domingo, 31 de março de 2013

Mangala, a Torre

Mangala marcou o 1º golo, enviou uma bola à trave e, indiscutivelmente, foi um dos melhores no Académica x FC Porto. Não por acaso, quer A BOLA, quer O JOGO, escolherem-no como o melhor em campo.

Há cerca de dois meses atrás, publiquei um artigo intitulado 'Mangala, o monstro voador', em que, para além de recordar a notável evolução deste defesa-central francês, antevi a sua saída do FC Porto a curto prazo (muito possivelmente já no final desta época).

E cada vez estou mais convencido que o destino deste parisiense será o seu clube do coração (o atual Qatar Saint Germain...), ou um dos "tubarões" da Premier League (Manchester United, Manchester City, Chelsea ou Arsenal). Aliás, observando as extraordinárias características físicas de Mangala, não tenho dúvidas que encaixaria como uma luva no futebol inglês (com o seu potencial, imagino o que seria no centro da defesa do Man United, trabalhado por Sir Alex Ferguson).

Apesar da eliminação prematura nos oitavos de final da Liga dos Campeões, numa época onde o melhor clube português dos últimos 30 anos podería ter ido mais longe (custou-me mais a eliminação em Málaga do que a previsível não conquista do tri-campeonato), estou cada vez mais convencido que o passe de Mangala não ficou desvalorizado e irá ser avaliado num valor superior ao do Bruno Alves (22 MEuros) e próximo do recorde estabelecido por Ricardo Carvalho e Pepe (30 MEuros), outros dois defesas centrais que saíram do FC Porto para colossos europeus (Chelsea e Real Madrid).

(Mangala, melhor em campo do Académica x FC Porto, O JOGO)

Infelizmente, a FC Porto SAD só é detentora de 56,67% dos direitos económicos, mas é um privilégio vermos o Mangala vestido de azul-e-branco e, daqui a uns anos, vamos poder dizer que um dos melhores defesas centrais do Mundo jogou no FC Porto e foi aqui que evoluiu e deu o salto para a elite do futebol europeu.

sábado, 30 de março de 2013

Coimbra tem mais encanto...

(Académica x FC Porto, Maisfutebol)

... vestida de azul-e-branco.

1º golo cedo, duas bolas na trave da baliza da Académica ainda nos primeiros 30 minutos, vitória por 3-0 sem espinhas (e sem penalties ou expulsões).

Com um Jackson muito trabalhador, mas distante do killer instinct que mostrou até ao início de Fevereiro, os dois primeiros golos foram marcados por dois defesas - Mangala e Danilo - com as contas a serem fechadas com um golaço improvável de Castro.

Moutinho jogou os 90 minutos, mas a umas rotações abaixo do habitual e Liedson voltou a não sair do banco porque, mais uma vez, Vítor Pereira teve de usar as substituições para gerir o estado físico de três jogadores - Lucho, James e Danilo, que terminou o jogo com caimbras.

Vitória tranquila do FC Porto, num jogo com 69% de posse de bola e em que não me lembro de uma única oportunidade flagrante dos estudantes (o lance mais perigoso resultou de uma paragem cerebral de Alex Sandro, que fez um jogo fraquito e parece andar com a cabeça noutro sítio).

E pouco mais há a dizer, mas sinto que falta alma a esta equipa, como se já não acreditassem na hipótese matemática de ainda chegarem ao título.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Lesões e Seleções

«João Moutinho, Varela e Defour já estiveram esta quinta-feira no Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia, no Olival, onde Vítor Pereira dirigiu mais um treino do FC Porto, que prepara a deslocação ao terreno da Académica (24.ª jornada, sábado, 18h15). Porém, os internacionais portugueses não estiveram no relvado: o primeiro [Moutinho] efectuou trabalho de recuperação no ginásio, enquanto Varela apresentou uma mialgia no adutor direito e limitou-se a tratamento. (...) Jackson Martínez e James, que estiveram ao serviço da Colômbia e tiveram o desgaste acrescido de uma viagem intercontinental, ainda não estiveram no Olival»
in www.fcporto.pt, 28-03-2013


Pelos vistos, Moutinho chegou da Seleção todo "roto", Varela com uma mialgia e os internacionais colombianos ainda nem sequer tinham chegado à hora do treino de quinta-feira.

O caso do Moutinho é mesmo paradigmático. A 23 de Fevereiro jogou contra o Rio Ave; depois sofreu uma lesão muscular num treino e falhou o jogo contra o Sporting (em 02-03-2013) e a recepção ao Estoril (em 08-03-2013). Dado como apto pelo departamento médico do FC Porto, no dia 13 de Março foi titular em Málaga mas, por volta dos 30 minutos, ressentiu-se da lesão na mesma perna e Vítor Pereira teve de o substituir ao intervalo.

(Málaga x FC Porto, O JOGO)

Lesionado, Moutinho voltou a falhar um jogo do campeonato, desta vez na Madeira, contra o Marítimo (em 17-03-2013) e, tal como na deslocação a Alvalade, o FC Porto voltou a empatar, perdendo mais dois pontos na corrida para o título.
Ao contrário do que é habitual com outros jogadores, todo este historial recente de lesões musculares não impediram Paulo Bento de convocar João Moutinho para dois jogos em países longínquos (Israel e Azerbaijão), nos quais o médio do FC Porto "apenas" jogou 180 minutos!
No treino de quinta-feira Moutinho efectuou trabalho de recuperação no ginásio. Veremos se já estará em condições de treinar na sexta-feira, o último treino antes da deslocação a Coimbra para defrontar a Académica.

O mesmo se passa com os dois internacionais colombianos que, na melhor das hipóteses, também apenas poderão participar num único treino de preparação para o Académica x FC Porto do próximo sábado. Espero é que as consequências de mais esta chamada à seleção da Colômbia não se façam sentir no próximo jogo do FC Porto. E digo isto porque ainda tenho bem presente o desempenho de Jackson Martinez no FC Porto x Olhanense. Para quem já não se lembra, eu recordo.
Guatemala e Colômbia disputaram um jogo particular em Miami, no dia 7 de Fevereiro, com início às 02h00 (hora de Portugal continental). Imagino o bem que deve fazer ao organismo de um jogador que vive na Europa, disputar um jogo neste horário.
De regresso a Portugal, após mais uma viagem intercontinental (e não sei quantos fusos horários), Jackson fez treino de recuperação na véspera do FC Porto x Olhanense e, no dia 10 de Fevereiro, teve um dos seus piores jogos com a camisola azul-e-branca, falhando um penalty e dois golos aparentemente fáceis, um em cada parte.

(FC Porto x Olhanense, O JOGO)

Lesões, seleções, limitações para treinar e/ou jogar, esta tem sido uma das sinas do FC Porto esta época.

P.S. Devido à entrada dura de Roberge (penalty por assinalar no Marítimo x FC Porto), a qual lhe provocou uma entorse no tornozelo direito, duas semanas depois Atsu continua lesionado e ficou de fora dos convocados para o Académica x FC Porto de amanhã. Regressado lesionado da seleção de Paulo Bento, Varela fica a fazer companhia a Atsu. E assim, Vítor Pereira vai para Coimbra sem extremos.

quinta-feira, 28 de março de 2013

O passivo financeiro do Grupo FC Porto

Já ouvi comentadores de outros clubes dizerem na televisão, que desconheciam qual era o passivo financeiro do Grupo FC Porto, acusando o FC Porto de não apresentar contas consolidadas envolvendo o clube, a SAD e as empresas associadas (do perímetro de consolidação). Bem, ao contrário do que essas e outras insinuações davam a entender, parece que no que diz respeito ao passivo financeiro não havia muito a esconder.

(clicar para ampliar)

Acho interessante que adeptos de outros clubes aparentem estar preocupados com as contas do Grupo FC Porto, mas eu se fosse benfiquista ou sportinguista estaria era bem mais preocupado com os colossais passivos financeiros desses clubes.

quarta-feira, 27 de março de 2013

De novo juntos no Coliseu

"A ti, André, quando um dia escreveres as tuas memórias, dá-lhe o título 'A minha cadeira de sonho', porque eu sei que essa foi a tua cadeira de sonho. Quando o disseste, disseste com a convicção e amor que tens ao FC Porto. Será sempre a tua cadeira de sonho, que te fará sentar em muitas outras cadeiras. E se as escreveres [as memórias] nos próximos 30 anos, se quiseres, faço o prefácio."


