terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Retrospectiva de 2013

Chegados ao fim de 2013, os balanços e retrospectiva do ano na imprensa são tão inevitáveis como as substituições de avançado por avançado aos 85 minutos sob o comando de Paulo Fonseca. O Reflexão Portista (bem, quer dizer... eu) desta vez não conseguiu resistir a entrar na mesma onda e eis aqui alguns destaques, servindo-me de artigos cá do «tasco» como «muletas»... para já, a primeira metade do ano.

Janeiro

O ano começou aqui no RP mais ou menos da mesma forma que terminou, com os adeptos a perguntarem-se para que serve a Taça da Liga, essa competição «zombie» (e isto após com uma exibição pálida e um empate, há um ano em Estoril e agora nos lavabos da 2a circular) e a pedir reforços de Inverno (na altura um avançado, agora extremos).

Também nesse mês o FCP foi ao mercado contratar Izmailov e Liedson, duas passagens muito discretas pelo FCP (o 2o já foi à vida logo no Verão e o primeiro já há algum tempo que parece também já ter ido, embora o seu nome ainda apareça no plantel oficial). Ironicamente passado um ano mais uma vez temos uma aposta num jogador cuja aptidão para a mais alta competição deixe também muitas dúvidas, Quaresma. Esperemos que desta vez corra melhor... No sentido inverso, Iturbe deixava o plantel por empréstimo, tal como Rolando.

O mês também foi marcado por um slb - FCP que terminou em empate (para não variar, com o FCP prejudicado pela arbitragem) o que deixou tudo em aberto no campeonato e sossegou (um pouco, mas sem convencer...) os adeptos mais inquietos com o treinador.

Finalmente: em Janeiro já Herrera falava como jogador do FCP, mostrando vontade em usar o clube como trampolim para vôos mais altos. Bem, ou começa a atinar ou então o trampolim ainda acaba por funcionar ao contrário...

Janeiro foi também o mês em que o RP festejou o seu 5o aniversário. Após quase 4 milhões de visitas e 4,000 artigos, constatámos que valeu a pena!

Fevereiro

Após um balanço muito positivo após as férias de Natal (8 vitórias, 3 empates e 0 derrotas nos jogos disputados até fim de Fevereiro, com muitos golos marcados e poucos sofridos) a contestação a VP baixou de tom e via-se mesmo quem comparasse o FCP ao Barcelona. No entanto um percalço inesperado contra o Olhanense no Dragão pelo meio serviu como chamada de alguns adeptos à Terra, fazendo antever mais dias de sofrimento até ao fim da época.

Também neste mês tivémos aqui no RP a conclusão de uma série de artigos sobre possíveis sucessores a Pinto da Costa, pensando no futuro - tema que naturalmente terá as suas iterações mais lá para a frente.

Março

O mês foi acima de tudo marcado pelo afastamento da LC nos 1/8s de final por um adversário inferior, deixando grandes amargos de boca entre os adeptos, tal como 2 empates seguidos nos jogos fora para o campeonato (em Alvalade e Funchal) que deixaram as coisas mal paradas também no campeonato. O jogador que mais se destacava na altura era Mangala, que tem andado mais apagado na presente época.

Como é habitual no RP as modalidades não foram aqui esquecidas, e na altura congratulavamo-nos que o clube passasse a ficar com mais dinheiro das quotas. No entanto pouco depois ficou-se a saber que afinal a SAD ia «tirar com mão esquerda» o que tinha «dado» com a mão direita, tendo sido pois sol de pouca dura.

Abril

Nesse mês tivémos apenas 5 jogos oficiais, com 4 vitórias nos jogos disputados no campeonato (o que nos mantinha na corrida pelo título), mas infelizmente com um slb que não facilitava, em boa parte devido a Lima. A boa performance deste último contrastada com a inocuidade de Liedson levou na altura a reflexões sobre os critérios de contratação da SAD. Mas também outros factores os ajudavam, incluindo religiosos, entrando a expressão «roubo de capela» no léxico português pela primeira vez nesse mês.

No outro jogo disputado em Abril fomos eliminados da Taça da Liga de forma inglória (depois de já estarmos fora da Taça de Portugal desde Nov, eliminados pelo mesmo SC Braga), o que levou mais uma vez a que a competência de V. Pereira fosse questionada.

Finalmente, a «telenovela» Fernando fazia na altura notícia, telenovela que passado 9 meses parece continuar ainda em exibição... 

Maio

Maio foi o mês «K», de Kelvin, num momento que ficou imortalizado no (recentemente inagurado) Museu do FCP e que foi para mim e muitos outros dos mais saborosos de sempre. E «saboroso» não pelo significado objectivo em si (afinal de contas já vi o FCP ganhar imensos campeonatos e várias competições mais importantes) mas por todo o contexto em que aconteceu, quando já poucos acreditavam na revalidação do título e sendo o jogo contra o rival e já nos descontos (ao 91o minuto de jogo). A festa foi de arromba, em Portugal e fora dele.

O mês não haveria de chegar ao fim sem a venda «2-em-1» bombástica de James e Moutinho, mais cedo no defeso do que é habitual (aliás, a época ainda nem sequer tinha acabado); e sem que a especulação comecasse sobre a melhor solução para a mais que provável saída de V. Pereira, saída que deu «pano para mangas» nas semanas (meses?) que se seguiram.

Junho

O mês (tal como o anterior) ficou marcado à partida por uma mistura de triunfos e dissabores nas modalidades e escalões jovens, mas o grande tema do mês foi - como não podia deixar de ser - a substituição de treinador, uma decisão que entusiasmou alguns adeptos mas também deixava bastantes adeptos apreensivos começando por autores do RP, tanto antes como depois de P. Fonseca ter sido anunciado.

De forma mais egoísta, o mês foi também marcado pelo sucesso do 2o encontro de blogues portistas.

(continua)

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Bem me quer, Mal me quer

14’: Slimani, o ponta-de-lança dos calimeros, provoca o contacto e choca contra Maicon, que tinha a posição ganha, deixando-se cair na área portista. Evidentemente, Olegário Benquerença não foi na cantiga (não tinha ficado mal um cartão amarelo por simulação) e mandou seguir. O pior veio depois quando, perante o protesto de Danilo, Slimani reagiu intempestivamente, empurrando o defesa-direito do FC Porto pelo pescoço.
Aparentemente, nenhum elemento da equipa de arbitragem terá visto este comportamento grosseiramente antidesportivo e ficou um amarelo avermelhado por mostrar ao argelino do sporting.

28’: Danilo comete uma falta banal, perto da área do… sporting. O árbitro, vá lá saber-se porquê e debaixo do aplauso entusiástico dos dois comentadores da Sporting TV… perdão, da TVI (Pedro Sousa, um ex-diretor de comunicação do Sporting e Dani, um ex-jogador leonino formado na Academia), decide mostrar o primeiro cartão amarelo do jogo.
Como se não bastasse o exagero da mostragem do cartão, ainda por cima Benquerença engana-se no destinatário e mostra-o a… Carlos Eduardo.

63’: Entrada brutal de William Carvalho às pernas de Silvestre Varela, sem nenhuma intenção de jogar a bola e apenas com o objetivo de parar um contra-ataque perigoso do FC Porto.
Em vez do cartão vermelho, Benquerença limitou-se a mostrar um amarelo ao anunciado futuro trinco da Seleção (perante o silêncio envergonhado dos comentadores da Sporting TV… perdão, da TVI).

82’: O defesa esquerdo do sporting, Jefferson, empurra Varela com o jogo parado. Varela reagiu e os dois jogadores crescem um para o outro.
O árbitro, em vez de resolver a situação do modo habitual, mostrando um cartão amarelo a ambos os jogadores, limitou-se a penalizar o jogador do FC Porto, deixando impune o do sporting, que foi quem provocou o comportamento incorreto. Desta vez, até os comentadores da Sporting TV… perdão, da TVI, ficaram admirados.

