quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Uma resposta "à Mourinho"


Na conferência de imprensa de antevisão do SCP x FC Porto, Vítor Pereira respondeu em grande, "à Mourinho", às declarações de Jorge Jesus:

"Acho as afirmações ["o Sporting agora joga com meia equipa B"] um pouco desrespeitosas em relação aos profissionais do Sporting.
Um jogador, quando se impõe na equipa A, deverá ser considerado jogador da equipa A e com mérito, porque trabalhou para isso.
Acho engraçado que este assunto tenha vindo à baila agora porque a grande exibição da época do Benfica, elogiada por toda a gente, incluindo o treinador [Jorge Jesus], esse grande jogo que até os atirou orgulhosamente fora da Liga dos Campeões, foi em Camp Nou, contra uma equipa que, da equipa que esta semana defrontou o Real Madrid, só tinha o Puyol.
Recordo-me até das palavras: O Benfica jogou em Camp Nou como ninguém tinha jogado.
Se foi o Barcelona A que jogou contra o Benfica, agora não é o Sporting B a defrontar o FC Porto.
Fui ver o Sporting-Benfica, vi o jogo lá, e recordo-me perfeitamente que o Benfica conseguiu o resultado já na segunda parte, quando o Sporting acusava um desgaste tremendo, de quem não teve tempo [devido ao jogo anterior para a Liga Europa] de se apresentar em boas condições para este jogo. Enquanto o Sporting foi Sporting, vi mais Sporting do que Benfica."


Não há dúvida, comparativamente com a época passada, Vítor Pereira melhorou em tudo, até nas conferências de imprensa...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Uma boa oportunidade para estar calado


"Surpreende-me que o Izmailov esteja a fazer aquilo que está a fazer. Põe muita coisa em causa. Coloca em causa os treinadores, o departamento médico e o seu profissionalismo. Das três situações, alguém estava mal. Se está a fazer o que está a fazer, se está a conseguir prolongar no tempo uma série de jogos que não tinha feito até aqui, alguém estava errado e eu também assumo a minha responsabilidade."
 
 
Estas declarações foram feitas ontem por Domingos Paciência, no programa 'Grande Área', da RTP Informação.
 
Como é sabido, Domingos Paciência foi treinador do Sporting até ao dia 13 Fevereiro de 2012, altura em que foi despedido por Godinho Lopes.
 
Ora, vale a pena relembrar qual foi a utilização de Marat Izmailov na época passada, nomeadamente APÓS Domingos ter sido substituído por Sá Pinto.
 
(utilização de Izmailov em 2011/12, fonte: zerozero)

 
Olhando para o quadro anterior, verifica-se que nos 63 dias seguintes à saída de Domingos de Alvalade, entre 16-02-2012 e 19-04-2012, Izmailov foi titular em 14 jogos seguidos! Ou seja, em média, fez um jogo em cada 4,5 dias. Nada mau...
 
Engraçado, não me lembro de, na altura, Domingos ter feito declarações públicas dizendo que estava surpreendido e sugerindo que Izmaylov era um mau profissional. Não, o senhor Paciência optou por descarregar a sua bilis após Izmaylov ter sido titular do FC Porto em 5 jogos seguidos (ainda estamos longe dos 14 da época passada) e apenas 4 dias antes de um SCP x FC Porto. Lamentável!
 

B-A-BÁ do benfiquismo


Estranho

Normal


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Patrício pode jogar contra o FC Porto

Já por diversas vezes foi referido, neste e noutros blogues portistas, o facto de os próximos adversários do slb serem abundantemente punidos com cartões amarelos e vermelhos. E não estamos a falar de um ou outro caso isolado, mas sim de algo que parece quase uma epidemia de cartões vermelhos e 5ºs cartões amarelos mostrados aos adversários seguintes do clube do regime… perdão, do slb. Não tive tempo para fazer um levantamento exaustivo, mas li no blogue Tomo II que, no último Sábado, ocorreram a 15ª e 16ª situações de jogadores que vão ficar impedidos de defrontar os encarnados.

Quais são os jogos desta semana?

(fonte: zerozero)

Vejamos o que aconteceu no fim-de-semana passado:

SC Braga x Vitória Guimarães (árbitro Jorge Sousa)
Expulso aos 90’+2, ao ver o 2º cartão amarelo num espaço de apenas cinco minutos, o defesa esquerdo Elderson (SC Braga) fica fora do SC Braga x slb da próxima quarta-feira, uma das meias-finais da “Taça Lucílio Baptista”.
O instante em que ocorreu fez lembrar a escandalosa expulsão de Paulo Vinícius, perpetrada por Duarte Gomes, também ela em período de descontos.

Vitória Setúbal x Beira Mar (árbitro Cosme Machado)
Expulso aos 85 minutos, por duplo cartão amarelo, Pedro Moreira (Beira Mar) fica fora do Beira Mar x slb, para 21ª jornada do campeonato.

Qual será a explicação para tantos casos destes?
Será que há jogadores que não querem jogar contra o slb e, por isso, fazem-se expulsar no jogo anterior?
Será que há jogadores que não pretendem dar nas vistas e participar num dos jogos mais mediáticos que a sua equipa faz em cada época?
Será que a antevisão de irem jogar contra o slb, faz com que os futuros adversários dos encarnados percam a cabeça, o que os conduz, de forma suicidária, para a violência ou excesso de jogo faltoso?
Convenhamos que, no mínimo, é estranho.
E, ainda mais estranho (ou talvez não), é o pacto de silêncio da comunicação social acerca deste fenómeno.


Mas, para além de estarem preocupados com os jogos da sua equipa, esta semana os benfiquistas também estão de olho na deslocação do FC Porto a Alvalade.

O nosso rival [FC Porto] vai a um campo [Alvalade] onde nós já fomos e, na altura, o Sporting estava muito mais forte... Agora o Sporting está a jogar com meia equipa B... mas não vai deixar de ser um jogo difícil.
Jorge Jesus, na conferência de imprensa após o slb x Paços Ferreira


Lamentavelmente, para além dos mind games algo ridículos de Jorge Jesus (Mourinho só há um), o SCP x FC Porto já começou a ser jogado e indevidamente influenciado dentro das quatro linhas.
A que me refiro?
Bem, quem viu o Estoril x SCP com olhos de ver, ainda está por perceber por que razão Rui Patrício não foi expulso no lance em que cometeu penalty sobre Licá, visto que o avançado estorilista ficava com a baliza escancarada e à sua mercê.

[Como é que viu o amarelo ao Rui Patrício no lance do penalty?]
Pensei que ia ser vermelho, mas só o arbitro [Hugo Miguel] é que pode decidir, provavelmente foi um erro do árbitro.
Jesualdo Ferreira (treinador do sporting), na conferência de imprensa após o Estoril x SCP


Presumo que o senhor Hugo Miguel esteja de consciência tranquila e, provavelmente, satisfeito com a sua atuação na Amoreira. De facto, com a decisão que tomou no Estoril x SCP, este árbitro internacional, filiado na AF Lisboa, garantiu que o titular da Seleção Nacional e que tem sido o “salvador” da equipa leonina em vários jogos desta época, vai estar em Alvalade no próximo sábado, a defender as redes sportinguistas frente ao rival do slb e sendo o último obstáculo para o ataque dos dragões. Veremos se terá sucesso.

P.S. O Record de hoje noticia que, depois de Jorge Rojas e dos dois sérvios contratados na Holanda (Sulejmani e Djuricic), Rúben Amorim (jogador que está emprestado ao SC Braga) pode ser a quarta "aquisição" dos encarnados para a próxima época. Com quem é que joga o slb amanhã?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Haters

Isto vale o que vale, que é quase nada, mas não deixo de ficar perplexo e triste com certos comentários que li na net de portistas que insultaram o Jackson Martinéz MESMO depois de ele...mais uma vez...ter resolvido o jogo.
É correcto que (como já foi dito) cometeu um erro estúpido.
Mas teve a hombridade de marcar o segundo penalty, pedir perdão e assegurar os 3 pontos da praxe.

Enfim, há quem nunca fique satisfeito, para cunhar um chavão.