Depois de receber, em Outubro de 2011, o Dragão de Ouro de Treinador do ano (referente à época 2010/11), ontem André Villas-Boas foi obsequiado, na Gala do Centenário da Associação de Futebol do Porto, com o prémio "Treinador Revelação do Século". Em ambos os casos, quem subiu ao palco do Coliseu do Porto para o abraçar e lhe entregar os prémios foi Pinto da Costa.
Evidentemente, nada disto é por acaso.

Tudo indica que André Villas-Boas irá continuar a treinar o Tottenham na próxima época. E tudo indica que Pinto da Costa se irá recandidatar a um mandato de mais três anos. Mas eu acredito que, antes do presidente mais vitorioso do futebol mundial terminar o seu novo mandato (em 2016), André Villas-Boas voltará a ser o treinador principal do FC Porto.

Sim, eu sei que muitos portistas ainda não perdoaram ao André Villas-Boas a forma/timing da sua saída do FC Porto, mas estes gestos de Pinto da Costa têm um significado óbvio (conhecem a parábola do filho pródigo?) e, além disso, largos dias têm 100 anos...

terça-feira, 26 de março de 2013

O Paulo herói

«A seleção tentou sempre fazer um jogo redondinho, afinado, daqueles que ficam bem na televisão. Não compreendeu a natureza do adversário [Israel] que enfrentava, nem o relvado onde estava, nem o momento. Em linha com aquilo que Pepe tinha dito antes: este jogo não era decisivo. Por acaso acho que era e os jogadores não compreenderam a exata dimensão da partida, o que se lamenta. Com uma fase de qualificação miserável, este era o instante correto para dar a volta a um texto mal escrito. Não conseguiram.»
Luís Sobral
in Maisfutebol, 22-03-2013


A seleçãozinha de Paulo Bento não joga nada, os resultados são maus (nos últimos cinco jogos nem uma única vitória para amostra!), mas o seleccionador continua com boa imprensa e em alta. E porquê?

Basicamente, porque Paulo Bento é um tipo esperto e percebeu rapidamente que, para se ser "herói" no futebol português, lhe bastava arranjar umas guerras com o FC Porto e, preferencialmente, com o Pinto da Costa.

Vejamos, em dia de jogo no Azerbaijão, de que é que se fala na imprensa desportiva?
Da miserável campanha da seleção nacional de futebol nesta fase de apuramento?
Do modo como Cristiano Ronaldo viu o cartão amarelo em Israel e que o afasta do jogo de hoje?
Não. A BOLA fez uma 1ª página elucidativa, em que escreve: "Reação dura de Paulo Bento aos recados de Pinto da Costa".
E mais abaixo: "Em véspera de jogo decisivo de Portugal no Azerbaijão, selecionador mostra pulso firme no caso Moutinho".
Só faltou dizer: Renove-se já o contrato do Paulo herói!
Resultados da Seleção?
Mundial do Brasil em 2014?
O que é que isso interessa?

quinta-feira, 21 de março de 2013

Chico-espertismos (dar com uma mão para tirar mais com a outra)

Foi decidido há alguns meses que o FCP clube passaria a dar à SAD 25% das receitas de quotização dos sócios, em vez de 75% como anteriormente (salvo erro, após moção apresentada por um sócio aprovada em AG do clube, ainda que não vinculativa) - com efeito a partir desta época. Diga-se de passagem que salvo erro é o clube que arca com todas as despesas de cobrança e administração dos sócios.

Louvei a decisão (que já defendia há muito), parecendo-me tanto justa como pragmática.

Justa, porque:

1) estamos a falar de quotas de sócios do clube e não de sócios da SAD.
2) o clube só detém 40% da SAD, sendo o resto detido por privados. Por consequência, a bem dizer tudo o que for oferecido à SAD traduz-se em 60% que se perde no universo FCP.
3) a SAD já açambarca para si 100% das receitas e lucro de merchandising e multimedia, quando certamente uma grande parte dos consumidores desses produtos o faz não por ser adepto do futebol do FCP, mas sim adepto do FCP na sua globalidade (aliás, alguns dos produtos de merchandising até são específicos a modalidades).

Pragmática, porque o montante em questão (penso que estamos a falar de uns 2 a 3M/ano a mais que passam a ficar nos cofres do clube, e a menos nos cofres da SAD) faz muito mais falta ao clube do que à SAD. No clube, pode fazer a diferença entre poder ser campeão num par de altas modalidades ou ter que as fechar; na SAD, corresponde a uns meros 2% do total de receitas.

Ora para minha grande surpresa e desilusão, verifico no R&C que pela calada (sem que houvesse qualquer discussão ou menção em AG do clube) os nossos directores decidiram tirar pelo menos tanto dinheiro ao clube em favor da SAD com a outra mão , e numa rubrica em que não consigo imaginar qualquer justificação legítima: suportes publicitários para as modalidades.

No R&C da SAD, a sub-rubrica «publicidade e propaganda» em FSE diminuiu o balanço negativo de 2.4M para 0.5M (no 1o semestre), mas apenas e só porque «o FCP clube já nao tem direito a receitas relacionadas com suportes publicitários para as modalidades, que passaram a estar afectos somente à FCP SAD» [sic]. Ou seja, uns 4M anualizados a menos para o clube e a mais para a SAD.

Isto para mim é inaceitável e traduz-se num chico-espertismo extremamente cínico e desrespeituoso dos sócios. No mínimo penso que deveria ser feito às claras e discutido em AG do clube, tratando-se de um montante muito significativo para o clube, mesmo que os dirigentes do clube tivessem a última palavra.

Para mim a lição a extrapolar é a seguinte: os dirigentes põem e dispõem das receitas do universo FCP como muito bem entenderem, sendo fútil aos sócios apresentar moções em AG (que ou caem em orelhas moucas, ou pior ainda dá-se a impressão de que se lhes faz a vontade desfazendo na prática o que foi aprovado, por outro lado). 

Concorde-se ou não, é legítimo (desde que as moções em AG não sejam vinculativas pelos estatutos, que tanto quanto sei não são), mas no mínimo espero transparência na forma como gerem a interface clube-SAD. Se para os dirigentes o papel dos sócios limita-se a pouco mais que eleger a lista vencedora de 3 em 3 anos, que o digam claramente; «faz-de-conta» é que não.

Isto só reforça a minha convição que no futuro pós-PdC (quando tal acontecer) seria desejável acabar com a promiscuidade entre clube e SAD, onde a direcção hoje é praticamente a mesma - com o presidente a passar a ser o único dirigente a acumular cargos nas duas entidades (i.e. sendo presidente do clube e presidente da SAD), dando portanto mais poder e influência aos dirigentes das modalidades.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Contas semestrais da FCP SAD


Foi publicado recentemente o R&C do 1º semestre de 12/13.

Para quem siga de relativamente perto estas questões, não há qualquer grande novidade nestes resultados. Houve, acima de tudo, a confirmação com dados concretos de algumas notícias que eram esperadas.

Mas não havendo grandes novidades (nem positivas nem negativas), a tendência para o futuro mais ou menos próximo é negativa, como ja' tinha mencionado anteriormente. Nos próximos anos vai ser preciso muito engenho para evitar uma «Anderlechtização» gradual do FCP (i.e. perda de competitividade europeia) - muito mais engenho do que tivémos na última década porque o desafio é maior (por razões acima de tudo internas, mas também algumas externas).

Começo pelos pontos positivos: acima de tudo (e isto é fraco consolo, mas tem a sua relevância para as competições internas), se o FCP (SAD) tem problemas o slb também os tem. O «buraco» de tesouraria deles a 1 ano é 3x maior do que o nosso (daí o anúncio de um empréstimo obrigacionista de 80M, que só tapa 1/3 desse «buraco»), ao mesmo tempo que têm uma grande dependência de mais-valias na venda de jogadores para se poder atingir um equilíbrio financeiro (no entanto estão melhores do que nós nesse aspecto, nomeadamente em cerca de 10M/ano, grosso modo).

