O livro "obscuro", com que Pinto da Costa presenteou Judite Sousa no final da entrevista de ontem, é um romance que, de acordo com a sinopse do livro, conta a história do senhor F, um reputado empresário e dirigente desportivo, que nunca se dá a conhecer em discurso directo para preservar as aparências, mas que manipula todos os acontecimentos, em prol do graveto, que é o que o move.
Na crítica ao romance existente no site do autor é dito: «Os criminosos continuam a operar livremente; a polícia e a justiça cumpriram o seu papel e justificaram a sua existência num dialéctico “faz de conta”; e a satisfação dos mercados continua em pleno a garantir a todos uma remuneração aliciante!»
Ainda não li o livro, mas dizem-me que o romance conta a ascensão de um tal "Ferreira" no comércio de pneus e de como ele conseguiu subir na vida.
Pela amostra, talvez dê um bom guião para um filme...
E o procurador-geral da república, já terá mandado comprar o ‘O Águia do graveto’?
Recordo que aquando do ‘Eu, Carolina’, Pinto Monteiro mostrou bastante interesse e assegurou que ia ler o livro.
quarta-feira, 31 de março de 2010
Será que o PGR vai ler este livro?
Pinto da Costa derrota Vieira
Fonte: MediaMonitor
Com tantos benfiquistas era de supor que, em termos de audiências, Luís Filipe Vieira esmagasse Pinto da Costa. Afinal, o presidente do FC Porto só foi superado pelas novelas da TVI e a entrevista de Vieira nem sequer consta do Top 5 de programas de 30 de Março de 2010.
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terça-feira, 30 de março de 2010
A Grande Entrevista
Comecemos pelo final: Pinto da Costa quebrou o tabú, pelo menos publicamente, no que respeita à sua continuidade na liderança do FC Porto e anunciou que se irá recandidatar à presidência do clube. Como principais medidas para o novo mandato elegeu a construção de "um grande Museu" do FC Porto (há vários anos que ouvimos esta promessa nas AG's do clube) com o objectivo de que seja "o mais visitado na cidade do Porto" - Serralves que se cuide - e assegurou também que pretende construir uma equipa de futebol que vença novamente "não só cá como lá fora". Esta será uma boa notícia se não desatar a contratar a granel jogadores sul-americanos de qualidade duvidosa.
O caso das suspensões de Hulk e Sapunaru em consequência das acções cobardes do SLB também mereceram grande destaque nesta entrevista tendo Pinto da Costa garantido que o clube intentará acções de responsabilização contra a Liga e os seus dirigentes pelos danos causados ao clube. "Hulk é uma peça vital na equipa" e o seu afastamento influenciou decisivamente o desempenho do FC Porto em todas as competições. Quanto à indemnização em causa o presidente revelou que no ano passado o clube recebeu 17,5 M€ pela participação na Liga dos Campeões e portanto o montante exigível nunca será inferior a este. Referiu ainda que o clube obteve pareceres de três reputados especialistas em Direito Desportivo, os Prof. João Leal Amado, José Manuel Meirim e Manuel da Costa Andrade que são totalmente antagónicos à decisão da CD da Liga. Parece-me que no que respeita aos castigos absurdos aplicados ao Hulk e Sapunaru o clube fez o que lhe competia não sendo possível fazer mais com gente do calibre de um Ricardo Costa (que numa entrevista à SIC Notícias não confirmou nem desmentiu uma possível ligação à Benfica SAD no futuro) a presidir a um órgão que se quer independente e equidistante.
A questão da continuidade do treinador foi levantada por Judite de Sousa tendo Pinto da Costa fugido a uma resposta directa e objectiva dizendo apenas que Jesualdo Ferreira tem contrato por mais um ano mas que no final desta época irão conversar, como sempre o fazem no final de cada temporada. Conhecendo como se conhece Pinto da Costa facilmente se pode concluir que o Jesualdo não continuará na próxima época caso contrário a resposta teria sido pronta e lapidar.
De resto Judite de Sousa direccionou a entrevista para outros assuntos como a imagem com que o presidente saiu do caso Apito Dourado, as (não) relações pessoais com LFV e as eleições para a presidência da Liga tendo Pinto da Costa aproveitado a exposição mediática para abordar o escandaloso apoio financeiro da CML ao SLB e as declarações do presidente da instituição quando este afirmou que era mais importante conseguir lugares na Liga do que bons jogadores. Deste lote destaco o facto de Pinto da Costa ter reiterado que o FC Porto não apoiará nenhum dos candidatos à presidência da Liga de clubes e desse ser um ponto de honra na hora de voltar a vencer.
Em resumo pareceu-me um Pinto da Costa de regresso ao seu melhor nível, bem preparado, descontraído e decidido quanto ao futuro do clube e atento às manobras das brigadas vermelhas.
Uma pequena nota para as outras duas entrevistas:
- MST fez uma entrevista completamente desinteressante e não focou os pontos polémicos da forma tenaz que o caracteriza. Irreconhecível.
- O pavão da Liga deu voltas e voltas num emaranhado argumentativo pouco credível para tentar explicar o inexplicável. É um homem que sai ressentido com "a forma como algumas pessoas estão no futebol". Compreende-se. Algumas das afirmações que proferiu no final da entrevista poderão, quanto a mim, ser alvo de processos-crime por parte do FC Porto. Seria bom que o Dep. Jurídico do clube analisasse com particular atenção o teor desta peça.
O caso das suspensões de Hulk e Sapunaru em consequência das acções cobardes do SLB também mereceram grande destaque nesta entrevista tendo Pinto da Costa garantido que o clube intentará acções de responsabilização contra a Liga e os seus dirigentes pelos danos causados ao clube. "Hulk é uma peça vital na equipa" e o seu afastamento influenciou decisivamente o desempenho do FC Porto em todas as competições. Quanto à indemnização em causa o presidente revelou que no ano passado o clube recebeu 17,5 M€ pela participação na Liga dos Campeões e portanto o montante exigível nunca será inferior a este. Referiu ainda que o clube obteve pareceres de três reputados especialistas em Direito Desportivo, os Prof. João Leal Amado, José Manuel Meirim e Manuel da Costa Andrade que são totalmente antagónicos à decisão da CD da Liga. Parece-me que no que respeita aos castigos absurdos aplicados ao Hulk e Sapunaru o clube fez o que lhe competia não sendo possível fazer mais com gente do calibre de um Ricardo Costa (que numa entrevista à SIC Notícias não confirmou nem desmentiu uma possível ligação à Benfica SAD no futuro) a presidir a um órgão que se quer independente e equidistante.
A questão da continuidade do treinador foi levantada por Judite de Sousa tendo Pinto da Costa fugido a uma resposta directa e objectiva dizendo apenas que Jesualdo Ferreira tem contrato por mais um ano mas que no final desta época irão conversar, como sempre o fazem no final de cada temporada. Conhecendo como se conhece Pinto da Costa facilmente se pode concluir que o Jesualdo não continuará na próxima época caso contrário a resposta teria sido pronta e lapidar.
De resto Judite de Sousa direccionou a entrevista para outros assuntos como a imagem com que o presidente saiu do caso Apito Dourado, as (não) relações pessoais com LFV e as eleições para a presidência da Liga tendo Pinto da Costa aproveitado a exposição mediática para abordar o escandaloso apoio financeiro da CML ao SLB e as declarações do presidente da instituição quando este afirmou que era mais importante conseguir lugares na Liga do que bons jogadores. Deste lote destaco o facto de Pinto da Costa ter reiterado que o FC Porto não apoiará nenhum dos candidatos à presidência da Liga de clubes e desse ser um ponto de honra na hora de voltar a vencer.
Em resumo pareceu-me um Pinto da Costa de regresso ao seu melhor nível, bem preparado, descontraído e decidido quanto ao futuro do clube e atento às manobras das brigadas vermelhas.
Uma pequena nota para as outras duas entrevistas:
- MST fez uma entrevista completamente desinteressante e não focou os pontos polémicos da forma tenaz que o caracteriza. Irreconhecível.
- O pavão da Liga deu voltas e voltas num emaranhado argumentativo pouco credível para tentar explicar o inexplicável. É um homem que sai ressentido com "a forma como algumas pessoas estão no futebol". Compreende-se. Algumas das afirmações que proferiu no final da entrevista poderão, quanto a mim, ser alvo de processos-crime por parte do FC Porto. Seria bom que o Dep. Jurídico do clube analisasse com particular atenção o teor desta peça.
Clássico em entrevistas simultâneas
Na semana passada, após ser conhecida a decisão do CJ da FPF acerca do caso Hulk, a RTP anunciou que Pinto da Costa iria ser o convidado de Judite de Sousa, no programa "Grande Entrevista", a emitir hoje, a partir das 21h00.
É sabido que Pinto da Costa dá muito poucas entrevistas e esta é aguardada com alguma expectativa, não só devido às consequências do caso Hulk, mas também porque estão previstas eleições para o FC Porto em Abril/Maio e para a Liga de Clubes em Junho.
Porventura receando o impacto mediático das declarações do presidente do FC Porto, o lobby encarnado (assessores, jornalistas, agências de comunicação, etc.), que domina a seu belo prazer a comunicação social, pôs-se em campo e, em tempo recorde, conseguiu agendar não uma, mas duas entrevistas de reputados benfiquistas para o mesmo dia:
- Ricardo Costa, na SIC Notícias, às 22h00;
- Luís Filipe Vieira (LFV), na SIC, à mesma hora da entrevista de Pinto da Costa.
Os objectivos são claros. A entrevista (mais uma!) a LFV visa retirar audiência a Pinto da Costa, enquanto que a entrevista a Ricardo Costa tem por objectivo procurar dar resposta, e se calhar até comentar, os previsíveis ataques de Pinto da Costa ao ainda presidente da CD da Liga.
Seja como for, eu presumo que Miguel Sousa Tavares (MST) não terá aceite combinar as perguntas que vão ser feitas a LFV e, por isso, há algumas que eu nunca vi serem colocadas e que seriam muito interessantes. Exemplos:
- Como explica que o SLB não tenha descido de divisão, quando se provou que não teve a situação fiscal regularizada durante vários anos (no período de Vale e Azevedo)?
- Com que pessoas negociou o modelo que foi acordado com a Câmara de Lisboa para o financiamento do estádio da Luz?
- O que o fez mudar o apoio público do PSD (Santana Lopes / Durão Barroso) para o PS (António Costa / José Socrates)?
- Qual é o peso dos grupos BES, PT e Ongoing no Fundo de jogadores que o SLB lançou no ano passado?
- Existe algum tipo de negócios, ou participações em sociedades do universo benfiquista, de capital angolano, nomeadamente de Isabel dos Santos?
- Como é que explica o facto de, em menos de duas décadas, ter acumulado uma das maiores fortunas do país?
MST não costuma ter medo, nem ser subserviente. Espero, por isso, que a entrevista não se limite a perguntas banais, porque senão é melhor pôr lá uma entrevistadora de decote e mini-saia...
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segunda-feira, 29 de março de 2010
O canto do cisne
A SIC, o canal de televisão desde sempre apostado na defesa intransigente dos interesses do SLB, vai dar tempo de antena ao Ricardo Costa em entrevista exclusiva na SIC Notícias na terça-feira às 22h00, precisamente uma hora depois do início de uma entrevista de Judite de Sousa a Pinto da Costa na RTP.
É caso para dizer que este será o canto do cisne do presidente do CD da Liga. Ou melhor, este será o último cacarejo do galináceo.
domingo, 28 de março de 2010
Hulk. O regresso...
Numa vitória tranquila do FC Porto em Belém, com o jogo a ter sentido único, desde o seu começo se percebeu que os três pontos dificilmente escapavam. Não tanto pela acutilância da equipa portista, mas sim pela diferença tremenda dos dois conjuntos em campo, com Belenenses a exibir uma deprimente qualidade de jogo onde certamente o levará directo para a 2ª Liga, caso a secretaria não o salve, mais uma vez. Ao Porto bastou saber explorar eficazmente as fraquezas do seu adversário.
Nos entretantos deste jogo que rapidamente se apagará das nossas memórias, fica como registo o regresso em pleno de Hulk às competições Nacionais, depois de desfeito o macete de Ricardo Costa sobre o jogador azul e branco. O regresso do Incrível não poderia ser melhor. Um golo extraordinário e duas assistências para golo. Independentemente de se gostar ou não do estilo, pois no que respeita à sua capacidade técnica e física ela é inquestionável, Hulk é um jogador que potencialmente pode fazer a diferença em qualquer encontro, mesmo que isso naturalmente nem sempre aconteça.
Nos entretantos deste jogo que rapidamente se apagará das nossas memórias, fica como registo o regresso em pleno de Hulk às competições Nacionais, depois de desfeito o macete de Ricardo Costa sobre o jogador azul e branco. O regresso do Incrível não poderia ser melhor. Um golo extraordinário e duas assistências para golo. Independentemente de se gostar ou não do estilo, pois no que respeita à sua capacidade técnica e física ela é inquestionável, Hulk é um jogador que potencialmente pode fazer a diferença em qualquer encontro, mesmo que isso naturalmente nem sempre aconteça.
De resto, e no que ao jogo propriamente dito diz respeito, Jesualdo Ferreira apresentou um plano de jogo ambíguo, onde nunca se percebeu com clareza se a sua equipa alinhou com uma frente de ataque de 3 homens, ou se tentou dispor um meio campo de 4 elementos. Rúben Micael pareceu andar ali perdido entre 2 Mundos, denotando-se claramente pouco confortável a descair para o flanco esquerdo. No centro do terreno a organização nem sempre foi a melhor, daí o número excessivo de passes errados. Havia um domínio aos trambolhões. O golo de bola parada, já perto do intervalo, ajudou a encarreirar as coisas.
