quinta-feira, 28 de abril de 2016

Uma vez Calimeros, sempre Calimeros


Com que então o SCP queixa-se do número de bilhetes que recebeu para o jogo no Dragão... mas eles não receberam os 5% que ditam os regulamentos? Estão a queixar-se de quê, afinal?

"A título de curiosidade, nos últimos três jogos fora do Sporting para a Liga NOS (Estoril, Restelo e Moreira de Cónegos), as vendas em Alvalade foram, em média, superiores aos 2 500 bilhetes recebidos para o clássico da 32.ª jornada e que correspondem aos regulamentos que determinam 5% da lotação para o clube visitante. Na medida em que, no Estádio do Dragão, a venda é limitada a sócios do Futebol Clube do Porto é com enorme expectativa que veremos qual a assistência do clássico do próximo sábado.

Ah, já percebi melhor...o «problema» afinal é que não lhes fizémos o FAVOR de dar mais bilhetes do que os regulamentos ditam. Mas por alma de quem é que haveríamos de fazer favores aos lagartos? Não preciso de lembrar a postura do seu presidente perante o FCP desde o dia em que foi empossado, pois não? É preciso ter muita lata.

Seus Calimeros, metam lá isto na cabeça: nós não somos o Estoril, o Moreirense ou o Belenenses. Somos o FCP, e em nossa casa mandamos nós. Se hipoteticamente estiverem apenas 10mil portistas no estádio ficando muitos lugares vazios, que seja, mas isso é problema nosso e nosso - era o que faltava termos uma maioria de lagartos na nossa própria casa.

Se pensam que vamos vender a nossa honra e bem-estar a troco de uns 100mil euros extra de receitas de bilheteira que seja, andam muito equivocados. Bicho por bicho, preferimos de longe ter uma mosca ao lado do que um lagarto!

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Da clausula do medo ao amanho de resultados e o Porto em silêncio

O Sporting Clube Farense é um dos históricos do nosso futebol. Presenças europeias, equipas míticas, um estádio com alma própria, representante de uma região onde o futebol sempre teve um papel importante desde os grandes dias do Olhanense na década de vinte passando pelas gestas do Portimonense ou do Louletano. Que um clube assim se venda tão barato é sinal do que vale a moral no futebol português.
Não é novidade que os algarvios há muito decidiram posicionar-se no bando de subserviência do Benfica. Fizeram-no com vários protocolos, da venda dos direitos televisivos, da recepção de jogadores emprestados, etc. No fundo o Farense comporta-se hoje como muitas filiais se comportavam a meados do século passado, um regime de subserviência. É isso que os adeptos do Farense parecem querer para um clube que merecia outra coisa. Azar o deles.

O que não é tanto um problema dos adeptos do Farense, pelo menos em exclusividade, é a vergonha produzida no jogo entre o clube e a equipa B do Benfica. A Academia do Seixal, essa fábrica de produção de talentos mundiais que já é "uma das melhores do mundo", como alguém tentou vender por aí, está a ponto de cair nos campeonatos distritais. Enquanto a primeira equipa funciona bem, a segunda é uma miséria. Futebolisticamente ver um jogo do Benfica B é um autêntico suplicio. Entre que metade dos seus melhores produtos foram vendidos á Doyen para pagar dividas sem quase minutos na equipa principal e a outra metade já foi promovida á equipa A, não sobra nada salvo um ou outro jogador de potencial mediano. O resto é de um nível deplorável e não estranha a ninguém que a equipa esteja na luta pela manutenção. Ao mesmo tempo o Sporting continua consolidado na parte alta da tabela e o Porto B, bem, o Porto B anda a mostrar ao Porto A como se faz, o que não é pouco.

Ora muita gente começou a tremer, a entrar em pânico. Como vender aquela maravilha do século XXI com a equipa a jogar contra o Marialva e amigos semana sim, semana também? Podia o Benfica tapar a vergonha de ter um projecto tão bem vendido na imprensa e sites especializados com a equipa a definhar nos campeonatos semi-profissionais? Obviamente que não.
Era preciso resolver o problema e parte dele ficou solucionado. Como no Padrinho.
Há uma cena no filme original de Copolla em que Brando, magistralmente, relembrar ao cangalheiro a que decidiu ajudar no inicio do filme, que este lhe deve um favor e que está na hora de o cobrar. No filme o favor é deixar apresentável para a família o corpo de Sonny Corleone, baleado sem piedade. Na realidade da Liga de Honra - uma Liga sem Honra - é que o Farense não só se deixe perder como se prejudique ainda mais nas contas pela salvação. Provavelmente com a promessa de um ano no poço com ajuda financeira e uma subida garantida, de alguns trocos a mais debaixo da mesa ou, pura e simplesmente, a troco de nada porque já muito lhe foi dado. O Farense, recorde-se, pode ser um histórico mas até há bem pouco tempo era um histórico cheio de dividas a morrer no deserto.

A politica de empréstimos - que tanto critico e critiquei - criou há uns anos a chamada "clausula do medo", a de tu não jogas e não me prejudicas. Se isso faz com que a equipa rival saía debilitada, problema deles. Surgiu depois de alguns jogadores emprestados não colocarem "toda a carne no assador" nos duelos com as casas mães, o que dava demasiado nas vistas (ao Tozé, felizmente, ninguém lhe explicou isso, como já sabemos). Mas da clausula do medo agora passamos, directamente, ao amanho de resultados. Sim. Amanho de resultados.
As contas são simples. Um jogador emprestado não pode jogar contra o clube que o empresta segundo as regras da competição. O que faz o Benfica? Empresta vários jogadores ao Farense. Não é o único clube. O Farense joga com os outros clubes de quem tem emprestados e não há problemas. Porquê? Porque os emprestados não jogam. E o que faz o Farense contra o Benfica? Coloca em campo no jogo disputado no Seixal a 16 de Março - e que o Benfica ganha por 2-0 - um deles e com isso garante não só a perda de três pontos - a derrota na secretaria - como uma suspensão mais por infringir as leis da competição. Fazem-se de burros os que mandam, contradizendo a politica de comunicação do clube e no final de contas tudo corre bem para o Benfica como explica o TdD muito bem. Com esse resultado o Farense está quase despromovido e o Benfica a três pontos da salvação com quatro jogos - que vão ser muito curiosos de seguir - por disputar.



