Tendo sido dos melhores jogadores de sempre, a verdade é que é Cruyff, o treinador, quem a geração mais nova bem recorda.
Foram quatro as vezes que equipas orientadas por Cruyff defrontaram o FCP ao mais alto nível.
Tudo começou em 1985/86, quando Cruyff cumpria a sua primeira temporada como técnico e logo ao serviço do seu Ajax. Estávamos em Setembro, quando se realizou a primeira-mão no estádio das Antas. Artur Jorge deixava um pedido no dia do jogo: "Logo à noite, nem um assobio."
Como curiosidade, foi também a primeira vez que as crianças tiveram que, obrigatoriamente, apresentar bilhete para assistir a uma partida. Não admira, portanto, o título escolhido pelo "JN" no dia seguinte: "Um jogo para adultos". O FCP venceu por 2-0. Um excelente resultado para um jogo bem difícil. Laureta e Celso fizeram os golos em cada uma das partes. No Ajax de então já brilhavam nomes como Rijkaard, Van Basten e Ronald Koeman, embora este último jogasse apenas o encontro da segunda-mão: um nulo que colocou o FCP na eliminatória seguinte, aquela célebre pelos três golos de Juary ao Barcelona. Teve azar, Cruyff, ao defrontar, logo na sua estreia europeia, tão forte adversário. Mas a qualidade já estava lá: venceria dois títulos holandeses consecutivos e ainda a Taça das Taças na época seguinte.
E foi graças a este último triunfo que o Ajax de Cruyff voltou a estar no nosso caminho. A vitória do FCP em Viena, garantiu que ambos se encontrassem para a disputa da Supertaça Europeia em 87/88.
A velha raposa Ivic levou a melhor sobre Cruyff na primeira partida em Amesterdão. Gomes a jogar a médio e a rapidez do novato Rui Barros, colocaram os dragões bem posicionados para a segunda-mão. Foi 1-0 mas podiam ter sido mais. Bergkamp era, na época, a nova estrela do Ajax.
Já poucos se recordarão, mas Cruyff já não esteve no banco, em Janeiro de 1988, quando o FCP levantou o caneco (vitória por 1-0. golo de Sousa). Uma zanga com Ton Harmsen, director do clube holandês, originou a saída do treinador a escassos dias da viagem a Portugal.
Cruyff só se ficaria a rir em 1994, já ao comando do seu "dream-team" do Barcelona.
Uma inovação, sem sentido, da UEFA, originou uma inédita meia-final a uma única mão (!). Numa noite para esquecer do nosso clube, os catalães, jogando em casa, venceram com facilidade por 3-0, num jogo que ficaria para sempre recordado como a noite em que Robson inventou Aloísio a lateral.
Pelo meio, houve ainda um particular no torneio de Amesterdão, no Verão de 1987. Terminou empatado a uma bola, mas a ironia está no mercador do nosso golo. Rui Barros já facturava contra o vencedor da Taça das Taças, dois meses antes de deixar o "mago" Cruyff e companhia a chorar na partida a sério.
sexta-feira, 25 de março de 2016
Cruyff, o treinador, e o FC Porto
Etiquetas:
Cruyff,
Rui Barros,
Supertaça Europeia
quinta-feira, 24 de março de 2016
Cruyff, a estrela mundial que o Porto quase agarrou
Morreu Johan Cruyff.
De certa maneira, morreu uma parte importante do futebol. Nenhum protagonista foi tão relevante, como o génio holandês, na história do jogo, dentro e fora de campo. Podem ter existido jogadores individualmente superiores, treinadores mais bem sucedidas mas a forma como com o pensamento logrou avançar o desporto foi única. O curioso é que poucos sabem que Cruyff, esse mito absoluto do futebol mundial, não andou longe de ter sido por direito próprio um mito da história dos Dragões.
Em 1969 o Porto levava já uma década sem titulos de campeão nacional.
Tinham sido os anos de Eusébio e do Benfica campeão europeu, de um Sporting que também tinha triunfado na Europa e que de três em três anos mordia os calcanhares do vizinhos. Tinham também sido os anos em que Pedroto fez o primeiro esforço, inglório, de levar o clube para a modernidade. Sem êxito, o "Mestre" acabou despedido e irradiado do clube pelos próprios sócios por fazer aquilo que, dez anos depois, voltaria a tentar, transformar um clube de mentalidade pouco profissional numa máquina de ganhar.
Nesse defeso, depois do pior resultado da sua história, Afonso Pinto de Magalhães parecia determinado a mudar o curso da história com um golpe de efeito. Numa Assembleia Geral altamente concorrida, o presidente lançou um repto aos sócios:
"Se contribuirem cada um de 6 mil sócios com mil escudos, o clube estará na disposição de comprar um jogador de valia similar ao de Eusébio".
A resposta dos sócios foi positiva e ficou establecido que o clube podia contar com essa cifra - 6 mil contos - para ir ao mercado de forma a atrair para a Invicta um jogador de craveira que fosse capaz de ajudar a relançar desportivamente o clube.
Havia poucos jogadores que pudessem ser comparados com Eusébio, ainda que o moçambicano já estivesse na sua etapa mais decadente por culpa das lesões. Ninguém sabia ao concreto a que jogador Pinto de Magalhães se referia. Pouco tempo depois o clube anunciou que esse alguém era nada mais nada menos que Johan Cruyff.
Contextualmente é preciso entender que Cruyff não era, em Julho de 1970, o jogador mediático que se tornou imediatamente depois. O Ajax tinha perdido um ano antes a Taça dos Campeões Europeus em Madrid, contra o AC Milan, por 4-1 e a liga para o Feyenoord. Para mais, o clube de Rotterdão tinha conseguido o titulo europeu semanas antes, o primeiro clube holandês em lográ-lo e havia rumores de que Cruyff estava farto de Amesterdão e das debilidades competitivas dos Ajjacied. Com a maioria dos mercados europeus fechados à época - em Espanha e Inglaterra era proibido contratar estrangeiros, Itália tinha fechado as portas anos antes igualmente - havia poucos países para onde ir. A vizinha Alemanha, a França ou Portugal - então uma potência respeitada - eram as únicas opções viáveis. A "Laranja Mecânica" não tinha sequer marcado presença no Euro 68 e Mundial de 70, eram uma potência de segunda fila no futebol continental. O sonho não era tão louco como pode parecer hoje.
O FC Porto efectivamente fez uma proposta ao Ajax e colocou as cartas na mesa de imediato, oferecendo os 6 mil contos prometidos. O Ajax disse que não. Queriam 8 mil contos, dois mais, para compensar a venda da sua maior estrela. Cruyff, um dos primeiros futebolistas a reclamar o pagamento adequado ao seu valor, não se ficou por menos e exigiu um prémio de luvas por assinatura de 3 mil contos a pagar ao largo do seu primeiro ano no clube. 11 milde contos era uma cifra que quase dobrava o orçamento do que o clube dispunha e o sonho morreu na praia. Houve tentativas para reduzir a cifra ao Ajax - Cruyff manteve-se inflexivel - mas o negócio morreu. Foi o golpe de sorte na vida do clube holandês que arrancou esse verão para uma sequência de três Taças dos Campeões Europeus consecutivas com Cruyff como máximo protagonista.
O clube acabou por não encontrar ninguém nesse Verão que correspondesse ao perfil traçado por Pinto de Magalhães - estar fora das provas europeias não ajudava - e teve de esperar uns anos mais até conseguir o golpe de efeito que foi a contratação do peruano Teofilo Cubillas, ele sim o jogador que começou a dar outro elan ao jogo colectivo dos azuis-e-brancos até ao regresso de Pedroto e a promoção de Pinto da Costa. Ironicamente o que o Porto pretendia com Cruyff acabou por ser o Barcelona a conseguir, primeiro como jogador - colocando ponto final a 15 anos sem titulo de campeão - e depois como treinador, conquistando o seu primeiro titulo europeu. Nessa altura, 1992, o FC Porto já tinha a sua primeira "Orelhona".
A história do futebol teria sido outra se Cruyff tivesse preferido rumar às Antas em vez de triunfar nos palcos europeus com o seu Ajax. Teria, com o astro holandês, o Porto antecipado numa década a sua condição de primeira potência ou tudo teria ficado na mesma por culpa das pressões extra-desportivas? E que teria sido do futebol mundial sem o Ajax tricampeão europeu ou aquele Barcelona que, como o Porto, estava desesperado por dar um golpe na mesa na luta contra dos rivais, um desportivo e outro politico? Nunca saberemos a resposta. Cruyff ficou em Amesterdão e com essa decisão marcou o rumo da história do futebol, consagrando não só a nivel global os dois clubes que representou nesses anos - Ajax e Barça - como também uma cultura de jogo que mais tarde desembocou no futebol moderno. No entanto sonhar é grátis e algum dia, seguramente, depois de ver uma daquelas jogadas marca da casa, algum dragão deu por si a fechar os olhos e a abri-los nas Antas, bancadas à pinha, com o mago holandês a bailar pelo relvado ao grito de "Vamos Johan carago!"
De certa maneira, morreu uma parte importante do futebol. Nenhum protagonista foi tão relevante, como o génio holandês, na história do jogo, dentro e fora de campo. Podem ter existido jogadores individualmente superiores, treinadores mais bem sucedidas mas a forma como com o pensamento logrou avançar o desporto foi única. O curioso é que poucos sabem que Cruyff, esse mito absoluto do futebol mundial, não andou longe de ter sido por direito próprio um mito da história dos Dragões.
Em 1969 o Porto levava já uma década sem titulos de campeão nacional.
Tinham sido os anos de Eusébio e do Benfica campeão europeu, de um Sporting que também tinha triunfado na Europa e que de três em três anos mordia os calcanhares do vizinhos. Tinham também sido os anos em que Pedroto fez o primeiro esforço, inglório, de levar o clube para a modernidade. Sem êxito, o "Mestre" acabou despedido e irradiado do clube pelos próprios sócios por fazer aquilo que, dez anos depois, voltaria a tentar, transformar um clube de mentalidade pouco profissional numa máquina de ganhar.
Nesse defeso, depois do pior resultado da sua história, Afonso Pinto de Magalhães parecia determinado a mudar o curso da história com um golpe de efeito. Numa Assembleia Geral altamente concorrida, o presidente lançou um repto aos sócios:
"Se contribuirem cada um de 6 mil sócios com mil escudos, o clube estará na disposição de comprar um jogador de valia similar ao de Eusébio".
A resposta dos sócios foi positiva e ficou establecido que o clube podia contar com essa cifra - 6 mil contos - para ir ao mercado de forma a atrair para a Invicta um jogador de craveira que fosse capaz de ajudar a relançar desportivamente o clube.
