terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Correr atrás do prejuízo


O mês de Janeiro viveu-se, em grande parte, entre suspiros não tangíveis e por desejos não concretizados, a orfandade de um ponta de lança credível sugeria um raide ao mercado de transferências rápido e conciso. Jackson Martínez e Teo Gutiérrez estiveram debaixo de olho, mas a falta de liquidez – potenciada pela eliminação precoce da Liga dos Campeões - não ajudou a administração portista a assumir uma posição “principesca” no mercado, que evidenciou noutras alturas (vide, casos de Alex Sandro e Danilo). Isso, ou enquanto os resultados foram garantindo uma serenidade aparente, mas que no fundo todos percebiam estar segura por arames.

Na verdade não é possível dissociar a comprometedora derrota de Domingo passado, que nos coloca numa posição melindrosa na disputa do título nacional, com o frenético dia seguinte, onde de uma assentada a SAD agarra dois jogadores no mercado. O plantel que “dá garantias” esbate-se no estrondo do resultado de Barcelos (curioso como uma derrota estremece bem fundo numa estrutura sólida) e no vazio da grande área. A terceira escolha para frente de ataque, dá-se pelo nome de “incógnita”, a custos significativos. Mas com opções tão escassas, agravadas por dispensas sem alternativas, tudo que venha por hora é óptimo!

Pode haver quem o encontre, mas o tal rigor e o tal planeamento foram às calendas gregas assim que aquele “coveiro” do apito, de seu nome Paixão, deu por terminado o encontro. A dois dias do fecho do mercado a postura administrativa reconverteu-se numa espécie de “estamos vivos”, que mais não é do que uma chupeta com açúcar na boca dos adeptos. Agora, tal como fora no defeso. Aquisições sumptuosas que incharam o ego do circo azul e branco, mas que onde algumas pouco ou nada puderam jogar e mostrar, outras chegaram tarde e a más horas.



Funciona-se a reboque dos acontecimentos, em função dos humores dos adeptos e do que a comunicação social diz e escreve. Desde a saída de Villas-Boas foi assim, um deixa anda até ver onde isto irá parar. Sintoma de descrença e de pouca confiança. E os resultados atestam-no. Lucho ajudará a congregar o balneário, mas não salvará a época. Desportivamente está abaixo de um Guarín, actualmente. Contudo poderá ajudar a levantar a cabeça aos companheiros e conseguir que a equipa faça exibições mais condignas do que resta desta época.

Mas era bom que tivéssemos visto a administração agir sem o impulso perturbador de uma derrota, num sinal claro de quem está atento e acredita que pode conseguir algo de bom para esta época. Mas não foi assim que aconteceu. Anda-se a correr atrás do prejuízo.

Mourinho de regresso a Inglaterra?


Na sua edição de domingo passado, The Sunday Times anuncia que José Mourinho decidiu deixar o Real Madrid no final da época e que pretende regressar a Inglaterra.

Referindo o desagrado de Mourinho com o ambiente madridista, especialmente a excessiva proximidade entre os media e alguns jogadores espanhóis do plantel, o jornal levanta uma série de hipóteses quanto a um possível retorno daquele nosso antigo treinador à Velha Albion.

Por mim, acho que, a regressar, o destino mais provável de Mourinho é o Tottenham. Em primeiro lugar, o actual treinador do clube, Harry Reknapp, está a ser julgado por evasão fiscal quando treinava o Portsmouth, e seja qual for o desfecho do processo, estas coisas não caem bem em Inglaterra; em segundo lugar, Redknapp nunca escondeu o seu grande interesse em suceder a Fabio Capello à frente da selecção inglesa, que o italiano deixará após o Europeu, embora o referido processo possa fazer com que a Federação Inglesa veja com reservas a contratação de Redknapp.

Em Itália e Espanha José Mourinho viu o que é uma imprensa "raivosa". Quando estava em Inglaterra também se queixava da imprensa inglesa, especialmente dos famosos "tablóides". Mas o jornalista inglês pode ser uma "lapa", mas não é clubista. Há muitos clubes grandes em Inglaterra, as pessoas tendem a apoiar o clube da sua terra, não havendo pateguismo em relação aos principais clubes. E, além disso, os ingleses levam Mourinho a sério como treinador, mas normalmente sorriem perante as suas declarações mais extraordinárias. Numa palavra, não levam a sério os seus mind games, além de que em Inglaterra há uma certa afeição pelas personalidades extrovertidas.

A seguir ao Tottenham, considero o Arsenal como a hipótese mais forte para Mourinho. Fala-se até que o Real Madrid tem tentado convencer Arsène Wenger a rumar à capital espanhola, pelo que...

Enfim, um romance a seguir nos próximos meses, decerto envolto em inúmeros desmentidos e declarações descabeladas.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Derrota merecida, arbitragem vergonhosa



Síntese

Foi um péssimo jogo, que nem a vontade demonstrada na segunda parte esbateu. Foi uma espécie de sequela do jogo com a AAC. Nesse perdemos a taça, hoje o campeonato. Tudo muito parecido, com um FCP pouco intenso, desconcentrado, pouco solidário e nada ambicioso. Colectiva e individualmente, foi um jogo mau. Que a arbitragem não desvie a atenção dos responsáveis para o principal: a qualidade do jogo, dos jogadores e da equipa técnica. Acho contra-indicado este julgamento público dos jogadores por VP, como se fossem os únicos responsáveis pelo descalabro. Viu-se que estava amargurado, mas é com aquela equipa que ele tem de trabalhar e, por isso, tem de saber partilhar os bons e os maus momentos.

O jogo

Primeira parte muito fraca do FCP. Pouca velocidade e intensidade, má circulação de bola, um remate apenas. Poucas vezes entrámos na área e quase todas foram invalidadas por foras de jogo, por faltas, erros e pouco jeito. Um remate de Alvaro que saiu por cima da trave e uma tentativa de emenda que Defour não foi capaz de realizar. Muito pouco. Não há qualquer destaque, tudo muito mau, incluindo Helton que foi mal batido no primeiro golo e infeliz na forma como sofreu o segundo, na marcação de uma grande penalidade. Por coincidência, perdeu o posto de capitão, que explicará o ar carrancudo que apresentou durante todo o jogo e, quiçá, alguma intranquilidade.

Na segunda parte se queríamos mudar alguma coisa, ficamo-nos pelas intenções, porque sofremos o terceiro golo logo na entrada. Depois tentámos de forma trapalhona, com pouca clarividência, quase sempre. Com Beluschi a manobrar, a equipa mexeu-se mais, lutou, rematou e procurou o golo. Houve vontade, criaram-se situações perigosas, marcou-se um golo e o guarda-redes adversário teve boas intervenções. Foi insuficiente e a reacção nem sequer chegou ao razoável. Mas, houve outra atitude. Danilo mostrou que ainda não está integrado e a fixação de Alvaro, como terceiro defesa, pareceu um erro, tanto mais quanto James esteve muito abaixo do seu nível e nunca desequilibrou. Dele, só registei um remate intencional. Escondeu-se demais.

Dos jogadores, acho que a mediocridade foi geral e apenas destaco pelo empenho, Varela, Maicon e Beluschi.

A Arbitragem

Não gosto de falar da arbitragem, mas confirmaram-se os piores receios. Não devemos esquecer nem a exibição da equipa do FCP, nem da arbitragem. Na minha perspectiva, foi uma das piores que tenho assistido. O critério na marcação das faltas, dos foras de jogo, das grandes penalidades, esteve à altura do Bruno, que apanhou este gostinho em Campo Maior, para não largar. É a sua paixão.

A SAD

Obviamente, que tendo sido muito crítico para os jogadores, VP não se pode isentar de responsabilidades no mau jogo e na impreparação da equipa para se bater com um adversário cujo perfil não contém qualquer mistério. Não esqueço este rodopio de entradas e saídas anunciadas, que corrói a coesão da equipa, num plantel que carece de mais qualidade e soluções credíveis para várias posições. Assim como a SAD recebe prémios quando a equipa ganha títulos, é bom que não se esqueça que esta época, com um orçamento recorde, a equipa nem ficou melhor apetrechada, como deixou ficar muitos insatisfeitos e não tapou alguns buracos existentes no plantel. E a saga continua.

