Comecemos com um disclaimer: Sou um grande admirador do Diego Reyes e do Hector Herrera. Já os vejo jogar há vários anos, tanto na liga mexicana como nas selecções de formação aztecas e a qualidade futebolística está lá. O artigo não é sobre isso.
A operação Jackson Martinez saiu bem. Muito bem.
A SAD avançou para um jogador referenciado pelo Vitor Pereira - segundo o AVB na sua célebre entrevista ao Jogo - que actuava num modesto clube da liga mexicana e era um dos suplentes de Falcao na selecção da Colombia. Custou dinheiro mas rentabilizou cada cêntimo, sem necessidade de adaptações ao ritmo europeu nem de problemas de entrosamento com os colegas. Sobreviver à sombra de um grande é dificil, e Falcao era um avançado imenso. Mas Jackson foi ainda mais eficaz de dragão ao peito. E o seu negócio permitiu ao clube olhar para o mercado mexicano com outros olhos.
Mas o México, o maior país da América Latina, sempre foi um enigma para o futebol europeu.
E há razões de peso para isso. Razões para explicar porque é que em toda a sua história só um jogador, verdadeiramente, se tornou em estrela internacional no futebol europeu depois de ter dado os primeiros passos no gigante latino: Hugo Sanchez.
Antes de Sanchez foram muito poucos os jogadores mexicanos que atravessaram o "charco" para a Europa e nenhum deles com sucesso. Depois do célebre goleador das cambalhotas, os clubes europeus sentiram vontade de conhecer melhor o mercado mexicano. Vários jogadores foram contratados, nenhum triunfou. No virar do século, o despertar desportivo do futebol azteca trouxe consigo uma nova geração de talentos mas só o central/médio defensivo Rafael Marquez conseguiu o reconhecimento que muitos auguravam a vários colegas de equipa. Os problemas continuavam a ser sempre os mesmos.
Desde há seis anos para cá, verificou-se um verdadeiro boom de talento mexicano.
A selecção azteca de sub-17, sub-19 e sub-20 está entre as melhores do mundo nas suas respectivas categorias etárias. Desde o aparecimento de Giovanni dos Santos, Carlos Vela e Javier "Chicharito" Hernandez, o jogador mexicano voltou a estar de moda. Eles abriram a torneira e vários talentos promissores seguiram o caminho. Hoje é fácil dizer de memória um onze de promessas mexicanas e sobrar suplentes. Ochoa, Mier, Reyes, Espericueta, Enriquez, Barrera, Peralta, Torres, Zavala, Dávila, Fabian, Herrera, Fiero todos eles foram protagonistas dos mais recentes sucessos, desde a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (ganha à Brasil de Neymar) ao Mundial de sub-17 conquistado em 2011 a que se seguiu um terceiro lugar no Mundial sub-20 no mesmo ano, parece evidente que o México é uma potência a ter em conta. Mas porque é que os grandes clubes europeus não vão mais vezes ao mercado mexicano? E porque é que os talentos como Vela ou Gio dos Santos têm tanta dificuldade em impôr-se na Europa?
É um problema cultural, sobretudo.
O México é um país com uma cultura familiar extremamente forte, fechada. É um país importador, dentro do gigante mundo que é a América Latina, um país com uma fortuna relativamente superior à de muitos dos seus vizinhos. Há pobreza, muita, sobretudo na fronteira com os Estados Unidos por onde passam milhões de emigrantes clandestinos, mas também zonas de luxo como em poucos países da sua dimensão nesse quadro geográfico. A liga mexicana foi criada ao estilo NBA. Os presidentes são donos dos clubes e podem ter mais do que um clube sob o seu comando. A luta entre os gigantes das telecomunicações comanda o controlo da federação e da liga e isso acaba por reflectir-se também na forma como esses gigantes gerem os seus próprios clubes e aqueles que ajudam através de patrocínios. Sem o dinheiro desses milionários a liga não existiria como tal e é esse dinheiro que permite quase sempre segurar os melhores jogadores. São pagos a peso de ouro, em comparação com os argentinos e brasileiros, e educados desde cedo a preferir passar toda a sua carreira em casa do que a viajar para a Europa. A falta de um referente de sucesso pós-Hugo Sanchez é uma forma subtil de evitar o salto. Principalmente porque, uma vez lá, os jogadores encontram-se com sérios problemas de adaptação.
Meninos mimados no seu mundo, a exigência e disciplina do futebol europeu é para eles um desafio.
O talento de Vela e Gio dos Santos não lhes foi suficiente. O extremo do Arsenal não se conseguiu adaptar à exigência inglesa e só depois de várias épocas emprestado se encontrou consigo mesmo na Real Sociedad. A experiência mudou-o tanto que renunciou jogar na selecção por saber agora que o estilo de vida entre os aztecas é irreconciliável com o de um desportista de elite. Nas últimas competições em que participaram (Copa America, Golden Cup e Taça das Confederações), vários jogadores mexicanos foram apanhados pela imprensa e pelos dirigentes da federação em longas noites de festa, com álcool e prostituição à mistura. No futebol mexicano essa realidade é constante mas quando chegam à Europa cria-se um abismo com o ritmo de vida que lhes custa muito a adaptar-se. Gio dos Santos, que cresceu no Barcelona ao lado de Messi, desapareceu do radar durante anos até que fez uma boa segunda volta no Mallorca: sete anos depois da sua estreia como profissional. Ele e o seu irmão, Jonathan, foram alguns dos jogadores suspensos temporariamente pela federação nos últimos anos pelo comportamento pouco profissional. Mas estão longe de ser os únicos. Na última Copa América a federação mandou uma equipa sub-23 para castigar os seniores, apanhados com droga e álcool no sangue num controlo anti-doping realizado na véspera da Golden Cup. Não tiveram sorte, os mais pequenos imitaram-lhes o comportamento semanas depois. Entre a polémica dos jogadores espanhóis no Brasil passou de fininho uma história similar com os mexicanos. Comportamentos habituais a quem vive num espaço fechado e que não são admissíveis na Europa. Por isso muitos clubes preferem futebolistas de outras nacionalidades, dentro do espectro latino, mas com um comportamento fora do campo menos preocupante como os colombianos, equatorianos e chilenos, para lá dos inevitáveis argentinos e brasileiros. Por isso não vimos um jogador mexicano superar as agruras da adaptação ao jogo europeu com um sucesso imediato nos últimos 30 anos.
O FC Porto já teve desagradáveis experiências com aquilo que José Maria Pedroto baptizou como "as escolas de samba". Creio que os administradores da SAD são conscientes desta realidade. E a Reyes e Herrera, apesar de terem estado envolvidos em algumas dessas concentrações, nunca ninguém nomeou directamente como tendo sido parte dessas festas fora de horas. É no entanto importante ter a consciência de que se contratam jogadores com um imenso potencial, de um país emergente no futebol internacional, mas que vêm de uma cultura desportiva radicalmente diferente. Não significa que não se adaptem, que não triunfem e não sejam eles, com o exemplar Javier Hernandez, os jogadores que vão demonstrar que o futebolista mexicano está preparado para outro nível competitivo. Mas além da adaptação táctica e ao ritmo de jogo, terá forçosamente de existir um certo cuidado na sua adaptação ao estilo de vida no Porto. O passado recente dos jogadores catalogados como a próxima grande "promessa mexicana" isso exige.
domingo, 30 de junho de 2013
sábado, 29 de junho de 2013
Finalmente o museu... by BMG
"Tal como aconteceu com o Dragão Caixa, que herdou o “Caixa” do patrocinador da obra, também o futuro museu do FCPorto seguirá essa linha. O nome oficial daquele que é o principal projeto do atual mandato de Jorge Nuno Pinto da Costa, na presidência portista, vai incluir o nome do banco brasileiro que financiará a construção do espaço e ficará, por isso, a ser conhecido por “Museu do FC Porto by BMG”.[...] Refira-se ainda que o museu do FC Porto deve, então, ser inaugurado no próximo dia 28 de setembro, ou seja, o mesmo dia em que o clube completa o seu 120.º aniversário, pelo que haverá novos motivos para celebrar a data."
Parece que finalmente lá vamos ter o museu de regresso daqui a 3 meses, ao fim de 10 anos (desde que o museu antigo fechou para a demolição do estádio das Antas).
