segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Sofrimento


O jogo nunca mais acabava. Que aflição. Os jogadores não se juntam e não conseguem jogar fechadinhos, lá atrás. Nas saídas em transições, há sempre uma escorregadela, uma perna que se ressente ou um acidente invulgar. Foram tantas as avenidas em que a rapaziada de Belém se movimentou à vontade para criar situações de golo, e nós, sem semáforos, perdidos nelas, sem força, nem jeito. Tal incapacidade custa a engolir. Não sou capaz de aduzir se é defeito do treinador, dos processos, dos jogadores ou se é a bola que estorva. O trio de meio campo conheceu uma inovação com Danilo mais alto, provavelmente para pressionar mais à frente. E o André mais de contenção? Que grande confusão. A exibição foi muito pobre. Fica a vitória. Foi tudo tão triste: imagem do ambiente dominante de uma época perdida.
   

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Plantel de sonho? Vamos lá falar de realidades

No inicio do ano não foram poucos os que falaram em plantel de sonho. Um plantel para ser campeão com facilidades - beneficiando da debilidade do Benfica pos-JJ e das fraquezas do Sporting - e até brilhar na Champions. Um plantel com o jogador dos 20M - Imbula - com o vencedor de tudo o que há para ganhar - Iker Casillas - com o lateral direito que vinha da Luz e mais mil e um malabarismos sem sentido. Ficou evidente desde Agosto que o plantel podia ser o mais caro de sempre - em investimento, em massa salarial paga - mas distava muito de ser o mais equilibrado e o melhor do Porto recente. Que o herói dos primeiros meses tenha sido um dos jogadores mais subvalorizados no mercado - André André - explica muito. Sem jogadores de primeira fila (não há um só), sem goleadores natos, sem criativos, sem extremos de qualidade, sem centrais de nível (qualquer nível) e sem referências histórica, este é, realmente o plantel que melhor exemplifica a péssima gestão de um clube sem Director Desportivo e uma ideia de futuro para lá do negócio comissionista. 

Se dúvidas houvesse - e há ainda quem ache que o plantel era bom, o treinador é que o estragou, como alguém quis vender numa entrevista televisiva - os últimos jogos e o mercado de Inverno deixaram claro a realidade. Portanto vamos fazer um desafio. Peguemos no onze titular (um onze aproximado porque houve anos em que vários jogadores acumularam o mesmo número de jogos) de cada um dos anos pos-Mourinho, respeitando assim o espirito do futebol moderno, dos negócios da SAD e dos ciclos curtos para não desvirtuar, e vamos fazer um exercicio. Quem, do onze tipo actual, que vamos definir, é melhor do que o titular desse ano. E ao contrário, quem desse ano, é melhor do que existe agora? 

Haverá debate, naturalmente, porque os gostos são assim. Haverá casos em que o jogador no papel podia ser melhor ou pior do que foi na prática, em que os diferentes sistemas de jogo (em quase todos os anos prevaleceu o 4-3-3) podem potenciar um ou outro jogador, mas no final creio que chegaremos todos à mesma conclusão. Não há, no plantel actual, nenhum jogador que seja melhor que qualquer outro futebolista que ocupou o seu lugar desde 2004. Nenhum. Nem um, nem cinco, nem dez. E não havendo individualmente nenhum jogador melhor - e sendo quase todos os indivíduos de anos prévios superiores - lá se vai a teoria que a SAD ajudou a vender de que este é um grande plantel quando, na prática, não é mais do que a continuação da politica de desvalorização pós 2011, compensada no ano passado pelo empréstimo de jogadores dos grandes clubes espanhóis.



Partimos então da premissa de que o 11 tipo de 2015/16 é o seguinte:
Casillas: Maxi, Marcano, Indi, Layun; Danilo, Ruben, André André; Corona, Brahimi, Aboubakar.

E vamos ver agora (com negritos nos jogadores que considero melhores que os actuais) como estivemos nos últimos doze anos.

2004/05
Baia; Seitaridis, Jorge Costa, Pedro Emanuel, Nuno Valente; Costinha, Maniche/Meireles, DiegoQuaresma, Derlei; Luis Fabiano/McCarthy

Neste ano de transição pos-Gelsenkirchen( e com um mercado de inverno mexido), é evidente que o nivel dos laterais não foi o melhor e que Derlei/Postiga/Carlos Alberto não estiveram à altura mas o rendimento do eixo da defesa (com a chegada de Pepe) e de Quaresma e Diego (ainda que algo irregulares) esteve por cima dos restantes.

2005/06
Baía/Helton; BosingwaR. Costa/P. Emanuel, Pepe, Cech/Peixoto; Assunção, Lucho, Meireles/JorginhoLisandro, Quaresma, Almeida/McCarthy;

Foi o ano em que Helton se assumiu como referência, que Pepe, Meireles e Bosingwa se fizeram com a titularidade e que chegaram Lucho e Lisandro ao melhor nível. Voltamos a fracassar no ataque e na ala esquerda mas a qualidade geral era positiva. A maior parte do ano jogou-se em 3-4-3, uma das raras variações. 

2006/07
Helton; Bosingwa, Pepe, B. Alves, Fucile/Ezequias; Assunçao, Lucho, Meireles/Anderson; Alan/Postiga, Quaresma, Lisandro;

É difícil olhar para o onze do primeiro ano de Jesualdo e encontrar elementos piores que o actual, num ano onde o Porto não foi sequer excepcional. A qualidade média era claramente superior à actual e Quaresma e Lucho estavam na sua melhor versão. 

2007/08
Helton, Bosingwa, Stepanov/P. Emanuel, B. Alves, Fucile/Lino; Assunçao, Lucho, MeirelesQuaresma, Lisandro, Tarik/Postiga

Mais um título, excelente fase grupos Champions e uma equipa extremamente bem trabalhado com mais valias individuais em quase todos os sectores. O lateral esquerdo e o ponta-de-lança continuavam a ser os únicos problemas evidentes. A sucessão de Pepe também parecia complicada.




2008/09
Helton, Fucile/Sapunaru, Rolando/P. Emanuel, B. Alves, Cissokoh; Fernando, Meireles, LuchoLisandro, Hulk, C. Rodriguez/Farias

Excelente negócio com Cissokoh, afirmação de Rolando, Fernando e de Fucile (no lado direito) e chegada de Hulk para o lugar de Quaresma. No melhor ano europeu pos-Gelsenkirchen o grande problema era o banco.