Havia poucos jogadores que pudessem ser comparados com Eusébio, ainda que o moçambicano já estivesse na sua etapa mais decadente por culpa das lesões. Ninguém sabia ao concreto a que jogador Pinto de Magalhães se referia. Pouco tempo depois o clube anunciou que esse alguém era nada mais nada menos que Johan Cruyff.
Contextualmente é preciso entender que Cruyff não era, em Julho de 1970, o jogador mediático que se tornou imediatamente depois. O Ajax tinha perdido um ano antes a Taça dos Campeões Europeus em Madrid, contra o AC Milan, por 4-1 e a liga para o Feyenoord. Para mais, o clube de Rotterdão tinha conseguido o titulo europeu semanas antes, o primeiro clube holandês em lográ-lo e havia rumores de que Cruyff estava farto de Amesterdão e das debilidades competitivas dos Ajjacied. Com a maioria dos mercados europeus fechados à época - em Espanha e Inglaterra era proibido contratar estrangeiros, Itália tinha fechado as portas anos antes igualmente - havia poucos países para onde ir. A vizinha Alemanha, a França ou Portugal - então uma potência respeitada - eram as únicas opções viáveis. A "Laranja Mecânica" não tinha sequer marcado presença no Euro 68 e Mundial de 70, eram uma potência de segunda fila no futebol continental. O sonho não era tão louco como pode parecer hoje.
O FC Porto efectivamente fez uma proposta ao Ajax e colocou as cartas na mesa de imediato, oferecendo os 6 mil contos prometidos. O Ajax disse que não. Queriam 8 mil contos, dois mais, para compensar a venda da sua maior estrela. Cruyff, um dos primeiros futebolistas a reclamar o pagamento adequado ao seu valor, não se ficou por menos e exigiu um prémio de luvas por assinatura de 3 mil contos a pagar ao largo do seu primeiro ano no clube. 11 milde contos era uma cifra que quase dobrava o orçamento do que o clube dispunha e o sonho morreu na praia. Houve tentativas para reduzir a cifra ao Ajax - Cruyff manteve-se inflexivel - mas o negócio morreu. Foi o golpe de sorte na vida do clube holandês que arrancou esse verão para uma sequência de três Taças dos Campeões Europeus consecutivas com Cruyff como máximo protagonista.
O clube acabou por não encontrar ninguém nesse Verão que correspondesse ao perfil traçado por Pinto de Magalhães - estar fora das provas europeias não ajudava - e teve de esperar uns anos mais até conseguir o golpe de efeito que foi a contratação do peruano Teofilo Cubillas, ele sim o jogador que começou a dar outro elan ao jogo colectivo dos azuis-e-brancos até ao regresso de Pedroto e a promoção de Pinto da Costa. Ironicamente o que o Porto pretendia com Cruyff acabou por ser o Barcelona a conseguir, primeiro como jogador - colocando ponto final a 15 anos sem titulo de campeão - e depois como treinador, conquistando o seu primeiro titulo europeu. Nessa altura, 1992, o FC Porto já tinha a sua primeira "Orelhona".
A história do futebol teria sido outra se Cruyff tivesse preferido rumar às Antas em vez de triunfar nos palcos europeus com o seu Ajax. Teria, com o astro holandês, o Porto antecipado numa década a sua condição de primeira potência ou tudo teria ficado na mesma por culpa das pressões extra-desportivas? E que teria sido do futebol mundial sem o Ajax tricampeão europeu ou aquele Barcelona que, como o Porto, estava desesperado por dar um golpe na mesa na luta contra dos rivais, um desportivo e outro politico? Nunca saberemos a resposta. Cruyff ficou em Amesterdão e com essa decisão marcou o rumo da história do futebol, consagrando não só a nivel global os dois clubes que representou nesses anos - Ajax e Barça - como também uma cultura de jogo que mais tarde desembocou no futebol moderno. No entanto sonhar é grátis e algum dia, seguramente, depois de ver uma daquelas jogadas marca da casa, algum dragão deu por si a fechar os olhos e a abri-los nas Antas, bancadas à pinha, com o mago holandês a bailar pelo relvado ao grito de "Vamos Johan carago!"
quarta-feira, 23 de março de 2016
Dragões Diário: pela boca morre o peixe
O Dragões Diário - o mesmo espaço que diz a leitores que escreve o que lhes mandam escrever ao mesmo tempo que publica que são um meio independente do clube...ai quanta confusão naquelas cabeças - ontem decidiu atacar uma das maiores referências da história do FC Porto.
Não é novidade e não dista, em nada, da politica de mensagens de quem lhes pagam. Pelo menos não são as companheiras dos que por lá escrevem que mandam esses bitaites, menos mal. Onde é que isso já se viu?
Não é novidade e não dista, em nada, da politica de mensagens de quem lhes pagam. Pelo menos não são as companheiras dos que por lá escrevem que mandam esses bitaites, menos mal. Onde é que isso já se viu?
Ora bem, Baía enganou-se. E Baía devia ter cuidado. Não porque não seja humano errar - quantos de nós não confundiu datas e nomes na vida, eu o primeiro? - mas porque cada erro que cometa vai ser aproveitado para deixá-lo em ridiculo. É triste quando um clube como este chega a esse ponto, malhar nos seus heróis para proteger-se das incómodas verdades. Baía disse - erradamente - que tinha sido treinado por Peseiro (foi por Couceiro, mas o contexto era o mesmo) e que o FC Porto tinha desinvestido no plantel depois de Dublin ao vender Meireles e Bruno Alves (foram vendidos no Verão anterior mas isso não invalida sequer que esse desinvestimento seja real). Portanto, disse duas verdades enganando-se nos protagonistas. E o Dragões Diário, vigilante como sempre da verdade absoluta, decidiu relembrar os portistas que um personagem assim, que confunde nomes, datas e momentos não merece muito respeito.
Fico feliz, portanto, que o FC Porto tenha no Dragões Diário um pilar de sabedoria, conhecimento ímpar da história do futebol e dos seus protagonistas e eventos. Porque o Dragões Diário, ao contrário do Vítor Baía - esse tipo que é só o segundo jogador mais titulado da história do futebol - sabe sempre do que fala.
Sabe?
Na edição de hoje dessa publicação tão impoluta e perfeita, chamo a atenção para o seguinte parágrafo:
"Há 58 anos, a 23 de março de 1958, o guarda-redes Acúrsio marca de baliza a baliza, com um pontapé fantástico aos quatro minutos, que adiantava o FC Porto em casa do Belenenses. Mas essa nem foi a maior façanha do guarda-redes, que sofreu uma fratura num braço após um choque com Vicente, avançado do Belenenses. Estavam jogados apenas dez minutos e como então não havia substituições, Acúrsio aguentou estoicamente na sua posição até ao fim, um jogo que os Dragões venceram por 3-1."
"Há 58 anos, a 23 de março de 1958, o guarda-redes Acúrsio marca de baliza a baliza, com um pontapé fantástico aos quatro minutos, que adiantava o FC Porto em casa do Belenenses. Mas essa nem foi a maior façanha do guarda-redes, que sofreu uma fratura num braço após um choque com Vicente, avançado do Belenenses. Estavam jogados apenas dez minutos e como então não havia substituições, Acúrsio aguentou estoicamente na sua posição até ao fim, um jogo que os Dragões venceram por 3-1."
Ah...esse grande Vicente, um avançado lendário do Belenenses.
Esse portento goleador, figura ímpar da história do nosso futebol colectivo, estrela indiscutível e um jogador de quem é fácil falar de memória - já para não dizer, consultar o arquivo, coisa para preguiçosos - que curiosamente era defesa-central e não avançado. Esse Vicente - um jogador duro, duro, que o diga Pelé - mas que o Dragões Diário, na sua imensa sabedoria e infalibidade, se calhar confundiu com o seu irmão, um tal de Matateu - esse sim figura histórica dos golos com sabor a Ultramar e habitual goleador em jogos contra o FC Porto durante os anos cinquenta.
Terá sido Vicente, o central que o DD transformou em avançado a lesionar Acúrsio? Terá sido Matateu, o fabuloso avançado que o DD transformou no irmão a chocar com o guarda-redes dragão?
Não conheço um registo video do episódio em detalhe para afirmar com veracidade absoluta qual dos dois é o protagonista infeliz desta história que envolve um grande portista como era Acúrsio mas a minha maior confusão é não saber que fazer, uma vez que tenho o Dragões Diário por um pilar de máxima sabedoria futebolística e não posso acreditar que os mesmos escribas que nada fizeram pelo FC Porto mas que não tiveram problemas em enxovalhar uma das maiores figuras do clube, sejam incapazes de distinguir entre dois irmãos.
Amigos do DD, precisam de ajuda com precisões históricas? Olhem, perguntem ao Vítor Baía, ele sim sabe o que é defender uma baliza com as cores do FC Porto. Talvez ele saiba esta!
PS: Foi com Matateu, mas não digam a ninguém!
PS: Foi com Matateu, mas não digam a ninguém!
segunda-feira, 21 de março de 2016
Gestão desportiva para tótós - capítulo XXXIV
O que é que o Sérgio tem? É um jogador da casa e como tal não custou um valor pornográfico, não é seguramente dos mais bem pagos do plantel, não é pretendido pelos "grandes tubarões europeus", nem está no Porto a "fazer horas" até ser tranferido para outro campeonato de maior dimensão.
O Sérgio é um jogador da casa e como tal disfarça algumas pechas - não é um fora-de-série - com qualquer coisa que falta aos "grandes negócios". Para o Sérgio, todos os golos são "de raiva".
Algumas sumidades da "gestão desportiva", não querem saber disso para nada - caro e vindo da França, é que bom. Entretanto, estamos a caminho do terceiro ano sem vencer o campeonato.
sexta-feira, 18 de março de 2016
Uma defesa frágil, o conto da carochinha
Tornou-se moda, no último mês e meio, acusar a inexperiência e os sucessivos remendos da defesa do FC Porto como principal motivo para as penosas exibições em Liga, Taça e Liga Europa. Sim, é certo que a defesa é um remendo e que nenhum clube a trabalhar com um orçamento histórico, o mais alto de sempre, deve apresentar um cenário assim. Sim, também é certo que a saída de Maicon (que não foi nada bem trabalhada) piorou o cenário. Sim, é certo que há juventude num sector onde, habitualmente, se valoriza a experiência e o oficio. Tudo isso é, invarivelmente, um sim, mas do mesmo modo que há semanas atrás se apontou a mudança do paradigma táctico - e o estilo do treinador, já sobejamente conhecido de experiências pretéritas que deixava sempre a defesa exposta em excesso - podia estar tão ligada a este problema como qualquer outro motivo, convém igualmente relembrar que neste mesmo periodo de tempo o SL Benfica deu um golpe na mesa na Liga e na Champions League com, também eles, uma defesa de remendos e duvidosa qualidade teórica.