84’: A coroar a sua “fantástica exibição” em termos disciplinares, Benquerença expulsou um jogador do FC Porto, Carlos Eduardo, por acumulação de amarelos. Muito bem, mais uma vez num desafio disputado em Alvalade, os dragões não conseguiram terminar com 11 jogadores…



O JOGO, 30-12-2013
Perante a enorme dualidade de critérios, em termos disciplinares, evidenciada por Olegário Benquerença e óbvia proteção aos jogadores da casa, o que disse Paulo Fonseca na conferência de imprensa, quando diretamente questionado sobre a arbitragem?

Não podendo fugir à pergunta, lá disse que “a nossa contestação não foi tanto em relação à expulsão, antes pelo facto de o árbitro ter cometido um erro ao mostrar o primeiro cartão ao Carlos Eduardo”, isto dito de forma calma, num tom de voz baixo e quase pedindo desculpa. Enfim, é o que temos…

domingo, 29 de dezembro de 2013

"Gigante" Fabiano, em grande

Fabiano, Sporting x FC Porto (fonte: Maisfutebol)

Após os generosos 7 dias de férias concedidos ao grupo de trabalho, que vários jogadores portistas aproveitaram para "desligar" do frio futebol português e ir passar um Natal quentinho do outro lado do Atlântico, este Sporting x FC Porto foi um excelente treino e um bom teste (para vários jogadores), efetuado no razoável relvado do estádio de Alvalade.

Comecemos pelas coisas boas.
A exibição concentrada e personalizada do "gigante" brasileiro (mede 1,97m) que ocupou o lugar de Helton, o qual revelou grande qualidade em praticamente todas as intervenções (e foram muitas), várias das quais decisivas para manter a baliza portista inviolada.
Fabiano precisa de aprimorar o jogo com os pés e, naturalmente, de jogar mais vezes para ter ritmo de jogo, mas os adeptos portistas podem ficar tranquilos porque, quando chegar o dia, tudo indica que já temos uma boa alternativa para Helton.

Quem também se exibiu a um nível elevado foi a dupla de centrais (particularmente Mangala) e Fernando, apesar do malfadado duplo pivô que Paulo Fonseca insiste em impor à equipa, diminuindo o raio de ação, à frente do quarteto defensivo, daquele que é o melhor médio defensivo do futebol português.

Quanto a aspectos negativos, a lista seria extensa mas, como não me agradam autoflagelações, vou destacar apenas os principais:

i) A intensidade e dinâmica da equipa leonina foi muito superior à portista. No Sporting, ao contrário do FC Porto, vê-se trabalho (e bom!) do treinador e a equipa é muito mais do que um mero conjunto de individualidades.

ii) A exibição de Herrera. Foi mau demais e fico-me por aqui, porque ainda acredito que este internacional mexicano está em processo de adaptação ao ritmo do futebol europeu e a ser vítima das indefinições de Paulo Fonseca, principalmente no que diz respeito ao meio-campo portista.

iii) Licá brilhou no Estoril, onde tinha espaço para grandes correrias, mas voltou a demonstrar que não serve para o 4-3-3 do FC Porto. E porquê? Porque no FC Porto os homens da frente são sujeitos a marcações apertadas e Licá, pura e simplesmente, é incapaz de passar por um defesa no um-contra-um e perde facilmente a bola quando é pressionado.

iv) Jackson entrou a cerca de 15 minutos do fim e parecia que ainda estava no fuso horário da Colômbia. Inacreditável (e impensável há uns anos atrás), o facto de Jackson não ter feito um único treino antes deste jogo, ter sido convocado e ido diretamente do aeroporto para o hotel onde, qual turista, aguardou tranquilamente a chegada da comitiva portista a Lisboa. Um (mau) sinal dos tempos.

sábado, 28 de dezembro de 2013

A tacinha da Liga

Miguel Lopes (fonte: O JOGO, 27-12-2013)

«a Taça da Liga é desde a sua criação (época 2007/08) um “nado morto”, sendo uma competição híbrida, sem lógica e sem interesse competitivo, ao ponto de vários jogos, incluindo de “clubes grandes”, não terem transmissão televisiva (foi o caso do Nacional x FC Porto da época passada). Como se isto não bastasse, a prova tem regulamentos pouco claros, que já foram alterados N vezes e, ainda por cima, ficou marcada por escândalos de arbitragem (os sportinguistas, e não só, chamam-lhe Taça Lucílio Baptista). Por tudo isto, não surpreendeu que na época passada a Liga não tenha conseguido arranjar um patrocinador oficial para a prova e os direitos das transmissões televisivas, após a Olivedesportos ter rompido o contrato que existia com a Liga, tenham sido vendidos ao desbarato a outro operador. Ao fim de apenas seis edições a coisa é de tal modo feia que, numa entrevista ao jornal Record, o próprio presidente da Liga, Mário Figueiredo, referiu que não fazia sentido manter a competição
Supertaça firme, Taça da Liga a definhar (in Reflexão Portista, 14-08-2013)


"[a Taça da Liga] É uma competição como antigamente existia o campeonato de reservas. É uma prova com pouco interesse. É claro que as duas equipas querem ganhar, mas se neste momento estivesse no FC Porto ou no Sporting jogava com os menos habituais. É uma competição para rodar e utilizar os jogadores que atuam menos minutos e uma oportunidade de poderem ganhar ritmo para ter uma oportunidade."
Paulo Futre (in SAPO Desporto, 27-12-2013)


Apesar de tudo, para os rapazes de Alvalade este clássico será muito importante, não só porque terão pela frente os tricampeões nacionais, mas porque os dirigentes definiram que um dos objectivos do Sporting para esta época é ganhar a Taça da Liga. Além disso, Bruno Carvalho parece querer fazer deste jogo a desforra da derrota (1-3) averbada pelos leões para o campeonato, em Outubro passado, no Estádio do Dragão.

E para o FC Porto, qual a importância deste jogo?
Bem, parece que o frenesim sportinguista não impressiona os responsáveis portistas e os sinais são os do costume.

O JOGO, 27-12-2013
Assim, no dia 20 de Dezembro, logo após o final do FC Porto x Olhanense, os jogadores portistas iniciaram um período de férias de 7 dias, que terminou com um treino agendado para o dia 27 de Dezembro, às 16:00 (a apenas dois dias do Sporting x FC Porto).
Terminou para alguns, porque os colombianos Quintero e Jackson tiveram autorização para se apresentarem ao serviço no dia 28 (hoje), véspera do “importante” jogo...

Entretanto, Izmailov continua ausente (supostamente devido a motivos pessoais) e o jornal O JOGO especulou com a forte possibilidade de Paulo Fonseca convocar alguns jogadores da equipa B.

E por falar em Paulo Fonseca, a habitual conferência de imprensa do treinador, de antevisão ao jogo, nem sequer se realizou, o que diz bem da relevância que os responsáveis do FC Porto atribuem a esta competição.

Neste enquadramento, que onze deverá apresentar Paulo Fonseca em Alvalade?

Na minha opinião, este jogo deve ser aproveitado para três coisas:
1) Utilizar jogadores do plantel com menos minutos nas pernas, aproveitando para experimentar opções diferentes das habituais;
2) Testar soluções sectoriais que poderão ser úteis em jogos fora de casa, principalmente contra adversários mais fortes;
3) Dar oportunidade a alguns jogadores da equipa B, principalmente em posições onde haja menos alternativas na equipa principal.

Dentro desta lógica, o meu onze (em 4-3-3), para tentar ganhar em Alvalade, seria o seguinte:
Fabiano
Victor García, Diego Reyes, Mangala, Alex Sandro
Fernando, Defour, Carlos Eduardo
Ricardo, Ghilas, Varela

Alternativas no banco de suplentes: Kadú, Maicon, Quinones, Herrera, Josué, Kelvin e Licá

De fora dos meus convocados, ficariam: Helton, Danilo, Otamendi, Lucho, Quintero e Jackson, entre outros.