Ora não basta levar jogos para o estádio do Algarve em vez de serem disputados no Estoril. Não basta corromper meia dúzia de clubes comprando os direitos televisivos para transmitir na BTV. Não basta encher os clubes de emprestados ou comprar jogadores a esses clubes para depois voltar a emprestá-los sem que alguns cheguem a vestir a camisola do clube. Não basta ter um Vitor Pereira onde importa, um Mário Figueiredo onde importava nem sequer basta com controlar os media ou comprar uma bancada inteira de um clube rival para jogar em casa como passará em Vila do Conde. Não, isso não basta. E porque não basta? Porque quando se desce baixo uma vez, desce-se sempre e o Farense pagou o preço de se ter aliado com gente sem escrúpulos que é capaz de amanhar um resultado - nem que seja por omissão uma vez que os delegados de jogo do Benfica sabiam no momento em que Harramiz aparecia na ficha que o jogo estava ganho - para não transformar a sua preciosa Academia numa anedota mundial.

O triste nisto tudo é que nos últimos dias, após a sua eleição, Jorge Nuno Pinto da Costa preferiu apontar baterias a um portista e antigo dirigente do clube como Angelino Ferreira, preferiu voltar a atirar o morto para cima de Julen Lopetegui e Jorge Mendes, preferiu voltar a centrar-se em temas perfeitamente redundantes para a realidade do FC Porto em vez de ter aproveitado todo o tempo de antena para defender o clube de rivais deste nível, denunciando como fez no passado - melhor do que ninguém - este clima de impunidade. O homem que deixou Lopetegui levar com o peso da luta contra o #Colinho, que desde o Apito Dourado tem tido um tom muito mais condescendente com o que antes não tinha medo de catalogar como "Roubos de Igreja", podia começar o seu novo mandato de quatro anos a denunciar esta podre realidade como a do Farense vs Benfica em vez de se preocupar com Angelino, os impostos e Lopetegui. O caminho do FC Porto faz-se para a frente e contra rivais melhor preparados do que nunca. Desviar as atenções e os tiros para os seus em vez de expor os podres dos inimigos reais não é o melhor sinal de que algo vá mudar.

Caro Pinto da Costa, uma reflexão portista. Deixe de um lado os portistas que pensem de maneira diferente e que não deixam, por isso mesmo, de ser portistas e aponte baterias e todas as armas ao seu dispor a quem realmente quer prejudicar a instituição Futebol Clube do Porto. Que tal uma nova entrevista no Porto Canal dedicada exclusivamente a isso e não a disparar a alvos internos ou abrir caminho a sucessões pensadas?

segunda-feira, 18 de abril de 2016

21%

O processo eleitoral finalizado no dia de ontem confirmou a reeleição da lista única apresentada como era de esperar. No entanto, apesar de todos os obstáculos levantados por aqueles que temem o sócio portista e o seu grau de visível insatisfação com o rumo presente, a lista única coleccionou apenas 79% dos votos para a presidência e uns "meros" 74% para o Conselho Superior. Sem concorrência com cabeça visível ainda assim o homem que foi eleito em inúmeras ocasiões por aclamação popular e 99,9% dos votos a favor conseguiu perder 1/5 dos seus seguidores eleitorais. Ontem fez-se história no FC Porto.

A ironia, porque com alguns indivíduos a ironia tem de estar sempre presente, é que mal se acabou o processo de contagem e se divulgaram os números, houve quem saltasse de imediato á primeira linha de batalha para cometer mais um acto desonesto a seu favor. Divulgar o conteúdo dos boletins de voto - mesmo rasurados ou com mensagens de apoio ou em contra - pode ser legal ou ilegal (desconheço os estatutos do clube nesse sentido) mas o que não é, seguramente, é ético. Mas tal era o medo, tal era o pavor de que se começassem a juntar os As mais Bs que foi necessário lançar a mensagem - com o devido eco - de que esses famigerados 21% de votos nulos não eram mais que outra forma de demonstrar amor, carinho e devoção com lemas de "Força Presidente", "Força Porto", "Estamos com o Presidente" como se quem não estivesse a favor de Jorge Nuno Pinto da Costa não tivesse apenas de pegar no seu boletim de voto e colocá-lo na urna.

Não vou chamar mentiroso a Sardoeira Pinto nem a Pinto da Costa, há personagens que se retratam por si sós ao longo da sua vida e não é necessário entrar em qualificativos perjorativos. Acredito piamente que algum que outro boletim de voto tivesse essas inscrições. Também vi - porque muitos sócios portistas quiseram divulgar nas redes sociais a sua insatisfação - muitas afirmações que seguem no caminho oposto. O que é certo é que a ausência de uma lista alternativa - os resultados deixam claro que havia espaço para essa lista e que um nome sério e com um projecto sólido podia ter estado perto dos 30% de votos a favor - gerou nos últimos dias um movimento entre sócios e adeptos que apelavam ao voto nulo, algo que era conhecido por todos no clube. Não estranhará, seguramente, a quem viveu o processo eleitoral, que determinados sócios associados á direcção tenham juntado o seu voto nesse sentido com mensagens de apoio para tentar minorar o grau de contestação. Mais uma estratégia para desviar a atenção e dar a sensação de que todos continuam atrás de um homem que conseguiu desbaratar de forma assustadora uma herança histórica ímpar no futebol mundial. A esmagadora maioria dos adeptos que votaram nulo ontem alguma vez (ou muitas vezes) votaram a favor de Pinto da Costa por isso o que convém á nova direcção - cujo mandato de quatro anos, uma novidade, terminará se se cumprem os prazos em 2020 - entender porque perdeu apoios reais e não apenas tentar disfarçar o sol com a peneira.



O clube, que é gerido de forma que dista muito da ideia democrática de um processo eleitoral, já fez tudo o que era possível para desprezar os sócios que pensam de forma contrária. Quem foi votar ontem - e haverá vários relatos nos próximos dias - encontrou-se com um cenário digno de regimes que em nada têm de democrático. Boletins de voto escuros propositadamente (sempre foram brancos) para dificultar a rasuração necessária para o voto nulo, ausência de possibilidade de votar em branco ou a ausência de mesas de voto obrigando aqueles que não queriam votar a favor - ou seja, pegar no papel, dobrá-lo e deposita-lo na urna sem sair do sitio - a exposição pública diante de todos os presentes como se fosse uma eleição de braço no ar ao bom estilo soviético. A presença, junto dessas mesas de "reflexão" - só faltava uma bica e o jornal - do candidato da única lista a votos é algo sui generis, para dizer o mínimo que se pode dizer neste caso. A utilização das ferramentas do clube como o Porto Canal para fazer campanha, desacreditar qualquer posicionamento em contra e para reforçar o estatuto de liderança solitária - com mais uma entrevista agendada para hoje, sem que nenhum noticiário do clube tivesse sequer mencionado o movimento Acorda Porto ou falado com um sócio que fosse dos que votaram nulo sem declarar o amor eterno ao candidato único, permite entender que o jornalismo independente, como tal, é algo que nas instalações do PortoCanal pura e simplesmente se meteu na gaveta.