A entrada no 2º tempo do Dragão foi um pouco mais dinâmica e veloz. Criou-se mais espaços e um domínio mais assertivo. Mas o grande momento jogo, ocorrido nesta fase da partida, surgiu num lance de inspiração individual de Hulk. Um golaço de fora da área. Um pontapé que levava fogo, indefensável para Bruno Vale.
Com 2 golos de vantagem a equipa controlou ao largo a boçal reacção do Belenenses. Era tempo de gerir o resultado e ajudar Falcão a melhorar o seu score na lista de goleadores do campeonato. Falhada uma primeira tentativa a meio da 2ª parte, numa defesa do guarda-redes do Belém após assistência de Hulk, Falcão não perdoou à segunda, novamente com o seu companheiro de ataque a servir. Houve ainda uma terceira tentativa de ensaio, concretizada, com os mesmos protagonistas, mas aí o árbitro resolveu assinalar uma infracção sabe-se lá de quê. Só de golos anulados ao nosso avançado Colombiano este campeonato, eu já lhe perdi a conta. Um facto que nossa conspurcada comunicação social se encarregará de omitir deliberadamente.
Fotos: Agência Lusa, uefa.com
Quem deve fazer o plantel? II
Nota prévia: Este artigo é uma reciclagem de um artigo escrito aqui em 2008, mas por o achar actual, por manter a mesma opinião e por estar com preguiça para escrever sobre outra coisa qualquer, faço um copy-paste e uma breve revisão.
Luís Freitas Lobo:
Kevin Keegan, quando abandonou o Newcastle (Setembro 2008):
Jesualdo Ferreira, em entrevista ao Público (Outubro de 2008):
E muitos outros exemplos se arranjariam, por isso a questão que eu ponho: no meio disto onde é que fica a política desportiva e de contratações?
foto: Academia de Talentos
O clube deve ter um modelo de jogo ou ter o modelo de jogo do treinador? Ou seja, anda-se uma meia dúzia de anos a dizer que se está a implementar um modelo de jogo no clube, a equipa de juniores B passou da alçada do clube para a SAD, para uniformizar modelos de jogo desde os 15-16 anos. Fazem-se contratações para os escalões jovens, para os jogadores crescerem dentro do clube a jogar em determinado modelo. Depois chega um treinador e faz-se um rewind a tudo isto? começa-se tudo de novo? ou ignora-se o sistema de jogo da equipa principal e continua-se a formar para o 442 e 433?
Num clube que tem uma cultura de manter os treinadores durante 2 anos (com casos muito esporádicos de 3 anos), faz sentido dar liberdade total de acção ao treinador? Faz sentido contratar um treinador por 2/3 anos e depois contratar os jogadores por 4/5 anos? Se o próximo treinador não gostar do modelo de jogo anterior e quiser implementar o seu, lá vão ficar jogadores encostados 2 anos com o clube a pagar salários ou indemnizações.
Se se muda constantemente o modelo da formação, a probabilidade de aproveitar jogadores diminui. Se se dá liberdade ao treinador para escolher o modelo de jogo, ele precisa de jogadores para esse modelo, logo não há tempo para os formar, logo há que contratar a terceiros.
Parece-me que o lema Quando se contrata um treinador, contrata-se, ao mesmo tempo, o seu modelo de jogo na gestão global de um clube ou SAD, é a melhor forma de aumentar o n.º de jogadores sobre contrato, logo aumentar os custos, algo a que um clube como o FCP não se pode dar ao luxo.
Ou fazendo-o, tem de o fazer a médio prazo para dispersar os custos, mas para isso precisa que o treinador fique 5-10 anos no clube (numa gestão à inglesa), e que a mudança se faça gradualmente, nos escalões jovens o modelo entra em vigor de imediato, na equipa principal no 1º ano é o treinador a adaptar-se aos jogadores que tem, no ano seguinte vai-se fazendo um misto, e ao fim de 2-3 anos aplica-se o modelo do treinador, nesta altura a formação já poderá fornecer jogadores e o plantel foi sendo moldado para o modelo desejado. Mas nessa altura é bom que o treinador fique mais 4-5 anos.
Neste aspecto e como reconhecia Jesualdo Ferreira em 2008 parece-me que o FC Porto está com a política correcta. Ao contrário de muitos, a mim não me repugna, que seja a SAD - e não o treinador - a escolher os jogadores. Pode repugnar-me a forma como a nossa SAD escolhe alguns jogadores, mas isso é outra conversa.
E foi por aceitar não aceitando que, para mim, Jesualdo Ferreira falhou. Aceitou as condições de contratação, mas depois não aceitou que tinha de ser ele a moldar-se à cultura do clube e aos jogadores que tinha à sua disposição. Não tentou nem quis tentar tirar o melhor partido deles. E é isto que não faz sentido. Como não fez sentido que se tivessem contratado Diego, Leo Lima, Leandro Bomfim, Jorginho, Ibson e depois contratar um treinador que quis impor um modelo de jogo que no máximo (e com muita boa vontade) utilizaria um jogador com estas características.
Luís Freitas Lobo:
É uma das perguntas teóricas mais feitas no futebol: o que está primeiro, o sistema ou os jogadores? A resposta certa escapa, porém, a esta simples dicotomia. O que está primeiro é o modelo de jogo do treinador. Quando no início da época se contrata um treinador, os clubes devem ter presente que mais do que o líder ou o estratego, contrata-se também, simultaneamente, o seu modelo de jogo preferencial.
Kevin Keegan, quando abandonou o Newcastle (Setembro 2008):
It's my opinion that a manager must have the right to manage and that clubs should not impose upon any manager any player that he does not want.
Jesualdo Ferreira, em entrevista ao Público (Outubro de 2008):
O FC Porto tem de se estruturar internamente, tem de ter um “scouting” activo e competente e os treinadores do FC Porto têm de se dedicar profundamente ao trabalho com os jogadores que chegam.
E muitos outros exemplos se arranjariam, por isso a questão que eu ponho: no meio disto onde é que fica a política desportiva e de contratações?
foto: Academia de Talentos
O clube deve ter um modelo de jogo ou ter o modelo de jogo do treinador? Ou seja, anda-se uma meia dúzia de anos a dizer que se está a implementar um modelo de jogo no clube, a equipa de juniores B passou da alçada do clube para a SAD, para uniformizar modelos de jogo desde os 15-16 anos. Fazem-se contratações para os escalões jovens, para os jogadores crescerem dentro do clube a jogar em determinado modelo. Depois chega um treinador e faz-se um rewind a tudo isto? começa-se tudo de novo? ou ignora-se o sistema de jogo da equipa principal e continua-se a formar para o 442 e 433?
Num clube que tem uma cultura de manter os treinadores durante 2 anos (com casos muito esporádicos de 3 anos), faz sentido dar liberdade total de acção ao treinador? Faz sentido contratar um treinador por 2/3 anos e depois contratar os jogadores por 4/5 anos? Se o próximo treinador não gostar do modelo de jogo anterior e quiser implementar o seu, lá vão ficar jogadores encostados 2 anos com o clube a pagar salários ou indemnizações.
Se se muda constantemente o modelo da formação, a probabilidade de aproveitar jogadores diminui. Se se dá liberdade ao treinador para escolher o modelo de jogo, ele precisa de jogadores para esse modelo, logo não há tempo para os formar, logo há que contratar a terceiros.
Parece-me que o lema Quando se contrata um treinador, contrata-se, ao mesmo tempo, o seu modelo de jogo na gestão global de um clube ou SAD, é a melhor forma de aumentar o n.º de jogadores sobre contrato, logo aumentar os custos, algo a que um clube como o FCP não se pode dar ao luxo.
Ou fazendo-o, tem de o fazer a médio prazo para dispersar os custos, mas para isso precisa que o treinador fique 5-10 anos no clube (numa gestão à inglesa), e que a mudança se faça gradualmente, nos escalões jovens o modelo entra em vigor de imediato, na equipa principal no 1º ano é o treinador a adaptar-se aos jogadores que tem, no ano seguinte vai-se fazendo um misto, e ao fim de 2-3 anos aplica-se o modelo do treinador, nesta altura a formação já poderá fornecer jogadores e o plantel foi sendo moldado para o modelo desejado. Mas nessa altura é bom que o treinador fique mais 4-5 anos.
Neste aspecto e como reconhecia Jesualdo Ferreira em 2008 parece-me que o FC Porto está com a política correcta. Ao contrário de muitos, a mim não me repugna, que seja a SAD - e não o treinador - a escolher os jogadores. Pode repugnar-me a forma como a nossa SAD escolhe alguns jogadores, mas isso é outra conversa.
E foi por aceitar não aceitando que, para mim, Jesualdo Ferreira falhou. Aceitou as condições de contratação, mas depois não aceitou que tinha de ser ele a moldar-se à cultura do clube e aos jogadores que tinha à sua disposição. Não tentou nem quis tentar tirar o melhor partido deles. E é isto que não faz sentido. Como não fez sentido que se tivessem contratado Diego, Leo Lima, Leandro Bomfim, Jorginho, Ibson e depois contratar um treinador que quis impor um modelo de jogo que no máximo (e com muita boa vontade) utilizaria um jogador com estas características.
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sábado, 27 de março de 2010
Profissionais… mas pouco
Por Filipe Sousa
Dois jogadores que não são figuras de proa do nosso campeonato, espelham bem a diferença que separa actualmente o Porto e o Clube do Regime (CR): Airton e Prediger. O primeiro, muito poucos sabem de onde veio e quanto custou; o segundo chegou da Argentina rotulado de craque, e custou, mais coisa menos coisa, 4 milhões de euros. A questão dos preços, embora não totalmente irrelevante, é a menos importante neste cenário. Importante sim, é o facto de o Airton ter chegado cá no mercado de transferências de Janeiro (ou seja, já com a época a decorrer), Prediger ter chegado ainda no Verão, e neste momento, um entrou sem sobressaltos na equipa titular do CR, numa final, contra um adversário de nível idêntico – estou aqui a ser muito simpático… - e outro, depois de alguns jogos em que nem contra adversários do calibre do Leixões ou Estoril, conseguiu demonstrar algo que justificasse o investimento de 1 milhão de euros no seu passe (quanto mais 4 milhões!), voltou para debaixo da pedra debaixo da qual o foram desenterrar há uns meses atrás.
Aqui, não é de menosprezar o papel de ambos os treinadores. Jorge Jesus (JJ) é um simplório, com apenas um objectivo em mente: vencer; Jesualdo, um professor, assemelha-se mais um funcionário da SAD que dá umas indicações aos jogadores, deixando-os entregues a si próprios quando os adversários são de alto calibre, do que propriamente a um treinador, pelo que se percebe que esteja mais focado nos lucros do que propriamente em golos e vitórias. Daí resulta que o Airton, pedido por JJ ou oferecido pela direcção do CR, chegue e jogue; e o Prediger, aceite por Jesualdo ou imposto pela SAD do Porto, nem com 4 ou 5 meses de “laboratório” sirva para o banco.
Salvo casos raríssimos, se um jogador é bom, “veni, vidi, vinci”. Caso contrário, nenhum “laboratório”, nenhuma “assimilação de processos”, ou “período de adaptação” por mais longo que seja, transformará algum dia um Tomás Costa num Messi. Mas pode transformar um válido Rúben Micael, num inútil zombie ao serviço das “transições ofensivas” e da “ocupação de espaços”.
Goste-se ou não, a verdade é que os olheiros do CR, são excelentes. Infelizmente para o CR, e felizmente para nós, adversários (e em especial, o Porto), dir-se-ia que os seus dirigentes têm (ou tinham) como objectivo único até há pouco tempo, minar esse excelente trabalho. Os dirigentes do Porto, por outro lado, sempre souberam aproveitá-lo, graças ao precioso contributo dos pasquins que servem de órgãos oficiais do Regime – Bola e Record.
Esta época porém, algo mudou. Os até aqui incompetentes dirigentes do CR, acordaram. As lutas intestinas que amiúde minam o trabalho da equipa foram erradicadas, todos se uniram em torno de um objectivo claro, foi feito um trabalho cuidado na preparação da equipa e da época e os resultados estão à vista. Por outro lado, os dirigentes do Porto, abandalharam-se. Tratando-se de pessoas com reconhecida capacidade, torna-se óbvio que a explicação para os desempenhos díspares de ambas as equipas esta época, se deve essencialmente a um défice de profissionalismo - excesso de confiança? e pergunto até que ponto questões do foro pessoal dos dirigentes terão tido influência.
Basta ver as contratações realizadas esta época, em particular aquelas que não foram avalizadas pelos olheiros do CR, e também os negócios relacionados com passes de jogadores que já faziam parte do plantel da época passada, para se perceber que, mais do que a “lesão” provocada à equipa com a ausência forçada do Hulk, mais do que as arbitragens, ou incapacidade do treinador, foram os erros grosseiros do corpo directivo da SAD do Porto, que ditaram esta época vergonhosa.
Esta não é porém, uma situação nova. Antes da chegada de Mourinho, a situação era basicamente a mesma: cofres depauperados, uma equipa quebrada. A questão é: serão os dirigentes da SAD capazes de “começar de novo”, sem a ajuda de alguém com a capacidade de Mourinho? Terão a coragem de contratar alguém que tenha, no mínimo, o mesmo espírito? Eu quero acreditar que sim, mas a trabalhar da forma como o fizeram este ano, será difícil, senão mesmo impossível.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Filipe Sousa a elaboração de mais este artigo.