A opção por Victor García e por Diego Reyes tem a ver com o facto de já terem feito vários jogos juntos na equipa B, por ser necessário rotinar uma alternativa para Danilo (poderá ser Victor García) e para efectuar um teste a sério ao jovem defesa-central mexicano (ainda mais importante se se confirmar a saída de Otamendi).

A opção por Ricardo, que só faz sentido se ele não for emprestado em Janeiro, tem a ver com o facto de ser português (há exigências, a este nível, no regulamento da prova), com as características do jogador (é um extremo com alguma cultura táctica, que também defende) e com o entrosamento que já existe na dupla Victor García (lateral direito) - Ricardo (extremo direito).

A opção pela dupla Alex Sandro - Varela tem a ver com a consolidação daquela que eu imagino irá ser a ala esquerda do FC Porto na 2ª parte da época (prevejo que a ala direita será formada por Danilo - Quaresma) e, também, para manter algumas rotinas e maturidade na equipa.

A opção por um meio-campo formado por Fernando - Defour/Herrera - Carlos Eduardo - visa testar uma solução sectorial que, penso, poderá ser muito útil em jogos contra adversários fortes, que exijam um meio-campo mais intenso, agressivo e de elevada rotação.

Finalmente, a opção por Ghilas é óbvia (se não for titular neste jogo nunca mais será num jogo a sério) e, para além dos minutos que precisa de jogar, penso que será um jogo em que existirão espaços para o avançado argelino explorar a sua mobilidade e capacidade física.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Ghilas e o minuto 85


O JOGO, 27-06-2013
Após se ter destacado ao serviço do Moreirense (marcou 13 golos no último campeonato), Nabil Ghilas despertou o interesse de vários clubes, entre os quais o sporting.

O FC Porto teve argumentos mais fortes ($$$) venceu a concorrência (interna e externa) e contratou o avançado argelino, presumo que com os seguintes objectivos:

i) colmatar uma das lacunas do plantel, reforçando-o com um ponta-de-lança, já perfeitamente adaptado ao futebol português, que pudesse ser uma alternativa credível para Jackson Martinez (em caso de castigo, lesão, abaixamento de forma ou gestão de esforço do colombiano);

ii) arranjar um avançado que, tendo características diferentes de Jackson (Ghilas é mais móvel), pudesse formar com o internacional colombiano uma dupla de ataque, possibilitando ao treinador o recurso a soluções alternativas em alguns jogos;

iii) atendendo à idade e ao interesse de clubes estrangeiros preparar, com tempo, a previsível saída de Jackson no final da época 2013/14 (após dois anos de azul-e-branco).

Chegados à paragem de Natal, penso que já podemos fazer um primeiro balanço.

22 minutos de utilização em 5 jogos do campeonato; 33 minutos de utilização em 4 jogos da Liga dos Campeões.

Evidentemente, o FC Porto não é o Moreirense e, ainda para mais tendo um ponta-de-lança como Jackson Martinez, ninguém estaria à espera que Ghilas chegasse e fosse logo titular. Agora, também não estava à espera de um tempo de utilização tão reduzido.

Minutos jogados por Ghilas na época 2013/14 (fonte: zerozero)

E, para além do pouquíssimo tempo de utilização, o que me impressiona mais é o facto de nas nove vezes - 5 para o campeonato e 4 para a Liga dos Campeões - que saiu do banco para dar o seu contributo à equipa, em sete ocasiões Ghilas só entrou após o minuto 85!

Qual é a ideia de Paulo Fonseca?
Com estas sucessivas substituições ao cair do pano, que tipo de mensagem é passada ao jogador?

Olhando para o plantel atual (sem contar com o Quaresma) e constatando as dificuldades ofensivas que a equipa teve na fase pré-Carlos Eduardo, penso que Ghilas poderia ter tido mais oportunidades. Por exemplo, por que não testar Ghilas numa das alas, numa lógica parecida à de Derlei (com Mourinho) ou de Lisandro (antes de Jesualdo o colocar a avançado centro)?

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

As entrevistas de O JOGO

Desde que saiu do FC Porto, quantas entrevistas (a maior parte delas exclusivas) é que O JOGO já publicou de André Villas-Boas? Sinceramente, já perdi a conta.

Obviamente, percebo o forte interesse jornalístico de um jornal como O JOGO, publicar entrevistas com ex-treinadores do FC Porto.

Mas, precisamente por reconhecer o interesse jornalístico e saber qual é o principal público-alvo do único jornal desportivo que tem a sede no Porto, surprende-me que O JOGO não publique entrevistas com o último dos ex-treinadores do FC Porto, até porque, que me lembre e desde que saiu do FC Porto, Vítor Pereira já deu entrevistas extensas ao Maisfutebol (01-07-2013), TVI e Record (10-09-2013).

É O JOGO que, de acordo com a sua linha editorial, não está interessado em entrevistar o treinador que levou o FC Porto ao tri-campeonato, ou Vítor Pereira que não quer dar entrevistas ao jornal dirigido por José Manuel Ribeiro?

Nota: Este post nada tem a ver com o gostar mais ou menos de AVB ou de VP. Aliás, para que fique claro, eu faço parte dos portistas que já perdoaram a "traição" de AVB e gostava de, um dia (não esta época, porque isso seria muito mau sinal), o ver regressar à sua "cadeira de sonho".

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Presente de Natal? Mundial 2014


«Foi chegar, ver e… ser eleito. Fernando concluiu o processo de naturalização, passou a figurar nas opções de selecionáveis por Paulo Bento e entrou diretamente para o lote dos 23 conquistadores que os cibernautas do Record Online querem ver “navegar” até à fase final do Mundial’2014.»


Não tenho dúvidas que o presente de Natal mais desejado por muitos dos jogadores portugueses, será integrar o lote dos 23 para a fase final do Mundial 2014, a disputar no Brasil.

Se fosse eu a escolher e tivesse de o fazer agora, a minha lista não diferia muito da votação dos cibernautas do Record Online.

No lote dos médios escolhia Josué em vez de Danny (que depois de vários episódios mal explicados, nem sei se ainda fará parte das opções de Paulo Bento).

No lote dos avançados, talvez trocasse um extremo (Bruma) por mais um ponta-de-lança (Hugo Almeida).

A minha grande dúvida: o que vale Quaresma nesta altura?

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Bom Natal!

Um Bom Natal a todos os leitores do Reflexão Portista


Da exigência máxima à desculpabilização (II)



«Sem Quintero, que foi sozinho o plano B um par de vezes, nem desequilibradores genuínos no banco, Paulo Fonseca só conseguiu dar uma resposta incompleta a um Belenenses muito recuado e hermético: usou o segundo ponta de lança...»

Indo jogar ao Restelo sem poder utilizar Quintero (devido ao colombiano estar a recuperar de uma lesão muscular na face posterior da coxa esquerda), o qual, na opinião de José Manuel Ribeiro (JMR), “foi sozinho o plano B um par de vezes” e, além disso, sem ter “desequilibradores genuínos no banco”, como é que o FC Porto de Paulo Fonseca haveria de ganhar a um Belenenses recém promovido à I Liga?