No meio de todos esses condicionantes, ainda assim, dos sócios do Grande Porto que puderam votar - os que vivem no estrangeiro, a quem o voto electrónico ou postal está proibido, e os que vivem no resto de Portugal, onde é proibido votar em Casas do Clube, que não faltam pelo país - houve 21% que disseram "Basta". Entre esses haverá de tudo, seguramente. Os que acreditam que o candidato único pode resolver o problema mas tem de acordar. Os que acreditam que o candidato único tem uma última oportunidade. Os que acreditam que o candidato único é o problema. E até os que lhe devotam amor eterno. Seguramente haverá de tudo um pouco. Mas eram 21% dos votantes. O sinal está dado. Quem acredita que o caminho do FC Porto é outro perdeu, com o acto eleitoral de ontem, todas as desculpas para permanecer em silêncio. Quem venceu, por muito que tente o contrário, pode considerar-se avisado pelos donos do clube - os donos de verdade do clube - de que a situação está no limite. Ontem o FC Porto desceu mais baixo do que em algumas das derrotas mais humilhantes que sofreu em campo mas depois de cada tempestade o sol volta a sair. Os raios de luz, tibios, fizeram-se notar. O FC Porto está vivo.

domingo, 17 de abril de 2016

SMS do dia

Hoje é dia de eleições.
Há um movimento que está a solicitar aos sócios a aderência ao #acordaporto.

Foi-nos solicitada a divulgação da seguinte página:
www.acordaporto.com

Os co-autores do Reflexão Portista irão expor a sua opinião, a seu tempo, sobre o acto eleitoral e os desafios futuros do FC Porto.
 

sábado, 16 de abril de 2016

A participação dos sócios

«As urnas abrem às 10.00 e encerram às 22.00, horário de Portugal continental. Os sócios do Benfica poderão votar no Estádio da Luz, em Lisboa, nas Casas do Benfica de Famalicão, Évora, Coimbra ou Faro ou através da Internet, para sócios residentes nas regiões autónomas e estrangeiro
in DN, 27-10-2012

Em Outubro de 2012, o SLB atravessava um período desportivo difícil, após um conjunto de derrotas muito dolorosas (para eles) nos dois campeonatos anteriores – 2010/11 e 2011/12.
Luís Filipe Vieira era objeto de alguma contestação pública mas, apesar disso, a Direção encarnada criou condições para que houvesse uma grande participação dos sócios nas eleições do clube, disponibilizando vários locais de maior proximidade, bem como, métodos eletrónicos de votação.
Assim, para além dos sócios do SLB que vivem na Área Metropolitana de Lisboa e que puderam votar no pavilhão da Luz, os que vivem no Norte puderam votar em Famalicão, os que vivem no Centro em Coimbra, os que vivem no Alentejo em Évora e os que vivem no Algarve em Faro.
Quanto aos sócios que vivem nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira, ou em países estrangeiros, esses puderam votar através do website oficial do clube.

Como resultado, essas eleições do clube da Luz registaram o maior número de sempre de votantes (22676), os quais, para além de poderem votar na(s) lista(s) concorrente(s), também puderam votar em branco (sim, apesar de haver duas listas, 3,15% dos sócios benfiquistas que exerceram o seu direito votaram em branco).


Amanhã vão realizar-se eleições no FC Porto e, lamentavelmente, as condições em que as mesmas vão realizar-se são muito diferentes.

«As eleições para os órgãos sociais do FC Porto efetuam-se domingo, 17 de abril, entre as 10 e as 19 horas. As urnas estarão colocadas na Tribuna VIP da bancada nascente, “Tribuna VIP de Sócios”, entrada pela porta 16 do Estádio do Dragão.»

Ou seja, os sócios do Futebol Clube do Porto que vivem em Trás-os-Montes, na região Centro do país, na zona de Lisboa ou no Algarve, se quiserem votar, terão de se deslocar ao Porto. E já nem falo naqueles que vivem nas ilhas ou no estrangeiro. Não há dúvida que isto é um enorme incentivo à participação dos sócios…

Já agora, na perspectiva da atual Direção, para que servem as dezenas de casas do FC Porto espalhadas pelo país?

Pinto da Costa na Casa do FC Porto de Cantanhede (foto: Paulo Novais, LUSA)

Para o presidente descerrar lápides com o seu nome e discursar nas respetivas (re)inaugurações?
Para justificar o pelouro do vice-presidente Alípio Jorge?
Para encher camionetas e trazer “clientes” aos jogos disputados no Estádio do Dragão?

Relativamente ao boletim de voto e à impossibilidade dos sócios do Futebol Clube do Porto votarem em branco (originalidade que deve ser caso único a nível mundial), o presidente da assembleia geral, Dr. Miguel Bismarck, em declarações esta semana ao jornal Record, referiu o seguinte:

É um pormenor [possibilidade de votar em branco] que, naturalmente, pode ser ponderado numa próxima revisão dos estatutos do clube. Vou oferecer-me para fazer parte da comissão que se formar para proceder a essa revisão, pois é preciso fazê-lo, rever os estatutos e aperfeiçoar o regulamento eleitoral, pois há matérias reguladas nos dois documentos


Não percebo. Era assim tão complicado haver um boletim de voto normal, isto é, um boletim com quadradinhos para os sócios porem (ou não) uma cruz?
E se essa "inovação" implicava rever os estatutos e "aperfeiçoar o regulamento eleitoral", por que razão isso ainda não foi feito?

Há muito boa gente (portistas, claro!) que enche o peito para dizer que temos um estádio cinco estrelas, o primeiro a nível mundial a ter certificação ambiental, que temos o melhor museu de clubes do mundo, que somos os maiores das redes sociais, etc. mas, meus caros, em termos de “devolver o clube aos sócios” e criar condições para uma muito maior participação dos sócios/adeptos na vida do clube, continuamos com os velhos métodos de sempre.

sexta-feira, 15 de abril de 2016

SMS do Dia

Que coisas mais ou menos positivas fizemos nós este ano?


  1. Ganhar dois jogos ao Benfica
  2. Chegar ao Natal em primeiro lugar
  3. Ganhar ao pior Chelsea dos últimos 12 anos
  4. Dar alegrias a muitos clubes pequenos: Arouca, Tondela, Famalicão e Feirense
  5. Dar valor ao terceiro lugar
  6. Proporcionar aos adeptos a possibilidade de ver jogos no Dragão sem grandes multidões
  7. Aumentar o vocabulário de insultos a muitos adeptos novos


quinta-feira, 14 de abril de 2016

Um Presidente que nem o balneário respeita

Houve uma altura em que uma palavra áspera de Pinto da Costa deixava o balneário de calças na mão, a tremer e temer pelo futuro. A palavra do Presidente era lei. E a lei era obedecida, repetida, assimilada e declamada de memória. Eram dias de glória mas também de luta, de champanhe mas também de pedregulhos. Eram os dias de um "balneário á Porto" que respeitava o homem que tinha estado por detrás do renascimento desportivo do clube. De certa forma era uma retro-alimentação. Pinto da Costa, com a sua sagacidade, criava esse balneário mas depois impunha as suas condições. E quando ele falava, todos ouviam e obedeciam. O pacto que esteve vigente tantos anos já não existe. Já não faz sentido.

