sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Perto da vista, perto do coração

«Adeus, Avenida Conde de Valbom, olá, Segunda Circular
Record deixou ontem [13/12/2011] as instalações no centro de Lisboa, onde a sua redação funcionava desde março de 2001. Foram quase 11 anos de trabalho, mais de duas centenas de milhares de páginas editadas, perto de um milhão de fotos publicadas, cerca de quatro mil edições – entre jornais, revistas e guias – produzidas com empenho e ambição.»
Alexandre Pais, Diretor do Record
Passe curto, Record, 14/12/2011

«O tradicional almoço de Natal da Cofina Media, a que pertence Record, teve este ano uma particularidade curiosa: realizou-se nas instalações do próprio grupo, no amplo espaço que no início de 2012 será ocupado pela redação do “Correio da Manhã”. O novo edifício, situado à Rua José Maria Nicolau – antigo vencedor da Volta a Portugal em bicicleta e nome relevante do desporto português –, perto da Segunda Circular, em Lisboa, registou assim a sua primeira grande afluência ao receber largas centenas de colaboradores do nosso grupo de empresas.»
in Record, 16/12/2011


O Record, jornal fundado em 26/11/1949, e que nos últimos 25 anos teve como diretores Rui Cartaxana (1986-1998), João Marcelino (1999-2001), José Manuel Delgado (2001-2003) e Alexandre Pais (desde 2003);

o Record, jornal que tem uma contabilidade própria dos títulos oficiais conquistados pelos clubes portugueses (favorável ao slb), e cujo diretor justifica a inclusão da Taça Latina com o argumento de que elabora o ranking de acordo com os seus próprios critérios (“A FIFA tem outra decisão oficial? Ótimo, quando fizermos o ranking de títulos segundo a FIFA não deixaremos de respeitar essa decisão”);

o Record, jornal para quem o slb, e não o FC Porto, está em 1º lugar no campeonato porque discorda da metodologia oficial da Liga, segundo a qual deve-se aplicar a regra da diferença de golos e modos de desempate que se lhe seguem;

o Record mudou de instalações. A nova morada da Redação de Lisboa é no arruamento D à Rua José Maria Nicolau n.º 3.

Mas não se pense que a mudança foi fácil. Desde 2008 (pelo menos), que moradores das ruas Mateus Vicente e José Maria Nicolau se queixam da volumetria do novo edifício da Cofina e que o mesmo, por ficar colado aos edifícios que já existiam, lhes tira privacidade (devido à proximidade dos terraços) e tapa as vistas. E apesar da CM Lisboa ter chegado a embargar a obra em 2010, por ter sido desrespeitado o acordo que determinava a criação de uma espécie de jardim com vegetação na cobertura (quase toda essa área foi ocupada com tubagens e sistemas de climatização e ar condicionado), a coisa lá se resolveu a contento dos interesses… da Cofina.

E bem podem os moradores da zona continuar a queixar-se do barulho dos sistemas de sucção do novo edifício e de terem ficado sem vistas porque, em termos de vistas, os jornalistas do Record passaram a ter umas vistas verdadeiramente inspiradoras (e alinhadas com os critérios do diretor do jornal…).


Mais. Nos dias em que o clube do regime jogar em casa, até vão poder ir fazer a cobertura do evento a pé. A isto chama-se qualidade de vida, carago!


P.S. Seria interessante sabermos a quem é que a Cofina comprou o terreno/lote para este seu novo edifício e, dentro da CM Lisboa, quem foram as pessoas que trataram e aprovaram o projeto.

Fotos: Record

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Compras, vendas, percentagens e comissões

No dia 16 de Agosto, a Futebol Clube do Porto – Futebol SAD enviou dois comunicados à CMVM, informando o mercado que tinha adquirido 100% dos direitos económicos do atleta Defour, pelo montante de 6.000.000 € (seis milhões de euros) e 100% dos direitos económicos do atleta Mangala, pelo montante de 6.500.000 € (seis milhões e quinhentos mil euros).

Passados dois meses, no Relatório e Contas Consolidado 2010/2011, ponto 34 ‘Eventos Subsequentes’ (páginas 104 e 105), é dito o seguinte:

«Subsequentemente à data das demonstrações financeiras ocorreram os seguintes factos que, pela sua relevância, são apresentados como segue:
(…)
c. Aquisição de 100% do “passe” do jogador Defour ao Standard de Liége por 6.000.000 Euros;
d. Aquisição de 100% do “passe” do jogador Mangala ao Standard de Liége por 6.500.000 Euros valor esse a que acresce o montante de 500.000 Euros de encargos com serviços de intermediação;»

Constata-se que em 28/10/2011 (data em que o Relatório e Contas Consolidado 2010/2011 foi enviado à CMVM), a FCP SAD ainda surgia oficialmente como detentora de 100% dos “passes” dos jogadores Defour e Mangala. Quanto aos valores de aquisição dos passes, são mantidos os que tinham sido comunicados em 16/08/2011 mas, desta vez, passam a ser referidos 500.000€ de encargos com serviços de intermediação na contratação do jovem defesa-central francês (no caso do médio belga, nada é dito acerca de encargos adicionais).

Um mês depois, no Relatório e Contas Consolidado do 1º Trimestre 2011/2012, ponto 5 ‘Activos Intangíveis – Valor do Plantel’ (página 16), é dito:

«As principais aquisições realizadas no período de três meses findo em 30 de Setembro de 2011, em valor, podem ser resumidas como segue:

(clicar na imagem para a ampliar)

Analisando o quadro anterior, verifica-se que em 30/11/2011 (data em que o Relatório e Contas Consolidado do 1º trimestre de 2011/2012 foi enviado à CMVM), a FCP SAD já só era detentora de 90% dos direitos económicos de Defour e Mangala e, para além dos valores de aquisição dos “passes”, surgem como Encargos adicionais 1.850.339€ no caso de Defour e 1.020.000€ no caso de Mangala.

Ou seja, de 100% a FCP SAD passou a detentora de 90% dos “passes”, sem que tenha sido explicado o que aconteceu aos 10% que deixou de deter. Quanto aos encargos adicionais, no caso de Mangala passaram de 500.000€ para 1.020.000€ (porquê?) e no caso de Defour de zero para 1.850.339€.

Finalmente, no comunicado de 27 de Dezembro, ficamos a saber que a Futebol Clube do Porto – Futebol SAD alienou à Doyen Sports Investments Limited:
• 33,33% dos direitos económicos do jogador Mangala por 2.647.059€;
• 33,33% dos direitos económicos do jogador Defour por 2.352.941€.

E, adicionalmente, que a FCP SAD atribuiu 10% da receita líquida de uma eventual transferência à sociedade Robi Plus, pelo que passou a deter 56,67% dos direitos económicos de cada um destes jogadores.

«(…) o clube manteve a política de investir em jovens valores, que garantam progressão e um contributo importante no desempenho da equipa, como possam ser activos importantes no mercado de jogadores. Assim, chegaram esta época ao FC Porto atletas como Iturbe, Bracali, Djalma, Defour, Mangala, Kléber e Alex Sandro.»
in Relatório e Contas Consolidado 1º Trimestre 2011/2012 (página 4)

No futuro, veremos qual vai ser a valorização destes “activos”. Para já, do lado dos custos, sabemos que o valor total da aquisição dos “passes” de Defour e Mangala perfez 15.370.339€ (7.850.339€ + 7.520.000€), enquanto que do lado das receitas, o que veio a público é que a FCP SAD encaixou 5.000.000€ (2.647.059€ + 2.352.941€) pelos 43,33% que já não lhe pertencem. Ou seja, a não ser que faltem dados nos comunicados e relatórios oficiais, na alienação destes 43,33% não houve qualquer valorização dos dois “activos”, bem pelo contrário. Para, no mínimo, não perder dinheiro, os 43,33% deveriam ter rendido à FCP SAD 6.659.967€ (0,4333 x 15.370.339€) e não os 5.000.000€ que se depreende do último comunicado.

Olhando para este conjunto de factos e números, há coisas que não batem certo e outras que estão mal explicadas. Talvez falte alguma informação, mas cada um que tire as suas conclusões.

