Sérgio Conceição tem razão e fez bem em colocar o seu lugar à disposição do Presidente.
Após um jogo para uma prova secundária, equilibrado e em que a vitória poderia ter caído para qualquer um dos lados, e em que o nosso adversário, que jogava em casa e teve mais 24h de descanso, teve a sorte de marcar após um ressalto, o nosso treinador achou ter, finalmente, chegada a hora de deitar tudo cá para fora. Um desabafo que já tardava.
Existe efectivamente uma campanha tóxica de uma parte dos adeptos do FCP, que começou praticamente no início da segunda época do seu reinado actual e que nunca deu tréguas mesmo durante fases mais positivas. Uma espécie de ódio irracional e que nunca encontrou respaldo nos resultados dentro do campo (SC fez, em 2018/19, uma das 10 melhores classificações do nosso clube da era-Pinto da Costa e, nesta presente temporada, terminou a primeira-volta não longe do top-10 de sempre para esse ciclo).
As críticas que lhe eram dirigidas foram muitas vezes de uma ferocidade que só encontra paralelo nos tempos em que Octávio Machado foi o nosso treinador principal. Com a enorme diferença de que, aquando deste último, os maus resultados justificavam a revolta dos sócios e simpatizantes, coisa que de modo algum sucede na actualidade.
Num processo de transferência, bem conhecido da área da psicologia, alguns adeptos portistas transportam a nossa impotência perante o domínio fora-da-lei do slb e SC surge como o bode expiatório mais a mão.
O problema principal está na "performance" desportiva absolutamente irreal do slb e não nos números deste FCP de SC, que sempre esteve bem acima da nossa média habitual ao longo dos anos.
Para que o FCP conseguisse alcançar, neste momento, o topo da tabela classificativa, teria que ter perdido apenas uns míseros três pontos em toda a primeira metade do campeonato. Esqueçam. Isso nunca irá acontecer. Coloquem o nosso melhor "11" de sempre em campo (por exemplo, aquele das estátuas no nosso Museu), todos eles no topo das suas carreiras, e nem assim o FCP alcançaria tal feito. Nem tendo Robson+Mourinho, os dois juntos, como treinadores.
Porquê? Por tal ser absolutamente impossível sem ajudas externas.
Sim, poderemos discutir longamente Manafá, Uribe ou Marega, mas o problema principal do futebol português, não está nisso mas sim no facto de existir uma equipa que vence praticamente todos os jogos no campeonato nacional. Algo de inédito em toda a história. A mesmíssima equipa que raramente vence os jogos para as competições europeias. Paradoxo máximo e total.
"Não fazemos a nossa parte"? Esta é a frase que os benfiquistas mais gostam de nos ouvir dizer.
Era a parte que lhes faltava para transformar o roubo num crime perfeito.
Seria como alguém ser assaltado na rua e achar-se culpado porque, depois, não correu atrás do ladrão.
Enquanto considerarmos que o mal principal esta em nós, para o ano o slb repetirá a dose e fará mais do mesmo.
SC transformou, globalmente, as coisas para melhor desde que cá chegou.
Erra menos do que a grande maioria dos nossos recentes treinadores, é competente e apaixonado, trouxe ideias frescas e, principalmente, muito dificilmente o nosso clube arranjará melhor na nossa (difícil) actualidade.
Aqueles portistas da campanha tóxica anti-SC deveriam olhar para o (mau) exemplo do scp.
Para esses, Marco Silva não servia, Leonardo Jardim não era bom o suficiente e até Jorge Jesus ficava aquém do desejado.
Quererão os portistas um Kaiser, seguido de um Silas, no lugar de SC?