Como de costume começo pelo topo, "helicopter view", colocando sempre a seguinte questão para tentar perceber a evolucão da situação estrutural: 

Quais seriam os resultados se não tivessemos vendido nenhum jogador no período em análise, e como se compara isso com a situação 1 ano antes?

A resposta é: teríamos feito 23M de prejuízo (i.e. 46M anualizados), comparado com 27.7M de prejuízo um ano antes. O valor em si é mau e francamente preocupante, para mais quando o passe de muitos dos nossos jogadores tem custado bem mais do que há uns anos (minimizando portanto o potencial de mais-valias). A evolução vs ano anterior é no entanto positiva, sendo fruto por inteiro da melhor campanha europeia (se esta tivesse sido idêntica à época anterior esse «buraco» teria mesmo aumentado em 1.2M). No entanto, comparado com a situação de há uns 5 ou 6 anos atrás esse buraco aumentou cerca de 20M (i.e. não ficou longe de duplicar); estamos portanto muito mais dependentes de mais-valias nas vendas de jogadores do que há uns anos.

Para o pessoal ter uma ideia: esses 46M é equivalente a ter que fazer em média praticamente 2 vendas como a do Hulk todos os anos (mais valias de 23.8M) de forma a não fazer prejuízo.

A nível de tesouraria, uma boa noticia (que não é novidade) - estamos menos apertados nos proximos 12 meses do q a 1 de Julho (sem surpresa, dado o empréstimo obrigacionista, as vendas de Verão, a negociação de novos empréstimos e a boa campanha na fase de grupos da LC). 

O buraco de curto prazo (dívidas a pagar até Dezembro menos creditos a receber no mesmo periodo) melhorou portanto para 60M negativos (era de 100M um ano antes). Continuamos portanto com a corda no pescoço (tanto grandes vendas de jogadores como novos empréstimos são inevitáveis nos próximos meses, para fechar o buraco), mas muito menos (o que explica como conseguimos evitar vender jogadores no defeso de Inverno, adiando isso para o Verão). 

No entanto isto foi conseguido à custa de passar dividas de curto prazo para longo prazo, acima de tudo (o passivo total baixou apenas 6M), com o reverso da moeda que o que pagamos em juros continua a aumentar (5.8M no primeiro semestre, contra 5.1M um ano antes). São mais de 10M/ano «atirados pela janela fora», de certa forma, uma enorme % das receitas estruturais de um FCP (e muito mais do que há uns anos, fruto tanto de juros mais altos como de um maior endividamento). Serve de pequeno consolo que o slb está ainda mais sobrecarregado nesse aspecto; tanto um como outro clube vão precisar de uma óptima gestão nos próximos anos se quiserem evitar a tal Anderlechtização gradual.

De resto o que menos me agrada é o aumento com os custos com pessoal, e já tinha falado nisso quando saiu o R&C do 1º trimestre. Apesar das saídas de Hulk e A. Pereira e um alegado saneamento de emprestados, gastamos mais 4M (aumento de quase 20%) em salários e encargos com o pessoal nestes 6 meses do que tínhamos gasto um ano antes - e nao foi só com o plantel, foi também com os administradores e restantes funcionarios.

Finalmente, de assinalar há 2 factores q enviesam a análise. O primeiro é na bilheteira, porque a SAD fica agora com menos $$ das quotas (25% em vez de 75%). Não consegui determinar qual é o impacto ao certo, mas presumo que ande entre 1 e 2M a menos para a SAD (se alguém souber ao certo, agradecia que esclarecessem). O segundo é no Corporate Hospitality, em que o aumento tanto de receitas como de custos em FSE e' artificial devido a uma mudança na forma como sao contabilizados (mas o impacto disso nos resultados totais da SAD é zero, ao contrario das quotas).

terça-feira, 19 de março de 2013

Os penalties de que ninguém fala


Na sequência das sucessivas más exibições de Silvestre Varela nos últimos jogos, Vítor Pereira, desta vez, decidiu apostar em Christian Atsu no onze inicial. Contudo, logo aos 5 minutos, o jovem extremo ganês sofreu uma entrada dura de um defesa do Marítimo (Roberge), a qual lhe provocou uma entorse no tornozelo direito, obrigando à sua saída e substituição aos 10 minutos por... Varela.

A foto do lado é clara (ver onde acerta Roberge): Penalty por assinalar e cartão amarelo por mostrar ao jogador do Marítimo.
E as consequências também: Atsu lesionado com alguma gravidade (no final do jogo foi visto de canadianas), Vítor Pereira obrigado a queimar uma substituição logo no início do jogo e manutenção de um resultado (0-0) que convinha ao Marítimo e não só...


P.S. Aos 48 minutos do Marítimo x FC Porto, Igor Rossi agarrou/puxou Jackson pelo pescoço dentro da área maritimista mas, ao contrário de Nuno Almeida no minuto 90’+3 do slb x Académica, desta vez o árbitro do encontro (João Capela, de Lisboa) nada assinalou, porque entendeu que ambos os jogadores se agarraram. Pois… E é também assim, com lances destes, que se decidem campeonatos.


As agressões que o país viu

«A SIC divulgou ontem [16-03-2013], no Jornal da Noite, imagens de videovigilância referentes a confrontos entre adeptos do Benfica e seguranças da empresa 2045, no final do encontro entre as águias e o Sp. Braga, no dia 27 de fevereiro, a contar para as meias-finais da Taça da Liga.

Nas referidas imagens, registadas cerca de uma hora após o final da partida, é possível ver um grupo de adeptos – um deles com um ferro na mão –, ainda retidos nas bancadas do Estádio AXA por motivos de segurança, a agredir a murro e pontapé os seguranças, homens e mulheres, até à chegada de um polícia, que, com o recurso a gás pimenta, consegue afastar os agressores.»
in record.pt
 
 
«(...) A SIC apresentou, no passado sábado, um “exclusivo” no seu principal bloco informativo. O exclusivo não resultou de qualquer trabalho jornalístico, resumiu-se apenas à transmissão de imagens que foram “entregues” a um jornalista da redacção da SIC no Porto. A SIC limitou-se a reproduzir imagens que alguém tinha interesse em que fossem difundidas.
Ao contrário do que mandam as normas deontológicas que regem a profissão, a SIC avançou com as imagens sem que de forma idónea pudesse constatar coisas tão básicas como se as imagens tinham sido previamente seleccionadas e editadas, o tempo e as circunstâncias das mesmas. Também teria ficado bem à SIC avisar os telespectadores que as imagens lhes tinham sido facultadas.
 
Foi pena a SIC não ter querido fazer um trabalho exaustivo sobre a violência nos campeonatos nacionais de futebol deste ano e o seu denominador comum: Braga B-Leixões, Braga B-Belenenses, Vitória de Guimarães B-Braga B, Braga–Paços de Ferreira e, ainda este fim-de-semana, o Braga B-Sporting B.
 
Posto isto, fica claro para o Sport Lisboa e Benfica que:
a) A SIC prestou no sábado, de forma assumida, um serviço a alguém;
b) Que não quis fazer um trabalho sério sobre a violência no futebol português;
c) Que o Ministério Público deve investigar as imagens difundidas pela SIC em forma de antena de “aluguer”, as suas causas, o enquadramento em que tudo aquilo se verificou, mas também o crime que está por detrás da exibição dessas mesmas imagens.»
Comunicado do slb, 18-03-2013
 
 
P.S.1 Tendo as violentas agressões sido perpetradas por adeptos benfiquistas e ocorrido dentro de um estádio, quais serão as consequências para o slb?
 
P.S.2 Quando todas as televisões adoptarem a "ética" e "normas deontológicas" rigorosas da benfica TV, este tipo de problemas deixarão de existir...
 