Foto: A Bola
Dois jogadores que não são figuras de proa do nosso campeonato, espelham bem a diferença que separa actualmente o Porto e o Clube do Regime (CR): Airton e Prediger. O primeiro, muito poucos sabem de onde veio e quanto custou; o segundo chegou da Argentina rotulado de craque, e custou, mais coisa menos coisa, 4 milhões de euros. A questão dos preços, embora não totalmente irrelevante, é a menos importante neste cenário. Importante sim, é o facto de o Airton ter chegado cá no mercado de transferências de Janeiro (ou seja, já com a época a decorrer), Prediger ter chegado ainda no Verão, e neste momento, um entrou sem sobressaltos na equipa titular do CR, numa final, contra um adversário de nível idêntico – estou aqui a ser muito simpático… - e outro, depois de alguns jogos em que nem contra adversários do calibre do Leixões ou Estoril, conseguiu demonstrar algo que justificasse o investimento de 1 milhão de euros no seu passe (quanto mais 4 milhões!), voltou para debaixo da pedra debaixo da qual o foram desenterrar há uns meses atrás.
Aqui, não é de menosprezar o papel de ambos os treinadores. Jorge Jesus (JJ) é um simplório, com apenas um objectivo em mente: vencer; Jesualdo, um professor, assemelha-se mais um funcionário da SAD que dá umas indicações aos jogadores, deixando-os entregues a si próprios quando os adversários são de alto calibre, do que propriamente a um treinador, pelo que se percebe que esteja mais focado nos lucros do que propriamente em golos e vitórias. Daí resulta que o Airton, pedido por JJ ou oferecido pela direcção do CR, chegue e jogue; e o Prediger, aceite por Jesualdo ou imposto pela SAD do Porto, nem com 4 ou 5 meses de “laboratório” sirva para o banco.
Salvo casos raríssimos, se um jogador é bom, “veni, vidi, vinci”. Caso contrário, nenhum “laboratório”, nenhuma “assimilação de processos”, ou “período de adaptação” por mais longo que seja, transformará algum dia um Tomás Costa num Messi. Mas pode transformar um válido Rúben Micael, num inútil zombie ao serviço das “transições ofensivas” e da “ocupação de espaços”.
Goste-se ou não, a verdade é que os olheiros do CR, são excelentes. Infelizmente para o CR, e felizmente para nós, adversários (e em especial, o Porto), dir-se-ia que os seus dirigentes têm (ou tinham) como objectivo único até há pouco tempo, minar esse excelente trabalho. Os dirigentes do Porto, por outro lado, sempre souberam aproveitá-lo, graças ao precioso contributo dos pasquins que servem de órgãos oficiais do Regime – Bola e Record.
Esta época porém, algo mudou. Os até aqui incompetentes dirigentes do CR, acordaram. As lutas intestinas que amiúde minam o trabalho da equipa foram erradicadas, todos se uniram em torno de um objectivo claro, foi feito um trabalho cuidado na preparação da equipa e da época e os resultados estão à vista. Por outro lado, os dirigentes do Porto, abandalharam-se. Tratando-se de pessoas com reconhecida capacidade, torna-se óbvio que a explicação para os desempenhos díspares de ambas as equipas esta época, se deve essencialmente a um défice de profissionalismo - excesso de confiança? e pergunto até que ponto questões do foro pessoal dos dirigentes terão tido influência.
Basta ver as contratações realizadas esta época, em particular aquelas que não foram avalizadas pelos olheiros do CR, e também os negócios relacionados com passes de jogadores que já faziam parte do plantel da época passada, para se perceber que, mais do que a “lesão” provocada à equipa com a ausência forçada do Hulk, mais do que as arbitragens, ou incapacidade do treinador, foram os erros grosseiros do corpo directivo da SAD do Porto, que ditaram esta época vergonhosa.
Esta não é porém, uma situação nova. Antes da chegada de Mourinho, a situação era basicamente a mesma: cofres depauperados, uma equipa quebrada. A questão é: serão os dirigentes da SAD capazes de “começar de novo”, sem a ajuda de alguém com a capacidade de Mourinho? Terão a coragem de contratar alguém que tenha, no mínimo, o mesmo espírito? Eu quero acreditar que sim, mas a trabalhar da forma como o fizeram este ano, será difícil, senão mesmo impossível.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Filipe Sousa a elaboração de mais este artigo.
Foto: A Bola
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sexta-feira, 26 de março de 2010
Ganhar tempo
Com a classificação no Campeonato praticamente definida, as prestações na Liga dos Campeões e Taça da Liga arquivadas, e apenas a Taça de Portugal para disputar, creio que "ontem" será altura de fechar o ciclo e preparar um novo (hoje ou amanhã também serve, mas o importante é ser o mais brevemente possível).
Sou a favor da substituição da equipa técnica, assim como de uma vassourada em alguns dos dirigentes da SAD responsáveis por esta época, com efeitos imediatos. Já o era desde que ficamos "afastados" de um lugar na Liga dos Campeões contra os verdinhos da segunda circular.
Pelo que nos temos apercebido pela passividade da equipa e do treinador nas conferências de imprensa dos últimos tempos (em que vêm nas últimas vergonhas exemplos de entrega e do que é jogar à Porto), estão todos a espera do ano que vem. Como tal, não adianta protelar o inevitável.
A melhor estratégia para a próxima época seria começar a prepará-la já, dando mais uns meses de trabalho à nova equipa (técnica e de dirigentes) para conhecerem a realidade actual do FC Porto e preparar o futuro. É preciso analisar os recursos actuais do FC Porto (humanos, financeiros e estruturais) e separar o trigo do joio. O plantel é desequilibrado, e há jogadores que claramente não querem estar na equipa na próxima época. O treinador, ou quem quer que seja que vá assumir a responsabilidade da próxima época, precisa de tempo para tomar estas decisões. Decisões destas não são simples e serão certamente mais seguras e ponderadas se houver mais tempo do que os 15 dias de pré-época na Benelux.
Há várias condicionantes para este cenário, que culminam numa pergunta:
Estará disponível o treinador do FC Porto da próxima época para iniciar os trabalhos já?
- No caso de ser Jesualdo Ferreira a continuar como treinador principal, todo este exercício pode ser posto de lado;
- Na hipótese de ser contratado um treinador desempregado, não me parece que existam entraves a que inicia a sua actividade de imediato (parecem haver alguns rumores de que Paulo Bento estará na calha...);
- Aqueles para quem o FCP não tem interesse, porque terão contratos milionários com algum dos Tubarões do futebol ou porque têm outros objectivos, o facto de ser neste momento ou no fim da época não deverá alterar a resposta deles. "Não";
- Treinadores em equipas secundárias portuguesas ou europeias (que é o mais provável), qualquer incentivo financeiro deverá ser o suficiente para os convencer a antecipar a sua ingressão (basta para isso poupar num "Prediger"), com excepção talvez de Domingos ou de "Jesus" por se encontrarem ainda a lutar pelo título.
A antecipação dos trabalhos do novo treinador pode por em risco a Taça de Portugal, mas analisando os potenciais adversários (e sem menosprezo para as equipas que chegaram até esta fase), qualquer treinador passado, actual ou futuro tem a obrigação de ganhar uma competição a uma Naval, Chaves ou Rio Ave, tamanha a diferença de qualidade das equipas.
Por princípio, sou contra as chicotadas psicológicas (como por exemplo a de Vítor Fernandez, que foi despedido em primeiro lugar) porque acho que não funcionam para a época em curso, mas estando os sucessos e insucessos da época já alcançados (não é a fruteira do Jamor que vai alterar a minha opinião) creio que teríamos mais a ganhar com a alteração imediata do que se esperássemos pelo fim da temporada.
2 | Sp. Braga | 55 |
3 | FC Porto | 47 |
4 | Sporting | 38 |
Classificação retirada do site www.zerozero.pt a 22 de Março 2010
Sou a favor da substituição da equipa técnica, assim como de uma vassourada em alguns dos dirigentes da SAD responsáveis por esta época, com efeitos imediatos. Já o era desde que ficamos "afastados" de um lugar na Liga dos Campeões contra os verdinhos da segunda circular.
Pelo que nos temos apercebido pela passividade da equipa e do treinador nas conferências de imprensa dos últimos tempos (em que vêm nas últimas vergonhas exemplos de entrega e do que é jogar à Porto), estão todos a espera do ano que vem. Como tal, não adianta protelar o inevitável.
A melhor estratégia para a próxima época seria começar a prepará-la já, dando mais uns meses de trabalho à nova equipa (técnica e de dirigentes) para conhecerem a realidade actual do FC Porto e preparar o futuro. É preciso analisar os recursos actuais do FC Porto (humanos, financeiros e estruturais) e separar o trigo do joio. O plantel é desequilibrado, e há jogadores que claramente não querem estar na equipa na próxima época. O treinador, ou quem quer que seja que vá assumir a responsabilidade da próxima época, precisa de tempo para tomar estas decisões. Decisões destas não são simples e serão certamente mais seguras e ponderadas se houver mais tempo do que os 15 dias de pré-época na Benelux.
Há várias condicionantes para este cenário, que culminam numa pergunta:
Estará disponível o treinador do FC Porto da próxima época para iniciar os trabalhos já?
- No caso de ser Jesualdo Ferreira a continuar como treinador principal, todo este exercício pode ser posto de lado;
- Na hipótese de ser contratado um treinador desempregado, não me parece que existam entraves a que inicia a sua actividade de imediato (parecem haver alguns rumores de que Paulo Bento estará na calha...);
- Aqueles para quem o FCP não tem interesse, porque terão contratos milionários com algum dos Tubarões do futebol ou porque têm outros objectivos, o facto de ser neste momento ou no fim da época não deverá alterar a resposta deles. "Não";
- Treinadores em equipas secundárias portuguesas ou europeias (que é o mais provável), qualquer incentivo financeiro deverá ser o suficiente para os convencer a antecipar a sua ingressão (basta para isso poupar num "Prediger"), com excepção talvez de Domingos ou de "Jesus" por se encontrarem ainda a lutar pelo título.
A antecipação dos trabalhos do novo treinador pode por em risco a Taça de Portugal, mas analisando os potenciais adversários (e sem menosprezo para as equipas que chegaram até esta fase), qualquer treinador passado, actual ou futuro tem a obrigação de ganhar uma competição a uma Naval, Chaves ou Rio Ave, tamanha a diferença de qualidade das equipas.
Por princípio, sou contra as chicotadas psicológicas (como por exemplo a de Vítor Fernandez, que foi despedido em primeiro lugar) porque acho que não funcionam para a época em curso, mas estando os sucessos e insucessos da época já alcançados (não é a fruteira do Jamor que vai alterar a minha opinião) creio que teríamos mais a ganhar com a alteração imediata do que se esperássemos pelo fim da temporada.
quinta-feira, 25 de março de 2010
Futebolês do século XXI (5)
SMS do dia - XCIX
Hoje é dia de Assembleia Geral do FC Porto
quarta-feira, 24 de março de 2010
Uma luz ao fundo do túnel
Com uma equipa partida em cacos e amputada de opções nas suas extremidades ofensivas, Jesualdo Ferreira viu-se obrigado a reformular o seu imutável sistema de jogo. Numa espécie de 4x5x1, desdobrável em 4x1x4x1, o FC Porto foi a Vila do Conde dar um passo de gigante rumo a Oeiras, após um triunfo seguro diante do Rio Ave, sem deslumbrar é certo, mas cumprindo a missão de forma suficientemente competente para assegurar o objectivo principal em vista.
Guarín juntou-se a um quarteto apontado à titularidade composto por Fernando, Meireles, Belluschi e Micael. O conjunto portista não pareceu dar-se mal com a nova configuração táctica. Bem pelo contrário, foi o Rio Ave quem se sentiu baralhado na forma como o Porto se dispôs em campo. Foi perceptível isso mesmo quando logo nos minutos iniciais os Dragões caíram em cima da área de Carlos. Uma pressão nem sempre consequente, intervalada com algumas perdas de bola perigosas. Ainda assim, estavam lançadas as bases para uma prestação positiva do FC Porto num registo diferente.
Não foi de estranhar por isso que ainda antes dos 20 minutos o Dragão se adiantasse no marcador por intermédio de Rúben Micael num aproveitamento de uma bola não concretizada por Falcão. A vantagem deu ainda mais crença à nossa equipa, que partiu para 15 minutos de bom nível, desperdiçando nesse período boas chances de ampliar o marcador. Mas, na irrefutável realidade portista desta temporada, tudo o que é bom não perdura, e eis que a defesa dá o seu brinde da praxe. O Bruno Moraes aplica um castigo à sua antiga equipa, que só pode queixar-se de si própria por consentir tanta liberdade à entrada da área.
Apesar do empate que se verificava ao intervalo, as escolhas iniciais de Jesualdo mereceram a sua confiança para segundos 45 minutos. Mais do que qualidade, o Porto revelou competência e eficácia. Ensaios de construção simples e lineares fizeram a equipa tomar ascendente no encontro, conseguindo voltar à vantagem na partida numa dessas trocas de bola bem sucedidas. Mérito para o trio Guarín, Micael e Meireles, com este ultimo a finalizar em bom estilo.
Sem correr grandes riscos, ou a sentir necessidade de grandes esforços, o FC Porto tinha a eliminatória na mão, limitando-se em razão disso a gerir o resultado positivo no marcador. O resto foi-se pondo a descoberto sempre que o Rio Ave subia na busca do empate. O golo que praticamente carimba a viagem ao Jamor surgiria já no último quarto de hora, num desvio de cabeça de Guarín. Um prémio para uma exibição do Colombiano que, desta vez, escapou à sua mediocridade habitual. E, com uma vantagem de 2 golos, o jogo da 2ª mão no Dragão previsivelmente se revestirá de uma mera formalidade.