2009/10
Helton, Fucile, Rolando/Maicon, B. Alves, A. Pereira/Sapunaru; Fernando, Meireles, Guarin/C. Rodriguez; Hulk, Varela/Mariano,Falcao

Com Falcao chegou o substituto ideal de Lisandro mas a ausência de Lucho (Guarin não funcionou) foi determinante juntamente com o escândalo dos túneis para evitar o Penta. Hulk deu um passo em frente. O sub-rendimento de Meireles não ajudou e o jogo lateral foi igualmente tibio. 

2010/11
Helton, Fucile/Sapunaru, Otamendi, Rolando/Maicon, A. Pereira; Fernando, Guarin, Moutinho, Hulk, James/VarelaFalcao

Pinto da Costa disse que qualquer um podia ser campeão com esta equipa e talvez tivesse razão. Foi o pico do investimento em jogadores de qualidade com a chegada de Moutinho (chave) e James (decisivo) e o culminar do trabalho de desenvolvimento iniciado por Jesualdo. A ala direita e o inconstante Guarin os únicos "senões". A partir de aqui gastou-se mais do que nunca, comprou-se pior do que nunca.

2011/12
Helton; Danilo, Otamendi, Mangala,Alvaro; Fernando, Moutinho, Guarin/LuchoHulk, Varela, James/C. Rodriguez; 

O primeiro ano VP sofreu da hemorragia pos-Dublin que se prolongou em Janeiro. O regresso de Lucho foi determinante bem como o ano de Hulk na frente de ataque onde os problemas se multiplicavam quando James não estava. Os dois primeiros sectores de jogo eram o verdadeiro motor da equipa.

2012/13
Helton; Danilo, Otamendi, Mangala, AlexFernando, Lucho, Moutinho; JamesJackson, Atsu/Defour; 

No último ano de VP a qualidade do plantel era irregular mas o onze titular era fortissimo até ao último terço. Todos os jogadores superavam com solvência os actuais mas sem opções nas alas (Defour, Varela e Atsu nunca deram o nível, idem para Kelvin e Sebá), Jackson vivia demasiado só à frente.

2013/14
Helton; Danilo, Mangala, Maicon/Otamendi, AlexFernando, Herrera, Lucho; Lica, Varela, Jackson;

Um ano desastroso mas onde a qualidade individual superava claramente os problemas de jogo de Fonseca e Castro e houve muitos jogadores em subrendimento (Otamendi mais do que nenhum outro). A equipa começou o ano em 4-2-31 com Lucho como pivot ofensivo. Nas alas faltavam ideias, Herrera era um desnorte mas a defesa - no papel - era muito superior à actual. E claro, havia golo!

2014/15
Fabiano; Danilo, Marcano, Maicon, Alex; Casemiro, Ruben/Herrera, Oliver, Tello, Quaresma, Jackson

Fabiano era um karma, Marcano nunca foi seguro e Ruben/Herrera são os únicos que mantêm o mesmo nivel oscilante para este ano. O subinvestimento foi paliado pelos empréstimos de Casemiro, Oliver e Tello e pela não venda de Jackson no verão anterior.  


Grosso modo:
- Não houve um só ano em que não houvesse, pelo menos, seis jogadores no onze tipo melhores que os actuais.
- Só um ano (2009/10) há cinco jogadores no plantel piores que os actuais nas suas respectivas posições a titulo individual
- Com dois jogadores piores que o plantel actual temos 5 temporadas num total de 11 analisadas (06/07; 08/09; 10/11; 11/12, 12/13): Quase um 50%!
- Desde os anos de AVB/VP a qualidade tem decaído evidentemente no 11 titular tipo.
- Este - o de 2015/16 - é claramente o pior plantel do FC Porto pós 2004. O que significa que, na prática, é o pior plantel do FC Porto desde, como mínimo, 2001/02. Já lá vão quinze anos!
- Ironicamente, é também um dos planteis mais caros (no investimento) e na massa salarial (que sofreu um ajuste mais do que necessário com o mercado de Inverno)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

E saímos, sem dor …..


Foi um jogo interessante. Os alemães foram muito competentes na gestão da vantagem de dois golos da primeira mão. Sempre bem posicionados e muito ágeis, técnica e tacticamente, receberam um bónus da equipa de arbitragem nada desprezível. Há que reconhecer que, em muitos momentos, ficou vincado que os jogadores da nossa equipa não conseguiram superar o conjunto alemão que jogava como uma equipa, com os jogadores bem posicionados e sempre mais próximos da bola; com boa posse e sempre a espreitar, com paciência, o momento de acelerar para chegar à zona de finalização. Sem pressas, construíam a passagem aos oitavos de final. Conseguimos romper a barreira teutónica por duas ou três vezes no primeiro tempo e, na segunda parte, empertigamo-nos e tivemos alguns momentos de revolta, feitos de querer e de luta, mas não conseguimos chegar ao golo. Ficou a atitude, o esforço, o pundonor. Não deu pontos, mas amaciou a dor da derrota.

Não há muito a destacar no plano individual. Danilo, foi o melhor e Rúben subiu uns furos relativamente aos últimos jogos, tal como Marcano. Layún cumpriu e teve tempo para boas assistências; Evandro está a subir de forma. O trio atacante foi o nó górdio da nossa equipa. Aboubakar continua longe do que fez no arranque da temporada; Marega lutou muito mas construiu pouco e Varela esteve próximo do golo que o guarda-redes de Dortmund evitou com a defesa da noite. Mas, pouco mais fez. José Angel não nos chega e subiu pouco e Maxi esteve irregular. Suk denota alguma ingenuidade, mas sinto que vai crescer e ser útil. Alma não lhe falta. A equipa foi briosa. Os bons momentos foram descontinuados: não temos ritmo para pressionar de forma intensa e raramente se conseguiu tirar os alemães da sua zona de conforto. O empate era um prémio mais que justo. Evitou-se a saída de forma constrangedora da Liga Europa.

A equipa de arbitragem cometeu erros graves. Foi pena. Porém, no conjunto das duas mãos, o Dortmund impôs o ritmo e controlou os jogos de forma muito competente. Mereceu passar à fase seguinte. Saímos da prova sem dor. Não foi bom, nem foi um desastre, considerando o momento actual. E o valor do adversário. Viremo-nos para dentro. Objectivo: juntar, animar, recuperar, para evitar perder tudo.
   