Nota final: Conforme indicado, todos os números e dados apresentados neste artigo foram extraídos de documentos oficiais da Futebol Clube do Porto – Futebol SAD.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Prestígio e distinção internacional

«Jorge Nuno Pinto da Costa foi esta quarta-feira, dia em que celebra 74 anos, distinguido com o prémio carreira nos Globe Soccer Awards, no Dubai.
Pinto da Costa é o presidente mais titulado da história do futebol mundial, com 55 troféus, entre os quais sete internacionais.
O prémio foi entregue por Fabio Capello, seleccionador de Inglaterra, na gala que decorreu ao ar livre, no Armani Pavillion, junto à Burj Khalifa, a torre mais alta do mundo.»
in www.fcporto.pt


Este tipo de distinções sabem sempre bem e quando são atribuídas no dia do aniversário imagino que saibam ainda melhor.

Quem não deve ter gostado muito é o grupo de pessoas ligadas a um clube que já teve prestigio internacional há meio século atrás (na década de 60) e que nos últimos anos se dedicou a tentar denegrir a imagem do FC Porto a nível internacional. Até se deram ao trabalho de traduzir para inglês alguns dos vídeos que colocaram no Youtube...



P.S. Ao contrário de O Jogo, quem fez as capas de A Bola e do Record do dia 29/12/2011, deu a este assunto um "destaque" lateral ou de rodapé. Nada que nos surpreenda.

Happy Birthday Mr President

No dia em que Jorge Nuno de Lima Pinto da Costa faz anos (74), os parabéns cantados por Norma Jeane Mortensen, mais conhecida por Marilyn Monroe, a um outro presidente que também ficou para a história...

Já não aparece no cabeçalho do jornal

«“O António Tadeia tinha determinadas limitações de horário e nessas condições decidimos não continuar a nossa relação laboral”, explicou José Manuel Ribeiro [director de 'O Jogo'].

Já António Tadeia optou por não explicar à Lusa as razões que levaram à cessação de funções, apenas a confirmando: “o meu nome já nem aparece no cabeçalho do jornal”, apontou.

Não houve qualquer conflito, apenas uma questão de indisponibilidade de horário de António Tadeia para desempenhar as funções de forma satisfatória. Temos muito trabalho, há atribuições para o director-adjunto em Lisboa, que são necessárias e que ele, com a limitação que tem, não poderia cumprir”, explicou José Manuel Ribeiro.

António Tadeia mantém uma colaboração com a RTP, mas esta não terá sido determinante para o fim da permanência do jornalista na direcção de 'O Jogo', de acordo com o director do diário desportivo.»


À partida, a saída de Tadeia da direcção do jornal 'O Jogo' é uma boa notícia. Contudo, só quando soubermos quem vai ser o novo director-adjunto em Lisboa, é que poderemos avaliar se o “ar que se respira” neste jornal (o único jornal desportivo que eu pontualmente compro) melhorou ou não.

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Downsizing no basket portista

A conjuntura económica leva as empresas a reduzir os seus custos de produção o que, muitas vezes, significa cortes na mão-de-obra (despedir pessoas e/ou “encolher” remunerações).

Aparentemente, foi isso que aconteceu no basquetebol portista. Assim, para além do fim de todos os escalões de formação femininos, saíram dois dos três americanos da equipa sénior que na época passada, e após sete anos de jejum, se sagrou brilhante campeã.

Com menos dinheiro, não foi (não está a ser) fácil colmatar as saídas de Sean Ogirri e de Julian Terrell.

Anthony Hill, um poste de 22 anos e 2,04 metros de altura, veio para substituir Terrell mas, após ter cumprido a pré-temporada e jogado o Torneio António Pratas, foi dispensado.
Curiosamente, foi logo de seguida contratado pelo Barreirense, o que, por si só, é demonstrativo do nível salarial deste jogador.

Para o substituir, foi contratado Rob Johnson, um poste de 30 anos e 2,03 metros, que na época passada representou o River Andorra, da liga espanhola LEB Prata. Ao contrário de Hill, é um jogador com uma vasta experiência europeia, tendo já alinhado nas ligas austríaca, sueca, eslovaca, suíça e espanhola.
Por aquilo que já vi, embora me pareça um bom defensor e ressaltador, é óbvio que não está ao mesmo nível de Julian Terrell.

Reggie Jackson é dos novos americanos o que chegou mais cedo. Veio para substituir Sean Ogirri mas tem características diferentes. Não sendo um lançador exímio de longa distância, é antes um típico 1º base. Baixo e rápido, até agora ainda não convenceu, mas se conseguir melhorar na percentagem de lançamento exterior e no comando da organização de jogo da equipa, poderá vir a ser muito útil, particularmente quando chegarmos à fase decisiva da época – os playoff.

Em contra-ciclo com a realidade do basquetebol português, o nosso rival de Lisboa parece estar a nadar em dinheiro. Manteve os melhores jogadores da época passada e reforçou-se com americanos e portugueses de bom nível (e caro$). O plantel benfiquista inclui cinco (!) americanos – Ben Reed, Heshimu Evans, Fred Gentry, Ted Scott e Seth Doliboa – e é complementado por vários jogadores de selecção - Sérgio Ramos, Elvis Évora, Miguel Minhava e João “Betinho” Gomes. Inclusivamente, fala-se que vários dos americanos do slb estão em patamares salariais entre os 15 e os 25 mil USD/mês!

Não sei qual é a diferença entre os orçamentos do FC Porto e do slb (deve ter crescido significativamente esta época) mas, em termos de jogadores, é notório que os encarnados investiram como nunca para recuperar o título nacional e têm uma equipa com mais individualidades e melhores soluções para todas as posições.

O que o slb não tem é um treinador com a capacidade e categoria de Moncho Lopéz. O nosso treinador galego, além de ser um Senhor, consegue exponenciar a “matéria-prima” que tem à sua disposição e construir colectivos muito fortes, atenuando dessa forma as diferenças orçamentais.

Assim, se é certo que começa a notar-se algum envelhecimento do plantel – o capitão Nuno Marçal (14/11/1975) tem 36 anos e o base José Costa (08/12/1973) já vai em 38 primaveras – e que esta nova dupla de americanos é de menor valia que Ogirri e Terrell – consequência de um orçamento inferior – a equipa, globalmente, dá indicações de estar mais consistente e entrosada.


Para já, e após 11 jornadas, o FC Porto partilha a liderança do campeonato com o slb, ambos com apenas uma derrota, mas com os azuis-e-brancos a terem o melhor ataque (930) e a melhor defesa (720) da competição.

O campeonato é longo, desgastante e há ainda o imponderável das lesões, sendo um facto que o slb tem mais e melhores trunfos (já para não falar nas “assistências” que regularmente recebe de alguns árbitros). Contudo, se os dragões conseguirem terminar a fase regular em primeiro, o sonho do Bi é perfeitamente possível.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O Boxing Day de AVB

A proposta de Roman Arkadyevich Abramovich foi irrecusável, mas André Villas-Boas cometeu um grave erro de avaliação, ao ter aceite ir treinar o Chelsea Football Club sem exigir levar consigo três ou quatro jogadores de top, sedentos de vitórias e dispostos a “morrer” por ele dentro de campo.

O que encontrou André Villas-Boas quando chegou a Stamford Bridge há meio ano atrás?

Um plantel de grandes nomes (e egos descomunais!), mas também cheio de vícios e importantes jogadores-chave envelhecidos – Didier Drogba (11/03/1978), Frank Lampard (20/06/1978), Paulo Ferreira (18/01/1979), Anelka (14/03/1979), Malouda (13/06/1980), John Terry (7/12/1980), Ashley Cole (20/12/1980). A maior parte destes jogadores, que já passaram a barreira dos 31, atingiu o pico quando o Special One estava no Chelsea, ainda conseguiram conquistar a dobradinha em 2009/10, mas foi o canto do cisne e agora é óbvio que estão na irreversível curva descendente das suas carreiras.

A este enorme problema, junta-se o dos lesionados crónicos – Bosingwa, Essien, Obi Mikel – do hiper-valorizado, pela comunicação social do regime, David Luiz (mas que em Inglaterra tem sido pouco mais que um desastre) e o psicológico caso de El Niño Torres.