10 anos. Parece-me uma eternidade, e como escrevi logo num dos artigos iniciais do RP (aqui), nunca percebi porque não se arranjou ao menos um espaço temporário (ainda que exíguo) para exibição dos principais troféus, o principal foco de interesse (e orgulho) para os adeptos.
Ao fim de tanto tempo as expectativas são naturalmente elevadas. Mas independentemente de ser muito ou pouco «prafrentex», estou certo que o museu rapidamente vai fazer parte do circuito turístico do Porto para muitos dos turistas estrangeiros que visitam a cidade.
Quanto ao patrocínio, desde que seja de montante jeitoso não tenho problema absolutamente nenhum que o museu tenha BMG no nome (o mesmo não diria do estádio... para me convencerem nesse caso teria que ser mesmo MUITO dinheiro).
... e isto por muito piroso que seja «Museu FCP by BMG» (se acham que vocábulos ingleses dão mais pinta - o que parece estar muito em voga em Portugal - podiam já agora chamar-lhe «FCP Museum by BMG» para serem consistentes).
E vá lá que o patrocinador chama-se BMG, tivémos sorte. Sempre soa bem melhor do que «Museu FCP by Salsichas Nobre», por exemplo.
Para mim vai ser pura e simplesmente o Museu do FCP, e já não era sem tempo.
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Porto: cada vez mais Futebol Clube
Por André Machado
A vencer desde 1893. É
este o “benchmarking” de tantos
portistas como eu, que no alto das suas cadeiras de sonho, profissionalmente
falando, aplicam esta filosofia, sem pestanejar, no seu dia-a-dia. A
transposição é permanente. Nunca esquecida. Vencer desde a sua nascença. Vencer
desde a sua existência. Vencer. Ganhar. Conquistar. Crescemos a sentir o Porto
e a pagar cara cada vitória. Nas Antas torcíamos mais do que os outros, acreditávamos
mais do que os outros, ficamos conscientes e convictos que, para sermos
melhores, teríamos forçosamente que fazer mais, e acima de tudo fazer mais do
que os “outros”. Assim o fizemos. Assim trouxemos esta bagagem para a nossa
vida profissional, pessoal. O Porto foi e é uma escola de homens. O
Ensinamento. O Exemplo.
Mas nós, e quando me
refiro a nós, falo na globalidade da essência do que é ser “portista”, não
fomos os únicos a abraçar o crescimento e a maturidade. O Porto, também ele,
cresceu. Mudou de casa. Triplicou o número de colaboradores. Quadruplicou o
valor das suas equipas. Até diversificou a sua actividade e fundou novas empresas.
Sempre a vencer, pelo menos dentro do campo. Nas quatro linhas. Na sua máxima
preocupação, o Futebol. No “core” da
sua existência, o Desporto Rei. Mas fora dele, parece esfumar-se no tempo, como
um dia de neblina pela manhã, esta vontade de ser mais. Esta vontade de ser
Porto.
Hoje o Porto não é só
emoção, não representa apenas uma causa, uma região. Hoje o Porto é razão. É
negócio, é activo e passivo. Hoje o Porto é lucro, organização, rentabilidade. Hoje
o Porto somos todos nós, mas não só. Hoje o Porto é “mais” SAD.
Mas é “menos” Comercial, menos Estádio, menos Multimédia, menos Seguros, menos
Viagens, e claramente, é hoje menos Modalidades. Podia ser mais, mas não é.
Hoje o Porto é muito, podia ser bem maior, mas parece teimar em não querer ser.
Classifico,
desportivamente, como irrepreensível o trabalho da estrutura da SAD e respectivos
elementos. Classifico como únicos os feitos e as conquistas alcançadas. Reconheço
uma validade e um valor extremo e ímpar. E este reconhecimento abrange as mãos
de quem detém o destino do meu Clube. Porém, desconheço a estratégica, o
posicionamento e a abordagem comercial. O fio condutor das outras estruturas
que perfazem o Grupo. Desconheço a penetração comercial internacional
pretendida. Desconheço a capitalização do “Brand
Equity”, desagregado do activo “Futebol”. Desconheço a captação de
investimento internacional na sponsorização
do clube e no investimento na rubrica “Hospitality”,
entre outras. Desconheço talvez
porque ando desatento, talvez porque a Razão baralhe a Emoção, de quando em
vez. Desconheço talvez porque haja menos comunicação mediática sobre estas
rúbricas, desconheço porque talvez seja de menor escala a política
expansionista do grupo. Desconheço, talvez porque não perceba de política
alguma, para além da política desportiva, que é de fácil compreensão.
Simplesmente desconheço. Prefiro assim.
Mesmo quando se fala
em expansão, fala-se pouco em penetração global. Conhecem-se entradas específicas
em Mercados Emergentes, nomeadamente na aquisição de novos activos, leia-se
jovens jogadores. Mas referencia-se pouco a comercialização activa de merchandising personalizado, por
exemplo, nestes Países. Quantas multinacionais, que se encontram em fase de
penetração no Mercado nacional, terão sido abordadas? Quantas feiras
desportivas de renome mundial contaram com a presença do FC Porto, enquanto
expositor? Quantos Produtos foram Licenciados e activados fora do território
nacional? Quantas vezes foi o Porto o veículo que aproxima as organizações
internacionais do Mercado Nacional, capitalizando assim o investimento que as
mesmas fazem no clube e elevando a mais-valia que significa a elaboração de uma
parceria comercial com a organização? Quantos eventos captados
internacionalmente, fora do âmbito desportivo foram captados e inseridos no
contexto Estádio do Dragão / Dragão Caixa? Quantos modelos de sucesso foram
analisados, estudados e seguidos, nas diferentes áreas de negócio? Desconheço.
Sou um leigo. Uma vez mais, um cego. Se no capítulo desportivo não há discussão
que resista pois a invencibilidade estratégica impera há mais de três décadas,
o mesmo não se pode afirmar no que à capitalização e rentabilização de outras
potencialidades do Clube, das Empresas e da Marca, diz respeito.
Pegando num exemplo
bem próximo e actual, as novas plataformas digitais e os designados “Social Media” que vieram para ficar, a
página oficial do clube, no Facebook, possui um elevado número de colombianos
como fãs e seguidores das actualizações diárias e da realidade presente do
clube, estando já no topo da tabela, fruto das estrelas que o Porto conseguiu
captar, neste País. De que forma é que rentabilizamos comercialmente esta
aproximação intercontinental? Quantos dos nossos patrocinadores oficiais (independentemente
da sua classificação, “Gold or Silver”) ou
parceiros, que possuem especial interesse
nesta região do Globo, utilizaram este canal como meio e veículo de comunicação
direccionada? São muitas as questões que possuo. Desconheço todas as suas
respostas. Talvez por ser um leigo. Serei certamente um leigo nesta matéria.
A vencer desde 1893
continua a ser o “benchmarking” e o
legado de tantos portistas como eu, que no alto das suas cadeiras de sonho,
profissionalmente falando, aplicam esta filosofia, sem pestanejar. Já o fizeram
no passado. Vencer desde a sua nascença. Vencer desde a sua existência. Vencer.
Ganhar. Conquistar. O Porto foi e é uma escola de homens. O Ensinamento. O
Exemplo. Porque no Porto sempre torcemos mais do que os outros, sempre
acreditamos mais do que os outros, sempre fomos conscientes que para sermos
melhores, teremos forçosamente que fazer mais, acima de tudo fazer mais do que
os outros.
E, neste capítulo, no
extra futebol, ainda não somos suficientemente “mais”. Ainda não somos “mais”
do que os outros…
Nota: o Reflexão Portista agradece a André Machado a elaboração deste artigo.
quinta-feira, 27 de junho de 2013
O “Pinto da Costa” do Hóquei
Nos seus primórdios como dirigente do FC Porto, Pinto da Costa foi seccionista desta modalidade, mas o grande nome do hóquei em patins portista é outro.
Ilídio Pinto, o dono da conhecida confeitaria Petúlia (local onde era habitual José Maria Pedroto jogar cartas com um grupo de amigos), é um dos poucos dirigentes atuais do FC Porto que acompanha Pinto da Costa desde a sua primeira presidência e, quando tomou conta do hóquei azul-e-branco, em 1982, os títulos conquistados resumiam-se a um Campeonato Metropolitano (ganho em 1968/69).