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

De consciência tranquila

Jorge Ferreira (fonte: O JOGO)
Perante o “Penálti de autor” do último Paços Ferreira x SLB, que o observador Célio Ferreira considerou ser mesmo penálti (!!!) e deixou o árbitro Jorge Ferreira de “consciência absolutamente tranquila”, a FC Porto SAD já reagiu?

Isto é, já apresentou alguma queixa formal em relação à “isenção” deste árbitro (ilustrando essa queixa com vários exemplos) e deste observador?

Já apresentou uma participação formal na Liga/FPF, de modo a que Jonas seja suspenso por evidente e descarada simulação?


O blogue ‘Tribunal do Dragão’ lembrou, e bem, o que se passou com Lisandro López, em 2009, por alegadamente ter simulado um penálti num FC Porto x SLB:

«Na altura, sabem quem foi que denunciou Lisandro e fez uma participação? O próprio Benfica, parte interessada em que o FC Porto ficasse sem o seu melhor avançado. Não é então de esperar outra coisa que não uma participação formal do FC Porto, caso contrário os seus responsáveis mostram que não estão minimamente empenhados na luta pelo título de campeão e revelam absoluta indiferença em que o Benfica possa eventualmente chegar ao tricampeonato. Não é aceitável, muito menos a menos de dois meses de recondução - não vale a pena falar em «eleições» - para um novo mandato de quatro anos.
Tal como não é aceitável que Jonas não seja suspenso, pois os regulamentos são claros, é igualmente inaceitável que os responsáveis do FC Porto não reajam prontamente a este caso. Não é uma pitadinha de ironia no Dragões Diário: é uma participação formal ao Conselho de Disciplina.»


Todos nós, portistas, nos lembramos do caso Lisandro López. Espero que a Administração da FC Porto SAD também se lembre e aja em conformidade.
Pode não dar em nada (é o mais provável quando em causa está o clube do regime) mas, pelo menos, a Administração da FC Porto SAD fará a sua obrigação e ficará de consciência tranquila.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Atacar bem? Comecem por defender bem!

Nos últimos 30 anos do futebol houve dois treinadores que mudaram radicalmente os conceitos de jogo, duas referências máximas do futebol ofensivo de alto quilate. Ambos vão passar à história porque as suas equipas jogam de forma atractiva, ofensiva, sem piedade do rival quando aumentam o ritmo para uma velocidade que mais ninguém aguenta. E no entanto, para ambos, o êxito do ataque parte sempre de um excelente trabalho na defesa. Querem atacar bem? Então preocupem-se sempre por garantir que a equipa sabe, antes que tudo, defender melhor. Sacchi e Guardiola sabem perfeitamente do que falam. As suas equipas partiram sempre de um principio básico. São equipas de treinador até ao último terço, equipas de jogadores no último. Este FC Porto dista muito desses princípios.

José Peseiro não é nem Arrigo Sacchi nem Pep Guardiola, está claro. Mas é, e sempre foi, um treinador que pensa de outra forma. As suas equipas são de tracção dianteira. As suas linhas defensivas sofrem muito e com regularidade pelo posicionamento em campo do seu 4-2-3-1. Peseiro começa a pensar o jogo com a bola no circulo central. Trabalha bem - tem-se apreciado evidentemente a diferença - o jogo ofensivo, sobretudo as sobreposições entre os interiores e os extremos no complemento ao ataque. Mas o jogo dos médios defensivos, laterais e centrais peca de ingénuo. A sua filosofia de "se o rival marca dois, eu marco três", lembra muito o futebol sul-americano ou a realidade europeia pre-anos 70 mas está bastante desfasada da realidade. Até uma equipa de estrelas absolutas e inquestionáveis como o Real Madrid da primeira geração dos "Galácticos" percebeu isso quando o génio da sua linha avançado pagou ano após ano os erros tácticos a que a sua linha defensiva estava exposta. Não, o modelo Peseiro - e de alguns treinadores da sua escola - hoje em dia pode ser atractivo em momentos concretos do jogo mas é pouco fiável. Tudo porque o seu enfoque de jogo parte da premissa que a defesa é um elemento secundário na coordenação colectiva. O jogo começa mais rápido, desde atrás, menos pensado e a cada perda de bola os jogadores da linha mais recuada encontram-se, quase sempre, mal posicionados. Tal é a vocação ofensiva que muitas vezes não existe um fio de conexão entre os centrais e os laterais, por um lado, e os laterais e os médios interiores, por outro. Nesse cenário não é difícil, sobretudo a equipas que jogam no espaço e aproveitam a velocidade para contra-atacar - como são quase todos os clubes da liga portuguesa - encontrar oportunidades para marcar. Depois é um jogo de roleta russa. A eficácia do rival, a eficácia própria, a capacidade emocional de resposta, o fluxo ofensivo criado, tudo entra numa equação perigosa. O triunfo sobre o Moreirense - por 3-2 com uma reviravolta de dois golos desfavoráveis - é o perfeito exemplo desse puzzle. Peseiro pode sentir-se triunfal porque a sua ideia prevaleceu (o rival marca dois, eu marco três), mas o seu esquema parte de um principio perigoso. É altamente provável que te marquem sempre mas não podes garantir que tu vais marcar sempre mais um. A derrota antes da à visita à Luz com o Arouca - que pode ter sido decisiva em contas para o título - é o perfeito exemplo disso mesmo.



O maior defeito que os adeptos apontavam - e muitos com razão - a Vitor Pereira e a Julen Lopetegui (mais no seu caso que tinha melhor matéria-prima) era a tremenda dificuldade de passar de uma boa organização defensiva a um jogo ofensivo eficaz e vertical. Eram o modelo oposto de Peseiro. Para ambos os treinadores - claramente da escola Sacchi/Guardiola - as suas equipas começavam a pensar-se desde o momento em que o guarda-redes colocava a bola em jogo. Era importante, não, fundamental, uma boa coesão defensiva e articulação entre sectores, um avanço progressivo das tropas antes de explodir o rastilho final no último terço.
Quando bem executado o modelo propiciou grandes jogos colectivos mas se Vitor Pereira quase nunca teve arsenal ofensivo com essa inteligência de jogo e talento (no seu primeiro ano teve de abdicar do poder de explosão de Hulk para colocá-lo como referência ofensiva e no segundo faltou-lhe o brasileiro para conectar com Jackson), já Lopetegui pecou de erros próprios na concepção de jogo colectivo. No entanto, ambos perfilavam a ideia de que a equipa tinha de funcionar como um todo nos primeiros três quartos de campo para depois permitir a explosão do talento individual no último terço. A defesa, nos dias de Vitor Pereira, era absolutamente tremenda na ocupação do espaço e no controlo da zona e com Lopetegui - apesar de Fabiano, Marcano, Maicon ou Indi, jogadores de perfil muito inferior - foi uma das melhores de todas as ligas europeias enquanto que na Champions, não fosse pelo massacre de Munique - um erro de gestão técnica tremendo - teria igualmente terminado o torneio nas menos batidas. Não esperem ver o mesmo com Peseiro.