Sem "autocarro" é que é bom...

(slb x Paços Ferreira)


"Não vamos jogar com o autocarro à frente da baliza, porque não o fazemos, e vamos defrontar o Benfica desinibidos e a lutar para ganhar"
Tony (defesa do Paços Ferreira), 22-02-2013

"Vamos ser iguais a nós próprios e não vamos jogar com o autocarro em frente à nossa baliza. Não faz parte da nossa filosofia e nem só o resultado interessa"
Paulo Fonseca (treinador do Paços Ferreira), 23-02-2013

"não perdemos a nossa identidade"
Paulo Fonseca (treinador do Paços Ferreira), 24-02-2013


Sem "autocarro" e de peito aberto. É assim mesmo!

Ao contrário da semana passada (slb x Académica), desta vez ninguém criticou o anti-jogo, nem as perdas de tempo e muito menos a estratégia adoptada pelo treinador da equipa adversária. É só elogios à postura do Paços...

«Exibição serena, vitória fácil e resultado robusto, eis o resumo da noite em que o Benfica se desembaraçou com surpreendente facilidade do sensacional P. Ferreira de Paulo Fonseca.»
in record.pt

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Cha Cha Cha faz abanar, mas não deixa cair



De vilão a herói, eis a melhor forma para resumir a noite de Jackson Martinez. Depois de um momento de estupidificação ímpar ao “oferecer” a bola a Oblak na conversão da primeira grande penalidade do encontro, o colombiano redime-se arquitectando a reviravolta no resultado. O gelo da fria noite e do frio jogo do Rio Ave ameaçou apoderar-se do dragão. A densidade à retaguarda voltou novamente a ser o maior inimigo do conjunto portista que por vezes tarda em conseguir a impor um ritmo elevado ao seu jogo.

Na verdade, apesar de a equipa vila-condense seguir a mesma receita ultra defensiva que as suas congéneres nacionais que defrontaram recentemente a nossa equipa, esta foi cometendo erros próximo e até no interior da sua área de rigor. O FC Porto não soube tirar partido desses momentos, perturbando-se a si próprio. A zona de pressão tão bem trabalhada na partida da Liga dos Campeões perdeu-se e os homens de Nuno Espírito Santo soltaram-se em contra-ataques venenosos.

Num desses despiques, Braga aproveitou bem as costas de Maicon, tirou a bola do alcance de Helton com classe, fazendo estalar o verniz entre os sócios azuis e brancos. O regresso à titularidade do nosso central brasileiro esteve longe de ser feliz e provou que actualmente não supera o andamento de Mangala. A defesa ressentiu-se da ausência do acutilante francês. Quiñones teve uma prestação em crescendo, mas precisa de mais minutos para saber ler os seus companheiros e, porque não, melhorar os seus cruzamentos.

Meio abananada com o que lhe acontecia, a equipa de Vítor Pereira via-se em tremendas dificuldades para gizar ocasiões para finalizar. Apenas por uma vez Izmailov fez a bola rondar as redes do adversário, além das penalidades. A segunda das quais dando o empate à nossa equipa e um pedido de perdão de Cha Cha Cha Martinez aos seus fãs. A lei do castigo máximo haveria sempre de tropeçar nos excessos da defesa do Rio Ave e Artur Soares Dias não vacilou, o que é de registo. Apesar de pessoalmente ter algumas reservas a este tipo de penalidades que na actualidade fazem escola e outrora não eram assinaladas.

Mas não foram estas questíunculas de alecrim e manjerona que farão as delícias dos paineleiros televisivos a ser o factor decisivo no encontro. O “grito” do balneário sortiu os seus efeitos e o FC Porto finalmente impôs velocidade na circulação de bola no recomeço da partida. Agora o jogo era mais vivo e incisivo por parte do dragão. O Rio Ave recolhia-se cada vez mais ao seu reduto, asfixiando-se em si mesmo, onde só Oblak dava mostras de vida.

A entrada de Defour, alargando pela direita ainda mais a banda portista desconstruiu o adversário. Mas seria dos pé do discreto James Rodriguez que sairia o cruzamento para Jackson Martinez mostrar ao país aquilo que melhor sabe fazer; Dominar, ajeitar e matar. A redenção era completa e povo finalmente respirava de alívio. O sofrimento vem onde menos se conta. Mas a entrega à luta, essa, já é mais previsível. Os elogios a meio da semana fizeram lãs aos pezinhos dos jogadores azuis e brancos. Mas para se ganhar títulos tem de se mostrar fibra todos os dias!

FCP cabeça-de-série na LC em 13/14

Para além de um bom jogo e resultado contra o Málaga, a jornada europeia desta semana trouxe-nos um «bónus» que terá passado desapercebido a (quase) toda a gente: o FCP garantiu (a 99%) que em Setembro estará mais uma vez no sorteio da fase de grupos da LC como cabeça-de-série, o que convenhamos dá bastante jeito - e prestígio.

Antes de mais nada, é garantido que entraremos directamente na fase de grupos da LC em Setembro já que Portugal apura 2 equipas directamente para essa fase - e é impensável que o FCP acabe o campeonato em 3o lugar.

Olhando para o ranking de clubes da UEFA (em função dos pontos conquistados nas competições europeias nas últimas 5 épocas), vê-se que estamos neste momento em 7o lugar com o Inter, Valência e A. Madrid a «morder-nos os calcanhares».

Ora se é plausível que o Inter ainda nos ultrapasse até ao fim desta época (podendo eventualmente ir mais longe na LE do que nós na LC), já o Valência está com um pé fora (só por milagre ganha por 2-0 em Paris, penso eu) e o A. Madrid foi ontem eliminado (tal como o Lyon, já agora, que está um pouco mais atrás). Quanto ao Shakhtar, para além de ser muito provável que seja eliminado pelo Dortmund (precisa de ganhar na Alemanha), está demasiado longe para nos poder ultrapassar esta época. Tal como o Milan.

Ou seja, (pelo menos) o 8o lugar no ranking no Verão está praticamente garantido. É até possível que consigamos chegar ao 6o lugar ultrapassando o Arsenal, mas para isso teríamos que chegar pelo menos às 1/2 finais (mas antes de sequer pensar nisso, convém estar agora concentrados no jogo de Málaga - um passo de cada vez).

Para além disso mesmo que (para além do Inter) o Valência por milagre consiga ultrapassar o PSG e ir mais longe do que nós utrapassando-nos no ranking, é bem provável que haja equipas acima de nós que não se consigam apurar para a fase de grupos da LC - começando pelo próprio Valência (em 5o lugar na Liga Espanhola), passando pelo Inter (também 5o) e terminando no Arsenal (também 5o, e em crise).

Como disse no início, para além de pragmaticamente ser cabeça-de-série dar muito jeito (evitando por exemplo o risco de apanhar Barcelona, Juventus e B. Dortmund no mesmo grupo), também dá prestígio. Repare-se que o FCP é a única equipa que tem estado consistentemente no top10 do ranking que não é originária de Espanha, Inglaterra, Itália ou Alemanha (esta última representada neste grupo de elite por um único clube, o incontornável Bayern). Mesmo a França não o consegue, com o Lyon a descair nos últimos anos sem que outro clube francês se tenha intrometido entre os «gigantes»; nem os petrodólares russos e ucranianos.

Não haja dúvidas que isto pesa, por exemplo, nas considerações de clubes interessados em jogadores do FCP.

Para terminar: este assunto terá passado desapercebido a quase todos, mas não sei porquê suspeito que se tratasse de um clube da 2a circular que conhecemos já teríamos enormes parangonas e loas nos jornais.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Convívio de operários, faltou acutilância

Sendo inegável que o Porto fez uma exibição seguríssima, autoritária e plena de mérito, eu - cordialmente discordando do Miguel Lourenço Pereira - não classificaria o jogo de terça-feira um jogo de "gala", nem sequer como um grande jogo. Quando só uma das equipas está em interessada em jogar à bola e em ganhar, raras vezes os jogos são memoráveis (excepto quando acabam em goleadas e não foi este o caso).