E reforços?
Não houve estrelas novas para brilharem no firmamento londrino (Modric não veio, Hulk ficou no Porto, Falcao voou para Madrid…) e o único que está ao nível dos objectivos (teóricos) do Chelsea – disputar a vitória na Premier League e na Champions - é Juan Mata. De resto, contratações como Lukaku, Oriol Romeu ou Raul Meireles, bem como, o regresso de Sturridge (esteve emprestado ao Bolton Wanderers), servem para compor o ramalhete e disfarçam se jogarem ao lado de craques, mas ficam muito aquém daquilo que uma equipa com as ambições do Chelsea necessitava.

Perante tudo isto, quem vê os jogos dos blues de Londres (e eu já vi vários), fica impressionado quer com o facto de, em apenas sete dias, terem despachado o Newcastle (primeira derrota em casa), Valência (3-0) e City (única derrota na Premier League), quer com a forma como a equipa tem sofrido golos, muitos dos quais nos últimos minutos, resultantes de falhas de concentração e/ou erros crassos individuais de diversos jogadores. Este Chelsea é uma equipa bipolar, sendo notória uma certa desagregação e uma clara falta de solidariedade entre os jogadores.

Seguramente que não foi por acaso o facto de, no início de Dezembro, a comunicação social inglesa ter começado a especular em torno da saída de David Luiz (apontando a Juventus como um dos prováveis destinos) e de, na mesma altura, Anelka e o defesa-central brasileiro Alex terem vindo a público pedir para sair do clube na reabertura do mercado de transferências.

Há algum tempo que sei onde vou estar a 2 de Janeiro. O clube, que atravessa uma fase complicada, decidiu trabalhar com os jogadores de futuro e eu, como sou um bom profissional, aceitei isso
Nicolas Anelka, 04/12/2011

Cada vez se fala mais em mudanças no plantel (aparentemente o Chelsea será um dos clubes mais activos no mercado de transferências de Janeiro) e, nesta linha, também são sintomáticas as declarações que André Villas-Boas fez no final do recente jogo (23/Dez) em White Hart Lane:

Gostei do carácter da minha equipa (…) O que eu quero ver no Chelsea são jogadores dispostos a morrer pelo clube, e foi isso que vi hoje

Chegados ao Boxing Day, e após o terceiro empate consecutivo a uma bola (Wigan, Tottenham e Fulham), o Chelsea e Villas-Boas estão numa encruzilhada.

A nível interno, a disputa do título inglês não passa de uma miragem (tudo indica que será um assunto a tratar entre as duas equipas de Manchester). E mesmo a luta com o Tottenham, Arsenal, Liverpool e Newcastle pelo 3º e 4º lugar e correspondente acesso à Liga dos Campeões de 2012/13 será muito dura.

(classificação antes do Boxing Day)


Na Champions, após ter cumprido a “obrigação” de ficar em 1º lugar no seu grupo, é óbvio que o Chelsea não tem equipa para enfrentar o Barça de Guardiola, o Real de Mou ou mesmo o Bayern Munique (que nos seus quadros tem, entre outros, Ribéry, Robben, Thomas Müller e Schweinsteiger). O seu destino na prova vai depender muito dos sorteios.

Esta será uma época de transição e, após o fim da “geração Mourinho”, o grande desafio de André Villas-Boas (se entretanto não for despedido) é construir um novo Chelsea para os próximos anos. Falta saber se o magnata russo terá paciência e dará ao “cenourinha” os meios necessários, leia-se jogadores com ambição e de qualidade indiscutível, para atingir esse objectivo.

Dias de felicidade - 2011

O ano está a acabar e a bola só volta daqui a quase 2 semanas, está portanto no hora de fazer balanços.

Há conquistas que ficam registadas nos livros com datas que nem sempre correspondem ao auge da alegria por essas conquistas. E este ano temos exemplos bem concretos.

Os livros irão registar:

Taça Europa - 18 de Maio - 1-0 ao Braga

Taça de Portugal - 22 de Maio - 6-2 ao Guimarães

Mas enquanto o Alzheimer não me atacar, recordar-me-ei que as verdadeiras alegrias tiveram outras datas e adversários:

Taça de Portugal - 20 de Abril - 3-1 ao 5lb

A coisa não era fácil depois da derrota no Dragão, acreditar acreditava-se mas sabia-se como era complicado, e quando o Falcao a terminar a 1ª parte falha isolado, não há que mentir - insultei-o do piorio e admito que o meu desejo reduziu-se a ganhar o jogo. 
Mas depois foi perfeito! perfeito! tão perfeito! que nem sequer há palavras.
Felicidade pura.


Taça Europa - 28 de Abril - 5-1 ao Villareal

A perder no Dragão por 1-0 ao intervalo, a 2ª parte é épica. 4 do Falcao, sendo o 3º deles o golo do ano - aquele cabeceamento em voo com o corpo quase na horizontal é qualquer coisa de fenomenal. O dia em que tive a certeza que o 'Venceremos! Venceremos! Venceremos outra vez! O Porto vai ganhar a taça como em 2003' era mais que um cântico. Desta era do Dragão, não me lembro de na saída do estádio o pessoal estar tão em êxtase, não me lembro de a caminho de casa ouvir tanta gente a entoar os cânticos.  
Felicidade pura.


Destes dias de felicidade não entra o campeonato, não porque se me tenha apagado da memória, mas porque já tinha sido bem regado e tratado anteriormente e o dia feliz já tinha sido em 2010.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Morreu a “Velha Raposa”

Emídio Trindade Pinto, ex-ciclista, treinador e director desportivo da equipa de ciclismo do FC Porto, faleceu na véspera de Natal, aos 79 anos, em Vila Nova de Gaia, de onde era natural (nasceu na Freguesia de Santa Marinha, a 29 de Março de 1932).

Durante a sua carreira de ciclista, de 1950 a 1962, representou o Sangalhos e o FC Porto. Mais tarde, como director desportivo, comandou o FC Porto, SCP, Coimbrões, Canidelo, Feirense e Louletano, tendo vencido a Volta a Portugal por cinco vezes (recorde de vitórias que partilha conjuntamente com Manuel Zeferino).

Participou em 45 edições da maior corrida velocipédica portuguesa, primeiro enquanto atleta, depois como director desportivo. Foi nesta condição que ganhou fama, passando a ser conhecido no pelotão do ciclismo por a “Velha Raposa”, devido às tácticas que lhe valeram inúmeros triunfos.

Emídio Pinto começou no FC Porto como director desportivo adjunto, ao lado de Franklim Cardoso e de Onofre Tavares, e a primeira Volta a Portugal que festejou nessa qualidade foi a de Joaquim Leão, em 1964.

Em 1981, alcançou um dos êxitos mais espectaculares da sua carreira de treinador quando, logo no início da 2ª etapa (entre Évora e Vila Real de Santo António), um ciclista desconhecido de 20 anos fugiu e, após atravessar o Alentejo e o Algarve sozinho, chegou à meta com uma vantagem de 12 minutos! O desconhecido chamava-se Manuel Zeferino, venceu essa Volta a Portugal (num ano em que a equipa do FC Porto incluía estrelas como Marco Chagas e Belmiro Silva, vencedor da Volta três anos antes ao serviço do Coimbrões) e foi mais um dos talentos descobertos e lançados por Emídio Pinto.