Guarín juntou-se a um quarteto apontado à titularidade composto por Fernando, Meireles, Belluschi e Micael. O conjunto portista não pareceu dar-se mal com a nova configuração táctica. Bem pelo contrário, foi o Rio Ave quem se sentiu baralhado na forma como o Porto se dispôs em campo. Foi perceptível isso mesmo quando logo nos minutos iniciais os Dragões caíram em cima da área de Carlos. Uma pressão nem sempre consequente, intervalada com algumas perdas de bola perigosas. Ainda assim, estavam lançadas as bases para uma prestação positiva do FC Porto num registo diferente.
Não foi de estranhar por isso que ainda antes dos 20 minutos o Dragão se adiantasse no marcador por intermédio de Rúben Micael num aproveitamento de uma bola não concretizada por Falcão. A vantagem deu ainda mais crença à nossa equipa, que partiu para 15 minutos de bom nível, desperdiçando nesse período boas chances de ampliar o marcador. Mas, na irrefutável realidade portista desta temporada, tudo o que é bom não perdura, e eis que a defesa dá o seu brinde da praxe. O Bruno Moraes aplica um castigo à sua antiga equipa, que só pode queixar-se de si própria por consentir tanta liberdade à entrada da área.
Apesar do empate que se verificava ao intervalo, as escolhas iniciais de Jesualdo mereceram a sua confiança para segundos 45 minutos. Mais do que qualidade, o Porto revelou competência e eficácia. Ensaios de construção simples e lineares fizeram a equipa tomar ascendente no encontro, conseguindo voltar à vantagem na partida numa dessas trocas de bola bem sucedidas. Mérito para o trio Guarín, Micael e Meireles, com este ultimo a finalizar em bom estilo.
Sem correr grandes riscos, ou a sentir necessidade de grandes esforços, o FC Porto tinha a eliminatória na mão, limitando-se em razão disso a gerir o resultado positivo no marcador. O resto foi-se pondo a descoberto sempre que o Rio Ave subia na busca do empate. O golo que praticamente carimba a viagem ao Jamor surgiria já no último quarto de hora, num desvio de cabeça de Guarín. Um prémio para uma exibição do Colombiano que, desta vez, escapou à sua mediocridade habitual. E, com uma vantagem de 2 golos, o jogo da 2ª mão no Dragão previsivelmente se revestirá de uma mera formalidade.
Fotos: Lusa, Record
Os ratos são os primeiros...
“Apresentei ao senhor presidente da mesa da assembleia geral da Liga a minha renúncia ao mandato de presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.
Sem prejuízo de considerar que a justiça desportiva está a funcionar nos órgãos próprios, entendo que o facto de o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol ter hoje dado, em parte, provimento aos recursos dos jogadores da FC Porto, Futebol SAD, Hulk e Sapunaru, tem implicações que ultrapassam a justiça desportiva”.
Hermínio Loureiro, em declarações à agência Lusa
CJ reduz castigos de Hulk e Sapunaru
«O Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) reduziu o castigo de Hulk para três jogos e o de Sapunaru para quatro jogos, disse à Lusa fonte do FC Porto. (...)
Os argumentos do Conselho de Justiça ainda não são conhecidos e este órgão limitou-se anunciar que foi “convolada a condenação”. Isto quer, dizer que o castigo de quatro meses a Hulk e seis meses a Sapunaru foi alterado. (...)
A CD da Liga enquadrou o comportamento de Hulk e Sapunaru num artigo que previa uma suspensão entre seis meses e três anos, tendo encontrado atenuantes no caso do avançado brasileiro, que reduzia os castigos previstos para um período entre três meses e um ano e meio.
O enquadramento disciplinar defendido pelo FC Porto no recurso era de dois a seis jogos de suspensão. E foi precisamente isso que o CJ entendeu.»
24.03.2010 - Lusa, PÚBLICO
A notícia completa pode ser lida aqui.
Quem irá indemnizar os jogadores e o FC Porto pelos elevadíssimos prejuízos (desportivos e financeiros) causados?
Será que agora, finalmente, a Administração da FC Porto SAD irá reagir à Porto, e ir até às últimas consequências, exigindo responsabilidades ao Dr. Ricardo Costa e à Liga de Clubes?
Actualização (17:55): A Administração da FC Porto – Futebol, SAD já reagiu em comunicado.
Foto: A Bola
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Nós somos o Porto!
O FCP fez, no domingo, uma exibição esforçada, mas insuficiente, como tem acontecido regularmente na presente época. Não faltou atitude, mas faltou o resto. A defesa esteve "menos mal" que habitualmente: o SLB criou poucas ocasiões de golo e dos três marcados só o último saiu de uma jogada construída numa transição rápida bem delineada.
Alguns cronistas referem que o SLB ganhou sem forçar. Mentira! Dos números que vi na TV da distância percorrida por jogador, o nosso adversário liderava largamente. Aliás, já no FCP-Arsenal tinha acontecido o mesmo. Os ingleses correram mais 3 kms. que o FCP. Corremos menos, pior e os nossos jogadores estão de rastos, porque não funcionando o colectivo sobra a correria para chegar à frente e tapar os buracos atrás. Demasiado esforço, contudo, para tão parco proveito.
No domingo, só o trinco, esse lugar maldito feito para os menos dotados, esteve à altura. Olhos diferentes alimentam opiniões diferentes. Fernando, vindo de uma lesão, demonstrou mais uma vez que é o jogador mais fiável do FCP. É o pronto socorro da defesa e é a peça que liberta os mais dotados para criar jogo. Ruben andou perdido. Beluschi é lento, macio, atlética e fisicamente débil. O potencial criador de ambos tem tido escassa produção: por culpa próprio e porque o nosso ataque está reduzido a Falcao.
Meireles esteve mais empenhado que o habitual, foi dos que mais correu, mas raramente teve espaço, tempo e talento para brilhar. Triste mediania de um colectivo que não é capaz de valer mais que a soma das partes.
Nuno teve um incrível falhanço. Que pena para o jogo, para o FCP e para ele. Fiquei triste porque Nuno é um jogador que admiro e respeito. Apesar deste lamento, reveja-se a diferença: Moreira habitual titular nesta competição deu lugar a Quim e Nuno Gomes praticamente não é opção, por muita que seja uma referência do clube do regime. JJ não cede: apenas é fiel aos seus princípios.
Ao que dizem o balneário do FCP está reduzido a cacos e percebo mal o desaproveitamento de Tomás Costa. Valeri é um daqueles jogadores que em princípio não tem condições para triunfar no futebol europeu. É bom de bola, mas é uma chatice os adversários não colaborarem, não lhe dando tempo e espaço para mostrar e demonstrar essa aptidão superior. No FCP os jogadores parecem incompatíveis, técnica e tacticamente.
JF anda perdido: além da pouca qualidade do plantel, tem pouca gente. Obviamente que acho que JF já deveria ter sido dispensado. Não por ser o mais “culpado”, somente porque era a solução possível e alguma coisa deveria ter sido feito. Ser boa pessoa não é profissão. Agir politicamente correcto em situações sem retorno, é uma “obscenidade”. JF fez o seu caminho, sinto-me grato pela sua dedicação. A sua saída não punha em causa nenhum direito fundamental, enquanto cidadão ou profissional. Os tempos que vão correr serão penosos e muito mais cruéis para o treinador. E uma excelente desculpa para os instalados do costume.
No domingo, a câmara televisiva procurou com alguma insistência PdC. Viu-o junto com Reinaldo e Angelino. A troika dominante da SAD. No banco, estava Antero Henriques, talvez para lembrar aos técnicos e jogadores a promessa que assumiu com os sócios (ficou para memória futura) e que foi expressa nas seguintes declarações:
“Apetrechamo-nos de forma a fazermos frente a todas as competições. Esta equipa vai ter protagonistas diferentes, mas vai ser igual ou melhor na competitividade, como é habitual entre nós. Agora termina o campeonato da ilusão e começa o campeonato real"…. "Conseguirmos melhores desempenhos e resultados sob pressão do que em circunstâncias normais... Assusta-nos podermos não ter desafios e não termos quem nos crie ameaças ou com quem competir. Somos mais fortes quando é a doer e quando há muito em jogo".
Certamente os jogadores não ouviram a sua prelecção. A SAD não pode sair ilesa desta triste penúria a que chegamos. O FCP bateu no fundo e se não for gerido e tratado devidamente, corremos sérios riscos de empobrecimento desportivo e financeiro graves.
Não nos basta saber que, ainda segundo o testemunho de AH, "O FC Porto tem o maior especialista em futebol do Mundo, que é o senhor Pinto da Costa. O crescimento do FC Porto teve sempre uma base desportiva, não foi, não é, nem nunca será, uma empreitada, um investimento imobiliário”. Boa altura para provar essa competência, desafiados como estamos pela concorrência do SLB.
É suposto haver eleições brevemente, como indicia a convocatória de uma AG para aprovação das contas do 1º semestre. Será em regime de lista única, como anteriormente. Apesar disso, é uma boa oportunidade para deixar um sinal de descontentamento ou de apoio. Nós somos o FCP e temos direito à opinião e à indignação.
Alguns cronistas referem que o SLB ganhou sem forçar. Mentira! Dos números que vi na TV da distância percorrida por jogador, o nosso adversário liderava largamente. Aliás, já no FCP-Arsenal tinha acontecido o mesmo. Os ingleses correram mais 3 kms. que o FCP. Corremos menos, pior e os nossos jogadores estão de rastos, porque não funcionando o colectivo sobra a correria para chegar à frente e tapar os buracos atrás. Demasiado esforço, contudo, para tão parco proveito.
No domingo, só o trinco, esse lugar maldito feito para os menos dotados, esteve à altura. Olhos diferentes alimentam opiniões diferentes. Fernando, vindo de uma lesão, demonstrou mais uma vez que é o jogador mais fiável do FCP. É o pronto socorro da defesa e é a peça que liberta os mais dotados para criar jogo. Ruben andou perdido. Beluschi é lento, macio, atlética e fisicamente débil. O potencial criador de ambos tem tido escassa produção: por culpa próprio e porque o nosso ataque está reduzido a Falcao.
Meireles esteve mais empenhado que o habitual, foi dos que mais correu, mas raramente teve espaço, tempo e talento para brilhar. Triste mediania de um colectivo que não é capaz de valer mais que a soma das partes.
Nuno teve um incrível falhanço. Que pena para o jogo, para o FCP e para ele. Fiquei triste porque Nuno é um jogador que admiro e respeito. Apesar deste lamento, reveja-se a diferença: Moreira habitual titular nesta competição deu lugar a Quim e Nuno Gomes praticamente não é opção, por muita que seja uma referência do clube do regime. JJ não cede: apenas é fiel aos seus princípios.
Ao que dizem o balneário do FCP está reduzido a cacos e percebo mal o desaproveitamento de Tomás Costa. Valeri é um daqueles jogadores que em princípio não tem condições para triunfar no futebol europeu. É bom de bola, mas é uma chatice os adversários não colaborarem, não lhe dando tempo e espaço para mostrar e demonstrar essa aptidão superior. No FCP os jogadores parecem incompatíveis, técnica e tacticamente.
JF anda perdido: além da pouca qualidade do plantel, tem pouca gente. Obviamente que acho que JF já deveria ter sido dispensado. Não por ser o mais “culpado”, somente porque era a solução possível e alguma coisa deveria ter sido feito. Ser boa pessoa não é profissão. Agir politicamente correcto em situações sem retorno, é uma “obscenidade”. JF fez o seu caminho, sinto-me grato pela sua dedicação. A sua saída não punha em causa nenhum direito fundamental, enquanto cidadão ou profissional. Os tempos que vão correr serão penosos e muito mais cruéis para o treinador. E uma excelente desculpa para os instalados do costume.
No domingo, a câmara televisiva procurou com alguma insistência PdC. Viu-o junto com Reinaldo e Angelino. A troika dominante da SAD. No banco, estava Antero Henriques, talvez para lembrar aos técnicos e jogadores a promessa que assumiu com os sócios (ficou para memória futura) e que foi expressa nas seguintes declarações:
“Apetrechamo-nos de forma a fazermos frente a todas as competições. Esta equipa vai ter protagonistas diferentes, mas vai ser igual ou melhor na competitividade, como é habitual entre nós. Agora termina o campeonato da ilusão e começa o campeonato real"…. "Conseguirmos melhores desempenhos e resultados sob pressão do que em circunstâncias normais... Assusta-nos podermos não ter desafios e não termos quem nos crie ameaças ou com quem competir. Somos mais fortes quando é a doer e quando há muito em jogo".
Certamente os jogadores não ouviram a sua prelecção. A SAD não pode sair ilesa desta triste penúria a que chegamos. O FCP bateu no fundo e se não for gerido e tratado devidamente, corremos sérios riscos de empobrecimento desportivo e financeiro graves.
Não nos basta saber que, ainda segundo o testemunho de AH, "O FC Porto tem o maior especialista em futebol do Mundo, que é o senhor Pinto da Costa. O crescimento do FC Porto teve sempre uma base desportiva, não foi, não é, nem nunca será, uma empreitada, um investimento imobiliário”. Boa altura para provar essa competência, desafiados como estamos pela concorrência do SLB.
É suposto haver eleições brevemente, como indicia a convocatória de uma AG para aprovação das contas do 1º semestre. Será em regime de lista única, como anteriormente. Apesar disso, é uma boa oportunidade para deixar um sinal de descontentamento ou de apoio. Nós somos o FCP e temos direito à opinião e à indignação.
terça-feira, 23 de março de 2010
6 prioridades para a próxima época
A presente época ainda não chegou ao fim, longe disso: ainda podemos conquistar a Taça de Portugal, e resta uma esperança ínfima de chegar ao 2o lugar no campeonato. Mas se o treinador e jogadores se devem concentrar nos próximos jogos - é para isso que lá estão e que são bem pagos - não é nada cedo para que a direcção e os adeptos comecem a pensar na próxima época. Mas comecemos por umas reflexões sobre a época em curso.