Hoje o balneário do FC Porto não respeita Pinto da Costa. Não o respeita, pelo menos, como outros balneários o respeitaram, o temeram e o adoraram. Sim, há muitos e muitos jogadores que passaram pelo clube e que adoram Pinto da Costa. Faziam parte dessa cultura de clube e sabiam quem era o vértice central de tudo. E não vale a pena falar exclusivamente nos homens da casa. Basta falar com Deco, com Pepe ou com Derlei, para por alguns exemplos, para encontrar o mesmo discurso. Os jogadores tinham medo de Pinto da Costa quando esteve se chateava mas também sabiam que era o primeiro que estava lá para eles quando tinham problemas. Havia reciprocidade nessa relação. E o FC Porto saía a ganhar. Mas isso hoje já não existe. Pinto da Costa já não convive com os jogadores como noutros tempos. É uma consequência da idade, naturalmente, mas também da delegação de determinadas tarefas. A sua figura tornou-se mais crepuscular. Mesmo jogadores recentes do clube como Sapunaru se deram conta disso e o romeno saiu há pouco mais de quatro anos do clube. Pouco tempo.

Para os que chegam novos, Pinto da Costa é um presidente ausente e com que não existe conexão. Muitos jogadores entram e saem do clube sem apenas trocar meia dúzia de conversas. Tempos houve em que havia jogadores que iam jantar com o Presidente. Nessas reuniões, nessas descidas de Pinto da Costa ao balneário, o convívio nas concentrações, forjou-se muito da identidade do clube. Os futebolistas sabiam que precisavam do Presidente porque era ele que tinha o seu futuro pelas mãos. Era ele quem decidia quem ficava, quem saía, quem ia para onde e por quanto. Pinto da Costa tinha a faca e o queijo na mão. Zahovic queria forçar a saída para o Valência, fazia birra e não treinava? Acabava no Olimpiakos (já havia lei Bosman, já havia empresários, mas com Pinto da Costa ninguém brincava) e aguentava um ano no exílio grego. Era o preço a pagar por desafiar o Presidente e todos os jogadores o sabiam. E por isso o respeitavam. Ouviam o que tinha a dizer e quando este chamava a filas ninguém se atrevia a faltar.



Mas o que significa agora Pinto da Costa para jogadores que têm zero cultura de casa?
Jogadores que sabem que o seu destino depende dos fundos e não de Pinto da Costa? Do seu agente, e não do presidente. Jogadores que sabem que, no dia em que colocam a tinta no contrato, já têm data de saída, joguem bem ou mal. Alguém os colocará e não será o presidente. Muito poucos futebolistas chegam ao extremo de Imbula que chegou a dizer aos familiares que estava no Porto "de férias pagas", porque sabia perfeitamente que o seu futuro estaria sempre noutro lado. Mas muito sentem algo parecido. Ciclos de dois a três anos não chegam, quase nunca, para forjar respeito, carinho e uma conexão, especialmente se rodam todos e não apenas um punhado de futebolistas, como sempre passou. De certo modo o balneário hoje não tem porque respeitar um Presidente que em nada vai condicionar o seu futuro e o seu presente. Houve jogadores que rejeitaram o Porto porque a obrigação para assinar era mudar de empresário. Outros que saíram do clube por isso mesmo. Que respeito se gere a partir de aí? Que profissional que sabe desde o primeiro momento pelo seu agente ou o seu fundo - e quantos jogadores tem o FC Porto a 100%? - que não vale a pena esforçar-se que tudo tem arranjo, vai realmente tomar a sério a peregrina ideia de um casting para 2016/17?

Pinto da Costa quis sacudir a água do capote ao culpar treinador pretérito e o plantel da situação actual e lançou a Operação Triunfo Dragão 2016/17 em que cada jogador tinha seis jogos para mostrar o que valia. Mourinho (não o Presidente) fez isso em 2002 mas com um discurso totalmente diferente (eu sou o treinador, eu decido o vosso futuro e quem não me responder, comigo não joga) algo que Pinto da Costa não pode fazer (nem o treinador está seguro). No balneário seguramente ninguém o levou a sério. Os que sabem que vão sair sim ou sim, riram-se. Os que sabem que vão ficar, sim ou sim (porque os contratos são de longa duração, porque o Fundo exige, porque o empresário é amigo), também. Os putos da formação, que antes teriam tremido por todos os poros, agora sabem que são moeda de troca fácil e que comer a erva já não chega para terem direito a uma oportunidade se outros valores falarem mais alto. Enfim, num plantel de 25 jogadores e mais uns trocos, a imensa maioria estaria a jogar á consola ou a preparar-se para sair pela zona industrial em vez de ouvir o presidente. E os que o ouviram tiveram de contar algumas gargalhadas. Se havia alguma dúvida, o jogo do Tondela desfez isso mesmo. Ninguém se atreveria a não morrer em campo noutro tempo, por outro Pinto da Costa. Agora? Who cares..

Pinto da Costa já não é respeitado nem sequer por aqueles que foram, realmente, durante três décadas, os seus maiores aliados. A Pinto da Costa os jogadores raramente falharam porque lhe deviam tudo e o sabiam. Mas já ninguém deve nada a quem não se sabe dar ao respeito e entrega o clube a um destino que o próprio Pinto da Costa, o de 1982, acusaria de indigno. Os jogadores ligam aos seus agentes, ás marcas que os calçam, aos fundos que são os seus reais donos. Fomos nós que quisemos entrar por esse caminho quando dinamitamos a cultura de clube. Foi Pinto da Costa o padrinho dessa metamorfose. Seguramente houve mais dinheiro para distribuir por todos mas o respeito perdeu-se. Hoje poucos respeitam o FC Porto mas menos ainda respeitam a palavra do seu Presidente.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

O clube onde qualquer treinador se arrisca a ... tramar-se

Enquanto estamos entretidos a discutir a dimensão da responsabilidade do Peseiro - porque o Peseiro é que tem culpa de o Marcano estar sempre lesionado, de o Maicon ser um palhaço, de o Indi ser um flop e do Chidozie só ser titular porque não há mais ninguém - e sabendo de antemão que se alguma coisa correr mal a culpa é apenas do treinador - vide Lopetegui - algum treinador que se preze arriscará (a carreira, actual ou futura, para) treinar o Porto?