O Porto cumpriu a sua parte; dentro das suas limitações, fez tudo o que estava ao seu alcance para obter um resultado do seu agrado; do outro lado, o "Olhanense espanhol", depois muito prometer - Duda falou em vencer no Dragão; nunca ouvi ninguém do Porto dizer que ia vencer a Old Trafford ou no Olímpico de Munique, mas enfim... - acantonou-se no seu meio campo, e por lá ficou. Pensando bem, até o Olhanense fez melhor.

Porventura os "malaguetas" estarão a contar mostrar tudo o que sabem no seu estádio - acho piada a estas equipas: "somos os maiores... quando jogamos em casa" - que, dizem, tem um ambiente "infernal". Não sei como será. Sei sim que não será pior que o ambiente no Estádio da Luz - nenhum estádio é mais hostil ao Porto, nenhum - e não nos temos dado mal por lá... Nesse aspecto, claramente subvalorizado pela equipa técnica do Málaga, que apostou tudo numa eliminatória de 90 minutos a disputar no seu terreno, estamos ao nível dos (ou somos mesmo os) melhores do mundo.


Conseguiram ainda assim sofrer apenas um golo, porque se acantonaram, sim, mas também porque nem o Porto soube criar ocasiões de golo condizentes com o domínio exercido, nem a maior parte dos remates teve como destino a baliza - foram 7(?) os que acabaram na bancada; não pode acontecer. Apesar de ter "toureado" muito e bem o Málaga, o Porto não foi capaz de dar a "estocada final". Faltou entre os abnegados operários um artista capaz de um definitivo toque de magia. Estou a lembrar-me daquele rapaz brasileiro que foi jogar para a Rússia, mas para ser sincero duvido que o Porto produzisse este futebol se ele ainda cá estivesse. Em todo o caso, como já não o temos por cá, e porque o James vem uma paragem prolongada, temos de jogar com o Varela, que enquanto membro útil do plantel, ofensivamente não tem estaleca para estas andanças. Tem os seus méritos, mas não passou uma única vez pelo Antunes. O que é péssimo, ponto final.

Do lado oposto, Ismaylov esteve muito bem, embora tenha notado que não tem capacidade de explosão que lhe permita desmarcar-se mais vezes, e ter uma maior dinâmica com o Alex Sandro. Tendo em conta a idade e o historial de lesões, será que alguma vez a voltará a ter? Em ambos os casos, não é de descartar a influência/entendimento com o lateral. Nesse aspecto, Alex Sandro bate Danilo aos pontos - este último "teima" em manter-se no limbo, entre a desilusão e a eterna promessa.

O golo, excelente (mas irregular?) acaba por saber a pouco, mas dificilmente poderia ser mais do que apenas o único. Mesmo depois de se verem a perder, e mesmo já com (meio) James em campo, nem o Málaga cedeu, nem o Porto se transcendeu. Em suma, o Porto precisava de ter sido mais acutilante, precisava de ter sido mais produtivo, precisava de ter quebrado o Málaga, e aí sim, teria marcado mais golos. A posse da bola e o domínio do adversário, não podem ser fins mas pontos de partida para os golos, as vitórias - o Porto precisa do James ao seu melhor nível.

De entre um rol de exibições fantásticas, destaco o Jackson, que eu - estejam à vontade para discordar - considero o melhor ponta-de-lança que o Porto tem desde o Jardel. Sim, eu acho que o Jackson é melhor (não muito melhor, mas melhor) que o Falcao. É muito mais "jogador de equipa" - poderia ter facilmente passado ao lado do jogo mas nunca deixou de lutar e trabalhar - e é tecnicamente superior ao seu conterrâneo.


Destaco também o Fernando, não pelas melhores razões. À semelhança do Varela, embora sendo muito mais fiável e regular, parece-me que as suas limitações ficaram expostas: empatou o jogo quando se pedia rapidez e nem sempre tomou as melhores decisões. Pede-se ao Fernando, há já algum tempo, que seja o primeiro a atacar, mas acho que ele só sabe defender.

Confesso que nesta altura já estou a pensar na eliminatória seguinte - tudo pode acontecer, mas julgo que já demonstramos que somos melhores que o Málaga, e mesmo com um empate a zero, seríamos igualmente favoritos; e quem aposta tudo num só jogo (mesmo que conte nas suas fileiras com um mergulhador de craveira, com cátedra da Luz) sai geralmente a perder. E pese embora os problemas que apontei, temos condições de a [próxima eliminatória] disputar de olhos nos olhos seja com quem for. Ir mais além que isso, parece-me "demais"; veremos.

Uma última nota para o celeuma criado pelo golo do Moutinho: o protestos não se fizeram esperar, primeiro em Portugal e depois em Espanha. Com o desagrado dos espanhóis, posso eu bem; se há coisa de que não se podem queixar é de arbitragens. Já o desagrado dos "portugueses", é de evitar, e por isso sugiro ao Moutinho que para a próxima marque um golo com a mão. Ninguém aprecia um bom golo com a mão como os "portugueses".

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A azia de um golo “ilegal”

O golo marcado pelo “gigante” João Moutinho causou uma certa azia em Espanha, mas a azia ainda foi maior para os jornalistas e comentadores “portunhóis” (leia-se, anti-portistas) da comunicação social portuguesa e para alguns anónimos que vagueiam pela blogosfera sob diferentes identidades, que não se cansam de gritar, ou reproduzir a verborreia de outros, de que o golo foi “ilegal”.

No estádio não tive dúvidas e, revendo toda a jogada, continuo a pensar que esta situação do jogo foi ajuizada de acordo com as recomendações que a FIFA dá aos árbitros, isto é, em lances destes, com diagonais ou transições rápidas feitas por quem ataca, em caso de dúvida a jogada não deve ser interrompida. Foi isso que a equipa de arbitragem chefiada por Mark Clattenburg fez e, seguramente, o árbitro inglês não irá ser penalizado por causa disso.

(clicar na imagem para a ampliar)

Mesmo parando a jogada e observando a posição dos jogadores no exacto momento do passe (algo que, como é óbvio, os árbitros não podem fazer), verifica-se que em termos de pés e pernas (até aos joelhos), Moutinho está em linha com o defesa do Málaga. A parte que está ligeiramente adiantada é o dorso e a cabeça de Moutinho.

Mas eu compreendo esta azia, ó se compreendo…

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

“O Porto não é mais forte que o Milan”

O Porto não é mais forte que o Milan

Estas declarações de Camacho, jogador do Málaga, ANTES do jogo de ontem, fizeram-me lembrar declarações parecidas (no mesmo tom) de jogadores do Depor, em Abril de 2004, antes da meia-final FC Porto x Deportivo Corunha. Recordo que o Depor tinha eliminado o AC Milan nos quartos-final, após uns concludentes 4-0 no Riazor (a equipa galega eliminou os milaneses com 5-4 no acumulado das duas mãos).

Ora, disputados o AC Milan x Málaga e o FC Porto x Málaga e comparando os indicadores estatísticos (vale o que vale) disponibilizados pela UEFA dos jogos que este Málaga disputou em Milão e no Porto, verificamos que até são parecidos.



As diferenças mais significativas são o número de remates que o Málaga fez nos dois jogos (4 em Milão contra apenas 1 no Porto) e, claro, o resultado final – o Málaga empatou em Milão (1-1), um jogo que podia perder (*), e perdeu no Porto (0-1) a primeira parte de uma eliminatória que, de há umas semanas para cá, é o seu único grande objectivo desta época.

Independentemente de, na minha opinião, o FC Porto 2012/13 ser superior ao AC Milan 2012/13 (actualmente, só vejo quatro ou cinco equipas europeias superiores ao FC Porto e nenhuma delas é italiana, o que não quer dizer que o FC Porto não possa ganhar a essas equipas e perder com outras), o que esta afirmação de um jogador do Málaga revela é a sobranceria com que de Espanha se olha sempre, ou quase sempre, para as equipas portuguesas.

O AC Milan tem mais nome e currículo que o FC Porto, logo tem melhor equipa, certo? Errado!