Daí para cá, os dragões conquistaram 53 títulos nacionais (isto apenas em Seniores):
Campeonato Nacional: 21
Taça de Portugal: 14
Supertaça Nacional: 18
A que se juntam mais sete conquistas a nível internacional:
Taça/Liga dos Campeões Europeus: 2 (1985/86, 1989/90)
Taça das Taças: 2 (1981/82, 1982/83)
Taça CERS: 2 (1993/94, 1995/96)
Supertaça Europeia: 1 (1985/86)
Em cerca de 30 anos, o FC Porto passou do zero para o clube português com melhor palmarés naquela que, extra Futebol, já foi a modalidade Rainha em Portugal. Notável!
No passado domingo, umas horas antes do fogo-de-artifício da noite de S. João iluminar o rio Douro, a época 2012/2013 encerrou com chave de ouro: mais uma Taça de Portugal, mais uma dobradinha para o palmarés do hóquei portista!
(Jornal O JOGO, 25-06-2013) |
Para que Reinaldo Ventura, Edo Bosch, Ricardo Barreiros e companhia igualassem o triplete alcançado em 1985/86 pela geração de Vítor Hugo, Vítor Bruno e Realista, só faltou ganhar a Liga Europeia, cuja Final foi ingloriamente perdida no Dragão Caixa, para uma equipa (o slb) notoriamente inferior e que tinha sido concludentemente derrotada nos dois outros desafios entre dragões e águias disputados durante a época.
Olhando para o futuro, com o treinador (Tó Neves) e a totalidade do plantel a manterem-se para a próxima época é caso para perspectivar que para o ano haverá mais (alegrias, esperam os portistas...).
quarta-feira, 26 de junho de 2013
Jogos em casa: vende-se ou usa-se o canal próprio?
Parece que a partir da próxima semana a slb vai estabelecer um preço de subscrição de 10 euros/mês para quem quiser ver o seu canal, o que reacendeu o tema «Vale a pena vender os direitos à Olivedesportos, ou é melhor transmitir os jogos na nossa própria TV?».
A minha opinião sobre este tema mantém-se: a única certeza que tenho é que transmitir os próprios jogos não se trata de todo de uma galinha dos ovos de ouro. Mas para além dessa certeza, acho que tanto é possível que venham a fazer mais lucro (algum, não muito) do que se tivessem vendido os direitos, como é possível que fiquem a perder algum dinheiro (o que acho ligeiramente mais provável).
Façamos as contas: o ponto de referência é o que a Olivedesportos lhes pagaria, que seria cerca de 20M/ano (ou até um pouco mais: digamos 24M).
24M/ano é o equivalente a 200mil subscritores a pagar 10 euros/mês. Mas a estas receitas há que descontar os custos de operação (incluindo os direitos de transmissão da Premier League) e a % a descontar para o operador por cabo - que certamente não chegarão sequer a ser compensadas pelas receitas de publicidade e revenda de direitos para o estrangeiro.
Ora a SportTV terá hoje uns 300mil subscritores (e isto tendo até agora todos os jogos do slb), ou até menos do que isso. Com a diferença de que a SportTV vai continuar a ter uma panóplia de produtos na oferta, começando por todos os jogos de FCP e SCP (excepto na luz), jogos do slb fora, e todos os jogos da Liga dos Campeões. Ou seja, vai continuar a haver mais jogos do slb na SportTV do que na slb TV, e muito mais.
Sendo assim parece-me difícil que a slb TV consiga no melhor dos casos chegar ou ultrapassar os tais 300mil a que a SportTV tinha conseguido chegar. Logo à partida, todos os particulares que não são lampiões vão-se recusar a subscrever o canal, o que elimina mais de metade da população; em seguida, uma grande maioria dos lampiões mais racionais a ter que escolher vão preferir a Sport TV, indo ver os jogos em casa do slb ao estádio, ao café ou a casa de um amigo (e já nem falo em pirataria na Net); sobra portanto como público-alvo os lampiões que não têm preocupações financeiras, os lampiões mais ferrenhos e os não-particulares (cafés, restaurantes, ...).
Ou seja, tendo um público-alvo que será para aí 1/3 do público-alvo da SportTV, é difícil de imaginar que consigam mais subscritores, mesmo tendo um preço de subscrição mais baixo.
Chegará para conseguir fazer mais de 20 e tal milhões LÍQUIDOS de lucro por ano? Talvez, mas é muito duvidoso e mesmo que sim, nunca será muito mais do q isso.
Não sei se alguém ficará a ganhar com isto tudo, mas sei que há quem vai ficar certamente a perder, e não é a Olivedesportos: nomeadamente, um número de cafés e restaurantes que se vão sentir obrigados a subscrever tanto a Sport TV como a slb TV de forma a não perder clientela...
terça-feira, 25 de junho de 2013
Revelações de André Villas-Boas
Ontem, O JOGO publicou uma extensa entrevista de André Villas-Boas (recomendo a leitura) onde, já com um certo distanciamento, o ex-treinador fala de diversos temas que causaram alguma polémica. Destaco, de seguida, três desses assuntos.
1. A saída do FC Porto
"Há desafios que, a certo momento, uma pessoa sente que os deve aceitar e foi isso que me invadiu. O assédio não foi só do Chelsea, tive muitos [contactos] e houve conversas com o FC Porto durante todo esse período, que os colocou a par do meu interesse. A minha condição é que qualquer dos clubes pagasse o valor da cláusula, de outra forma não me sentiria confortável."
Depois desta revelação, a tese de que os dirigentes portistas foram apanhados de surpresa, com o interesse do André Villas-Boas em sair do FC Porto no final da época 2010/11, fica pura e simplesmente enterrada.
2. O interesse em levar João Moutinho para Inglaterra
"[há um ano, quando falhou a contratação de Moutinho] não foi a primeira vez que falei com o FC Porto para o tentar levar, já o tinha feito no Chelsea, mas agora foi de forma oficial, com propostas e negociação. Acabou por não acontecer, mas todas as partes, talvez menos o FC Porto, tentaram chegar a um acordo. O problema foi que a abordagem mais agressiva ocorreu no último dia do mercado e tivemos de correr contra o tempo, porque o processo era complicado, não só por aquilo que ele representava para o FC Porto, como também pelos valores envolvidos e pelas outras partes que tinham participação no passe."
Bem, ao contrário do que ouvi e li, pelos vistos não é verdade que o FC Porto estivesse desesperado, ou sequer muito interessado, em vender o Moutinho ao Tottenham em Agosto de 2012.
3. A descoberta de Jackson Martinez
"[Jackson] foi um jogador proposto para observação já no meu tempo de FC Porto, na altura até com intervenção do Vítor [Pereira] e que o deixou imediatamente marcado como alvo."
Confirma-se que, há três épocas atrás, o Vítor Pereira teve uma intervenção directa na sinalização do Jackson como potencial alternativa a Radamel Falcao.
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segunda-feira, 24 de junho de 2013
Ghilas: o problema é o empresário??
«Ghilas: «Não chegou proposta de nenhum dos grandes». Avançado do Moreirense deve rumar a Inglaterra.»
«Ghilas fez 35 jogos durante esta época, tendo jogado 2845 minutos. Os 13 golos que marcou para a Liga (mais três na Taça da Liga) permitiram-lhe ocupar o 8º lugar na tabela dos melhores marcadores do campeonato, à frente de jogadores como Salvio e James Rodriguez».
É consensual e evidente para os portistas que necessitamos de um ponta-de-lança de qualidade para suplente de Jackson (isto nem sequer tendo em conta a possibilidade de Jackson ser vendido este Verão).
Penso que é também consensual que Ghilas já demonstrou qualidade mais do que suficiente para fazer parte do nosso plantel. Pelo menos para mim é totalmente evidente, com os bónus de
1) não haver dúvidas quanto à capacidade de adaptação a Portugal (ou contrário de eventuais alternativas vindas do estrangeiro)
2) ser ainda muito jovem (tem 23 anos), e
3) duvido que tenha expectativas desmesuradas para a primeira época, sabendo «encaixar» o eventual cenário de não jogar com muita regularidade (ao contrário de jovens pseudo-estrelas vindas do estrangeiro - alô Iturbe, por exemplo).
