terça-feira, 31 de maio de 2016

Vergonha Diária


A newsletter enviada diariamente aos sócios que a subscreveram e com o nome "Dragões Diário" publicou, hoje, o seguinte texto:

"Miguéis"
Miguel Sousa Tavares voltou a pronunciar-se sobre a atualidade do FC Porto, enquanto comentador da SIC e, eventualmente, enquanto adepto, porque sócio deixou de ser estatutariamente aquando da última renumeração, em 2015, uma vez que já não pagava as quotas desde 2010. Não deve ter sido a crise ou até a resolução de um banco que o impossibilitou de cumprir o sagrado dever de sócio. Como comentador, MST pode ter muitas opiniões e é capaz de lhe dar mais jeito que sejam variadas para agradar a quem lhas patrocina e que nada têm a ver com o Porto, cidade e clube. Para descanso dos “Miguéis” deste país, os contactos para a contratação do novo treinador, seja ele qual for, estão a ser feitos diretamente pelo presidente do FC Porto, sem intermediários, não havendo por isso lugar ao pagamento de qualquer comissão. Já diz o ditado, quem muito fala, pouco acerta.

Que esta nova velha Direcção não se dá muito bem com a liberdade de expressão, já se sabia há muito.
O que é lamentável - e grave - é que o Clube divulgue publicamente informação sobre sócios ou ex-sócios, e de quando estes pagaram ou deixaram de pagar as quotas. Isto é que não deveria ser estatutariamente permitido.

Lamento que o FC Porto utilize formas de comunicação que extravasam para a restante comunicação social informação que deveria ser do estrito âmbito e privacidade dos associados do FC Porto. É uma vergonha.

Esta Direcção está sempre pronta a atacar os da sua cor que se atrevam a discordar publicamente das suas atitudes e dos seus actos de gestão mas é sempre muito benevolente para com os seus verdadeiros inimigos. Assim de repente, lembro-me das críticas veementes de um director do departamento de futebol ao então presidente Dr. Américo de Sá.
   

sábado, 28 de maio de 2016

A «ressaca» de um portista no estrangeiro

Em tempos como estes, dá vontade a muitos portistas de «desligar» um pouco de tudo o que tenha a dizer com futebol - seja para não lembrar coisas tristes sobre o que se tem passado no nosso clube, seja para não ter que aturar o «bombardeamento» da festa lampiã (festa em que os Media são com frequência os primeiros a fazer de cheerleaders...). Sou o primeiro a admiti-lo (nem tem dado grande vontade de escrever artigos aqui, mas lá vou fazendo um esforço...). Como «desligar», então?

Bem, antes de mais há que assinalar que a situação dos emigrante mudou muito nos últimos 30 anos. Longe vão os tempos em que as notícias de Portugal chegavam de forma esporádica através de conversas telefónicas, ou aquando da visita anual ao país. Hoje em dia a ligação a Portugal é contínua para muitos dos emigrantes (e sou um exemplo como tantos outros): temos as «apps» dos Media portugueses nos smartphones; os sites informativos, blogs e fóruns na Internet; os canais todos da TV Cabo por satélite (para quem quiser subscrever e viver na Europa ocidental); conversas diárias (telefone, Skype, email...) com amigos e familiares em Portugal; as redes sociais (Facebook, ...); viagens muito mais frequentes ao país (muito mais ligações aéreas e muitíssimo mais baratas), e aí por diante.

Ou seja: hoje em dia um emigrante está frequentemente tão bem informado (ou até mais) sobre o que se passa no país, cidade ou clube como muitos que aí vivem. Logo quem quiser «desligar-se» pode tomar medidas que são exatamente as mesmas, seja para quem está em Portugal ou para quem é emigrante: só ver canais de TV portugueses que são «seguros» (por ex Telecine); evitar os sites dos Media portugueses na Internet e redes sociais; evitar ir a cafés frequentados por lampiões (que os há em muitas grandes cidades fora de Portugal), etc.

Mesmo assim, não deixa de continuar a haver algumas diferenças: quem vive em Portugal dificilmente consegue evitar conversas com colegas lampiões no emprego (ou em outras interações do dia-a-dia), ou ser exposto às capas dos jornais nos quiosques e papelarias. Nesse aspecto os emigrantes portistas têm sorte. No que me diz respeito tenho «controlado» com bastante sucesso a exposição a coisas que me deixem mal disposto, muito embora até tenha um ou outro amigo - e até mesmo colegas - lampiões (ou lagartos) aqui na zona.

E para outros emigrantes, como tem sido? Fica o mote dado para a caixa de comentários.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Para quem foram os bilhetes?

«Ontem foram postos à venda os bilhetes para o quarto jogo [da final do playoff da Liga de Basquetebol], marcado para depois de amanhã [sábado, dia 28 de Maio], também às 21h00, e esgotaram logo a seguir. Nos dois jogos vai estar casa cheia, o que garante um forte apoio à equipa. Este jogo, como o de amanhã, terá transmissão em direto no Porto Canal.»
in Dragões Diário, 26-05-2016


Dragão Caixa

Sem contar com a pequena bancada amovível existente do lado poente e que, em jogos de basquetebol, é destinada a atletas dos diversos escalões, treinadores, seccionistas, elementos ligados à Associação de Basquetebol do Porto, etc., o Dragão Caixa tem uma lotação de aproximadamente dois mil lugares. Assim sendo, descontando os camarotes (120 lugares) e os lugares anuais vendidos esta época, para cada jogo devem sobrar cerca de 1700 lugares.
Contudo, é sabido que a Direção do Clube reserva (entrega gratuitamente?) uma parte dos bilhetes disponíveis nos jogos das modalidades para uma das claques do FC Porto (não é por acaso que a bancada Sul do Dragão Caixa é conhecida como a bancada dos SuperDragões).