De facto, olhando para o banco de suplentes e vendo lá sentados jogadores como Defour, Josué, Carlos Eduardo, Licá e Ghilas, como é que Paulo Fonseca poderia mudar a táctica e/ou melhorar o desempenho atacante da equipa? Impossível, principalmente em jogos contra equipas da estaleca do Belenenses que, como todos sabemos, estão recheadas de craques que não vieram dos “arrabaldes da alta competição”…

Agora, se Paulo Fonseca tivesse um banco de suplentes constituído por Castro, Izmaylov, Kelvin, Tozé e Sebá (como no slb x FC Porto, em Janeiro de 2013), com tantos “desequilibradores genuínos” à disposição, aí já se podia exigir mais qualquer coisa…



O JOGO, 30-11-2013

No dia 30-11-2013, umas horas antes do descalabro de Coimbra, JMR escrevia o seguinte:

“O futebol jogado não é pior do que foi o de Vítor Pereira grande parte do tempo (melhor no ataque, pior na organização)”

Bem, até um cego via que este FC Porto de Paulo Fonseca era pior que o da época passada em TODOS os aspetos. Pior a atacar (se necessário, recomendo a consulta aos indicadores ofensivos, principalmente o dos golos marcados), muitíssimo pior a defender (a defesa do FC Porto parecia um queijo suíço) e, em termos de (des)organização, nem havia comparação possível.

“os resultados são, basicamente, os mesmos (até os da primeira época na Liga dos Campeões)”

Sugiro a que alguém de O JOGO mostre ao diretor desse jornal os resultados no Campeonato e na Liga dos Campeões, nas épocas 2011/12, 2012/13 e 2013/14, no período entre agosto e dezembro.

“e muitos deles [resultados] foram adulterados por erros individuais, que só por má-fé remetem para o treinador”

Ai sim? Como, para além dos evidentes dois pesos e duas medidas, a memória de JMR parece ser muito curta, eu vou recordar alguns resultados da época passada que, de acordo com o mesmo critério, “foram adulterados por erros individuais”.

19-08-2012, Gil Vicente x FC Porto (0-0) – Resultado adulterado por dois erros graves (dois penaltis por assinalar) do árbitro Duarte Gomes.

29-09-2012, Rio Ave x FC Porto (2-2) – Resultado adulterado por um erro grave (um penalti por assinalar) do árbitro Bruno Esteves e por um erro individual de Maicon, que ofereceu o golo do empate a Tarantini (Maicon tentou sair da área com a bola controlada e perdeu-a para Tarantini).

10-02-2013, FC Porto x Olhanense (1-1) – Resultado adulterado por um erro individual de Jackson, que falhou um penalti.

13-03-2013, Málaga x FC Porto (2-0) – Resultado do jogo e da eliminatória adulterado por um erro individual de Defour, que se “autoexpulsou” estupidamente no início da 2ª parte, deixando os dragões a jogar com menos um, numa altura em que a eliminatória estava empatada.

17-03-2013, Marítimo x FC Porto (1-1) – Resultado adulterado por um erro individual de Jackson, que falhou um penalti.

Engraçado, não me lembro que todos estes “erros individuais” (quer de árbitros, quer de jogadores do FC Porto) e que adulteraram os resultados de cinco jogos, tenham servido para o Diretor de O JOGO ser mais compreensivo e menos cáustico em relação a Vítor Pereira.




O JOGO, 17-12-2013
«No FC Porto reabilitado por Paulo Fonseca, houve o furacão Carlos Eduardo, mas também o furaquinho Licá (...) Tal como Carlos Eduardo é o jogador talhado para a posição que Lucho González cumpria em desconforto e sem rendimento, atrás de Jackson, também Licá é a simplificação da enorme ensarilhada de processos a que Josué obrigava quando colocado a extremo esquerdo. (...) em duas semanas Fonseca virou a mesa e ganhou uma equipa, que não só é muito diferente das versões anteriores dele próprio como já é uma edição de autor, impossível de relacionar com as de Vítor Pereira


“FC Porto reabilitado por Paulo Fonseca”?
O FC Porto herdado por Paulo Fonseca, acabado de vencer o tri-campeonato (com uma derrota em 90 jogos para o campeonato), estava a precisar de ser reabilitado?

“Edição de autor”?
Deixa cá ver se eu percebi. Ao fim de quatro meses, Paulo Fonseca colocou, finalmente, o Lucho a jogar na sua posição natural (posição 8); colocou Carlos Eduardo, um jogador ostracizado no inicio da época (nem fez parte da lista para a Liga dos Campeões) e que se vinha destacando na equipa B, a jogar solto, nas costas do ponta-de-lança, na posição onde el comandante se sentia desconfortável e não tinha rendimento.
Adicionalmente, colocou a jogar a extremo esquerdo um… extremo (Licá), retirando dessa posição um médio (Josué) que, era óbvio, não tem características para jogar encostado à linha.
Será a isto que JMR chama o Porto edição de autor de Paulo Fonseca?


Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Da exigência máxima à desculpabilização (I)

Diretores de O JOGO, Record e A BOLA (fonte: FPF)

Não conheço pessoalmente José Manuel Ribeiro (JMR) mas, sendo leitor de O JOGO, costumo ler aquilo que escreve e parece-me ser um daqueles portistas que nunca foi grande apreciador do trabalho feito por Vítor Pereira nos três anos em que o espinhense foi treinador do FC Porto (um como adjunto e dois como treinador principal). Sobre isso nada a dizer.

Mas, para além do adepto de futebol, JMR é também jornalista e Diretor do jornal O JOGO. Ora, nesse papel, impressiona-me a forma dual como tratou os últimos dois treinadores do FC Porto. Onde havia exigência máxima (em relação a Vítor Pereira), agora vejo explicações e até desculpabilização para todo o tipo de desaires (em relação a Paulo Fonseca).

Vejamos alguns exemplos de escritos de JMR nos últimos três meses…


«A cura para a ingenuidade
Era previsível que a ingenuidade fosse o calvário do FC Porto nesta Liga dos Campeões (...) Desde o treinador, ainda a procura da melhor formula para equilibrar uma equipa grande e ele próprio estreante na Champions, até aos reforços, todos vindos dos arrabaldes da alta competição, não havia muito por onde fugir. (...) É perder para aprender
O JOGO, 02-10-2013 (após a derrota em casa frente ao Atlético Madrid)

Ingenuidade na Liga dos Campeões?

Recuemos no tempo. Em Setembro de 2012, qual era a experiência (número de jogos disputados) de jogadores como Danilo, Alex Sandro ou Jackson na Liga dos Campeões?
E, há um ano atrás, Helton, Otamendi, Mangala, Fernando, Defour, Lucho e Varela tinham, por acaso, mais experiência na Liga dos Campeões do que têm esta época?

Reforços vindos dos arrabaldes da alta competição?

É um facto que o Josué, o Licá, o Carlos Eduardo, o Ricardo e o o Ghilas vieram de Paços Ferreira, Estoril, Vitória Guimarães e Moreirense.
Mas não era isso que muitos portistas defendiam?
Isto é, que o FC Porto devia suprir as lacunas do seu plantel, procurando, em primeiro lugar, entre os valores emergentes que se destacassem nos “clubes pequenos/médios” do campeonato português?
E, já agora, de onde vieram Drulovic, Zahovic, Capucho, Deco, Jorge Andrade, Derlei, Paulo Ferreira, Nuno Valente, Pepe, Helton, Rolando, Cissokho, Maicon, entre muitos outros que vestiram e jogaram com a camisola do FC Porto na Liga dos Campeões?

O Reyes e o Herrera vieram da América Latina (como todos sabemos, um “arrabalde da alta competição” onde é raro o FC Porto contratar jogadores…) mas, por exemplo, de onde vieram o paraguaio Paredes, o brasileiro Fernando, ou o colombiano Jackson Martinez?

O Quintero não veio do Real Madrid ou do Manchester United? Pois não, veio de um “clube pequeno/médio” europeu (Pescara, Série A italiana), mas de onde vieram Guarín, Belluschi, Alvaro Pereira, Defour ou Mangala?

E, já agora, de onde veio o Hulk? Da Premier League?

Esta tese, cruzando a ideia de reforços de qualidade duvidosa com uma suposta ingenuidade do plantel portista, de ingénua não tem nada, mas pronto, foi uma das que serviu ao Diretor de O JOGO para desculpar a desastrosa campanha do FC Porto na Liga dos Campeões 2013/14.