Durante anos vendeu-se a lenga-lenga de que o FC Porto tinha de ter um enorme plantel, um onze de grandes jogadores e uma defesa de ferro para chegar longe na Europa e dominar em casa. Olhando para o Benfica não há nem se vislumbra um enorme plantel, grandes jogadores e uma defesa, teoricamente, de ferro e no entanto lá vão eles rumo aos Quartos de Final - o mesmo que conseguimos no ano passado com um plantel superior, melhores jogadores individuais e a melhor defesa da Europa - e à liderança no campeonato depois de levar quase uma dezena de pontos de atraso. E têm conseguido fazer isso com uma defesa que, no papel, podia ser de bradar aos céus. Os golos de Jonas e Mitroglou e a campanha mediática à volta do novo Coluna, o mesmo que já tem mais cartões perdoados que metade dos planteis da Liga Sagres (o Dragões Diário continua a dormir), têm roubado o protagonismo a outro elemento importante. Este Benfica que, na prática, é um "Benfiquinho", logrou que o seu modelo de jogo, quase arcaico, fosse capaz de funcionar tanto em Portugal como na Europa com uma defesa que, se formos a ver, não é assim tão diferente daquela que o Porto tem apresentado.
Ederson, titular nos últimos jogos por lesão de Julio César, é o equivalente daquela gente a Gudiño. Enquanto no FC Porto se contratam 12 guarda-redes para (preencher com o motivo que mais piada vos faça), o Benfica decidiu apostar num titular de experiência, num veteranissimo e num puto que tem vindo a ser formado desde os sub18. Pista, um puto que era melhor que o guarda-redes que se foi buscar à Madeira. O FC Porto, não só quis apostar em Casillas - debate para outro artigo - como renunciou ao mesmo tempo apostar em Gudiño como alternativa imediata. E não tem sido por Ederson que o Benfica não tem ganho, desde logo, o que não implica que seja uma solução de urgência.
Nas alas a saída de Maxi Pereira forçou o lançamento de Nelson Semedo, um miudo recém-pescado à formação (ao contrário do que se queira vender, o mérito do trabalho de formação dista muito de estar no Seixal) e o lateral sem qualquer tipo de experiência na primeira divisão cumpriu. Como Lindellof, outro jogador da equipa B chamado de emergência à titularidade que também tem cumprido. Uma aposta forçada mas sem os "ai Jesus" que se proclamavam quando Chiodzie ou, eventualmente, Verdasca, foram convocados pela primeira vez. Olhando para Semedo é inevitável pensar em Rafa e Jose Angel e entender que o que para uns são remendos para outros trata-se de potenciar um producto da formação local numa equação só com vantagens.
Se a três miudos da equipa B se juntam ainda futebolistas de duvidosa qualidade como Eliseu - um jogador que se apanha um extremo a sério evapora-se com a brisa - ou jogadores de nivel médio como André Almeida, Lisandro e Jardel, está claro que o nivel geral da defesa do Benfica não é, nem de longe nem de perto, muito diferente do plantel actual do FC Porto.
Maxi e Layun são individualmente melhores jogadores do que Almeida e Eliseu, Marcano ou Indi não são muito diferentes de Jardel e Lisandro. Lindelof e Semedo não distam muito do nivel esperado dos jogadores com minutos nas pernas da equipa B do FC Porto como Chiodzie, Victor Garcia, Verdasca ou Rafa. As diferenças, a existir, serão minimas e no entanto quando jogam uns aprecia-se organização, trabalho, harmonia e sentido de responsabilidade. Nenhum deles brilha com luz própria mas, em conjunto, disfarçam as debilidades e raramente comprometem. No caso do Porto aprecia-se apenas caos, um problema de comunicação atroz, jogadores que viram as costas aos lances ou que são superados por futebolistas muito inferiores por pura descrença. E no entanto, tentamos vender o conto da carochinha de que esta defesa é muito pior que qualquer outra que possamos ver.
A verdade é bem diferente. Não é o que devia ser uma defesa à Porto, desde logo. Não é o minimo exigivel para quem gasta tanto a confecionar um plantel, naturalmente. No entanto, os golos sofridos - há 15 anos que não se sofrem tantos a esta altura do campeonato - espelham um péssimo trabalho táctico do treinador (reflexo do seu paradigma de jogo) e uma politica desastrosa dos dirigentes que preferiram ficar com o joio como Jose Angel ou José Sá no plantel em vez de apostar em jogadores da casa como Rafa ou Gudiño, caso fosse necessário o seu contributo (no caso do lateral esquerdo é uma evidência atroz). Da próxima vez que soframos um golo sem qualquer explicação à partida, convém relembrar que há equipas com linhas defensivas a título individual tão más (ou piores) como a nossa, também elas remendadas e com jogadores com meia dúzia de jogos profissionais nas pernas, que se comportam de uma maneira totalmente diferente, antes de sacar a imediata conclusão de que os jogadores não prestam e a defesa é frágil por obra e graça do espirito santo.
Faltam oito jogos para Porto e Benfica, terceiro e primeiro na tabela classificativa, jogos onde ambas as equipas vão jogar com futebolistas que não eram, em Setembro, primeiras opções e que estão a viver a sua primeira prova de fogo. Em campo uns vão exibir organização e jogo colectivo, outros vão olhar para a Lua e contar as crateras enquanto os rivais passam ao lado sem oposição. Depois venham lá com a carochinha do pos-Maicon como explicação absoluta do karma que é ver este FC Porto defender e assumam o papel da avestruz. Quando a realidade, essa, é indismentível. Com os mesmos ovos, uns estão a fazer vulgares omoletes ao mesmo tempo que outros nem sequer conseguem pegar na batedora.
Durante anos vendeu-se a lenga-lenga de que o FC Porto tinha de ter um enorme plantel, um onze de grandes jogadores e uma defesa de ferro para chegar longe na Europa e dominar em casa. Olhando para o Benfica não há nem se vislumbra um enorme plantel, grandes jogadores e uma defesa, teoricamente, de ferro e no entanto lá vão eles rumo aos Quartos de Final - o mesmo que conseguimos no ano passado com um plantel superior, melhores jogadores individuais e a melhor defesa da Europa - e à liderança no campeonato depois de levar quase uma dezena de pontos de atraso. E têm conseguido fazer isso com uma defesa que, no papel, podia ser de bradar aos céus. Os golos de Jonas e Mitroglou e a campanha mediática à volta do novo Coluna, o mesmo que já tem mais cartões perdoados que metade dos planteis da Liga Sagres (o Dragões Diário continua a dormir), têm roubado o protagonismo a outro elemento importante. Este Benfica que, na prática, é um "Benfiquinho", logrou que o seu modelo de jogo, quase arcaico, fosse capaz de funcionar tanto em Portugal como na Europa com uma defesa que, se formos a ver, não é assim tão diferente daquela que o Porto tem apresentado.
Ederson, titular nos últimos jogos por lesão de Julio César, é o equivalente daquela gente a Gudiño. Enquanto no FC Porto se contratam 12 guarda-redes para (preencher com o motivo que mais piada vos faça), o Benfica decidiu apostar num titular de experiência, num veteranissimo e num puto que tem vindo a ser formado desde os sub18. Pista, um puto que era melhor que o guarda-redes que se foi buscar à Madeira. O FC Porto, não só quis apostar em Casillas - debate para outro artigo - como renunciou ao mesmo tempo apostar em Gudiño como alternativa imediata. E não tem sido por Ederson que o Benfica não tem ganho, desde logo, o que não implica que seja uma solução de urgência.
Nas alas a saída de Maxi Pereira forçou o lançamento de Nelson Semedo, um miudo recém-pescado à formação (ao contrário do que se queira vender, o mérito do trabalho de formação dista muito de estar no Seixal) e o lateral sem qualquer tipo de experiência na primeira divisão cumpriu. Como Lindellof, outro jogador da equipa B chamado de emergência à titularidade que também tem cumprido. Uma aposta forçada mas sem os "ai Jesus" que se proclamavam quando Chiodzie ou, eventualmente, Verdasca, foram convocados pela primeira vez. Olhando para Semedo é inevitável pensar em Rafa e Jose Angel e entender que o que para uns são remendos para outros trata-se de potenciar um producto da formação local numa equação só com vantagens.
Se a três miudos da equipa B se juntam ainda futebolistas de duvidosa qualidade como Eliseu - um jogador que se apanha um extremo a sério evapora-se com a brisa - ou jogadores de nivel médio como André Almeida, Lisandro e Jardel, está claro que o nivel geral da defesa do Benfica não é, nem de longe nem de perto, muito diferente do plantel actual do FC Porto.
Maxi e Layun são individualmente melhores jogadores do que Almeida e Eliseu, Marcano ou Indi não são muito diferentes de Jardel e Lisandro. Lindelof e Semedo não distam muito do nivel esperado dos jogadores com minutos nas pernas da equipa B do FC Porto como Chiodzie, Victor Garcia, Verdasca ou Rafa. As diferenças, a existir, serão minimas e no entanto quando jogam uns aprecia-se organização, trabalho, harmonia e sentido de responsabilidade. Nenhum deles brilha com luz própria mas, em conjunto, disfarçam as debilidades e raramente comprometem. No caso do Porto aprecia-se apenas caos, um problema de comunicação atroz, jogadores que viram as costas aos lances ou que são superados por futebolistas muito inferiores por pura descrença. E no entanto, tentamos vender o conto da carochinha de que esta defesa é muito pior que qualquer outra que possamos ver.
A verdade é bem diferente. Não é o que devia ser uma defesa à Porto, desde logo. Não é o minimo exigivel para quem gasta tanto a confecionar um plantel, naturalmente. No entanto, os golos sofridos - há 15 anos que não se sofrem tantos a esta altura do campeonato - espelham um péssimo trabalho táctico do treinador (reflexo do seu paradigma de jogo) e uma politica desastrosa dos dirigentes que preferiram ficar com o joio como Jose Angel ou José Sá no plantel em vez de apostar em jogadores da casa como Rafa ou Gudiño, caso fosse necessário o seu contributo (no caso do lateral esquerdo é uma evidência atroz). Da próxima vez que soframos um golo sem qualquer explicação à partida, convém relembrar que há equipas com linhas defensivas a título individual tão más (ou piores) como a nossa, também elas remendadas e com jogadores com meia dúzia de jogos profissionais nas pernas, que se comportam de uma maneira totalmente diferente, antes de sacar a imediata conclusão de que os jogadores não prestam e a defesa é frágil por obra e graça do espirito santo.