Pensar no FCP que temos hoje e prepará-lo para as lutas de amanhã é o mais importante, sob pena de hipotecarmos o futuro, porque a época já o está, a partir deste jogo.

SMS do dia

O que me chateia mais é que este ano já não vamos ser campeões sem derrotas...

Passadeira para o título






"Há três lances limpos de fora-de-jogo e um golo mal anulado. Assim é difícil ganhar ou empatar quando há esse tipo de decisões. O Benfica deu a volta ao jogo quando podíamos já estar a vencer por 2-0. O mais grave é que não posso falar com o quarto árbitro ou o assistente. Mal me dirigi a Hugo Pacheco, mandou-me logo para a minha zona, enquanto que os outros podem fazer tudo."
Quim Machado, treinador do Feirense


"Foi pena os equívocos da arbitragem. O Benfica é uma grande equipa e não precisava destas coisas. Fizemos uma grande exibição, marcámos um golo, mas não demos uma alegria aos sócios porque não nos deixaram. Temos de aumentar a iluminação do estádio porque não sei o que passou pela cabeça do assistente para anular aquele golo."
Rodrigo Nunes, presidente do Feirense


Depois do que se viu nas quatro primeiras jornadas e, principalmente, perante a escandaleira de ontem em Santa Maria da Feira, fiquei com a certeza absoluta de que é impossível o slb não chegar ao final do campeonato em 1º lugar.

Aliás, como diria um grande filósofo do futebol português, mas qual fair play, qual verdade desportiva? Ontem nem na play station o Feirense conseguiria ganhar ou sequer empatar com o clube do regime.

sábado, 28 de janeiro de 2012

As razões de queixa do clã Mourinho...

Os repórteres do diário desportivo catalão Mundo Deportivo presenciaram uma cena interessante no final do último FC Barcelona x Real Madrid.


Não é que José Mourinho fez uma espera junto ao carro do árbitro e quando este e os seus assistentes apareceram, ter-se-á dirigido ao árbitro Teixeira Vitienes nos seguintes termos: "Ei artista, como gostas de chatear os profissionais...", retirando-se de seguida.

Será que Mourinho se estava a referir aos lances que o vídeo seguinte mostra?




Quem também esteve muito bem neste jogo foi o adjunto de Mourinho. De facto, Rui Faria demonstrou ter um elevado fair play na forma e termos como se dirigiu a um elemento do banco do Barça. Se continuar assim ainda é capaz de chegar ao nível do chefe...


sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um campeão na Grécia

"Não há presidente desde Novembro de 2010, também não há diretor desportivo desde a saída do Carlos Freitas [para o Sporting], há um ano, e mantivemo-nos assim. Há dificuldades financeiras e uma grande indefinição sobre aquilo que pode ser o futuro... estamos aqui um bocado a navegar em mar escuro"
Jesualdo Ferreira, em declarações à TSF


Nesta altura, o Panathinaikos é o líder do campeonato grego com cinco pontos de avanço sobre o segundo classificado, o Olympiakos.
Nada mau, para um clube sem presidente, sem o diretor desportivo que o escolheu e levou para a Grécia, com pouco dinheiro e cheio de indefinições.

Ao serviço do FC Porto, Jesualdo ganhou três campeonatos e duas taças de Portugal, mas se com estas condições for campeão na Grécia, isso será um feito ainda mais assinalável (e para se ter ideia do grau de dificuldade recordo que o Olympiakos ganhou 13 dos últimos 15 campeonatos).

Paixão em Barcelos pode dar galo



Bruno Paixão, da AF Setúbal, foi o árbitro nomeado para dirigir o encontro entre o Gil Vicente e o FC Porto, da 17.ª jornada da Liga 2011/12, agendado para as 19h15 de domingo.
No Estádio Cidade de Barcelos, Bruno Paixão vai ser auxiliado pelos assistentes António Godinho e Paulo Ramos.

in fcporto.pt


A nomeação de árbitro tão incompetente, para não dizer outra coisa, para o jogo Gil Vicente x FC Porto, nesta altura do campeonato, é pouco avisada por parte da Comissão de Arbitragem. O Paixão não consegue resistir a duas coisas quando apita jogos de futebol, (i) beneficiar o SLB e (ii) prejudicar o FC Porto.

Ainda no início deste mês, numa arbitragem com grande dualidade de critérios, favoreceu o SLB e prejudicou o seu adversário, o V. Guimarães. Aos 28 minutos Javi García atinge N'Diaye com uma cabeçada no peito (ao estilo Zidane vs Materazzi) e o Paixão, de frente para o lance, transformou o vermelho que se impunha em amarelo.



"Esperamos que coisas destas não se repitam; este emblema deve merecer respeito. Hoje [ontem] foi um dia negativo para a arbitragem. Como se costuma dizer na gíria, o campo estava inclinado, e bastante inclinado, para o lado do Benfica".
José Pereira, director-desportivo do V. Guimarães

Assim, no próximo Domingo teremos certamente um duro teste em Barcelos.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Conversa de café


Reggie Jackson foi a figura da semana. Fez um jogo memorável na final da Taça, como José Correia escreveu. Com 28 pontos decidiu a partida com triplos impossíveis e entradas fantásticas. Incompreensível as perdas de bola do FCP em momentos cruciais, e inconcebível as ajudas dos árbitros que permitiram, durante uma boa parte do jogo, as aproximações do Barreirense e, por isso, nunca terem deixado de disputar o resultado, com um critério que muito nos penalizou relativamente aos contactos pessoais. O nosso poste quase não jogou. Fez-me lembrar aquele árbitro de futebol – hoje comentador – que para os nossos adversários apitava à inglesa e, relativamente ao FCP, à (pior) maneira portuguesa.

No hóquei patins, perdemos de forma categórica. Defendemos mal e não nos damos bem com equipas que jogam de forma muito fechada, com a defesa muito baixa, e sai bem para o contra-ataque. Os espanhóis também são fortes a defender, mas esses fazem-no quase sempre no homem a homem, em pressão alta, com ajudas e de forma exemplar. Por isso, não metemos a mão ao prato nas competições internacionais, há largo tempo. Só quando formos competentes a defender, em todo o campo, poderemos aspirar a ter êxito fora do burgo. E, como parece fácil e ficámos sempre tão distantes.


No futebol ganhar os três pontos foi o mais importante. Os destaques do jogo já foram comentados por especialistas e outros de nomeada, como o nosso João, que tal como o Alexandre também admitiu, que a presença de James (em função das suas características) talvez justificasse, na opinião de ambos, a evolução do nosso 4X3X3para um 4X4X2.

Não me parece que o mal venha daí. Considero que o 4X3X3 se enraizou no FCP com Jesualdo, e acho que é o sistema seguido nas escolas do clube. E, faz todo o sentido, diga-se. O sistema admite que os alas joguem por dentro, nomeadamente quando o lateral sobe. Do lado esquerdo James pode e deve ocupar zonas mais interiores sempre que Alvaro desce, e jogar mais junto à linha na ala na direita, porque Maicon ataca menos, tentando mais um contra um, como fez contra o Rio Ave : foi por esta banda que marcou os dois golos.

Vejo, como mais indicado um 4X2X3X1, que Mourinho disfarçava em 4X4x2 com Carlos Alberto (posicionado sobre a ala esquerda) a dar apoio a Derlei. A diferença maior resulta do facto do actual FCP ser menos sólido na primeira e segunda zona de pressão (excepção para Fernando) e inclinar demasiado o jogo pela ala esquerda. Até Alenitchev, um 10 por excelência, jogava frequentemente junto à linha, com liberdade para as diagonais que frequentemente fazia de forma primorosa. E, isso é que deve ser melhorado com mudanças mais frequentes de flanco, melhor ensaiadas e executadas, para contrariar o excesso de ataques pela banda esquerda que acabam em demasiados centros para a grande área, com destino mais que incerto.