Nesta temporada assistimos ao maior investimento de sempre no FCP em jogadores - pelo menos 45M€ (para além dos 31M€ no primeiro semestre tivémos ainda A. Pereira, O. Sá, Valeri, Maicón, M. Lopes e Beto antes de 1 de Julho, e R Micael e Addy depois de 31 de Dezembro); e aos mais elevados custos com pessoal (i.e. salários e bónus) entre clubes portugueses. Logo não foi certamente devido a qualquer contenção de despesas que não atingimos os objectivos: tal como em épocas anteriores "esticámos a corda" (aliás, por alguma razão contraímos em Dezembro um empréstimo obrigacionista superior ao caducado), ainda que sem cometer loucuras.
Apesar disso vimo-nos arredados da luta pelo título a 10 jornadas do fim, o 2o lugar por um canudo, uma final da Taça da Cerveja perdida sem brilho nem honra, uma equipa em baixa em vez de em crescendo à medida que o campeonato passa, e um potencial de mais-valias no próximo Verão claramente inferior ao da época passada - apesar de uma prestação honrosa (mas com saída humilhante) na LC. Que pasó?
O slb também investiu fortemente, com a diferença de que não venderam "jóias da coroa" (e isto à custa de empréstimos obrigacionistas ainda mais elevados do que os nossos, e a venda de % de jogadores a um fundo de investimento); mas penso que mais importante do que isso foi uma maior competência nas contratações, o acerto na escolha do treinador, e "colo" quando deu jeito (com a colaboração do ignóbil R. Costa).
No entanto a explicação de "colo" já não funciona para o Braga, que até foi em certa medida vítima (alô Vandinho); muito menos a de uma "fuga para a frente", tendo eles um orçamento umas 10 vezes inferior ao nosso (e é também unânime que o plantel é mais fraco do que o nosso).
Ilações para o futuro?
Antes de mais, penso que há que rever em baixa a estratégia de alto risco (ainda que não tão elevado como a do slb esta época, como expus em Agosto): subir a parada ainda mais - a única alternativa credível - seria hipotecar seriamente o futuro do clube. Nesse caso outra época má sucedida, e sem receitas da Liga dos Campeões, levaria a um impacto por muitos e longos anos. Sendo assim temos que rever significativamente em baixa o investimento em contratações, que tem andado entre os 20 e 40 milhões, tal como a altíssima rotatividade do plantel. Os 15M€ a menos em receitas da LC vão-se fazer sentir, principalmente a partir de Dezembro.
Em segundo lugar, um emagrecimento progressivo da "estrutura" no que está fora do "core business" (que é os jogadores): nomeadamente em custos de salário com administradores, directores, treinadores e restantes administrativos; e em FSE (Fornecimentos e Serviços Externos). Estas rubricas atingiram os 13M€ e 20M€, respectivamente, em 08/09 (e não andarão longe disso em 09/10). Estes custos (só por si umas 3x superiores ao orçamento total de um Braga) têm crescido imenso desde 2003 e precisam mais do que nunca de uma trajectória inversa se quisermos evitar um brusco "apertar do cinto" nas épocas seguintes.
Em terceiro lugar, a mudança de treinador - devido às limitações próprias previamente apontadas neste blog, Jesualdo chegou ao fim do seu "ciclo" no FCP: muito obrigado, estamos gratos pelo balanço geral positivo destes 4 anos, mas adeuzinho e boa sorte.
Penso que o próximo treinador deve encetar trabalho no dia seguinte à final da Taça de Portugal (se não for mais cedo), de forma a ter opinião mais formada sobre prioridades no plantel e possíveis dispensas - mas mesmo antes de se assinar contrato tem que haver uma discussão profunda entre ele e SAD sobre a adequação das ideias dele ao plantel e cultura do FCP, sobre as mais prováveis vendas de Verão, sobre o dinheiro que se estima disponível para investimento (no próximo Verão e seguintes), sobre os papéis de um e outros nas contratações e formação do plantel (com o treinador a ter um papel mais forte do que tem sido o caso), etc.
Em quarto lugar, fugir à tentação de revoluções no plantel: uma meia dúzia de entradas e saídas, não mais, até porque temos jogadores subaproveitados. Nas entradas, repescar para aí uns 3 emprestados (Ukra e Castro são os mais fortes candidatos, mas há outros), comprar um par de jogadores que tenham dado nas vistas no campeonato português (de longe o mercado de compras com melhor rácio sucesso/custo ao longo dos últimos anos), e uma eventual contratação de mais monta no estrangeiro (dependendo do dinheiro encaixado em vendas); não escamoteando a possibilidade de mais outra barata (i.e. 2M€ ou menos) de elevado potencial, seja em Portugal ou no estrangeiro. E chega bem.
Nas saídas, vender um ou no máximo dos máximos dois titulares se aparecerem boas propostas (e não me acredito que apareçam propostas superiores a 20M€), e entre os dispensáveis privilegiar os que tenham mais mercado (mesmo que não sejam os menos úteis), mesmo que sejam libertados "de borla" caso tenham salários muito elevados; Farias é um exemplo desse tipo de jogador. Entre os mais indispensáveis coloco Falcao no topo da lista, apesar de possivelmente ser o jogador com mais mercado: faz muita falta e vai bem a tempo de ser vendido numa das épocas seguintes. Já Meireles é, dos titulares com mercado, porventura o que mais facilmente será substituído (penso que um meio-campo com Fernando, Rúben e Belluschi pode ser interessante, se bem trabalhado).
Em quinto lugar, evitar a aquisição de % de passes de jogadores que já nos pertencem (como fizémos este ano com T. Costa, Fernando, Guarin, Falcao) , a não ser que seja por uma pechincha - o que não foi de todo o caso nos casos mencionados. Quem tem uma situação financeira apertada (para não falar num plantel curto) não pode dar-se ao luxo de jogar no casino.
Em sexto lugar, deixarmo-nos de ser "comidos de cebolada" nas instituições, nomeadamente LPF e FPF: temos certamente poder suficiente para evitar que sejam controladas pelo slb a seu bel prazer, começando por um trabalho de casa diligente nas próximas eleições na Liga (muito ao contrário do que aconteceu nas duas eleições anteriores).
Encerro assim as linhas-mestras do que penso ser desejável para a próxima temporada. Como ficou bem explícito, penso que a mudança de treinador é mais do que desejável mas muito longe de ser a única medida necessária ou até mesmo suficiente. Naturalmente, o sucesso desportivo depende também imenso do pequeno "detalhe" da qualidade de execução: começando pelo acerto na escolha do treinador, ou em contratações cirúrgicas - a margem de erro é muito mais baixa, e o trabalho de casa pela frente é portanto imenso. Esperemos que tudo corra pelo melhor, o que é perfeitamente possível.
Cabeça fria para todos e muito trabalho dedicado e honesto para quem lá está dentro, é tudo o que se pede.
segunda-feira, 22 de março de 2010
Ex-portistas no Marselha x Lyon
Ontem à noite a SportTv transmitiu o Marselha x Lyon. É sempre bom poder recordar jogadores que vestiram de azul-e-branco – Lucho, Lisandro e Cissokho – e, particularmente, a saudosa dupla argentina, que foi o verdadeiro esteio do mais recente Tetra-campeonato ganho pelo FC Porto.
Ainda na ressaca da final da Taça da Liga, e ao ver o jogo entre os dois olympiques, houve várias interrogações para as quais não encontro uma resposta satisfatória:
1) Era mesmo inevitável ter concretizado a venda do Lucho no último dia do exercício 2008/09 (30 de Junho de 2009)? Inevitável para quem? Para o Lucho ou para a SAD portista?
Ainda hoje me faz confusão quando ouço/leio o Lucho a dizer que pensou terminar a carreira no FC Porto e me recordo de, em Maio de 2009, a comunicação social fazer primeiras páginas com a notícia de que el comandante tinha comprado uma casa nova no Porto.
2) Em Julho de 2007, o jornal desportivo ‘Olé’ interrogava-se sobre os motivos que levavam a SAD portista a explorar o mercado argentino. O director-desportivo Antero Henrique explicava: “Os argentinos são jogadores de espírito combativo, profissionais muito aplicados e capazes de lutar por objectivos sérios. Têm coração, garra, sangue e isso, em Portugal, é muito valorizado. São jogadores que querem ganhar sempre”.
Assim, depois do sucesso que foram as contratações de Lucho e Lisandro, a FC Porto SAD apostou em força na contratação de jogadores argentinos e dessa extensa lista fazem parte: Mariano Gonzalez, Ernesto Farias, Lucas Mareque, Bolatti, Tomás Costa, Benitez, Belluschi, Valeri e Prediguer.
Ora, não tendo sido propriamente baratos - a SAD investiu dezenas de milhões de euros (passes, comissões, salários, etc.) nestes “activos” - porque razão nenhum dos argentinos pós-Lucho/Lisandro mostrou qualidade suficiente para se afirmar como titular indiscutível do FC Porto?
Existe a ideia que o FC Porto tem um departamento de scouting muito competente e que a SAD, supostamente, possui excelentes contactos com os empresários que controlam o mercado argentino. Se assim é, quem observou e pré-escolheu estes jogadores?
3) Ontem, no relvado do Vélodrome, actuaram três jogadores cujos passes foram vendidos pela FC Porto SAD por 57 milhões de euros. Este encaixe, feito pela SAD no defeso passado, foi bem aplicado no reforço do plantel? O actual plantel portista dá garantias para o futuro?
domingo, 21 de março de 2010
Para reflexão
Podia escrever aqui sobre momentos decisivos, sobre sorte ou azar, sobre querer ou saber, sobre ter ou não ter, sobre planear ou não planear, sobre curar ou deixar andar, sobre ver ou telefonar, sobre motivar, sobre agir e berrar, sobre isto ou aquilo, mas como diz a canção*:
Agora não, que me dói a barriga…
Agora não, dizem que vai chover…
e eu tenho mais que fazer…
Agora não, que é hora do jantar…
Agora não, que eu acho que não posso…
Amanhã vou trabalhar…
E que quem de direito reflicta o que tiver a reflectir, para que possamos voltar à parte boa da canção*:
Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vais parar!
Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!
Agora sim, eu sinto a união!
Vamos em frente, é esta a direcção!
* Movimento Perpétuo Associativo - Deolinda
Agora não, que me dói a barriga…
Agora não, dizem que vai chover…
e eu tenho mais que fazer…
Agora não, que é hora do jantar…
Agora não, que eu acho que não posso…
Amanhã vou trabalhar…
E que quem de direito reflicta o que tiver a reflectir, para que possamos voltar à parte boa da canção*:
Agora sim, damos a volta a isto!
Agora sim, há pernas para andar!
Agora sim, eu sinto o optimismo!
Vamos em frente, ninguém nos vais parar!
Agora sim, temos a força toda!
Agora sim, há fé neste querer!
Agora sim, só vejo gente boa!
Vamos em frente e havemos de vencer!
Agora sim, eu sinto a união!
Vamos em frente, é esta a direcção!
* Movimento Perpétuo Associativo - Deolinda
Adivinhem quem é o segundo melhor marcador da Copa Libertadores...
É o número 10
É também por isto que é, para mim, uma das maiores referências de jogadores da bola:
Em relação à questão da utilização de naturalizados pela selecção já aqui e aqui e aqui escrevi o que pensava, mas a entrevista em si só aumentou a minha admiração pelo Deco, é fácil dizer o óbvio, ser politicamente correcto e usar o futebolês, mas dizer o que ele diz não é para todos.
Um dia ainda tive o sonho de ver em Portugal reportagens deste calibre, mas já me passou.
Em relação à questão da utilização de naturalizados pela selecção já aqui e aqui e aqui escrevi o que pensava, mas a entrevista em si só aumentou a minha admiração pelo Deco, é fácil dizer o óbvio, ser politicamente correcto e usar o futebolês, mas dizer o que ele diz não é para todos.
Um dia ainda tive o sonho de ver em Portugal reportagens deste calibre, mas já me passou.
sábado, 20 de março de 2010
Que tal uma troca directa?
O novo director desportivo em Alvalade já avisou: o russo Izmailov não voltará a jogar pelo Sporting. Ainda bem que o Ministro já se esqueceu dos seus amúos na época 2004/2005, a última em que vestiu a camisola do FC Porto. Assim sente-se mais à vontade para tratar os jogadores com o chicote.
Assim sendo, e lembrando as trocas profícuas que fizemos no passado com o Sporting, proponho trocarmos directamente o Izmailov pelo Belluschi. O argentino assentaria que nem uma luva no losango existencial dos viscondes!
Bitaitadas Arriscadas
Por Hugo Mocc
Quando o fim da época se aproxima a passos largos e o presente se apresenta longe de ser risonho, todos os que se importam com esta coisa do futebol e em especial com o seu clube do coração - no meu caso o Futebol Clube do Porto - o que não faltam são bitaites sobre o que correu mal e o que pode ser feito para melhorar o estado geral da "Naçoum".
Admitindo que existem problemas, a meu ver, o problema principal neste momento do FC Porto passa por um paradigma excessivamente "comercial" no projecto para o futebol. É urgente reverter esse paradigma em favor de um modelo mais clássico apostando mais em formação e capacidade competitiva. Não faz sentido promover um produto sem a chancela de qualidade conferida através de títulos e vitórias sustentadas.