Resta então saber: Quantos bilhetes foram postos à venda nos sete locais habituais – Loja do Associado; FC Porto Stores ArrábidaShopping, Baixa, NorteShopping, El Corte Inglés Gaia-Porto e Off Season; e papelaria Carlin (Shopping Center Cidade do Porto)?

Não sei, mas gostava de saber. O que eu sei é o seguinte: na FC Porto Store do NorteShopping, os bilhetes que, supostamente, foram postos à venda às 14h00 da passada quarta-feira, esgotaram às 14h20.

Quantos bilhetes se conseguem vender em 20 minutos?
Conhecendo o processo de venda de bilhetes para as modalidades (que implica pedir o cartão/número de sócio, verificar a existência de lugares disponíveis para o sector pretendido, imprimir o bilhete, processar o pagamento), eu diria que conseguir executar todo o processo de venda de um bilhete num minuto será muito bom.
Ora, admitindo que em cada um dos locais de venda se conseguiu, em média, vender 1 bilhete por minuto, como os bilhetes para o 4º jogo da final do playoff da Liga de Basquetebol esgotaram em 20 minutos então, no máximo, terão sido postos à venda uns 140 bilhetes (20 minutos x 7 locais de venda).

Apenas 140 bilhetes?
Para onde foram os restantes bilhetes?
Para amigos de elementos da "estrutura"? Para amigos de amigos? Para quem?
Tem a palavra a Direção do FC Porto se, em relação a este assunto, quiser ser transparente, esclarecer os sócios e não dar azo a especulações.


No último FC Porto x SLB disputado no Dragão Caixa (em 16-03-2016), não faltavam... cadeiras vazias

P.S. O basquetebol portista regressou esta época ao escalão principal, mas nem o bom desempenho da equipa azul-e-branca (em linha com as melhores expectativas) evitou que, nos jogos disputados em casa, o Dragão Caixa tenha estado quase sempre semi-vazio. E até nos quatro jogos dos playoff que já disputou em casa (nos dois jogos contra o Vitória Guimarães, para os quartos de final e nos dois clássicos contra a Ovarense, para as meias-finais), sobraram imensas cadeiras vazias e dezenas de bilhetes para adeptos das equipas adversárias (sim, eu estive lá e vi).
Chegados à final e havendo a possibilidade do FC Porto se sagrar campeão, "milagrosamente" o pavilhão esgotou… quase antes dos bilhetes serem postos à venda!
Ontem como hoje, nada como o cheiro a festa para mobilizar milhares de fãs do basquetebol (por onde andaram nos últimos três anos?) e até para transformar adeptos do futebol em adeptos das modalidades…

P.S.2 [atualização, 23:40] Segundo os serviços do FC Porto, para o jogo 3, disputado hoje à noite, o Dragão Caixa estava esgotado desde o passado fim-de-semana.
Esgotado? Eu não percebo como é que num pavilhão esgotado existem dezenas (centenas?) de cadeiras vazias, principalmente nas duas bancadas de topo (conforme foi perfeitamente visível durante a transmissão televisiva).

P.S.3 [atualização, 23:50] No jogo de hoje à noite, uma das cadeiras que esteve vazia foi a do presidente do clube. De facto, à mesma hora que a equipa de basquetebol do FC Porto disputava um jogo fundamental, Pinto da Costa estava em Nogueira da Regedoura, numa festa com elementos de várias casas do FC Porto.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

quarta-feira, 25 de maio de 2016

A mãe de todas as fugas para a frente

Não estamos habituados a «jejuns» de 3 anos (felizmente!) e sendo assim é natural que os portistas estejam não só muito insatisfeitos como também inquietos e ansiosos para a próxima época que se avizinha. É frequente ouvirmos expressões do género «Para o ano não podemos falhar!». 

E de facto a próxima época deve ser preparada com toda a atenção e um apurado sentido de urgência. Dito isto...

...dito isto, tenho bastante receio que se exagere, apostando-se tudo no curto prazo hipotecando o futuro.

Flashback para o virar do século: o SCP vinha de um longo (longuíssimo) jejum de títulos nacionais e durante uns 2 a 3 anos apostou tudo no imediato, em particular contratando muitos jogadores experientes mas sem perspectiva de encaixes futuros (e isto quando já tinha vários jogadores titulares na reta final da carreira, como Iordanov, Edmilson, Pedro Barbosa ou Rui Jorge), vários deles com enormes salários. Falo de Schmeichel, JVP, Paulo Bento, Sá Pinto, Acosta, Jardel entre outros.

Apesar de tudo lá conseguiram ser duas vezes campeões (embora da forma que todos vimos...) mas foi em boa parte à custa disso que andaram depois outra vez muitos anos a «penar» (aliás, nunca mais voltaram a ser campeões). E isto porque financeiramente «deram o berro», tanto pelos custos elevados como pela ausência de 2 ou 3 jogadores por ano para vender caro de forma sistemática, todos os anos. Um Ronaldo aqui e um Nani ali não chega... Foi isso que levou a uma «aposta na prata da casa» em peso durante vários anos - a falta de dinheiro - e não uma estratégia deliberada.

Ora o FCP não é o SCP. O FCP é mais do que isto. Eu não quero que se aposte tudo na próxima época, hipotecando o futuro (por ex ao endividarmo-nos ainda muito mais, recorrendo a vários anos de receitas adiantadas de uma MEO, etc). Eu não quero ser campeão na próxima época (ou até mesmo nas duas próximas) se o preço a pagar for andarmos depois meia dúzia de anos seguidos em jejum.

Eu quero sim que as condições estejam criadas para podermos ser pelo menos 5 vezes campeões nos próximos 10 anos e para lutar pelo título até ao fim em todas as épocas (se mais do que isso, ainda melhor).