Para cúmulo o «price tag» do Ghilas é muito baixo para o habitual para um jogador dessa posição (salvo erro a cláusula está fixada entre 2 e 3 milhões; menos do que pagámos por Janko ou Kléber).
Estou portanto perplexo que a sua contratação pelo FCP ainda não tenha sido anunciada, e ainda mais que pelos vistos nem sequer foi sondado.
Estão à espera de quê? Qual é o problema? O empresário dele não agrada à SAD?? Não vejo mais nenhuma explicação minimamente plausível...
TRI também no Bilhar
«O FC Porto sagrou-se este domingo tricampeão nacional da I divisão de três tabelas ao vencer, na última jornada da "final six", o Leça Futebol Clube por 3,5-0,5.
A equipa portista, composta por Dick Jaspers, Torbjorn Blomhdal, Santos Oliveira e Rui Manuel (João Ferreira substituiu este último contra o Sporting), terminou em primeiro lugar após uma caminhada notável em que só somou triunfos. (...)»
A equipa portista, composta por Dick Jaspers, Torbjorn Blomhdal, Santos Oliveira e Rui Manuel (João Ferreira substituiu este último contra o Sporting), terminou em primeiro lugar após uma caminhada notável em que só somou triunfos. (...)»
A época 2012/2013 pode resumir-se assim:
Futebol: Campeões
Andebol: Campeões
Hóquei em Patins: Campeões
Basquetebol (Sub-20): Campeões
Natação (Feminino): Campeões
Bilhar: Campeões
Nada mau...
domingo, 23 de junho de 2013
Detalhes !
Antes eram os projectos: jogadores (e mais tarde os treinadores)
mudavam porque a sedução de integrar um campeonato superior se constituía
irresistível. O desejo de mudança, não
tinha nada a ver com o dinheiro. O mercantilismo puro e duro tornava-se difícil
de reconhecer porque o amor à camisola era ( e ainda é ?) um valor maior e
distintivo dos adeptos, que percebem mal
que um jogador não crie laços de
fidelidade ao clube onde nasce ou cresce. Ainda recentemente, aconteceu com
Falcão que saiu para Madrid sem remorsos e dali para o Mónaco com muito
ruido e ranho pelo meio. Como sócio do FCP não percebi muito bem, talvez porque
a minha condição fácil de reformado não
dê para entender a vida complicada de
uma vedeta que tem de gerir a carreira a pulso, à cabeçada e ao pontapé.
Tenho seguido à distância as
movimentações do mercado de verão. As negociações são complicadas com
demasiados interessados no ciclo da compra e da venda. Hoje, pela
leitura do jornal, conclui que uma série de contratações, para clubes nacionais
ou europeus, está presa por detalhes,
sendo que, uma boa parte deles, o acordo ente clubes já terá sido fechado, a crer nas notícias. No futebol os
treinadores cientificam tanto o seu trabalho que têm a necessidade de
justificar possíveis acidentes de percurso com a conjugação de um conjunto de pormenores
impossíveis de prever e que podem influir no resultado final, como se
isso não constasse da condição de jogo
que preside a todos os confrontos desportivos. Subliminarmente o que pretendem comunicar
é que a ciência está lá, só que não
acomoda a chatice dos detalhes. Nas negociações a história é idêntica e quando
se diz que um negócio está preso por detalhes quer dizer que as boas normas
negociais foram cumpridas e falta apenas acordar quesitos de última hora. Não se fala em
exigência de mais dinheiro, nem se denuncia
quem o reclama e porquê. Também ninguém quer explicar a razão das coisas,
até que alguém ou alguns se dignem a dar um murro na mesa e se honrem em
dignificar o desporto que praticam e os clubes que representam.
Vejo com alguma preocupação como
clubes de um país à beira da falência se atrevem em negócios que requerem um elevado
investimento. Sei que os clubes portugueses para concorrem na alta roda têm de
vender bem e comprar melhor, mas assustam-me os valores em jogo e os prejuízos
acumulados. Estou enfartado de negociatas e dos detalhes que as congelam. Venha
a bola, porque o resto dispenso bem !
sábado, 22 de junho de 2013
Uma ponte pintada em tons de azul-e-branco
Faz hoje 50 anos que, em 22 de Junho de 1963, foi inaugurada a Ponte de Arrábida. Projectada pelo engenheiro Edgar Cardoso, esta magnifica obra da engenharia portuguesa possuía, à data da sua inauguração, o maior arco de betão armado do Mundo (270 metros).
Mas esta ponte, entretanto classificada como património nacional, também está ligada ao imaginário portista por, de certa forma, ter sido durante muitos anos uma espécie de "cabo das tormentas" sempre que o FC Porto tinha de ir para Sul, particularmente para defrontar os rivais da capital.
“Quando o autocarro do FC Porto atravessa a Ponte Arrábida (para jogar em Lisboa) já vai a perder por 1-0″
Juntos, José Maria Pedroto e Pinto da Costa acabaram com um longo jejum de 19 anos mas, mais do que isso, acabaram com o nosso “adamastor″, acabaram com o complexo da ponte, transformaram os andrades em dragões e o resto é História. Uma história de três décadas de sucessos, em Portugal e no Mundo, pintada em tons de azul-e-branco.
Começou o Verão
Por André Vilas-Boas
Começou o verão. E com ele a "silly season", os anúncios de vitórias interplanetárias e visões faraónicas da terra prometida onde a secura vai acabar, a relva crescerá vermelha, ou melhor, encarnada, e onde os árbitros vão acabar o jogo antes dos 92'.
É neste período, entre Junho e Agosto, que um clube ganha sempre tudo. É neste período que uma vez mais, a soberba e a alienação criam uma equipa divina, gigante, um "rolo compressor" que joga um futebol divino, digno de "nota artística".
Mas tal como no "1984" de Orwell, é difícil reescrever a história todos os dias e manipular toda gente durante todo o tempo. No último jogo do campeonato, a águia Vitória piou mais alto e disse chega: abriu as asas e voou para longe e decidiu nunca mais voltar. A águia já foi. Restam 6 milhões de alienados que continuam à espera de ganhar. Entretanto, vão perdendo tudo, e se quando perdem apagam as luzes, ligam a rega, não cumprimentam o presidente da nação e saem de campo sem honrar o adversário que lhes ganhou e agridem árbitros e o próprio treinador nem me atrevo a pensar no que seria se ganhassem.
Mas tento sempre entender que clube é este, que valores defende e que adeptos são estes. Nunca tenho muito sucesso, e entretanto começa mais um campeonato, onde a Providência nos lembra, inexoravelmente, que o inferno é vermelho e que o Céu foi pintado em tons de Azul!
Nota: o Reflexão Portista agradece a André Vilas-Boas a elaboração deste artigo.
Começou o verão. E com ele a "silly season", os anúncios de vitórias interplanetárias e visões faraónicas da terra prometida onde a secura vai acabar, a relva crescerá vermelha, ou melhor, encarnada, e onde os árbitros vão acabar o jogo antes dos 92'.
É neste período, entre Junho e Agosto, que um clube ganha sempre tudo. É neste período que uma vez mais, a soberba e a alienação criam uma equipa divina, gigante, um "rolo compressor" que joga um futebol divino, digno de "nota artística".
Mas tal como no "1984" de Orwell, é difícil reescrever a história todos os dias e manipular toda gente durante todo o tempo. No último jogo do campeonato, a águia Vitória piou mais alto e disse chega: abriu as asas e voou para longe e decidiu nunca mais voltar. A águia já foi. Restam 6 milhões de alienados que continuam à espera de ganhar. Entretanto, vão perdendo tudo, e se quando perdem apagam as luzes, ligam a rega, não cumprimentam o presidente da nação e saem de campo sem honrar o adversário que lhes ganhou e agridem árbitros e o próprio treinador nem me atrevo a pensar no que seria se ganhassem.
Mas tento sempre entender que clube é este, que valores defende e que adeptos são estes. Nunca tenho muito sucesso, e entretanto começa mais um campeonato, onde a Providência nos lembra, inexoravelmente, que o inferno é vermelho e que o Céu foi pintado em tons de Azul!
Nota: o Reflexão Portista agradece a André Vilas-Boas a elaboração deste artigo.