No futebol actual, nenhum homem pode ficar dispensado de defender, e essa função é fundamental nos homens do meio campo para tamponar o fácil acesso à nossa última linha defensiva, e para roubar bolas ao adversário para sair no contra golpe.

O número 10 tradicional era um play maker que organizava, prioritariamente, as acções ofensivas. Aimar é, no nosso campeonato, quem se aproxima mais desse registo. Deco tinha um perfil idêntico. Ambos progrediram e tornaram-se mais completos, pela capacidade de organizar, impor os ritmos, defendendo e lutando, sem medo arriscar na jogada individual, de meter o pé e fazer a falta feia, no momento certo. Os centro campistas, box to box, são preferidos, actualmente, pela extensão do seu raio de acção, pela capacidade de luta e qualidade táctica. No nosso campeonato, acho que Moutinho é o que está mais próximo desse perfil, e que Scholes e Essien são excelentes jogadores que encaixam nesse registo.

No nosso FCP a abertura do mercado tem corrido de forma muito idêntica ao que ocorreu no defeso. Muitas dúvidas, e até o reforço certo de Inverno – Danilo – só foi possível porque cedemos às exigências do Santos a troco do empréstimo de Fucile. A novela Guarin parece não ter fim : o homem nem sai do ginásio nem vai para Itália. Temos que aprender a viver com o que temos e haja quem saiba improvisar se minguarem os recursos, por razões físicas ou outras.

Com o Gil vamos ter um jogo difícil. Como foi na primeira volta. Hulk não deve estar em condições, pelo que teremos mais um teste à equipa que também não vai contar com Fernando. Souza deve ocupar o seu lugar. Danilo continuará à espreita e Iturbe, no banco, não deve ser opção, ainda. Não espero alterações. Quero um Porto concentrado, lutador e ganhador. Venham lá mais três pontos.

Aves raras

1. Um enorme vazio no Porto

Os bons pontas-de-lança, daqueles que têm o faro do golo, são aves raras. O Jardel voava sobre os centrais e o Radamel, um verdadeiro Falcao na área, quando voou para Madrid deixou no Dragão um enorme vazio, que Kleber não foi capaz de resolver (nem tal seria expectável).

Após a saída do melhor marcador da Liga Europa 2010/11, e não tendo a Administração da SAD contratado, em Agosto, um ponta-de-lança para o substituir, seria sempre muito complicado arranjar uma boa solução a meio da época (ao alcance da capacidade financeira atual da FCP SAD), que chegasse, pegasse de estaca e começasse a marcar golos sem precisar do habitual período de adaptação. Por isso, não me surpreende minimamente que, ao contrário da expectativa de uma parte significativa dos adeptos portistas, estejamos a poucos dias do fim do período de transferências de Janeiro e a SAD ainda não tenha contratado (nem parece que esteja na iminência de contratar) um ponta-de-lança.


Deste modo, depois da também previsível saída de Walter, tudo indica que Vítor Pereira irá continuar a treinar e a fazer o melhor possível com os avançados/pontas-de-lança que estão à sua disposição, conforme o próprio afirmou na conferência de imprensa antes do FC Porto x Estoril.


2. Um enorme flop em Londres

«Carlo Ancelotti claims he has been offered the chance to re-sign Fernando Torres for new club Paris Saint-Germain.
The Italian was manager of Chelsea when the Spanish striker joined the Blues in a £50m deal from Liverpool last January. (…)
The Italian coach also said he made a mistake by signing Torres last year - and not getting rid of Didier Drogba to make room for the Spaniard in the team.
He said: “If you decide to invest on Torres, you have to sell Drogba. He's like [Filippo] Inzaghi, he tends to devour whoever competes with him. He's not bad, but this is his personality”.»
in www.mirrorfootball.co.uk/transfer-news/



«Fernando Torres fired another blank as battling Norwich held Chelsea to a goalless draw at Carrow Road.
The Spain striker, who has not scored since October, endured another frustrating afternoon, denied in the first half by John Ruddy before then stabbing wide in front of goal from eight yards.»
in msn.foxsports.com


Após a saída de Anelka para uma reforma dourada na China e com o Drogba na CAN, a André Villas-Boas não lhe resta outra alternativa que não seja recorrer a um dos maiores flops de sempre do futebol inglês.


3. Um enorme goleador em Madrid

No passado sábado, o Atlético de Madrid conseguiu vencer pela primeira vez fora de casa, tendo ido ao Estádio Anoeta derrotar a Real Sociedad por 4-0.

Radamel Falcao foi a grande figura desta goleada, obtendo o primeiro hat-trick ao serviço dos colchoneros.

Apesar de ter estado lesionado e, por via disso, ausente em vários jogos, El Tigre já leva 14 golos, o que corresponde a 47% (!) dos golos marcados pela sua equipa no campeonato.


A dúvida que me assiste é: o que está a fazer um ponta-de-lança do calibre do Falcao na segunda equipa de Madrid?

Ou melhor, perante o conhecimento que André Villas-Boas tem dele, porque razão não está em Stamford Bridge a resolver os óbvios problemas de finalização do Chelsea?
Por acaso, o Atlético de Madrid tem uma capacidade financeira superior ao Chelsea de Abramovich?

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

SMS do dia

Palavras para quê?

É mouro e basta!

Mais um título

No domingo passado o basquetebol portista conquistou mais um título - a Taça da Liga (desde há três anos denominada Taça Hugo dos Santos) - derrotando na final o Barreirense por 79-77.


O jogo foi transmitido pela SportTv e, para quem não viu, as crónicas do mesmo puderam ser lidas nos jornais de ontem, mas há alguns aspetos de que ainda vale a pena falar.

1. A Taça Hugo dos Santos é uma competição disputada pelas quatro equipas melhor classificadas no final da primeira volta do campeonato. A 3ª edição, que se jogou no último fim-de-semana, juntou slb, FC Porto, Ovarense e Barreirense e voltou a ser realizada no sul do país, desta vez em Vendas Novas. Eu gosto do Alentejo e, já agora, também do Algarve, mas quando é que teremos a final de uma das taças (da Liga ou de Portugal) disputada no Norte?

2. O FC Porto foi finalista das três edições da Taça Hugo dos Santos e esta foi a 2ª vez que os dragões a conquistaram, à qual se juntam quatro vitórias na anterior Taça da Liga.

3. A cerca de dois minutos do final o FC Porto vencia por nove pontos (74-65) e parecia ter o jogo controlado mas, em pouco mais de 10 segundos, o Barreirense marcou 8 pontos e a um minuto do fim já estava em vantagem no marcador (74-75), após ter completado um parcial de 10-0! Desta vez houve um final feliz (para os portistas), mas há desconcentrações competitivas que são difíceis de explicar e de aceitar numa equipa profissional.

4. Os comentadores da SportTv, principalmente Carlos Barroca, quase que entraram em êxtase após a recuperação final do Barreirense e a perspectiva da equipa da margem azul derrotar os dragões. As vitórias do FC Porto continuam a provocar azia a muita gente.

5. Reggie Jackson e Anthony Hill foram as grandes figuras da partida. Aos 28 pontos do base norte-americano do FC Porto, respondeu o poste norte-americano do Barreirense com 20 pontos e 7 ressaltos, números que fizeram dele o MVP desta final (com 29 pontos de valorização). O curioso é que Anthony Hill veio esta época para Portugal para jogar no… FC Porto, tendo sido dispensado após a realização do troféu António Pratas. O Barreirense aproveitou e contratou-o.


6. Desde que Moncho López é treinador do FC Porto (o ex-seleccionador de Espanha foi contratado em Maio de 2009), os dragões conquistaram: Taça Hugo dos Santos (2009/10), Taça de Portugal (2009/10), Troféu António Pratas (2010/11), Campeonato (2010/11), Supertaça (2011/12) e novamente Taça Hugo dos Santos (2011/12). Nada mau.


Fotos: obtidas em www.fpb.pt

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mais uma vitória sobre os da capital

Antes de mais, que Guimarães comemore devidamente a sua capital europeia da cultura e que o seu Vitória ganhe os jogos todos até final de época.

Hoje não sendo um jogo para recordar para toda a vida, justificou bem os 90 minutos.