Se reivindicar controlo na escolha dos jogadores, já sabe o que o espera, se a coisa der para o torto - daqui a 10 anos, Pinto da Costa ainda vai andar a fazer queixinhas do Lopetegui; se se submeter aos ditames da SAD, arrisca-se a levar com um plantel de pernetas, com 5 jogadores para uma posição, e apenas 1 para outra, além de condicionado por interesses de empresários e cláusulas de utilização (jogos realizados), etc.

Podia ser pior...

segunda-feira, 11 de abril de 2016

A sério?


Mais um jogo miserável do FC Porto. Nova derrota, desta vez em casa do Paços de Ferreira. 

Não há fio de jogo, não há agressividade, não há a procura do golo, não há organização, não há nada. Nada de nada. A equipa está destruída e, apesar de isento de culpas, Peseiro foi (mais) um erro de casting. A tal “estrutura” que era tão elogiada e “vítima do reconhecimento exterior” afinal não foi capaz de encontrar um treinador decente para substituir Lopetegui. O final de época está a ser penoso. E pode sempre piorar.

Não é difícil adivinhar os motivos pelos quais os jogadores do FC Porto se mostram apáticos, lentos, sem ideias e extremamente inseguros. A médica que outrora Mourinho expulsou do Chelsea, Eva Carneiro, esteve este fim-de-semana numa conferência médica em Londres e, entre outras ideias do seu discurso, deixou uma frase interessante: “The relationship with management absolutely affects how ready [players] feel to take on a risk”. Numa tradução livre, disse a doutora que a relação dos jogadores com a “gestão” (edit: leia-se equipa técnica) afecta a forma como eles se predispõem a assumir riscos.

Depois da entrevista dada esta semana por Pinto da Costa ao PortoCanal, em que não só não assumiu por inteiro a responsabilidade pela actual situação do clube, como ainda culpou o ex-treinador de inadaptação e de contratações falhadas e acusou os actuais jogadores de falta de portismo e de carácter, estaria agora à espera que eles “metessem o pé” e dessem tudo em campo? A sério?!
   

domingo, 10 de abril de 2016

SMS do dia

Aguardo com expectativa o candidato Pinto da Costa a posicionar-se contra o presidente Pinto da Costa depois de mais um naufrágio no ocaso de um mandato que mete água por todos os lados. No meio de tanta dualidade, não surpreenderia que o psiquiatra de serviço leve a habitual comissão de 10% e uma percentagem na futura venda milionária do Rafa.
   

Políticos na Direção do FC Porto

Sessão de esclarecimento aos sócios em 1982

Em 1982, descontente com a situação que o clube atravessava, o Eng.º Armando Pimentel fez parte de uma comissão de sócios, a qual dinamizou várias sessões de esclarecimento e apresentou uma lista concorrente à Direção do Futebol Clube do Porto, lista essa que era encabeçada por Pinto da Costa.

Ora, uma das razões de descontentamento e que mereceu inúmeras críticas da parte do sócio Jorge Nuno Pinto da Costa, era o facto do presidente do clube – Dr. Américo de Sá – ser, simultaneamente, deputado do CDS. Daí que, quer durante as semanas/meses que antecederam as eleições de Abril de 1982, quer já como presidente do clube, Pinto da Costa tenha defendido uma rigorosa separação entre o clube e a política, tendo ficado definido que nenhum membro da Direção do FC Porto poderia ocupar cargos políticos.

Por isso, em 1989, quando foi eleito vereador da Câmara Municipal do Porto, o Eng.º Armando Pimentel, amigo de longa data de Pinto da Costa e, segundo o próprio, o mentor da sua candidatura à presidência, teve de deixar a Direção do FC Porto, onde ocupava uma das vice-presidências.


Mudam-se os tempos, mudam-se os interesses, mudam-se os princípios orientadores e em 2016…

De acordo com os estatutos que foram discutidos e aprovados em Assembleia Geral, e em que eu não interferi em nada, foi decidido que os 14 vice-presidentes passavam a seis (…) introduzi um novo setor, que é o do planeamento dos novos projetos e do qual será responsável o professor Emídio Gomes, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte.
declarações de Pinto da Costa, em entrevista ao Porto Canal, 07-04-2016


É normal as pessoas mudarem de opinião sobre diversos assuntos. O que já não é tão normal é as pessoas fazerem tábua rasa dos princípios éticos que as nortearam no passado e, sem darem qualquer justificação, mudarem radicalmente de posição.

O que terá levado Pinto da Costa a convidar um político no ativo, e que ocupa um importante cargo na administração pública, para uma das vice-presidências do Clube?

Pinto da Costa (FC Porto), Rui Moreira (CM Porto) e Emídio Gomes (CCDRN)
na inauguração das novas instalações da piscina de Campanhã (fonte: Porto.)

P.S. Como é óbvio, o que está em causa neste artigo não é o portismo e muito menos a competência do professor Emídio Gomes.

P.S.2 Há muitos portistas que confundem Pinto da Costa com o FC Porto e vice-versa. Eu, infelizmente, tenho idade suficiente para me lembrar do anterior presidente do clube – Américo de Sá. Do que eu não me lembro, é de Pinto da Costa, Sardoeira Pinto, Armando Pimentel, Álvaro Pinto e os outros sócios que, em 1982, fizeram parte da comissão que dinamizou uma lista alternativa à da Direção em exercício, terem sido catalogados de “oposicionistas”, “divisionistas” ou “inimigos do clube”.

sábado, 9 de abril de 2016

Jogadores à Porto: procura-se

..e pronto, ficou o diagnóstico feito pelo presidente: afinal a razão pela qual os resultados foram maus nos últimos 3 anos é porque os jogadores «não são à Porto». Está explicado.

Mas será que está mesmo? Coloco a seguinte pergunta: mas por acaso temos hoje menos «jogadores à Porto» do que nos anos anteriores, em que conquistámos 7 campeonatos num período de 8 anos?

Mas afinal Maxi Pereira, Casillas, Ruben Neves, André André não foram elogiados por Pinto da Costa como «jogadores à Porto»?

Ah, «e os outros do plantel?» Bem, mas afinal isso era muito diferente na era «tri»? Era tudo «jogadores à Porto»? Danilo, Otamendi, Alex Sandro, Belluschi, Mangala, Rolando, James etc eram «jogadores à Porto» que deixavam tudo em campo e não estavam cá a pensar no «salto» para outro clube, ao contrário de Herrera, Aboubakar, Marcano e Cia? Poupem-me.

Desde 2003/2004 que não temos um núcleo considerável de «jogadores à Porto». Pinto da Costa demorou mais de uma década para reparar nisso, se era um problema assim tão grave? Digo isto e por acaso até acho q é um problema para tentar melhorar, mas nunca com a dimensão que Pinto da Costa lhe quis dar e um problema que certamente não explica os resultados dos últimos 3 anos em contraponto aos dos anos anteriores.