Tem culpa o treinador do Porto dos golos sofridos recentemente? Sim e não.
A Peseiro não lhe podemos apontar o dedo na concepção do plantel - responsabilidade da SAD e de Lopetegui - nem nos reajustes de Janeiro - responsabilidade da SAD. Ao técnico foram-lhe dados ovos para trabalhar - poucos e podres - e a situação de Maicon (ainda por explicar) apenas piorou o cenário forçando-o a recrutar para as convocatórias dois jogadores com idade de júnior, Chidozie e Verdasca. Nesse cenário - múltiplas lesões, suspensões e reajustes - era absolutamente lógico e natural que houvesse maior permeabilidade defensiva. No entanto o grave nesse cenário é que Peseiro - que quer ser fiel aos seus princípios - uniu às baixas e ao plantel de pobre qualidade uma radical mudança táctica que rasga os princípios assimilados durante ano e meio. Peseiro quer tirar o Lopetegui de dentro da cabeça dos jogadores (olhando para Herrera, como melhor exemplo, está a conseguir) e a sacar o máximo potencial de jogadores que em 4-3-3 posicional renderiam muito pouco (a prova está em Suk, tem tudo para ser um novo Pena, esforçado mas excessivamente dependente do espaço e dos lances divididos para se evidenciar) no sector ofensivo. A consequência é abdicar da segurança defensiva, da estabilidade do jogo desde a retaguarda e dos naturais desajustes no miolo que provocam perdas de bola e contra-ataques do rival. A pré-época não serve apenas para preparar os jogadores fisicamente. É o único momento do ano em que o treinador tem três ou quatro semanas para aplicar as bases da sua ideia que são melhoradas com treinos pontuais. A partir do inicio da temporada o ciclo não permite a implementação de uma nova ideia táctica com êxito assegurado. As sessões de treino medem-se entre recuperação esforço, preparação tendo em conta o rival, garantir estabilidade dos níveis físicos e algum que outro dia dedicado a lances estudados. Não há tempo (nem força, física e mental) para uma pre-epoca em Fevereiro. O clube sabe isso, o treinador sabe isso e os jogadores sabem isso de modo que tudo o que estamos a viver no presente vai contra toda a lógica da gestão de um grupo. E só é possível devido ao desnorte da direcção - que forçou a mudança sem ter um plano B coerente - e o desespero total da falta de rumo que permite acreditar que mudando tudo o que estava feito os resultados, forçosamente, serão diferentes.



O 4-2-3-1 e as ideias de Peseiro, com uma boa pre-epoca, podem triunfar ainda que o mais provável é que sofram nos momentos chave a consequência do poder do controlo de jogo do futebol moderno. De certo modo Peseiro quer parecer-se mais a Paulo Fonseca do que a Vitor Pereira ou AVB. Agora tem todo o crédito do mundo porque nenhum adepto vai reclamar nada a um treinador-bombeiro sem perfil e que chegou num momento de desespero. Mas é preciso ter-se cuidado quando se brinca com o fogo. Velha é a história contada por Sacchi do dia em que van Basten, irritado por tanto trabalho táctico, lhe atirou à cara que ele era a estrela da companhia e que o êxito do Milan dependia dos seus golos. Sacchi sorriu e pactou um desafio. Se van Basten, Gullit, Ancelloti e Donadoni fossem capazes de superar o seu quarteto defensivo numa sequência de ataque a partir do meio campo, dar-lhe-ia razão. Mas se a defesa recuperasse a bola, teriam de voltar a começar o ataque do zero. Durante duas horas a defesa de Sacchi levou a melhor linha de ataque ao desespero. Não marcaram nenhum golo. Van Basten aprendeu a lição. Algo similar fez Guardiola em Barcelona, reforçando sempre às suas estrelas ofensivas que tudo começava a partir da conexão Valdés-Pique-Puyol-Busquets. Ninguém espera um golpe de génio táctico de um treinador com dez anos de fracassos acumulados às costas mas jogos como o do último fim-de-semana também não podem surpreender ninguém. Com um plantel de remendos querer jogar no fio da navalha pode provocar doses de adrenalina que o jogo dormido e pausado do 4-3-3 de Vitor Pereira (sem jogadores de ataque válidos) ou de Lopetegui (sem ideias) eram incapazes de transmitir. Mas a navalha acabará sempre por deixar as suas marcas.



domingo, 21 de fevereiro de 2016

SMS do dia

Olha o Porto a ganhar depois de estar a perder por 2-0. Eu não me lembro de uma reviravolta destas enquanto adepto do Porto.

O melhor que me lembro foi um empate a 2 bolas depois de estarmos a perder fora com o U. Madeira no início dos anos 90. Valeu-nos os 2 livres do Branco.

Os nossos jogadores não jogaram uma merda mas pelo menos merecem palmas porque suaram que se fartaram. Pelo menos isso.
 

O melhor “jogador” dos encarnados

O JOGO, 21-02-2016
«Jorge Simão nem queria acreditar quando Jorge Ferreira marcou grande penalidade para o Benfica, em cima dos 45’. O treinador do P. Ferreira ficou furioso, ao ponto de dar um valente pontapé no... solo. Esbracejou, protestou e até despiu o casaco do fato oficial que envergou na partida de ontem. O 4º árbitro aconselhou calma ao treinador.»
in record.pt


«O árbitro viu uma grande penalidade onde toda a gente no estádio viu um mergulho de Jonas na área e, com tanta prontidão quanta falsidade, assinalou o respetivo penálti»
in site oficial do Paços de Ferreira


Vi o jogo do Paços-Benfica e, claro tenho uma opinião... Porém, e depois de ter ouvido o treinador do Paços e também o do Benfica, fiquei a perceber o que se passa fora das quatro linhas. Que falta de dignidade... só por causa de um emprego venderem a alma ao Diabo. Inadmissível um treinador dizer o que eu ouvi. Agora percebi porque certos colegas, e eu também, não treinam em Portugal. Estou ENOJADO
Eurico Gomes (ex-jogador do SLB, Sporting e FC Porto), na sua página de Facebook


De há vários anos para cá, tem sido quase sempre assim.
Ou seja, sempre que o SLB está à rasca, como era o caso do jogo de ontem, o melhor “jogador” dos encarnados tira um coelho da cartola.