Sem lamúrias de que falta este ou aquele, jogou-se futebol, muito pela esquerda, já que pela direita e lá atrás as coisas saem muito à Ramaldense. Se em termos defensivos não tem comprometido, em termos ofensivos Maicon não existe, o que torna a equipa "coxa". A estatística não mente:


Comparativamente, o Palito teve praticamente o dobro de posse de bola (em tempo e em quantidade) e jogou bem mais à frente. É certo que têm que existir equilíbrios e não podemos ter dois laterais a atacar da mesma forma, mas num clube como o Porto exige-se uma maior diversidade - se num dia o Palito não está em dia sim, deixamos de atacar com os laterais.

Eu sei que não é opinião minimamente consensual, mas o Sapunaru foi para mim um dos jogadores chave da época passada. Não sei o que se passou, mas ou o homem teve um comportamento muito grave - e aí exigia-se um processo disciplinar para ao menos se poder defender - ou não há justificação para a sua ausência da equipa.

Se a ideia é utilizar Danilo nessa posição - pela amostra não parece ser essa a ideia - ainda posso dar um desconto, senão é um erro crasso de VP que nos pode sair caro. Se um Fernando - que grande jogo - foi "perdoado", por que motivo não joga Sapunaru? O interesse da equipa tem que se sobrepor.

Quanto a Danilo o tempo dirá se vale os 18 M€, mas se se ficar pelo meio-campo há por ali gente a mais - Guarin ou Souza qual deles vai sair? - que aliada à falta de ponta de lanças puros - que aliada à tendência do James vir para o centro, indiciaria que para as características do plantel um 442 seria mais adequado.

Mas com meio campeonato por disputar, esta alteração seria benéfica ou prejudicial? Vale a pena arriscar?

domingo, 22 de janeiro de 2012

James Rodriguez, o novo António Oliveira


Para mim nada há de mais empolgante no futebol que um extremo (um "ala", como agora se diz) correndo, fintando, cruzando, e até marcando golos.

Nomes como Mané Garrincha ("a Alegria do Povo"), George Best, Jairzinho e Rob Rensenbrink, ou os nossos Seninho, Futre, Drulovic e Quaresma, proporcionaram-me alguns dos mais belos momentos futebolísticos de que me recordo.


O maior jogador nessa posição algum dia produzido pelo F.C. Porto foi, a meu ver, o genial António Oliveira, senhor de um fantástico drible curto e de um domínio de bola soberbo, além de ser um excelente rematador. Oliveira até tinha vindo dos juniores como defesa direito(!) e foi, salvo erro, Fernando Riera que o colocou a extremo-direito.

Mas Oliveira tinha um talento e uma visão de jogo que ultrapassavam os do extremo e, vai daí, José Maria Pedroto colocou-o naquilo a que agora se chama a posição de "número 10". Aí o seu futebol ainda mais prosperou, com benefício enorme da equipa. Oliveira transformara-se no cérebro da equipa.

Já tivemos ocasião de ver o nosso jovem extremo James Rodriguez a evoluir precisamente nessa posição 10, e eu, daquilo que vi, e pelas características do miúdo, sou de opinião que tanto Rodriguez como a equipa lucrariam com a sua definitiva passagem para aquela posição. Tal como Oliveira, Rodriguez possui um talento e uma capacidade superiores à do vulgar extremo.

Aguardemos pelo desenrolar dos acontecimentos.

sábado, 21 de janeiro de 2012

“A Casinha” dos No Name Boys


«O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, vai ser chamado para ser ouvido como testemunha no âmbito do processo que levou hoje à detenção de 30 elementos dos 'No Name Boys'. O Ministério Público quer esclarecer como é que uma claque que não estava legal tinha direito a uma sede no estádio do clube, avançou ao Expresso fonte policial. O espaço é conhecido como "A Casinha".
A operação da PSP teve início na madrugada de hoje e visou membros dos 'No Name Boys' que têm vindo a agredir adeptos de claques rivais e também elementos das forças policiais. (…) Trinta elementos do grupo foram detidos, incluindo os dois supostos líderes: Miguel Claro e José Pité. Os detidos estão indiciados por ofensas corporais, associação criminosa, tráfico de droga e danos e incêndio a um autocarro que transportava adeptos do FC Porto para um jogo de hóquei em patins, em Junho deste ano.
A operação, efectuada no âmbito de uma investigação a cargo do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, resultou ainda na apreensão de haxixe, cocaína, heroína, ecstasy. Foram também confiscados bastões, soqueiras e tochas incendiárias
in EXPRESSO, 16/11/2008


«O mais conhecido grupo de apoiantes do Benfica foi alvo de uma aparatosa acção policial há cerca de meio ano, através da operação Fair Play, desencadeada pela Unidade Especial de Combate ao Crime Especialmente Violento (UECCEV) do DIAP de Lisboa com a colaboração da Polícia de Segurança Pública. Das mais de três dezenas de detidos, três ficaram presos preventivamente, quatro em prisão domiciliária e pelo menos dois proibidos de frequentar recintos desportivos.
A acção policial saldou-se ainda na apreensão de armas proibidas, material pirotécnico e mais de dez quilos de haxixe e 115 gramas de cocaína. (…) Foram ainda recolhidos indícios da venda e revenda de armas de fogo, nomeadamente de TASER (armas que atingem as vítimas com choques eléctricos), que teriam uma potência superior às usadas pelas forças de segurança.
A investigação abrangeu várias situações relacionadas com actos de violência de que foram vítimas adeptos do FC Porto e do Sporting. E ainda confrontos com forças de segurança e apreensões de droga. O inquérito acabou por agrupar factos ilícitos que estavam dispersos por outros processos. Nos casos da suspeita de tráfico de droga e de armas, as autoridades realizaram escutas telefónicas.
Através das escutas, recorde-se, a PSP pôde reunir elementos que a ajudaram a identificar a autoria moral e material do incêndio ateado ao autocarro que transportou a claque dos Superdragões, que se deslocou a Lisboa, em 21 de Julho de 2008, para apoiar a equipa de hóquei em patins do FC Porto que jogava contra o Benfica. Na origem deste acto esteve, segundo a acusação, o ódio contra o FC Porto, realçando a premeditação do acto, uma vez que o autocarro tinha sido antes seguido por uma viatura ligada aos No Name Boys. (...)»
in PUBLICO, 16/05/2009


Os textos anteriores são extratos de duas das muitas notícias que a comunicação social divulgou sobre este caso e que, por si só, ilustram a enorme gravidade dos atos praticados. Deste modo, na sequência da investigação desencadeada pelo DIAP de Lisboa, com a colaboração da 3.ª Esquadra de Investigação Criminal da Polícia de Segurança Pública, o Ministério Público decidiu levar a julgamento 37 arguidos. Na acusação é dito que estes indivíduos praticaram crimes “minuciosamente planeados e executados com superioridade numérica e mediante a utilização de meios especialmente perigosos”, destacando que agiam “motivados por ódio e intuitos de destruição, sem motivação relevante, contra elementos de outras claques”.

Perante o conjunto de factos gravíssimos que faziam parte da acusação contra os elementos dos No Name Boys e o manancial imenso de provas materiais incontestáveis que a suportavam, o coletivo de juízes da 5.ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa não fechou os olhos, não se acobardou e decidiu fazer aquilo que cada vez é mais raro em Portugal: Justiça!
Deste modo, em 28 de Maio de 2010, o juiz Renato Barroso leu uma sentença que honra a Justiça portuguesa e na qual foram condenados 29 dos 37 arguidos do processo, com 13 elementos da claque benfiquista a serem sujeitos a penas de prisão efetiva e 16 sentenciados com penas suspensas.
Sim, é verdade que apenas 13 dos 37 arguidos foram condenados a penas de prisão efetiva, mas os juízes, mesmo os bons, têm de julgar de acordo com as leis existentes e todos sabemos que as leis penais portuguesas são brandas, feitas a pensar na “recuperação e reinserção dos criminosos na sociedade”.