«Moutinho leva tempo a curar
Era exigível que [o FC Porto] jogasse um futebol mais autoritário? Não. O facto de termos esquecido tão depressa que o FC Porto perdeu João Moutinho, ventrículo direito e esquerdo da equipa, é trabalho do treinador, mas não é problema que se ultrapasse assim. (...) Paulo Fonseca teria sempre direito a tempo e a experimentação. Sobretudo quando consegue experimentar e ganhar em simultâneo

Pois, conforme os portistas sabem, não é nada normal o FC Porto vender dois ou três dos seus melhores jogadores no final das épocas... Mas, para além disso, o tom dramático desta tese do Diretor de O JOGO, que mais parece algo do género “depois do Moutinho, o diluvio”, fez-me pensar como é que foi possível o FC Porto ganhar 1 Taça dos Campeões Europeus, 1 Taça UEFA, 1 Liga dos Campeões, 1 Supertaça Europeia e 2 Taças Intercontinentais… sem o Moutinho! Os treinadores dessas equipas devem ter feito autênticos milagres…

Agora, numa coisa o Diretor de O JOGO tem razão. Ao contrário de Vítor Pereira que, a partir da “limpeza de balneário” de Janeiro de 2012, praticamente só dispôs de quatro médios (Fernando, Moutinho, Lucho e Defour), a Paulo Fonseca não faltaram jogadores e tempo (de Julho a Dezembro de 2013) para fazer experimentações no meio campo portista.
Só no jogo de Coimbra (estádio onde o FC Porto não perdia para o campeonato há 43 anos!), foram várias as experiências mirabolantes em apenas 90 minutos.



«O Crédito de Paulo Fonseca
Com a Liga dos Campeões danificada pela falta de maturidade de alguns elementos, mais do que por qualquer fracasso táctico (...) Pinto da Costa sabe muito bem que ficou a dever um extremo ao treinador no mercado de Verão
O JOGO, 26-10-2013 (após a derrota em casa frente ao Zenit)

Esta é uma das teses mais divertidas, a tese do modelo táctico excelente (o Bayern de Heynckes e o Real de Mourinho também jogavam com um duplo pivô…), a que faltou maturidade e um extremo de top (já agora, quais eram os extremos que existiam no plantel da época passada?).

O facto do Fernando render o triplo se jogar sozinho à frente da defesa e do Lucho render um terço se jogar encostado ao ponta de lança é, pelos vistos, irrelevante.
E que interessa se os jogadores do FC Porto têm características diferentes dos que jogavam no Bayern Munique ou Real Madrid?
Se o Diretor de O JOGO, do alto da sua sapiência, diz que não houve qualquer fracasso táctico na Liga dos Campeões 2013/14, quem somos nós para contestar?

(continua)

sábado, 21 de dezembro de 2013

Outro caso Iturbe? Não, obrigado!

Eu sou dos que acha que o Quintero tem o potencial para ser um grande jogador. O Iturbe também o tem. Aliás, demonstrou-o na pré-temporada (fui um dos melhores) e tem-no demonstrado numa Serie A que não costuma dar muitos espaços e facilidades a jogadores habilidosos como o argentino. Foi lá que vi o Quintero no ano passado, com o Pescara, e como sucedeu com o Alexis Sanchez, por exemplo, chamou-me a atenção a forma como encarava sem medo os defesas. Parecia um jogador com uma mentalidade muito diferente daqueles que chegam directamente da América do Sul. Como James. Ou como Iturbe.

E no entanto a fórmula repete-se.
Durante este ano o colombiano teve algumas oportunidades - algumas, não muitas é certo - e salvo momentos de destelhos de pura classe, esteve uns furos abaixo do que eu pensava que podia fazer. Pagou inevitavelmente o preço de um meio-campo descosido. De um treinador sem ideias, medroso e incapaz de por as peças no seu respectivo lugar. Faltou-lhe, sobretudo, uma voz tranquila a dizer-lhe ao ouvido que estivesse tranquilo. Um lider!
Também lhe faltou em campo um Carlos Eduardo com quem associar-se e, sobretudo, pesou-lhe o facto de muitos olharem para ele como o salvador da pátria demasiado cedo. O James só se tornou realmente importante no onze do FC Porto ao ano e meio de ter chegado. A Quintero pedia-se logo que fosse o jogador que ainda não pode ser. E com a instabilidade na equipa, as ideias trocadas do treinador - esse meio-campo desastroso - o promissor Quintero passou a ser o suplente Quintero. E de suplente passou a pedir para jogar pela equipa B para não perder a forma. Porque vestir a camisola principal, nem a feijões.


Não estranha portanto que a sua situação se comece a parecer, assustadoramente, à de Iturbe.
Hoje (ontem?) o colombiano declarou que o clube precisa de encontrar uma solução em Janeiro porque há Mundial, a Colombia tem muita esperança na sua selecção e ele tem sido convocado regularmente mas não é a única, nem a principal, opção de Pekerman. Quintero quer ir ao Brasil mais do que qualquer coisa e sabe que para isso precisa de jogar e mostrar o que vale. É lógico. Uma ambição natural a qualquer futebolista. Provavelmente alguém lhe prometeu isso mesmo em Julho, quando assinou, depois de um enorme Mundial sub-20 onde foi, com Pogba e Bruma, o melhor jogador do torneio. Os outros dois devem ter o seu lugar no Mundial cativo. Ele está a sofrer com o descontrolo emocional e táctico do seu treinador.

Tal como Iturbe, outro peso-pluma talentoso, a falta de minutos deixa Quintero nervoso. São jogadores que chegam ao FC Porto com a promessa de futebol de Champions, de minutos, de um nível de exigência inferior ao de outras equipas e de tempo e espaço para brilhar, crescer e dar o salto. Nós sabemos isso, os dirigentes sabem isso e os jogadores também. São as regras do jogo.
Mas sem jogar - ou jogando o que eu começo a chamar de "minutos Fonseca", os minutos que não contam para ninguém - e ainda para mais vendo que dele esperam o que ninguém lhes pediu ao chegar, estes jogadores assustam-se. Querem ir para outro lado onde as promessas sejam reais. Onde joguem sem pressão. Mas joguem. Iturbe demonstrou-o quando voltou ao River Plate e tem-no demonstrado agora em Verona. Enquanto isso nós resgatamos um Quaresma que há três anos que acabou para o futebol de topo. E agora podemos correr o mesmo risco com Quintero. Deixa-lo sair para que o colombiano jogue é abrir-lhe a primeira porta de saída. Imediatamente depois de ter chegado.


Não faz qualquer sentido.
Quintero tem de começar a ter o seu espaço na equipa. Tem classe e talento suficiente para jogar onde o faz Licá ou Varela, como sucedeu com James quando chegou ao Dragão. Com um Carlos Eduardo a patrulhar o meio-campo no lugar que Fonseca imaginou (mal) que era o de Quintero, e com um conjunto mais organizado e estruturado, estão postas todas as condições para que o jogador mostre todo o seu valor. E nós precisamos de jogadores como ele. Não só para manter em activo o nosso modelo de negócio mas para ganhar em campo, com classe e gerando ilusão nos adeptos.

Iturbe pode, por motivos extra-desportivos, não ser recuperável para o FC Porto. É uma pena. Kelvin corre o risco de ser tratado como foi Atsu, extremos com potencial mas que não são devidamente valorizados e que acabam por ser ostracizados sem que as pessoas que dirigem o clube (staff técnico) se lembrem que são miúdos que estão a começar as respectivas carreiras e têm (e devem) cometer erros para crescer. Quintero não pode engrossar esta lista. Não pode ser outro caso Iturbe. Espero que em Janeiro esteja no Dragão, de corpo e alma, e com a confiança necessária que necessita para ser o jogador influente que todos esperamos numa segunda metade de época que promete ser equilibrada até ao último segundo!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Podia ter sido 10-0

Carlos Eduardo, FC Porto x Olhanense (fonte: Maisfutebol)

15 cantos;
33 remates;
4 golos;
3 situações de possível penalty a favor do FC Porto, que o arbitro de Lisboa, Hugo Miguel, não assinalou;
e contei, pelo menos, 12 boas oportunidades não concretizadas.