E só quem anda muito distraído (o que não é o caso de quem faz as nomeações), não conhece o senhor Jorge Ferreira e o seu historial de “bons serviços” ao clube do regime.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Um FCP pequenino

A esperança é a última a morrer (vidé jogo do galinheiro), mas já era expectável que o FCP saísse vergado de Westvallen com uma derrota clara, logo não se pode falar em «desilusão». 

O Borússia Dortmund é uma excelente equipa, que é temível para qualquer adversário - principalmente jogando em casa (onde o apoio de 80mil indefectíveis dá motivação extra). E do nosso lado, tínhamos já à partida uma equipa bastante destroçada que ainda mais ficou fruto das baixas do plantel.

Dito isto, não deixa de custar a engolir que o jogo tenha feito lembrar um jogo típico no Dragão entre o FCP (normal...) e um clube pequeno do campeonato português, com o Borússia a fazer de FCP e o FCP a fazer de Setúbal ou algo do género. O Borussia dominou o jogo a seu bel prazer, tendo tido o dobro da posse de bola, o dobro dos ataques, 15 remates contra apenas 3 do nosso lado, e várias boas oportunidades de golo contra apenas uma do FCP (já perto do fim). 

Em defesa de Peseiro, ele seria sempre obrigado a usar uma equipa de recurso com adaptações, fruto de 1) as ausências de Danilo, Maxi e Marcano e 2) um plantel muito curto em opções e qualidade para a defesa e ataque (e já volto a este ponto).

Há portanto opções de Peseiro que me pareceram fazer sentido, especialmente quando vistas de um ponto de vista individual. Varela a def direito? Em si não me surpreende, eu achava que ele podia fazer bem a posição (e de facto não esteve nada mal). Layun a central? Não me choca, tendo em conta as alternativas (Verdasca, a solução de recurso em 2o grau para colmatar a ausência da primeira solução de recurso - falo de Chidozie - sem qualquer experiência em senior? Poupem-me....). Ruben Neves para colmatar Danilo? Evidente. 

No entanto, no conjunto geral foram mudanças a mais: tivémos 11 jogadores em campo, e não uma equipa. E onde eu acho que Peseiro contribuiu para isso de forma escusada foi ao dar a titularidade a S. Oliveira. Não me parece de todo que fizesse sentido lançar um jogador verdinho às feras num jogo destes, principalmente quando já tinha que fazer outras alterações profundas na equipa, e ainda por cima no miolo do terreno (ainda se fosse um extremo...). É para mim um mistério que tenha jogado ele de início em vez de André André. 

Também acho discutível (ainda que em menor grau) que tenha jogado Marega de início em vez de Corona, ou até mesmo de Evandro (nesse caso seria para jogar num 4-5-1).

Com essas escolhas (em grande parte involuntárias e em menor medida voluntárias), não admira que a equipa tenha jogado muito recuada, nem sequer necessariamente fruto de instruções do treinador mas acima de tudo porque a equipa era simplesmente incapaz de sair a jogar quando tinha a bola. Se a ideia de Peseiro era minimizar os estragos neste jogo, se calhar mais valia jogar em 4-5-1 povoando o meio-campo.

O aspecto mais relevante deste jogo para mim é o seguinte: como é possível que tenhamos chegado a este ponto de estarmos extremamente limitados em quantidade e qualidade para os sectores defensivos e ofensivos (e até já dou um desconto no caso da posição de trinco)? 

Como é possível que vou ao website do FCP e vejo apenas 5 jogadores defensivos no plantel (dois deles defesa central)? 

Como é possível que, não havendo lesões no sector ofensivo, tenhamos um Marega a titular contra um Dortmund (fez-me pensar no Vinha...) e não haja um único extremo de raíz em campo ou no banco; ou, estando o FCP a perder, um adepto olhasse para o banco sem grande esperança de dar um golpe de asa?

Acima de tudo: como é possível isto tudo quando temos um plantel caríssimo, salvo erro o mais caro de sempre (custo de passes mais salarios)?

Enfim.... Quero crer que esta época ainda é possível chegar ao 2o lugar (e conquistar o acesso directo à LC) e conquistar a Taça, que são as prioridades para o que resta da época, mas mais do que isso...quase que só por milagre, fruto de um chorrilho de asneiras de PdC & Cia a todos os níveis. 

Termino onde comecei: por aceitável que seja o resultado, é triste assistir a um FCP pequenino no Westvallen, por muita valia que tenha o Borussia. Este FCP europeu faz lembrar o FCP europeu da era pré-PdC, não o FCP que tem andado constantemente no top 20 do ranking da UEFA nos últimos 15 anos. Com a grande diferença de que hoje em dia gastamos como novos-ricos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Jogar à Porto sem jogadores à Porto


Depois do empréstimo de Maicon ao São Paulo - prévia renovação de contrato para comprar o silêncio de quem não explicou sequer, como devia como capitão, aos sócios e adeptos o motivo do seu comportamento e as suspeitas levantadas pelos familiares nas redes sociais - o plantel do maior clube português conta apenas com 3 jogadores com mais de dois anos de primeira equipa. Sim, leram bem. Em 25 jogadores, o FC Porto tem 3 jogadores com mais de dois anos de azul e branco e dragão ao peito. Soa a ridículo. E se soa, é porque o é. Sobretudo quando este clube, talvez mais do que nenhum outro, se fez grande precisamente imprimindo um estilo próprio - "o jogar à Porto" - com jogadores que sentiam a mística do clube e a interpretavam como ninguém depois de incorporar todos os conceitos mais básicos do portismo servindo de porta-estandartes para os que vinham depois.