P.S.3 Como o comunicado do slb ilustra de forma eloquente, as relações entre bracarenses e benfiquistas são tão "boas", que eu continuo sem perceber por que razão Lima é jogador do slb, em vez de vestir de azul-e-branco.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O Antero já se demitiu?

Sim? Não? Está à espera de quê?


Vamos ser diferentes, vamos inovar: em vez de cair na velha ladaínha de que "a culpa é do treinador", vamos fazer a coisa bem feita e responsabilizar "como manda a lei". É por todos bem sabido que quem define o plantel, é primeiramente a tão propalada "estrutura"; o treinador - também escolhido pela "estrutura" - terá, é certo, uma palavra a dizer nas dispensas, mas nas contratações é garantido que "não mete os garfos". É assim de elementar justiça que seja a "estrutura" a assumir a sua (enorme) quota parte das responsabilidades quando a época não se desenrola como planea... previsto. Como um dos responsáveis máximos da "estrutura", Antero Henrique (AH) é portanto a pessoa certa a quem apontar o dedo.

AH, pese embora vários pontos altos no seu currículo, tem gozado de enorme benevolência (ou distracção) por parte dos adeptos, sendo responsável por recentes episódios tragi-cómicos como "sai o Falcao, mas temos o Hulk", "sai o Hulk mas temos o Varela", "estão sempre a levar-nos os melhores jogadores nas horas finais dos períodos de transferências, mas ninguém nos apanha desprevenidos", "se não houver mais ninguém, vai o Varela para ponta-de-lança", ou "podíamos contratar o Lima mas há o risco de ele poder vir a ser útil e marcar golos e portanto é melhor deixá-lo onde está" ou até mesmo "estamos atentos à conjuntura internacional, e em vez de contratarmos 2 ou 3 jogadores, contratamos só um, o Danilo". Uns dirão que não passam de pequenos deslizes numa carreira de sucesso (como se AH fosse o melhor guarda-redes do mundo, capaz de defesas impossíveis, mas que de vez em quando, lhe apetecia meter a bola dentro da própria baliza - há algum mal nisso?!?), outros que os deslizes são a norma e os sucessos fruto do acaso - ei, até o Vítor Pereira conseguiu ser campeão! - certo é que está na altura de uma mudança, e porquê ficarmos-nos só pela redecoração?


Posto isto, caro Antero, obrigado por tudo mas está na altura de seguirmos caminhos diferentes, e de preferência o mais rápido possível, de modo que o seu sucessor possa já começar a preparar a próxima época, e para que o clube possa poupar o dinheiro do prémio de desempenho - aquele que "chove" sempre, desde que o Porto acabe o campeonato nos 3 primeiros lugares; qualquer coisa serve; 2º, 3º, 1º: é tudo igual - que já não irá portanto receber. Devo lembrar que é nas horas difíceis que se vê a qualidade de um líder; e um líder assume sempre a trampa que faz (ou que permite que ocorra pela sua inação; e não se esconde atrás de um treinador).

domingo, 17 de março de 2013

Dois penalties decisivos


“Jackson é o homem dos penalties”, afirmou categoricamente Vítor Pereira depois de um penalty falhado pelo colombiano contra o Olhanense, num lance que poderia ter dado o 2-1 ao FC Porto e que acabou empatado, no dia 10 de Fevereiro, no Dragão.

Pois bem, Jackson voltou hoje a falhar um penalty que poderia ter resultado no 2-1 para o FC Porto nos Barreiros. Tanta teimosia do treinador é tudo menos inteligente. Parece que ainda não percebeu que o colombiano não é o melhor marcador de penalties no plantel. Pelo meio ainda quis bater uma penalidade à Panenka contra o Rio Ave no Dragão e o guarda-redes adversário agradeceu (foi um lance ridículo).

Dois lances em jogos que acabaram por resultar em dois empates e que podem ter custado o título de campeão 2012/2013.

Um sistema inovador?


«Chegada a quarta-feira, logo desconfiei do onze inicial que Vítor Pereira escolheu. Com um meio campo reforçado, com Fernando, Defour, Moutinho e Lucho, restavam dois jogadores no ataque: Varela e o inevitável Jackson. (…) É que não lembra ao Diabo ir jogar fora, para a Liga dos Campeões, e tentar um sistema inovador
Rui Moreira, A Bola, 15-03-2013


Discordo da forma como Rui Moreira (um conhecido adepto e comentador portista) viu o Málaga x FC Porto e também discordo da opinião que manifesta acerca de Vítor Pereira, o que é perfeitamente normal. Mas, o que me leva a pegar nestas afirmações, é Rui Moreira ter escrito que o treinador do FC Porto apresentou em Málaga um sistema inovador.
Eu sei que Rui Moreira não é o único portista que disse isto, e até ouvi portistas a fazer um paralelismo com as "invenções" de Bobby Robson em Barcelona (colocar Aloísio a defesa esquerdo) e de António Oliveira em Manchester (quando apostou de início no quase desconhecido Costa para o meio-campo), mas será que é verdade?

Recordemos qual foi o onze inicial que, há dois meses atrás, Vítor Pereira escolheu para enfrentar a equipa orientada pelo "catedrático":


Pois é, o sistema e onze inicial do FC Porto no La Rosaleda foi exatamente o mesmo da última deslocação ao estádio da Luz.
Parafraseando o saudoso Fernando Pessa, e esta heim?

P.S. As pessoas podem mudar de opinião e no futebol isso acontece com frequência mas, já agora, o que escreveu Rui Moreira acerca do sistema adoptado por Vítor Pereira no slb x FC Porto?
«Apesar das ausências de James e de Atsu, o que limitava as suas opções, Vítor Pereira teve o mérito de, compreendendo os pontos fortes e fracos do adversário, montar um sistema muito competente».
Rui Moreira, A Bola, 18-01-2013

sábado, 16 de março de 2013

FC Porto empresa ou FC Porto clube?

A imagem do FC Porto na Europa é a de um caso de sucesso. Nos últimos anos jornais e revistas de referência, da France Football à Marca, da World Soccer à Gazzetta dello Sport, foram publicadas várias reportagens elogiosas à gestão do clube. É o reconhecimento internacional de que no estádio do Dragão as coisas se fazem bem e que muitos clubes europeus devem seguir o nosso exemplo.

A questão que essas reportagens levantam, os elogios que tecem ao FC Porto, estão no entanto pouco relacionadas com o futebol. Pode parecer irónico mas não o é. É raro ler em algum desses textos análises ao nosso modelo táctico, ao nosso sistema de jogo, ao talento do nosso staff técnico, à nossa política de formação ou à nossa hegemonia incontestada do futebol português nas últimas três décadas. São, sobretudo, artigos que se focam na forma como o FC Porto domina, na perfeição, o mercado de transferências, a política de import-export que temos praticado na última década. No fundo são artigos que falam mais da FC Porto empresa do que propriamente no FC Porto clube. E há uma diferença.

O trabalho da SAD na descoberta de talentos e na sua posterior revenda por valores milionários tem sido incrível. Descobrir jogadores como Deco, Lucho Gonzalez, Lisandro Lopez, Anderson, Pepe, Paulo Ferreira, Hulk, Falcao, Bosingwa, Raul Meireles, Bruno Alves e companhia, é algo que ultrapassa a gestão da esmagadora maioria dos clubes europeus. Muitos desses nomes não eram desconhecidos do grande público, mas o FC Porto apostou neles, recrutou-os antes de outros clubes e valorizou-os com a marca Porto. Pelo caminho realizou a maior soma de ingressos por transferências da última década no futebol europeu, muito por cima de outros gigantes. Tivemos os nossos erros, nos últimos anos temos alterado de forma significante essa política de descobrir barato e vender caro (leia-se Danilo, Alex Sandro, a própria compra do passe total de Hulk ou as revendas de percentagens), mas mesmo assim estabelecemos um comportamento padrão que só agora outros clubes começam a imitar. Essa gestão vem acompanhada de um imenso passivo - que a maioria das reportagens nunca menciona - e tem-se tornado mais consequência desses problemas de tesouraria do que desejo da própria directiva, mas os números não mentem. A política import-export empresarial do clube tem sido a base do trabalho da SAD nos últimos anos. Mas e o clube?

