.

O quadro seguinte corresponde precisamente às últimas duas épocas em que a FC Porto SAD teve prejuízo (2005/06 e 2011/12):

(clicar na imagem para a ampliar)

Algumas das rubricas podem ser mais difíceis de comparar, devido a haver critérios que, neste intervalo de tempo, tenham sido alterados. Contudo, entre as rubricas mais relevantes, chamo à atenção para o seguinte:

- Em seis anos (de 2005/06 para 2011/12), os 'Custos com Pessoal' aumentaram quase 15 milhões de euros (mais 43%);

- As 'Amortizações e perdas de imparidade com passes de jogadores' tiveram um agravamento de quase 82%, tendo disparado para um valor superior a 36 milhões de euros.

Em conjunto, estas duas rubricas passaram de um valor global de 54,7 milhões de euros em 2005/06 para 85,9 milhões de euros em 2011/12.

Ora, mesmo levando em conta o aumento verificado nos prémios que a UEFA paga pela participação na Liga dos Campeões, bem como, a renegociação em alta dos direitos de transmissão televisiva que a SAD (em bom tempo) fez com a Olivedesportos, parece-me óbvio que um valor desta dimensão não é sustentável.

Mais. Embora nestas duas épocas os prejuízos tenham superado a barreira dos 30 milhões de euros, convém salientar que em 2005/06 as mais-valias resultantes da venda de passes de jogadores foram inferiores a 5 milhões de euros (um valor excepcionalmente baixo para o que tem sido habitual na última década). Ou seja, se levarmos em conta este aspecto, eu diria que o prejuízo registado no exercício 2005/06 foi menos preocupante que o de 2011/12, época em que os 29,1 milhões de euros em mais-valias (provenientes das vendas de Falcao, Rúben Micael e Alvaro Pereira) não chegaram para impedir um prejuízo recorde de quase 36 milhões de euros.

Para a época atual (2012/13), a SAD parte com a "almofada" resultante das vendas dos passes do Alvaro Pereira e do Hulk, aos quais é provável que venha a juntar mais algumas vendas em Janeiro e Junho de 2013. Contudo, estando as receitas de Bilheteira em queda e com o dinheiro cada vez mais caro (entre 2005/06 e 2011/12 os encargos financeiros tiveram um agravamento de 80%!), parece-me inevitável repensar o modelo de gestão que foi seguido nos últimos anos, reduzindo e otimizando o montante gasto na compra de jogadores (esta época foi um bom exemplo, com um gasto de aproximadamente 11 milhões de euros na aquisição de apenas três jogadores) e ajustando salários ao atual contexto do futebol português.

Nota: O quadro foi construído com base em comunicados oficiais dos resultados consolidados da FC Porto Futebol SAD. No caso de detectarem algum erro, agradeço que o comuniquem na caixa de comentários ou através do e-mail do blogue.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

As contas das últimas 5 épocas

O quadro seguinte foi construído com base em comunicados oficiais dos resultados consolidados da FC Porto Futebol SAD e contém os valores das últimas cinco épocas, bem como, a projeção - Orçamento - que a Administração da SAD fez para a época atual (2012/13).

(clicar na imagem para a ampliar)


Os números falam por si mas, por serem bastante significativos, chamo à atenção para a evolução de 2007/08 a 2011/12, nos valores das seguintes rubricas:
- Fornecimentos e Serviços Externos
- Custos com Pessoal
- Amortizações e perdas de imparidade com passes de jogadores
- Resultado (custos) Financeiro

Sob pena do futuro da FC Porto SAD estar em risco, parece-me evidente que é preciso arrepiar caminho e travar a fundo nesta espiral de custos. O orçamento para a época 2012/13, que irá ser apresentado na próxima AG da SAD, é um sinal nesse sentido. Veremos se, ao contrário do orçamento para a época 2011/12, este irá ser cumprido.

Nota: No caso de detectarem algum erro no quadro, agradeço que o comuniquem na caixa de comentários ou através do e-mail do blogue.

domingo, 21 de outubro de 2012

Mais uma oportunidade perdida

Acerca da exibição da equipa portista contra os carteiros, professores e restantes amadores do Santa Eulália, já o Mário Faria escreveu e bem (foi demasiado mau o nosso desempenho e não encontrámos qualquer desculpa para esta exibição).