Foi muitas vezes comparado a José Maria Pedroto, pelo estilo e pela argúcia, e sempre se notabilizou pela sua ligação afectiva ao FC Porto, clube de que era adepto e que nunca escondeu, mesmo quando treinou outras equipas.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Treinadores despedidos no Natal


Gregorio Manzano
Clube: Atlético de Madrid (Espanha)
Campeonato: 10º, 16J, 5V, 4E, 7D, 23GM, 27GS, 19 pontos

Juan Carlos Garrido
Clube: Villarreal (Espanha)
Campeonato: 17º, 16J, 3V, 6E, 7D, 13GM, 23GS, 15 pontos

Antoine Kombouaré
Clube: Paris Saint-Germain (França)
Campeonato: , 19J, 12V, 4E, 3D, 31GM, 17GS, 40 pontos

Devis Mangia
Clube: Palermo (Itália)
Campeonato: 9º, 16J, 6V, 3E, 7D, 18GM, 20GS, 21 pontos

Alberto Malesani
Clube: Génova (Itália)
Campeonato: 10º, 16J, 6V, 3E, 7D, 19GM, 24GS, 21 pontos

Markus Babbel
Clube: Hertha de Berlim (Alemanha)
Campeonato: 12º, 17J, 4V, 8E, 5D, 24GM, 26GS, 20 pontos


Curiosidades

i) Os dois treinadores espanhóis dispensados nesta pausa de Natal, defrontaram e foram eliminados pelo FC Porto na Liga Europa da época passada (na altura Gregorio Manzano era o treinador do Sevilha).

ii) Com os despedimentos de Manzano e Garrido, esta época já vai em quatro o número de treinadores demitidos de equipas da Liga espanhola. Os outros dois foram o dinamarquês Michael Laudrup (Maiorca) e Hector Cuper (Racing Santander).

iii) Esta época já houve 10 (!) "chicotadas psicológicas" no campeonato italiano, sendo que Devis Mangia já tinha substituído Stefano Pioli no final de Agosto, passando dos juniores a técnico interino do Palermo. Os restantes oito treinadores despedidos foram: Roberto Donadoni (Cagliari), Gian Piero Gasperini (Inter), Pierpaolo Bisoli (Bolonha), Marco Giampaolo (Cesena), Sinisa Mihajlovic (Fiorentina), Massimo Ficcadenti (Cagliari) e Eusebio Di Francesco (Lecce).

iv) Em declarações ao Record, no dia 31 de Dezembro de 2007, Rui Costa disse o seguinte sobre Alberto Malesani: "De todos os treinadores que tive, foi talvez o nome menos sonante, mas tacticamente era fantástico, o melhor com quem trabalhei.". Em Março de 2008, após a saída de Jose António Camacho de treinador do slb, Malesani foi um dos nomes referidos na comunicação social lisboeta para possível sucessor do espanhol.

Quem não cala não consente

Como se sabe, Pinto da Costa criticou Duarte Gomes pelo flagrante penalti não assinalado contra o Marítimo, e pela dualidade de critérios deste mesmo arbitro em jogos do slb.

Acho muito bem!

Durante os últimos anos temos «comido e calado», muito ao contrário dos dirigentes da 2a circular, algo que critiquei aqui por diversas vezes no Reflexão Portista. Sendo assim só posso agora aplaudir de pé esta intervenção de Pinto da Costa, naturalmente.

O «comer e calar» enquanto os nossos adversários berram cria um certo clima de impunidade entre os árbitros: se beneficiam o slb ou prejudicam o FCP ninguém fala disso; se é ao contrário, não se fala de outra coisa e vão para "jarras" ou pior. Ora se isso nao condiciona os árbitros, não percebo absolutamente nada da mente humana (e acho que percebo pelo menos um bocadinho).

Ora este foi um caso perfeito para Pinto da Costa poder falar com legitimidade: primeiro porque ganhámos o jogo (logo ninguém pode acusar-nos de vir com "desculpas de perdedor"), segundo porque o lance é absolutamente escandaloso (ao ponto que até o próprio personagem o teve que admitir), e terceiro porque já são coincidências a mais com este árbitro.

Calimerices histéricas a torto e a direito, como os dirigentes da 2a circular tanto fazem, NÃO (e já agora não vi o PdC neste caso a apresentar DVDs no Parlamento, nem pouco mais ou menos); mas apontar dados friamente de forma esporádica, como desta feita, acho MUITÍSSIMO BEM. Nem 8 nem 80!

Assim o assunto nao morre imediatamente (para variar): os árbitros sabem que também estamos atentos (e mais não seja ficam "com as orelhas a arder") e os media vêem-se na obrigação de "pegar" na historia (para variar) a partir do momento que PdC faz declarações públicas sobre o assunto.


Não me acredito que isto vá fazer uma enorme diferenca, mas um bocadinho é bem provável que o faça.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Depois da EDP o Estádio do Dragão?



«Um responsável do China Development Bank, que está a apoiar a China Three Gorges na corrida pela EDP, chegou a revelar ao Negócios que o banco está disponível para financiar até 7,5 mil milhões de euros a Portugal, entre investimentos em empresas, empréstimos e crédito a pequenas e médias empresas.»
in Jornal de Negócios


Agora que vão passar a mandar na EDP, os chineses, que estão cheios de dinheiro, não estarão interessados em investir no futebol português, por exemplo, através do naming de alguns estádios portugueses?
É que para além do óbvio estádio da luz (também conhecido pelo estádio do apagão), existe o Estádio do Dragão, animal sagrado para a mitologia chinesa.

Ainda por cima, o Estádio do Dragão foi o primeiro estádio europeu a conseguir a certificação «GreenLight» (certificação da Comissão Europeia através da ADENE - Agência para a Energia), premiando o esforço realizado em termos da utilização racional de energia e na qualidade da iluminação.

Afinal a Taça da Liga não é secundária


Vitor Pereira resolveu dar uma oportunidade a jogadores menos utilizados e fez entrar de ínicio, entre outros, Mangala, Alex Sandro, Sousa e Cristian Rodríguez. E foi com este último que entrou no jogo praticamente a ganhar. Kléber segurou entre adversários e "picou" para o uruguaio que marcou um grande golo, logo aos 2 minutos. Há um par de anos que já não víamos C. Rodríguez a jogar e a entregar-se desta forma. Porém, é um comportamento compreensível. Não viu o seu contrato milionário ser renovado e dentro de alguns meses terá de arranjar novo clube. A mostrar serviço, terá de ser agora.

O FC Porto dominou o primeiro quarto de hora e o Paços mostrou porque é o lanterna vermelha do campeonato. No entanto, aos 17 minutos, após falha colectiva da defesa (e de marcação de Alex Sandro), o Paços empatou por William e a tendência do jogo inverteu-se. Os da casa cresceram e o FC Porto voltou a mostrar-se inseguro. Jogo muito fraco nesta altura.

Na segunda parte Vitor Pereira contrariou, na prática, o que afirmara antes do jogo, isto é, que a competição era secundária e serviria para experimentar jogadores menos utilizados. Porque quis vencer o jogo fez entrar Moutinho, Hulk e Fernando. Com os ases em campo voltou o domínio do jogo e, aos 70 minutos, Hulk marcou um penalty assinalado por falta cometida sobre si. Fez bem Pinto da Costa em reclamar da arbitragem do jogo anterior pois só assim parecem marcar-se faltas sobre o Hulk.

Situações mais preocupantes:
- a exibição de Alex Sandro, um jogador que custou quase 10 milhões de euros!;
- a extrema lentidão de Otamendi, que perde em corrida para todos os adversários;
- as contínuas invenções de VP (ex.: tirando Maicon e colocando Djalma na direita);
- Iturbe nem nestes jogos tem tido hipótese de jogar. É para crescer, porque é no banco de suplentes que eles crescem e se fazem jogadores. Ah grande VP.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Dragão no sapatinho

«A camisola de sonho

E se, neste Natal, oferecesse muito mais do que um presente?
E se, neste Natal, oferecesse um sonho?
Mas não um sonho qualquer. O sonho perfeito, num cenário assombroso, com estádio cheio e o seu filho (ou uma criança muito especial) no relvado, lado a lado com as estrelas.

Porque no Dragão não há impossíveis, transformar o seu filho no astro do FC Porto-Rio Ave, da 15.ª jornada da Liga, é extremamente fácil, embora não dispense uma boa dose de inspiração.

Comece por comprar um equipamento oficial e integral de criança, composto por camisola, calções e meias, em qualquer uma das cinco Lojas Azuis. Dê continuidade ao lance, preenchendo os espaços vazios do cupão que lhe será entregue no momento da compra com os dados pessoais do cliente, da criança presenteada, que deverá ter entre 8 e 12 anos, e uma frase alusiva ao FC Porto.

Mas, atenção, seja tão criativo como um número 10, porque só as 11 melhores frases serão seleccionadas e terão direito a entrar em campo no dia do jogo.

Feita a assistência, a concretização fica a cargo da criança.
Será ela a marcar presença no Dragão, privando com os ídolos e equipada a rigor da cabeça aos pés.

Os pais vão babar de orgulho.

Campanha e comportamento válidos também para avós, tios, padrinhos, irmãos mais velhos e amigos: vai já a uma Loja Azul!»