Se calhar o maior problema passa por outros lados, digo eu. Se calhar é um problema muito maior que - independentemente de serem jogadores à Porto ou não - o plantel actual seja desportivamente mais fraco e desequilibrado mas custe o DOBRO (salários e passes) do plantel de há 5 ou 6 anos atrás. Como se chegou a esse ponto? Isso é que eu gostava de ver discutido.

Se calhar é também um problema maior que os gastos totais da SAD tenham aumentado a um ritmo muito mais elevado do que as receitas nos últimos anos.

E se calhar é também um problema maior a forma como Pinto da Costa escolhe treinadores. Independentemente dos jogadores, acho que quase todos vão concordar que, na época em que passou pelo FCP, Paulo Fonseca foi mais parte do problema do que parte da solução: e cada vez mais há mais gente que também se convence que o mesmo se aplica a José Peseiro. De Lopetegui nem preciso falar (e é irónico que Pinto da Costa diga que lhe deu demasiada confiança - mais do que aos outros, presume-se - tratando-se de um treinador sem qualquer currículo a nível de clubes e já com uma longa carreira de treinador).

Pois bem, cá eu acho que Pinto da Costa fez essa afirmação não por convição mas sim com dois objectivos em mente: o primeiro e mais imediato, desviar a ira dos adeptos da Direção para com os jogadores (e nem é a primeira vez ou segunda vez que faz isso); o segundo, preparar os adeptos para tempos de vacas magras em contratações (não há dinheiro), «vendendo» aos papalvos a recuperação de emprestados, jogadores da equipa B e contratações de tostões como uma estratégia deliberada de ir buscar «jogadores à Porto»... quando a falta de pilim é a principal razão para o apertar do cinto, senão a única.

Mas pronto, quem quiser acreditar que basta mudar metade do plantel para «jogadores à Porto» e assim passamos a ganhar tudo, está no seu pleno direito, claro. Afinal de contas, também há quem  acredite no Pai Natal.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

A Vergonha (Alheia!)

Pinto da Costa e a equipa de futebol do FC Porto estão em sintonia. Como nos velhos tempos, mas em negativo. Se na segunda-feira os jogadores e staff técnico foram protagonistas de uma derrota que envergonhou a história do clube (o próprio Presidente o afirmou), ontem foi a vez de Pinto da Costa voltar a demonstrar que é uma alma penada sem uma pinga do brio, da garra e da sagacidade para liderar este clube que ele ajudou, e muito, a fazer grande. A entrevista ao Porto Canal, como se esperava, não foi morna. Foi fria como uma manhã da Invicta cheia de nuvens e neblina e com apenas uma mensagem clara, a da incapacidade de Pinto da Costa de fazer auto-crítica e explicar, tirando os chavões da praxe, ao que vem para os próximos quatro anos. O homem que destroçou Portugal com o seu discurso, herdeiro de Pedroto, desapareceu. A sombra que surgiu ontem deu vergonha alheia aos que ainda têm memória e não se deixam levar pelo mito da personagem. Pinto da Costa quer ser o El Cid do FC Porto, ganhar batalhas depois de morto. Alguns, seguramente, ainda verão nele o guerreiro que foi mas a prática demonstra o contrário. Tal como o seu discurso ontem.

Não houve perguntas incómodas. Não pode haver. Quando o entrevistado é, ao mesmo tempo, o "patrão" - indirectamente Pinto da Costa é o "dono" do PortoCanal - só podemos esperar perguntas frouxas, débeis e ás vezes sem qualquer tipo de sentido como apontar aos críticos na bluegosfera uma insatisfação com o contrato da MEO que ninguém entendeu. Se calhar a pergunta estava mal preparada ou a resposta não dava para mais. Quando PdC tinha de ir medir-se aos meios da capital, que sabia rivais, sacava o melhor de si mesmo e era um gozo vê-lo atacar e desmontar o sistema com um discurso fluído, lógico e ganhador. Hoje, a falar como Marcelo Caetano, na comodidade do lar, tudo soa a falso, tudo soa a mofo.

A estratégia era previsível. Pequena moralmente e previsível.
Pinto da Costa sabe que tem de agradar aos fiéis e descarregou outra vez em Lopetegui todos os males da Humanidade. Ou tem fraca memória ou bipolaridade porque o homem que hoje é a encarnação da Besta do Apocalipse era alvo dos mais rasgados elogios há um ano, quando enchia o peito para falar com a imprensa espanhola sobre o "inovador", "profissional", "competente" Lopetegui. Quando elogiava as escolhas do treinador e como a sua capacidade de trabalho tinha permitido sacar um negócio tão rentável como o de Casemiro não ouvi em nenhum lado frases do estilo "eu nem os conhecia". Pinto da Costa é um homem do futebol, um homem que sabe e sempre soube muito de futebol. Se não conhecia os jogadores contratados sob o seu mandato, como Presidente, é grave e está a dar justificação aos que acreditam que já não está com a cabeça no clube e capacitado para os liderar. Mas reclamar que nem sabia quem eram é levar a coisa a outro nível, particularmente porque a esmagadora maioria jogou ao serviço de Lopetegui e, se escolheu o treinador, deve ter visto alguns jogos seus antes para conhecer o seu modelo de jogo. Ou talvez não.
O certo é que agora o problema não é o Ferrari, agora o problema é Campaña - um flop, sempre o disse - num plantel de 25 jogadores dos quais o clube valorizou importantes activos (Danilo, Alex Sandro, Casemiro...) e que foi montado à revelia do presidente para satisfazer o treinador. Das duas uma, ou Pinto da Costa perdeu as faculdades e decidiu, num arreigo de insanidade, abandonar a parcela desportiva à sua sorte e agora sente-se traído ou o caminho do engano voltou, como em Janeiro, a ser a opção mais fácil para agradar à nação portista. Já agora, depois de se ter confirmado que Adrian estava contratado ANTES de ter chegado o treinador - um ano, mais precisamente - continuar com essa lenga lenga é tomar os adeptos do FC Porto por parvos. Mas isso também já não é novidade.


Ficamos igualmente a saber que o Presidente sentiu vergonha como sócio do jogo do Tondela.
Não foi o primeiro nem o pior jogo do FC Porto dos últimos três anos mas é bom saber que o homem parcialmente responsável por esse jogo se sente envergonhado de si mesmo. Ainda que, naturalmente, não o assuma. O que parece mais estranho é exigir agora, a semanas de ir a votos, aquilo que podia ter exigido há um ano e meio quando apoiou seguir o caminho da política de empréstimos. Ou há dois e meio quando tentou pescar em distintos portos jogadores com pouca experiência de exigência. Ou há três e meio quando, directamente, não quis sequer investir num plantel campeão nacional. Exigir agora jogadores com carácter e da casa é fácil, barato e dará votos. Mas como homem detentor do poder, essa decisão não é mais que o resultado das decisões erradas dos últimos anos. Não de um ano que correu mal. De vários. Na altura a luz não abençoou Pinto da Costa com a necessidade de ter jogadores com carácter e que não vejam o FC Porto como clube ponte? É uma pena.