Neste mesmo período de tempo, uma década, o FC Porto clube venceu duas provas europeias.
Foi o corolário de duas grandes gerações - com o respectivo mérito da directiva em recrutar os jogadores e apostar em dois técnicos desconhecidos - mas durou o mesmo que uma estrela fugaz no céu. O primeiro ano depois de cada título europeu foi um desastre absoluto, um comportamento padrão com debandada generalizada, problemas de balneário e técnicos de perfil baixo para controlar um balneário de "vedetas". O clube saiu a perder e a imagem que deixou foi a de ter sido o sonho de uma noite de Maio e pouco mais. Desde então o FC Porto participou em nove temporadas de Champions League. Apenas por uma vez  falhou a grande prova internacional de clubes, um registo que nos permite estar logo atrás do Manchester United como o clube com mais edições do torneio às costas. Precisamente por isso conseguiu coleccionar pontos (o ranking da UEFA não premeia da mesma forma a presença na Champions e o respectivo apuramento aos Oitavos com os mesmos pontos da Europe League) para ser por três vezes cabeças-de-serie da fase de grupos. Mas salvo em 2008-09, a equipa nunca mais passou a barreira dos Oitavos.
Eliminados por Inter (04-05), Chelsea (06-07), Schalke 04 (07-08), Arsenal (09-10) e Málaga (12-13) na primeira fase a eliminar não chegando sequer a passar da fase regular em duas épocas (05-06 e 11-12), os registos são pobres, muito pobres para uma equipa capaz de descobrir tão bons jogadores, de os vender por tão bom preço e de marcar presença regular na prova rainha do futebol europeu.



Também por isso o FC Porto começou a tornar-se um desconhecido para o grande público europeu. Pura e simplesmente porque ouvem falar dos "Dragões" mas nunca os vêem. Não os vêem porque, naturalmente, não seguem a Liga Sagres e na fase de grupos da Champions encontram, seguramente, jogos mais importantes que seguir. Se a equipa é eliminada na primeira ronda da fase a eliminar, está claro que continuará longe dos focos mediáticos. E isso é um problema para o clube.
Não só para as suas arcas (menos exposição igual a menos uns trocos na venda de alguns jogadores, menos receita de bilheteira em alguns jogos a eliminar por época) mas para a imagem internacional da instituição. No defesa todos falam do FC Porto, na capacidade espantosa do clube vender bem e comprar melhor, mas durante os nove meses que dura a temporada o clube passa por um suspiro pela bocas dos adeptos neutrais, os adeptos na Ásia e na América Latina, já para não falar no resto da Europa. E sem essa popularidade, dificilmente o FC Porto se poderá afirmar como um grande da Europa. Não é a compra e venda de jogadores que permitirá ao clube dar esse passo. Mal chega para manter a cabeça por cima da tona de água. É vencer os jogos que realmente importam na temporada europeia que permitem ao clube trepar posições na tabela dos clubes mais importantes do futebol europeu.

Actualmente o FC Porto está em oitavo no ranking da UEFA e será cabeça de série na edição do próximo ano. Consequência de cinco temporadas em que a equipa somou muitos pontos no ano da vitória da Europa League e no da chegada aos Quartos da Champions que compensam a pontuação mediana das outras três temporadas. Daqui a dois anos, quando essas duas épocas deixarem de contar, se os resultados se mantiverem na média actual, é provável que o FC Porto caia uma dezena de postos na tabela (dependendo também dos seus imediatos perseguidores, logicamente). É um toque de atenção para a direcção.
O Borussia Dortmund, um clube que, literalmente, faliu à menos de uma década, venceu duas Bundesliga consecutivas e este ano declarou, publicamente, desde o início da época que o tricampeonato não era o objectivo. Era chegar às meias-finais da Champions League. Porque isso não só valia muito mais dinheiro como daria muito maior exposição ao clube, permitiria manter alguns dos seus jovens jogadores e atrair outros tantos. A equipa sobreviveu ao "grupo da morte" e está perto de cumprir o objectivo e apesar de seguir a quinze pontos do Bayern Munchen nenhum adepto do Westfallen põe em causa a política do clube. Entende que a importância do sucesso continental hoje em dia supera, em muito, o do triunfo nacional.


O FC Porto é o maior clube português e dificilmente o deixará de ser nos próximos anos. Está na hora da direcção do clube começar a pensar mais na consolidação do clube na Europa do que perpetuar apenas a hegemonia doméstica.
Isso significa, em primeiro lugar, garantir que tem uma equipa técnica à altura dos desafios porque não foi por acaso que as melhores épocas europeias do clube chegaram com os treinadores com mais talento e carácter (Artur Jorge, Robson, Mourinho, Villas-Boas).
Isso significa pensar num plantel que dê garantias muito para lá de 30 jogos de uma liga medíocre onde só há quatro ou cinco encontros de nível de exigência alta ao ano, com mais opções por posto, com mais jogadores da casa para terem minutos nos jogos de liga prévios a choques europeus e procurando conciliar a excelente política de contratações de Hulks, Falcaos e Jackson com a de Maicons, Bosingwas e Meireles.
Isso significa exigir, desde o principio - mesmo que de portas para dentro - que os Oitavos são o principio e não o fim da carreira europeia, principalmente enquanto o clube pode sacar partido da sua condição de cabeça de série na fase de grupos, como pode suceder este e no próximo ano ainda.
Isso significa deixar de pensar no clube apenas como uma empresa de compra e venda (e não vou falar aqui de comissões, revendas de passes porque não acho que seja o momento) e mais como um clube que precisa de um núcleo duro que resista 4 ou 5 anos para fazer a ponte geracional e manter uma presença forte no balneário.
Isso significa, no fundo, pensar mais no FC Porto como um clube importante a nível europeu e menos numa empresa de negócios e um clube com uma dimensão meramente nacional, áreas onde já demonstramos solvência suficiente nos últimos anos. Para que as próximas reportagens das publicações internacionais não se foquem apenas na forma como fazemos negócios mas na qualidade dos jogadores que temos, no estilo de jogo que a equipa pratica, no talento do nosso treinador principal e na sensação de importância que começamos a transmitir lá fora.

Podemos não passar dos Oitavos para o ano, nem sequer no seguinte, se nos cruzarmos com os Barcelonas, Bayerns e Real Madrid deste concerto europeu de futebol. Mas temos condições, base, adeptos, talentos na equipa directiva e mentalidade para ser uma pedra no sapato de muitos dos clubes europeus que nos olham agora como o Málaga, um clube hábil na mesa de negociações mas frouxo no relvado quando chega a hora da verdade.  

sexta-feira, 15 de março de 2013

Vítor Pereira, Jorge Jesus e MST

Numa altura em que Vítor Pereira volta a estar debaixo de fogo e em que, aparentemente, uma franja de adeptos portistas deseja vê-lo substituído por Jorge Jesus, vale a pena reler o que há dois meses atrás foi escrito por Miguel Sousa Tavares (um dos mais críticos), a seguir ao slb x FC Porto.


(Miguel Sousa Tavares, A Bola, 15-01-2013)

Frase do dia

‎"O que fizemos na Champions foi desvalorizado".
Vitor Pereira

O FC Porto venceu a Champions League? Não!
O FC Porto foi às meias-finais da Champions League? Não!
O FC Porto foi aos quartos-de-final da Champions League? Não!
O FC Porto ganhou o seu grupo na fase regular da Champions League? Não!
O FC Porto foi eliminado por um gigante europeu depois de uma eliminatória intensa, de grande futebol, golos, espectáculo? Não!

Sinceramente Vitor, o que é que se desvalorizou nesta edição da Champions League à parte da confirmação da falta do teu pedigree como treinador top e o de muitos dos teus jogadores como eventuais estrelas globais?

quinta-feira, 14 de março de 2013

Lampionices


Correndo o risco (certo) de ser muito polémico, parece-me que a massa adepta portista está cada vez mais parecida com a lampiónica (mesmo que ainda hajam diferenças claras na média).