Faltam oito jogos para Porto e Benfica, terceiro e primeiro na tabela classificativa, jogos onde ambas as equipas vão jogar com futebolistas que não eram, em Setembro, primeiras opções e que estão a viver a sua primeira prova de fogo. Em campo uns vão exibir organização e jogo colectivo, outros vão olhar para a Lua e contar as crateras enquanto os rivais passam ao lado sem oposição. Depois venham lá com a carochinha do pos-Maicon como explicação absoluta do karma que é ver este FC Porto defender e assumam o papel da avestruz. Quando a realidade, essa, é indismentível. Com os mesmos ovos, uns estão a fazer vulgares omoletes ao mesmo tempo que outros nem sequer conseguem pegar na batedora.
quarta-feira, 16 de março de 2016
Falar com os mortos, a nova mentira anti-Casillas da imprensa espanhola
O jornal online espanhol El Confidencial publicou hoje uma noticia em que afirmava falsamente que Jorge Nuno Pinto da Costa tinha dito, num jantar, a amigos e conhecidos, que a contratação de Iker Casillas era "um fiasco".
"El fichaje de Casillas ha sido un absoluto fiasco. Iker no sólo no ha cumplido ninguna de las expectativas que teníamos, sino que nos ha costado partidos, la Liga y nuestra eliminación prematura en Champions (...) Su sueldo es inasumible para el club. Si se va a EEUU, porque me han dicho que el New York City lo quiere, será la mejor operación que hayamos hecho."A noticia é falsa.
Bem, a noticia pode até partir de uma verdade - ninguém pode dizer que, em algum momento, Pinto da Costa não tenha afirmado isso mesmo a alguém - mas no contexto em que foi dado é de uma falsidade atroz e absoluta. Porquê? Porque, entre outras coisas, linhas depois, a publicação cita como a casa e o protagonista do evento onde Pinto da Costa terá dito isso - informação que mais tarde, por artes mágicas, chegou a um jornal de Madrid - a residência de José Mello.
"De cara al público, Pinto da Costa aparece como un padrino para Casillas, pero el presidente del Oporto, famoso por sus vehemencias, lleva tiempo desabrochando su lengua y cargando contra el exmadridista. Sucedió en los primeros días del mes en curso, durante una cena en el domicilio de José Manuel de Mello, magnate de los negocios en Portugal y simpatizante del Oporto."
Ora, José Manuel de Mello era, sem dúvida, um adepto portista, conhecido e amigo de Pinto da Costa, entre outros elementos do clube. Mas é difícil conhecer a sua opinião sobre Casillas porque, quando faleceu, em 2009, vítima de uma doença prolongada, o guarda-redes espanhol ainda era futebolista do Real Madrid, não tinha nem sido campeão do Mundo nem sequer tinha coincidido com José Mourinho, o homem que precipitou a sua saída do Santiago Bernabeu, então a viver o seu primeiro ano em Milão. Claro que o El Confidencial mente. Isso ou Jorge Nuno Pinto da Costa reúne-se com mortos que depois divulgam a jornais online espanhóis a informação trocada durante esses jantares.
Está claro que esta noticia não tem nada a ver com o FC Porto.O El Confidencial é um jornal espanhol - afecto à direcção do Real Madrid - e está preocupado apenas em ressalvar todo o elemento negativo que se possa associar a Iker Casillas. Eu próprio fui entrevistado pelo jornal há umas semanas atrás sobre Casillas - por outro jornalista - e tenho amigos na redacção desse jornal, por isso sei do que a casa gasta e sei que perguntas me foram feitas e em que contexto se publicaram algumas afirmações sobre o jogador espanhol. Sei, sobretudo, que o objectivo de um artigo assim é alimentar o debate sobre a potencial titularidade de Iker Casillas no Euro 2016 com Espanha, enfrentando o seu momento negativo com mais um ano excelente de David de Gea em Mancheter. De Gea que é, como todos sabem, uma prioridade para Florentino Perez na planificação da próxima temporada. Um debate quente na imprensa espanhola estes dias e com consequências futuras. Estão a perceber não estão?
A verdade é que o El Confidencial sabe absolutamente zero do que se passa no FC Porto. Zero é zero. E muito menos no que diz respeito ao que Pinto da Costa pensa ou diz. Durante o mandato de Lopetegui a presença de jornalistas espanhóis no Porto aumentou, fenómeno ampliado com a chegada de Casillas, mas as suas fontes eram sempre de jogadores do balneário ou do staff técnico, nunca da cúpula do clube que não mantém relação com a imprensa espanhola e muito menos jornais online. Que um jantar de amigos gere numa noticia que, pasme-se, só o El Confidencial consegue, obviamente que é para desconfiar. Se já metemos mortos ao barulho, a situação cai na tragicomédia.A noticia já foi alterada porque o jornalista em questão foi avisado por vários portistas - eu incluído - da mentira que afirmava mas não existe no jornal nenhuma ressalva a essa mudança. Desapareceu o nome do falecido mas não o contexto. Percebe-se porquê se, mais abaixo, entre os comentários de portistas indignados se ler o que dizem os espanhóis, reforçando essa corrente de que Casillas é indigno de ser titular por Espanha. Noutros espaços chamar-se-ia a um artigo assim uma encomenda, algo que visa o FC Porto indirectamente porque gera um mal-estar quando o alvo, realmente, é outro. O clube deveria denunciar publicamente o espaço e obrigar o mesmo a retratar-se com base na informação publicada originalmente e que, ainda apagada, se encontra acessível.
O problema de noticias assim é que se tornam rapidamente conhecidas em todo o lado e como não há nem desmentido nem correcção, o mundo vai seguramente pensar que se trata de uma verdade quando não passa de uma vil mentira. Repito, Pinto da Costa pode pensar isso - há muitos portistas, eu incluído, que o pensa - mas não o afirmou nesse contexto nem está interessado em desestabilizar, ainda mais, o nosso guarda-redes titular. É perfeitamente possível que Casillas saia do clube em Junho (a saída de Lopetegui foi um duro golpe) especialmente porque o seu abandono da seleção é quase inevitável com a saída de Del Bosque e portanto a sua presença numa liga europeia torna-se menos relevante. Não disputar Champions de forma garantida pode pesar nisso. Mas noticias assim, falsas, não ajudam em nada. O FC Porto é vitima colateral de fogo cruzado noutra batalha mas não deve ficar calado quando se colocam mentiras na boca de um Presidente sobre um jogador da casa, seja ele quem for. O Clube tem a palavra, o Presidente e Casillas a nossa solidariedade.
domingo, 13 de março de 2016
Outra vez um ai Jesus (Corona)!
E pronto, é isto. Este FC Porto é bem capaz do melhor e do pior em poucos minutos. Depois de uma primeira parte bem conseguida no Dragão, em que marcou um golo (Aboubakar aos 25' após assistência de Maxi) e podia ter marcado mais, tendo dominado o jogo por completo, o FC Porto regressou dos balneários para poucos minutos depois marcar o segundo, um belo golo de Herrera e, depois disso, entrou em colapso. A equipa apagou e em dois ou três contra-ataques o União fez dois golos e empatou o jogo em menos de 5 minutos...
A equipa reagiu e foi para cima do adversário (que, segundo o seu treinador, já tinha o anti-jogo planeado) tendo conseguido o golo da vitória a 4 minutos dos 90' num remate forte de Jesus Corona após tabela com Suk. O mexicano esteve muito ausente durante todo o jogo mas redimiu-se nos minutos finais ao apontar o golo da vitória. O treinador do União, lamentando não ter feito a terceira substituição para "queimar" tempo, não conseguiu disfarçar a azia, o mau perder e o mau carácter.
Esta equipa do FC Porto sofre de bipolaridade severa e o terapeuta Peseiro não está a conseguir estabilizar a componente emocional do grupo. Há muito para trabalhar no sector defensivo. Parece ser por aí que Peseiro se deverá ocupar com a máxima urgência. Não basta pedir aos sócios que sejam compreensivos, é preciso trabalhar mais horas nas transições defensivas. A defesa do FC Porto é um autêntico passador.
Jogar com homens da casa é outra história. Apesar de ter feito uma exibição com altos e baixos, Sérgio Oliveira mostrou aos colegas (e aos sócios e adeptos) o que é vestir esta camisola. Fez as faltas que e quando era preciso serem feitas, bloqueou a reposição de bola pelo adversário e foi para cima deles quando a equipa precisou. E com autoridade. É mesmo isto, Sérgio!
sábado, 12 de março de 2016
Atitude competitiva dos adversários "amigos" do SLB
As abordagens do União da Madeira ao jogo na Luz e ao jogo do Dragão têm diferenças óbvias.
O União e os seus atletas e dirigentes têm expectativas muito diferentes, o que demonstra o clima de "parceria" que é promovido pelo SLB com alguns dos seus adversários, o que atenta de forma grave contra a seriedade da própria competição (Liga NOS).
"Não existe a obrigatoriedade de pontuar neste jogo, mas existe a obrigatoriedade de dar uma boa imagem, trabalhando o máximo possível"
O clima (demasiado) amigável que antecedeu o jogo na Luz incluiu uma deslocação do União ao centro de treinos do Benfica no Seixal.
No decorrer desse jogo, que o SLB venceu por 2-0, apreciei a passividade da defesa madeirense no lance do primeiro golo, principalmente de Soares, e da forma perdulária e displicente com que os avançados do União encararam dois lances frente a frente com o guarda-redes benfiquista.
No decorrer desse jogo, que o SLB venceu por 2-0, apreciei a passividade da defesa madeirense no lance do primeiro golo, principalmente de Soares, e da forma perdulária e displicente com que os avançados do União encararam dois lances frente a frente com o guarda-redes benfiquista.
"A expectativa é ganhar ao FC Porto no Dragão"
Shehu, médio nigeriano do União da Madeira, com um discurso muito ambicioso para a deslocação do União ao Estádio do Dragão para defrontar o FC Porto
Já para o jogo de hoje, no Dragão, os jogadores madeirenses apresentam uma atitude bem diferente, parece que vêm jogar para ganhar...
PS - estas imagens e estas afirmações deveriam ser afixadas hoje no balneário do FC Porto.
sexta-feira, 11 de março de 2016
AG em directo, via Streaming ou PortoCanal, porque não?
O FC Porto é um grande clube. Não, o FC Porto é uma Nação.