Ora tenho bastante receio que os nossos dirigentes tenham precisamente essa tentação de apostar TUDO no imediato, já que começam a ficar preocupados com a sua «pele» e reputação, uns e outros por razões algo distintas (não me admirava por ex que Pinto da Costa dê prioridade máxima a querer sair em grande do FCP, enquanto outros se preocupam mais em não perder ainda mais «capital» junto dos adeptos tendo vista uma corrida apertada nas primeiras eleições pós-PdC: e outros ainda contam sair junto com PdC e estão a borrifar-se para o pós-PdC). Ainda mais quando tenho assistido a várias fugas para a frente na última década, mesmo quando não se sentiam acossados (que levou por exemplo a que o clube tenha perdido metade do estádio, e a que andemos a pagar mais de 10 milhões/ano em juros da dívida, que explodiu nos últimos 10 anos).

Espero que resistam a essa tentação, que teria forte probabilidade de levar a uma «sportinguização» do FCP. Apostar no imediato sim, mas com inteligência e moderadamente, sem hipotecar o futuro.

terça-feira, 24 de maio de 2016

P.B.E.C.

Nos tempos "quentes" após o 25 de Abril houve uma coisa em Portugal chamada de P.R.E.C.; agora, assistimos no FCP ao P.B.E.C., que é o Processo de Benfiquização Em Curso.

Um processo que começou há já bastantes anos e que se foi acentuando - de forma gradual, mas palautina (aliás, já referi aspectos disso aqui em artigos no passado, com a primeira referência a remontar aos primórdios do RP, já lá vão 8 anos).

Por isto de P.B.E.C. não me refiro à seca de troféus em si, muito embora não deixe de haver certamente uma correlação considerável entre as duas coisas. Não. Refiro-me sim a...

...um clube que começa a tornar-se um cemitério de treinadores, e em que são estes que têm que dar o «peito às balas» sozinhos, até mesmo quando é para falar de assunto fora do terreno de jogo (como o Sistema).

...um clube em que muitas vezes os jogadores dão a clara impressão de pensar que as camisolas ganham jogos, ao ver a forma como entram em campo

... um clube em que adeptos, dirigentes e funcionários abusam de chavões ocos e estéreis (a «mística» no caso deles, o «somos Porto» no nosso)

...um clube que dá a clara impressão de, em várias coisas importantes - como por ex a contratação de jogadores ou treinadores, mas não só - ser gerido «de fora para dentro» e não «de dentro para fora». Seja essam os interesses das Doyens deste mundo, ou dos «Macacos», ou dos Jorge Mendes, ou dos irmãos ou filhos dos administradores e presidente, ou da MEO, etc etc.

...um clube gerido ao sabor do vento aos ziguezagues, em que num ano se contrata um certo tipo de treinador e um ano depois se contrata outro com ideias radicalmente diferentes; em que num ano se aposta forte $$ na contratação de jovens especulando para o futuro (mesmo para posições com «overbooking» de bons jogadores), para no seguinte se apostar antes em imensos empréstimos para tirar rendimento imediato; em que num ano se ignora totalmente a prata da casa, para no ano seguinte dizer que afinal é importantíssima; etc.

....um clube aburguesado na política de comunicação e nos jogos de bastidores.

... um clube com graves fugas de informação (por ex. certas contratações são uma autêntica telenovela na praça pública)

...um clube em que se instituiu a figura oficiosa de «primeira dama» (seja levando a companheira do presidente em comitivas oficiais do clube ao Papa, seja dando-lhe lugar privilegiado na tribuna presidencial, seja mandando bitaites aos jogadores através das redes sociais, seja aparecendo regularmente nas «revistas cor-de-rosa», etc).

...um clube em que adeptos festejam a conquista da 2a Liga com a equipa B como se fosse um grande feito da equipa A.

... um clube em que muitos adeptos se comportam a bem dizer como espectadores de um espetáculo como outro qualquer (ópera, teatro, cinema, etc), e que portanto assobiam ou debandam das cadeiras quando o espetáculo não é de qualidade. Aliás, parece que há uma % não dispicienda de adeptos «das vitórias», principalmente entre os que nasceram depois de meados dos anos 70 (e que se habituaram a ver um FCP dominador).

Sobre o último ponto: penso que muitos «adeptos» deviam meter a mão na consciência, mas... esse problema começa pela Direção, que tem tratado os adeptos há já bastantes anos precisamente como «consumidores de um produto». O apelo e incentivos à participação activa dos sócios e adeptos na vida do clube fora das bancadas é praticamente nulo, para não dizer por vezes negativo - a mensagem que tem passado claramente é que o que interessa é o dinheirinho deles (no merchandising, nos lugares anuais, nas cotas, ...). Ora: se os tratam como «clientes», não se admirem que se comportem cada vez mais como tal.

Para concluir: todos esses pontos são pontos que me habituei a ver no slb (principalmente nas décadas de 80 e 90), mas que hoje em dia vejo mais no FCP. É - acima de tudo - este PBEC que me deixa muito apreensivo para os próximos tempos (até porque um ponto que continua exclusivo do slb é o «colinho»). Mas nada é irreversível... esperemos que quem de direito saiba analizar corretamente a situação e saiba colocar os interesses supremos do FCP acima de tudo o resto. Esperemos que tenham vontade, energia e know-how para tal... e, se eventualmente não tiverem, que saibam dar o lugar a outros.