O regresso - já anunciado - de Rafa, de Otávio (culpa de Lopetegui, naturalmente) e de Josué seguem a mensagem anterior e no caso dos dois primeiros são uma boa notícia. Mas fazer tanto finca pé num jogador absolutamente mediano (Sérgio Oliveira e André André já cá estão e fazem melhor figura) é realmente o nível de compromisso e exigência que se quer para os próximos quatro anos? A sério? Fico admirado com a bandeira branca que afirmações deste estilo desfraldam. A ideia da pré-época começar em Abril pode ser racional mas é um insulto ao portismo, um insulto vil. O FC Porto, aquele que admiramos, luta até ao último dia de cada ano, não começa a preparar o seguinte com antecipação ainda que o faça, indirectamente. No discurso populista de mostrar-se como pai zangado com os jogadores, Pinto da Costa vendeu o balneário e o treinador, deixando-os expostos aos adeptos nos próximos jogos nesses castings públicos onde quem for mais assobiado terá menores probabilidades de ficar. Não é assim que se gere um clube profissional mas pode ser assim que se evitam alguns votos nulos. Afinal era para isso que servia uma entrevista onde se falou quase tanto tempo da selecção de futebol - que interessa, realmente, muito ao FC Porto e aos portistas - como da total ineficácia no combate ao #Colinho ou aos poderes instituídos na arbitragem, na Liga e na Federação de Futebol. Onde antes o FC Porto de Pinto da Costa se distinguiu no discurso e nos actos hoje esse mesmo decadente FC Porto de um decadente Pinto da Costa não rosna, mia...e mia fininho.

Pinto da Costa, que não garante a continuidade de treinador e jogadores, que tentou fazer de um acto vil e que deve ser denunciado de meia dúzia de imbecis às portas de sua casa (quem estiver em desacordo que debata abertamente ou vote nulo, não se atacam residências na covardia da noite) um acto de "terrorismo", com a conotação mais triste que a palavra possa ter, e que ainda teve tempo de mandar bocas aos blogues (ao ter falado em anónimos imagino que ainda lhe doam os posts publicados pelo Tribunal do Dragão...porque a maioria dos espaços da Bluegosfera são escritos por pessoas com nome e apelido) disse mais do que uma vez que como sócio que é - e ninguém duvidará do seu portismo - que sentia vergonha da situação e que se candidatava contra a situação actual do clube.


Senhoras e senhores, Pinto da Costa candidata-se contra ele próprio e contestando o seu próprio trabalho. Só ficamos na dúvida se essa contestação contra o estado das coisas é também uma contestação contra os negócios (falou-se no caso de Rúben Neves por alto mas nunca sem mencionar a pequena fortuna que José Caldeira saca do jogador), contra os empresários (o nome do filho e das empresas associadas desapareceu por magia do discurso que se focou em Jorge Mendes), contra o facto de ter familiares directos e de outros membros da SAD a trabalhar nos quadros do clube, se é uma contestação contra o despovoamento de referências no balneário propiciada pela sua gestão, se é uma contestação contra as sucessivas escolhas erradas da sua pessoa dos últimos treinadores desde a não renovação de um bicampeão nacional ou se é uma contestação vazia, oca como o seu discurso.
Perguntas que nunca poderiam ter sido feitas, claro está. Não é preciso ir muito longe para perceber que o tempo de antena tem de ter uma mensagem apenas, a de que o futuro do clube será construído por aqueles que estão contra o presente do clube e que, com as suas decisões do passado provocaram o estado das coisas actuais. Pinto da Costa leu Orwell, seguramente, mas não sabe quem é Campaña. Talvez não saiba também para onde vai, como o seu poema favorito, mas devia saber de onde vem e o que deixa para trás. E que depois de três décadas e meia já não pode dizer, como tanto gostava, "sei que não vou por aí". Porque foi, e essa viagem já não tem bilhete de regresso.
   

quarta-feira, 6 de abril de 2016

A Crise!


O Dragões Diário veio confirmar, oficialmente, que o FCP entrou (ou estacionou) numa situação que o editor enquadrou como sendo de crise.

Sendo assim, torna-se, então, muito importante seguir a atitude e o comportamento da estrutura, face a este momento de ruptura e perda, provocado pela assumpção de políticas e processos, reconhecidamente, inadequados na sua concepção ou aplicação, com especial incidência nos últimos três anos.

Faz parte do glossário tradicional que trata desta coisa das crises, considerar que, desde que uma crise seja bem gerida, pode ser revertida e tornada equilibrada, primeiro, e não  inimiga do crescimento, depois, se bem montados os motores de gestão e de governança. Porém, a crise conduz necessariamente a um aumento da vulnerabilidade e, por isso, representa, necessariamente, um momento de alto risco. Pode, frequentemente, evoluir muito negativamente, quando os recursos estruturais e financeiros estão delapidados e o prestígio dos responsáveis estão diminuídos e em perda acelerada.

O FCP vive há mais de 30 anos sob o comando do seu Presidente que no seu primeiro mandato deixou claro o programa que nortearia toda a sua acção e que, em versão reduzida, definiria assim: total autonomia na gestão do futebol, tendência para auto sustentação das actividades de alta competição, arrumar as finanças, lutar contra o centralismo, crescer e ousar vencer. Os êxitos consolidaram o modelo e os processos. E têm servido ad aeternum. A figura do Presidente passou a servir como  aval de competência. A maioria dos portistas reconhece a sua superior sagacidade  quando superou algumas crises bem complicadas. E, ultrapassou-as  sem muitos danos.

A situação mudou a crer nas manifestações ocorridas ultimamente que, apesar de tudo, não considero tão significativas quanto isso. Mas, ouve-se muita gente profundamente desagradada. Muito mais do que o costume. O Dragão anda quase vazio, não ruge e assobia sem contemplações os da casas. A coesão tem sido abalada, significativamente. A figura do Presidente já não é suficiente como aval. A situação desportiva e financeira é preocupante. O povo portista reclama uma viragem, mas ainda não mexeu a sério no Presidente. E na sua autoridade. Pede-se muito mais uma “varredela” aos maus da fita que a sua destituição.