O texto anterior é de um e-mail enviado ontem pela Porto Comercial (portocomercial@fcporto.pt).

Em queda livre

Reproduzo, em baixo, um artigo publicado pelo jornal Público há cerca de duas semanas atrás mas que, obviamente, despertou muito menos interesse e debate entre os adeptos, do que o golo marcado em fora-de-jogo, ou de que o penalty bem/mal assinalado, de um qualquer jogo dos três grandes disputado neste mesmo período de tempo.

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Bolsa, o jogo que os clubes de futebol estão a perder
06.12.2011
Hugo Daniel Sousa

Ver o comportamento dos clubes de futebol em bolsa é o mesmo que dizer que os “três” grandes nacionais estão a ser goleados pelos mercados de capitais. As acções das Sociedades Anónimas Desportivas (SAD) de FC Porto, Sporting e Benfica valem actualmente menos 90% do que quando foram admitidas à cotação.

O FC Porto e o Sporting foram os primeiros a lançar-se na aventura bolsista. As acções portistas fecharam na sexta-feira [02/12/2012] a 50 cêntimos contra os 7,64 euros da primeira sessão (-93%). Algo parecido ocorre com as acções “leoninas”, que valem agora 48 cêntimos, quando abriram a primeira sessão a 7,48 euros (-94%). O Benfica tem uma história mais curta no mercado de capitais, pois só está em bolsa desde Maio de 2007, mas a narrativa não é diferente: as acções abriram a primeira sessão a valer seis euros e agora estão a 72 cêntimos (-88%). Outro indicador elucidativo desta quebra é que a capitalização bolsista (estimativa do valor da empresa em que se multiplica o número de acções pelo valor da sua cotação) das três SAD é agora 113 milhões inferior.


É certo que os tempos que correm também não são fáceis para quem está na bolsa. Dados do Millennium BCP, a que o PÚBLICO teve acesso, mostram que nos últimos dez anos alguns índices europeus caíram significamente: o PSI-20 de Lisboa baixou 24,4% e o CAC de Paris desceu 25,3%, embora, por exemplo, o Ibex de Madrid (15,2%), o Footsie de Londres (10%) e o Dax de Frankfurt (34,7%) tenham todos saldos positivos.

Esta comparação mostra que o comportamento dos clubes de futebol em bolsa é pior do que o das outras empresas. “Os clubes tentam gerar o máximo de receitas para cobrir despesas, mas não têm perspectivas de criar valor para os accionistas. E é suposto que quem esteja cotado em bolsa gere mais-valias”, aponta António Samagaio, professor de Economia no ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão), salientando que começa aqui a “incompatibilidade” entre os clubes de futebol e os mercados de capitais.

Mesmo comparando com clubes estrangeiros também cotados, as descidas dos “grandes” portugueses são mais significativas. Desde o início do ano, o Stoxx Europe Football (um índice que reúne as cotações de 22 clubes europeus, entre eles Benfica, FC Porto e Sporting) caiu 35%. Se olharmos para os três “grandes” nacionais, as quebras são piores, à excepção do Sporting, cujo “papel” iniciou o ano a 69 cêntimos e “só” caiu 30%, contra 52% no Benfica e 44% no FC Porto.

Um facto curioso é que, salvo raras excepções (ver infografia), os resultados desportivos não têm influenciado o desempenho na bolsa. “A evolução das acções da FC Porto SAD não apresenta um comportamento economicamente racional”, queixa-se a SAD portista no último relatório anual, sublinhando que, apesar de ter lucros há cinco anos seguidos e bons resultados desportivos, a “cotação das acções tem vindo a diminuir progressivamente desde 2003-04.”

António Samagaio apresenta uma explicação, que vale para o FC Porto e para as outras SAD: a forma como são geridas estas sociedades, que acumulam quase 270 milhões de euros de prejuízos desde a sua criação.

“Se olharmos para o modelo de gestão das SAD, o que temos visto é que há uma primazia do desportivo em relação ao financeiro. O que interessa é ganhar campeonatos, mesmo que isso tenha reflexos nos resultados financeiros”, aponta Samagaio, para quem esta política está bem evidente na forma como os administradores são remunerados.

“No relatório e contas de 2009-10 do FC Porto, em que toda a administração é paga, diz-se claramente que a remuneração variável dos administradores não tem em vista o desempenho a longo prazo da empresa. O que interessa é vencer, mesmo que isso hipoteque o futuro”, salienta este professor no ISEG.

Dan Jones, chefe de negócios da área de desporto da Deloitte, aponta “duas razões para os clubes não se darem bem com as bolsas”. “Uma é que os mercados de capitais impõem regras que muitas vezes são difíceis de cumprir pelos clubes. Por exemplo, quando se negoceia a transferência de um jogador, o clube quer tratar disso rapidamente e não estar a comunicar que está em negociações”, diz, prosseguindo: “A segunda razão é que não são bons a pagar dividendos e a fazer lucros, coisas que os accionistas querem quando investem.”

E, de facto, FC Porto, Sporting e Benfica nunca distribuíram dividendos, além de a quebra quase contínua das acções também não permitir muitas oportunidades para gerar mais-valias, vendendo a melhor preço do que se comprou. “Os investidores estão dispostos a comprar se tiverem dividendos ou um ganho potencial”, diz António Samagaio, para quem a melhor prova de que as SAD não são um bom investimento é o facto de muitos dos administradores não terem acções ou deterem montantes reduzidos.

Gostam tanto do clube, mas eles próprios não investem. Parece que não acreditam no sucesso financeiro destas sociedades”, argumenta o professor no ISEG.

Na SAD portista, Pinto da Costa detém 165.670 acções (1,1%), enquanto Reinaldo Teles tem somente 9850 acções (0,07%). Os restantes administradores (Adelino Caldeira, Angelino Ferreira e Jaime Lopes) não têm acções.

No Benfica, Luís Filipe Vieira detém 850.000 acções (3,7%), enquanto Rui Costa tem apenas 10.000 (0,04%), Rui Cunha 500 e Rui Gomes da Silva 100. Domingos Soares Oliveira não detém qualquer acção.

No Sporting, Godinho Lopes tem só 322 acções (0,001%) e Luís Duque 100. José Filipe Nobre Guedes, o administrador financeiro, não tem qualquer uma, tal como os homólogos do Benfica e FC Porto.


Chegados a este ponto, a pergunta que se coloca é se os clubes devem (ou querem) manter-se na bolsa. Nenhum dos administradores das SAD esteve disponível para responder ao PÚBLICO.

Em Inglaterra, vários emblemas (como Manchester United e Chelsea) deixaram os mercados quando foram comprados por investidores estrangeiros, mas em Portugal ainda não se chegou a esse ponto.

Os “grandes” portugueses estão agora um pouco entre a espada e a parede. Se continuarem cotados, a tendência é de continuar a perder – basta dizer que as acções do Braga (que estão no mercado sem cotação, uma espécie de segunda divisão) valem somente dez cêntimos. Mas sair também não é fácil, porque teriam de comprar as acções que estão dispersas, o que implicaria um investimento importante, numa altura em que não têm liquidez. Fontes do sector explicaram ainda ao PÚBLICO que uma saída de bolsa dificultaria o acesso a alguns mecanismos de financiamento, como empréstimos obrigacionistas e emissão de papel comercial. A resposta parece ser esperar para ver...

Fonte: PUBLICO

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

"Ela era apaixonada pelo FC Porto"


Realizou-se hoje o funeral de Cesária Évora, no cemitério de São Vicente, sua ilha natal.

Antes, na casa de família, Cesária Évora foi saudada com uma morna pelos músicos presentes e, durante alguns minutos, o caixão esteve coberto com uma bandeira do Futebol Clube do Porto.

"Ela era apaixonada por futebol e pelo Futebol Clube do Porto. Por isso, a senhora portuguesa colocou a bandeira e deixámos durante algum tempo, porque achamos que ela gostaria dessa homenagem", disse à agência Lusa o neto de Cesária Évora, Adilson Évora.

Cise foi hoje a enterrar, mas a sua música continua bem viva.