PS - imagem retirada do excelente site vermelhices.com (extinto, salvo erro)

segunda-feira, 23 de maio de 2016

Chega de Saudade


Chega de saudade
A realidade é que sem ela não há paz
Não há beleza
É só tristeza e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai

Chega. Ponto final. Acabemos com isto de uma vez.
Chega de queixas, chega de nostalgia, chega de "ses" e mais "ses".
Chega de pensar que o passado é sempre melhor que qualquer futuro. Que tudo o que foi feito justifica tudo o que se faz ou vai fazer. Chega de pensar que a saudade controla a vida e que aqueles que no passado foram algo estão destinados a sê-lo para sempre. Porque se continuamos assim, meus caros, é muito simples. O FC Porto, tal como o conhecemos, desaparecerá. Tão simples como isso. E porquê?
Porque, precisamente, o FC Porto histórico foi construído contra essa nostalgia, essa saudade e essa resignação ao passado, ás inevitabilidades, ás guerras internas por dá cá aquela palha. Se estamos na situação em que estamos é precisamente porque nos desviamos do caminho. Todos e cada um de nós fomos tomando parte da progressiva "benfiquização" do FC Porto a tal ponto que hoje quem se comporta como o FC Porto sempre se devia ter comportado - com o plus de controlar uma série de variáveis que, pela sua condição natural, o FC Porto nunca controlou - é o Benfica. Inversão de papéis triste mas expectável. Porque quem dirige o Benfica (e, em menor medida, o mesmo passa no Sporting) é um aluno do modelo Porto, um modelo que estudou a fundo no seu estágio curricular em Alverca e que soube aplicar com manhã. E porque quem dirige o Porto esqueceu-se de que não se pode dar nunca nada por garantido e que o "aburguesamento" da gestão, essa política de que até um macaco é campeão no banco, em que o importante são os negócios e impressionar os jornais estrangeiros com vendas milionárias estava a condenar ao FC Porto a armar-se naquilo que não se pode dar ao luxo de ser, um "Benfiquinha" pretensioso mas sem substância. E depois de três anos chega de uma maldita vez esta espiral de auto-engano. Chega.

Começa a ser fundamental que tanto adeptos e sócios como dirigentes portistas entendam que nem antes éramos tão bons nem agora somos tão maus. Ninguém passa do oito ao oitenta na vida sem que existam motivos por detrás que o explicam. Pinto da Costa não foi um "Deus omnisciente e omnipotente" quando ganhava nem é um analfabeto futebolistico agora que perde. A diferença não está no know how mas sim no trabalho. Ninguém duvida que até há uns bons anos atrás o presidente comia, bebia, dormia e sonhava FC Porto e que essa dedicação e trabalho se plasmava no clube, nos resultados e na forma de gerir a instituição, motivos pelos quais nunca quis ter um director desportivo forte, nem sucessores ungidos nem treinadores mais mediáticos que ele. Enganou-se mais vezes do que gostamos de nos lembrar. Aproveitou - aliás, ajudou a criar mais do que se aproveitou - o caos organizativo num Benfica e Sporting que não estavam preparados para essa metodologia de trabalho á Porto (e que demoraram duas décadas a entender o caminho a seguir) e teve estrelinha com alguns treinadores e jogadores em momentos chave. Mereceu cada título ganho porque trabalhou para cada um deles ao máximo. Agora merece cada uma das derrotas e humilhações acumuladas porque é precisamente o seu desleixo que tem levado o barco ao fundo. Quando se cria um modelo de gestão tão pessoal é fácil entender que só funciona se a implicação for sempre a mesma do protagonista. Quando se começam a delegar coisas em filhos, ungidos e empresários a coisa está condenada a descambar porque nenhum deles come, dorme, bebe e sonha FC Porto. Alguns nem portistas são, querem saber de muitas coisas e o sucesso desportivo do FC Porto não é necessariamente sequer uma prioridade.

Portanto é óbvio entender que depois de três anos de desleixo absoluto (um desleixo que, a ser honestos, vinha de trás mas que foi tapado por Kelvins, Hulks, VPs e AVBs) e um novo mandato sufragado nas urnas, estejemos perante um momento chave: quatro anos mais de desleixo ou quatro anos de ética de trabalho á Porto?

Pinto da Costa não é diferente dos comuns mortais e a idade pesa mas se quis ser reeleito que assuma a exigência física e mental que ser presidente do FC Porto pede e que se comporte em correspondência ou abra o caminho a quem possa. Se quiser agarrar o desafio não tem de encontrar uma fórmula mágica para voltar a vencer. Afinal de contas, em três anos de vazio, quem triunfou em Portugal e a partir de que ideia? Foi por acaso o FC Porto superado por uma espécie de Barça futebolisticamente invencível, com jogadores e treinadores muito superiores e um modelo de jogo impossível de superar? É o reflexo da nossa seca de títulos uma inferioridade futebolística? Não.

O Benfica de Jesus e de Rui Vitória é uma equipa certinha, tacticamente competente, que arrisca pouco, sabe em que campeonato compete e que sabe da importância de ter X jogadores que decidam jogos, atrás e á frente. O reflexo da sua inoperância competitiva nos palcos europeus, a falta da célebre "nota artística" e a ausência de capacidade de atrair jogadores de perfil alto deixa claro que o atraso que existe é perfeitamente resolvido com uma ética de trabalho á Porto implicada a 100% com o clube. Nem Jesus - por muito que o pense - nem Vitória são treinadores superiores que não existam nomes que o FC Porto possa contratar que os superem. O problema foi que depois da saída injusta de Vitor Pereira (que manteve Jesus sempre atrás sem ser uma super-star) o Porto quis contratar três treinadores que sim, eram piores que esses dois e que tacticamente nada trouxeram de positivo ao clube. Não um. Não dois. Mas três. É dose. Sendo Jesus e Vitória treinadores medianos, só se pode exigir a quem dirige o clube que procure alguém tão bom ou melhor. A oferta é amplia mas o bilhete não é grátis. Que os tragam, sim, mas que os tratem como foram tratados Jesus e Vitória nos seus momentos difíceis, com apoio institucional, confiança e respeito. Algo que há anos nenhum treinador do FCP recebe.