E depois, claro, ficam muito surpreendidos…

(fonte: jornal O JOGO, 20-02-2013)

(*) O Málaga fez uma fase de grupos extraordinária e, após as quatro primeiras jornadas, somava 10 pontos (contra 5 do AC Milan, 4 do Anderlecht e 3 do Zenit) e já tinha o apuramento garantido para os oitavos-de-final, o que lhe permitiu “tirar o pé do acelerador e descansar” nos últimos dois jogos.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Noite de gala, onde só faltaram mais golos

A melhor exibição da temporada, um jogo para a Europa ver e recordar. O jogo que provavelmente acelera as saídas de João Moutinho e Jackson Martinez, imensos como nunca, capazes de prender um laço à volta do Málaga e não os deixar jogar um só minuto. Foi um dos jogos mais bem conseguidos na história recente da Champions League para os dragões e só o marcador - que peca por muito, muito escasso - impede de celebrar com a verdadeira euforia que se iria merecer.

O FC Porto foi, absolutamente, imenso.
O Málaga, uma excelente equipa a todos os níveis, fez figura de corpo presente. Porque os homens de Vitor Pereira não deixaram. Não lhes permitiram respirar, desde o primeiro segundo até ao último. Isco não tocou na bola, não a viu. As ajudas, espantosas, taparam todos os pedaços de terreno livres perdidos no campo. A pressão foi constante, intensa e perfeita. Todas as segundas bolas eram nossas, todos os passes saiam bem e só pecava a equipa na hora do remate. Durante a primeira parte foram poucas as ocasiões para tanto futebol. No segundo tempo melhorou, ligeiramente, o aproveitamento. Um golo, um grande golo do melhor jogador em campo, depois de um passe perfeito de Alex Sandro (tremendo), que desmontou definitivamente o puzzle dos andaluzes e pôs justiça no marcador. Justiça, que é dizer pouco, porque ninguém se iria escandalizar com um 3-0 claro, tal foi a superioridade futebolística dos dragões.



Foi um trabalho táctico brutal de Vitor Pereira que soube entender perfeitamente como joga o Málaga. Com a bola são perigosos, sem ela não existem em campo. O Porto quis a bola, ficou com ela e sempre que a perdia tardava um nanossegundo em recuperá-la. Com isso anulou completamente as melhores individualidades do rival, afastou-os da linha defensiva, prendeu o meio-campo à sua própria defesa e tomou controlo do jogo. Faltou profundidade, faltou eficácia, sobretudo nos 11 cantos que tivemos, e faltou, sobretudo, que o imenso jogo de Jackson fosse coroado com o golo que merecia. São 20 golos em liga, 26 em todas as competições, números ao nível do melhor do que há na Europa e os olheiros dos grandes clubes seguramente que tiraram hoje as dúvidas. O colombiano é um avançado completo que não só marca como faz a equipa jogar, permite essa orquestra colectiva contar com mais um homem na medular, o que é fundamental para o esquema de Vitor Pereira.

O técnico demonstrou, pela enésima vez, que os que o ainda acusam de não ser um treinador à altura para o FC Porto estão bastante enganados. Tacticamente ganhou ao excelente técnico chileno, Manuel Pellegrini, e ajustou bem as peças. Primeiro com Varela para desgastar e Izmailov, a partir da esquerda, a replicar as diagonais de James. Depois, na segunda parte, lançou o regressado colombiano para o seu lugar de origem e introduziu vertigem no flanco esquerdo com Atsu. O Málaga queria tapar o ataque do FCP mas não conseguia. Faltou esse leque de oportunidades claras, esses golos que na Europa valem tanto. O 1-0 é um bom resultado no final de uma imensa exibição, mas não é um imenso resultado. Em Málaga teremos de marcar para garantir que todo o trabalho perfeito desta noite não se perca por um acaso do destino.

No onze do Porto nota superlativa para todos, em especial o eixo Mangala-Fernando-Moutinho-Jackson, tremendo na ocupação dos espaços, do pressing zonal ao rival, da forma como criaram essa superioridade desde o principio. Imenso também Alex Sandro, cada vez mais decisivo na manobra da equipa. Danilo não foi tão perfeito, na movimentação, apoios e nas acções ofensivas, mas fez um bom jogo, tal como Otamendi, importante sempre a ganhar as bolas com Santa Cruz. O jogo de Lucho e Izmailov foi de mais a menos, notou-se o desgaste físico, sobretudo na segunda parte, e Varela acabou por ser, talvez, o que menos entrou em jogo, mas mesmo assim a um nível muito superior de qualquer rival. Atsu entrou de forma trepidante e James faz sempre muita falta, com aquele toque de classe marca da casa que deu outra aura de criatividade ao jogo ofensivo dos dragões. Venceu, no pouco tempo que esteve em campo, o duelo directo com Isco aos pontos!

Vitória perfeita com poucos senãos. O relvado, continua lamentável para um clube de alto nível europeu e prejudicou muito o nosso estilo de jogo, atrapalhando demasiadas vezes os jogadores no último toque. E os adeptos. Os que estiveram, foram excelentes. Mas havia demasiadas cadeiras vazias para um jogo deste nível. Os bilhetes para sócios, entre os 10 e os 25 euros não eram demasiado caros e sente-se a falta desse ambiente de casa cheia nestas noites, que é algo que o Málaga vai ter em La Rosaleda.



Com uma arbitragem bastante boa (o golo pode ser fora de jogo mas há um penalty por assinalar a Varela na 1º parte claríssimo) e uma equipa superlativa, é uma data que enche de orgulho os adeptos e dá mais confiança para conquistar aquele que deve ser um dos objectivos do clube todos os anos, um lugar no top 8 do futebol europeu. Estamos a 90 minutos de lá chegar, mas com o jogo de hoje merecíamos que a viagem a Málaga fosse para cumprir calendário!

Analisando o Málaga

O Málaga chega ao Porto para disputar umas das mais igualadas eliminatórias dos Oitavos de Final da Champions League. São duas equipas com uma filosofia similar, futebol ofensivo, apoiada numa cultura de posse, com individualidades capazes de desequilibrar em qualquer momento e que equipam de azul e branco. Os espanhóis são estreantes nesta fase da competição e até à última ronda, partilhavam com o FC Porto a liderança na fase de grupos como a melhor equipa em prova. Apuraram-se com uma inesperada autoridade num grupo onde estavam os milhões do Zenit e a história do AC Milan depois de uma pré-eliminatória que passaram a duras penas. São uma equipa com mais recursos do que pode aparentar à primeira vista, e com um problema existencial muito importante. Para o ano, façam o que fizerem, não estarão nas provas europeias.

Vitimas da primeira onda de suspensões com vista à aplicação do Financial Fair Play, os malaguenhos sabem que façam o que fizerem na prova e na liga espanhola, para o ano não há Europa, nem milhões. Na liga espanhol têm feito uma temporada de altíssimo nível, similar ao ano passado, oscilando sempre entre o quarto e o quinto posto mas a uma distância curta do 3º lugar, ocupado pelo Real Madrid. Desde que a equipa soube da suspensão da UEFA (apesar de terem naturalmente recorrida da decisão) a liga deixou de ser uma prioridade. O clube sabe que tem de acabar nos sete primeiros lugares (a suspensão é para o 1º ano que se qualifiquem para as provas europeias, se o Málaga ficar fora das provas matematicamente a suspensão passaria para o ano seguinte, caso se qualificassem) mas deixou de pisar o acelerador. Na Copa del Rey foi eliminado pelo Barcelona nos Quartos de Final, mas não só teve o futuro campeão espanhol contra as cordas nos dois jogos, como foi provavelmente a única equipa que discutiu, olhos nos olhos, um jogo directamente com o Barça esta época. E perdeu apenas a eliminatória nos últimos dez minutos de um confronto de 180 minutos.


Agora chegam ao Porto para lutar na terceira frente, a mais importante.
Triunfar na Champions significa, sobretudo, revalorizar o plantel que, em Junho, seguramente, será reorganizado para que o clube possa pagar as dividas que tem em atraso. Há quatro ou cinco jogadores com mercado e que podem permitir um encaixe à volta dos 80 milhões de euros e não há nada melhor que a prova rainha do futebol europeu para servir de passerelle  Nós sabemos bem como funciona. Por isso mesmo jogar bem e vencer o FC Porto é algo mais importante do que possa parecer à primeira vista para uma equipa que, futebolisticamente, não fica nada a dever ao FC Porto e que conta com um guarda-redes em estado de graça, um médio criativo digno sucessor da magia de Iniesta e um treinador que sabe preparar os jogos como poucos.