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Atacar os problemas
A troca de Vítor Pereira por Paulo Fonseca só faz sentido se se traduzir numa melhoria de resultados.
Ora, estando a fasquia num patamar elevado, ao novo treinador será cobrado nova conquista do campeonato nacional e, por coerência, a chegada a uns quartos-de-final da Champions. De outra forma, não faria grande sentido esta alteração de comando técnico.
Podemos eventualmente discutir se o V.Pereira de 2013/14 faria pelo menos igual ao V.Pereira de 2012/13 (o qual esta longe de ser uma certeza) mas o facto é que esta substituição é mesmo de alto risco tendo em conta que, com apenas um terceiro lugar para mostrar, entramos mais no campo da fé do que propriamente da razão para comparar os dois treinadores.
Significa isto que se tratou de uma má escolha? Porventura não, se tivermos em conta que o sexto sentido de Pinto da Costa acerta mais vezes que o dos outros.
Porém, para o comum dos mortais, esta troca até se poderia justificar mas, para que isso acontecesse, o novo chefe deveria ser alguém num nível claramente acima ao de Vítor Pereira.
Não foi o caso, mas o que está feito já não tem retorno e, por isso, interessa agora olhar em frente e um bom começo para esta nova era será discutirmos os pontos em que temos que melhorar. É bom que haja um consenso mínimo sobre os nossos pontos críticos. O primeiro passo para a cura é localizarmos as partes “doentes”. Não há melhor timing para tal do que esta altura do defeso onde os pontos de vista não correm o risco de serem enviesados pelo resultado do último fim de semana.
As principais críticas ao nosso anterior treinador, centravam-se essencialmente em quatro aspectos:
As principais críticas ao nosso anterior treinador, centravam-se essencialmente em quatro aspectos:
1 - Futebol pouco atractivo, de muita posse e pouca definição no último terço do campo;
2 – Pouca rotação no “11” base, originando assim fadiga física e mental principalmente na zona do meio-campo;
3 – Aposta intermitente nas jovens promessas;
4 – Ambição limitada em diversos jogos europeus;
2 – Pouca rotação no “11” base, originando assim fadiga física e mental principalmente na zona do meio-campo;
3 – Aposta intermitente nas jovens promessas;
4 – Ambição limitada em diversos jogos europeus;
Relativamente ao ponto um, espera-se de Paulo Fonseca um futebol menos mastigado e com mais "killer-instinct" do que até aqui. O problema é que, até ao momento, na entrada e saída de jogadores parece que o problema se terá acentuado ao invés de ser corrigido. Continuamos à espera de reais alternativas às saídas de Moutinho e principalmente de James. Por muito valor potencial que possuam, Licá, Ricardo, Rodrigues, Josué, Carlos Eduardo e até mesmo Herrera, não são actualmente garantias do coisa alguma. Porventura, até, o mais certo é tratarem-se de apostas de futuro e não propriamente para a época que agora se inicia. Primeiro terão ainda um tempo de adaptação.
Se pensarmos que até James precisou de um ano até carburar em pleno…
Se pensarmos que até James precisou de um ano até carburar em pleno…
Neste ponto inicial enquadra-se também a velha questão do ponta-de-lança. Urge uma alternativa válida a Jackson Martinez. Não podemos, de forma alguma, atravessar nova temporada a "rezar" para que o jogador não se lesione, ou pior, seja vendido durante as janelas de transferências. Aliás, se o 4-3-3 é para ser mantido, é praticamente obrigatória a existência de dois pontas-de-lança capazes no plantel.
O ponto 2 está ligado ao primeiro no sentido em que, apesar de todos estes novos reforços portugueses, continua a valer a ideia de que ainda falta um centro campista acima de qualquer suspeita, que tanto poderá ser o substituto para Moutinho como para o cada vez mais veterano Lucho. Na realidade, não poderá passar pela cabeça de ninguém que um clube com a ambição do nosso continue a depender de um Lucho que já não dura sequer até Marco/Abril.
Para já, o melhor que se antevê será um trio formado por Fernando-Herrera-Izmaylov.
Parece curto. Para mais, continuando a não haver certezas sobre a real capacidade física do russo.
Se, pelo contrário, o novo treinador apostar num meio-campo de quatro elementos, talvez a coisa possa estar mais equilibrada. Contudo, falta claramente ali um médio ofensivo com uma maior imaginação que as actuais alternativas.
Para já, o melhor que se antevê será um trio formado por Fernando-Herrera-Izmaylov.
Parece curto. Para mais, continuando a não haver certezas sobre a real capacidade física do russo.
Se, pelo contrário, o novo treinador apostar num meio-campo de quatro elementos, talvez a coisa possa estar mais equilibrada. Contudo, falta claramente ali um médio ofensivo com uma maior imaginação que as actuais alternativas.
Quanto à aposta nas jovens promessas (ponto 3), o final de época anterior deixou uma expectativa elevada. Do nada, a aposta tardia em Kelvin tornou-o inclusive no herói do titulo, isto apesar da sua "verdura" como extremo.
Trata-se, na realidade, de um dos maiores desafios para Paulo Fonseca: fazer crescer todos estes jovens que tanto prometiam quando chegaram ao Dragão. Para já uma má notícia: perdeu um dos mais importantes (Atsu). Porém, juntando as recentes compras na nossa liga, ao provável regresso de Iturbe, já muito terá com que se entreter.
A alínea final (Europa), parecendo secundaria à primeira vista, irá ser aquilo pelo qual muito provavelmente iremos medir e comparar esta nova "gerência" com as anteriores.
Se Paulo Fonseca, à imagem de Jesualdo e Vítor Pereira, encarar adversários como um Málaga ou um Zenit, com um receio tal que o leve a alterar bruscamente as ideias em que acredita nos restantes jogos, então será apenas "mais um" treinador do FCP. Mais um que não marcará a diferença entre um antes e um depois.
Não chega vencer campeonatos: há que deixar uma marca, um legado. Ou seja, há que entregar o clube num melhor estado do que aquele em que se encontrava quando chegou.
Trata-se, na realidade, de um dos maiores desafios para Paulo Fonseca: fazer crescer todos estes jovens que tanto prometiam quando chegaram ao Dragão. Para já uma má notícia: perdeu um dos mais importantes (Atsu). Porém, juntando as recentes compras na nossa liga, ao provável regresso de Iturbe, já muito terá com que se entreter.
A alínea final (Europa), parecendo secundaria à primeira vista, irá ser aquilo pelo qual muito provavelmente iremos medir e comparar esta nova "gerência" com as anteriores.
Se Paulo Fonseca, à imagem de Jesualdo e Vítor Pereira, encarar adversários como um Málaga ou um Zenit, com um receio tal que o leve a alterar bruscamente as ideias em que acredita nos restantes jogos, então será apenas "mais um" treinador do FCP. Mais um que não marcará a diferença entre um antes e um depois.
Não chega vencer campeonatos: há que deixar uma marca, um legado. Ou seja, há que entregar o clube num melhor estado do que aquele em que se encontrava quando chegou.
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Vitor Pereira
quinta-feira, 20 de junho de 2013
Vítor Pereira saiu de cabeça erguida
(30ª jornada, Paços Ferreira x FC Porto) |
«(…) No reinado de 730 dias como treinador do FC Porto, Vítor Pereira recebeu inúmeros comentários desfavoráveis. Muitos justificados. A qualidade do futebol apresentado pelos “azuis e brancos” em alguns jogos foi medíocre, as eliminações na Taça de Portugal, em Coimbra e Braga, foram difíceis de digerir, a fase de grupos na Liga dos Campeões na primeira época fez lembrar os tempos de Co Adriaanse e do FC Artmedia. No entanto, no mais importante, no título mais cobiçado por qualquer adepto de um clube português, Vítor Pereira esteve irrepreensível a nível de resultados.
(…)
Da boca dos detractores do (ainda) treinador portista, é comum ouvir-se que “no FC Porto qualquer um é campeão”. São dados como exemplo outros técnicos, alegadamente pouco qualificados, que também conquistaram o “bi” como portistas. No entanto, ao contrário do que tantas vezes aconteceu no passado, desta vez ninguém pode dizer que o FC Porto é campeão por falta de comparência da concorrência.