Ora, se há jogadores para quem estes jogos são uma maçada, há outros que os deviam encarar como uma oportunidade de ouro para mostrar serviço e uma qualidade futebolística acima da média (por alguma razão custaram milhões e fazem parte do plantel principal do FC Porto).
Neste lote estou a pensar em três jovens do plantel azul-e-branco: Kléber, Iturbe e Kelvin.


Kléber já vai na sua quarta época em Portugal e ainda há quem justifique o seu fraco desempenho por estar a adaptar-se... Mas, um ponta-de-lança que nem sequer é capaz de marcar um golo ao "poderoso" Santa Eulália, algum dia será solução para o ataque do FC Porto?

O empresário de Iturbe veio a público reclamar mais oportunidades para o seu menino ("as oportunidades dão-se ao colocar o jogador no campo"), mas convinha que alguém lhe fizesse chegar o vídeo do Santa Eulália x FC Porto, para ele apreciar o que foi a exibição do "novo Messi". Pode ser que isso sirva para ele ficar calado durante uns tempos.


Quanto ao Kelvin, dizem que o rapaz é muito habilidoso mas, até agora, a única coisa que pudemos apreciar foram os seus arranjos de cabelo exóticos.

Desta vez Vítor Pereira não teve qualquer culpa. Ou melhor, é culpado de ter dado uma oportunidade a quem nada fez para o justificar.

Feio, chato e pobre !


Há jogos que correm mal. Não foi o caso de hoje. Foi demasiado mau o nosso desempenho e não encontrámos qualquer desculpa para esta exibição. Toda a equipa do FCP (técnicos e jogadores) mereciam uma justa assobiadela no final do jogo. Temos que aceitar os erros, mas não podemos caucionar a displicência competitiva e o desmazelo funcional, quer ao nível colectivo, quer individual. A postura em campo dos protagonistas que representaram o FCP não dignificou o clube nem respeitou os seus sócios e adeptos, muito particularmente os que acompanharam a equipa para a apoiar.

Se na primeira parte, sem deslumbrar, conseguimos estar por cima, dominar, controlar e sair para o descanso com um golo no bornal, na segunda parte foi um bocejo permanente. Os miúdos no FCP parecem incapazes de crescer e, dos graúdos, o único que esteve a um nível interessante foi Rolando, exibindo-se de forma desinibida, ainda que jogando no meio campo. Espantou-me quando recuou para central ter-se posicionado no lado esquerdo: foram novidades a mais, num péssimo jogo. Não houve pressão alta, média ou baixa. Intensidade: devagar e devagarinho.

Quase nada correu como devia. As mexidas na equipa ainda a tornaram menos organizada, o que parecia impensável. Varela só fez asneiras e Miguel Lopes mostrou uma sobranceria absurda, que já tinha manifestado ao serviço da selecção. Os miúdos estiveram demasiado irregulares. Kléber não atina, nem deu uma para a caixa. Danilo esteve bem no primeiro tempo e marcou um excelente golo. Desceu a pique quando foi para o meio campo. Fez o jogo todo e pareceu estourado no flash interview. Gostei do regresso de Rolando que mostrou à vontade na posição 6. Não era expectável.

Nas bolas paradas não fomos capazes de tirar partido da maior estatura dos nosso jogadores, em grande parte, diga-se, porque os livres foram mal executados. Não há treino específico?

Aviso: não é assim que se fideliza a presença dos sócios e adeptos no(s) estádio(s). Empenhem-se sff.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

2011-12, as previsões (da SAD) e a realidade

I. As previsões da Administração da SAD (para o exercício 2011/2012)

Propostas [da Administração da FC Porto SAD] a apresentar em Assembleia Geral da SAD, a realizar em 25 de Novembro de 2011.

Ponto 5 da Ordem de Trabalhos: Proceder à discussão e votação do Orçamento de Exploração para o exercício de 2011/2012



II. Os Resultados Consolidados do exercício 2011/2012





Fonte: Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

FCP SAD - resultado negativo de 36 milhoes

Ja' sairam os resultados de 11/12 para a SAD (aqui). 

Pelos vistos fizemos 36 milhoes de prejuizo, consideravelmente superior ao que eu estava 'a espera. Para ja', tres observacoes:

1) Quando se encaixa numa epoca mais de 55 milhoes em vendas de jogadores (Falcao, Guarin, R Micael), ainda que brutos, e mesmo assim ainda se "consegue" fazer um prejuizo de 36 milhoes, acho q esta' tudo dito... temos que arrepiar caminho, e muito mais pela reducao de custos do que pelo aumento de receitas.