Quanto aos jogadores, a situação é idêntica. O grosso do onze do Benfica saiu da sua formação, jogadores da sua equipa B, ou contratados por tuta e meia ao mercado português. Gaitán só vai sair agora, ninguém viu Rui Costa a dar entrevistas sobre "ciclos de três anos". Chegou ao mesmo tempo que Vilas-Boas. Se tivesse chegado ao FCP já tinha saído há muito tempo. Jonas chegou grátis e sem comissão a pagar. Decidiu duas ligas. Nunca teria sido contratado. Slimani andava escondido no radar de meio mundo, Ghilas é que era o "homem". João Mario, Adrien, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Lindelof, Ederson, Gelson, são tudo produtos da formação. Quanto foi preciso para dar oportunidades a André Silva? Onde andam Rafa, Gonçalo e onde andarão Francisco Ramos, Victor Garcia, Verdasca e afins? 
Não há uma formula mágica, apenas recuperar a mesma ideia que nos fez grande. Uma ideia que está tão actual que os presidentes que querem imitar Pinto da Costa em tudo decidiram colocá-la em prática e tiveram resultados positivos nessa abordagem. Menos vendas milionárias? Menos entrevistas ao El Pais? Sim, mas os seus clubes agradecem.
Não é assim tão dificil deixar de parte esse negócio cinzento por uns meses para ajudar o clube a voltar aos eixos, quero pensar. Mas é preciso ter essa ética portista que desapareceu.

Ao FC Porto restam-lhe apenas dois caminhos. O que está a percorrer que significará pura e simplesmente a dilapidação de trinta anos de história, a venda de jogadores que são fundamentais desportivamente e emocionalmente para ir buscar mais futebolistas comissionados, beneficiando-se dos milhões que vão entrar agora via contratos TV para viver as últimas horas de uma festa que se prolonga á anos...ou voltar a ser, pura e simplesmente, FC Porto. E ser Porto é tudo menos um chavão, é tudo aquilo que os nossos rivais querem e estão a tentar ser - com êxito - e que nada nos impede que voltemos a ser sempre e quando haja a vontade para isso mesmo. Vontade de lutar pelo clube nas batalhas fora de campo (onde o desleixo foi, quiçá, maior) e recuperar dentro dele uma ideia de clube que não só funcionou durante trinta anos como continua a funcionar, mas a sul, com os inevitáveis ajustes aos dias de hoje. Não parece ser uma escolha difícil. Chega de saudade e chega de pensar apenas no passado e no que trouxe. Há muito para ganhar, haverá muito Porto pos-PdC, pos cada um de nós. O importante é não ter de voltar a começar do zero. O importante é deixar de ter saudades do que se ganhou e trabalhar para o que falta ganhar!

domingo, 22 de maio de 2016

É uma injustiça…

Acho que fomos muito melhores do que o Sporting de Braga. Não tivemos sorte. Em dois lances em que foram à nossa baliza conseguiram fazer dois golos. Até aí, e depois disso, não tinham criado, nem criaram, qualquer situação de perigo em todo o jogo. Nós fizemos uma excelente segunda parte, criámos várias situações. Fizemos 27 remates e eles dez. O resultado é injusto, não ganhou a melhor equipa. Queríamos ganhar, esperávamos ganhar, fizemos tudo por conseguir, mas não tivemos sorte.
José Peseiro, no final do jogo de hoje


Penso que nenhum portista ficará surpreendido, se esta final da Taça de Portugal tiver sido o último jogo de José Peseiro como treinador principal da equipa A do FC Porto. O contrário, parece-me, é que seria muitíssimo surpreendente.

Ora, se há um traço comum nas muitas derrotas que o FC Porto acumulou durante os últimos quatro meses foi, no final desses jogos, ouvirmos o sucessor de Julen Lopetegui lamentar-se da falta de sorte e das injustiças deste mundo…

Por isso, com um toque de simpatia pelo homem e antecipando o adeus do treinador José Peseiro ao FC Porto, aqui vai…



Portismo na RTP Memória

Ontem, a RTP Memória transmitiu a final da Taça da Portugal da época 1997/98, a qual foi disputada entre os mesmos dois clubes que, hoje à tarde, irão pisar a relva do estádio do Jamor.



O FC Porto ganhou essa final por 3-1 mas, mais do que recordar alguns jogadores de top que vestiam a camisola azul-e-branca – Aloísio, Doriva, Zahovic, Sérgio Conceição, Mário Jardel, Drulovic – ao rever essa final tive saudade do PORTISMO que se respirava naquela equipa.

PORTISMO que era sentido por vários jogadores que foram titulares (Secretário, Aloísio, Paulinho Santos, Sérgio Conceição), por jogadores que foram suplentes (Jorge Costa, Rui Barros, Capucho), pelo treinador principal (António Oliveira), pelos treinadores-adjuntos (Joaquim Teixeira e André), pelo preparador físico (Hernâni Gonçalves), pelo fisioterapeuta (Rodolfo Moura), pelo dirigente que se sentava no banco (Reinaldo Teles) e pelos dirigentes do FC Porto que estavam no camarote.

Sentia-se um ambiente de PORTISMO generalizado que, por si só, não ganha jogos, mas ajudou a equipa a aguentar a vantagem mínima no marcador, mesmo tendo sido obrigada a disputar 1/3 dessa final com menos um jogador (devido à expulsão do defesa-central João Manuel Pinto, ao minuto 62).



Hoje, horas antes de uma nova final entre o FC Porto e o SC Braga, gostava de poder dizer o mesmo, que se sente e respira um ambiente de PORTISMO no balneário, dentro das 4 linhas, no banco de suplentes e na tribuna de honra.
Gostava, mas acho que estaria a mentir.


P.S. Uma eventual vitória no jogo de hoje, como todos (portistas) esperamos, não salva uma época que foi horrível e em que se bateram vários recordes negativos. Contudo, será um importante passo na “pré-temporada” em curso e um trampolim para uma época 2016/17 que todos queremos volte a ser à Porto.

sábado, 21 de maio de 2016

O grande negociador


Segundo a imprensa lisboeta, o FC Porto terá exercido nas últimas semanas grande pressão sobre o treinador do Sporting, Jorge Jesus, para que este viesse treinar o clube na próxima época.