O crescimento espantoso do clube provocou igualmente, e de forma merecida, o crescimento da sua legião de seguidores. Muitos desses adeptos que se juntaram ao clube nos anos de glória fizeram-se igualmente sócios, em muitos casos, correspondentes. Outros mantiveram uma profunda ligação emocional, que não financeira. O problema para muitos portistas sócios no entanto foi a situação económica da última década que atirou milhares para outras paragens. A emigração, sobretudo de jovens, notou-se bastante em todo o país e na zona norte em Portugal. Hoje não é segredo nenhum dizer que há milhares de sócios portistas a residir longe do Grande Porto. Uma realidade que tem inclusive ajudado a espalhar o grande nome do Porto lá fora por aqueles que viveram, na primeira pessoa, os momentos mágicos do calor humano das Antas e do Dragão na pele.
Ora, se o FC Porto quiser ter um detalhe de preocupação e respeito para com esses sócios (e, já agora, com os muitos sócios que vivem noutras zonas do país), não havia nada melhor que pudesse fazer do que transformar a próxima Assembleia Geral (e quem diz a próxima diz também "as próximas") num evento transmitido em directo. Ora, se o clube não tivesse gasto uma pequena fortuna no PortoCanal, essa transmissão até podia ser feita via streaming na página oficial. Todos os que nos visitam sabem que até um grupo de grandes bloggers portistas - onde o Reflexão Portista teve presença - conseguiu fazer isso com os seus encontros da Bluegosfera, logo não deve ser algo complicado para uma grande instituição conseguir uma conexão rápida e segura para os portistas e sócios que não vão poder estar presentes.
Mas....mas, o Porto Canal pertence ao Clube e não há, realmente, nada que respeite mais a instituição que utilizar um canal próprio para aproximar a instituição dos seus. Afinal de contas, não é por um dia a programação ser interrompida pelo encontro entre grandes portistas que debatem o dia a dia e a vida do clube - afinal, não se interrompeu um jogo para dar o discurso presidencial na inauguração de uma Casa em Cantanhede, onde há, igualmente, grandes portistas - que virá mal ao mundo. O processo eleitoral é o pilar de qualquer instituição e o FC Porto não é diferente.
Seguir em directo o processo, o debate de ideias entre sócios, conhecer o ambiente que se vive nas Assembleias, identificar os rostos, os silêncios, os que falam soltando palavras que são portismo puro e absoluto, devia ser algo a que todos nós, portistas pelo Mundo - e pelo país - deveríamos poder formar parte. Entenderão, naturalmente, que muitos não possam deslocar-se em pessoa para votar (uma pena que não exista ainda um voto electrónico para esses casos) mas isso não devia significar esconder o processo quando a sua divulgação pública é perfeitamente possível.
E se fosse necessário restringir o acesso a sócios, não é tecnicamente complexo criar um código e "username" inserindo o número do cartão de sócio para que só estes pudessem ver a AG em directo, passando o PortoCanal emissões regulares de cinco minutos em directo durante a Assembleia, emitindo posteriormente uma reportagem alargada nos seus informativos.
Durante anos criticamos, e bem, a forma como os canais privados e públicos faziam das eleições, noutros clubes, um circo mediático. Não é isso que queremos. Queremos uma celebração de portismo para todos, porque ninguém é mais portista que outro em função da distância em quilómetros que reside do estádio do Dragão, e se existem os meios tecnológicos, se existe a propriedade de um canal que pertence ao clube, a obrigação da direcção do FC Porto ainda em funções é abrir esse momento a todos. A não ser que sintam que o ambiente e o processo eleitoral está bem como está, entre silêncios mais ou menos cómodos, rostos sérios, vozes que despeitam opiniões alheias e sabem que o podem fazer porque poucos estão a olhar. Se assim for, entende-se perfeitamente que o processo continue a existir em formato catacumba. Mas acho que está na altura do portismo merecer algo distinto, uma celebração do nosso amor do clube distribuído a azul e branco, ás claras, nos quatro cantos do mundo.
quinta-feira, 10 de março de 2016
SMS do dia - poucos mas bons
A menos de uma semana de uma A.G. Extraordinária do FCP (clube), a e-newsletter para os adeptos portistas (Dragões Diário) ainda não se lembrou de a mencionar.
Estou certo tratar-se de um mera distração, até porque certamente que o Francisco Marques vai concordar que muito provavelmente é um assunto mais importante para os sócios do que por exemplo relembrar jogos particulares contra o Leixões em 1929 ou a fixação de um bando de reformados finlandeses em Portugal.
No entanto o esquecimento não deixa de ter - coincidentemente - a sua utilidade, já que o espaço sistematicamente escolhido para as AGs é pequeno (presumo que o Dragão Caixa tenha eventos mais importantes agendados) e não dá jeito que apareça demasiada gente senão não há espaço para todos, ia ser uma chatice.
Mesmo assim espera-se uma assistência suficiente (basta uns duzentos ou trezentos; ou seja, uns 0.3% dos sócios) para encher o espaço - de forma que os sócios presentes vão estar bem aconchegadinhos, juntos uns aos outros. Calha bem, afinal de contas o Inverno ainda não acabou.
quarta-feira, 9 de março de 2016
SMS do dia: prioridades
Se os nossos dirigentes gastassem em ataques vigorosos ao Sistema e aos inimigos do FCP metade da energia que gastam em ataques vigorosos a críticos internos (*) ... se calhar éramos campeões duas vezes nas últimas 3 épocas (incluindo a presente).
Diga-se de passagem que não compreendo que seja o FCP a processar Carlos Amorim e não os visados nas suas críticas. A ter colocado o bom nome de alguém em causa, não foi o bom nome do FCP mas sim das pessoas que o dirigem (o caso já seria diferente se os acusasse de por ex aliciar árbitros, daí que tenha feito todo o sentido que o FCP tenha pago a defesa de PdC no Pito Dourado). Será que a defesa do Antero na questão dos seguranças também é paga pelo FCP?
Apesar de tudo, o FCP e os seus dirigentes (ainda) não são uma e a mesma coisa - da mesma forma que se um politico da oposição (ou até mesmo um cidadão comum) acusar o governo de gestão danosa, naturalmente não terá sido o bom nome do Estado Português que foi colocado em causa, mas sim as pessoas que o governam (e nesse caso era o que faltava que fosse o Estado a processar o tal político da oposição, pagando o processo; ou alguém aqui acha mesmo que devia ser o Estado a arcar com o processo?).
(*) Editoriais de PdC na Dragões; em bocas públicas (Rui Moreira recentemente não escapou a isso...); ou em processos (depois de MST temos agora Carlos Amorim).
Apesar de tudo, o FCP e os seus dirigentes (ainda) não são uma e a mesma coisa - da mesma forma que se um politico da oposição (ou até mesmo um cidadão comum) acusar o governo de gestão danosa, naturalmente não terá sido o bom nome do Estado Português que foi colocado em causa, mas sim as pessoas que o governam (e nesse caso era o que faltava que fosse o Estado a processar o tal político da oposição, pagando o processo; ou alguém aqui acha mesmo que devia ser o Estado a arcar com o processo?).
(*) Editoriais de PdC na Dragões; em bocas públicas (Rui Moreira recentemente não escapou a isso...); ou em processos (depois de MST temos agora Carlos Amorim).
Amor de perdição
Durante o mandato de 3 anos que agora acabou os 4 membros executivos do Conselho de Administração da SAD receberam oficialmente uma remuneração, em média, de aproximadamente 1,400,000€ cada um pelos serviços prestados ao futebol do FCP. Ou seja, perto de 500,000€/ano - cada um, repito (ou mais de 60x o salário mínimo).
Muito longe vão os tempos em que Pinto da Costa disse que nunca aceitaria cargos remunerados no FCP. Longos dias têm cem anos, de facto.
A componente fixa dessa remuneração foi de 100%, e a variável de 0%, segundo os R&C da SAD.
Isto exclui «despesas de representação» (carro e gasolina, etc etc), a (muito mais pequena) remuneração que recebem do clube - onde fazem todos membros da Direção como Presidente e Vice-Presidentes - e outros rendimentos que possam eventualmente ter fora do FCP.
Bem, pessoalmente considero tamanha remuneração fixa como sendo obscena (muito superior à dos rivais, e, tanto quanto conseguir descobrir, quase o dobro do que ganham os Directores de um Real Madrid e mais do que ganham os Directores do FC Barcelona; diga-se de passagem que os presidentes do RM e do Barça não são sequer remunerados, muito ao contrário do nosso, não entrando sequer nestas contas).
Mas como as opiniões são como as cerejas, há quem encolha os ombros e diga que «a profissionalização dá nisto», há ainda quem diga que «eles merecem».
Mas como as opiniões são como as cerejas, há quem encolha os ombros e diga que «a profissionalização dá nisto», há ainda quem diga que «eles merecem».
Começando pelo 2º contra-argumento, constato que no mesmo período de 3 anos (que grosso modo corresponde às épocas 2013/14, 2014/15 e a presente época), o palmarés conquistado no futebol terá sido o seguinte: uma Supertaça de Portugal; possivelmente uma Taça de Portugal (a ver...); e de resto muito provavelmente zero títulos (e um ou dois 3º lugares); e quanto à Europa, 2x eliminados na fase de grupos da LC e uma vez nos 1/4s da mesma.
De um ponto de vista de gestão financeira, no mesmo triénio vamos certamente ter um prejuízo acumulado na SAD bastante considerável (e nunca estivémos tão dependentes de mais-valias nos jogadores para equilibrar minimamente o barco). No biénio 2013-15 fizemos mais de 20M€ de prejuízo, e a presente época vai pelo mesmo caminho (ou pior), isto já contando com 1 ou 2 grandes vendas antes do fim de Junho.
Ou seja: presumo que quem acha que «eles merecem» tenha uma bitola mesmo muito baixa (ou se calhar consideram a remuneração como uma espécie de pensão de reforma ainda em funções, sei lá).
Quanto ao outro argumento, «o profissionalismo é isto», tenho duas ou três observações iniciais a fazer: a primeira é que tanto quanto eu vejo um FC Barcelona ou um Real Madrid também são geridos de forma profissional e não têm SAD nenhuma, ou seja: é (ou devia ser) irrelevante que a SAD exista ou não. A segunda é que cá eu não estou propriamente a ver um Barcelona, um Borússia de Dortmund ou um Manchester United a ir recrutar Pinto da Costa, Reinaldo Teles, Adelino Caldeira, Fernando Gomes ou Antero Henrique para a Direção executiva deles.
Mas acima de tudo há um ponto fundamental que nunca percebi: tanto quanto entendi pelas palavras dos próprios, um Pinto da Costa, um Adelino Caldeira ou um Reinaldo Teles estão lá por amor ao FCP. Aliás, todos eles (F. Gomes e A. Henrique incluídos) foram eleitos pelos sócios para liderar o FCP (*). Ora chamem-me maluco, mas na minha cartilha quem concorre a eleições por amor ao clube e «corre por gosto» não precisa de ganhar mais de 60x o salário mínimo, muitíssimo menos como remuneração fixa.