Analisamos o Málaga zona por zona:

Baliza: É o líder do prémio Zamora, troféu entregue em Espanha ao guarda-redes menos batido. E tem demonstrado, semana após semana, porque é um dos pilares do sucesso da equipa. Apesar de algum erro pontual, Willy Caballero é um seguro de vida e um osso duro de roer para o ataque dos dragões. Bom posicionamento, ágil, bom entre os postes, relegou para o banco o mais experiente Kameni.

Laterais: Monreal saiu em Janeiro para o Arsenal, mas o Málaga tem um leque de laterais de bom nível, tanto a nível ofensivo como no trabalho mais defensivo. O lado esquerdo é monopolizado por portugueses. Do recém-chegado Antunes ao veterano Duda, é por aí que a equipa gosta mais de atacar, tendo algumas vezes utilizado o lesionado (não jogará) Eliseu a partir dessa posição para ganhar superioridade no ataque. Pelo lado direito joga Jesus Gamez, um lateral mais defensivo mas bastante bom tacticamente.

Centrais: Pode ser a área mais débil da equipa. O argentino Demichelis e o uruguaio Lugano podem ser os titulares, apesar de que o uruguaio tem a concorrência directa de Sérgio Sanchez e Wellington, que jogaram a maior parte dos jogos da fase de grupos. No banco está ainda o norte-americano Onyewu, jogador que dificilmente será primeira opção para Pellegrini e que deixa claro que esta zona está mais longe da qualidade média do plantel do que qualquer outra.

Médios Defensivos: Ignacio Camacho começou a despontar na cantera do Atlético de Madrid e foi uma das primeiras contratações do sheik Al Thani, quando este se fez cargo do clube em 2011. É um jogador com um excelente sentido posicional, muito trabalhador e com um óptimo remate de meia distância. Ao seu lado deverá jogar, no apoio, o francês Toulalan, um dos elementos fundamentais na grande campanha europeia dos espanhóis na primeira fase. Pellegrino pode também procurar utilizar o chileno Iturra, um maratonista trabalhador para perseguir incansavelmente Moutinho por todo o terreno, soltando Camacho para uma missão mais ofensiva no apoio ao ataque, ou lançando Baptista ou Portillo no ataque no seu lugar.



Extremos: Uma das grandes surpresas da temporada foi sem dúvida a segunda juventude de Joaquin. O extremo que despontou há uma década no Bétis e passou pelo Valência vive uma segunda juventude, com golos, assistências e momentos deliciosos que trazem magia e imprevisibilidade ao jogo ofensivo do Málaga. É o dono do corredor direito e será um osso duro de roer para Alex Sandro, obrigando-o a ter cuidado com as subidas no terreno. Do lado esquerdo não está o titular habitual, Eliseu, pelo que Pellegrini pode apostar por jogar com Duda ou lançar o rápido Portillo ou o feroz Julio "la bestia" Baptista.

Médio Ofensivo: A estrela da equipa, um dos melhores jogadores jovens do futebol mundial, líder e figura deste Málaga. Isco não precisa de apresentações, é o sucessor natural de Andrés Iniesta e em Málaga sabem que em Junho terá assinado por um clube de primeira linha do futebol europeu (acabou de renovar o contrato ampliando a cláusula de rescisão para 35 milhões de euros). Tem ordem para deambular pelo terreno, puxar Fernando da sua posição, criar superioridade no miolo ou associar-se com o tridente ofensivo. Tirar Isco do jogo é meio encontro ganho. O seu suplente, o brasileiro Lucas Piazon, emprestado pelo Chelsea, não deve jogar.

Avançados: Depois de vender Buonanotte, o ataque do Málaga ficou definitivamente entregue aos golos de Saviola, bem nosso conhecido, e do veterano paraguaio Roque Santa Cruz. Dois jogadores perigosos, que precisam de pouco espaço para deixar a sua marca. Também pode entrar Seba Fernandez, um jogador polivalente que se mexe bem em todas as posições do ataque, ou o jovem Fabrice, essencial na fase preliminar. Julio Baptista começou a ter minutos nas últimas semanas e pode ser opção apesar de que não esteja nas melhores condições físicas, pelo menos para a primeira mão.

Treinador: É um dos melhores técnicos da liga espanhola. Fez milagres com o Villareal e repetiu-os com o Málaga. Esqueçam a época num Real Madrid marcado pela precoce eliminação na Copa del Rey - até porque os números realizados foram brutais a todos os níveis - Pellegrini é um técnico que sabe manejar um balneário, com um brilhante conhecimento táctico e capaz de preparar os jogos até à exaustão. É uma hipótese para o Manchester City na próxima época e também joga muito do seu prestigio internacional nesta eliminatória.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Penalties nos últimos minutos

«Um erro grave. Os nossos especialistas em arbitragem são unânimes em defender que Duarte Gomes cometeu um erro grave. O árbitro de Lisboa devia ter assinalado penálti, aos 85', não vendo que Luís Carlos agarrou Kléber na área do Gil Vicente.»
in 'Tribunal de O JOGO'

(Gil Vicente x FC Porto, 'Tribunal de O JOGO')

«Um erro com influência no resultado. Os especialistas em arbitragem de O JOGO são unânimes em considerar que Bruno Esteves cometeu um erro grave e com eventual influência no resultado. O árbitro de Setúbal não assinalou, aos 89', uma grande penalidade por falta de Nivaldo sobre Kléber, prejudicando assim claramente o FC Porto.»
in 'Tribunal de O JOGO'

(Rio Ave x FC Porto, 'Tribunal de O JOGO')

Gil Vicente x FC Porto, aos 85', Duarte Gomes NÃO assinalou;
Rio Ave x FC Porto, aos 89', Bruno Esteves NÃO assinalou;
slb x Académica, aos 90'+3, Nuno Almeida assinalou (e Lima agradeceu e marcou).
Três jogos, três casos em que os desafios se aproximavam perigosamente do fim, sem que os dois candidatos ao título - FC Porto e slb - estivessem em vantagem no marcador.

No Gil Vicente x FC Porto e no Rio Ave x FC Porto, apesar de bem colocados, os árbitros nomeados (cirurgicamente nomeados!) por Vítor Pereira, "não viram" as faltas evidentes e, talvez por isso, não assinalaram os penalties que se impunham. Consequentemente, o FC Porto perdeu 4 pontos nestes dois jogos.

Para quem já não se lembra, eu recordo que, no Gil Vicente x FC Porto, Duarte Gomes fez "vista grossa" e não assinalou não um, mas dois penalties claros a favor do FC Porto. O lance a que fiz referência em cima, corresponde ao 2º penalty não assinalado, que ocorreu nos últimos minutos do jogo e foi verdadeiramente inacreditável. O jogador do Gil Vicente (Luís Carlos) agarrou o ponta-de-lança do FC Porto (Kléber) de forma ostensiva, durante uns segundos e num trajecto de dois ou três metros! O agarrão foi de tal modo descarado, que fez lembrar a lamentável e impune actuação de José Soares sobre Mário Jardel, no mais célebre jogo de sempre disputado em Campo Maior.

Quem é honesto e analisa o futebol de uma forma minimamente isenta, que compare o agarrão de Barcelos (Gil Vicente x FC Porto), com o que deu ontem a vitória ao slb, frente à Académica, no período de descontos.

(Rui Santos, 'Tempo Extra', SIC Notícias)

Ninguém tenha dúvidas, se o FC Porto conseguir ganhar este campeonato recheado de casos (de agarrões a jogadores e a... árbitros!, de penalties que se assinalam em função das cores das camisolas, de suspensões cirúrgicas de jogadores adversários, etc., etc.), será um feito notável.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

SMS do Dia

Futebol português, há 60 anos a dar descontos até uma equipa marcar...

Izmaylov, o "aleijadinho"...