Totalmente inedito no FCP. O nosso recorde negativo anterior foi de 30 milhoes em 05/06, com a enorme diferenca de que nessa epoca se encaixou apenas 7 milhoes em vendas (Diego).

2) Ja' sei que o Angelino se vai desculpar com o "contexto de crise em Portugal", mas assinalo que  o valor combinado das receitas de rubricas em que isso se devia ter visto (bilheteira, TV, merchandising, corporate hospitality e patrocinios) foi identico 'a epoca anterior (alias, subiu ligeiramente): nao ficamos a perder absolutamente por esse lado, caro Angelino.

Impacto da crise no estrangeiro e' q nao houve de certeza, ja' q 1) se nao batemos o recorde de encaixe em vendas de jogadores, ficamos muito perto e 2) os premios da Liga dos Campeoes por acaso ate' tem aumentado.

A unica rubrica em que a crise serve de desculpa e' nos juros de emprestimos que pioraram de 5 para 8 milhoes (mesmo assim 3 milhoes de delta e' menos de 10% do prejuizo feito). Constate-se no entanto que isto so' nos afectou fruto da acumulacao gradual - e anterior 'a crise - de emprestimos enormes junto da banca e obrigacionistas. Nisto a FCP SAD parece-se muito com o Estado portugues...

Nao, caro Angelino, a explicacao destes resultados nao passa por qualquer crise a que o FCP e' alheio: passa acima de tudo por gastarmos cada vez mais na compra de passes de jogadores. Isso reflecte-se na amortizacao anual dos passes (aumentou 8 milhoes) tal como em menores mais-valias na venda dos jogadores do que no passado (o Falcao por exemplo "rendeu" liquido apenas 20 dos 40 milhoes de preco de venda; fruto do custo do passe, mas tambem de comissoes). 

So' depois mais abaixo e' que vem a ma' campanha na LC (impacto de 5 milhoes), aumento de Fornecimentos e Servicos Externos (subida de 4 milhoes) e finalmente uma rubrica com impacto da crise, os juros (os tais 3 milhoes).

Temos forcosamente que cortar nas despesas. Repare-se por exemplo que gastamos 4x mais do que um Braga em salarios de jogadores, treinadores e dirigentes; e 13x mais do que um Braga na amortizacao da compra de passes de jogadores. Sim, os nossos sao melhores, mas nao de forma tao abissal como esses numeros deveriam fazer crer, nem pouco mais ou menos.

3) O saldo entre o "deve & haver" de tesouraria nos proximos 12 meses (a 1 de Julho), ou seja, a diferenca entre o activo de curto prazo e passivo de curto prazo, era negativo em 114 milhoes de euros.

Entretanto e' de esperar um abatimento a esse saldo com a venda de Hulk e A. Pereira; mas presumindo que em 12/13 vamos ver metade do valor dessas vendas (o que ja' seria bom e maior % a curto prazo do que e' normal), isso abate apenas uns 25 milhoes ao "buraco" de 114 milhoes. O novo emprestimo obrigacionista que se prepara vai tambem tapar apenas uma relativamente pequena parte desse buraco; vamos a ver como e' que tencionam tapar o resto, quando a vontade da banca de fazer um enorme "rollover" do que lhes devemos nao deve ser la' muita (e a faze-lo, sera' certamente aumentando ainda mais o muito que ja' pagamos em juros).

Lotação esgotada no Dragão


03-10-2012, FC Porto x Paris SG: 36509 espectadores
07-10-2012, FC Porto x Sporting: 38909 espectadores
16-10-2012, Portugal x Irlanda Norte: lotação disponível esgotada

Num país em que a paixão dos adeptos pelos clubes é muito maior do que pela equipa das quinas, por que razão as recepções ao PSG (um jogo da Liga dos Campeões, contra uma equipa cheia de nomes sonantes) e ao SCP (um dos clássicos do futebol português) tiveram uma assistência inferior a 40 mil pessoas, enquanto o jogo da seleção esgotou na véspera?