O melhor jogador do mundo... e arredores

Dizem eles que ok, Messi leva tudo à frente mas "só" o conseguiu porque está no Barcelona. Para esses tudo o que ele faz em campo ainda deixa dúvidas porque não mudou (até agora) de equipa.

E antes de mais nada, o que é que ele faz e já fez? Recapitulemos: bem, é de longe a maior estrela do Barcelona, que já ajudou (e como...) a ganhar 3 das Ligas dos Campeões, 2 mundiais de clubes, 2 supertaças europeias e 5 ligas espanholas (entre outros troféus).

A nível individual, já marcou pela equipa A do Barcelona 209 golos (43 dos quais na Liga dos Campeões e 136 no campeonato espanhol) e fez 87 assistências para golo em competições oficiais. Isto só para falar de números «crus», sem contar com tudo o resto que faz como "playmaker".

Isto tudo aos... 24 anos (!!!).

Mas, dizia eu, para uns quantos resta aquela dúvida porque nao mudou de equipa/campeonato. Sobre isso pergunto apenas o seguinte:

1) Será que para esta gente Pelé tambem deixou dúvidas, já que nunca jogou num grande clube europeu (fez a sua carreira inteira ao serviço do Santos, nao contando com a pré-reforma nos EUA)? E seria o Mundial de seleções nessa altura mais difícil do que a Liga dos Campeões hoje em dia (uma prova muito mais longa/regular e com muito mais jogos de elevado grau de dificuldade)?

2) Será que C. Ronaldo nao joga no mesmo campeonato espanhol que Messi, onde este último tem, nos 2 ultimos anos e meio, mais golos marcados & assistências para golo (117 vs 95)? E já nem falo do trabalho colectivo "invisivel", em que Messi faz muito mais que C. Ronaldo, ou das competições europeias (onde neste período marcou 3x mais golos que C. Ronaldo).

3) Sera' irrelevante que, ao contrário de C. Ronaldo, Messi esta' no seu melhor nos "grandes momentos" (i.e. nos jogos mais dificeis), onde marca tantos ou mais golos e faz tantas ou mais assistências do que nos outros jogos (em enorme contraste com C. Ronaldo)?

4) Será que se fosse para (por ex) Inglaterra - onde as defesas são menos cerradas - Messi teria mais dificuldades contra os Stoke Cities e Newcastles deste mundo do que tem contra os Valencias e Gijons?

5) Será que se Messi jogasse num Man Utd iria defrontar equipas diferentes na Liga dos Campeoes das que defronta hoje ao serviço do Barcelona?

6) Será a valia individual dos colegas de Messi muitíssimo mais alta do que as do colega de equipa do C. Ronaldo?

7) Será que um Barcelona sem Messi conseguiria os mesmos resultados e exibições (ou pelo menos aproximados, ainda que piores)?

Cristiano Ronaldo é um excelente jogador, sem qualquer duvida. É mesmo muito, muito bom. Mas Messi é de outro planeta (e já nem falo de personalidade/carácter, porque aí seria comparar lexívia com vinho do Porto...), sendo mais completo e acima de tudo mais decisivo nos jogos em que isso mais é preciso para a sua equipa (para nao falar no pequeno "pormenor" das estatísticas avassaladoras). Aliás Messi é, já hoje, muito simplesmente e com toda a probabilidade o melhor jogador de sempre (com o caveat que é complicado comparar jogadores de épocas ou posições distintas, admito).

Tenho pouquíssimas duvidas que se Cristiano Ronaldo fosse sérvio ou holandês a esmagadora maioria dos que hoje ainda têm dúvidas sobre Messi iria concordar comigo. Sem dúvida que beneficia de jogar num conjunto forte (tal como por ex Pele' beneficiou ou C. Ronaldo beneficia, já agora), mas suspeito que só se levasse um Rio Ave à vitoria na Liga dos Campeões é que alguma gente ficaria satisfeita...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

O benfiquista arrependido



“Duarte Gomes acabou por assumir o erro no lance em que Belluschi sofreu falta para grande penalidade dentro da área do Marítimo: "Sim. Penalty e sim... Falhei", escreveu o árbitro, num texto publicado logo de manhã na sua página no Facebook.”
OJOGO, 19 de Dezembro de 2011

“A evidência televisiva aniquila friamente o que o momento fotográfico tão bem iludiu: Sim. Penalty e sim falhei. Falhei e já segui em frente”
O arrependido, na sua página do Facebook.

Os “momentos fotográficos” iludem, e de que maneira! Principalmente se umas camisolas forem azuis e outras vermelhas.

Não é suficiente. Não. Não pode ficar por aqui.

Desta vez a Comissão de Arbitragem terá de actuar sobre a actividade deste árbitro que continua teimosamente a castigar injustamente uns e a beneficiar outros. Uns e outros são FC Porto e Benfica, respectivamente. E que a Administração da SAD do FC Porto tome todas as medidas que estiverem ao seu alcance para o mandar (e manter) para a “jarra”. Um vídeo interessante publicado no site do clube, sem comentários, sobre este “artista” pode ser visto aqui.


No final do jogo de Sábado Pinto da Costa referiu, e muito bem, que este foi o mesmo árbitro que em Setembro passado inventou 3 penalties a favor do SLB, na Luz contra o Guimarães e que neste jogo “não viu” o atropelamento a Belluschi dentro da grande área do Marítimo.

O histórico das actuações vergonhosas de Duarte Gomes é grande e delas temos vindo a fazer referência no Reflexão Portista:

“3 penalties em 12 minutos”

“Duarte Gomes: mais um Calabote”

“Fez lembrar Campo Maior”

“Destas escutas não reza a história”

“Orelhas sensíveis”

“Duarte Gomes reconhece erro”

Arrependimento, só, não chega. Muito menos quando se reincide nos mesmos erros de forma sistemática contra e pelas mesmas equipas. Duarte Gomes não tem condições para apitar jogos entre os grandes, quanto mais para ser um árbitro internacional! Enquanto se mantiver o lobby lisboeta na arbitragem (Vítor Pereira, Pedro Proença, Duarte Gomes e os sérios observadores que classificam péssimas arbitragens como “muito boas”) não parece ser possível evitar este estado de coisas. Que Fernando Gomes, agora na presidência da FPF, tenha a coragem de acabar de uma vez por todas com este lobby.

Eu vi jogar o Barça de Guardiola


Hoje, aqui, aprendemos a jogar futebol. Levámos uma lição. O Barcelona ensinou como se joga futebol
Neymar, o craque do Santos, após a derrota (0-4) na final do Mundial de clubes


Muitas equipas atingiram o sucesso a nível internacional, mas foram poucas as que entraram na galeria das equipas imortais: o Honved de Puskas, o Santos de Pelé, o Real Madrid de Di Stéfano e o Ajax de Cruyff estão nesse lote restrito.

Quem as viu jogar, diz que estas equipas aliavam a eficácia à beleza, quase magia, com que os seus jogadores trocavam a bola e deliciavam os amantes do futebol, mesmo que fossem adeptos de outros clubes.

Daqui a uns anos/décadas, aqueles de entre nós que ainda forem vivos, irão fazer parte dos privilegiados que poderão dizer: Eu vi jogar o Barça de Guardiola (e dos “baixinhos” Messi, Xavi e Iniesta).

FC Porto no site oficial do City



A forma como o website oficial do Manchester City vê o FC Porto e o próximo duelo dos 1/16 avos da Liga Europa pode ser lida aqui.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Custa tanto metê-la lá dentro...


Não meus caros. Não é o que estão a pensar. A nossa disfunção é outra! Este FC Porto de Vítor Pereira precisa de criar muitas ocasiões de perigo para chegar ao golo. Se em velocidade, posse de bola e dinâmica esta equipa tem para dar e vender, falta-lhe a clarividência do momento fatal, algo a que só alguns predestinados a conseguem tornar tangível. Num jogo em que decorreu quase sempre no meio campo do Marítimo, o treinador azul e branco arriscou tudo, assustou-se, mas lá por fim, Cristian Rodriguez, aliviou-lhe o peso das costas.

Não obstante das suas substituições que geram incredibilidade, com a saída de James ao intervalo, o timoneiro portista conseguiu levar a água ao seu moinho, numa reorganização colectiva ousada quando o nulo teimava a persistir. A insistência em Maicon desregula o lado direito do nosso flanco, quer na construção ofensiva, quer defensiva, obrigando esta noite a que por lá passassem três homens. Sapunaru, ou mais provavelmente Fucile, devem estar em linha de marcha, mas estes amuos em período de tolerância zero por vezes pagam-se caro.