Contudo, no passado fim-de-semana a comunicação social noticiou uma reviravolta neste caso: na sequência de recursos das defesas, o Tribunal da Relação de Lisboa mandou repetir (!) o julgamento. Assim, já no próximo mês, sete elementos dos No Name Boys, entre os quais José Pité Ferreira, Hugo Caturna e António Claro, considerados os líderes desta claque benfiquista e que foram condenados a 12, 8 e 7 anos de prisão, vão voltar a tribunal.

Que os próprios não tenham noção da gravidade dos atos que cometeram e que os seus advogados os tentem safar eu até entendo, agora que um Tribunal superior tenha mandado repetir o julgamento é que me parece sintomático daquilo que, na prática, é a (in)Justiça portuguesa.

Se o objetivo é atenuar as penas destes indivíduos e, quiçá, evitar que eles cumpram penas de prisão efetiva (talvez a coisa se resolva com uma pulseira eletrónica…) para quê gastar dinheiro dos contribuintes e perder mais tempo com um novo julgamento?
A minha sugestão é que todas as provas recolhidas sejam eliminadas (não deve ser difícil arranjar uns erros processuais…) e que todos os que foram condenados sejam declarados inocentes até prova em contrário (se as provas forem destruídas…). Com jeitinho, ainda é capaz de se arranjar motivos para estas “vítimas de um erro judicial” serem indemnizadas pelo Estado português (ou seja, pelos contribuintes).

Por outro lado, os elementos da PSP, DIAP de Lisboa e Ministério Público que estiveram envolvidos neste caso, deviam receber uma repreensão por escrito. Quem é que os mandou andar a investigar e a colecionar as provas que suportaram a acusação? Não tinham mais nada que fazer?

Finalmente, o coletivo de juízes da 5.ª Vara do Tribunal Criminal de Lisboa que julgou este caso em 1ª instância, e particularmente o juiz Renato Barroso que presidiu ao mesmo, deveriam ser reformados compulsivamente. Não é que tiveram a distinta lata de condenar estes cidadãos exemplares a penas de prisão efetiva? Então isso faz-se?


Claque ilegal com sede no Estádio da Luz

Vieira e os No Name Boys

Relatório da PSP demolidor para o presidente do slb

O “Braço Armado do Benfica”

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Desvalorização de um activo

"Ele [Fucile] teve um desentendimento com o treinador e estava num processo de desvalorização. O FC Porto entendeu que colocá-lo no Santos, por causa da Libertadores, o vai valorizar. É um assunto que serve as duas partes: o Santos resolve, sem gastar dinheiro, um problema na lateral e o FC Porto coloca o jogador na melhor montra do Brasil."
Luis Álvaro Ribeiro, presidente do Santos


Custa-me a crer que o Fucile tenha saído do FC Porto e, ainda por cima, sem a SAD receber qualquer valor pelo empréstimo, porque teve um desentendimento com o treinador. Seria muito mau sinal se fosse esta a razão para este internacional uruguaio ter sido "encostado" e, por via disso, entrado num processo acelerado de desvalorização.

Num grupo de vinte e tal jogadores, é normal haver insatisfação dos que não jogam e, por vezes, ocorrem desentendimentos. Contudo, compete à estrutura do clube/SAD não permitir que esses desentendimentos tenham como consequência a desvalorização drástica dos seus activos.

Ah, e na FC Porto SAD deste início do século XXI, uma das características mais importantes dos treinadores principais é serem bons gestores dos jogadores/activos que fazem parte do plantel. Espero que Vítor Pereira tenha plena consciência disso.

Um dia apodrecem...



"Iturbe continua a amadurecer"

Ainda não será desta que os adeptos poderão ver Iturbe a tempo inteiro. O argentino anda ansioso - e isso reflectiu-se no último jogo - mas continuará a amadurecer no banco de suplentes. É praticamente certo que o craque terá oportunidade de jogar, mas nesta fase Vítor Pereira acredita que o melhor é retirar-lhe responsabilidade e lançá-lo numa fase mais aberta do jogo, eventualmente com a equipa em vantagem e sem uma carga emocional tão forte no jovem.

(...)
OJOGO, 17/01/2012


Há coisas no FC Porto que me deixam completamente desiludido. Uma delas é a forma como o clube (não) gere a entrada de novos jogadores na equipa. Cada jogador que chega, independentemente da sua valia, passa por um interminável "período de adaptação" que o coloca largos meses sem acesso à equipa principal, e que o impede desde logo de criar entrosamento com os colegas.

A situação que se viveu este ano com Iturbe, Alex Sandro e Mangala chega a ser ridícula, especialmente se comparada com o que acontece nos clubes rivais da capital. Se se regessem pelos mesmos cânones ainda hoje Di Maria, Jara ou Gaitán estariam a "amadurecer no banco". É inacreditável como se deixa 6 meses na bancada um dos melhores sub-20 do mundo (Iturbe). O seu nervosismo no jogo contra o Rio Ave deveu-se apenas à insegurança que lhe foi transmitida pelo longo período de tempo que demorou a chegar uma oportunidade para jogar... 20 minutos! Qualquer um ficaria nervoso se a primeira oportunidade chegasse apenas ao fim de 6 meses e depois de inúmeras ausências na equipa titular.

Numa altura em que o passe de um jogador de futebol custa vários milhões de euros não dá para entender porque se demoram meses a começar a rentabilizar desportivamente um atleta.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Pepe, what an idiot


Foi esta a reação de Wayne Rooney, no Twitter, perante mais uma atitude inacreditável e inqualificável de Pepe.


«Pepe volvió a ser protagonista negativo en un Clásico. En la primera parte vio la tarjeta amarilla por una dura entrada a Busquets pero en la segunda amplió su repertorio. Simuló una agresión en la cara de Cesc cuando el azulgrana no le llegó a tocar en el rostro y posteriormente pisó a propósito la mano de Messi cuando el argentino se encontraba en el suelo tras una entrada de Callejón.»
in marca.com


«El comportamiento de Pepe en el Clásico, y en otros muchos partidos que constituyen para él un auténtico historial delictivo, es intolerable. Sólo la providencia evita que cada uno de estos encuentros se convierta en una carnicería.
El Real Madrid, en la persona de Florentino Pérez, debe valorar muy seriamente la posibilidad de deshacerse de un jugador que es una vergüenza para el Real Madrid, que no está ni a la altura de la historia del club, ni a la altura de sus compañeros ni de la profesión de futbolista. El mercado de invierno sería una buena oportunidad para sacar algún dinerillo y evitar que Pepe vuelva a vestir la camiseta blanca. Si queda un mínimo de cordura en el club, éste ha debido ser su último encuentro.
Hubo un caso, el de Juanito, en el que el jugador tomó la decisión voluntariamente. Juanito pisoteó la cabeza de Matthaus y, a los pocos días, decidió que abandonaría la disciplina del club por decisión propia tras lo vergonzoso de su acción. Pero estamos hablando de Juanito, tras cuyo corazón caliente se escondía un tipo de una pieza.
No parece que Pepe vaya a tomar la misma decisión de Juanito tras la exhibición de salvajadas ofrecida ante el Barcelona. Seguramente, optará por quedarse en el club, a la sopa boba, escondido tras la falsa identidad de ser el abanderado de la causa madridista y protegido por el clan que parece ha tomado las riendas de la entidad, traicionando cualquier vinculo con la tradición del equipo tanto en lo futbolístico como en el comportamiento deportivo.»
in marca.com



Propositadamente, retirei estes textos e imagens do jornal a Marca (versão online), o qual, como é sabido, é um jornal que está para o Real Madrid como A Bola está para o slb.

Ora, se perante o historial de atitudes lamentáveis de Pepe, neste e noutros jogos, no jornal semi-oficial do Real Madrid já se publicam textos com termos como “carnicería”, “vergüenza”, “intolerable” e se discute se Pepe deve voltar a vestir a camisola branca, a pergunta que me apetece fazer é: qual vai ser a atitude de Paulo Bento?
Para o atual selecionador português, que faz da disciplina a sua imagem de marca, e que se mostrou absolutamente intransigente nos casos Bosingwa e Ricardo Carvalho, Pepe continua a reunir todas as condições para ser convocado para a seleção das quinas?