Outro problema poderá passar por uma "aparente" indefinição na hierarquia da gestão do futebol Azul-e-Branco: Qual o peso de Pinto da Costa nas actuais decisões da SAD? E qual a importância e competências de Antero Henrique e Reinaldo Teles? Qual o papel de Caldeira? Porquê a substituição de Fernando Gomes por Angelino Ferreira? Quais os agentes de futebol com ligações privilegiadas com a SAD?
As respostas a estes "problemas" antecedem outra questão mais mediatizada: a questão do futuro da equipa técnica. Esse (futuro) tem de ser decidido o quanto antes e a dita (equipa técnica) começar a trabalhar logo a seguir à final da Taça de Portugal. Se a dupla Jesualdo/J. Gomes parece ter os dias contados então é de esperar que o(s) novo(s) treinador(es) do FC Porto já estejam a ser escolhidos.
Treinadores há muitos, mas com categoria e disponibilidade para assumir o FC Porto já não há assim tantos. Domingos e Villas-Boas são os nomes mais imediatos e consensuais, porque são jovens e ambiciosos e tem ambos (mais Domingos que AVB) bagagem suficiente para serem candidatos ao lugar. Paulo Bento também tem bagagem mas infelizmente não lhe reconheço melhor talento do que a Jesualdo. Paulo Sousa (actualmente a treinar o Swansea) ainda está a lançar a sua carreira em Inglaterra e seria prematuro resgatá-lo tão cedo. Jorge Costa, quanto a mim, ainda não mostrou resultados suficientes e dos restantes treinadores da Liga Sagres, apenas Paulo Sérgio (Guimarães) e Manuel Machado me parecem ter um mínimo de qualidade para serem mencionados na mesma frase com FC Porto.
Eu não descartaria a hipótese de apostar num treinador estrangeiro e, tirando os "impossíveis" (Capello, Lippi, Hiddink, Del Bosque, etc), existem treinadores bastante competentes por esse mundo afora. Eu menciono os seguintes, não porque tenha uma predilecção em especial por eles mas porque lhes reconheço competência suficiente para treinar no Dragão e porque, de momento, estão sem clube: Juande Ramos, Mark Hughes, Lazlo Boloni, Jose Pekerman, Gerard Houllier.
Quanto ao plantel, existem várias medidas que precisam de ser implementadas. A primeira é a de acabar com o excesso de atletas sob contrato com a SAD. Tirando os jogadores que seguem para o Mundial FIFA na África do Sul, penso que todos os jogadores que estiverem contratualmente ligados ao FC Porto para a próxima época deveriam ser convocados para um pré-estágio de 1 mês no Olival entre 20 de Junho e 20 de Julho de modo a ir separando logo o "trigo" do "joio".
Entre o plantel actual (25-26), os júniores utilizados (4-5), os actuais emprestados (cerca de 20) e prováveis aquisições futuras (4-5) teremos cerca de 50 ou mais jogadores sob contrato. Partindo do principio que um plantel deve ter 24-26 jogadores, cerca de metade terão de ir fazer a sua vidinha noutro lado, e eu sou da opinião que o Porto só deveria ter jogadores da formação emprestados e um ou outro contratado que não se tendo adaptado ao clube precise de jogar noutro campeonato.
Com uma decisiva ordem de "limpeza de balneário" teríamos um plantel com 25 seniores mais 3 ou 4 júniores, e no máximo 5 ou 6 jogadores emprestados, para um total de 35 jogadores sob contrato. Imaginando que cada um desses jogadores custaria em média meio milhão de euros à SAD em salários por ano, o clube pouparia cerca de 5 a 7 milhões que poderia muito bem reinvestir ou na formação ou na contratação de jogadores mais valiosos em vez das actuais apostas no obscuro "potencial".
A famigerada limpeza de balneário parece-me inevitável. Jogadores de qualidade e/ou dedicação duvidosas devem receber ordem de marcha o quanto antes. Não vale a pena mencionar nomes, pois ninguém melhor que os técnicos e gestores da SAD sabe o que valem este ou aquele jogador. Nós adeptos temos as nossas opiniões e temo-las manifestado claramente ao longo da época.
Jogadores a contratar dependerão da nova equipa técnica, mas sinto que falta à equipa um jogador de qualidade comprovada (de preferência com internacionalizações pela sua selecção) em cada sector: Na defesa 1 lateral direito e 1 defesa central; No meio-campo 1 trinco; No ataque 1 avançado centro móvel (tipo Derlei/Lisandro).
Para o fim deixei-nos a nós adeptos e treinadores de bancada e sofá. Nós temos um papel importantíssimo que é o de mostrar o apoio à equipa e ao clube e ao mesmo tempo zelar pelos interesses "morais" do FC Porto. E se para tal tivermos de criticar, então que o façamos sem medo, de preferência em sede própria. O que não poderemos fazer é queixar-nos dia sim dia não do que quer que seja e nas AGs continuar a votar em conformismo. Lembro que, verdadeiramente, o Porto somos todos nós, Sócios e Adeptos.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Hugo a elaboração de mais este artigo.
Quando o fim da época se aproxima a passos largos e o presente se apresenta longe de ser risonho, todos os que se importam com esta coisa do futebol e em especial com o seu clube do coração - no meu caso o Futebol Clube do Porto - o que não faltam são bitaites sobre o que correu mal e o que pode ser feito para melhorar o estado geral da "Naçoum".
Admitindo que existem problemas, a meu ver, o problema principal neste momento do FC Porto passa por um paradigma excessivamente "comercial" no projecto para o futebol. É urgente reverter esse paradigma em favor de um modelo mais clássico apostando mais em formação e capacidade competitiva. Não faz sentido promover um produto sem a chancela de qualidade conferida através de títulos e vitórias sustentadas.
Outro problema poderá passar por uma "aparente" indefinição na hierarquia da gestão do futebol Azul-e-Branco: Qual o peso de Pinto da Costa nas actuais decisões da SAD? E qual a importância e competências de Antero Henrique e Reinaldo Teles? Qual o papel de Caldeira? Porquê a substituição de Fernando Gomes por Angelino Ferreira? Quais os agentes de futebol com ligações privilegiadas com a SAD?
As respostas a estes "problemas" antecedem outra questão mais mediatizada: a questão do futuro da equipa técnica. Esse (futuro) tem de ser decidido o quanto antes e a dita (equipa técnica) começar a trabalhar logo a seguir à final da Taça de Portugal. Se a dupla Jesualdo/J. Gomes parece ter os dias contados então é de esperar que o(s) novo(s) treinador(es) do FC Porto já estejam a ser escolhidos.
Treinadores há muitos, mas com categoria e disponibilidade para assumir o FC Porto já não há assim tantos. Domingos e Villas-Boas são os nomes mais imediatos e consensuais, porque são jovens e ambiciosos e tem ambos (mais Domingos que AVB) bagagem suficiente para serem candidatos ao lugar. Paulo Bento também tem bagagem mas infelizmente não lhe reconheço melhor talento do que a Jesualdo. Paulo Sousa (actualmente a treinar o Swansea) ainda está a lançar a sua carreira em Inglaterra e seria prematuro resgatá-lo tão cedo. Jorge Costa, quanto a mim, ainda não mostrou resultados suficientes e dos restantes treinadores da Liga Sagres, apenas Paulo Sérgio (Guimarães) e Manuel Machado me parecem ter um mínimo de qualidade para serem mencionados na mesma frase com FC Porto.
Eu não descartaria a hipótese de apostar num treinador estrangeiro e, tirando os "impossíveis" (Capello, Lippi, Hiddink, Del Bosque, etc), existem treinadores bastante competentes por esse mundo afora. Eu menciono os seguintes, não porque tenha uma predilecção em especial por eles mas porque lhes reconheço competência suficiente para treinar no Dragão e porque, de momento, estão sem clube: Juande Ramos, Mark Hughes, Lazlo Boloni, Jose Pekerman, Gerard Houllier.
Quanto ao plantel, existem várias medidas que precisam de ser implementadas. A primeira é a de acabar com o excesso de atletas sob contrato com a SAD. Tirando os jogadores que seguem para o Mundial FIFA na África do Sul, penso que todos os jogadores que estiverem contratualmente ligados ao FC Porto para a próxima época deveriam ser convocados para um pré-estágio de 1 mês no Olival entre 20 de Junho e 20 de Julho de modo a ir separando logo o "trigo" do "joio".
Entre o plantel actual (25-26), os júniores utilizados (4-5), os actuais emprestados (cerca de 20) e prováveis aquisições futuras (4-5) teremos cerca de 50 ou mais jogadores sob contrato. Partindo do principio que um plantel deve ter 24-26 jogadores, cerca de metade terão de ir fazer a sua vidinha noutro lado, e eu sou da opinião que o Porto só deveria ter jogadores da formação emprestados e um ou outro contratado que não se tendo adaptado ao clube precise de jogar noutro campeonato.
Com uma decisiva ordem de "limpeza de balneário" teríamos um plantel com 25 seniores mais 3 ou 4 júniores, e no máximo 5 ou 6 jogadores emprestados, para um total de 35 jogadores sob contrato. Imaginando que cada um desses jogadores custaria em média meio milhão de euros à SAD em salários por ano, o clube pouparia cerca de 5 a 7 milhões que poderia muito bem reinvestir ou na formação ou na contratação de jogadores mais valiosos em vez das actuais apostas no obscuro "potencial".
A famigerada limpeza de balneário parece-me inevitável. Jogadores de qualidade e/ou dedicação duvidosas devem receber ordem de marcha o quanto antes. Não vale a pena mencionar nomes, pois ninguém melhor que os técnicos e gestores da SAD sabe o que valem este ou aquele jogador. Nós adeptos temos as nossas opiniões e temo-las manifestado claramente ao longo da época.
Jogadores a contratar dependerão da nova equipa técnica, mas sinto que falta à equipa um jogador de qualidade comprovada (de preferência com internacionalizações pela sua selecção) em cada sector: Na defesa 1 lateral direito e 1 defesa central; No meio-campo 1 trinco; No ataque 1 avançado centro móvel (tipo Derlei/Lisandro).
Para o fim deixei-nos a nós adeptos e treinadores de bancada e sofá. Nós temos um papel importantíssimo que é o de mostrar o apoio à equipa e ao clube e ao mesmo tempo zelar pelos interesses "morais" do FC Porto. E se para tal tivermos de criticar, então que o façamos sem medo, de preferência em sede própria. O que não poderemos fazer é queixar-nos dia sim dia não do que quer que seja e nas AGs continuar a votar em conformismo. Lembro que, verdadeiramente, o Porto somos todos nós, Sócios e Adeptos.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Hugo a elaboração de mais este artigo.
sexta-feira, 19 de março de 2010
Futebolês do Século XXI (4)
"Fomos de uma enorme eficácia!"
Leia-se: marcámos um golo no único remate que fizemos à baliza e ganhámos por 1-0.
Transparência - o caso dos 31 milhões
Diz um ditado popular que "o segredo é a alma do negócio".
Tal como com a maior parte dos ditados populares, penso que haverá também neste um misto de verdade com uma simplificação exagerada.
No caso da FCP Futebol SAD, há limites externos impostos no grau de secretismo, ditados pelo facto de sermos uma sociedade desportiva cotada em Bolsa. As nossas contas são (e têm de ser) públicas, com um mínimo de detalhe e seguindo as normas adequadas. Além disso a SAD comprometeu-se há muitos anos com a BVL (agora Euronext) em comunicar publicamente "factos relevantes", como no caso de contratações e vendas de monta (de jogadores).
Para além disso penso que a "ciência" do secretismo está em saber que factos e informação manter em segredo, e que informação passar em público. Naturalmente, no primeiro campo devem-se situar, sem dúvida, aspectos decisivos (e não públicos ou evidentes) que constituem uma verdadeira mais-valia na competitivade desportiva. Isso começa, naturalmente, pelas palestras do treinador no balneário e passa pelos planos de contratação ou venda futura de jogadores.
Já no que diz respeito aos valores das contratações (e vendas) de jogadores, não vejo qualquer vantagem competitiva em guardar segredo, uma vez negócio feito: primeiro porque não é verdadeiramente segredo (valores não oficiais, que não devem longe da realidade, aparecem nos jornais, e o total gasto em contratações aparece nos R&C); segundo porque não vejo que vantagem competitiva é que o slb nos ganha ao saber que afinal pagámos 5 milhões pelo jogador "x" e não 4 ou 6, como se "disse nos jornais".
Sendo assim, e apesar de haver mais transparência nas nossas contas hoje do que antigamente, o que é de saudar, continua a ser insuficiente - algo que se pode virar contrar a própria SAD.
Vamos a um exemplo concreto: ficámos a saber através do R&C semestral que de 1 de Julho a 30 de Dezembro gastámos 30,7 milhões € em passes de jogadores.
A maior surpresa (negativa, pelo menos para mim) é de que o R&C diz que 84% desse valor se explica por um número de aquisições e o "restante investimento está, essencialmente, relacionado com a aquisição de 25% de T Costa".
Ora isso equivale a dizer que pagámos quase 4,8M€ (16% de 30,7) por 25% de T Costa - ou por outras palavras, que ele valerá 19M€ (ou perto disso).
Custa-me muito a entender que a SAD troque 4 a 5M€ hoje (que muito jeito dariam para outras coisas) por um hipotético lucro futuro nesse "investimento", na esperança de uma venda superior a 20M€, no caso específico de T. Costa. Será por isso que Pinto da Costa se referiu a ele em Dezembro como a "contratação de Inverno"? Avaliado nesse valor, pudera...
Ora isso equivale a dizer que pagámos quase 4,8M€ (16% de 30,7) por 25% de T Costa - ou por outras palavras, que ele valerá 19M€ (ou perto disso).