Dois aspectos em que constato isso:

1) A fanfarronice (ou o síndroma «15 a zero»)

Quando se discutem previsões para um jogo que se aproxima, cada vez mais um portista que se mostre pessimista é visto como um «mau» portista. «Shame on you», respondem-lhe alguns. Entre os optimistas, se um diz «mata» outro diz «esfola», como se o optimismo ou pessimismo do adepto anónimo em conversas de café tivesse algum impacto no rendimento da equipa no jogo em questão.

Suspeito mesmo que - para muitos desses portistas - mostrar-se apreensivo ou até mesmo reservado traz «agoiro», entrando-se no campo do paranormal...

2)  O 8 ou 80

A tendência (cada vez mais) de passar de besta a bestial e vice-versa. Aqui há umas semanas havia muita gente a colocar Vítor Pereira (e Defour, já agora) nos píncaros. Sobre VP até vi escrito que foi com o Mourinho o melhor treinador q passou pelo FCP nos ultimos 20 anos... e vi também opiniões de que tínhamos claramente equipa para sermos campeões europeus. Depois de ontem há muita gente q diz que o VP nao presta, que o Defour nao presta. Que o plantel é fraquíssimo, que vários titulares não prestam. VP e Defour são dois exemplos, mas muitos mais se encontra (outros dois que passaram de bestiais a bestas foram Fucile e Rolando, por exemplo).

Bem, na altura coloquei alguma água na fervura, e agora volto a fazer o mesmo ao contrário (depois do que vi no jogo de ontem). O que acho:

1) VP já demonstrou ter qualidade q.b. para ser treinador do FCP, o que não é para todos. Mas não demonstrou mais do q isso (i.e. «qb»), e ontem cometeu uns quantos erros, embora não tenha estado assim tão mal como ouvi dizer.

2) Defour tem valor q.b. para ser util no FCP, principalmente a médio de transição. Tem também o potencial para ser bom q.b. para o q se pede de um titular, como deu a entender numa mão cheia de jogos antes de se lesionar - ainda tem no entanto que o demonstrar ao longo de um periodo de tempo razoavel.

Quanto ao plantel, nem é tão bom como o pintaram (todos os Verões, em particular, antes de começar os jogos oficiais, é a mesma coisa...é tudo uma maravilha) nem é tão fraco como é agora pintado. É um plantel desequilibrado, com uma boa equipa titular (não há nenhum titular que não tenha valor q.b. para tal num FCP) e alguns buracos no banco, começando por PDL (mal preenchido em Janeiro, um Janko dava muito mais jeito do que Liedson para «abrir» defesas fechadinhas) e passando pelas laterais defensivas e extremos. Já para central e meio-campo penso que há soluções suficientes.

Concluindo, são duas tendências tipicamente lampiãs que vejo cada vez mais no universo portista, certamente muito mais do que há duas ou três décadas atrás. 

quarta-feira, 13 de março de 2013

Lição bem merecida, estamos fora (e dói)!

Uma eliminação mais do que justa, mais do que merecida. Durante 90 minutos o FC Porto foi a antitese de tudo aquilo que tinha sido no Dragão. Foi uma equipa cobarde, foi uma equipa sem critério, foi uma equipa sem ambição. Foi uma equipa vulgar. E equipas vulgares não chegam aos Quartos de Final da Champions League. Foi uma derrota merecida e cujas culpas podem ser repartidas em partes iguais por um treinador superado pela noite mais exigente da sua carreira e um grupo de jogadores que continua a revelar ter muito pouco nível para a elite.

Foi a noite em que Defour foi expulso por ser um jogador com pouco savoir faire, um jogador sem a inteligência de saber ler o jogo. O árbitro - que até perdoou um golo absolutamente limpo ao Málaga, para contrariar tudo aquilo que eu tinha adiantado ontem - desde cedo deixou claro que não teria medo de expulsar jogadores. Os amarelos foram-se acumulando, e ao intervalo parecia mais do que evidente que uma das equipas, pelo menos, acabaria o jogo com 10 ou 9. Foi o FC Porto. E foi-o porque Defour fez uma falta desnecessária e inútil. Uma falta indigna de um jogador profissional num jogo desta magnitude. Com isso deixou a equipa coxa para o resto do jogo. Tinha passado uma primeira-parte longe do jogo, dedicando-se mais a destruir que a apoiar o ataque, deixando a nu o pouco ambicioso plano de Vitor Pereira.
O treinador não soube escolher o onze - optou por Varela e Defour, inexistentes, no lugar de Izmailov e Atsu - e não soube reagir. Acobardou-se. Quando Defour foi bem expulso, preferiu colocar Maicon, um central e colocar Alex Sandro no meio-campo.
O curioso é que um golo do FC Porto obrigava o Málaga a marcar três golos. Qualquer treinador com cabeça e coração teria apostado tudo no golo da tranquilidade, o golo que forçaria o Málaga a arriscar tudo. Mas Vitor Pereira não foi esse homem. Sentiu o peso sobre os ombros e deixou-se cair de joelhos. Já tinha abdicado de Moutinho (e sem Moutinho esta equipa é vulgar) presumo que por lesão, lançando um James fora de forma. O colombiano foi eclipsado por Isco, o autor do genial primeiro golo dos espanhóis (com Helton mal colocado). Depois da expulsão colocou Maicon e só no fim se lembrou da velocidade de Atsu. Com isso deixou no banco a Liedson e Izmailov, os revulsivos ideais para estes momentos. Deixou a coragem e golo e preferiu o medo e a abordagem mais conservadora, pensando talvez aguentar até ao prolongamento com menos um homem. Quem via o jogo sabia que isso nunca iria suceder.


O Málaga não fez um grande jogo, muito menos uma grande eliminatória.
Mas foi uma equipa dos pés à cabeça. Soube trabalhar como colectivo, soube anular as mais valias dos dragões e soube jogar o seu jogo. Como era de prever, a primeira parte foi dura e disputada essencialmente no meio-campo. Muitos pensavam que o Málaga partiria para o ataque, à procura do golo, desesperadamente. Eu avisei que não. Pellegrini, ao contrário de Vitor Pereira, sabe ler os jogos e percebeu que tinha primeiro de cansar o rival e aproveitar os espaços de uma linha defensiva alta. A equipa saiu com a lição do Dragão muito bem aprendida e procurou sempre as diagonais para a velocidade de Saviola. O argentino até marcou, um golo limpo mal anulado pelo árbitro, e foi muito mais díficil de travar do que tinha sido Santa Cruz no Porto. Esse golo podia ter sido o aviso para o FC Porto mudar a atitude.
A equipa tinha entrado medrosa, trapalhona e sem ambição. Longe da área, trocando e recuperando mas sem dar a sensação de perigo. O golo de Isco, mesmo antes do intervalo, era justo pelo demérito do Porto mais do que pelo trabalho dos andaluzes. Como foi o resultado final. O Málaga marcou o segundo golo com um golpe do avançado lançado para resolver a eliminatória (olá Vitor Pereira), numa defesa com cinco jogadores que o deixaram só para cabecear sem muitos problemas (olá Vitor Pereira). E depois, quando continuava a faltar apenas um golo para acabar com a festa do Málaga, a equipa não teve critério e muitos jogadores esconderam-se. Jackson foi um deles, talvez pesando as palavras de um empresário que já o vê a jogar ao lado de Messi. Lucho, tentou liderar mas estava só, e fisicamente não aguenta este nível. Já todos sabemos isso. Todos menos Vitor Pereira.
E sem um cérebro e sem um motor, não houve bolas que chegassem a Atsu e James, perdido em campo, provou ser uma aposta falhada pelo técnico. Com menos um, a precisar de um golo, o FC Porto foi inofensivo, criando perigo apenas de bola parada. E mesmo assim, um perigo praticamente inconsequente. Duas vezes a bola entrou na baliza e gritou-se golo mas as duas vezes os lances foram bem anulados por fora de jogo. O Málaga percebeu o estilo do árbitro e deixou de apertar nas entradas, e com isso evitou cair no mesmo erro de Defour. E controlou o jogo como quis, dando-se ao luxo de lançar vários dardos venenosos que só não fizeram mais sangue porque a equipa espanhola também foi, à sua maneira, bastante imprecisa.

