A equipa de basquetebol do FC Porto recebeu ontem o Varese de Itália, para a 5ª jornada da fase de grupos da Taça da Europa da FIBA (FIBA Europe Cup).
FC Porto x Varese (fonte: O JOGO de 15/11/2018) |
O jogo foi disputado num Dragão Caixa com poucos adeptos e o FC Porto perdeu (71-89). Foi a 4ª derrota em cinco jogos para a FIBA Europe Cup 2018/19 e, a uma jornada do fim da fase de grupos, os dragões estão já sem qualquer hipótese de apuramento para a fase seguinte, daquela que é a competição mais fraca do basquetebol europeu de clubes.
Desde 2015/16, após um rearranjo feito pela FIBA, passaram a disputar-se as seguintes quatro competições europeias de clubes (por ordem de importância):
Olhando para a trajetória completa do FC Porto nas competições europeias de basquetebol desta época (2018/19), constata-se que o balanço é muito negativo:
Nizhny Novgorod x FC Porto (fonte: O JOGO de 23/09/2018) |
FIBA Basketball Champions League, pré-eliminatória: 2 jogos, 2 derrotas
FIBA Europe Cup, fase de grupos: 5 jogos, 1 vitória, 4 derrotas
Ora, se nos últimos anos tem sido sempre assim (ou parecido), vale a pena questionar:
Perante o nível atual do basquetebol português e, particularmente, da equipa do FC Porto, para que serve ir às competições europeias?
Supostamente seria para os jogadores “crescerem” e a equipa, como um todo, evoluir. Contudo, não é isso que se tem verificado nos últimos anos.
Mais. A participação nas competições europeias de basquetebol provoca um enorme desgaste, consequência das viagens (algumas longas) e jogos a meio da semana.
Antes do jogo contra o Rilski (na Bulgária), o treinador do FC Porto, Moncho Lopez, fez as seguintes declarações:
“Na Europa, somos obrigados a esforços extraordinários. (…) Tentámos alterar algumas coisas, até no planeamento da pré-época, mas a verdade é que chegaram as duas competições [campeonato e competição europeia] e é muito difícil, está a custar-nos muito. (…) É uma luta desigual para todas as equipas portuguesas. (…) O jogo com o Rilski [na quarta-feira] é exigente, depois na quinta-feira acordaremos muito cedo para viajar todo o dia e regressar ao Porto. Depois na sexta-feira já estaremos a viajar para Lisboa para defrontar o Benfica. Gostaríamos de ter, como as outras equipas têm, cinco ou seis dias para preparar um jogo. Mas a realidade é esta: queremos estar nas competições europeias e somos a única equipa portuguesa presente nas competições europeias. Uma [UD Oliveirense] não está porque desistiu, a outra [SL Benfica] porque não conseguiu estar. Não nos vamos queixar disso, mas é evidente que é um esforço muito grande para nós.”
Em resumo, a participação do basquetebol portista nas competições europeias tem servido para:
- Gastar parte do orçamento da secção (que podia ser utilizado para reforço do plantel) na logística das viagens (bilhetes de avião, transfers, hotéis, refeições, etc.);
- Provocar um grande desgaste nos jogadores, principalmente nos melhores (que são os mais utilizados), com consequências para os jogos seguintes (do campeonato);
- Aumentar o risco de lesões num plantel que, qualitativamente, é curto;
- Deixar, todos os anos, uma má imagem do FC Porto por essa Europa fora.
Por tudo isto, a participação da nossa equipa de basquetebol nas competições europeias tem de ser repensada.
Mas não chega. Todo o basquetebol do FC Porto precisa de ser repensado pela administração do Clube, que para isso foi eleita pelos sócios.
E a reflexão tem de incidir em diversos aspetos - dirigentes da secção, treinador, equipa técnica, jogadores, scouting, equipa B e formação.
O basquetebol portista precisa de decisões, algumas de efeito imediato (época atual) e outras para a(s) próxima(s) época(s). Doa a quem doer porque, a manter-se a inação de quem manda, pode estar em causa a continuidade do basquetebol no FC Porto.
P.S. Nem sempre o basquetebol portista andou pelas ruas da amargura a nível internacional. Lembro-me da época 1999/2000, em que a equipa do FC Porto fez uma caminhada notável até aos ¼ de final da Taça Saporta (à época a 2ª competição europeia de clubes), enchendo várias vezes o pavilhão Rosa Mota. Essa equipa, comandada por Alberto Babo e que que tinha jogadores como Jared Miller, Rui Santos, Paulo Pinto, Nuno Marçal, Fernando Sá, etc., ficou para a história do basquetebol português.
P.S.2 Época 1996/97, pavilhão Rosa Mota, FC Porto x Nobiles (Polónia), 2ª mão dos 1/8 final da Taça da Europa. Um video (do meu amigo Sérgio Gomes) do tempo em que o basquetebol portista enchia pavilhões.