Pessoalmente considero que uma remuneração 20x inferior à actual (ou seja, uns 2,000€/mês) já daria para uma vida minimamente confortável (há tantos portistas que vivem com muito menos do que isso...) e emocionalmente recompensadora para quem corre por gosto. A isto poder-se-ia eventualmente acrescentar bónus por objectivos. Já se o amor ao dinheiro (e ao que ele compra) for maior do que ao clube, então que estejam à vontade para ir ganhar mais do que isso para onde o conseguirem, no hard feelings, seja ele ou ela quem for. Mas isso sou eu, que se calhar sou maluco.
NB: estou aqui a falar de Administradores executivos; não de Directores não eleitos, numa posição subalterna, que tenham sido recrutados pelo Conselho de Administração para a «máquina» da SAD (por exemplo, um eventual Director altamente competente recrutado para a Porto Comercial); não me choca que esses eventualmente ganhem mais - segundo a lei de mercado para esse tipo de perfil, bem entendido - da mesma forma que os jogadores também ganham mais.
NB: estou aqui a falar de Administradores executivos; não de Directores não eleitos, numa posição subalterna, que tenham sido recrutados pelo Conselho de Administração para a «máquina» da SAD (por exemplo, um eventual Director altamente competente recrutado para a Porto Comercial); não me choca que esses eventualmente ganhem mais - segundo a lei de mercado para esse tipo de perfil, bem entendido - da mesma forma que os jogadores também ganham mais.
PS - como curiosidade, os rendimentos de Fernando Gomes na SAD são 10x mais altos do que os rendimentos que auferia como presidente da Câmara Municipal do Porto ou como deputado na Assembleia da República. Não haja dúvidas de que, de um ponto de vista financeiro, esta nova carreira faz muito mais sentido.
PPS - Carlos Abreu Amorim foi processado pela SAD por dizer entre outras coisas que tínhamos "uma direção pejada de milionários que enriqueceram no clube". Constato que pelos vistos agora se pode processar alguém por meramente mencionar factos... é que, só nos últimos 10 anos e segundo os R&Cs da SAD, os 4 Administradores executivos da SAD receberam, em média, mais de 6,000,000€ cada um. Mas se calhar a bitola de «milionários» para eles é ainda mais alta do que isso, sei lá (já agora, estejam à vontade para me processar - e relembro que os artigos no Reflexão Portista são da exclusiva responsabilidade do autor de cada artigo, e este não foge à regra).
(*) Pinto da Costa foi eleito presidente do FCP e os restantes membros do C.A. da SAD foram eleitos Vice-Presidentes do FCP. Decidiram eles por sua vez acumular esses cargos com os cargos de Administradores executivos na SAD (ao contrário de um RM ou FC Barcelona, onde os membros do Conselho de Administração não são remunerados mas também não acumulam cargos executivos, ficando isso apenas para os Rui Cerqueiras, Rui Lousas e Eduardos Valentes do Barça).
terça-feira, 8 de março de 2016
Em Braga, o título por um canudo
A verdade é que uma equipa não consegue ser campeã nacional se não tiver defesas centrais. E o FC Porto não tem. Pela enésima vez, Marcano comprometeu todo o esforço da equipa em 70 minutos e deu um brinde ao adversário para este marcar o primeiro golo.
Há que dizer que o árbitro, Carlos Xistra, condicionou o trabalho dos jogadores do FC Porto desde o apito inicial. Aos 17 segundos já o bracarense Djavan entrava a matar sobre Danilo e esse calhorda desse Xistra nem sequer um cartão amarelo mostrou. Se dúvidas houvesse sobre ao que vinha o árbitro, logo ficaram dissipadas no primeiro lance da partida. A partir daí o que se viu foi um árbitro arrogante para com os jogadores do FC Porto e permissivo para com os do SC Braga. Duas faltas sobre Suk dentro da área bracarense ficaram por marcar e mais cartões amarelos aos do Braga ficaram por mostrar. Notou-se que os jogadores portistas se estavam a aperceber que estava ali uma pessoa para os prejudicar. Depois, claro, à primeira oportunidade expulsou Peseiro.
Muitos portistas se deverão questionar sobre a razão e os motivos por que Xistra se comportou desta forma. A resposta é muito simples: porque pode! A verdade é esta, os árbitros fazem gato-sapato do FC Porto porque sabem que nada lhes acontece e que caem nas boas graças do patrão: o Benfica. Ironicamente está a acontecer a Pinto da Costa aquilo que ele tão ferozmente criticou em Américo de Sá: ficar impávido e sereno com os roubos das equipas de arbitragem controladas por Lisboa. O FC Porto está sem liderança, infelizmente. E quanto mais tempo esta situação se prolongar maior será o reinado de domínio do Benfica sobre as instituições que organizam o futebol.
Em termos de jogo jogado foi um jogo repartido, o FC Porto entrou melhor, a partir da meia hora o Braga equilibrou e houve situações de golo para ambas as equipas. Depois da fífia de Marcano a equipa recuperou e ainda conseguiu empatar o jogo aos 86 minutos. Mas pouco depois nova falha no posicionamento defensivo e uma transição rápida permitiu ao Braga adiantar-se no marcador. Já em cima da hora Casillas saiu da baliza e deu um brinde a Alan para este marcar ao FC Porto.
É lamentável ver mais um treinador a arder em lume brando, dando o corpo às balas na conferência de imprensa a chamar a atenção para os roubos de igreja. Porque é que ninguém da SAD dá a cara? Porque é que o Presidente só fala depois das vitórias? O clube vai continuar a ser prejudicado pela arbitragem impunemente? Muita coisa terá de mudar no FC Porto para voltarmos a triunfar.
sábado, 5 de março de 2016
Em direto de Cantanhede
«A partir do dia 11 de Janeiro a estação televisiva, a única com praticamente 100% de produção portuguesa própria, surge renovada. Depois de ter sido adquirido pelo FC Porto e de o clube ter investido em melhoramentos, tanto a nível qualitativo, como tecnológico, o canal sofreu alterações que lhe vão permitir atingir novos níveis de excelência.
As transformações, segundo o canal, traduzem-se com particular impacto na melhoria da qualidade do som e da imagem (HDTV). As novas mudanças prendem-se também com o investimento em mais horas de conteúdos relativos ao FC Porto, mais emissões de directos dos jogos do FC Porto equipa B, FC Porto Sub 15, FC Porto Sub 17 e FC Porto Sub 19 que serão transmitidos, a partir de segunda-feira, em alta definição e o mesmo vai acontecer com os de outras modalidades como o andebol, o basquetebol e o hóquei em patins.
Nesta nova fase o canal vai apostar em novos programas de entretenimento, informação e desporto (…) Os pivots mantêm-se os mesmos, mas no concurso "Azul ou Branco" vai ter uma cara nova, assim como no "Sem Rede", o programa de domingo à noite. O concurso com Carina Caldeira e o "Sem Rede" é apresentado por Joana Pinto da Costa. Em ambos terão a companhia de Tiago Girão. Como novos apresentadores, por exemplo, os irmãos Guedes e o maestro Rui Massena, no novo programa "De Letra". No que refere ao entretenimento de uma colaboração do Porto Canal com a Farol de Ideias nasce o programa em formato de concurso "Azul ou Branco" (apresentado por Carina Caldeira e Tiago Girão e com a participação de Joel Cleto), que vai ter uma dimensão cultural e pedagógica que procura captar um público transversal e de todas as idades.
Já no segmento desportivo, o "Jornal de Desporto" será um novo espaço de informação, criado com o objetivo de apresentar toda a atualidade transversal de todas as modalidades desportivas e não exclusivamente a conteúdos relativos ao FC Porto, programa que procura apelar à audiência de todo o país e não apenas aos adeptos do clube azul e branco.
O canal conta com novas instalações no estádio do Dragão, onde foi construído um novo centro de produção. O estúdio da Senhora da Hora foi requalificado com as mais recentes tecnologias, melhorando a experiência do telespectador, com elevados progressos a nível da qualidade do som e da imagem, que agora será transmitida em alta definição, particularmente nas transmissões dos jogos.»
Fonte: Porto Canal, 06-01-2016
Ontem, durante a transmissão da primeira parte do jogo de basquetebol Oliveirense x FC Porto, o jornalista do Porto Canal presente em Oliveira de Azeméis anunciou, várias vezes, que no intervalo do jogo iam transmitir, em direto, o discurso de Pinto da Costa na inauguração da Casa do FC Porto de Cantanhede.
E assim foi.
Discurso de Pinto da Costa em Cantanhede (foto: O JOGO) |
Obviamente, não está em causa a maior ou menor relevância jornalística desta inauguração e muito menos as declarações do presidente do FC Porto.
Contudo, era mesmo necessário o Porto Canal transmitir, em direto, o discurso de Pinto da Costa, mesmo que isso significasse (como significou) regressar à transmissão do jogo de basquetebol já a meio do 3º Período?
Qual era o problema, se a reportagem acerca da inauguração da Casa do FC Porto de Cantanhede, incluindo o discurso de Pinto da Costa, fosse transmitida logo após o final do jogo de basquetebol?
Não sei quem decidiu que o Porto Canal teria de transmitir o discurso de Pinto da Costa em direto, mas não me parece que o próprio Pinto da Costa aprecie este tipo de culto da personalidade.
Etiquetas:
Casas do FC Porto,
Pinto da Costa,
Porto Canal
sexta-feira, 4 de março de 2016
0,0005% contra
No passado dia 15 de Fevereiro, o presidente da Mesa da Assembleia-Geral do Futebol Clube do Porto informou os Associados, que as eleições dos órgãos sociais do Futebol Clube do Porto, para o quadriénio entre meados de 2016 e 2020, seriam realizadas no dia 17 de abril de 2016.
O Dr. Miguel Ângelo Bismarck referiu que as eventuais candidaturas devem ser “apresentadas nos termos do disposto no artigo 52.º dos estatutos do clube”, ou seja “até 30 dias antes da realização das eleições e ser propostas por, pelo menos, 300 associados sénior no pleno gozo dos seus direitos, devendo ser acompanhadas dos termos de aceitação dos candidatos”.
Sensivelmente na mesma altura, foi também marcada a Assembleia Geral da SAD do FC Porto, tendo em vista eleger os corpos sociais para o mesmo período (o quadriénio 2016 a 2019).