Custa-me muito a entender que a SAD troque 4 a 5M€ hoje (que muito jeito dariam para outras coisas) por um hipotético lucro futuro nesse "investimento", na esperança de uma venda superior a 20M€, no caso específico de T. Costa. Será por isso que Pinto da Costa se referiu a ele em Dezembro como a "contratação de Inverno"? Avaliado nesse valor, pudera...
Escusado é dizer que uma operação de tal envergadura não teve direito a comunicado oficial, enquanto operações em compras de passe de valor mais baixo (por ex. 60% de Falcao por 3,9M€) já o tiveram. Qual o critério sobre o que é ou não comunicado (se é que existe)? Não se vislumbra qualquer lógica, até porque já tivémos uma contratação de quase 10 M€ (Anderson) cujo valor de aquisição nunca foi comunicado (só ficámos a saber mais tarde depois da venda ao Man. Utd).
De resto os 31 milhões não batem muito certo com o que veio a público (e das 8 operações de compra de passes efectuadas neste período só duas é que foram comunicadas à CMVM - a de 50% de Belluschi por 5M€, e a de 60% de Falcao por 3,9M€ - logo não sabemos ao certo como se dividem os 31 milhões).
Ora se adicionarmos a esses 8,9M€ (e baseando-me em notícias de jornal, não havendo comunicação oficial) uns 4.5M€ por Prediger, uns 2M€ por 50% de Guarin, uns 3M€ por 30% de Fernando, uns 4M€ por 40% de Falcao e 4.7M€ por 25% de T Costa... sobram uns 3.5M€ por explicar.
Parte da explicação (?) reside no comentário no R&C de "encargos aquando da renovação do contrato de Hulk", que foi prolongado por um ano (sem que se comprasse qualquer % do passe). Que "encargos" serão estes não sei; especulo que ou "bónus" ao jogador pela renovação, ou comissão a intermediários (numa operação destas?) - mas não tenho a certeza que estes valores possam ser considerados contabilisticamente como "imobilizado". O aumento de salário não foi concerteza, já que é um custo corrente registrado em "custos com pessoal".
De resto ficámos também a saber que foram gastos 2,4 M€ em comissões a intermediários em operações de compra de passes (uma transparência recente que é de louvar). Mais uma vez, não sei se isso está contabilizado como "imobilizado" (e não FSE) - ou seja, incluído nos 31 milhões - ou não; é bem possível que sim, e a ser o caso os números começam a bater mais certo.
Mas o que é certo é que estas discrepâncias e a ausência de comunicação pública na grande maioria das aquisições de passe joga contra a SAD, já que dá munição à desconfiança de muitos portistas (o dinheiro "que não se sabe para onde foi", como se queixam alguns - de certeza que todos conhecemos portistas que mandam "bocas" do género).
Tenho a certeza que há uma explicação lógica e legítima para as discrepâncias e pontos de interrogação, mas essa falta de transparência acaba por se virar contra a própria SAD pela desconfiança gerada entre muitos adeptos - e não me acredito minimamente que ganhemos qualquer vantagem competitiva em relação aos rivais por não esclarecermos se a compra do jogador X foi afinal por 3, 4 ou 5 milhões.
quinta-feira, 18 de março de 2010
Uma "funcionária" loura e bonitinha
Já eram conhecidas as estórias, nunca desmentidas, dos favores sexuais oferecidos pelo Sporting e Benfica ao ex-árbitro internacional inglês Howard King.
Mas agora ficamos a saber mais.
A propósito da eliminatória entre o SLB e o Marselha, António Boronha, ex-presidente do Farense e ex-vice-presidente da FPF, contou uma estória que viveu, envolvendo o árbitro belga do SLB x Marselha (o nosso conhecido Marcel Van Langenhove), Sousa Cintra, a casa de diversão nocturna 'Elefante Branco', os ex-árbitros César Correia e Alder Dante e uma "funcionária" do SLB loura e bonitinha...
Vale a pena ler. Está tudo aqui, contado pelo António Boronha na primeira pessoa.
P.S. Actualmente com 65 anos, Marcel Van Langenhove colabora com o Anderlecht na recepção aos árbitros estrangeiros que dirigem jogos do clube de Bruxelas nas competições europeias. É caso para dizer que curriculum não lhe falta...
Mas agora ficamos a saber mais.
A propósito da eliminatória entre o SLB e o Marselha, António Boronha, ex-presidente do Farense e ex-vice-presidente da FPF, contou uma estória que viveu, envolvendo o árbitro belga do SLB x Marselha (o nosso conhecido Marcel Van Langenhove), Sousa Cintra, a casa de diversão nocturna 'Elefante Branco', os ex-árbitros César Correia e Alder Dante e uma "funcionária" do SLB loura e bonitinha...
Vale a pena ler. Está tudo aqui, contado pelo António Boronha na primeira pessoa.
P.S. Actualmente com 65 anos, Marcel Van Langenhove colabora com o Anderlecht na recepção aos árbitros estrangeiros que dirigem jogos do clube de Bruxelas nas competições europeias. É caso para dizer que curriculum não lhe falta...
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Relembrando: Azumir, "o Bola de Prata"
“Estamos em Alvalade. Fevereiro de 1962. Faltam 2 minutos para acabar o jogo e o marcador está 0-0. O Hernâni arranca por ali abaixo. Quando se aproxima da área do Sporting, grita: ‘Serafim! Serafim!’ Os lagartos vão ao Serafim mas o Hernâni cruza para o Azumir. A bola bate-lhe na canela e entra! É golo! É golo! Gooooooolo do Poooorto! Gooooooolo! Tudo aos saltos na bancada! Alto, a lagartada não gosta e vira-se a nós! Porrada nos gajos, carago! Ó, vem aí a bófia! Estamos f------! Mas não, carago! O polícia é de Miragaia e vira-se a eles! Porrada nos lagartos! Pooooortooo! A-zu-mir! A-zu-mir! A-zu-mir!”
Foi deste modo efusivo e saltando à minha frente como se ainda estivesse em Alvalade que, mais de 30 anos depois, o Sr. Reis, grande portista e veterano de muitas campanhas, me descreveu aquela inesquecível jornada da época de 1961/62.
O autor do golo da vitória, o brasileiro Azumir, de seu nome completo Azumir Luís Casimiro Veríssimo, nascido em 1935, viera do Vasco da Gama para o F.C. Porto naquela época. Não era um primor de técnica e habilidade, mas “facturava” a bom “facturar”, nem que fosse quase por acidente e com a canela, como naquele fim de tarde de Alvalade. Nessa época tornar-se-ia o primeiro jogador do F.C. Porto a conquistar a “Bola de Prata”, troféu instituído pelo jornal A Bola na década de 50 para o melhor marcador do campeonato português. E durante longos anos, mais precisamente até 1977 e Fernando Gomes, seria o único portista a figurar naquela prestigiosa galeria. Em 1961/62 Azumir marcaria 23 golos. O F.C. P. terminaria o campeonato em 2º lugar, a 2 pontos do campeão, o Sporting, e com mais 5 pontos que o Benfica, que naquele ano se sagraria campeão europeu pela segunda (e última) vez. A equipa era inicialmente treinada pelo húngaro György Orth, entre nós conhecido por Jorge Orth, que falecera subitamente em Janeiro e fora substituído por Francisco Reboredo.
Na época seguinte, sob o comando do também húngaro Janos Kalmar, o F.C.P. terminaria de novo em 2º lugar, desta vez a 6 pontos do campeão, o Benfica. Azumir, esse, voltaria a ser o melhor marcador da equipa, com 17 golos apontados (a "Bola de Prata" seria ganha pelo benfiquista José Torres , “o Bom Gigante”, com 26 golos). A pontaria mantinha-se. Contudo, em 1963/64, os dotes de “artilheiro” do Azumir começavam a empalidecer. Utilizado em apenas 5 jogos, o brasileiro marcaria 3 golos (Jaime, “o Ventoinha”, seria o melhor marcador da equipa, com 12 golos). Otto Glória substituíra Kalmar e o F.C. Porto alcançaria mais uma vez aquele que foi o seu lugar típico na primeira metade da década de 60: o 2º, de novo a 6 pontos do Benfica (de notar que as vitórias valiam apenas 2 pontos). E nessa época de 1963/64 terminava a carreira de Azumir no F.C. Porto. Curta mas memorável. Do Porto partiu para o Covilhã onde ficaria uma época.
Mas o Estádio das Antas ainda voltaria a ser palco de uma façanha do Azumir: numa noite de sábado do mês de Setembro de 1965 disputava-se o desafio da 1ª jornada do campeonato da época de 1965/66. O F.C. Porto, treinado por Flávio Costa, que regressava ao clube oito anos depois da sua anterior passagem pelas Antas, recebia o neo-primodivisionário Barreirense. Na frente de ataque desta equipa surgia Azumir. Num dos resultados mais surpreendentes dessa época o Barreirense venceria por 1-0. Autor do golo? Adivinharam, foi mesmo o Azumir… Mas desta vez, decerto que o Sr. Reis não saltou de euforia…
O Azumir representaria ainda o Barreirense na época seguinte, e jogaria no Desp. Beja em 1967/68. Depois disso, despediu-se de Portugal. Para nós continuou a ser “o Bola de Prata”.
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quarta-feira, 17 de março de 2010
Futebolês do século XXI (3)
O mito do "modelo SCP"
Agora que se perspectiva um apertar do cinto, a inevitável comparação com "o modelo do SCP" (leia-se: aposta em jovens da casa) vem à tona outra vez - invariavelmente de forma depreciativa, fazendo-se a extrapolação explícita ou implícita, mas certamente maniqueísta, de que o aproveitamento de jovens da casa leva invariavelmente ao insucesso.
Mas eu pergunto: isso do "modelo SCP" como uma coisa muito sui generis existe mesmo? E é assim tão diferente do "modelo FCP"? Parece-me claramente que a existir "modelos" de longo prazo nos dois clubes são mais parecidos do que os mais distraídos possam pensar, e que estamos portanto perante um mito.
Eu verifico que o tal "modelo SCP" refere-se acima de tudo ao período 2005-2008 (que foi quando o SCP fez muito menos contratações e por arrasto integrou mais jovens da casa no plantel).
Ora para se compreender melhor isso é preciso recuar um pouco mais: no virar do milénio o SCP fez uma... fuga para a frente, vivendo acima das suas possibilidades "normais". Vieram os Kmets, os Hanuchs, os Tellos, e outros jogadores de milhões, incluindo portugueses "emigrantes de luxo". E verdade seja dita que até tiveram algum sucesso (2 títulos em 3 anos).
O problema é que o KO desportivo no período "FCP Mourinho" junto com o peso desse investimento levou a uma considerável "ressaca" financeira que demorou vários anos a passar (e só recentemente começam a sair dela). Repare-se que no triénio 2001-04 o SCP fez um prejuízo acumulado de uns 50 milhões € - isto era completamente insustentável.
Logo parece-me evidente que nos anos que se seguiram assistimos não a uma política deliberada no SCP de preferir prata da casa a contratações, mas pura e simplesmente a uma solução de recurso devido ao aperto financeiro, não dando para mais.
O problema é que o KO desportivo no período "FCP Mourinho" junto com o peso desse investimento levou a uma considerável "ressaca" financeira que demorou vários anos a passar (e só recentemente começam a sair dela). Repare-se que no triénio 2001-04 o SCP fez um prejuízo acumulado de uns 50 milhões € - isto era completamente insustentável.
Logo parece-me evidente que nos anos que se seguiram assistimos não a uma política deliberada no SCP de preferir prata da casa a contratações, mas pura e simplesmente a uma solução de recurso devido ao aperto financeiro, não dando para mais.
Mais claro isso se torna quando se verifica que mal começou a haver algum fôlego financeiro, lá vieram os milhões investidos em Vukcevics e Izmailovs (e isto apesar de venderem pouco - a propósito, diga-se que se no SCP estivessem mesmo obcecados com o aspecto financeiro, teriam vendido jogadores nos últimos 3 anos - no entanto guardaram Liedsons e Moutinhos, quando até tinham possibilidade de os vender). Repare-se que nesta época contrataram 6 jogadores para o plantel principal, e na anterior 7.
Ou seja, resumindo a mim parece-me que na essência o FCP e o SCP têm seguido uma estratégia similar: ir esticando a corda financeira até onde der, não havendo qualquer alergia no SCP a contratações, ao contrário do mito.
Há também, no entanto, algumas diferenças. A primeira é que no período de "fuga para a frente" o SCP apostou demasiado em jogadores sem perspectiva de valorizar e vender, devido à idade, mas com salário muito elevado: JVP, Sá Pinto, P Bento, Acosta, P Barbosa. Isso foi um erro que na hora do aperto levou a que estivessem limitados no potencial de vendas e os custos sem mantivessem elevados.
A segunda diferença é que de facto a prata da casa do SCP neste milénio tem sido claramente melhor do que a nossa: C Ronaldo, Quaresma, Nani, Moutinho, H Viana, Varela, M Veloso (e mais uns de menor dimensão que até trouxeram uns milhõezitos, como o Vidigal).
A segunda diferença é que de facto a prata da casa do SCP neste milénio tem sido claramente melhor do que a nossa: C Ronaldo, Quaresma, Nani, Moutinho, H Viana, Varela, M Veloso (e mais uns de menor dimensão que até trouxeram uns milhõezitos, como o Vidigal).
Para além de ver no "modelo SCP" um mito, também vejo outro na tal extrapolação de que "aproveitar jovens da casa leva ao insucesso". Não foi por causa da prata da casa que o SCP não teve mais sucesso nos últimos anos... custa-me mesmo a acreditar que alguém pense que foi por causa de terem um Nani, um Moutinho ou um Ronaldo que perderam campeonatos. Eu diria que os perderam APESAR de terem estes jogadores.