P.S. Até o subdiretor da Marca entende que já não há mais espaço para contemplações...


quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Palito dá, Varela confirma


Em noite de clássico espanhol ter de redireccionar a atenção para uma competição de cariz dúbio, torna-se um acto de disciplina exigente. O encontro do estádio do Dragão, tal como era espectável, nunca conseguiu elevar-se a ponto de esquecer quem em Madrid jogava, ainda assim, o FC Porto carimbou a vitória sem grandes sobressaltos e sem grande réplica.

Um Estoril organizado, apenas comprometido no espírito de “não ir muito além do seu meio campo”, foi adiando como pode o único resultado possível. O conjunto azul e branco também foi pouco incómodo, apenas ritmado a espaços por um Álvaro Pereira supersónico, merecedor dos maiores encómios da noite pela forma como encara uma partida de tão amorfa importância.

Ainda não foi desta que Danilo calçou a bota, e nem mesmo Iturbe garantiu vaga no onze inicial. Vítor Pereira fez-se conservador nas escolhas e optou pelos nomes mais regulares a fim de garantir o apuramento para a fase seguinte da Taça da Liga. Objectivo quase apontado, escapou-se a oportunidade de um jogo de olho arregalado.



Com efeito, num encontro pautado pelo ritmo baixo, durante grande período o frisson passou apenas por bolas paradas. Destaque para o livre de Moutinho aos 37 minutos onde guarda-redes dos visitantes salvou à queima. Até ao intervalo soçobrou o desperdício de Kléber a um golo feito, fazendo levar ao desespero os 15 mil heróicos adeptos que se deslocaram ao Dragão.

O segundo tempo não trouxe melhor futebol, mas a vitória haveria de ser garantida. Kléber, em noite infeliz, viu Vagner negar-lhe o golo de forma ortodoxa, que contudo não foi capaz de evitar aos 61 minutos o remate vitorioso de Varela com o pé esquerdo à entrada da área. Golo com assinatura do extremo, mas o grande artífice foi, claro está, Palito, num dos seus raides desconcertantes.

James viu o poste roubar-lhe o golo da suprema tranquilidade, mas estava escrito que o enguiço das bolas paradas jamais hoje seria proscrito. Nada que tenho levado a por em causa o sereno triunfo portista e os consequentes objectivos da equipa nesta competição. O futebol jogado, esse, é que continua ser pobrezinho.

Ler nas entrelinhas…

Pergunta de um jornalista na conferência de imprensa de ontem:
Não está preocupado com o facto de, neste momento, o FC Porto só ter Kléber disponível para jogar no centro do ataque?

[Vítor Pereira]: Neste momento temos apenas Kléber para jogar como ponta-de-lança e se não podermos jogar com ele, por alguma eventualidade, teremos de inventar uma dinâmica nova. Vamos ver... O clube está a trabalhar e vamos ver o que se vai passar. Mas não posso comentar situações hipotéticas; estou aqui para treinar e para fazer o melhor possível com os jogadores que estão à minha disposição. O clube está a trabalhar, o mercado está aberto

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Entra Danilo e sai Fucile (a custo zero)


«O presidente Luis Alvaro, do Santos FC, e o diretor Antero Henrique, do Porto, de Portugal, acertaram, na tarde desta terça-feira (17), por telefone, a liberação do TMS (Transfer Matching System) do atleta Danilo para o time português e o empréstimo por um ano, sem custos, do lateral Jorge Fucile para o Santos.
A formalização do acordo se dará nas próximas horas.
O atleta uruguaio ainda não tem data marcada para a realização dos exames médicos e assinatura do contrato, detalhes que serão informados nos próximos dias.»


O texto anterior faz parte de uma Nota Oficial publicada hoje (17h03, hora brasileira) no site oficial do Santos FC.

Recordo que, em Julho de 2010, Fucile foi eleito pela Gazzetta dello Sport para o onze ideal do Mundial 2010. Um ano e meio depois sai do FC Porto pela porta pequena, num empréstimo não remunerado, e como moeda de troca para o clube brasileiro "liberar" o TMS de Danilo. Nem sei o que dizer.

A azia dos anti-portistas

«O Tribunal Criminal de Lisboa absolveu hoje Pinto da Costa, Ana Sofia Fonseca e Felícia Cabrita do crime de ofensa ao Ministério Público (MP). O presidente do FC Porto tinha comparado o MP à PIDE, num livro das jornalistas.
Na sentença, a juíza da 1.ª Secção do 2.º Juízo Criminal de Lisboa conclui que Pinto da Costa limitou-se a fazer «um juízo de valor» sobre a actuação do MP e que «o direito à crítica insere-se na liberdade de expressão», por muito depreciativa ou injusta que seja. (...)»
in SOL, 16/01/2012

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A propósito desta sentença do Tribunal Criminal de Lisboa, em que mais uma vez Pinto da Costa derrotou o Ministério Público em Tribunal (é significativo que em todos os processos relacionados com o 'Apito Dourado' o FC Porto e/ou Pinto da Costa só tenham sido condenados na decisão do CD Liga do dr.Ricardo Costa...), o JN incluiu hoje na sua 1ª página um pequeno destaque com o título: "Pinto da Costa 5, Ministério Público 0".

O título do JN não é muito original (em 25 de Outubro de 2008, o 'Reflexão Portista publicou um artigo com o título Pinto da Costa, 3 – Ministério Público, 0), mas incomodou algumas pessoas, entre as quais destaco um pseudo especialista no processo 'Apito Dourado' (Eugénio Queirós) que, no seu blogue, demonstrou toda a azia que a capa do JN e, principalmente, mais esta decisão de um Tribunal lhe provocou.

Mas eu compreendo que, para o universo dos anti-portistas, seja dificil de engolir o facto de em TODOS os casos que chegaram aos tribunais (e houve alguns que nem sequer reuniram as condições mínimas para lá chegar), os juízes tenham SEMPRE decidido a favor das posições do FC Porto / Pinto da Costa.
No que diz respeito ao 'Apito Dourado', e para grande desgosto dessa gente, ainda há (houve) uma diferença significativa entre juízes a sério e justiceiros de pacotilha.

O pódio dos campeonatos

Este fim-de-semana atingiu-se o final da 1ª volta e, perante a classificação actual, a comunicação social do regime fez desde já uma pequena festa.

Alargando os horizontes, vale a pena dar uma vista de olhos pelo pódio provisório nos principais campeonatos europeus (que também estão sensivelmente a meio):


Nesta altura da época, é um pouco surpreendente alguns clubes não estarem num dos três primeiros lugares dos seus campeonatos - Chelsea, Arsenal, Lyon, Marselha, Inter - mas, aquilo que sobressai é haver DUAS equipas da Liga ZON Sagres que chegam a meio da prova ainda sem derrotas. É um facto inédito e, embora por si só não diga tudo, é algo que diz alguma coisa do nível actual do campeonato português.

Verifica-se que com a excepção da Itália, em que a Juventus ainda não perdeu qualquer jogo, mas tem quase tantos empates como vitórias, em todos os restantes campeonatos os líderes já foram derrotados pelo menos duas vezes.

Incrível o número de derrotas do trio da frente da Bundesliga (12 no total), bem como, a média de golos marcados por jogo (3,5) do Real Madrid.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Contratações - o papel do treinador

O papel do treinador nas contratações é uma eterna discussão entre adeptos (e não só).

Dizia um colega meu (Mário Faria) num artigo anterior que "Os treinadores treinam e a SAD é a quem cabe por inteiro (com toda a justeza) as tarefas de alocação do investimento".

E’ uma opinião; pessoalmente, discordo veementemente - nomeadamente quando diz "com toda a justeza". No valor total a investir sim; na alocação desse investimento, não.

Para mim o ponto fundamental é simples: ou a SAD tem confiança na competência do treinador que escolheu, ou não tem (e nesse caso mude-se o treinador).

Ora se tem confiança (e à partida terá que ser sempre o caso, mesmo que isso mude com o tempo), então cabe acima de tudo ao treinador definir as prioridades para contratações: por exemplo, "preciso acima de tudo de um bom PDL/médio ofensivo/def esquerdo (idealmente com as características x, y ou z), e em segundo lugar um jogador para a posição w, etc".