Na época passada, mas principalmente nesta, Vítor Pereira teve que lutar contra um Benfica competente. Com um plantel vasto e de muita qualidade do meio-campo para a frente, e um treinador cuja qualidade está acima de qualquer suspeita, os “encarnados” pareceram sempre estar mais bem colocados para chegarem ao título. Mas na “hora H”, foi sempre Vítor Pereira o último a rir, mesmo não tendo as mesmas armas do adversário. Tanto este ano, como em 2012, o FC Porto fez o xeque-mate ao Benfica nos confrontos directos. Na época passada, na Luz; este ano, no Dragão. E essa medalha, tão desejada por qualquer portista, ninguém pode tirar a Vítor Pereira: para o campeonato, nunca perdeu frente ao grande rival.»
Um mês depois de Paços de Ferreira, parece-me que ainda é cedo para se contar a história toda da saída de Vítor Pereira.
Entretanto, quer na apresentação de Paulo Fonseca, quer numa entrevista ao JN, Pinto da Costa fez declarações pouco simpáticas para Vítor Pereira, mas da boca do ex-treinador do FC Porto não saiu qualquer remoque em relação ao Presidente ou a outros dirigentes do FC Porto. Nem uma palavra, que pudesse ser mal interpretada ou explorada pela comunicação social lisboeta.
Penso que mesmo os que não gostavam dele, reconhecerão que Vítor Pereira saiu do FC Porto como um Senhor, de cabeça erguida e com a satisfação da missão cumprida.
Estou convicto que um dia irá voltar e vai reentrar no Estádio do Dragão pela porta grande. E digo isto porque Vítor Pereira é um homem de fibra, competente, com provas dadas e… portista.
Como disse um dia Jorge Nuno Pinto da Costa, largos dias têm 100 anos.
P.S. O que me chamou à atenção na foto que ilustra este artigo é o facto de no momento da vitória, quando todo o grupo de trabalho festejava de forma eufórica a conquista do (TRI)campeonato, o principal responsável por essa vitória – o treinador Vítor Pereira – se ter colocado a um canto, na fila de trás, com uma expressão pensativa.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
Atsu, uma maçã podre?
Desde o início da época 2012/2013, que a comunicação social fez eco da intenção do FC Porto em renovar o contrato com Christian Atsu e, simultaneamente, aumentar o valor da cláusula de rescisão.
Entre Agosto e Dezembro de 2012, Atsu foi uma aposta regular de Vítor Pereira, tendo participado em 22 jogos (incluindo os seis jogos que, neste período, a equipa disputou para a Liga dos Campeões).
(Utilização de Atsu entre Agosto e Dezembro de 2012, fonte: zerozero) |
Chegados a finais de Dezembro, os sinais de um possível entendimento entre as duas Partes - jogador e clube - não eram famosos.
«As negociações entre o FC Porto e Christian Atsu para a renovação do contrato do ganês terminaram sem acordo.»
in O JOGO, 29-12-2012
(fonte: O JOGO, 29-12-2012) |
Após uma ausência de cerca de um mês e meio, devido à participação do Gana na Taça de África das Nações, Atsu regressou às opções de Vítor Pereira na 19ª jornada do campeonato. Daí até ao final do campeonato ainda iria ter uma lesão (entorse, no jogo do Funchal com o Marítimo) e participou em 10 jogos, terminando, tudo indica, a sua carreira ao serviço dos dragões com uma exibição fraquinha, tendo sido substituído a 5 minutos do intervalo no FC Porto x Vitória Setúbal.
(Utilização de Atsu entre Fevereiro e Maio de 2013, fonte: zerozero) |
Para um jogador formado no clube, que no ano anterior tinha estado emprestado ao Rio Ave e que, durante a época, teve uma ausência prolongada na CAN e uma lesão de média gravidade ter, ainda assim, participado em 32 jogos é muito bom.
Se a isto juntarmos a novela da não-renovação, penso que Atsu não terá qualquer razão de queixa do FC Porto e, particularmente, do treinador Vítor Pereira.
Mas tudo indica que a separação entre as duas Partes é inevitável.
(fonte: O JOGO, 17-06-2013) |
Falta saber se a FC Porto SAD ainda irá receber uns trocados, ou se Atsu irá sair a custo zero, passando os próximos meses a treinar com a equipa B.
P.S. Como parto do principio que as pessoas não estão de má fé, só por falta de memória, ou desconhecimento, é que alguns mediáticos comentadores portistas, como Miguel Sousa Tavares, podem usar o caso do Atsu para atacar o ex-treinador Vítor Pereira.
terça-feira, 18 de junho de 2013
Ideias fortes acerca do “Tal Canal”
No passado sábado, durante o II Encontro da Bluegosfera, houve uma animada discussão em torno de três temas relacionados com o FC Porto.
(II Encontro da Bluegosfera - Painel 1) |
No âmbito do Painel 1, cujo tema era o Porto Canal (“O Tal Canal”), três bloggers portistas expuseram as suas opiniões, a partir de perspectivas distintas, mas todas elas muito interessantes.
Para que aquilo que foi dito não fique confinado às quatro paredes do Auditório da Biblioteca Municipal de Espinho, fiz um apanhado de algumas das ideias fortes que foram transmitidas por estes bloggers.
Fernando Costa (Kosta de Alhabaite)
“Portugal ainda não se libertou da asserção queiroziana de que o país é Lisboa e o resto é paisagem”
“Subsiste uma visão centralista afunilada nos media portugueses”
“Um canal de clube não oferece nenhum conteúdo de interesse geral e de nada serve para aumentar o prestígio desse mesmo clube”
“A inclusão de espaços dedicados ao Clube num canal com programação generalista e independente é a opção correta e mais agregadora”
“A regionalização faz-se com boas instituições, não só a nível económico-financeiro, mas a nível da televisão, do jornalismo, dos jornais e das rádios locais”
“O FC Porto tem de ser capaz de se defender publicamente e de afirmar a nossa versão de uma forma mais abrangente e eficaz do que com comunicados no site oficial ou alfinetadas do Labaredas”
“A grelha do Porto Canal poderia conter um programa reunindo bloggers da bluegosfera”
“Não quero um Porto Canal trauliteiro, populista e demagogo, mas também não quero este Porto Canal mansinho, na onda da atual comunicação do Clube”
“O futuro terá de ser feito com agregação de interesses, iniciativas, realizações e objetivos de outras instituições locais e regionais aos mais diversos níveis”
Miguel Souto (Tribuna Portista)
“O Porto Canal é o nosso canal, contendo programação desportiva e relatando o dia-a-dia do clube”
“O Porto Canal deve assumir a defesa do clube, quer do ponto de vista institucional, quer do desportivo (em relação aos “capelas” do nosso futebol)”
“O Porto Canal deve envolver os adeptos e as casas do FC Porto, numa programação de promoção do clube”
Nelson Carvalho (Reflexão Portista)
“As plataformas de comunicação do clube estão obsoletas”
“O Porto Canal deve ser um elemento de distinção do clube e aglutinador do universo portista”
“Não é possível dissociar a comunicação do clube da comunicação do canal”
“A comunicação do FC Porto deveria agregar uma plataforma conjunta online do FC Porto e Porto Canal”
“O Porto Canal deveria ser uma plataforma de contrapoder em relação ao centralismo desportivo e institucional do País”
“Porque não um espaço para os blogs do FC Porto para dar voz e força ao adepto?”
“Ao nível do merchandising, deveria ser aproveitada a agregação da estrutura de comunicação para apresentação/promoção de produtos da Loja Azul”
“Criar passatempos atrativos que promovam a procura dos canais de comunicação do FC Porto”
“O Porto Canal deve reforçar os conteúdos exclusivos e de qualidade relacionados com o FC Porto”
“O Porto Canal deve pautar-se por uma linha editorial credível”
P.S. No caso de ter deturpado (de forma involuntária) a opinião que foi transmitida, pedia ao Fernando Costa, ao Miguel Souto e ao Nelson Carvalho o favor de me corrigirem.
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Comissões desproporcionadas
No Relatório e Contas Consolidado da FC Porto SAD, referente ao 3º Trimestre 2012/2013, que foi enviado à CMVM em 31/05/2013, surge a seguinte informação:
(Relatório e Contas Consolidado, 3º T 2012/2013, página 18) |
Um dos números que chamou à atenção no quadro anterior foi o valor dos encargos adicionais do negócio correspondente à aquisição do defesa central mexicano Diego Reyes.
