Na véspera de receber os dragões no Bonfim, o treinador do Vitória Setúbal, José Mota, encheu o peito e, de forma desassombrada, afirmou:
Tenho 48 anos, não sou um treinador velho, mas já ganhei várias vezes ao FC Porto. E já ganhei ao FC Porto campeão europeu.
No final do jogo, após a sua equipa ter sido derrotada por 0-3, o mesmo José Mota já tinha um discurso muito diferente, o habitual discurso dos coitadinhos:
"As duas expulsões não podem surgir, pois são faltas normais"
"O Gallo já lá tem um pé quando o Lucho tropeça. O Jorginho não percebo porque é que foi expulso."
"As expulsões de hoje foram injustas e deveriam ser alterados os regulamentos quando estas situações acontecem"
Eu compreendo, e entendo que é legitimo, que um treinador se queixe e critique a arbitragem quando tem razões fortes para isso mas, no caso do Vitória Setúbal x FC Porto de ontem, só um individuo desonesto, com sérios problemas de visão, ou que sofra de alucinações, o poderia fazer nos termos em que José Mota o fez após o final do jogo.
Façamos uma análise séria e objetiva aos lances que foram objeto de contestação por parte de elementos do Vitória Setúbal:
i) O penalty cometido sobre Varela (abalroado e entalado entre dois jogadores da equipa sadina) aos 7 minutos e que o árbitro assinalou é absolutamente indiscutível. As imagens captadas de frente, pela câmara que está atrás da baliza do Vitória, não deixam qualquer margem de dúvida.
ii) O 2º cartão amarelo mostrado a Bruno Gallo, aos 78 minutos, é também indiscutível, conforme o atesta a opinião unânime dos três ex-árbitros do 'Tribunal de O JOGO', dos dois comentadores da SportTv (Miguel Prates e Pedro Henriques, ambos benfiquistas) e dos dois comentadores da Antena 1 (José Nunes e o conhecido benfiquista Hélder Conduto) que eu pude ouvir. Onde Pedro Proença errou, na opinião de várias destas pessoas e na minha também, foi no 1º cartão que mostrou ao Bruno Rottweiler... perdão, Bruno Gallo, o qual deveria ter sido um cartão vermelho direto.
iii) O 3º cartão amarelo mostrado a Jorginho (por simulação), aos 84 minutos, é o lance mais discutível mas, na opinião da maioria dos especialistas de arbitragem que se pronunciaram sobre o mesmo, também neste caso o árbitro agiu corretamente. Mais. Vale a pena recordar que o 1º cartão amarelo mostrado a este jogador, poderia (deveria?) ter sido um cartão de outra cor, visto ter sido na sequência de uma entrada duríssima por trás em que, sem qualquer hipótese de jogar a bola, pontapeou as pernas de Alex Sandro.
iv) A estas situações de jogo, acresce um outro lance de possível penalty a favor do FC Porto, ocorrido aos 69 minutos, quando Varela foi puxado e pontapeado na sua perna direita dentro da área sadina. A SportTv só repetiu este lance uma vez e, talvez por isso, tenha sido ignorado por toda a comunicação social. Toda não, o Porto Canal repetiu-o várias vezes e ficaram-me poucas dúvidas de que se justificava a marcação de uma grande penalidade.
Perante tudo isto, de que se queixa José Triciclo... perdão, José Mota?
"A minha equipa foi derrotada com as expulsões"
Mesmo que Pedro Proença se tivesse equivocado e errado a favor do FC Porto, algo que já se viu não ser verdade, o que fez a equipa de José Mota durante os 78 minutos em que esteve com 11 jogadores em campo? Construiu meia oportunidade de golo, no seu único remate enquadrado com a baliza, da autoria de Meyong, e que foi à figura de Helton.
E não me venham com a conversa dos orçamentos e que, com os jogadores que tem à sua disposição, José Mota não podia fazer melhor. O futebol praticado pelo Paços Ferreira, Rio Ave e Estoril durante a 1ª volta deste campeonato, mesmo nos jogos contra os designados "grandes", prova o contrário.
O problema dos josés triciclos do futebol português é terem de se contentar em guiar umas "motorizadas", porque lhes falta a competência necessária para conduzirem, sem se despistarem, "carros de elevada cilindrada". E, perante as limitações que evidenciam, quando o anti-jogo das suas equipas não resulta, a cacetada dos seus jogadores é devidamente punida pelos árbitros e não surge um qualquer bambúrrio de sorte, a única hipótese é adoptar uma postura calimérica e tentar convencer os adeptos da forma mais fácil.
"O [Árbitro] prejudicou nitidamente o V. Setúbal. Ficámos sempre pelo tentar devido a outras forças"
José Mota, 23-01-2013
P.S. Após as declarações falsas e disparatadas que fez ontem, acusando o árbitro de ter favorecido o FC Porto, o que terá sentido José Mota, ao ler em A BOLA que Pedro Proença esteve bem em TODOS os lances que ele contestou? Quando até em A BOLA é dito que o árbitro ajuizou bem estes lances, pouco mais há a dizer.