Tivesse o FC Porto marcado metade das oportunidades de golo não concretizadas (Belec, o guarda-redes do Olhanense, fez uma exibição notável e só não defendeu o que era impossível) e o resultado final teria sido 10-0!

Não foram 10, foram apenas 4-0, sem penalties, sem golos em fora-de-jogo (os calimeros marcaram uns 4 ou 5 no início do campeonato...) e com a equipa adversária a jogar os 90 minutos com 11 jogadores.

Herrera entrou bem (para o lugar de Lucho...) e, nos poucos minutos que esteve em campo, ainda foi a tempo de marcar o seu primeiro golo com a camisola do FC Porto. Conforme já disse, espero (em 2014) ver Paulo Fonseca a apostar mais vezes na dupla Herrera + Carlos Eduardo, a jogar à frente do médio mais defensivo (grande jogo do Fernando!).

De fora deste FC Porto x Olhanense (0 minutos de utilização) ficaram, entre outros, Alex Sandro, Defour, Josué e Quintero. E, mesmo assim, há portistas para quem o plantel à disposição de Paulo Fonseca é fraquinho...

E quanto ao "maestro", vou reproduzir, com a devida vénia, o que foi escrito no site Maisfutebol:

A FIGURA: Carlos Eduardo
Veio para ficar. Qualidade óbvia em tudo o que pensa e executa. Acelera o jogo como poucos, trata a bola com requinte, define linhas de passe de cabeça levantada e, não menos importante, preenche uma parcela de terreno impressionante. Cai na esquerda, sprinta para o meio, tabela e vai aparecer à direita. O seu aparecimento é a melhor notícia para o FC Porto nos últimos tempos. Mais duas assistências para golo e ficou a centímetros de fazer uma obra-prima, aos 74 metros. Para tudo acabar em beleza, um pontapé monumental a assinalar o seu primeiro golo de azul e branco. Tanto para só um jogador.

Ainda há quem tenha duvidas acerca da qualidade deste médio ofensivo brasileiro?
Digo apenas que, a mim, em alguns momentos dos jogos, faz-me lembrar o Deco!

Curiosidades soltas do R&C

Para terminar a série de artigos sobre os dados mais recentes dos R&C da SAD, aqui fica um número de curiosidades:

- Pelos vistos o Lyon entrou em incumprimento... (já que os 1.7M€ que deviam ter pago em 12/13 como tranche final de Lisandro e Cissokho transitaram na totalidade para 13/14)

- Em média o FCP paga os passes de jogadores mais rapidamente do que nos pagam a nós; para além de Jun 2014 teremos a receber ainda 13.5M€, mas apenas 4M€ ainda a pagar

- O Mónaco foi um excelente comprador, pagando praticamente quase tudo na aquisição (ficaram apenas 3.5M€ por pagar, e já nesta época). Isto é raríssimo.

- O Zenit ainda deve 20M€ de Huk, dos quais 10M€ a pagar ainda esta época, «garantidos» [sic] por uma «carta de conforto» de uma multinacional (Gazprom, presumo)

- De todos os jogadores comprados em 2013, apenas Quiñones o foi a 100%.

- Reyes e Herrera receberam 1.4M€ e 700mil € de prémio de assinatura, respectivamente

- Os jogadores detidos a 100% pela SAD são os seguintes: Jackson, Danilo, A. Sandro, Otamendi, Maicon, Quiñones e Caballero.

- A SAD ainda detém 25% dos passes de O. Sá e Souza; 50% de T. Costa, Stepanov e Prediguer; e 70% de Soares.

- 90% dos empréstimos bancários da SAD são com o BES

- Em 12/13 a SAD gastou 7M€ em serviços de prospeção de mercado, consultadoria jurídica, auditoria e consultadoria financeira (vs 3M€ em média nos anos anteriores).

- A SAD registou inicialmente 1.1M€ de perdas de imparidade por dissolução da FCP Basquetebol SAD que foram no entanto assumidas pelo FCP clube, saindo pois a SAD incólume dessa dissolução

- Pinto da Costa detém 1.4% da SAD (206mil acções), e R. Teles um punhado de acções. Adelino Caldeira, Angelino Ferreira e Rui Sá continuam a ser os membros do C.A. que não detêm qualquer acção da SAD.

- À cotação actual de 0.36€ (queda de 93% vs valor nominal), a SAD vale 5.4M€ na na sua totalidade (teoricamente falando), incluindo os 40% detidos pelo FCP clube.

Artigos anteriores da série:

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Da equipa B a “maestro”

Record, 23-05-2013
Pelos vistos, Carlos Eduardo é mais um da extensa lista de jogadores que interessavam ao slb e vieram parar ao FC Porto (Lisandro, Alvaro Pereira, Radamel Falcao, James Rodriguez, etc.). Mas, independentemente disso, no início desta época o meu conhecimento de Carlos Eduardo era diminuto, até porque, nos jogos da época passada entre o FC Porto e o Estoril, a minha atenção esteve sempre muito mais focada nos jogadores que equiparam de azul-e-branco.

Não dando grande importância aos jogos da pré-temporada (nunca dei), os primeiros minutos de Carlos Eduardo num jogo oficial com a camisola do FC Porto chamaram-me à atenção. Foi num Beira Mar x FC Porto B e, no dia 15 de Agosto de 2013, publiquei um artigo acerca da ‘Nova filosofia para a equipa B’, onde coloquei um recorte de O JOGO com o destaque da exibição de Carlos Eduardo em Aveiro.

Apesar das boas exibições que foi fazendo na equipa B, Carlos Eduardo ficou fora da lista de 21 jogadores escolhidos por Paulo Fonseca para a Liga dos Campeões 2013/14 e, a propósito desse assunto, no dia 5 de Setembro de 2013 escrevi o seguinte:

«Quem também fica de fora é Bolat (o terceiro guarda-redes será Kadú) e Carlos Eduardo, apesar dos bons indicadores que este médio de ataque brasileiro deu nos jogos da equipa B em que já actuou. Cheguei a admitir a hipótese de ser Diego Reyes a ficar de fora da Lista A e o 4º defesa-central (que raramente joga na LC) ser Tiago Ferreira, mas Carlos Eduardo não tem o mesmo estatuto do defesa-central mexicano e, além disso, concorre com Lucho, Quintero e, talvez, com Izmailov, o que, convenhamos, não lhe facilita a vida.»

O tempo foi passando, Paulo Fonseca foi experimentando diferentes configurações para o meio-campo portista (Fernando-Defour-Lucho; Fernando-Herrera-Lucho; Fernando-Josué-Lucho; etc.), sem obter grandes resultados e, no dia 29 de Novembro de 2013, após mais uma boa exibição de Carlos Eduardo pela equipa B, escrevi o seguinte num artigo intitulado ‘Carlos Eduardo e os intocáveis’:

«Pelo que se tem visto, quer nos jogos da equipa A, quer nos da equipa B, penso que Carlos Eduardo mais do que justifica uma oportunidade a sério na equipa principal. O problema é que Lucho parece ser intocável, Defour avisou que precisa de jogar (para manter a titularidade na seleção belga) e, no caso de Herrera, a SAD investiu 8 milhões em 80% do passe. (...) Quando as coisas não funcionam, talvez não fosse má ideia experimentar alternativas, em vez de continuar a apostar nas mesmas receitas e nos mesmos “intocáveis”.»