Eu acho que cabe à SAD satisfazer esse pedido do treinador o melhor possível e apresentar-lhe portanto possíveis soluções ao seu pedido em função da prospeção do mercado (tarefa em que são eles acima de tudo os responsáveis - embora o treinador possa dar algumas dicas sobre jogadores que tenha observado, mas isso já é valor acrescentado).

Cabe ao treinador por sua vez compreender e aceitar alguns princípios gerais da SAD, nomeadamente o limite total disponível para contratações e um ou outro principio básico que tenha sido estabelecido à partida (por exemplo, não gastar-se imenso dinheiro em jogadores com idade avançada, já que é preciso pensar no futuro e em potenciais mais-valias; outro exemplo hipotético sera comprar jogadores cujo salário venha a ser muito mais elevado que o salário mais elevado do plantel nesse momento).

A decisão final (após potenciais opções apresentadas ao treinador pela SAD após prospeção) deverá ser tomada em conjunto por treinador e SAD da forma mais consensual possível, mas com a opinião do treinador a ter o maior peso (a palavra final).

A excepção a essa regra será apenas contratações especulativas e de valor relativamente baixo para jogadores que não vão sequer ficar necessariamente no plantel na 1ª época (as ditas “oportunidades únicas de negócio”). Essas compreendo q sejam tomadas unilateralmente pela SAD, mas na condição de que os principais pedidos do treinador sejam simultaneamente satisfeitos. Eu diria que Djalma ou Kelvin encaixam neste tipo de contratação, tal como possivelmente um Iturbe ainda que em menor medida (o seu custo já foi algo considerável, mas não tão elevado como isso).

De qualquer forma é normal que hajam iterações neste processo. Por exemplo: à partida a SAD dirá ao treinador q tem 15 a 20 milhões para gastar no total, mas acrescentará numa 1ª iteração passado 2 semanas que "afinal há agora uma boa proposta de venda para o jogador x", o que levaria a que haveria mais dinheiro para contratações mas também a um novo buraco no plantel (e ver o que o treinador tem a dizer sobre isso).

Isto, em suma, é o que eu defendo. Não sei (nem sabe o comum adepto) como é que as coisas se passam em concreto no FCP e especificamente no último Verão. Sei apenas que em geral parece-me que na prática haverá um desvio claro destes princípios em favor de maior peso para a direção da SAD em detrimento do treinador; e que – a meu ver, e já o digo desde Agosto – atacamos mal as prioridades no ultimo Verão, investindo pouquíssimo para a posição à partida mais frágil (ponta de lança) enquanto investíamos como uns loucos para outras posições, algumas delas em que estávamos bem servidos (por exemplo, médios de transição – falo de Defour que, sendo um jogador que me agrada em certa medida, certamente não era uma prioridade tendo já nós Moutinho, Souza, Guarin e Castro e custando ele uns 8 milhões; o mesmo poderá ser dito de Alex Sandro, que custou um balúrdio para aquecer o banco ao A. Pereira).

Para concluir, um modelo em que a SAD tem maior peso fará ainda menos sentido num clube como o FCP que tem um modelo de gestão oportunista e especulativo e em que muito pouco se aposta na prata-da-casa. Quando assim é, (ainda) mais liberdade deve ser dada ao treinador nas contratações já que não há - nem poderá haver - sequer um modelo de jogo padrão em que os jogadores estão rotinados ao longo de anos (ao contrário de por exemplo um Barcelona).



PS – para simplificar usei a linguagem do adepto comum neste artigo, logo onde esta' escrito 'SAD' deve-se ler 'direção da SAD' (administradores + A. Henrique); e' que se quisermos ser correctos tecnicamente, são todos funcionários da SAD (treinador e jogadores incluídos).

sábado, 14 de janeiro de 2012

Haja talento que nos salve


Num campeonato onde apenas um par de equipas fazem cócegas ao duo candidato ao título, facilmente se percebe que o segredo para se chegar vitorioso à meta final está em quem menos desperdiçar pontos com adversários como este que FC Porto defrontou esta noite. Cumprido esse desígnio espectável, continuou a falhar a consolidação de construção de jogo colectiva. A perda de Hulk complicou as operações, mas James Rodriguez assumiu as vestes de figura de cartaz, decidindo o encontro com a classe que se lhe reconhece.

Pragmaticamente, o que assistimos hoje no Dragão nada mais foi que uma inalterada disfunção colectiva que tem sido timbre da nossa equipa ao longo da época. Um conjunto que continua longe de conseguir assumir uma posse de bola forte, capaz de arrebatar os adversários que se lhe deparam. A precisão de passe vai nas ruas da amargura, mercê de um atabalhoamento posicional a que os jogadores não conseguem disfarçar. O fio de jogo perde-se e, com ele, foge também a capacidade de a equipa se encontrar no entusiasmo e confiança que a catapulte a outros patamares.

Lirismo platónico, ou que lhe queiram chamar, não me é possível conceber o futebol sem um grupo forte e homogéneo, capaz de executar uma jogada que não morra ao fim de três míseros toques. Este Porto dá para enganar neste campeonato de trazer por casa - o 4º melhor do Mundo para aqueles padiolas das estatísticas -, mas que perecerá com estrondo quando alguns oponentes do mês vindouro nos encararem.



James Rodriguez foi o sacrossanto salvador numa clareira de ideias e de criatividade. Nem Hulk agora nos resta para, pelo menos, podermos suspirar dos seus pés algo que não roce a boçalidade geral. Exclua-se o dinamismo e a resistência sem fim de Álvaro Pereira ou a lisura de Fernando, tudo resto recolhe ao esquecimento num abrir e fechar de olhos.

Haja crença na evolução da nossa dinâmica de grupo, porque quando o virtuosismo de alguma das nossas individualidades falhar, ela não vai lá estar para nos salvar!

Fotos gentilmente rapinadas ao Maisfutebol

... E depois do SCP vem o Rio Ave


O jogo com o SCP não feriu as minhas expectativas. As equipas encaixaram-se e trataram tacticamente de reduzir os avanços pelas alas e de travar os jogadores com maior potencial desequilibrador. As jogadas de perigo nas duas áreas resultaram basicamente do aproveitamento de bolas paradas e de transições ocorridas por perda de bola, de ambas as equipas, em zonas e situações favoráveis ao contra-golpe. Foram raros esses momentos, mas ocorreram. O resultado assenta bem pelo que fizeram ou não foram capazes de fazer.

Relativamente ao FCP, faltou criatividade e um pouco de ousadia. Reconheço, porém, que a manta perdeu largura e comprimento, e quando se tapa de um lado, destapa-se do outro. Concordo com o VP que foi um jogo intenso, entretido, porque foi um encontro suado e disputado rijamente, mas longe de ser bem jogado. O nosso treinador queixou-se que a equipa teve pouca posse, falhando nos princípios fundamentais de jogo da equipa.

Estou de acordo, mas posse de bola é um processo que exige uma série de qualidades técnicas dos jogadores para o praticar e de rotinas bem oleadas para a operacionalizar. Os atletas têm de ser fortes no passe e na movimentação para haver homens libertos e linhas descongestionadas para fazer correr a bola até ao jogador em melhor posição. Para o conseguir com sucesso, temos de ser (mais) certeiros no passe, (mais) fortes na desmarcação, (mais) rápidos a pensar e a executar. Não o temos sido e há jogares sem perfil para o fazer competentemente.


A equipa escalada para jogar com o SCP não me pareceu a mais indicada para jogar em posse. Com um meio campo em que Moutinho jogou um pouco mais recuado e mais longe da última fase de construção, caberia predominantemente a Beluschi essa função de criação e de maior proximidade ao ponta de lança, o que raramente aconteceu porque está em quebra e muito longe do que apresentou no início da época passada. Com Djalma e CR nas alas, se demos mais consistência ao equilíbrio defensivo, perdemos alguma capacidade de criação de lances perigosos junto da área adversária. Com Hulk a ponta de lança, não é um tradicional número nove, não “vale a pena” estender o jogo porque na área raramente fomos (e somos) capazes de meter gente que cheque para rematar, ganhar segundas bolas, provocar ressaltos e a desordem na defesa adversária. Por azar, quando o fizemos no jogo passado, Otamendi, que teve a ligeireza de aparecer na grande área adversária, acabou por servir, mesmo, de defesa do SCP.