Esta é uma das derrotas mais dolorosas do FC Porto em provas europeias da última década.
Sobretudo porque é uma derrota merecida. O adepto aceita cair aos pés do Manchester United, Arsenal ou do Inter, equipas com um orçamento muito superior e um pedigree europeu inquestionável. O adepto aceita que o azar de uma noite como a do Schalke 04 aconteça, uma vez cada dez anos. O que o adepto dificilmente aceitará é que uma equipa com uma vantagem de 1-0, depois de uma primeira mão com uma boa exibição, se acobarde tanto num estádio do quarto classificado da liga espanhola, uma equipa cujos jogadores estão sem receber há meses, composta por promessas e veteranos e que nunca foi realmente superior em 180 minutos. É uma derrota que permite colocar as coisas em perspectiva. Houve muita gabarolice, depois do sorteio, de adeptos que diziam que o apuramento estava no papo, que o Málaga não era ninguém, que seria goleado, que jogador por jogador o FC Porto era muito superior, que Isco não merecia apertar os cordões a James, etc..., etc... Houve muita gabarolice, como em 2011, a falar de duelos directos com Barcelona, Bayern e Real Madrid, como se o FC Porto fosse uma potência europeia de facto. Não é.


O FC Porto é um grande da Europa, em primeiro lugar porque é o maior clube de Portugal. E em segundo porque - para o campeonato e país de donde vem - tem apresentado resultados a nível europeu brilhantes. Mas é uma equipa que não pode olhar olhos nos olhos com os grandes por noites como estas. Por noites onde jogadores pelos quais são pagos 17 milhões, como Danilo, continuam a deixar muitas interrogações. Por noites em que jogadores como Otamendi deixam a nu todas as suas debilidades. Por noites em que o banco de suplentes é curto e insuficiente para as exigências do guião. Por noites onde o perfil do treinador - ao contrário do que acontece no campeonato - exige alguém com carácter, algo com que a SAD se dá muito mal. É por noites como estas que muita da gabarolice que rodeia a equipa tem de ser colocada em perspectiva. Eu acho que o FC Porto tem de atacar todos os anos os Quartos de Final, devia ser o objectivo real. Sei que não somos pior equipa que o Málaga ou o Galatasaray que lá estão este ano, ou que o APOEL, CSKA Moscovo ou SL Benfica, que lá estiveram nas últimas edições. Mas para fazê-lo tem de ser com outro tipo de jogadores, outro tipo de técnicos e outro tipo de mentalidade. E foi isso que falhou na última década nos momentos decisivos, salvo em dois casos pontuais em que os astros se juntaram para criar duas gerações irrepetíveis e brilhantes, com um líder no banco e um plantel digno do nome do clube.

 Esta noite vai entrar na galeria das mais dolorosas derrotas do clube. Mas isso não faz com que seja menos merecida. Vai custar ver o sorteio de sexta e não estar lá por culpa própria. Agora resta colocar todo o enfoque no campeonato, chegar ao Verão com a cabeça fria e pensar o que queremos do nosso clube. E, acima de tudo, o que quer quem realmente manda. Para que não se repitam noites como esta!

terça-feira, 12 de março de 2013

Os 3 perigos do Málaga!

Como escrevi antes do jogo da 1º mão dos Oitavos de Final contra o Málaga, a equipa espanhola vai jogar a época amanhã. No estádio La Rosaleda há alguns meses que os salários não são pagos a tempo, que a paciência de técnicos e jogadores se vai esfumando e que muitos vão fazendo conta aos dias que faltam para chegar a Junho e procurar um novo rumo. Para esses, sobretudo para esses, o jogo com o FC Porto é o jogo mais importante do último ano. Poderá significar um cifrão a mais e um cifrão a menos em muitos contratos futuros para os jogadores e nas transferências recebidas por um clube abandonado pelo seu dono.

Com o recurso do Málaga à UEFA em águas de bacalhau (já sabemos que Platini é forte com os fracos e fraco com os fortes), todos sabem na cidade que para o ano não há Europa. E sem Europa não há dinheiro, jogadores de primeiro nível. Não há nem Isco nem Pellegrini. E não vai voltar a haver uma La Rosaleda cheia, a empurrar a equipa, como amanhã. Chegar aos Quartos não é só fazer história para o clube andaluz. É um balão de oxigénio para os adeptos e um alivio financeiro para os jogadores. Muitos não ficarão um ano em branco na cidade e procurarão novas paragens e a equipa, já de si envelhecida com as saídas de Cazorla e Monreal, ficará ainda mais dependendo de uma velha guarda que não tem muitas opções de mercado. Como dizia Sun Tzu, nunca se deve encurralar o inimigo até um ponto onde não tenha por onde fugir, porque inevitavelmente virá para cima de ti como último recurso. O FC Porto não podia adivinhar esta situação quando o sorteio colocou as duas equipas frente a frente mas agora os jogadores terão de ter a fortaleza mental de saber que jogam contra animais feridos e sem outra opção. Eliminados da Copa, sabendo que do quarto onde estão agora ao sétimo, é suficiente para cumprir o ano de punição marcado pela UEFA (que só é válido se a equipa acabar em lugares europeus na liga), a Champions é a tábua de salvação para um projecto em queda.



Mas esse não é o único problema do Málaga.
Como vimos no Dragão, não é por acaso que os andaluzes têm a melhor defesa da liga espanhola desde há vários meses. São uma equipa que concede muito poucos espaços aos rivais, sofre pouquissimos golos para a média habitual do futebol espanhol e na Europa tem demonstrado igual solidez. A hegemonia do Dragão, com a bola, traduziu-se em poucas oportunidades reais e um magro (mas fundamental) golo. É uma equipa que sabe que pode perfeitamente passar o jogo sem sofrer e que um golo iguala a eliminatória e é assim que vão jogar. Ninguém pense num Málaga lançado desesperado para o ataque, deixando espaços atrás.
Pellegrini, excelente estratega, irá procurar a velocidade de Joaquin e Isco (talvez ajudado por um futebolista mais móvel do que foi Baptista no Dragão), e a capacidade de Iturra, Toulalan ou Camacho de morderem constantemente o meio-campo dragão. Será um jogo disputado no meio-campo, uma partida de xadrez disputada longe das áreas e onde os detalhes serão fundamentais. Em bola parada o Málaga tem bons números, em Isco e Joaquin dois jogadores capazes de desequilibrar e nas últimas jornada, a equipa geriu bem o esforço físico para estar a 100% na noite de amanhã e poder compensar o imenso desajuste que se verificou nesse capitulo na primeira-mão.

O terceiro perigo não é um La Rosaleda emocionado até às entranhas, nem o fantasma dos Oitavos que tanto nos tem atormentado na última década (só por duas vezes seguimos em frente na prova). Chama-se Angel Maria Villar.
O presidente do comité de árbitros da FIFA e UEFA, presidente da Real Federação Espanhola há mais de 25 anos, delfim de Sepp Blatter para uma eventual candidatura à presidência da FIFA nas próximas eleições, é um homem influente como poucos no futebol internacional. Não é omnipotente, mas costuma deixar a sua marca. Alguém se lembra, nos últimos anos, de algum jogo da selecção espanhola ou de um clube espanhol nas provas da UEFA em que tenha existido algum erro arbitral em contra? Barcelona, Real Madrid, Atlético de Madrid, Valência, Villareal, Sevilla, Málaga, Levante ou Athletic Bilbao têm disputado provas europeias regularmente nos últimos anos e nenhum tem razões de queixa dos árbitros. Ganham e perdem, algumas vezes saem beneficiados, mas nunca prejudicados. Isso não implica forçosamente que o árbitro do jogo esteja "comprado", mas os árbitros - e isto funciona assim - sabem perfeitamente quem manda e que na dúvida o melhor é evitar complicações com o chefe. O golo de Moutinho, esse fora de jogo de milimetros como diria o outro, levantou tanta polémica em Espanha que ninguém duvide que se uma situação similar suceder em Málaga a bandeira dificilmente ficará em baixo. O FC Porto está habituado a jogar com os tubarões europeus e a jogar contra tudo e contra todos, mas com o fantasma eventual de uma equipa espanhola só nos Quartos de Final (dependendo do que faça hoje o Barça), talvez haja alguém na sede da UEFA que não esteja pelos ajustes. Eu só aviso!


sábado, 9 de março de 2013

A complacência de Nuno Almeida

(fonte: O JOGO, blogue 'FC Porto para sempre')

Durante o FC Porto x Estoril, e perante as entradas duras, por vezes a roçar a violência, dos jogadores da SAD que já foi de José Veiga, fiquei pasmado com a atitude complacente do árbitro algarvio Nuno Almeida.
Mas, pelos vistos, não fui só eu (ver os comentários de Jorge Coroado e José Leirós ao ÚNICO cartão amarelo mostrado a jogadores da equipa canarinha, ao minuto 90'+1).
 