O último jogo de Marat Izmaylov com a camisola verde-e-branca foi no dia 10-12-2012, em que cumpriu, penosamente, os últimos três minutos da derrota caseira (1-3) frente aos vizinhos da 2ª circular.

Se Izmailov jogar com regularidade no FC Porto, é sinal de que se trata de um tipo desprezível, um péssimo profissional que se recusa a jogar dizendo que tem ‘dói-dói’...
Eduardo Barroso, presidente da Assembleia Geral do Sporting

(fonte: zerozero)

E, de facto, muitos portistas torceram o nariz à troca de Miguel Lopes por Izmaylov, não por duvidarem da qualidade do internacional russo, mas por estarem algo cépticos em relação ao estado físico de Izmaylov (“aqueles joelhos não aguentam mais de 30 minutos...”).

Contudo, desde que chegou ao FC Porto, o “desprezível parece que rejuvenesceu. Assim, em pouco mais de um mês (entre os dias 13-01-2013 e 15-02-2013) já participou em seis jogos, os três primeiros como suplente utilizado, os três últimos como titular. E, precisamente na deslocação a Aveiro, cumpriu os 90 minutos e foi “apenas” o jogador das duas equipas que, de acordo com as medições efectuadas, percorreu a maior distância (11445 metros). Para quem vinha “aleijadinho”, é obra!

(fonte: jornal O JOGO)

Espero não estar a deitar foguetes antes da festa, até porque, com o regresso da Liga dos Campeões e a hipotética não-eliminação da “Taça Lucílio Baptista”, as próximas semanas irão ser bastante intensas.

A estatística que conta

Na reflexão que fez sobre o Beira Mar x FC Porto, o meu companheiro de blogue, Nelson Carvalho, escreveu o seguinte:

"Entre o empate com o Olhanense e o triunfo desta noite diante do Beira-Mar a diferença não esteve no futebol jogado mas sim na eficácia nos momentos chave"

Não podia estar mais de acordo. Aliás, até diria mais. Contra o Olhanense, o FC Porto foi mais dominador e criou oportunidades bem mais flagrantes do que contra o Beira Mar.
Veja-se o caso do melhor ponta-de-lança do campeonato português - Jackson Martinez - que, ao contrário dos três golos, aparentemente fáceis, que desperdiçou frente à equipa de Olhão, desta vez precisou apenas de meia oportunidade para marcar (num lance em que ainda teve o mérito adicional de tirar um adversário da frente).

(estatísticas da LPFP, jornal O JOGO)

Em termos de indicadores estatísticos, o jogo de Aveiro foi nitidamente pior que a recepção ao Olhanense mas, na estatística que realmente conta – a dos golos marcados e sofridos –, desta vez os dois golos do desafio foram ambos na baliza certa (a baliza da equipa adversária) e isso faz toda a diferença.

A começar pelo modo como jornalistas e adeptos avaliam e comentam as incidências do jogo, cuja análise no final é sempre fortemente influenciada pelo resultado.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Telex do Dia

Por cada João Ferreira que cair, outro Xistra se levantará!

Arrumar a casa antes do regresso à velha Europa



O campeonato português está impregnado de jogos como assistimos esta noite em Aveiro. Bola que corre em sentido único. Uma equipa que defende e outra que ataca. Em metade do campo se joga, apenas intervalado por uns pífios tiros de pólvora seca, sempre no ensejo de quem dispara ver lume a soltar da camara. Não têm nome, pois muitos são os que lhes usam as vestes, que trocam entre si a cada semana que passa. Olhanense, Beira-Mar, tanto faz, ao filme já todos nós lhe conhecemos a sinopse, podendo contudo variar o final da história.

Ainda a refazer-se de uma dessas películas que não lhe coube ao melhor engodo, o FC Porto fez-se de novo à acção desta trama maior do futebol português, o assalto à muralha. Bem se pode dizer que a azia do passado Domingo deu lugar a um relaxado início de fim-de-semana. A vitória azul e branca foi tranquila e Vítor Pereira conseguiu ter margem de manobra para gerir o grupo com decorrer favorável da partida, pensando, invariavelmente, na importante contenda com o Málaga para a Liga dos Campeões.

Não obstante do belo trajecto que a nossa equipa tem feito ao longo desta época, derrubar conjuntos ultra-defensivos como este Beira-Mar tem-nos causado alguns problemas. O jogo enrodilhado não permite fazer uso do estilo de bola corrida que os jogadores portistas apreciam e dominam. O ritmo tende a baixar e muitas vezes, estranhamente, tendemos a acompanhar o balanço.

Felizmente, hoje, o movimento disruptivo de Cristian Atsu veio relativamente cedo. Pelo menos a tempo de evitar desconforto geral às hostes azuis e brancas. O remate pleno de intensão do jovem ganês explorou bem um dos pontos fracos da equipa aveirense, o seu guarda-redes, permitindo que a nossa equipa encara-se o que restava do jogo com alguma serenidade.

Os homens de Ulisses Morais não criaram uma única ocasião de golo. Apenas alguns lançamentos em profundidade prometedores. Carlos Xistra apitava a tudo o que se mexia e puxou de cartões com demasiada facilidade. Magala bem pode lamentar-se do rigor do árbitro. Mas nestas coisas os jogadores devem antever aquilo que vai na cabeça dos homens do apito e não o que está na lei. Pôs-se a jeito e queimou-se. Para próxima alguém que o avise antes de cair na mesma esparrela.

Agruras de arbitragem à parte, a sentença do jogo foi arquitectada por Jackson Martinez – pois claro – num movimento fabuloso onde o colombiano põe em prática toda a sua técnica e excelente colocação de remate. Aí vão vinte golos em dezanove jogos de Cha Cha Cha, que tenuemente vai ameaçando recordes de heróis de dragão ao peito doutros tempos.

Entre o empate com o Olhanense e o triunfo desta noite diante do Beira-Mar a diferença não esteve no futebol jogado mas sim na eficácia nos momentos chave. Converter quando as oportunidades sugerem vale ouro e o FC Porto soube catapultar a sua sorte quando esta lhe sorriu. Eficácia, essa que também poderá ser crucial na próxima Terça-Feira. Mas aí o adversário é outro. Não faz uso das manhas destas equipinhas lusitanas e, sobretudo, tem um naipe de jogadores de enorme qualidade.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Sucessão: os outros

Nas últimas semanas não faltaram nomes (e nem sequer todos portistas) avançados nos comentarios como possíveis candidatos a sucessor de Pinto da Costa, para além dos nomes inicialmente avançados pelo Alexandre no seu artigo inicial sobre o tema;  ao ponto de alguns autores do Reflexão Portista se perguntarem se estávamos a fazer alguma coisa errada ao não avançarmos com a nossa própria candidatura, LOL... :-D

Serve este artigo para mencionar os candidatos menos falados, com algumas considerações sobre cada um (e desconheço se algum deles tem ambição de chegar a presidente do FCP). Digamos que é a lista dos «outsiders», uns mais do que outros...


Miguel Sousa Tavares aka «o jornalista implacável»: a favor, o reconhecimento imediato pelos adeptos, a frontalidade, o espírito crítico e independente. Contra, nunca ter gerido nada e ser dado a extremos: como presidente provavelmente iríamos assistir a 5 treinadores, 20 jogadores dispensados (tal como 4 dirigentes, 2 massagistas e 3 apanha-bolas), e outros 15 jogadores contratados. Isto numa só época, claro.

Belmiro de Azevedo aka «o gestor implacável»: daqui a 4 anos vai ter 78 anos. Acho que não preciso de ir mais longe nos comentários.


Fernando Madureira aka «o macaco»: a favor: simpatia de PdC e capacidades de liderança, com o registo impressionante de ter pegado num grupo de carolas que gostava apenas de ir apoiar o clube do coração e ter tornado aquilo num autêntico negócio altamente lucrativo. Contra: preciso mesmo de dizer alguma coisa?