O FC Porto sempre foi um clube de ciclos curtos até mesmo na realidade pré-Bosman. Sempre tivemos jogadores estrangeiros - e até aos anos 70 em proporção superior ao dos rivais de Lisboa que usavam a "batota" das colónias para manterem-se competitivos - e sabíamos que os jogadores da casa que se destacavam tarde ou cedo teriam tubarões atrás. Para contra-balançar essa realidade criou-se, sobretudo com a chegada de José Maria Pedroto e Pinto da Costa, uma genuína cultura de balneário assente em jogadores que - formados em casa ou contratados cedo na sua carreira - formavam um núcleo duro que raramente se rompia. Sabiam que não eram provavelmente nem os segundos melhores na sua posição mas que, em conjunto, eram invencíveis. Esse espírito cimentou a história do FC Porto até há bem poucos anos. Das gerações dos operários de Pedroto e Artur Jorge passou-se aos homens lançados nos anos noventa nos mandatos de Carlos Alberto Silva, Bobby Robson e António Oliveira e projectados para o novo milénio por Fernando Santos. Ano sim, ano também o FC Porto continuava a ser o que sempre foi, um clube vendedor. Não havia dúvidas, já com a lei Bosman em acção, que futebolistas como Jardel, Zahovic, Deco, Sérgio Conceição, Vítor Baía, Fernando Couto e afins tinham mercado e iam sair. Mas havia sempre os que ficavam - os Paulinho, os Aloísio, os Folha, os Jorge Costa - - ou os que saiam já muito tarde na carreira depois de ter dado tudo o que tinham. Entre uns e outros o clube garantiam ter sempre uma dezena de futebolistas imbuídos no espírito da casa. Os treinadores mudavam, as estrelas iam e vinham, mas eles seguravam o edifício. Mesmo no pós-Gelsenkirchen, quando a razia fez-se mais evidente, soube-se encontrar veículos de transmissão e jogadores que, vindos de fora, aprenderam depressa a lição como demonstrou sempre Lucho Gonzalez, João Moutinho ou Hulk que, sem ser da casa ou dos arredores, souberam ser "jogadores à Porto".

Ora, face à politica comissionista, a politica de "contentores", de relações com fundos e agências, perseguida de forma implacável e sem olhar para trás da coluna dirigente - uma politica que se aplica cada vez mais à própria formação, contratando-se jogadores por cinco vezes mais o seu valor em negócios difíceis de explicar (Juca, da próxima vez tenta lá fazer jornalismo a sério e perguntar a Pinto da Costa os porquês detrás dos negócios Kayembe, Victor Garcia ou a renovação de Ruben Neves e os 5% para o irmão de um dos administradores) - o espírito à Porto tem vindo a desaparecer. Os próprios homens - ou homem, se quiserem - que alimentaram com êxito e visão essa política de jogadores da casa ou imbuídos no espírito da casa, são os mesmos - ou, o mesmo, se preferirem - que se encarregaram de dinamitar essa realidade. Hoje, em Fevereiro de 2016, o FC Porto tem 25 jogadores inscritos no primeiro plantel e desse lote há três futebolistas que têm mais de dois anos de primeira equipa. A saída de Maicon - veteraníssimo e capitão por antiguidade, que não por mérito próprio de liderança - outro sinal evidente de que algo está podre - deixou Helton, Varela e, pasmem-se, Herrera, como os nomes mais antigos no balneário.
Helton é o rei dos veteranos e um farol de portismo absoluto que suportou estoicamente tudo - de criticas a lesões quase impossíveis de recuperar a lugares de suplente difíceis de explicar - e Varela um jogador que quis forçar a sua saída mas que escolheu o destino errado e foi forçado a voltar com o rabo entre as pernas. O terceiro em discórdia, Herrera, não podia ser maior patinho feio (herda o posto na hierarquia de Maicon) e seguramente é jogador com guia de marcha em Junho. A estes podem juntar-se ainda Ruben, Chiodzie, André André ou André Silva, com passado mais ou menos largo na formação mas com muito poucos kms de equipa  principal.
Em comparação o Benfica tem 9 jogadores com mais de dois anos de primeira equipa - a que podem juntar outros seis da formação num total de 15 futebolistas - e o Sporting tem 11 jogadores no primeiro plantel com mais de dois anos de casa a que podem juntar ainda outros dois jogadores da formação para um total de 13.
Esta é a nossa triste realidade. Algo de quem não tem culpa Paulo Fonseca, Julen Lopetegui e, naturalmente, muito menos, José Peseiro. Os treinadores no FC Porto são excelentes bodes expiatórios mas os ciclos têm sido tão curtos e o seu poder tão exíguo que na hora da verdade só existe um local para onde se olhar para apontar culpados a esta realidade.

Ninguém pode criticar uma política que tem décadas - a de comprar barato e desconhecido, vender caro e preparando estrelas de primeiro quilate para outros - a funcionar perfeitamente. Esse não é nem nunca foi o problema do FC Porto entre outras coisas porque é algo absolutamente inevitável. China e Premier serão amanhã o que a liga espanhola, francesa e russa foram no passado. Não, esse não é o problema. O problema está no orçamento descontrolado - ano após ano - nas exíguas mais valias entre comissões, vendas de percentagens e investimentos em activos cada vez mais caros e, sobretudo, na ausência de uma visão desportiva - o FC Porto é um dos poucos clubes de elite que não conta com um Director Desportivo digno de usar esse titulo - que garanta que paralelamente a esses negócios necessários exista uma guarda pretoriana que garanta que os que venham a seguir saibam o que é "jogar à Porto". Ninguém está a pedir que existam dez jogadores que fiquem uma década no clube, um cenário que é cada vez mais irreal em qualquer liga. Mas ter apenas três jogadores - dois suplentes e um mal amado - é cair no fundo. Para o próximo ano ninguém sabe que será dos três. Podem estar cá todos ou até mesmo nenhum o que faria de Ruben Neves (se fica, que esperemos que sim), o mais veterano do plantel. Um miúdo da casa não pode levar esse peso nos ombros com 20 anos de idade. É o caminho mais curto para atropelar uma futura referência. Todos antes dele que prometiam muito, de Gomes a Postiga, tiveram em quem se apoiar. Ruben pode acabar só como o último sobrevivente do espírito de jogador à Porto num plantel sem jogadores - formados ou comprados, nacionais ou estrangeiros - que saibam realmente o que isso significa. Não é por casualidade que até Sapunaru - um desses estrangeiros que souberam entender isso de ser um "jogador à Porto" - afirmou publicamente o choque que lhe provocou visitar o Olival. E ele, mais do que nós, sabia por dentro o que o Porto foi e o que o Porto é hoje.

Ás vezes, entre resultado positivo e resultado negativo, entre bola na trave e bola dentro, estas questões ficam esquecidas mas depois, quando as coisas correm mal, todos levantam a cabeça à procura de referências mas hoje em dia só as encontram nos jogos de veteranos. O gesto de Maicon só é possível no contexto deste FC Porto do pós-pintocostismo com Pinto da Costa, um clube sem lideres a nenhum nível e onde os jogadores vêm trabalhar todos os dias como se estivessem noutro sítio qualquer.
   

sábado, 13 de fevereiro de 2016

SMS do dia

Antes de ser o José Peseiro, sou o treinador FC do Porto.