Felizmente para Vítor Pereira, as consequências não foram graves e "apenas" um jogador do FC Porto saiu lesionado deste encontro.
 
«Depois da vitória sobre o Estoril (2-0), o plantel do FC Porto regressou aos treinos na manhã deste sábado (...) James e Kelvin não foram além do departamento clínico: o colombiano sofreu uma contusão no pé direito durante o jogo da véspera»
in www.fcporto.pt

Dois golos e pouco mais !


Foi um jogo bastante medíocre, com um excelente resultado. Entrámos desenvoltos, com boa dinâmica e, através de bolas paradas, aos 12 minutos já estávamos na frente com dois golos sem resposta. Durante o resto da primeira parte, o Estoril empertigou-se, perdemos o comando do jogo:  o adversário ganhou as primeiras, segundas e terceiras bolas,   raramente conseguimos sair para o ataque de forma apoiada  e até no momento da "posse" maltratámos a bola, em excesso. Nem o esférico merecia, nem quem tinha ido ao Dragão à espera de melhor espectáculo.  O Estoril não criou grande perigo, mas ocupou melhores espaços e tinha sempre mais gente próximo da bola. O jogo tendeu a ficar empastelado e chato, mas o Estoril esteve bem mais lúcido que o FCP.
Foi com alívio que vi chegar o final da primeira parte com dois golos de pecúlio. É assim o futebol. Na segunda parte, depois das alterações introduzidas, ficámos um pouco melhor. O Estoril teve menos bola, fomos mais competentes no controlo do jogo e ainda conseguimos uma outra situação em que poderíamos  ter chegado ao golo. Foi uma daqueles desafios, em que as balizas não parecem ser o destino último do jogo. As equipas esgotam-se a contrariar os avanços do inimigo e não sobra criatividade e alegria para jogar de forma mais desinibida e construtiva. Tudo muito chato e sonolento, abanado por algumas boas jogadas que não disfarçaram a má qualidade do jogo e exibições constrangedoras. No topo James, que tem sido  uma desilusão. Depois Lucho em quebra acelerada,  e Defour que não podia com uma gata pelo rabo a meio do segundo tempo. Martinez não esteve muito assertivo, Ismaylov entrou complicativo e, pasme-se, Castro trouxe vontade e dinâmica e deu um pouco de vida a uma equipa em estado de  anemia. Cometeu alguns erros (um dos quais grave) mas lutou, correu e construiu. As  vedetas fizeram muito menos.
 
Otamendi esteve bem, Maicon melhorou, os laterais sofríveis, Atsu não esteve mal  e Varela  sem brilhantismo esteve uns furos acima de James que me tem desiludido, insisto, porque salvo a marcação do pontapé de canto que deu o primeiro golo,  foi um jogador a menos. Espero que o treinador tenha coragem de pôr a jogar os que estão melhores e James está longe do valor que julgo ter, mas que demora em provar. Um bom jogador não pode ser tão intermitente.
 
Valem os três pontos e estou muito expectante que FCP vamos ter em Málaga e nas duas saídas perigosas nos próximos jogos para o campeonato.
Oxalá nos surpreendam. Ficamos à espera!


sexta-feira, 8 de março de 2013

“Só a Champions interessa”


Todos sabemos que a Champions é uma competição de alto nível e com grande visibilidade… O Scolari certamente que segue o campeonato português, mas a torcida e a Imprensa não! Ou seja, é mais fácil para um selecionador brasileiro justificar a chamada de um jogador que jogue em Portugal, depois de ele sobressair numa competição com a qualidade da Liga dos Campeões
Ney Franco, ex-selecionador brasileiro de sub-20


Não era preciso O JOGO entrevistar o Ney Franco, para se saber que a Champions é a principal competição mundial a nível de clubes e a maior e mais importante montra para os jogadores de futebol.

Espero é que os jogadores do FC Porto, principalmente os que aspiram a ser convocados para a seleção brasileira (Danilo, Alex Sandro e Fernando), não estejam já demasiado focados no jogo de Málaga e se esqueçam que também é muito importante ganhar os jogos do campeonato português, a começar pelo de hoje à noite contra o Estoril.

quinta-feira, 7 de março de 2013

As quotizações dos associados do FC Porto

No I Encontro da Bluegosfera, no debate que se seguiu às apresentações do Painel 3 -  'As modalidades de alta competição têm futuro no FC Porto?', foi questionado o porquê da divisão das quotas dos associados do FC Porto, entre o clube e a SAD, ser de 25% - 75%.
Tendo em vista uma maior sustentabilidade das modalidades de alta competição (Andebol, Basquetebol e Hóquei em Patins), porque não uma divisão 50% - 50%?
Ou mesmo, porque não 100% para o clube e 0% para a SAD, se os associados do FC Porto são sócios do clube e não da SAD?
 
Na altura, houve quem discordasse da sugestão do clube passar a reter uma maior percentagem das quotas dos seus associados, dizendo, nomeadamente, que a FC Porto SAD não poderia abdicar dessa receita.
Mas, afinal, parece que pode...
 

«Relativamente ao total das quotizações dos associados do FC Porto que são transferidas para a sociedade desportiva, como contrapartida no acesso privilegiado e com descontos aos espectáculos desportivos, foi decidido, pela administração da FC Porto – Futebol, SAD e a direcção do FC Porto, alterar essa percentagem de 75% para 25%»
Relatório e Contas Consolidado 1S12, p.11
 
 
«A diminuição da rubrica “Receita de bilheteira” está relacionada, para além do facto de um menor nível de assistências nos jogos da equipa de futebol, à diminuição da percentagem de quotas transferidas do FCP Clube para a FCP SAD a partir da época de 2012/13 para 25%, quando na época de 2011/12 esta percentagem era de 75%
Relatório e Contas Consolidado 1S12, p.60
 
 
Foi uma boa decisão, que eu há muito defendia.
 
Agora, para que 75% da quotização dos associados seja uma receita significativa, é preciso tomar medidas para:
1º) Estancar a perda de associados com cotas em dia;
2º) Lançar uma campanha atrativa para recuperar sócios antigos (que deixaram de o ser) e angariar novos sócios.
 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Falar dentro de campo...

(fonte: O JOGO)

Aos 25 anos e na sua 5ª época de azul-e-branco, o médio defensivo Fernando Reges sonha com a seleção canarinha e quer sair para um campeonato mais mediático do que o português.
Pois... mas já há clubes interessados?
E esses clubes têm dinheiro, carcanhol, massa, cheta, guita, pilim que se veja?
 
Suponho que se o FC Porto renovar o seu título de campeão nacional e, principalmente, se for longe na Liga dos Campeões, será mais provável atrair a atenção de alguns "tubarões" do futebol europeu (penso que o Fernando não quererá ir para a Ucrânia ou Rússia...), dos tais campeonatos mais mediáticos.
 
Para isso, para que a EQUIPA consiga alcançar as suas metas, valorizando os jogadores e potenciando as metas individuais, talvez fosse melhor pôr o NÓS à frente do EU. Ou seja, os jogadores, a começar pelos que querem emigrar à procura do el dorado, em vez de andarem a dar entrevistas destas, deveriam estar focados nos objetivos da EQUIPA e preocupados em "falar" dentro do campo.