Reinaldo Teles aka «o Tio Reinaldo»: o histórico número dois e fiel adjunto de PdC. A favor: conhecimento profundo do futebol e homem da casa, alta gratidão da parte dos adeptos. Contra: com todo o devido respeito, lamento mas eu não lhe confiava sequer a gestão do mealheiro do meu filho, quanto mais da SAD. Acrescente-se a frágil saúde. De qualquer forma, acho extremamente provável que queira sair pelos seus próprios pés quando PdC sair, como aliás ele próprio já disse em tempos. Quanto muito, possível candidato a dirigente intermédio numa lista de «continuidade».

Adelino Caldeira aka «Darth Vader» : conhecido entre muitos detractores como o «dark side» maquiavélico da direção da SAD (uma espécie de Dick Cheney do FCP, digamos), o que inclui suspeitas de favorecimentos a sócios e familiares (que tiveram ou têm negócios com a SAD).  A favor: a experiência. Contra: a experiência :-). Mais a sério, apesar de ser um dos braços direitos de PdC não lhe conheço pessoalmente dotes especiais de gestão, nem tampouco dotes de liderança, ou sequer carisma - nao será aliás por acaso que praticamente ninguém fala dele como possível sucessor, não é? No entanto, é obviamente um fortíssimo candidato a manter o cargo secundário numa lista de «continuidade».

Fernando Póvoas aka «o médico»: reação imediata do adepto típico: «Quem??». Ex-vice-presidente do clube. A favor: experiência no clube, alguns dotes demonstrados de gestão nas suas clínicas privadas.  Podíamos também poupar algum dinheiro num médico para o banco nos jogos, já agora! Contra: um desconhecido da maior parte dos adeptos, e demasiado distante do mundo do futebol para ter credibilidade suficiente com os adeptos. As suas hipóteses aumentariam a pico se escolhesse uma figura popular do futebol do clube como gestor 'hands on' para o futebol (como um Baia ou Jorge Costa, por exemplo, ou um Antero Henrique se este aceitasse, o que não me acredito).

Joana Pinto da Costa aka «a Pintinha»: tem a vantagem do nome de familia: se isto fosse a Coreia do Norte, a eleição já estava no papo, carago! Tirando isso, desconheço-lhe quaisquer argumentos minimamente credíveis.

Alexandre Pinto da Costa: o mesmo ponto forte da Joana, mas com conhecimento por dentro do mundo do futebol. Contra: a sua história no mundo do futebol... «deitando-se» com os nossos inimigos e péssimos dados sobre as suas qualidades de gestão, para não falar em carisma zero tal como zero experiência como dirigente.

Jorge Costa aka «o Bicho»: figura querida dos adeptos. Indiscutíveis qualidades de liderança e amor ao clube. Bom conhecedor do mundo do futebol. Contra: enorme ponto de interrogação como gestor ou dirigente. No curto prazo não teria hipóteses de ser eleito sendo visto como extremamente «verde», mas quem sabe daqui a 4 (ou mais) anos, se entretanto mostar argumentos como dirigente. Não o excluo no entanto como possível candidato a dirigente subalterno (por exemplo ao lugar detido hoje por Antero Henrique) principalmente numa lista que não seja de «continuidade».

Fernando Gomes aka «o gajo das contas»: ex-administrador da SAD, era o tipo que dava a cara no aspecto financeiro durante muitos anos (e no G14). A favor: candidato credível e facilmente reconhecível, dos raros que têm experiência no mundo do futebol e como gestores, e em cargos de liderança. Longa história positiva dentro do FCP, desde os tempos de jogador de básquete até a dirigente. Contra: é mais conhecido dos adeptos hoje em dia pelas piores razões, nomeadamente pelas turras com o FCP enquanto presidente da FPF (e anteriormente na Liga), tendo ganho uma imagem demasiado próxima dos nossos inimigos para o gosto dos portistas. Nao e' querido por Pinto da Costa, diminuindo imenso assim as suas hipoteses. Mas como dizia PdC, «largos dias têm 100 anos» e nunca se sabe...

António Lobo Xavier aka «Pau-para-toda-a-colher»: candidato com um pedigree teórico interessante. Inquestionavelmente portista, é ainda jovem (53 anos) e tem um CV recheado de responsabilidades em diversas áreas (há quem diga demasiadas), da advocracia à política à gestão em empresas de topo, com capacidades de liderança reconhecidas - ao que se junta alguma experiência no FCP, onde chegou mesmo a ser Administrador na SAD. É também uma figura mediática, não só como deputado do CDS como também comentador na SIC.
Se fosse eleito poderíamos ainda como bónus poupar dinheiro com advogados da próxima vez que os nossos inimigos inventarem um processo contra nós :-). Contra: apesar de alguma experiência na SAD (mas em cargos nao executivos), muitos se irão perguntar - e muito legitimamente - se percebe mesmo de futebol. Além disso, a longa história no CDS pode jogar contra si entre alguns sócios (embora esteja convencido que num FCP e no Grande Porto, onde vive a grande maioria dos sócios, isto é um factor com pouco impacto).

André Villas Boas aka «cenourinha» ou «libras boas»: poderá eventualmente ser um candidato a ter em conta, quem sabe, mas acho que so´ daqui a muitos anos. A saída unilateral da «cadeira de sonho» poderia jogar contra ele, mas a reconciliação com PdC elimina em grande medida esse handicap.

Para alem disso ainda vi outros nomes a serem mencionados que nem me dou ao trabalho de comentar como Nuno Cardoso, Luis Filipe Menezes, Alexandre Magalhães, José Magalhães ou Fernando Gomes (ex-presidente da CMP).

Enfim, apos tantos nomes para todos os gostos e feitios, fico um bocadinho desiludido que ninguem mencionou o meu :-D... já agora aqui fica, para fechar o ramalhete:

José Rodrigues aka 'o bloguista-que-tem-a-mania-que-tem-piada': a favor, sei lá... é portista. Contra: para além do pequeno pormenor de ter zero hipóteses de ser eleito, a sua esposa já o avisou de que se se atrever a pensar sequer em regressar a Portugal antes da reforma (i.e. daqui a 20 e muitos anos), vai levar um enxerto de porrada.

Concluindo: o mais provável (mas não certo) é que PdC continue por mais 3 anos, havendo portanto mais do que oportunidade para voltarmos mais tarde ao tema da sucessão. É também muito provável que se o PdC «apadrinhar» uma candidatura essa terá enorme probabilidade de vencer, independentemente do seu mérito e das listas alternativas. Mas como foi dito no artigo inicial desta série, não vem mal nenhum (bem pelo contrário) que os adeptos comecem a reflectir nisso com alguma antecedência porque as iterações só contribuem para que as opiniões na «altura da verdade» sejam o mais informadas e consolidadas possíveis.


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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

A Sucessão: Artur Jorge, uma especulação



No meu artigo inicial desta série falei num candidato-mistério que poderia vir a surgir. Estava a referir-me ao nosso antigo jogador e treinador Artur Jorge Braga de Melo Teixeira, o primeiro treinador português campeão europeu e o primeiro treinador português a sagrar-se três vezes campeão nacional.

Além de ter sido um grande treinador, Artur Jorge tem uma craveira acima da média, sabe de futebol como poucos e é indubitavelmente "um dos nossos". Tem o perfil que lhe permitiria, sem grande dificuldade, "dar o salto" de treinador para dirigente. Há uns anos chegou a tentar a presidência da F.P.F., embora sem sucesso, o que mostra que não deixa de ter apetência por esse tipo de postos.

Por outro lado, Artur Jorge acaba de completar - ontem, precisamente, e aqui vão os meus parabéns! - 67 anos, ou seja, tem apenas menos oito anos que Jorge Nuno Pinto da Costa, e não sabemos quantos mais anos este último irá estar à frente do F.C. Porto.

Aqui fica a ideia - porventura algo diletante.



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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Castigos à portuguesa

O circo está montado, como o futebol português gosta.
Num dia como hoje em vez de se falar de futebol, os responsáveis pela organização dos torneios que se disputam neste rectângulo voltam a demonstrar o seu apetite pelo polémico e pelo ridículo. Não só confirmam publicamente aquilo que muitos já suspeitavam - a não suspensão do FC Porto da Taça Liga por um vazio legal - como ainda dão um bónus ao SL Benfica inesperado. Porque vale mesmo tudo.