Analisemos vários dos fatores que, normalmente, são referidos como influenciando as assistências dos jogos.

i) Hora do jogo – A recepção ao SCP foi à mesma hora (20:45) do Portugal x Irlanda Norte.

ii) Dia do mês – O jogo da seleção foi realizado mais perto do final do mês (numa altura que, em principio, as pessoas teriam menos dinheiro).

iii) Meteorologia – No jogo entre as seleções, o estado do tempo (vento e muita chuva) convidava a… ficar em casa.

iv) Televisão – Todos os jogos tiveram transmissão televisiva, com a diferença do Portugal x Irlanda Norte ter sido em canal aberto (RTP1), enquanto que os jogos dos dragões só puderam ser vistos num canal pago (a SportTv).

v) Antecedentes – Quatro dias antes de receber os irlandeses, Portugal tinha perdido na Rússia, com uma exibição tristonha; quatro dias antes de receber os leões, o FC Porto tinha ganho aos novos milionários de Paris, naquela que, possivelmente, foi a sua melhor exibição desta época.

vi) Bilhetes pré-comprados – Na seleção não existem sócios, nem bilhetes previamente comprados; já no caso dos jogos do FC Porto em casa, terão sido vendidos cerca de 20 a 25 mil dragon seats para a época 2012/13.

Se nenhum destes fatores serve de explicação para a enchente no jogo da seleção (bem pelo contrário), o que sobra?
O preço dos bilhetes!


Apesar do país estar a atravessar um período de crise económico-financeira generalizada, se os bilhetes forem mais baratos e houver promoções (ex: pague 2 e leve 3 bilhetes) ou parcerias (do tipo da que a FPF fez com o Continente), ficou provado que é possível ter lotações esgotadas no estádio do Dragão, mesmo que o oponente seja a pouco apelativa Irlanda do Norte.

Os responsáveis dos clubes, e no caso que me interessa os do FC Porto, têm de perceber a realidade atual e que o futebol ao vivo em Portugal não pode ser um espetáculo caro, destinado apenas aos “fiéis”. É importante atrair os sócios que não têm lugar anual, os adeptos que não são sócios e até compradores ocasionais.

Um estádio cheio é outra coisa.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os sportings de Lisboa e de Braga

Hoje foram publicadas duas notícias acerca do SCP e do SC Braga, que são ilustrativas do que tem sido a gestão destes dois sportings nos últimos anos.

«Pelo terceiro ano consecutivo, a SAD do SC Braga vai apresentar aos seus acionistas, na assembleia geral do próximo dia 26, um resultado positivo de 5,09 milhões de euros referente ao exercício da última época desportiva.
Os números foram anunciados publicamente ontem (terça-feira) e consolidam uma ideia: mesmo sem o acesso à Liga dos Campeões na última temporada, o que provocou uma quebra brutal nas receitas, os bracarenses conseguiram atingir nova marca importante devido aos valores históricos registados em transferências de jogadores. Neste capítulo, as vendas de Sílvio e Pizzi ao Atlético de Madrid ganham especial relevância. Depois de anunciada a transferência do lateral para os colchoneros por um valor global de 7 milhões de euros (o SC Braga detinha 70 por cento, pelo que recebeu 4,9 milhões), fica agora a saber-se que o avançado rendeu cerca de 9 milhões de euros à SAD arsenalista, que era detentora, apenas, de 63 por cento do passe. O empréstimo na época transata rendeu 1,1 milhões, aos quais se juntam 8,05 da transferência definitiva negociada este ano. Além de Sílvio e Pizzi, há a acrescentar a venda de Kalaba, o que produz mais-valias líquidas de transferências que ascendem aos 13,65 milhões de euros
in abola.pt, 17-10-2012


«Os leões pagam a Domingos Paciência cerca de 600 mil euros por ano (enquanto não termina o contrato, válido até Junho de 2013). O técnico vai auferir o salário até ao final do vínculo caso não arranje clube entretanto. Além de Domingos, saíram mais quatro elementos da equipa técnica: Rui Santos (preparador físico), Miguel Cardoso e João Carlos (adjuntos), enquanto Vital (treinador de guarda-redes) já assumiu o cargo no Sp. Braga, com Peseiro.
Com a saída de Sá Pinto, que ganhava por ano cerca de 500 mil euros, voltaram a sair treinadores adjuntos: no caso, Tiago Moutinho e Jorge Castelo.
De referir que a verba a pagar a Domingos e Sá Pinto, pelo que o CM apurou, não incluiu os adjuntos, que também têm direito às verbas relativas à validade dos contratos que tinham com o Sporting: o de Sá Pinto seria até Junho de 2014.
Segundo o CM apurou, perante estas obrigações financeiras, o Sporting está com problemas para fechar acordo com o novo técnico (será um estrangeiro), que não vai custar menos de um milhão de euros por temporada, ponderando a SAD a duração do novo contrato para não haver risco de ter de pagar ao novo treinador nova indemnização milionária.»
in Correio Manhã, 17-10-2012