Chegou há meia-dúzia de dias, e já dá "goleadas" de Portismo (e profissionalismo) a alguns figurões; houvesse vergonha...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

"Santo" Casillas

Enorme Iker Casillas!

E (quase) tudo Casillas defendeu.
Até uma tentativa (involuntária) de Indi que, não fosse Casillas, teria marcado um golo espectacular... na baliza errada.
Ainda não revi o jogo, nem sequer um resumo mas, se bem me lembro, foram uns 4 ou 5 "golos certos" que Iker Casillas evitou.
Fantástica exibição do guarda-redes internacional espanhol que, hoje, foi absolutamente decisivo para o FC Porto conquistar 3 pontos no estádio da Luz e regressar ao Porto com mais uma vitória em... Lisboa.

Muito bem, também, estiveram os dois "toscos" do meio-campo portista: Danilo e, principalmente, Herrera. Grande golo e grande jogo do internacional mexicano!

O SLB "goleou"... em oportunidades.
O FCP marcou 2 golos e... ganhou o jogo.


P.S. Após 45 minutos de integração e adaptação à equipa principal, na 2ª parte Chidozie mostrou que talvez (talvez!) já seja o melhor defesa-central do plantel do FC Porto. O que quer dizer alguma coisa acerca deste jovem nigeriano de 19 anos... e dos restantes defesas-centrais do plantel.

P.S.2 O SLB de Rui Vitória não é grande coisa. Esta época já disputou 5 clássicos, três contra os vizinhos da 2ª circular e dois contra o FC Porto e perdeu-os todos (não pode ser só "azar" ou culpa dos árbitros). Mas, atenção, no campeonato continua à frente do FC Porto (com mais 3 pontos).

Adaptações na Luz?

Segundo O JOGO de hoje (jornal que costuma estar bem informado acerca dos assuntos relacionados com o FC Porto), no SLB x FCP de logo à noite Danilo Pereira formará dupla com Indi, no centro da defesa portista.

Contudo, em declarações ao Record, um ex-defesa central dos dragões, o brasileiro Aloísio (que saudades de ver profissionais como o Aloísio no plantel do meu clube), avisa que o recuo de Danilo é uma opção que poderá comprometer o equilíbrio da equipa, porque “ao deslocar Danilo para central, o FC Porto perderia uma referência no meio-campo, onde faz uma boa dupla com Herrera”.

Ou seja, as opiniões dividem-se mas, aparentemente, o treinador tem apenas duas possibilidades:

1ª) Adaptar um médio defensivo – Danilo Pereira – a defesa-central, o que o obriga a mexer em duas posições fundamentais da equipa: no médio-defensivo (Danilo tem sido titular indiscutível) e na dupla de centrais.

2ª) Optar por um dos defesas centrais da equipa B – o ex-médio defensivo Chidozie (*) – o qual, esta época, tem vindo a ser trabalhado e adaptado à nova posição por Luís Castro.

(*) Para quem não sabe, Chidozie Awaziem é um jogador nigeriano de 19 anos (ainda podia jogar nos Sub-19!) e que o ano passado jogava a médio defensivo na equipa de juniores do FC Porto.

Quantos jogos completos é que a dupla Danilo-Indi já fez junta?
Quantos jogos completos é que a dupla Chidozie-Indi já fez junta?
Quantos jogos é que o Chidozie já disputou na I Liga?

Como é que foi possível, o FC Porto chegar ao absolutamente decisivo jogo da Luz e, para formar a dupla de defesas-centrais, o treinador estar nesta situação?

As razões imediatas são conhecidas.

Segundo a versão oficial, Marcano fica de fora devido a “uma distensão na face posterior da coxa direita”.
E Maicon fica de fora porque … (cada um preencha as reticências como quiser).

Contudo, é preciso recordar aos portistas menos atentos que, há duas semanas atrás, no fecho do mercado de Janeiro, a SAD “despachou” dois defesas centrais:

Igor Lichnovsky, um defesa chileno de 21 anos (era o 4º defesa central do plantel), foi emprestado ao Sporting Gijón;

Maurício Antônio, um defesa-central brasileiro de 24 anos, que estava na equipa B foi, no âmbito do negócio José Sá – Marega, emprestado (?) aos nossos “amigos” do Marítimo.

Eu nem sei o que dizer mas, num clube altamente profissional, com uma estrutura pesada e paga a peso de ouro, tudo isto me parece um bocadinho… amador.

Enfim, boa sorte para o treinador e para os jogadores do meu clube que, logo à noite, irão pisar o relvado do estádio da Luz porque, nas circunstâncias atuais do Clube/SAD e com tantas contrariedades (a maior parte delas com origem interna), bem vão precisar.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Seja esperto, seja como o Rui


Sou portuense e portista, a ordem certa que venha o diabo e escolha porque nem eu sei ao certo mas tenho profundo orgulho de ambas. Tudo aquilo de positivo que acontece à minha cidade e ao meu clube é sempre motivo de regozijo. E poucas coisas têm sido tão positivas nos últimos tempos como Rui Moreira. O Presidente da Câmara Municipal do Porto - portuense e portista, seguramente numa ordem que ele também não saberá ao certo precisar - é uma lufada de ar fresco e um sinal de esperança para todos aqueles que sobreviveram ao cinzentismo dos últimos quinze anos na Invicta. É também um sinal de esperança para todos os portistas.