No que nos toca, a decisão deixa em mau lugar, sobretudo, a própria Liga de Clubes.
Responsável por uma competição desenhada sobre o joelho, para agradar aos clubes grandes e gerar as receitas que se podiam perder com a redução de equipas da primeira divisão, a Liga meteu o pé pelas mãos uma vez mais com este imbróglio  Já deixei aqui a minha posição e não me vou repetir. Acho que houve um erro de facto, acho que o clube devia ter sido mais frontal e que se as coisas fossem feitas com pés e cabeça, o FC Porto não estava em competição. Mas estamos. Porque a Liga descobriu rapidamente que o vazio nos regulamentos é de tal ordem que não havia fundamentos legais para condenar o clube dessa forma. Curiosamente, deixa cair na imprensa que a decisão é passível de recurso, dando esperanças ao Vitória de Setúbal e ao "amigo" Sporting de Braga, que supostamente esteve por detrás de uma denúncia que nem a própria Liga se dera conta em tempo real. Ou seja, estamos na Taça da Liga mas de um momento para o outro podemos deixar de estar, só porque a alguém lhe apeteça complicar mais as contas. Tipicamente português. Por coisas como esta acho que o FC Porto fazia melhor em utilizar as semanas de competição para uma digressão pela América do Sul. Fazíamos mais dinheiro e não tínhamos de aturar este ridículo. De certa forma, jogar estes dois jogos também é uma hábil forma de nos castigar onde realmente conta.

Por certo, estamos na Taça da Liga mas, olhando para o cenário, melhor não estar.
Temos uma meia-final complicada com um Rio Ave que tem demonstrado ser um osso duro de roer e uma hipotética final com Braga ou Benfica. Jogos que vão ser física e mentalmente exigentes numa altura da temporada em que não nos podemos dar ao luxo, não com o plantel que temos, de estar a máximo gás na Champions League e no mano a mano com o Benfica na Liga. Se não tivéssemos empatado com o Olhanense, podíamos respirar um pouco melhor, assim sendo a tensão é máxima e 180 minutos a mais nas pernas (como mínimo) não são bom sinal. E a troca de quê realmente?



Mas para compensar os 6 milhões de adeptos que não conseguem entender o conceito jurídico de vazio legal, era preciso fazer algo. Sendo assim, Oscar Cardozo, o boxeur paraguaio que joga de vez em quando à bola, foi suspenso com um só jogo. Se pensarem bem, é uma suspensão que faz todo o sentido. Afinal, agredir em campo e ameaçar um árbitro deveria equivaler sempre a ser expulso por duplo amarelo, não vejo onde esteja a diferença. Especialmente se jogam de encarnado, assim sendo até me surpreende que o suspendam um jogo sequer. Se ainda fosse o Lima...

Claro que quem está por detrás destes castigos teve por bem não ter em conta antecedentes, que no caso de Cardozo (e de Matic) são sobejamente conhecidos, nem sequer o regulamento que a FIFA e a UEFA defendem para as suas competições, onde um vermelho directo por agressão é castigado sempre entre dois a quatro jogos, como até o imparcial A Bola adiantou, desesperadamente, depois do jogo. O Record falou em 14 jogos, mas como já sabemos com o é o Record, deixemos as coisas aí. Mas como aqui nem há antecedentes, nem uma agressão captada pelas câmaras de televisão, nem sequer está em causa o continuar de uma série de comportamentos a que outros boxeurs de encarnado como Maxi ou Luisão têm praticado a belo prazer ao longo da época, nada a dizer. Coerência senhora, acima de tudo, coerência!

É possível - mas não provável - que esta suspensão não esteja ligada à agressão, que anunciem que depois vem um processo disciplinário, daqueles que demoram tempo e são para cumprir na época seguinte, ou quando já não for realmente importante para o profeta da Luz contar com o paraguaio. Também me parece bem, afinal não queremos ir aos Aliados em Maio sem saber que, uma vez mais, jogamos contra mais do que onze - como deixou cair, talvez premonitoriamente, Pinto da Costa ainda há dois dias - e que o rival não teve direito a todos os argumentos possíveis e impossíveis para ganhar o terceiro título em 18 anos.

Portanto, para agradar a um clube, ao qual não se podia castigar, dá-se a "benesse" de permitir continuar em prova numa competição que o mesmo clube repetidamente (e bem) ignorou. Para agradar ao outro, ao que se podia e devia castigar exemplarmente, dá-se a benesse, de permitir aos seus jogadores continuarem a comportar-se como hooligans quando as coisas não funcionam em campo. Obrigado futebol português por seres como és, se não fosses assim, ganhar tanto durante tanto tempo não era a mesma coisa!


terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

SMS do dia

Para minha imensa surpresa, percebi que no rugby, o árbitro usa (às vezes?) um microfone, e que (pelo menos) os telespectadores podem ouvir a justificação (dada em primeiro lugar aos jogadores) para os seus juízos.

Anda meio mundo a discutir os árbitros de baliza, a "tecnologia da linha de golo", o recurso a imagens de televisão e o diabo a quatro, e ninguém se lembrou de uma coisa tão simples como dar voz ao árbitro. Não é uma panaceia milagrosa, mas é inegável que melhoraria a arbitragem e o futebol.

O Estádio do Douro que nunca se fez

Imaginam que a história do FC Porto se tinha desenrolado com os olhos postos no Douro e não no noroeste da Invicta?

Em 1922 o clube traçou planos para a construção de uma grande cidade desportiva, a primeira do estilo em Portugal. Incluía um novo campo de futebol, courts de ténis, um edifício que serviria de sede e um espaço de convívio para os jogadores. O Campo da Constituição, já na época, era considerado demasiado pequeno para as ambições de uma instituição que tinha ganho nesse ano o Campeonato de Portugal. 

O Complexo Desportivo das Oliveiras, como seria chamado, seria construído de olhos postos no Douro e o rio daria nome ao novo estádio, que teria espaço para 25 mil adeptos, uma absoluta enormidade para a demografia portuense da época. Por 1000 contos da época o sonho teria sido realidade. Mas não o foi.

A directiva da época tinha abordado o dono do Parque das Oliveiras, situado na rua Barão de Nova Cintra, entre a estação de Campanhã e a marginal do que hoje é a Avenida Paiva Couceiro, uma quinta que media mais de 60 mil metros quadrados e que serviria de base de operações para o clube. O preço original do Parque rondava os 100 contos. O clube adiantou 80 e começou a preparar as obras. Sondaram-se arquitectos, fizeram-se esquemas e desenhos. Oficialmente ficou um plano que incluía o estádio, ao lado do morro que separava o monte do rio, e atrás de si uma zona piscinas, courts de ténis (três), um restaurante, sala de bilhar e um ginásio. No palacete, já construído  seria instalada a sede do clube. Chegou-se até sonhar com a construção de um pequeno porto, entre as pontes D. Maria e D. Luiz, e de um funicular que uniria o topo do morro ao rio, para uso exclusivo dos atletas do clube. 



E no entanto, depois de vários meses de planos e ideias, o representante da família Wright, dona do Parque que também era conhecido como Jardins dos Ingleses, apareceu na sede do clube a exigir mais dinheiro. Tinha visto as primeiras noticias do projecto na imprensa e imaginava que quem estava disposto a gastar à volta de mil contos podia pagar-lhe algo mais. Exigiu do clube 200 contos pelo terreno ou nada feito. A directiva recusou-se terminantemente e acabou por ficar com os 80 contos pagos por adiantado. Dez anos depois a Câmara Municipal acabaria por expropriar os terrenos para integrar os SMAS.

Sem outra alternativa para levar a cabo o projecto, decidiram investir o dinheiro na construção de novas bancadas na Constituição. O que poucos sabem é que parte desse dinheiro serviu para pagar a Augusto Baptista Ferreira, um artista gráfico que também era jogador. Conhecido entre os adeptos como Simplicio, recebeu um bónus por redesenhar o símbolo do FC Porto, incluindo pela primeira vez as armas da cidade sobre a bola azul. Não existiria Estádio do Douro mas graças a isso nasciam os "Dragões".