Nota: Atualmente, Carlos Eduardo é quase consensual entre jornalistas, comentadores e adeptos portistas, mas vale a pena (re)ler os comentários a este artigo, publicado há cerca de três semanas.

Após o FC Porto x SC Braga, jogo em que Carlos Eduardo entrou ao intervalo para substituir Lucho, escrevi o seguinte a propósito da sucessão de Moutinho:

«não havendo no plantel um “Moutinho 2”, compete ao treinador reestruturar o meio-campo, tirando o melhor possível dos bons jogadores que tem à sua disposição. Foi isso que aconteceu na 2ª parte do último FC Porto x SC Braga, em que o meio campo portista foi formado por Defour, Herrera e Carlos Eduardo e o que se viu foi o melhor FC Porto desta época. Dinâmica, intensidade, pressão alta, dois golos e mais quatro oportunidades flagrantes, tudo isto em 45 minutos sem Fernando, Lucho e… Quintero.»

Chegados à 13ª jornada do campeonato, Carlos Eduardo foi, finalmente, titular da equipa principal do FC Porto e, em Vila do Conde, jogou mais minutos do que nas 12 jornadas anteriores!

«A primeira parte [do Rio Ave x FC Porto], contudo, demonstrou que a coisa não correu muito bem, excepto na forma desempoeirada e plena de iniciativa de Carlo Eduardo que jogou muito bem entre linhas, com rapidez e critério. Também ficou incumbido da execução das bolas paradas que efectuou a um nível superior ao que tem sido feito. Foi de um livre seu que chegámos ao golo por intermédio de Maicon. (...)
Sobre o comportamento dos jogadores, e tirando Carlos Eduardo que me parece ser um reforço valioso para o que ainda falta jogar e esteve a um nível claramente superior, diria que cumpriram sem deslumbrar. Não gostei do Lucho: achei-o hesitante e com pouca mobilidade. Não criou, nem tamponou. Via o Herrera com maior utilidade para jogar nessa posição.»
Mário Faria, in ‘Carlos Eduardo fez a diferença!


Olhando para o futuro…

O JOGO, 16-12-2013
Depois de vermos os 22 jogos oficiais que o FC Porto já disputou nesta época; depois de vermos o Rio Ave x FC Porto e a 2ª parte do jogo anterior para o campeonato (FC Porto x SC Braga), cada um tirará as conclusões que entender.
Relativamente ao meio-campo portista, as minhas são as seguintes:

1) Analisando o plantel do FC Porto e o desempenho evidenciado pelos diversos médios até esta altura (quer na equipa A, quer na equipa B), o melhor meio campo portista inclui, necessariamente, Carlos Eduardo.

2) Eu reconheço grande qualidade ao Lucho (a jogar na posição 8) mas, conforme já referi noutros artigos, para mim não é obrigatório que tenha de ser sempre titular deste FC Porto 2013/14.
Por exemplo, quer contra o SC Braga, quer contra o Rio Ave, gostei de ver a dupla Carlos Eduardo + Herrera a jogarem à frente do médio defensivo (contra o SC Braga foi Defour; contra o Rio Ave foi Fernando).
O processo de adaptação de Herrera ao futebol europeu ainda não está concluído e o ex-Pachuca perde para el comandante em termos de experiência, liderança, classe pura e visão de jogo. Contudo, o internacional mexicano é um jogador mais vertical, com maior intensidade de jogo e, quando arranca com a bola em transições ofensivas, provoca maiores desequilíbrios nas defesas contrárias (fê-lo duas vezes nos 16 minutos que esteve em campo contra o Rio Ave).
Gostava de ver esta solução – Herrera + Carlos Eduardo à frente de Fernando ou Defour – trabalhada por Paulo Fonseca e experimentada em mais jogos.

3) Os últimos dois jogos para o campeonato provaram que, com o plantel atual, é possível formar meios campos competentes sem Moutinho, mesmo deixando de fora jogadores como Fernando e Lucho (na 2ª parte do FC Porto x SC Braga), Defour e Josué (no Rio Ave x FC Porto) e Quintero (em ambos os jogos).
Ao contrário dos últimos dois anos, em que, basicamente, Vítor Pereira só dispôs de quatro médios – Fernando, Moutinho, Lucho e Defour (o joker, primeira e às vezes única alternativa para todas as posições do meio-campo) –, no plantel atual não falta matéria-prima, quer para Paulo Fonseca construir e consolidar um meio-campo capaz, quer para o treinador ter alternativas de qualidade para castigos, lesões ou situações de abaixamento de forma dos habituais titulares.
Saiba o “cozinheiro” Paulo Fonseca fazer “omeletes” com os “ovos” que tem à sua disposição.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Os custos da SAD

Depois de comentar os proveitos da SAD, passemos então aos custos.

Comecemos pelos custos ditos «Operacionais» (que excluem acima de tudo a amortização dos passes de jogadores e juros nos empréstimos). À primeira vista, estes custos aumentaram cerca de 5M€ (ou 6%) em 12/13; na realidade, aumentaram cerca de 0.5M€ (ou menos de 1%), já que a contabilização para Corporate Hospitality mudou. 

Por outro lado há uma diminuição de cerca de 3M€ que, embora seja uma diminuição concreta para a SAD, não o é para o FCP no seu cômputo geral, já que foram encaminhados de forma pouco compreensível para o clube (nomeadamente em FSE e no que diz respeito a receitas de publicidade para as amadoras, de que já falei aqui).

Apesar do aumento destes custos ter sido muitíssimo mais suave em 12/13, continuamos na linha da trajectória ascendente da última meia dúzia de anos (estes custos duplicaram neste período, ou seja aumentaram quase 50M€/ano em relação a 07/08, o que é um pouco preocupante).

A rubrica mais importante nestes custos operacionais é os chamados «custos com o pessoal» (o que exclui a amortização dos passes dos jogadores). Esta rubrica subiu 4.5M€ (ou 9%) em relação ao ano anterior (e cerca de 60% em relação à época de 06/07), para 54M€; apesar do orçamento inicial até ter previsto um corte considerável. Segundo a explicação dada no R&C, isto terá sido devido à criação da equipa B e a um «investimento» [em salários, subentende-se] no plantel A. No que diz respeito à equipa B, isso explica também o aumento do número jogadores remunerados pela SAD de 39 para 52.

No entanto isso só explica uma pequena parte desse aumento, já que pelos dados publicados dá para ver que apenas 1.8M€ do aumento teve lugar na remuneração de atletas/técnicos/médicos (para um total de 40.7M€ em 12/13). Já os restantes custos com o pessoal aumentaram 25% (!) para um total de 13.4M€:  +0.7M€ na remuneração dos 4 administradores executivos, +1M€ (quase 20%) nos restantes funcionários da SAD e +0.5M€ (para 5.2M€) em seguros de acidente e outros encargos.

No que diz respeito aos administradores executivos (que receberam em média 640mil euros cada um), de assinalar que 100% dos seus rendimentos foram fixos, o que não me agrada. Penso que um salário base de 1/3 desse valor seria mais do que adequado (o que ainda daria uns jeitosos 15,000€/mês nem que ficássemos em 3o lugar no campeonato, o que já é óptimo para quem estiver lá por amor ao clube) com uma forte componente variável e generosa (que poderia ultrapassar de longe o salário base) em função dos resultados desportivos da equipa e da sustentabilidade financeira da SAD. 

No que diz respeito aos restantes funcionários (administrativos e vendedores das lojas), não compreendo um aumento de 20% nos custos quando o seu número aumentou 4% (mais 3 vendedores de lojas e 1 administrativo do que um ano antes, num total de 153 pessoas). De assinalar que isto já exclui os encargos com os salários (por ex segurança social), contabilizados noutra rubrica. Pelos vistos o «aperto» que a maioria dos portugueses vivem não chegou à máquina da SAD, longe disso.