Só falta dizer que, como toda a gente sabe, a culpa da desgraça leonina (falência técnica a que acresce uma década de jejum) é do Pinto da Costa, dos árbitros, do Sistema, ... e de a partir dos anos 80 o futebol se ter transformado numa indústria (Rui Oliveira e Costa dixit). Sim, porque enquanto o futebol era um desporto (até à década de 50), os elitistas dirigentes sportinguistas estavam bem adaptados e até tocavam violino…

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

SMS do dia


Oito anos após o EURO 2004, a selecção portuguesa de futebol, nos seus melhores dias, ainda pode bater-se e até ganhar às melhores selecções do planeta. Mas, uma equipa que deixou de ter Ricardo Carvalho, Maniche, Rui Costa, Deco, Figo ou Pauleta e passou a ter como titulares, ou entre as principais opções, jogadores do nível do João Pereira, Miguel Lopes, Miguel Veloso, Rúben Micael, Rúben Amorim, Varela, Postiga ou Hugo Almeida, arrisca-se sempre a não ganhar às Irlandas do Norte deste Mundo.
E tudo se complica ainda mais, quando os jogadores que podem fazer a diferença em termos ofensivos - Nani e, principalmente, Cristiano Ronaldo - estão "ausentes" do jogo.

Não serão lesões a mais?







Fernando, Castro, Maicon, Alex Sandro, Danilo, não serão demasiadas lesões para tão poucos jogos disputados esta época?
É que, ainda por cima, dos jogadores anteriores apenas o Alex Sandro tem sido regularmente convocado para a respectiva Seleção.
Espero que estas lesões sejam apenas uma onda de azar e não o reflexo de algum problema decorrente da pré-temporada e/ou da preparação física da equipa.

Imagens: ojogo.pt

domingo, 14 de outubro de 2012

Moniz, descubra as diferenças

9 de Abril de 2011 (Correio da Manhã):


1 de Maio de 2012 (Record):


13 de Outubro de 2012


José Eduardo Moniz, membro da lista de Luís Filipe Vieira às eleições do Benfica no dia 26, defendeu este sábado [13-10-2012], na Bairrada, que as águias têm de lutar contra muita coisa fora do relvado.
"Sinto-me como se estivesse em casa. O Benfica deve lutar para ganhar tudo, mesmo tendo de combater poderes instalados; lutar contra truques de arbitragens e enfrentar conluios demolidores."

Adeus insígnias


«Bruno Paixão vai recorrer ao Tribunal Administrativo de Lisboa depois de a Comissão de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol não o ter incluído na lista de árbitros internacionais de 2013 enviada à FIFA. Segundo fonte ligada ao processo, Bruno Paixão contesta a classificação da época 2011/12, o 14º lugar, que, juntamente com o 17º da temporada anterior, o afasta da lista de internacionais.
Os fundamentos do recurso que Bruno Paixão pretende interpor junto do Tribunal Administrativo prendem-se com a decisão da Comissão de Arbitragem em baixar a nota de 3,4 que lhe foi atribuída pelo observador Humberto Gonçalves pela sua atuação no jogo Gil Vicente-Sporting relativo à época passada. Face ao protesto avançado pelo Sporting, que se queixou do trabalho do "juiz" setubalense, o presidente da Comissão de Arbitragem remeteu-o para o Conselho Técnico, o qual, depois de analisar o relatório do observador e as imagens do jogo, decidiu baixar a nota de Bruno Paixão de 3,4 para 2,0.
Esta alteração acabou por ter implicação direta na classificação do árbitro de Setúbal, que baixou de 8.º para 14.º lugar, quando, de acordo com os regulamentos, um árbitro internacional que obtenha uma classificação abaixo do 12.º lugar em dois anos consecutivos perderá as insígnias da FIFA. (…)
Da lista enviada pelo FPF, composta pelos árbitros internacionais Pedro Proença, Olegário Benquerença, Duarte Gomes, Jorge Sousa, Carlos Xistra, Artur Soares Dias e João Capela, não faz parte, além de Bruno Paixão, o juiz João Ferreira, também de Setúbal, por ter atingido o limite de idade.»
JN, 13-10-2012