Mas, caro leitor, há mais. O Reflexão Portista está em condições de revelar, com base nas suas fontes, que além das ofertas acima enunciadas pela imprensa, Pinto da Costa propôs ainda a Jorge Jesus (e ao Sporting) o seguinte:

  • - A Banca credora perdoaria toda a Dívida do Sporting de uma só vez;
  • - A Torre dos Clérigos seria rebaptizada Torre do Jorge Jesus;
  • - Os sócios do FC Porto teriam de assistir aos jogos no Dragão mastigando volumosas chicletes;
  • - O prémio para o segundo lugar no campeonato seria de 25 milhões de euros;
  • - Portugal conseguiria fechar o ano 2016 com um défice abaixo dos 2%;
  • - A famosa Francesinha passaria a denominar-se Jorginha;

E nem assim...

O presidente sportinguista Bruno Carvalho, possuidor de ímpar capacidade negocial, falou com o cobiçado Jorge Jesus e, mediante um aumento de apenas 20% no ordenado, convenceu o treinador a renovar o contrato com o Sporting. Não é para quem quer, é para quem pode.
   

terça-feira, 17 de maio de 2016

À espera do Messias

Jorge Jesus, futuro treinador do Porto - se não for na próxima época, será na seguinte ou depois - descobriu há poucos dias, e da forma mais difícil, que saber muito de futebol - ser um "catedrático" - ajuda mas não garante nada. 

Embriagado pelo seu próprio sucesso, o "Chiclas" julgou que conseguia ser campeão em qualquer clube, em quaisquer condições - enganou-se. Para citar uma das frases do Pinto da Costa preferida dos "lampiões" - a frase é atribuída ao Pinto da Costa, mas se realmente a proferiu ou não, é questionável (e referia-se ao Mourinho) - "o Jorge Jesus não ganhou sozinho"; o que não é uma surpresa para ninguém, excepto para o próprio Jesus, que pensou que na sua mudança para Alvalade, levava para além da sua equipa técnica, e os "segredos" da equipa do slb, também o Bruno Paixão, o Jorge Ferreira, o João Capela, o Artur Soares Dias, o Vítor Pereira e demais pandilha. Da mesma forma, não lhe ocorreu que quem viesse atrás, teria direito às mesmas benesses - podem ter tardado, pois à 14ª jornada, ainda "chorava" o ladrão de camiões: "o mais estranho é que o líder dos árbitros é o mesmo da última época", i.e. as pessoas são as mesmas, porque é que no ano passado houve colinho e este ano nada?

Ele está no meio de nós

Desconheço qual é o plano da SAD do FC Porto, para a próxima época ou para as seguintes, ou se há sequer algum plano para além de manter treinadores a prazo, até que finalmente se consiga o almejado Jorge Jesus - a famosa "estrutura", que possibilitava a qualquer treinador ser campeão, não vê agora outra saída que não seja apostar tudo num treinador (que a salve) - e mais por uma questão de emoção, porque o Pinto da Costa adora o Jesus, e não por razões objectivas como a inequívoca qualidade do mesmo. Certo é que ter Jesus não é garantia de nada, e se a SAD tem intenção tirar o Clube do buraco (em que o meteu), vai de mostrar mais qualquer coisa do que depositar esperanças n'O Salvador.
   

domingo, 15 de maio de 2016

Prendem as formigas, ignoram o elefante...


São mais de uma dezena os detidos neste sábado pela Polícia Judiciária por suspeita de «manipulação de resultados de jogos da II Liga de Futebol» com recurso ao aliciamento de jogadores, anunciou a Procuradoria-Geral da República (PGR).
«No âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público, que corre termos na 9ª Secção do DIAP de Lisboa, realizam-se diligências de investigação em vários pontos do país, tendo sido efetuadas mais de uma dezena de detenções», refere um comunicado da PGR sobre a operação designada «Jogo Duplo».
Sob investigação estão «factos suscetíveis de integrarem crimes de corrupção passiva e ativa na atividade desportiva» envolvendo como suspeitos «dirigentes e jogadores de futebol» e outras com «ligações ao negócio das apostas desportivas», adianta o comunicado citado pela agência Lusa.
Os detidos são suspeitos de «manipulação de resultados de jogos da II Liga de Futebol, com recurso ao aliciamento de jogadores», esclarece a Procuradoria. A investigação é dirigida pelo Ministério Público, o qual tem a coadjuvação da Polícia Judiciária, sendo que o «inquérito encontra-se em segredo de justiça».
Entre os detidos estão quatro jogadores do Oriental. As detenções foram feitas pela Policia Judiciária depois de o clube ter vencido o Atlético por 3-2 no dérbi lisboeta da II Liga.

O Benfica B partia para a última jornada da II Liga em grandes dificuldades e a precisar de uma vitória para não descer de divisão. O presidente da Comissão de Arbitragem, um canalha que dá pelo nome de Vítor Pereira, logo nomeou Bruno Paixão para apitar a recepção do Benfica B ao Freamunde, uma equipa que está na parte superior da tabela e que, à entrada para a última jornada, ainda acalentava a esperança da subida. Começado o jogo, de uma falta fora da área Paixão inventa um penalty que dá o primeiro golo aos da casa. Antes do intervalo marcou outro penalty a favor dos seus e deu o segundo amarelo a Ivan Perez do Freamunde, na segunda falta que este cometeu...

Já se sabia que Paixão é bem mandado e que nunca tem dúvidas quando é para beneficiar os seus e prejudicar os outros. E assim lá conseguiu o Benfica B ficar na II Liga, à custa deste e de outros jogos onde há muito por explicar.