Ora, sendo o Clube o maior acionista da SAD (detém cerca de 75% das ações) e detentor de todas as ações de categoria A, compete à Direção do Clube indicar os membros do Conselho de Administração da SAD.
Nesse sentido, tendo sido marcadas eleições para o Clube, o lógico seria que a Assembleia Geral da SAD fosse agendada para depois das eleições do Clube, de modo a ser a nova Direção do Clube, seja ela qual for, a indicar os membros para os órgãos sociais da SAD.
Inexplicavelmente, não foi isso que aconteceu. A Assembleia Geral da SAD foi realizada ontem, dia 3 de março de 2016, 45 dias antes das eleições para os órgãos sociais do Futebol Clube do Porto.
De acordo com um Comunicado da Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, na Assembleia Geral de ontem esteve representado 83,78% do capital social e, em termos do ponto 2 da Ordem de Trabalhos – Eleição do Conselho de Administração para o quadriénio 2016/2019 – a deliberação foi a seguinte:
«2. Eleição do Conselho de Administração para o quadriénio 2016/2019.
Neste ponto da ordem de trabalhos foi apresentada, pela Direção do Futebol Clube do Porto, uma nova proposta, que integrou, para além dos membros anteriormente comunicados, Antero José Gomes da Ressurreição Diogo Henrique e José Américo Amorim Coelho (não executivo). Esta proposta foi aprovada com 99,9995% dos votos a favor e 0,0005% contra.»
Sou Portista desde que me lembro.
Sou Sócio do Futebol Clube do Porto há muitos anos.
E sou um pequeníssimo acionista da FC Porto SAD desde a sua criação.
Ao longo da minha vida, já sofri, vibrei, saltei e até chorei (de alegria) a ver jogos de equipas do Futebol Clube do Porto em diferentes modalidades.
Ontem senti um vazio dentro de mim. Um vazio por, às 15h30 da tarde, não ter podido estar ao lado do acionista Portista cujas ações representam 0,0005% do capital da FC Porto SAD.
E, tal como ele, ter votado contra.
Porque, independentemente das pessoas e da opinião que cada um de nós possa ter (isso é assunto para outros artigos), o Clube manda na SAD e o Clube, pelo menos formalmente, ainda é dos Associados. Ou já não é?
Tudo indica que, mais uma vez, só haverá uma lista candidata nas próximas eleições (a que vai ser encabeçada por Jorge Nuno Pinto da Costa), mas os Associados do Futebol Clube do Porto têm de ser respeitados e só se irão pronunciar, por ação ou omissão, daqui a 45 dias.
Assim sendo, qual era o problema da Assembleia Geral de ontem, ter sido marcada para depois das eleições no Clube?
quarta-feira, 2 de março de 2016
São Porto?
Ser Porto.
Há uns anos começou a correr por aí a expressão "Ser Porto", como se os cimentos gastos do velho estádio das Antas recordassem outro grito de guerra entretanto perdido. Foi a época do marketing, do 1893 na camisola - não fosse alguém duvidar do duvidável - e da externalização da comunicação do clube com as suas forças vivas a labaredas ou diários mitológicos que vendem independência mas seleccionam melhor as noticias com lápiz azul(e branco) que outros. Mas o importante era repetir o mantra, "Ser Porto". Todos aqueles que tinham chegado até ali, muitos nascidos quando "Ser Porto" significava sofrer ano sim e ano também, tinham de reaprender a cartilha, não fosse alguém desconfiar de que "Ser Porto" não era lá com eles e como se o "Bibó Porto carago" que durante décadas se ouviu até no silêncio da neblina que todas as manhãs se adentra pela Douro fosse impossível de se vender nos emails enviados às empresas a quem se pede dinheiro para pagar os croisants que antes se compravam no Velasquez fiados. Mas por muito que vendam o grito, por muito que criem a linguagem moderna do que é, na prática, "ser Porto", há quanto tempo é que aqueles que a proclamam, ás vezes até em silêncio - pasme-se, há directores desportivos do clube que falam calados ou falam lá para fora, não para os seus, porque ficam melhor na fotografia - são eles Porto?
Foram, sem dúvida, foram Porto.
Foram provavelmente mais do que muitos ainda que o FC Porto, o que não ganhava todos os anos e sofria tantas vezes o injusto e criminal tratamento votado pelo centralismo, também estivesse cheio de homens grandes e que eram, sem dúvida, também eles, Porto. Mas ninguém discute, ninguém disputa que houve uma lufada de ar fresco quando quem hoje se esconde em muros de silêncio deu um pontapé na muralha para gritar, sem medo, que ser Porto era algo maior do que um motivo de orgulho, era uma forma de ser. Esses gritos, que se ouviam tão longe que minaram por dentro o sistema que nos afogava ano atrás ano, são a base de tudo e não há como esquecer essa voz que, quando falava, o mundo tremia. Durante três longas, inesquecíveis e intermináveis décadas - pelo menos na nossa memória - reescreveu-se o adn de um clube que deixou de ter medo de gritar que era ele próprio, um clube de portistas para portistas e disposto a tudo para não se deixar prejudicar por quem não suportava o êxito desses portistas. Forjou-se aí a cultura vigente, ás vezes substituindo coisas antigas, outras vezes recuperando-as. Nasceram dragões das nuvens, recuperou-se a "mistica" do balneário depois de anos de prima-donas que jantavam com presidentes para despedir treinadores e recuperaram-se figuras históricas, não para lamber feridas mas sim para lançar o futuro. A cada eleição, a cada aclamação, entendia-se aquele "ser Porto" porque não eram palavras vãs. O discurso tinha eco real no quotidiano e não eram apenas os titulos - nacionais e internacionais. Era o orgulho próprio, a identidade, a sensação de pertencer a algo grande, genuino e que não deixava de ser portuense, nortenho, apesar de haver espaço para todos. Aquele "ser Porto" era-o na teoria e na prática - vamos assumir já que ninguém é perfeito e que houve, como sempre, altos e baixos - e quem conduzia o navio era, sem dúvida, Porto. Ainda o é?
O novo processo eleitoral está prestes a chegar à sua conclusão antes de ter sido sequer iniciado, consequência lógica e inevitável de quem se sabe eterno e imortal - ele, os outros, todos - e não está para incomodar-se com burocracias. Mas se há rostos similares, alguns gastos pelos anos, pela vida e pelos excessos de tudo, o discurso hoje já não é o mesmo. É vazio, é oco, é um loop gasto, perdem-se já palavras, entendimentos e ilusões a cada vez que o "ser Porto" se corrompe, dia após dia. Tudo aquilo que se defendeu em 1977, que se reforçou em 1982 e que foi, ano atrás ano, dando força aos nossos despertares, é hoje memória presente mas vã, como aqueles que sentem nostalgia por algo que sabem que não vai voltar olhando para aqueles que lhes dizem, quase rindo-se de eles, de que esse algo nunca se foi. Mas foi, ó se foi. Em 1982 o FC Porto fez-se grande porque decidiu colocar o seu destino nas mãos de quem era Porto, soube ser Porto e soube fazer-nos a todos um pouco mais Porto. Mas em 1982 - e nos anos seguintes - o que o Porto não queria, o que não era ser Porto, o que nos fazia a todos um pouco menos Porto era precisamente aquilo que hoje aqueles que lutaram contra essa realidade colocam em prática com assustadora frequência. Procurei, juro que procurei, nos panfletos eleitorais, nas hemerotecas, no discurso e nas aclamações e vivas daqueles anos sinais do que é o Porto de hoje e não encontro paralelos, não encontro concordância. Em nenhum lugar encontrei sinais do que podiamos encontrar em relatórios de conta como os que vamos abrindo, trimestralmente, com resignação, as alvisseras e vivas a um "ser Porto" que inclui entre tantos outros pecados inconfessáveis:
- pagar comissões a familiares por negócios
- contratar familiares e familiares de amigos para a estrutura do clube
- permitir que familiares exerçam de porta-voz do clube, defenestrando simbolos reais de escudo no peito, ou coloquem em risco o próprio futuro do clube tendo acesso a informações mais tardes debitadas por meia dúzia de tostões e muito rancor
- estar mais preocupado em distribuir riqueza pela corte de amigos do que no futuro do clube
- apostar conscientemente na desvalorização desportiva em prole da dependência financeira alheia, entre bancos e fundos, o que ás vezes é o mesmo
- alhear-se do que é ser simbolo de uma cidade, de uma região, não como elemento exclusivo - todos podem ser Porto em qualquer canto do Mundo - mas como vector de dinamismo deixando essa luta abandonada ou a outros sem a mesma força que tem a voz do dragão
- abdicar de uma excelente equipa de scouting, forjada com anos de trabalho intenso de pessoas que, muitas vezes desde o biberão sim "são Porto", para externalizar esses serviços
- transformar a formação, a base de mais de década e meia de êxitos, num pro-forma, num negócio onde até percentagens de passes são oferecidos, como eclairs, em processos de renovação quando, quem assina, já tem o contrato escrito a azul e branco no coração
- transferir a seu belo prazer as quotas dos sócios, negligenciando as modalidades que sempre fizeram parte do ADN do clube e que também são, para muitos, Porto.
- transferir a seu belo prazer a posse do estádio, correndo o risco de deixar, num futuro em que a SAD possa não ser da instituição de um modo maioritário -e ninguém pode jurar que isso não passará - o FC Porto no olho da sua própria rua.
- calar, consentir e silenciar todos os "roubos de Igreja" que prejudicam, dia sim, dia também o clube quando o êxito do clube se construiu em gritar, não consentir e denunciar cada golpe que nos tentaram dar por cima e por debaixo da mesa
- permitir que os velhos poderes, os que se contestavam e que columpiados com o poder, esse que ia entrar na Assembleia com uma cabeça na bandeja, controlem como um polvo as instituições que têm poder de decisão sobre a vida desportiva onde compete o escudo e a camisola
- ser incapaz de competir com equipas menores, em orçamento e pedigree, sem um assomo de vergonha e auto-critica salvo por escorrer a culpa para os que já não estão, assobiando para o lado ao mesmo tempo que se engorda a maquinaria orçamentada até ao risco da implosão.
Não, não adianta procurar porque não vão encontrar nada que proponha como politica desportiva nada disto porque, "ser Porto", nessa altura de positivismo e arrojo, era outra coisa ainda que alguns sejam os mesmos, e muito do que hoje se faz era então combatido, valentemente, sem papas na lingua, sem medos e sem meias palavras.