Há muito que o Bruno Paixão devia ter perdido as insígnias da FIFA. Aliás, se não fosse o Sistema (o verdadeiro, controlado pelos clubes de Lisboa) nunca as teria tido. Mas o mais irónico disto tudo é ser um protesto do SCP que está na origem da sua descida na classificação, de 8º (!) para o 14º lugar e, consequentemente, fazer com que deixe de ter o estatuto de árbitro internacional.
A ingratidão é terrível e, para os lados de Alvalade, o monumental escândalo de Campo Maior já há muito tempo que foi esquecido.

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O fabuloso destino de Rolando

Quando, em Abril de 2008, Rolando foi contratado pelo FC Porto, a estrutura da SAD fez aquilo que muitos portistas defendem, isto é, estar atenta a jogadores que se destacam em clubes pequenos/médios do campeonato português. Foi o caso do Rolando, que era jovem (22 anos quando foi contratado), tinha nacionalidade portuguesa, era internacional Sub-21, titular do Belenenses e demonstrava potencial e aptidões físicas interessantes para a posição de defesa central (1,90m).
Por tudo isto, a que acresce o facto de a transferência ter sido feita por um valor a rondar 1 milhão de euros, na minha opinião a FC Porto SAD fez muito bem em ter contratado este jogador de origem cabo-verdiana.

É certo que o Rolando não atingiu o nível de outros grandes defesas-centrais que vestiram a camisola do FC Porto na última década (Ricardo Carvalho, Pepe, Bruno Alves) mas, nas últimas quatro épocas (2008/09 a 2011/12), período em que o FC Porto teve três treinadores diferentes – Jesualdo Ferreira, André Villas-Boas e Vítor Pereira -, foi sempre titular, primeiro ao lado de Bruno Alves e depois de Otamendi.
Poder-se-á dizer que apenas foi titular por não haver alternativas melhores, mas recordo que, no mesmo período, também foi habitualmente convocado para a Seleção portuguesa, quer por Carlos Queiroz, quer por Paulo Bento onde, apesar de ser habitualmente suplente, já fez quase 20 jogos.

Atualmente, com a dupla Maicon e Otamendi consolidada (Maicon do lado direito e Otamendi do lado esquerdo) e a dar boa conta do recado, parece-me óbvio que Rolando não tem lugar na equipa. E também não tem lugar no banco de suplentes, porque o Mangala é mais polivalente e também pode fazer a posição de defesa esquerdo. Por tudo isto, com a excepção de jogos para competições secundárias (Taça de Portugal e Taça da Liga), será difícil que Rolando volte a ser titular no FC Porto.

Parece hoje óbvio que a altura ideal para Rolando ter fechado o seu ciclo no FC Porto teria sido a seguir à final de Dublin. Contudo, quem é que ia adivinhar que a época 2011/12 de Rolando ia ser marcada por altos e baixos e, principalmente, que o seu principal concorrente - Maicon - ia dar um salto qualitativo tão significativo e transformar-se no melhor defesa-central do plantel?


Apesar disso, e segundo a comunicação social, existiram propostas para o Rolando poder sair no último defeso. Terá sido o caso de uma proposta do Queens Park Rangers (empréstimo de 2 milhões de euros com opção de compra por 10 milhões) que, aparentemente, a SAD aceitava mas o jogador recusou.
Evidentemente, o jogador não é obrigado a aceitar toda e qualquer proposta que chegue à SAD portista mas, provavelmente por estar mal aconselhado, parece-me que não mediu bem as implicações de, no contexto atual, preferir ficar no plantel do FC Porto. É que não tendo lugar na equipa (nem no banco de suplentes), a primeira consequência foi deixar de ser convocado para os jogos da Seleção portuguesa.


E agora?
É possível que em Janeiro voltem a aparecer alguns clubes interessados no Rolando, mas não é fácil vender um jogador que não joga. Por isso, e tal como aconteceu há uma ano atrás com Guarín e Belluschi, eventuais propostas deverão ser de empréstimo mais opção de compra. Agora, se o Rolando continuar a achar que é melhor do que aquilo que realmente é…