O que mais lhes faltou no que diz respeito a jogadores foi "guita" para complementar uns quantos reforços da casa com uns quantos reforços de milhões de fora (fruto acima de tudo da tal "fuga para a frente" do início do milénio). E mesmo assim lutaram pelo título até ao fim ou quase em umas quantas épocas (aliás, um deles perderam à custa de mais um frango na penúltima jornada desse erro de casting que dá pelo nome de Ricado).
Isto para além de outros factores em que o FCP terá sido melhor gerido ao longo dos anos - mas nunca na questão de uma aposta (ou recusa, no nosso caso) deliberada em prata da casa.
Para terminar, os próprios dirigentes do SCP têm ajudado a propagar este mito do "modelo SCP" porque é muito mais confortável pegar em exemplos de sucesso da "Academia" do que admitir aos sócios que andaram a estourar dinheiro a torto e a dinheiro no início do milénio e que não têm (tinham) guita para contratações. Acima de tudo, dá-lhes jeito chamar a atenção para esse sucesso relativo quando os exemplos de claro sucesso nas contratações (mesmo recentes) são raros - quantos dos 13 jogadores contratados no último ano e meio se pode dizer que foram casos de sucesso?
terça-feira, 16 de março de 2010
O diktat do Politburo encarnado
De acordo com uma notícia do Diário Económico, Luís Filipe Vieira enviou, nos primeiros dias de Janeiro, uma carta ameaçadora a Joaquim Oliveira, porque não terá ficado satisfeito com o número de repetições, o ângulo das câmaras, as opções dos realizadores e os comentários feitos no decorrer de diversas partidas transmitidas pela SportTv. Por isso, nessa carta, Vieira avisa o presidente do conselho de administração da Sportinvest, que a atitude do canal desportivo será tida em conta quando chegar o momento de renegociar os contratos dos direitos televisivos (o contrato actual com os encarnados termina na temporada de 2012/13).
Li esta notícia e nem queria acreditar. Desde quando é que o SLB tem a mínima razão de queixa da comunicação social?
Uma coisa é certa, comparativamente com este ex-negociante de pneus, os governantes do PSD e do PS que, nos últimos 30 anos, tentaram condicionar e controlar a comunicação social, não passam de meros aprendizes.
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Um novo pastor para os mais impacientes
Por Miguel Lourenço Pereira (*)
Poucas vezes a vida oferece oportunidades para emendar a mão. Entrar numa encruzilhada acarreta em si dúvidas. Incertezas. Temores. Mas superado o nevoeiro, o que nos espera pode ser mais precioso que o pote de ouro no final do arco-íris.
O adepto portista é pouco paciente por natureza. Todos concordam que o ciclo de Jesualdo Ferreira chegou ao fim. Uns que já tinha chegado há muito. Outros, pura e simplesmente, que o ciclo nem devia ter começado. A realidade é que o actual técnico entra no restrito lote dos treinadores que mais tempo se sentou no banco azul e branco. Três anos. Uma ninharia. Para nós, portistas, uma imensidão. O futebol é um jogo de paciência para impacientes. Tanto nas vitórias como nas derrotas. É habitual caminhar pelo Dragão e ouvir adeptos falar de final de ciclos com treinadores que nem um biénio levam na casa. Pasme-se. Será uma questão cultural. Lembro-me, por exemplo, de um tal Alex Ferguson. Quando chegou a um decadente Old Trafford, o estádio de um clube que de grande só tinha o nome ganho vinte anos antes, ninguém suspeitava que pudesse mudar o destino do Manchester United do dia para a noite. E tinham razão. Demorou oito anos para ser campeão pela primeira vez. O ano passado somou o seu 11 título. Um recorde. Paciência. Uma virtude difícil.
O futuro desportivo do FC Porto depende grandemente da escolha que a direcção faça para o cargo de técnico. Não me vou meter em questões alheias ao aspecto desportivo. Há, neste espaço, melhores analistas que eu para analisar as contas e posturas da SAD. Mas serão contas sempre a ter em consideração, todos o sabemos. Mas o que é inevitável é o futuro difícil que nos espera. Com o segundo lugar como uma miragem difícil, parece claro que nos vamos ter de habituar à primeira ausência da Champions League pela primeira vez em oito anos. Lembram-se? Eu também. Haverá quem diga que desportivamente o FC Porto estava pior em 2002, quando chegou Mourinho. Discordo. Os títulos enganam. No caso do adepto portista, cegam. Nessa época havia um plantel repleto de jogadores de alto nível. Nem vale a pena nomear quem a memória não esquece. O novo treinador não terá a mesma sorte. Entre veteranos que jogam a contra-gosto, um exército de sul-americanos que tem chegado em formato de “contentor” e jogadores riscados por adeptos, direcção e pelos próprios colegas, o futuro técnico do FCP terá mais de um dilema. Há quase 60 jogadores emprestados. Quantos realmente servirão? Quem, do actual plantel, tem cabeça e maturidade para encarar um futuro sem certezas? E as vendas, esse negócio de risco que se tornou na nossa politica desportiva com os resultados à vista de todos? Sem grandes negócios em perspectiva e com o buraco financeiro que se avizinha não é descabido que a SAD venda o único activo de (real) valor actual do clube: Falcao.
Um tiro no pé que não difere muito do que se viveu no Verão passado. Mas que é possível. Portanto, no meio de tantos problemas, e sem a necessária paciência de os adeptos, que devemos esperar do novo treinador?
Sem avançar nomes por pura especulação, há algo que me parece claro. O novo treinador terá de ter duas características de difícil coexistência. Por um lado, deverá ter o carácter suficiente para se impor e unir um balneário despedaçado. E terá de ser, forçosamente, um potenciador de talentos. Um técnico habituado a trabalhar e lançar jovens. Com paciência para entender os seus erros e sabedoria para os encaminhar na hora certa. Sem dinheiro e com um plantel descompensado, será inevitável recorrer à formação. E, qual pescadinha de rabo na boca, voltamos ao principio. Há realmente oportunidades únicas na vida. O SL Benfica tem estrutura para se aguentar no topo um par de anos e o Sporting pode, perfeitamente, ser uma equipa diferente na próxima época. A competitividade que faltou – e enganou – nos últimos anos parece estar de volta. E isso vai exigir mais de quem precisa de tempo. E paciência. Os adeptos querem títulos. A SAD quer lucro. Só que, em lugar de repetir erros do passado, está na hora do FC Porto mudar de rumo. Apostar claramente numa politica desportiva a médio e longo prazo, onde os títulos são o instrumento e não apenas o fim. Pensar num técnico não só como o mero homem que aposte numa táctica dinâmica, que motive o balneário ou ganhe jogos com substituições certeiras. O novo FC Porto deveria ser, acima de tudo, um clube onde o técnico possa ter tempo e espaço para moldar um projecto ganhador. Uma nova táctica, um novo sistema, um novo colectivo. Uma nova postura pouco habitual neste rectângulo tristonho. Inovadores portanto. Como sempre fomos!
Dedicação, profissionalismo e atitude são exigências obrigatórias. Que seja o tempo a ditar o resto. Talvez seja a hora de procurar alguém capaz de remar nessas águas difíceis, esquecendo as estrelas de balneário e os apupos das bancadas ao primeiro tropeção. Alguém que entenda que a superioridade não se faz só de números. É uma questão de atitude. De raça. E disso entendemos nós!
(*) Durante a infância Miguel Lourenço Pereira cresceu a ouvir as lendas de Artur de Sousa, Hernâni, Pedroto e Oliveira. Viu aos ombros do pai chegar os heróis de Viena ao velho estádio das Antas que seria a sua segunda casa desde os dez anos. Entre noites europeias, visitas regulares aos Aliados e longas tardes de domingo, "doutorou-se" no catecismo portista. Agora, à distância de muitos quilómetros, sofre da mesma forma com que seguia cada lance junto à linha de fundo do novo Dragão.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Miguel Lourenço Pereira a elaboração deste artigo.
Foto: Alex Ferguson com o chairman do Manchester United, Martin Edwards, em 1986.
Poucas vezes a vida oferece oportunidades para emendar a mão. Entrar numa encruzilhada acarreta em si dúvidas. Incertezas. Temores. Mas superado o nevoeiro, o que nos espera pode ser mais precioso que o pote de ouro no final do arco-íris.
O adepto portista é pouco paciente por natureza. Todos concordam que o ciclo de Jesualdo Ferreira chegou ao fim. Uns que já tinha chegado há muito. Outros, pura e simplesmente, que o ciclo nem devia ter começado. A realidade é que o actual técnico entra no restrito lote dos treinadores que mais tempo se sentou no banco azul e branco. Três anos. Uma ninharia. Para nós, portistas, uma imensidão. O futebol é um jogo de paciência para impacientes. Tanto nas vitórias como nas derrotas. É habitual caminhar pelo Dragão e ouvir adeptos falar de final de ciclos com treinadores que nem um biénio levam na casa. Pasme-se. Será uma questão cultural. Lembro-me, por exemplo, de um tal Alex Ferguson. Quando chegou a um decadente Old Trafford, o estádio de um clube que de grande só tinha o nome ganho vinte anos antes, ninguém suspeitava que pudesse mudar o destino do Manchester United do dia para a noite. E tinham razão. Demorou oito anos para ser campeão pela primeira vez. O ano passado somou o seu 11 título. Um recorde. Paciência. Uma virtude difícil.
O futuro desportivo do FC Porto depende grandemente da escolha que a direcção faça para o cargo de técnico. Não me vou meter em questões alheias ao aspecto desportivo. Há, neste espaço, melhores analistas que eu para analisar as contas e posturas da SAD. Mas serão contas sempre a ter em consideração, todos o sabemos. Mas o que é inevitável é o futuro difícil que nos espera. Com o segundo lugar como uma miragem difícil, parece claro que nos vamos ter de habituar à primeira ausência da Champions League pela primeira vez em oito anos. Lembram-se? Eu também. Haverá quem diga que desportivamente o FC Porto estava pior em 2002, quando chegou Mourinho. Discordo. Os títulos enganam. No caso do adepto portista, cegam. Nessa época havia um plantel repleto de jogadores de alto nível. Nem vale a pena nomear quem a memória não esquece. O novo treinador não terá a mesma sorte. Entre veteranos que jogam a contra-gosto, um exército de sul-americanos que tem chegado em formato de “contentor” e jogadores riscados por adeptos, direcção e pelos próprios colegas, o futuro técnico do FCP terá mais de um dilema. Há quase 60 jogadores emprestados. Quantos realmente servirão? Quem, do actual plantel, tem cabeça e maturidade para encarar um futuro sem certezas? E as vendas, esse negócio de risco que se tornou na nossa politica desportiva com os resultados à vista de todos? Sem grandes negócios em perspectiva e com o buraco financeiro que se avizinha não é descabido que a SAD venda o único activo de (real) valor actual do clube: Falcao.
Um tiro no pé que não difere muito do que se viveu no Verão passado. Mas que é possível. Portanto, no meio de tantos problemas, e sem a necessária paciência de os adeptos, que devemos esperar do novo treinador?
Sem avançar nomes por pura especulação, há algo que me parece claro. O novo treinador terá de ter duas características de difícil coexistência. Por um lado, deverá ter o carácter suficiente para se impor e unir um balneário despedaçado. E terá de ser, forçosamente, um potenciador de talentos. Um técnico habituado a trabalhar e lançar jovens. Com paciência para entender os seus erros e sabedoria para os encaminhar na hora certa. Sem dinheiro e com um plantel descompensado, será inevitável recorrer à formação. E, qual pescadinha de rabo na boca, voltamos ao principio. Há realmente oportunidades únicas na vida. O SL Benfica tem estrutura para se aguentar no topo um par de anos e o Sporting pode, perfeitamente, ser uma equipa diferente na próxima época. A competitividade que faltou – e enganou – nos últimos anos parece estar de volta. E isso vai exigir mais de quem precisa de tempo. E paciência. Os adeptos querem títulos. A SAD quer lucro. Só que, em lugar de repetir erros do passado, está na hora do FC Porto mudar de rumo. Apostar claramente numa politica desportiva a médio e longo prazo, onde os títulos são o instrumento e não apenas o fim. Pensar num técnico não só como o mero homem que aposte numa táctica dinâmica, que motive o balneário ou ganhe jogos com substituições certeiras. O novo FC Porto deveria ser, acima de tudo, um clube onde o técnico possa ter tempo e espaço para moldar um projecto ganhador. Uma nova táctica, um novo sistema, um novo colectivo. Uma nova postura pouco habitual neste rectângulo tristonho. Inovadores portanto. Como sempre fomos!
Dedicação, profissionalismo e atitude são exigências obrigatórias. Que seja o tempo a ditar o resto. Talvez seja a hora de procurar alguém capaz de remar nessas águas difíceis, esquecendo as estrelas de balneário e os apupos das bancadas ao primeiro tropeção. Alguém que entenda que a superioridade não se faz só de números. É uma questão de atitude. De raça. E disso entendemos nós!
(*) Durante a infância Miguel Lourenço Pereira cresceu a ouvir as lendas de Artur de Sousa, Hernâni, Pedroto e Oliveira. Viu aos ombros do pai chegar os heróis de Viena ao velho estádio das Antas que seria a sua segunda casa desde os dez anos. Entre noites europeias, visitas regulares aos Aliados e longas tardes de domingo, "doutorou-se" no catecismo portista. Agora, à distância de muitos quilómetros, sofre da mesma forma com que seguia cada lance junto à linha de fundo do novo Dragão.
Nota final: O 'Reflexão Portista' agradece ao Miguel Lourenço Pereira a elaboração deste artigo.
Foto: Alex Ferguson com o chairman do Manchester United, Martin Edwards, em 1986.
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