O inusitado destas coisas está na influência que estas pesam no jogo. A manutenção de Djalma em campo a pensar no lado direito, onde mais tarde sairia dando lugar a Iturbe, para além da entrada de Cebola, mesmo assumindo o risco, tornou a construção do FC Porto mais atabalhoada e perigosamente desequilibrada – vide perdida de Danilo Dias. Louve-se a persistência dos jogadores em querer garantir a totalidade dos pontos disputa em nosso favor.



Claro está que um Peçanha menos fulgurante ou Belluschi mais decidido – aquela perdida na 1ª parte é de bradar aos céus – teriam simplificado as coisas. Mas o futebol é feito destas pequenas nuances que o tornam apaixonante, emocionante, ou até insólito. O árbitro também lá meteu a sua dedada numa penalidade escabrosa sobre o "Samurai" que só ele não viu. Vá lá que não titubeou na expulsão de Roberge.

A 10 minutos do fim já todos reviam o filme russo como um “Zenit”, potenciado por atordoada bola na barra da nossa baliza, mas Cristian “texugo” Rodriguez selou a reconciliação total com Vítor Pereira, folgando-lhe a alma, e nossa também. Merecido, justo e até bem jogado. Mas há necessidade de se sofrer tanto só para fazer um mísero golinho?

Já é tradição...




















Em que clube é que joga o imitador de cães a mijar?

Qual é o clube que o slb vai ter de enfrentar nos 1/8 avos de final da Liga dos Campeões?

Pois, já é tradição...

Dar voz ao Norte


Em entrevista publicada no JN de domingo passado, Júlio Magalhães transmitiu a quase certeza de que irá aceitar o convite da SAD do FC Porto, deixando a TVI para passar a liderar o Porto Canal.

De entre as várias respostas às perguntas colocadas, destaco as seguintes afirmações:

“o sonho de fazer a minha carreira a partir do Porto, porque uma das lutas que tive sempre foi a de fazer reconhecer em Lisboa que no Porto também há massa crítica. Acredito que posso vir a fazê-lo no Porto Canal, dar voz ao Norte.”

“se o projecto que me apresentassem fosse o de um canal só do FC Porto não teria aceitado”

[Que projecto lhe apresentaram para o Porto Canal?] “Um canal para dar voz ao Norte, à região e não um canal exclusivamente do clube. Um canal que ultrapassa a clubite, a dimensão da paixão pelo azul e branco. É um projecto estruturante para o clube, que quer ter uma marca que mostre às pessoas que o clube não é só futebol.”

“Quando deixei a Direcção de Informação da TVI e vim para o Porto, foi-me feita uma proposta que me agradava imenso, mas que depois, com a crise, não se concretizou, que era de desenvolver as regiões.”


Já o disse e repito: estou completamente de acordo com a estratégia gizada pelos responsáveis do FC Porto para o Porto Canal, mas falta saber como é que a mesma irá ser posta em prática.
Para já, a contratação de elementos como Domingos Andrade (ex-Lusa), para Director de Informação e de Programas, e de Júlio Magalhães, para Director do Canal, mostra que a aposta é forte e veio aumentar a minha expectativa.

Porque, mais do nunca, é preciso, o país precisa, que seja dada voz ao Norte.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Uma final muito antecipada


Olhando para as 15 equipas que podiam ter saído ao FC Porto neste sorteio dos 1/16 avos da Liga Europa, a probabilidade de calhar uma equipa belga (Anderlecht, Standard Liège, Club Brugge), holandesa (Twente, PSV Eindhoven), grega (PAOK Salonica, Olympiakos) ou turca (Besiktas) era bastante elevada.
Mas não, calhou precisamente a equipa teoricamente mais dificil, a constelação de estrelas milionárias que Mancini moldou numa equipa coesa, e que lidera a Premier League desde a 1ª jornada.

Enfim, é a sorte habitual do FC Porto nos sorteios europeus.

P.S. A primeira mão, no Dragão, será a 16 de Fevereiro, enquanto que a 2ª mão foi antecipada para dia 22 de Fevereiro (uma quarta-feira).

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A agenda dos “especialistas” de arbitragem

A minha equipa está triste e o sentimento é de revolta. Culpados pela derrota? Jorge Sousa não esteve à altura! Não se trata só da expulsão, lance no qual não há contacto do Olberdam, mas o Maxi Pereira inteligentemente tira proveito. Antes, porém, já tinha havido outras decisões infelizes de Jorge Sousa, com a balança sempre a pender para o mesmo lado.
Pedro Martins, treinador do Marítimo

[o árbitro] Passou o tempo todo a ameaçar-me que à mínima coisa me expulsava e conseguiu.
Olberdam, jogador do Marítimo

Analisem o vermelho! No lance anterior ao golo, há falta sobre o Peçanha e o árbitro nada assinalou.
Briguel, jogador do Marítimo


1. Olberdam foi erradamente expulso, deixando o Marítimo a jogar com menos um logo no início da 2ª parte. Isto é um facto e só um cego, um faccioso doentio ou alguém com uma agenda e interesses próprios pode negar aquilo que as imagens demonstram de forma clara.

Eu admito que o árbitro Jorge Sousa possa ter sido induzido em erro pela simulação magistral de Maxi Pereira, mas não compreendo, nem aceito, que três “especialistas” de arbitragem, após terem visto as imagens deste lance N vezes, emitam as seguintes opiniões:

«Olberdam foi imprudente no modo de abordar o lance. Varreu autenticamente Maxi Pereira, justificando a exibição do amarelo, que foi o segundo.»
Jorge Coroado

«Olberdam entra em “tackle” lateral deslizando de forma imprudente sobre Maxi Pereira, sendo desta forma correctamente advertido e expulso.»
Pedro Henriques

«Entendendo o “tackle” imprudente, apesar de alguma dúvida no contacto, que me parece existir, Jorge Sousa não tem outra opção que não seja exibir o segundo cartão amarelo.»
Paulo Paraty

Estes três ex-árbitros internacionais (dois de Lisboa e um do Porto) não são cegos e suponho que também não sejam facciosos doentios. Assim sendo…


2. «A entrada de Cardozo (Benfica) passou despercebida ao árbitro Jorge Sousa, mas deixou o lateral do Marítimo Rúben Ferreira fora de jogo, sendo substituído por Igor Rossi. Agora, as suspeitas do pior cenário confirmaram-se. O departamento clínico maritimista informou que o internacional sub-21 sofreu uma fractura do terceiro metatarso do pé direito, o que vai afastá-lo pelo menos seis semanas

O que disseram os mesmos três “especialistas” de arbitragem sobre este lance (ocorrido aos 66 minutos)?

«O lance foi casual e fortuito, exactamente pelo movimento da rotação de Cardozo. O árbitro nada assinalou, e bem.»
Jorge Coroado

«Rúben lesionou-se na sequência desse lance, mas com acesso à repetição vê-se que Cardozo tocou na bola, não cometendo qualquer infracção.»
Pedro Henriques

«Há um tropeção de Rúben Ferreira, Cardozo procura a mesma bola e a mesma posição. O resto é circunstancial e acidental.»
Paulo Paraty

Lendo o que os membros do ‘Tribunal de O JOGO’ escreveram, a primeira dúvida que tive é se estavam a falar do mesmo lance, tal é a disparidade dos seus comentários.
E acreditando no que estes senhores escreveram, conclui-se que o jogador do Marítimo fracturou o terceiro metatarso do pé direito sem ninguém lhe tocar. Fantástico!


3. Perto do final do jogo (aos 84 minutos), no lance que precede o único golo do desafio e que deu a vitória ao slb, Aimar toca com as mãos na cara de Peçanha e carrega irregularmente o guarda-redes do Marítimo tendo este os dois pés no ar, tudo isto de forma ostensiva, deliberada e intencional.

Conforme as imagens televisivas demonstram, o árbitro Jorge Sousa está de frente para o lance, sem nenhum jogador a cortar-lhe a visão, mas mandou seguir (ele lá saberá porquê).