Duas semanas depois, no dia 15 de Junho, o jornal O JOGO publicou uma explicação:
(fonte: jornal O JOGO) |
Penso que a explicação dada a O JOGO, por fonte do FC Porto, é perfeitamente razoável. Inclusivamente, do ponto de vista fiscal, é bem capaz de traduzir-se numa poupança para a FCP SAD (é melhor pagar um prémio de assinatura e cedência de direitos de imagem à cabeça, pagando depois um salário mais baixo).
Contudo, sobra uma dúvida: por que razão não se fez o mesmo no caso do Jackson Martinez, também ele contratado a um clube mexicano cinco meses antes?
Contudo, sobra uma dúvida: por que razão não se fez o mesmo no caso do Jackson Martinez, também ele contratado a um clube mexicano cinco meses antes?
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Notas curtas sobre o II Encontro
Há cerca de um ano atrás, no dia 21 de Julho de 2012, realizou-se o I Encontro da Bluegosfera. Em resultado dessa primeira experiência e dos comentários que recebemos, a "troika organizadora" (que este ano recebeu um reforço valioso - o Nuno Góis do 'Somos Porto'), decidiu:
i) Antecipar a realização do Encontro da Bluegosfera em cerca de um mês, de modo a afastar a data do evento do habitual período de férias e, também, para não coincidir com jogos de preparação da equipa de futebol;
ii) Aumentar o período de tempo destinado aos três Painéis. Em vez de 3 horas (1 hora para cada Painel), passamos para 4 horas e meia (1h30 para cada Painel);
iii) Em vez de concentrar os Painéis numa tarde, distribuímos os três Painéis por manhã e tarde, introduzindo no Programa um almoço de convívio (para quem quisesse);
iv) Tentar proceder à transmissão do evento através da Internet e, em paralelo, receber comentários e perguntas via facebook.
(II Encontro da Bluegosfera - Espinho) |
As melhores pessoas para opinarem acerca da forma como decorreu este II Encontro da Bluegosfera são os portistas que estiveram presentes mas, como membro da organização, gostaria de salientar a qualidade das apresentações efetuadas nos três Painéis. Foram todas muito boas, com algumas a roçar a excelência, e é uma pena que não tenha estado presente ninguém da estrutura do FC Porto para ouvir o que foi dito. Estou convencido que a forma quase profissional como os intervenientes nos Painéis prepararam e fizeram as respetivas apresentações iria surpreender algumas pessoas.
(II Encontro da Bluegosfera - Espinho) |
E que dizer dos períodos de debate de cada um dos Painéis?
Comentários, críticas, sugestões e ideias interessantes não faltaram. O que faltou foi tempo, tantas foram as pessoas a querer intervir, inclusive via facebook.
Contudo, houve coisas que não correram tão bem como gostaríamos. A transmissão através da Internet teve falhas, não conseguimos cumprir com o horário que constava do Programa e o tempo previsto para debate em cada um dos Painéis voltou a revelar-se insuficiente.
(II Encontro da Bluegosfera - Espinho) |
Fica prometido, no próximo ano, se houver III Encontro da Bluegosfera, iremos tentar melhorar e corrigir as falhas que existiram neste II Encontro.
Finalmente, quero, mais uma vez, agradecer o apoio que tivemos por parte do Senhor António Coutinho, Presidente da Casa do FC Porto de Espinho, e da Câmara Municipal de Espinho, representada no evento pelo seu Vice-Presidente, Dr. Vicente Pinto. Um bem haja a ambos.
E VIVA O FUTEBOL CLUBE DO PORTO!
P.S. Como habitualmente, o pEdRo bLuE fez uma magnifica cobertura fotográfica. As mais de 100 fotos que tirou podem ser vistas no sítio do costume (WWW.FOTOSDACURVA.COM)
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sábado, 15 de junho de 2013
O II Encontro da Bluegosfera é hoje!
Quem está interessado, mas não tem possibilidade de assistir ao vivo, vai poder assistir e participar à distância.
Como?
Dispondo de um computador ou tablet com ligação à rede porque, se não houver problemas técnicos que o impeçam, o evento vai ser transmitido em directo via Internet.
O endereço da emissão será disponibilizado no sítio do costume - a página oficial dos Encontros da Bluegosfera no facebook.
Quem, para além de assistir, quiser participar, também poderá fazê-lo, através da página oficial no facebook.
Cada um dos três painéis tem um espaço de debate e a ideia é nesses períodos serem lidas algumas das observações/perguntas enviadas, como se as mesmas tivessem sido colocadas por uma das pessoas que vai estar no auditório da Biblioteca Municipal de Espinho. Evidentemente, terá de haver moderação dos comentários.
Veremos como vai correr esta experiência.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
O adeus que o Vitor merecia
Imagino Antero, Vitor Pereira e Pinto da Costa num cenário do PortoCanal. Não há grandes sorrisos mas também não se vêm caras largas. Falam tranquilamente, entram em directo. Depois das perguntas da praxe do jornalista de serviço, Pinto da Costa comunica aos adeptos do clube que, de mútuo acordo, clube e treinador entenderam que o ciclo de três anos tinha chegado ao fim. Que era altura para um novo desafio para ambas as partes. Agradece a VP a dedicação, o ter abdicado de ser treinador principal para ser auxiliar de AVB e, sobretudo, de se ter negado a ir com ele para Londres e ficar a dirigir a nau, com sucesso desportivo inquestionável. Vitor Pereira agradece a confiança da estrutura, o apoio da directiva em todos os momentos. Há um olhar cúmplice, de sensação de dever cumprido para ambas as partes. Antero finalizando deixando a porta aberta no futuro para um treinador que tem tantos títulos como António Oliveira, Bobby Robson, Carlos Alberto Silva, José Mourinho e José Maria Pedroto. Títulos da estrutura, títulos do treinador, títulos de uma parceria que chegou ao fim.
Naturalmente, que isto é só fruto da minha imaginação.
A realidade é sempre mais crua que a fantasia. No mundo real não há espaço para a honestidade intelectual, para o cavalheirismo e para o reconhecimento do mérito. Salvo casos muito excepcionais, tudo é feito com frieza e distanciamento. E é pena que assim seja.
Porque o FC Porto é um clube grande no plano desportivo mas sempre o foi no plano humano. E a este adeus de Vitor Pereira faltou isso mesmo. Humanidade. Não se trata de que o técnico mereça ficar ou não - esse debate acabou, agora é remar em frente com o Paulo Fonseca - mas sim da forma como o clube decidiu dar por terminada uma relação profissional que se pode considerar, a muitos títulos, bem sucedida.
Vitor Pereira é portista. Sentido, do coração, de pequenino. Não precisou do discurso retórico da cadeira de sonho, não precisou de pôr-se de joelhos na Luz para reclamar um "roubo de igreja" ou de inventar que era um ser especial. Vitor Pereira foi ele mesmo, com os seus defeitos e virtudes (que tem muitas, como todos, em ambos campos). No final, mereceu apenas um comentário despectivo do homem que o foi buscar ao Santa Clara, que o manteve no posto quando a coisa esteve tremida em Dezembro de 2011, e que celebrou com ele dois títulos com os quais talvez a estrutura não tivesse a contar. Disse Pinto da Costa que o FCP tem um novo treinador porque o anterior quis ir para as Arábias, deixando entender que se tinha vendido. Não é assim.
Desde Março, quando o agente do VP e o próprio souberam que o clube não tinha intenções de renovar, que o seu destino estava traçado. Sondaram-se treinadores internacionais e escolheu-se um técnico de perfil baixo, português e ambicioso. Pelo caminho, a vitória surpreendente no minuto Kelvin chegou a fazer alguns elementos do clube ponderar um voltar atrás. Montou-se um circo pouco habitual num clube tão profissional como este, exemplar na gestão da sucessão dos seus treinadores como nenhum outro. Alguém pensou em persuadir o treinador a ficar, para agradar a parte da galeria. Acabou por pesar a vontade de mudar para algo mais atractivo e o próprio despeito de um profissional que se sentiu desprezado quando as coisas não iam tão bem. Tudo isso é legitimo e futebol. O FCP tem todo o direito a não renovar com quem quer que seja e o VP tem todo o direito em não querer renovar e ir fazer o contrato da sua vida nas Arábias. Mas isso implica que não tenha direito a uma despedida à altura?