Passemos à 2ª rubrica mais importante em custos operacionais, os FSE (Fornecimentos e Serviços Externos): contabilisticamente estes subiram 7% para um total de 37.5M€ (mais do que as receitas de TV, UEFA e Dragon Seat combinadas...), mas na realidade desceram cerca de 1M€  ou 2.5% (fruto da tal mudança de tratamento contabilístico de Corporate Hospitality de que falei anteriormente). 

Os FSE teriam continuado a subir tal como nos 4 anos anteriores – há 4 anos eram cerca de metade do que são hoje, ou seja subiram quase 20M€, dos quais só uma pequena parte se explica devido a mudanças no tratamento contabilístico... – não fosse terem deixado de passar ao clube cerca de 3M€ de receitas relacionadas com suportes publicitários para as modalidades, como já mencionei anteriormente. Pela positiva parecem ao menos ter estabilizado um pouco, mas a um valor muito elevado – é pena que também aqui (tal como nos custos com pessoal) as intenções públicas de contenção não tenham tido qualquer tradução na prática.

Já agora, para já não vejo qualquer efeito prático positivo da criação da «FCP Serviços Partilhados», que era suposto gerar sinergias consideráveis no grupo.

Para além dos custos operacionais, há ainda duas grandes rubricas de custos: antes de mais as «amortizações e perdas de imparidades com passes de jogadores». 

Relembro que o que pagamos em passes não entra de uma só vez na demonstração de resultados, sendo sim amortizados ao longo do número de anos de contrato com o jogador, tendo portanto um efeito ao retardador considerável. Em 12/13 este valor desceu consideravelmente de 36.3M€ para 26.5M€ - nem tanto porque a SAD tenha gasto menos em passes em 12/13 como explica no R&C (afinal de contas gastámos 46.5M€ em passes em 12/13, um dos valores mais elevados da história da SAD...), mas também em boa parte porque nos «livrámos» de enormes amortizações dos passes de Hulk, A. Pereira e em muito menor medida James e Moutinho ao vendê-los (daí também que as mais-valias nessas vendas não tenham ultrapassado 65% do valor bruto). A evolução não deixa de ser positiva, muito embora estes custos continuem consideravelmente acima dos 20M€ de há 5 anos atrás, fruto do enorme investimento em passes nos últimos 4 anos (em que a média tem andado superior a 40M€/ano, o suficiente para nos incluir no top15 europeu).

Finalmente, temos os custos financeiros, nomeadamente o que pagamos em juros no serviço da dívida. Esta rubrica – um pesado fardo que «suga» recursos da SAD - ultrapassou pela primeira vez os 10M€ em 12/13, fruto do aumento da taxa de juro média (anda em 8.5%, contra 7.6% um ano antes) mas também do considerável aumento do recurso aos empréstimos nos últimos anos (103M€ em Julho quando era de 81M€ há 5 anos).

Análise

Se - como disse no artigo anterior - penso que a SAD tem feito bom trabalho nas receitas, já do lado dos custos penso que há ainda muito por onde melhorar, e em várias rubricas. Para já os números indicam que se o país em geral tem apertado o cinto nos últimos anos, não se vislumbra esforço idêntico da parte da SAD, apesar de algumas declarações de intenções inócuas: gastamos hoje muito mais do que antes da crise eclodir.

Para começar penso que deveria ser estabelecido o objectivo de reduzir o passivo financeiro (empréstimos) para metade nos próximos 3 anos (não de uma assentada, o que penso ser contraproducente), de forma a passarmos a poupar uns 5M€/ano em juros (e não me parece nada provável que a taxa de juro baixe consideravelmente nos próximos tempos, até porque a banca começa a restringir os empréstimos ao mundo do futebol). Para tal será preciso cortar um pouco em outros custos e reinvestir um pouco menos em passes o dinheiro encaixado nas vendas, encaminhando assim uns 15M€/ano para o abate de empréstimos.

Passando a custos com pessoal (excl. jogadores) e FSE, parece-me que deveria ser possível reduzir estas rubricas em 10% ou perto disso (o que se iria traduzir também numa poupança de cerca de 5M€/ano) sem ser necessário cortar no «músculo».

Falando finalmente de jogadores (passes e massa salarial), penso que a SAD devia contratar em menos quantidade (em média contratamos uma dúzia de jogadores por ano) apostando mais na prata da casa ou jogadores baratos saídos do campeonato português e gastando muitos milhões apenas nas posições menos bem preenchidas, tal como num plantel 2 ou 3 jogadores mais curto (recorrendo a um ou outro jogador da equipa B para preencher as convocatórias, se necessário). 

Sabe-se à partida que todos os anos há apenas uns 15 jogadores utilizados com alguma regularidade, daí parecer-me exagerado ver dezenas de milhões de euros em passes e salários «empatados» no banco e na bancada como temos tido nos anos mais recentes (e muito ao contrário do que acontecia antes); para dar apenas um exemplo, penso que o 4º central poderia perfeitamente ser um jogador da equipa B (ou pelo menos ex-equipa B). Para ser claro, não defendo um corte drástico ou uma inversão drástica na gestão da SAD - penso que com um corte relativamente suave no investimento em jogadores (digamos, uns 10 a 20%) e tendo uns 4 jogadores «prata da casa» no plantel seria possível controlar as contas sem comprometer a competitividade desportiva da equipa, havendo ainda muito espaço para investir nos Jacksons ou Quinteros deste mundo. 

Haveria no entanto algum risco nesse ajustamento de gestão? Haveria sempre sim senhor, muito embora se for feito com inteligência (e afinal de conta temos gestores com muito «know how» desportivo) será muito pequeno. Mas, meus caros... sem tal ajustamento há risco na mesma, nomeadamente de fazer a SAD «sangrar» constantemente em juros de dívida e também – acima de tudo - de eventualmente dar um «estouro» financeiro *e* desportivo em anos que corram mal desportivamente e/ou em vendas de jogadores (o que não depende só de nós, longe disso).  E parece-me que esse risco é mais elevado.

PS – deixo para um último artigo da série alguns dados curiosos soltos do R&C.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Primeiro o Eintracht, depois o Napoles (ou o Swansea)

Calhou-nos o Eintracht Frankfurt. Clube que actualmente ocupa o 15° lugar da Bundesliga. Há muitos portistas convencidos que o sorteio nos foi favorável. Em princípio diria o mesmo mas não tenho muita confiança nas exibições europeias dum clube que só conseguiu um magro ponto em casa, e logo contra o colosso chamado Austria Viena.

Embora todos saibam que a nossa primeira vitória europeia foi ganha numa final contra um clube alemão, nunca o Porto teve grande ascendente contra os teutónicos. Na Liga Europa/Taça UEFA perdemos sempre fora contra adversários alemães, sendo sempre eliminados. Na Taça das Taças os dois confrontos foram equilibrados: eliminados pelo TSV Munich nos anos 60 e eliminando o Colónia nos anos 70. Na Taça dos Campeões/Liga dos Campeões só o Bayern e o Schalke nos eliminaram (os bávaros duas vezes). Já contra Werder Bremen, Hertha Berlim e Hamburgo impusemos a nossa superioridade categoricamente.


Se passarmos, algo perfeitamente possivel… calhar-nos-á o Nápoles. Provavelmente o melhor clube eliminado da fase de grupos da Liga dos Campeões, e com o recorde de pontos: 12. Não me pronuncio, só espero que o Swansea faça um brilharete e que o Porto possa melhorar MUITO.

Quanto aos outros gajos, aqueles lá de baixo que não se calam: esses vão à Grécia jogar com o PAOK. Se passarem defrontam os Spurs. Sorte a do Jesus que se livrou de defrontar o AVB caso ambos passassem. 

De resto Portugal está muito mal representado na Europa e com a possibilidade de não ter nenhum participante a partir de Março. Ou seja como era nos anos 80 e 90.