Neste caso, Jorge Coroado e Pedro Henriques não negaram o que as imagens mostram de forma inequívoca mas, como dizia o poeta benfiquista Manuel Alegre, “há sempre alguém que resiste”… às evidências, acrescento eu.

«Não consigo visualizar, pela televisão, que exista alguma falta sobre Peçanha»
Paulo Paraty

É sempre uma delicia ver o contorcionismo argumentativo nas opiniões deste ex-árbitro do Porto, algo só semelhante à habilidade inata que demonstrava dentro do campo quando era chamado a arbitrar o slb.

Paulo Paraty, o preferido de Luís Filipe Vieira, o árbitro que tantas saudades deixou no estádio da Luz quando atingiu o limite de idade.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Bad boys, bad boys…


Após o FC Porto x SC Braga, li em vários fóruns e blogues portistas, comentários de adeptos que tinham estado no estádio e que testemunharam a forma desabrida como Cristian Rodriguez tinha saído do relvado, barafustando com tudo e todos. E isto depois de já ter reagido aos gritos para o banco de suplentes, na sequência de uma reprimenda de Vítor Pereira, após o 2º golo dos bracarenses.

Uns dias depois, A Bola deu conta de um incidente no treino, envolvendo novamente Cristian Rodriguez e o treinador Vítor Pereira:

«Cristian Rodriguez foi afastado do grupo de trabalho do FC Porto após uma azeda troca de palavras com o técnico Vítor Pereira, no decorrer do treino realizado na quinta-feira passada.»
in abola.pt, 08/12/2011

A coisa foi abafada pela estrutura portista e, inexplicavelmente, quando o incidente estava quase esquecido, foi o próprio jogador a confirmar e a trazê-lo novamente para a praça pública:

Discuti com o treinador, mas como qualquer outro companheiro faz sobre algo pontual, não foi uma discussão grave, ou uma luta. Depois disso, ressenti-me de um problema no ombro e trabalhei dois dias no ginásio, por isso os jornalistas não me viram nos treinos. Mas também é verdade que não fui convocado para o último jogo.
Cristian Rodriguez, em declarações prestadas ao jornal uruguaio El País


Nos últimos dois anos, publiquei vários artigos sobre o caso problemático em que se transformou Cristian Rodriguez, ao ponto de, em Outubro de 2009, ter expressado o desejo de ver esta “cebola amarga” despachada para outra “horta”, ao melhor preço possível.

Infelizmente ele continua por cá, tendo-se destacado ao longo deste tempo, não por um bom desempenho dentro dos relvados (bem pelo contrário), mas pelas inúmeras vezes em que esteve lesionado e por situações lamentáveis de confronto com elementos da estrutura portista (primeiro foi Antero Henriques, no final do FC Porto x Besiktas, e agora Vítor Pereira).

E o sonho do último Verão, de ver o Cebola sair e ainda recuperar algum do muito dinheiro investido, não passou disso mesmo, de um sonho.

Três épocas e meia após ter sido contratado, que balanço pode ser feito?

i) Passe caro (7 milhões de euros por 70%);
ii) Salário muito elevado (o que chegou a causar problemas no balneário);
iii) Custo global (Passe + quatro anos de salários) elevadíssimo;
iv) Lesões atrás de lesões, as quais impediram a sua utilização no FC Porto por longos períodos;
v) Rendimento desportivo medíocre e muito abaixo do esperado;
vi) Repetição de comportamentos reprováveis;
vii) Previsível saída a custo zero.

Ponderando tudo isto, há cerca de um mês escrevi que, possivelmente, esta foi a pior contratação de sempre da FC Porto SAD. Cada vez estou mais certo disso.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Moncho, um portuense adoptado

“É claro que entendo o que é um Benfica - FC Porto, já disputei muitos. Os jogadores têm os rituais deles e a esses não temos acesso. Eles têm o seu espaço no balneário e só eles sabem como falam e como se motivam. Na preparação para os jogos, nós, os treinadores, reservamos tempo para dez minutos de mística. Ouvimos as músicas “Pronúncia do Norte” e “Porto Sentido”, que são estimulantes para nós. A última, acompanhada pelo vídeo com imagens da cidade do Porto, ajuda-me muito a concentrar e a relaxar. Não me atrevo a dizer que serei mais portuense que um portuense. Serei mais um portuense adoptado. Sinto-me bem aqui, na cidade e no clube. Primeiramente, no clube que me foi buscar e que me acolheu. E na cidade cada vez melhor.”
Moncho López, 09/12/2011


As músicas que inspiram um galego com alma de portuense, são também duas das músicas da minha vida.






P.S. Rui Veloso é um bom músico, mas quando o portuense e portista Carlos Tê escreveu a letra do 'Porto Sentido', estava verdadeiramente imbuído de uma inspiração quase divina.

Um sinal dos tempos...

Museu do FC Barcelona



Beira Mar x FC Porto (foto: pEdRo bLuE)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"Estamos fartos de ser chulados"

«Há alguns anos (não muitos), com os ânimos incendiados pela vã tentativa do estado-maior benfiquista de quebrar a hegemonia portista com manobras na secretaria, esteve em voga a palavra de ordem "Nós só queremos Lisboa a arder".

A provocação não caiu no goto da generalidade dos residentes na capital, pelo que amiúde alguns lisboetas, meus amigos ou conhecidos, perguntavam-me se também eu achava bem a ideia de pegar fogo à sua cidade.

"Não. Lisboa é uma bela cidade. O que defendo é o uso de uma bomba de neutrões, de modo a preservar o magnífico património edificado". Foi esta a resposta que formatei para dar nessas ocasiões. Quando a pergunta não é séria, sinto-me desobrigado de responder a sério.

Neste novo século, trabalhei oito anos em Lisboa, uma das mais bonitas cidades do Mundo, pela qual é muito fácil uma pessoa ter uma paixão fugaz e à primeira vista.

Estou imensamente feliz por o JN me ter proporcionado voltar a viver na cidade que amo e onde nasci, mas não posso negar que, de vez em quando, ainda sinto uma pontinha de saudade de alguns pequenos prazeres que Lisboa pode oferecer, como um fim de tarde no miradouro da Graça, petiscar ao almoço uma sanduíche de rosbife e um copo de branco no terraço do Regency Chiado, ou tomar o café matinal na esplanada da Ponta do Sal, em S. Pedro do Estoril.

Quando alguém é incapaz de diferenciar se estamos a falar em sentido estrito ou figurado, geram-se situações embaraçosas e terríveis mal-entendidos. Ninguém quer mesmo Lisboa a arder. O que queremos a arder, num fogo purificador, é a governação centralista que empobrece o Norte e desgraça o país.

O modelo centralista de pôr todas as fichas em Lisboa, partilhado por todos os partidos do arco da governação, é o responsável por 2000-2010 ter sido a pior década de Portugal desde 1910-20 - anos terríveis em que vivemos uma guerra mundial, golpes de Estado e a epidemia da gripe espanhola.

Na primeira década deste século, o crescimento médio anual da nossa economia foi de 0,47%, apesar do afluxo diário médio de seis milhões de euros de Bruxelas, que valiam todos os anos 2% do PIB.

Já ultrapassado pelo Alentejo e Açores, o Norte é a região mais pobre do país, apesar de ser a que mais contribui para a riqueza nacional, com 28,3% do PIB, logo a seguir a Lisboa e Vale do Tejo, com uns 36% enganadores, já que aí está contabilizada a produção feita noutras partes do país pelas grandes companhias nacionais e multinacionais com sede na capital.

Quando leio (ver página 2) que ao abrigo do famoso efeito de dispersão - uma vigarice inventada para desviar para Lisboa fundos comunitários - dinheiro destinado às regiões mais pobres está a ser usado pelos serviços gerais e de documentação da Universidade de Lisboa, dá-me vontade de ir para a rua gritar "Nós só queremos Lisboa a arder".

Não. Nós não queremos mesmo Lisboa a ser consumida pelas labaredas. O que queremos é dizer que estamos fartos de ser chulados e já é tempo de impedir que Portugal continue a arder em lume brando, por culpa de governantes incompetentes ou corruptos.»
Jorge Fiel
JN, 12/12/2011


Que grande artigo do Jorge Fiel!