Ao longo desta época na II Liga, e principalmente na sua fase final, o Benfica B está intimamente ligado a situações muito suspeitas:
  • -No jogo da visita ao Farense, clube a quem emprestou diversos jogadores e ao qual comprou os direitos televisivos, o clube algarvio utilizou um jogador emprestado pelo SLB sabendo que não o podia fazer e que perderia o jogo na secretaria. E assim foi, perdeu 2 pontos que hoje dariam para não descer;

  • -No jogo contra o Oriental em 6 de Abril, um dos jogadores ontem detidos (João Pedro) fez um auto-golo num lance "infeliz";

  • -A arbitragem de Tiago Antunes no jogo Famalicão x Benfica B em 10 de Abril.



Ontem a PJ deteve o presidente e o secretário do Leixões, 4 jogadores do Oriental e vários jogadores da Oliveirense numa operação a que chamou Jogo Duplo.
Curiosamente ninguém do Benfica ou do Farense foi detido ou sequer ouvido. Nem sobre eles devem recair suspeitas da Polícia Judiciária e do Ministério Público. Por que será que há um clube de futebol em Portugal que está sempre acima de qualquer suspeita, quer o assunto seja a Porta 18, o telefonema ao Major, os casos de doping, as máfias russas ou as nomeações nas arbitragens?

Já agora, a PJ e o MP podiam analisar também os jogos da I Liga. É que todos os jogos são difíceis mas alguns são mais difíceis do que outros...
   

sábado, 14 de maio de 2016

Vitória no jogo experimental


Um horário pouco conveniente para os sócios que trabalham ao Sábado de manhã. Já entendi que era uma experiência, que ambos os clubes se demonstraram disponíveis para o horário proposto e que este é essencialmente para atender à "internacionalização" e aos "mercados asiáticos". Li as declarações prestadas pelo presidente da Liga explicando que estes horários já são praticados na II Liga e na Liga Espanhola com muito sucesso. Mesmo assim não fiquei convencido. Nunca vi o Barcelona ou o Real Madrid jogarem de manhã... Pelo menos que marquem esses jogos da manhã aos Domingos!

A primeira parte acabou por ser uma boa ilustração daquilo que foi esta época. Uma equipa sem alma e sem garra. Os jogadores boavisteiros foram sempre mais rápidos e ganharam quase todas as bolas divididas. A equipa foi incapaz de realizar uma jogada decente com princípio, meio e fim.

Na segunda parte, em função das substituições, o jogo foi completamente diferente. Danilo ficou a descansar para a final da Taça, mas ficou Layún que marcou um golaço com um remate à entrada da área, após boa assistência de André Silva. Com 2-0 o jogo ficou resolvido e com mais meia hora para jogar.
Agora que o FC Porto já não sai do 3º lugar, curiosamente, os árbitros já marcam os penalties a nosso favor. Dois penalties marcados em duas jornadas consecutivas: que estranho. Brahimi agarrou na bola para marcar a penalidade e fez o 3-0 mas os sócios ficaram zangados porque pediam André Silva.

Mas o André não descansou e continuou a trabalhar conseguindo, em cima da hora, marcar o quarto golo do FC Porto. Isolou-se a passe de Brahimi, contornou o guarda-redes e rematou para a baliza já de ângulo difícil. Um golo merecidíssimo.

"Não foi um golo qualquer. Foi um dos mais festejados dos últimos tempos no Dragão. Uma comunhão entre adeptos e a equipa como há muito não se via. É importante para marcar a despedida de um estádio que viveu uma época traumatizante, e para renovar o espírito dos adeptos"
in Maisfutebol

Falta a final da Taça para acabar esta época que não deixará saudades. Esperamos que Peseiro saiba montar uma equipa capaz de trazer o troféu.
   

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Parabéns à equipa B

A equipa B do FCP conseguiu o feito de ser a primeira equipa B a ser campeã na 2a Liga - estão os jogadores e equipa técnica de parabéns! Isso ainda mais notável é quando na época anterior tinham terminado muitíssimo mais abaixo (nomeadamente na 13a posição).

Sendo motivo de regozijo (dá sempre gosto ver o FCP a vencer), penso que não é de todo caso para embandeirar em arco, e por 3 razões: primeiro porque é um troféu totalmente secundário e não somos lampiões (a propósito, quanto me ri quando há uns anos o slb fez uma enorme festa por vencer a Taça de Portugal chegando ao ponto de vender em grande número cachecóis estampados com «Campeões da Taça»); em segundo lugar, porque o plantel da nossa equipa B custou muito mais do que o de um Chaves (temos investido muitos milhões nos últimos anos em juniores e jogadores para a equipa B); e finalmente - e acima de tudo - porque a equipa B não foi criada para vencer títulos.

O objetivo principal da equipa B é servir de «forno» de talentos para a equipa A, obviamente. Como objetivos secundários temos a oportunidade de 1) dar ritmo competitivo a jogadores jovens, bem acompanhados «em casa», antes de serem lançados às feras a sério, e jogando num estilo de jogo que os preparem para a equipa A; e em menor medida 2) dar ritmo competitivo a um ou outro jogador da equipa A que quase nunca lá jogam ou que vêem de lesão prolongada.

Só depois, mais atrás, vem a classificação. Sendo assim, desde que não desçamos de divisão não há problema.

Dito isto, claro que dá sempre gosto ganhar competições e não deixa de haver uma correlação (longe de perfeita, mas existe) entre a classificação e o valor da matéria prima (que é o que mais interessa). Ou seja: é difícil acreditar q haja muita materia prima promissora se acabarmos no fundo da tabela, e no campo oposto ser campeões dá uma indicação de que há certamente matéria prima interessante e em alguma quantidade.