É este o quadro actual. A equipa está esfrangalhada, a situação financeira é muito complicada, os custos de contexto são enormes e as receitas da Liga dos Campeões estão em risco. E o 'fair play financeiro' é uma ameaça real. Os portistas têm boas razões para andar desalentados, mas acho que uma boa parte ainda não viu o filme todo. Os maus resultados talvez sejam a ponta do iceberg. E se o Presidente é mais contestado do que nunca, como temo que uma mudança caia num conjunto de personalidades que na ânsia de reverter o pecado, mais não faça de que nos encher de uma bondade inócua ou incompetente, vendendo o compromisso de chegar, ver e vencer. Como se bastasse a promessa de fazer diferente e sem os familiares próximos. E fintar os oportunistas e os intermediários. E recuperar a tal identidade que foi perdida. Não creio que haja qualquer piedade se a equipa não ganhar. Seja a quem for que governe. O afunilamento democrático no nosso clube é um facto. E uma dificuldade acrescida no próximo futuro.

O povo portista não deve ser muito diferente dos que habitam outras cores. Face ao actual declínio, fala-se com muito temor do regresso aos anos sessenta. Os nossos principais adversários passaram por períodos semelhantes e não sucumbiram. O pessoal dos anos sessenta mostrou sempre uma grande resiliência. Nunca desistiu e o FCP, com base nesse suporte, soube encontrar o seu caminho.

É isso que temos de porfiar no momento. Encontrar o caminho. Só que o caminho vai correr, nos próximos quatro anos, com os mesmos timoneiros. Não creio que hajam alterações substantivas nas políticas e procedimentos. Nem cortes, relativamente a alguns maus hábitos. A pergunta que fica é se a revolução na continuidade (em curso) vai ser seguida e o suficiente para mudar o estado das coisas. Tudo vai depender do futebol. Não havendo luta eleitoral, vão ser os resultados a definir os comportamentos. Temos a Taça de Portugal e o playoff de acesso à Liga dos Campeões. Em menos de seis meses muito pode acontecer na casa da Dragão. Desportiva e financeiramente. E como estão ligados umbilicalmente. O Presidente tem o maior desafio da sua vida. E tomou-o por espírito de missão. Espero que ganhe para bem do nosso clube. Confesso que penso que o seu contrário estará mais próximo. Espero que os portistas não desertem e vão a jogo. O FCP merece.
   

segunda-feira, 4 de abril de 2016

A Vergonha

A uns dias das eleições fica evidente que o problema não é a ausência de uma lista alternativa. É a presença da lista que se apresenta, sem vergonha, com os últimos três anos de serviço como cartão de visita, com um treinador do mais reles que a história do Futebol Clube do Porto já teve - no antes e no pós Pinto da Costa - e com um plantel sufragado e desenhado pela ausente direcção desportiva que quer ir a votos de forma descarada porque há ainda muito azul que arrancar da camisola até que fique pálida, sem cor.

O FC Porto perder em casa com o último classificado - e um último classificado morto e enterrado na classificação, no seu primeiro ano de 1º Divisão e que há cinco anos era equipa de III Divisão - podia ter sido um acidente de percurso anedótico - triste, mas anedótico - se não fosse o reflexo constante do que tem sido este clube nos últimos três longos anos. Todos eles com treinadores diferentes mas com um mesmo presidente - com letra pequena - e um mesmo responsável da área do futebol - com letra pequena igualmente - a respaldarem esta sequência inesquecível de fracassos. Quando os treinadores passam - são já 4, mais Rui Barros, em três anos, um logro absoluto - mas os problemas subsistem, é óbvio que o problema está noutro lado. Durante largos minutos de jogo, no estádio que já foi um dos maiores fortes do futebol mundial, mandou o Tondela. Quem parecia ter jogadores de terceira divisão - no controlo desastre, na falta de coordenação, na total e absoluta ausência de compenetração - eram os de azul e branco. Três meses depois acabaram as desculpas do tempo, especialmente depois da larga paragem de jogos com as selecções. Quando alguém é incompetente para desempenhar uma função, não há tempo que valha. Felizmente foi a primeira opção, naturalmente, como todos sabemos!

O problema é que, infelizmente, a alguns, a palavra vergonha não diz absolutamente nada.
Por isso vão a votos. Porque não lhes interessa o mais mínimo este clube. Os que sufragarem essa lista devem tê-lo assumido porque não vale, daqui a uns anos, quando jogos como o de hoje se transformarem na regra em lugar da excepção, virem com choramingas e lamentos. Tiveram uma oportunidade para dizer claramente não. Não a aproveitaram. Não se queixem depois. Levantem-se e aplaudam por favor. O Tondela já foi, que passe o seguinte, que aqueles que enterraram os "andrades" para lançar os dragões parecem ter-se arrependido e foram buscar o "andradismo" à cave escondida para fazerem dele a nova bandeira eleitoral.



Do jogo com o Tondela não há absolutamente nada a dizer a não ser que o resultado foi mais do que merecido. Quem ataca tão mal, defende pior e é incapaz de superar uma equipa que já se sabe há semanas de II Divisão, jogando em casa, não merece outra coisa a não ser o mais absoluto desprezo.
Do presente e futuro do FC Porto já muito foi dito. Aqui e noutros espaços atentos da bluegosfera ou por portistas que são apontados como o alvo a abater por indivíduos, newsletters e familiares oportunistas. Tanto faz...Os alertas lançados, os podres destapados, os debates lançados. No campo vive-se o reflexo do que existe fora. Foi assim nos tempos de glória. É assim nos tempos de podridão. E mais podre que este Porto há pouco até que descobrimos que sempre se pode ir um pouco mais longe. E haverá sempre uma nova descoberta por fazer. A derrota com o Tondela - uma frase que nunca passou pela cabeça de qualquer portista de direito e coração azul e branco pronunciar - é o fim da ilusão de um título que ou Jesus - pelo terceiro ano consecutivo - ou o Benfica - pelo terceiro ano consecutivo - vão tratar de disputar. É a derrota definitiva do FC Porto como primeira potência do futebol português, algo que podia ter sido debatido até ao ano passado mas que, face ao que se viveu este ano na Europa e na liga já não é real. É também a derrota epistolar de um modelo de gestão que não se sustenta a não ser nas cabeças delirantes de uns poucos.

Quanto mais dure esse delírio, mais tempo se tardará em voltar á elite. O FC Porto é grande demais para voltar a estar vinte anos no poço como outras gerações de grandes portistas tiveram de suportar. Mas o relógio não pára e três anos já passaram. Faltam apenas dezasseis e há quatro de um próximo mandato que, a ser semelhante - porque havia de ser diferente - do presente elevaria a contagem a sete. Esse é o cenário, tristemente, mais óbvio para o futuro imediato olhando para o plantel que existe, o treinador que existe, a politica de contratações que existe e os directores que subsistem...Sete anos já é um deserto?

Tique, taque, tique, taque...

sexta-feira, 1 de abril de 2016

1 de Abril


Pese embora a data, não é piada, nem mentira - é uma meia-verdade; é um facto que Alexandre Pinto da Costa, não manda no FC Porto... não manda, mas parece que manda.