Aquilo que corrompia o clube até as entranhas - o medo crónico, a subserviência, a desvalorização desportiva, o desrespeito pelo associado - aliado aquilo que nem nos piores anos se vivia como o nepotismo, as negociatas com entidades que existem debaixo de um imenso ponto de interrogação - está hoje mais presente do que então, a tal ponto que parece, pura e simplesmente, que voltamos a viajar no tempo. Nada pode apagar 30 anos de titulos e memórias que não se derretem no tempo mas também nada logra, realmente, explicar, tanto interesse em voltar atrás no tempo. Parece, de algum modo, que alguém se arrependeu de quem foi, do que significou e do que logrou e quer voltar ao inicio, recuperar a juventude perdida tentando voltar à casa de partida do jogo para reiniciar o processo. Só que todos sabemos que o tempo não volta para trás por muitos que alguns queiram e devolver o clube à mais miserável das condições não dá direito a jogar o jogo com uma nova vida guardada. Ou talvez aqueles que ajudaram a definir, com todo o mérito, aquele "ser Porto" se tenham esquecido do que foram.
Será, então, que esse "ser Porto" que foi também o de todos aqueles que vieram de trás e suportaram não a glória mas a dor, o sofrimento e a tristeza de perder sem poder lutar, existe ainda naquele espaço fechado onde se tomam as decisões que padecemos todos? No fundo, em todo este processo, só há uma pergunta que é ainda válida tendo em conta tudo o que sabemos, tudo o que desenterramos, tudo o que vivemos e tudo o que debates. Será, de verdade, que eles ainda são "Porto"?
Há uns anos começou a correr por aí a expressão "Ser Porto", como se os cimentos gastos do velho estádio das Antas recordassem outro grito de guerra entretanto perdido. Foi a época do marketing, do 1893 na camisola - não fosse alguém duvidar do duvidável - e da externalização da comunicação do clube com as suas forças vivas a labaredas ou diários mitológicos que vendem independência mas seleccionam melhor as noticias com lápiz azul(e branco) que outros. Mas o importante era repetir o mantra, "Ser Porto". Todos aqueles que tinham chegado até ali, muitos nascidos quando "Ser Porto" significava sofrer ano sim e ano também, tinham de reaprender a cartilha, não fosse alguém desconfiar de que "Ser Porto" não era lá com eles e como se o "Bibó Porto carago" que durante décadas se ouviu até no silêncio da neblina que todas as manhãs se adentra pela Douro fosse impossível de se vender nos emails enviados às empresas a quem se pede dinheiro para pagar os croisants que antes se compravam no Velasquez fiados. Mas por muito que vendam o grito, por muito que criem a linguagem moderna do que é, na prática, "ser Porto", há quanto tempo é que aqueles que a proclamam, ás vezes até em silêncio - pasme-se, há directores desportivos do clube que falam calados ou falam lá para fora, não para os seus, porque ficam melhor na fotografia - são eles Porto?
Foram, sem dúvida, foram Porto.
Foram provavelmente mais do que muitos ainda que o FC Porto, o que não ganhava todos os anos e sofria tantas vezes o injusto e criminal tratamento votado pelo centralismo, também estivesse cheio de homens grandes e que eram, sem dúvida, também eles, Porto. Mas ninguém discute, ninguém disputa que houve uma lufada de ar fresco quando quem hoje se esconde em muros de silêncio deu um pontapé na muralha para gritar, sem medo, que ser Porto era algo maior do que um motivo de orgulho, era uma forma de ser. Esses gritos, que se ouviam tão longe que minaram por dentro o sistema que nos afogava ano atrás ano, são a base de tudo e não há como esquecer essa voz que, quando falava, o mundo tremia. Durante três longas, inesquecíveis e intermináveis décadas - pelo menos na nossa memória - reescreveu-se o adn de um clube que deixou de ter medo de gritar que era ele próprio, um clube de portistas para portistas e disposto a tudo para não se deixar prejudicar por quem não suportava o êxito desses portistas. Forjou-se aí a cultura vigente, ás vezes substituindo coisas antigas, outras vezes recuperando-as. Nasceram dragões das nuvens, recuperou-se a "mistica" do balneário depois de anos de prima-donas que jantavam com presidentes para despedir treinadores e recuperaram-se figuras históricas, não para lamber feridas mas sim para lançar o futuro. A cada eleição, a cada aclamação, entendia-se aquele "ser Porto" porque não eram palavras vãs. O discurso tinha eco real no quotidiano e não eram apenas os titulos - nacionais e internacionais. Era o orgulho próprio, a identidade, a sensação de pertencer a algo grande, genuino e que não deixava de ser portuense, nortenho, apesar de haver espaço para todos. Aquele "ser Porto" era-o na teoria e na prática - vamos assumir já que ninguém é perfeito e que houve, como sempre, altos e baixos - e quem conduzia o navio era, sem dúvida, Porto. Ainda o é?
O novo processo eleitoral está prestes a chegar à sua conclusão antes de ter sido sequer iniciado, consequência lógica e inevitável de quem se sabe eterno e imortal - ele, os outros, todos - e não está para incomodar-se com burocracias. Mas se há rostos similares, alguns gastos pelos anos, pela vida e pelos excessos de tudo, o discurso hoje já não é o mesmo. É vazio, é oco, é um loop gasto, perdem-se já palavras, entendimentos e ilusões a cada vez que o "ser Porto" se corrompe, dia após dia. Tudo aquilo que se defendeu em 1977, que se reforçou em 1982 e que foi, ano atrás ano, dando força aos nossos despertares, é hoje memória presente mas vã, como aqueles que sentem nostalgia por algo que sabem que não vai voltar olhando para aqueles que lhes dizem, quase rindo-se de eles, de que esse algo nunca se foi. Mas foi, ó se foi. Em 1982 o FC Porto fez-se grande porque decidiu colocar o seu destino nas mãos de quem era Porto, soube ser Porto e soube fazer-nos a todos um pouco mais Porto. Mas em 1982 - e nos anos seguintes - o que o Porto não queria, o que não era ser Porto, o que nos fazia a todos um pouco menos Porto era precisamente aquilo que hoje aqueles que lutaram contra essa realidade colocam em prática com assustadora frequência. Procurei, juro que procurei, nos panfletos eleitorais, nas hemerotecas, no discurso e nas aclamações e vivas daqueles anos sinais do que é o Porto de hoje e não encontro paralelos, não encontro concordância. Em nenhum lugar encontrei sinais do que podiamos encontrar em relatórios de conta como os que vamos abrindo, trimestralmente, com resignação, as alvisseras e vivas a um "ser Porto" que inclui entre tantos outros pecados inconfessáveis:
- pagar comissões a familiares por negócios
- contratar familiares e familiares de amigos para a estrutura do clube
- permitir que familiares exerçam de porta-voz do clube, defenestrando simbolos reais de escudo no peito, ou coloquem em risco o próprio futuro do clube tendo acesso a informações mais tardes debitadas por meia dúzia de tostões e muito rancor
- estar mais preocupado em distribuir riqueza pela corte de amigos do que no futuro do clube
- apostar conscientemente na desvalorização desportiva em prole da dependência financeira alheia, entre bancos e fundos, o que ás vezes é o mesmo
- alhear-se do que é ser simbolo de uma cidade, de uma região, não como elemento exclusivo - todos podem ser Porto em qualquer canto do Mundo - mas como vector de dinamismo deixando essa luta abandonada ou a outros sem a mesma força que tem a voz do dragão
- abdicar de uma excelente equipa de scouting, forjada com anos de trabalho intenso de pessoas que, muitas vezes desde o biberão sim "são Porto", para externalizar esses serviços
- transformar a formação, a base de mais de década e meia de êxitos, num pro-forma, num negócio onde até percentagens de passes são oferecidos, como eclairs, em processos de renovação quando, quem assina, já tem o contrato escrito a azul e branco no coração
- transferir a seu belo prazer as quotas dos sócios, negligenciando as modalidades que sempre fizeram parte do ADN do clube e que também são, para muitos, Porto.
- transferir a seu belo prazer a posse do estádio, correndo o risco de deixar, num futuro em que a SAD possa não ser da instituição de um modo maioritário -e ninguém pode jurar que isso não passará - o FC Porto no olho da sua própria rua.
- calar, consentir e silenciar todos os "roubos de Igreja" que prejudicam, dia sim, dia também o clube quando o êxito do clube se construiu em gritar, não consentir e denunciar cada golpe que nos tentaram dar por cima e por debaixo da mesa
- permitir que os velhos poderes, os que se contestavam e que columpiados com o poder, esse que ia entrar na Assembleia com uma cabeça na bandeja, controlem como um polvo as instituições que têm poder de decisão sobre a vida desportiva onde compete o escudo e a camisola
- ser incapaz de competir com equipas menores, em orçamento e pedigree, sem um assomo de vergonha e auto-critica salvo por escorrer a culpa para os que já não estão, assobiando para o lado ao mesmo tempo que se engorda a maquinaria orçamentada até ao risco da implosão.
Não, não adianta procurar porque não vão encontrar nada que proponha como politica desportiva nada disto porque, "ser Porto", nessa altura de positivismo e arrojo, era outra coisa ainda que alguns sejam os mesmos, e muito do que hoje se faz era então combatido, valentemente, sem papas na lingua, sem medos e sem meias palavras.
Aquilo que corrompia o clube até as entranhas - o medo crónico, a subserviência, a desvalorização desportiva, o desrespeito pelo associado - aliado aquilo que nem nos piores anos se vivia como o nepotismo, as negociatas com entidades que existem debaixo de um imenso ponto de interrogação - está hoje mais presente do que então, a tal ponto que parece, pura e simplesmente, que voltamos a viajar no tempo. Nada pode apagar 30 anos de titulos e memórias que não se derretem no tempo mas também nada logra, realmente, explicar, tanto interesse em voltar atrás no tempo. Parece, de algum modo, que alguém se arrependeu de quem foi, do que significou e do que logrou e quer voltar ao inicio, recuperar a juventude perdida tentando voltar à casa de partida do jogo para reiniciar o processo. Só que todos sabemos que o tempo não volta para trás por muitos que alguns queiram e devolver o clube à mais miserável das condições não dá direito a jogar o jogo com uma nova vida guardada. Ou talvez aqueles que ajudaram a definir, com todo o mérito, aquele "ser Porto" se tenham esquecido do que foram.
Será, então, que esse "ser Porto" que foi também o de todos aqueles que vieram de trás e suportaram não a glória mas a dor, o sofrimento e a tristeza de perder sem poder lutar, existe ainda naquele espaço fechado onde se tomam as decisões que padecemos todos? No fundo, em todo este processo, só há uma pergunta que é ainda válida tendo em conta tudo o que sabemos, tudo o que desenterramos, tudo o que vivemos e tudo o que debates. Será, de verdade, que eles ainda são "Porto"?
Subscrever:
Mensagens (Atom)