Quando AVB saiu, muitos - eu não, nunca eu - começaram a transformar o amor que lhe tinham por ódio e passou a ser o Libras-Boas. Mas nunca se viu do clube essa frieza e distanciamento com um treinador que, meses depois, veio recolher o Dragão de Ouro. Está claro que aqui há filhos e enteados. VP ficou, sofreu na pele o desgaste de um balneário destroçado pelas ambições de jogadores e empresários, e corrigiu o rumo. AVB foi-se embora. E no entanto, parece que ao primeiro há que dizer adeus e até logo e ao segundo, vê lá se voltas depressa. Curioso.
Esse pequeno gesto tinha dignificado, sobretudo, o clube.
Não é a primeira vez que PdC não renova com um campeão, homem da casa. Passou com Oliveira e não se perdeu o título seguinte. Um bom exemplo para deixar claro que os homens passam e a estrutura fica, o nosso sinal de sucesso. Não havia essa pergunta a contornar, pura e simplesmente porque isto é futebol. Mas da mesma forma que se utilizou, e bem, o Porto Canal para apresentar o novo mister, teria tido um orgulho imenso nos meus dirigentes se tivessem feito exactamente o mesmo, dias antes, para despedir o homem do bicampeonato que todos pensavam que seria de outra cor. Noutros clubes, noutras ligas, noutras sociedades, homenagens destas existem. É só preciso trazer um pouco mais de humanidade a um desporto-paixão cada vez mais tratado por quem o dirige com a frieza e cinismo de quem gere uma multinacional. O Vitor merecia ter tido outro adeus, os adeptos do FC Porto (principalmente os que lhe estão gratos, que são muitos, independentemente de que queiram que siga ou não) também. Só faltou que as pedras do Dragão tivessem tido um pouco mais de sentimento.
Naturalmente, que isto é só fruto da minha imaginação.
A realidade é sempre mais crua que a fantasia. No mundo real não há espaço para a honestidade intelectual, para o cavalheirismo e para o reconhecimento do mérito. Salvo casos muito excepcionais, tudo é feito com frieza e distanciamento. E é pena que assim seja.
Porque o FC Porto é um clube grande no plano desportivo mas sempre o foi no plano humano. E a este adeus de Vitor Pereira faltou isso mesmo. Humanidade. Não se trata de que o técnico mereça ficar ou não - esse debate acabou, agora é remar em frente com o Paulo Fonseca - mas sim da forma como o clube decidiu dar por terminada uma relação profissional que se pode considerar, a muitos títulos, bem sucedida.
Vitor Pereira é portista. Sentido, do coração, de pequenino. Não precisou do discurso retórico da cadeira de sonho, não precisou de pôr-se de joelhos na Luz para reclamar um "roubo de igreja" ou de inventar que era um ser especial. Vitor Pereira foi ele mesmo, com os seus defeitos e virtudes (que tem muitas, como todos, em ambos campos). No final, mereceu apenas um comentário despectivo do homem que o foi buscar ao Santa Clara, que o manteve no posto quando a coisa esteve tremida em Dezembro de 2011, e que celebrou com ele dois títulos com os quais talvez a estrutura não tivesse a contar. Disse Pinto da Costa que o FCP tem um novo treinador porque o anterior quis ir para as Arábias, deixando entender que se tinha vendido. Não é assim.
Desde Março, quando o agente do VP e o próprio souberam que o clube não tinha intenções de renovar, que o seu destino estava traçado. Sondaram-se treinadores internacionais e escolheu-se um técnico de perfil baixo, português e ambicioso. Pelo caminho, a vitória surpreendente no minuto Kelvin chegou a fazer alguns elementos do clube ponderar um voltar atrás. Montou-se um circo pouco habitual num clube tão profissional como este, exemplar na gestão da sucessão dos seus treinadores como nenhum outro. Alguém pensou em persuadir o treinador a ficar, para agradar a parte da galeria. Acabou por pesar a vontade de mudar para algo mais atractivo e o próprio despeito de um profissional que se sentiu desprezado quando as coisas não iam tão bem. Tudo isso é legitimo e futebol. O FCP tem todo o direito a não renovar com quem quer que seja e o VP tem todo o direito em não querer renovar e ir fazer o contrato da sua vida nas Arábias. Mas isso implica que não tenha direito a uma despedida à altura?
Quando AVB saiu, muitos - eu não, nunca eu - começaram a transformar o amor que lhe tinham por ódio e passou a ser o Libras-Boas. Mas nunca se viu do clube essa frieza e distanciamento com um treinador que, meses depois, veio recolher o Dragão de Ouro. Está claro que aqui há filhos e enteados. VP ficou, sofreu na pele o desgaste de um balneário destroçado pelas ambições de jogadores e empresários, e corrigiu o rumo. AVB foi-se embora. E no entanto, parece que ao primeiro há que dizer adeus e até logo e ao segundo, vê lá se voltas depressa. Curioso.
Esse pequeno gesto tinha dignificado, sobretudo, o clube.
Não é a primeira vez que PdC não renova com um campeão, homem da casa. Passou com Oliveira e não se perdeu o título seguinte. Um bom exemplo para deixar claro que os homens passam e a estrutura fica, o nosso sinal de sucesso. Não havia essa pergunta a contornar, pura e simplesmente porque isto é futebol. Mas da mesma forma que se utilizou, e bem, o Porto Canal para apresentar o novo mister, teria tido um orgulho imenso nos meus dirigentes se tivessem feito exactamente o mesmo, dias antes, para despedir o homem do bicampeonato que todos pensavam que seria de outra cor. Noutros clubes, noutras ligas, noutras sociedades, homenagens destas existem. É só preciso trazer um pouco mais de humanidade a um desporto-paixão cada vez mais tratado por quem o dirige com a frieza e cinismo de quem gere uma multinacional. O Vitor merecia ter tido outro adeus, os adeptos do FC Porto (principalmente os que lhe estão gratos, que são muitos, independentemente de que queiram que siga ou não) também. Só faltou que as pedras do Dragão tivessem tido um pouco mais de sentimento.
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Para que serve um Dep. Comunicação?
Será que um departamento de comunicação é útil para isto...
Isto é, para debitar propaganda barata (que só convence os já convencidos), juntamente com uma mensagem de ódio aos adversários e, pelo caminho, transformar o seu Diretor de Comunicação numa estrela mediática (pelos piores motivos)?
Ou um departamento de comunicação deve, por exemplo, servir para isto...
Isto é, para transmitir mensagens pela positiva ("détecteur de talents", "ejemplo de gestión", "el presidente TOP", etc.), que capitalizem os muitos sucessos alcançados pelo clube, com o objectivo de obter maior notoriedade e reconhecimento, particularmente a nível internacional?
Alguém se lembra de uma grande entrevista dada pelo Diretor de Comunicação do FC Porto?
Aliás, não fosse ser um ex-jornalista da RTP e suspeito que a maior parte dos adeptos do futebol desconheceriam o nome do Diretor de Comunicação do FC Porto.
E porquê? Porque, ao contrário do slb, no caso do FC Porto o que interessa é a mensagem (uma mensagem forte, positiva e eficaz) e não um descabido protagonismo do mensageiro.
P.S. No auge da tentativa do slb em chegar à Liga dos Campeões através de manobras de secretaria, muitos benfiquistas disseram que o nome e prestígio do FC Porto estariam irremediavelmente manchados por muitos anos. Será verdade?
Quantos adeptos espanhois, franceses, italianos, ingleses, etc., saberão quem é Carolina Salgado, Leonor Pinhão ou Jacinto Paixão?
Em contraponto, qual é a tiragem de jornais como a MARCA ou o L'Equipe? (dois dos principais diários desportivos europeus onde, nos últimos anos, têm sido publicadas diversas notícias e reportagens altamente elogiosas para o FC Porto)
O problema da esmagadora maioria dos benfiquistas é terem A BOLA como referência e confundirem os seus desejos com a realidade.
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Rui Cerqueira
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