Resumindo: não fiquei desiludido com o jogo, pois foi disputado, os jogadores bateram-se bravamente e o resultado foi justo e útil, face ao momento actual do FCP. Estamos longe dos melhores momentos da época passada, estivemos muito perto do que fizemos com o SCP em Alvalade, na época anterior. Apesar disso, parece-me pouco convincente a afirmação de que a equipa do FCP quisesse jogar em posse e projectasse, por essa via, controlar o jogo e ser uma equipa (mais) arrojada.


A seguir vem o Rio Ave. O FCP continua manco na ala direita, com Danilo em banho Maria por razões burocráticas, e Djalma em trabalhos de selecção. Kléber que avaliei como um jogador de grande potencial, tem vindo a perder espaço, fruto das suas exibições menos conseguidas, ultimamente.

VP vai ter um novo exame e vê o espaço de tolerância cada vez mais reduzido, por parte duma parte dos sócios e adeptos. O FCP tem de ganhar e jogar bem, para nosso descanso e melhorar os índices de confiança da equipa.

Se achava que não bastava a Jesualdo fazer das transições o caminho único para o resultado e uma boa exibição, acho que a posse, só por si, não é uma árvore das patacas que basta acenar para aparecerem os golos. Se me aproveitar da equipa Barcelona que é um exemplo quase perfeito na implementação desse modelo de jogo, teríamos que defender alto, procurar e ocupar bem os espaços, movimentação permanente, proximidade entre os sectores, muita ligeireza em jogar sobre a última linha defensiva adversária, boa leitura de jogo, boa execução de passes de ruptura e grande pressão sobre o adversário quando a equipa perde ou está sem a bola. Esta última fase é fundamental: qualquer perda de bola pode ser a morte do artista, nomeadamente se o sector defensivo não for servido de homens (especialmente) rápidos.

O FCP não tem essa escola – embora me agradasse ter ouvido Capucho dizer que a sua equipa privilegia a posse e o desenvolvimento de um futebol atraente – e aos jogadores falta-lhes essa educação de base, qualidade e mais treino dessas rotinas. CR e Djalma são jogadores úteis e esforçados, defendem e pressionam, e o segundo com condições para crescer, mas não me parecem com perfil técnico para um desempenho adequado no quadro desse modelo. No entanto, gostei de ver actuar Djalma quando recuou para defesa direito no jogo com o Marítimo, e reconheço que esse é um trunfo táctico a melhorar e explorar no futuro.


Prefiro de qualquer forma o modelo actual e sei que apenas podemos aspirar a ser um “little Barcelona”, como alguns nos apelidaram na época passada.

Melhorar a circulação da bola e dos jogadores, mais qualidade no passe, mais pressão e rapidez, são essenciais. O resto vem por acréscimo pela capacidade de inventar dos mais criativos.

A equipa pouco deve mudar se CR não estiver a fazer as malas. Não conto com Fucile e Sapu, mas posso ser surpreendido. James deve ocupar uma das alas se não estiver fisicamente inferiorizado e Hulk deve manter a posição de ponta de lança. Também me agrada uma certa rotação na ocupação das faixas e do eixo central pelos três atacantes, como já foi ensaiado. O único inconveniente deste trio atacante é a falta de agressividade para ganhar a bola, especialmente James e Hulk. Com Kléber ainda é pior. Diga-se, por ser verdade, que raramente o Hulk não é castigado quando usa o físico para se bater pela posse da bola. Derlei era um portento na primeira zona de pressão e Lisandro andava lá perto.

Defour substituirá Moutinho, e no meio campo não prevejo mais alterações. A defesa não deverá ter mudanças. Conto com um jogo difícil, e com um adversário com a receita habitual: defesa muito baixa, com tarefas defensivas distribuídas por todos os jogadores (salvo João Tomás), boa ocupação dos espaços com os sectores muito próximos, marcação à zona e cerrada a Hulk, jogando com o tempo, provocando a ansiedade e as faltas na sua zona ofensiva para exploração das bolas paradas, e explorando os seus homens mais rápidos para as transições ofensivas. Aguardo ansiosamente por uma boa exibição e um resultado condizente para que a viragem para a segunda volta se faça com redobrado ânimo. Depois do desastre de Coimbra, a equipa melhorou e há um empenhamento sério dos jogadores. Porém, a equipa ainda não entusiasmou. Deve-nos isso. Os sócios devem o apoio.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Ano novo, vida nova?

Infelizmente, não me parece...

Há tradições e superstições que dizem que as coisas podem mudar simplesmente com a mudança do digito do ano, como se o universo se preocupasse com um dos vários calendários que a humanidade criou.

No FC Porto passa-se o mesmo. Com uma paragem de um pouco mais de 15 dias, alguns de nós tínhamos esperança que fosse possível recarregar baterias, aproveitar o tempo de família para recuperar a motivação, e conseguir esconder algumas das lacunas do plantel.

O primeiro teste do ano, contra o Sporting, mostrou mais uma vez uma equipa sem solução no eixo do ataque e sem um meio campo capaz de dominar. Valeram alguns clássicos dos últimos tempos (como Helton) para salvar a honra da casa. A equipa está descaracterizada, e apesar de se ver alguma da garra que se pensava perdida nos tempos idos de Outubro e Novembro, não é possível descortinar fio de jogo ou algo que se assemelhe a um plano dentro do campo.

Mas nem tudo está mal... Nos últimos jogos recuperamos alguma da garra perdida, parece haver um crescendo de forma na defesa e S. Helton continua a manter o nível da época passada.

O que necessitamos para fazer deste FC Porto diferente do que vimos, com pesar e até com algum sentido de obrigação? Precisamos de uma referência perto da baliza adversária, precisamos que os jogadores acreditem que podem ser melhores, precisamos que os jogadores confiem em quem comanda a equipa.
Algumas situações não são da responsabilidade do treinador, como ter meios para novas contratações; outras são da sua responsabilidade mas não da sua capacidade; e outras são da sua responsabilidade e capacidade como o treino e a melhoria dos princípios de jogo.

Da administração, peço acção, dentro das possibilidades do clube, para disponibilizar a este ou a outro treinador as condições necessárias para o sucesso. Este ano, ainda vamos a tempo de mudar...

A revolta dos pequenos

"O presidente da Liga é colocado na Liga pelos interesses do lóbi que controla o futebol em Portugal - a Olivedesportos, obviamente. Alguma vez o Fernando Gomes ia para presidente da Liga? Isto de o Benfica, o Sporting e o FC Porto dizerem que estão zangados é tudo conversa. (...)
Até já sei quem vai vencer na Liga... Não interessa ter mais apoios, interessa ter esse apoio dessa empresa de que sou fundador."
António Oliveira, entrevista na RTP Informação, 07/01/2012


«Últimas indicações relativas à corrida eleitoral para a presidência da Liga de Clubes: Mário Figueiredo recuperou terreno e pode ganhar a António Laranjo. As últimas cartadas jogam-se entre hoje e amanhã.

O advogado portuense, que é genro do presidente do Marítimo e integra o escritório do administrador portista Adelino Caldeira, tem colhido inesperados apoios...

Mas o jogo ainda não está feito e convém não esquecer que Laranjo tem o apoio da troika formada pelos três grandes e continua a ganhar na II Liga...»
Eugénio Queirós, Record, 10/01/2012


Tudo indicava que António Laranjo tinha a eleição garantida e afinal...

Mário Figueiredo foi eleito presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, tendo obtido 27 votos, contra 21 de António Laranjo, o candidato apoiado pelos três grandes e, supostamente, pela Olivedesportos.

Veremos se ontem não foi dado o primeiro passo para, contra a vontade dos três grandes e de Joaquim Oliveira, obrigar a Olivedesportos a negociar os direitos televisivos em pacote.