Esperemos que vários destes jogadores conquistem um lugar na equipa nos próximos tempos. Mais do que nunca, é importante que assim seja, dado o aperto financeiro que aí vem. Para isso todos terão que contribuir: os próprios jogadores jovens (que tenham cabecinha), o treinador da equipa A, o treinador da equipa B (que deve articular o seu trabalho com o treinador principal) e os dirigentes (que terão de resistir à tentação tantas vezes vista de contratar vários jogadores para posições onde temos jovens muito promissores).

domingo, 8 de maio de 2016

SMS do Dia

Ficou claro que a única mala que o Marítimo recebeu, foi do Porto - para pagar aquele desastre futebolístico que dá pelo nome de Marega. E nem sequer teve de entrar em campo.

terça-feira, 3 de maio de 2016

Em tempos de tristezas, a SAD dedica-se à comédia

Mais certinho do que um relógio, saiu mais um comunicado da SAD em reação a uma crítica pública de portistas mediáticos (desta vez foi em reação a um comentário de Rui Moreira no Facebook).

Serve esse comunicado (alegadamente...) para fazer «esclarecimentos» a propósito do projecto «Visão 611» (que Rui Moreira abordou nesse tal comentário no Facebook). Ora dizem eles o seguinte, entre outras coisas:

«O Visão 611 foi um projeto do FC Porto que reestruturou transversalmente o futebol do clube. O conceito foi implementado durante cinco anos [...] A consulta do palmarés desportivo do FC Porto permite facilmente aferir qual o grau de sucesso nesse ciclo e nos anos que se seguiram, merecendo destaque a conquista da UEFA Europa League [...]».

Tendo em conta que o projecto em causa tinha como objectivo «alimentar» a equipa A com boa «prata da casa», temos que concluir logicamente que, para o Conselho de Administração da SAD [Pinto da Costa, Antero Henrique & Cia], o contributo da «prata da casa» foi importantíssimo na conquista da Liga Europa em 2010/11.

....nomeadamente, que os 51mins acumulados pela «prata da casa» nessa competição nessa época (45mins de Ukra e 5mins de Castro), com zero golos e zero assistências, num total teoricamente possível de quase 15000 mins (15 jogos x 90 mins x 11 jogadores em campo)...foram 51mins importantíssimos nessa conquista. Ficamos «esclarecidíssimos»!

Sinceramente: mas será que eles pensam que somos assim tão lorpas?

Recordo que o Projecto 611, que começou em 2006 com grande fanfarra sob "a batuta" de Antero Henrique, tinha como meta objectiva colocar 6 jogadores no núcleo duro do plantel A em 2011 - e de forma sustentada, ano após ano. Tendo em conta que em 2011/12 tínhamos apenas um (e quase nada mudou desde então), foi portanto um enorme falhanço. 

...falhanço ainda mais retumbante quando se constata que quando o projecto foi lançado tínhamos 5 ou mais jogadores «da casa» no plantel A (para não falar dos anos anteriores, em que conquistámos a Taça UEFA e a Liga dos Campeões). Quase que dá vontade de dizer: «Para isso, mais valia estarem quietos».

Bem, porque falhou? Penso que por várias razões: tanto na captação de jovens talentos, como na sua formação e finalmente na integração dos mais promissores na equipa A. A título de mero exemplo, eu diria que o problema passa certamente (também) por isto:

«Porque é que não fiquei no FCP? Bem, porque para assinar para a equipa B tinha de assinar antes um contrato de representação com a Gestifute, e eu já tenho o meu agente americano e não preciso disso"

Declarações de Pusilic em entrevista recente, a propósito da sua passagem-relâmpago pelo FCP em 2015 (isto é, há apenas um ano), onde esteve duas semanas a fazer testes. 

Christian Pusilic é o capitão dos sub21 dos EUA e já leva 11 jogos esta temporada ao serviço do Borussia Dortmund, apesar de ter apenas 17 anos. É um talentoso médio ofensivo, considerado por muitos como a maior promessa americana dos últimos anos.

E é assim

Sem mais comentários ou considerações - qual seria o interesse?...

 (em casa do Jamie Vardy)

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Diferença de tratamento

Após mais uma derrota para o campeonato - este FCP de José Peseiro continua a bater recordes pela negativa... - houve quem comentasse que a sorte do treinador é «não ser espanhol, ao contrário de Lopetegui».

Pois bem: é verdade que a contestação a Peseiro não assumiu contornos extremos, mas parece-me que as razões para isso são bem mais prosaicas e passam por duas vertentes:

1) uma certa «anestesia» dos adeptos vis-a-vis um campeonato em que a nossa posição final está mais do que definida. O desânimo - e até mesmo a indiferença - apoderou-se de imensos portistas, que entraram psicologicamente «de férias»

2) a convição de que Peseiro tem um «prazo de validade» que não vai para além de umas semanas, estando já o seu destino traçado (i.e. fora do FCP). Para quê então «bater no ceguinho», passe a expressão?

Acho portanto errado tentar descortinar nesta diferença de tratamento entre Peseiro e Lopetegui uma xenofobia da parte da maioria dos adeptos (diga-se de passagem que a meu ver mais depressa haveria preconceitos contra um «mouro» como Peseiro do que contra um estrangeiro, no que diz respeito à maioria dos portistas que são do Norte do país). Acho aliás que não só isso é errado, como é até mesmo altamente injusto.

Entre os adeptos há de tudo, claro (incluindo xenófobos), mas temos uma longa tradição no FCP de receber bem quem vem de fora, Espanha incluída. O próprio Lopetegui foi inicialmente muito bem acolhido, tal como o próprio declarou na altura. O problema dos adeptos com Lopetegui (que aumentou de forma gradual) esteve - como sempre no que diz respeito a treinadores - nos resultados e exibições. 

Mas em muito menor grau, houve outro factor que alguns confundem com xenofobia: Lopetegui teve também um problema com os adeptos que passou não por ser espanhol ou estrangeiro, mas sim um espanhol ou estrangeiro que demonstrou bastante «autismo» e arrogância não tendo feito um esforço de adaptação à «realidade FCP» (a forma como os pequenos defrontam o FCP, a rivalidade FCP-slb, o jogo dos Media, etc). Nada mais natural que isso não tenha «caído no goto» dos portistas.