Há uns largos tempos atrás o RP publicou uma série de textos opinativos em que se abordavam os perfis dos futuros presidenciáveis do clube. Nenhum parecia ser tão consensual como o de Rui Moreira, ainda que já na altura se mencionasse a sua ambição política (confirmada) e a sua presença como cronista no jornal A Bola (se podem atacar Vitor Baía por colaborar com o Correio, que diriam de quem colaborou com A Bola?). Era um perfil que gerava as dúvidas naturais de quem não era particularmente distante da SAD vigente mas que, ao mesmo tempo, nunca se posicionou abertamente como presidenciável por ter outra frente aberta. O facto é que ele podia ter sido - nas palavras de um grande portista - o Joan Laporta que o clube necessitava depois de décadas de um perfil radicalmente distinto que ajudou a elevar o clube aos píncaros da glória mas parecia desgastado. Laporta fez isso com o Barcelona e foi chave para cimentar o êxito actual. Moreira é, seguramente, uma pessoa muito mais séria e de fiar do que um Laporta rodeado de polémicas por todos os lados, mas a ideia de regeneração (a todos os níveis) desde dentro era o plano. Infelizmente para o FC Porto e felizmente para a cidade do Porto, Rui Moreira deu um murro na mesa e apresentou uma candidatura independente à Câmara para acabar com o compadrio partidário que representava Luís Filipe Menezes, o candidato "salta-pontinhas". Moreira ganhou, ganhou bem e ganhou de forma tão surpreendente que foi noticia um pouco por todo o Mundo. Poucos tinham defendido tanto a cidade como ele durante o seu mandato à frente da ACP. Os que nele acreditaram esperavam o mesmo perfil agora à frente da Câmara Municipal e não  se enganaram. Desde o momento em que foi eleito Rui Moreira não lutou apenas para melhorar a vida quotidiana dos portuenses - depois de década e meia de cinzentismo orçamental - mas também se ergueu como o grande defensor da cidade e região contra o asfixiante centralismo da capital. Fê-lo como sempre, com elegância, classe, valores mas uma autoridade moral que ninguém podia questionar (e quem não se lembra do seu abandono no programa Trio de Ataque, um ataque de portismo do mais exemplar que se viu em Portugal). Fê-lo, sobretudo, por convicção e por amor à sua cidade.   


Olhando para as últimas batalhas ganhas por Moreira ficamos sempre, nós, os portuenses, nós os nortenhos, orgulhosos de um homem assim. Para os que também somos, naturalmente, portistas, fica também a pontinha de inveja. Como queríamos um líder deste nível à frente dos destinos do nosso clube. Hoje o FC Porto precisa mais de Rui Moreira do que nunca precisou. 
Quando todos calam, ele levanta a voz. Quando todos tentam desviar as atenções, ele enfrenta as balas. Quando uns misturam alhos e bugalhos para ir pelas costas, ele vai de frente. Rui Moreira tem demonstrado ser um líder exemplar e espero, sinceramente, para o bem da cidade, que cumpra todos os mandatos a que legalmente se possa candidatar. O Porto agradecerá enormemente ter alguém como ele a conduzir os destinos da cidade. O Clube, esse, terá de olhar e procurar inspiração num perfil similar ainda que não seja fácil. Ruis Moreiras não há muitos.

Olhando para o panorama actual, é difícil encontrar no Clube o defensor absoluto da cidade e região que já foi. O elo de identidade desaparecido. Os valores perdidos. A conexão apagada. A história reescrita. O Porto não deve nunca deixar de ser a máxima referência e prioridade do FC Porto por muito que este procure, legitimamente, expandir-se para a China, Colômbia, México, Espanha ou Nova Zelândia. Se alguma vez chegamos onde chegamos foi também pelas nossas origens. Hoje, como nunca, nota-se a falta desses laços. Desses jogadores da casa que entendem cada palavra murmurada pelas gaivotas. Desses dirigentes que se preocupam com o Clube e com a cidade muito mais do que com arranjar trabalho para filhos, genros, cunhados, irmãos e companheiras dentro da estrutura do clube, repartindo benesses que pertencem a todos os sócios e accionistas, a dedo. Desses adeptos que antes faziam das Antas uma plataforma gigante de portismo e de sentimento nortenho e que agora gelam o Dragão ao som do sorver de bebidas, do mastigar de pipocas e de assobios que envergonhariam as pedras da Constituição.


Rui Moreira pode não estar disponível nos próximos dez anos para ser Presidente do FC Porto mas o seu exemplo está aí, para todos verem. O Presidente da Câmara não dá trabalho à família num organismo que é de todos. Não se preocupa em beneficiar os amigos de fora - os fundos legais e suspeitos, os agentes e comissionistas - e sim os seus concidadãos através da dinamização das forças-vivas da cidade que crescem com o turismo, a indústria e as marcas mais fortes da Invicta onde está, inevitavelmente, o nosso clube. Rui Moreira não se cala quando se prejudica o Porto da mesma maneira que outros calam quando se prejudica o FC Porto. Não se vende àqueles que insultam a cidade como outros se vendem àqueles que insultaram o clube e os recebem entre mordomias no palco presidencial. Rui Moreira pode não ser o próximo Presidente do FC Porto mas alguém que siga o seu exemplo deveria sê-lo. O Rui é esperto. O Rui é fiel. O Rui é frontal. O Rui é honesto. O Rui é corajoso. Futuro presidente do FC Porto, seja esperto. Seja como o Rui.
   

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Maicon a capitão? Próximo!

O que é um capitão do FC Porto? Qual é o perfil de jogador?

A pergunta terá certamente muitas respostas, algumas com partes bem antagónicas, mas todas elas têm de certeza uma coisa em comum: o FC Porto está em primeiro das prioridades, no topo, sem excepções. No campo só há um pensamento, e esse é o FC Porto!

Tem que ser alguém que quebra antes de torcer, que quando a situação aperta cerra os dentes e empurra para a frente, que não conhece a palavra desistir, que quando perde não dorme, que chora com os adeptos sofrem com uma derrota. Tem de ser um de nós. Um portista!

O Maicon, o Herrera, o Brahimi, o Indi, algum deles é isso?
Já foi visto várias vezes, mas no ultimo jogo assistiu-se, mais uma vez, ao atropelo de uma das tradições em campo do FC Porto desde que eu me lembro: em casa jogamos a segunda parte para sul. Isto só não acontece quando o sorteio não o permite. No domingo passado, o Arouca saiu com a bola, o que faz com que tenha sido o capitão do FC Porto a pedir para jogar na primeira parte para sul.
A gota de água que fez transbordar o copo que tinha a paciência para aturar um jogador medíocre como o Maicon, foi ele ter abandonado o campo a meio de uma jogada, quando os seus colegas de equipa precisavam dele... Naquele momento devia ter pedido a substituição, cerrado os dentes, e aguentava em campo o tempo que fosse preciso, nem que tivesse que disputar os lances com o pé debaixo do braço!

Melhor do que utilizar palavras, há dois vídeos que mostram bem o que para mim é um capitão.

Capitão João Pinto a receber a Taça de Portugal debaixo de uma chuva de objetos


Capitão Pedro Emanuel, a mancar, tenta em desespero de causa tirar um bola de dentro da baliza

"Quando falo da ausência e do desaparecimento daquilo que é a mística e as referência do que é a cultura do FC Porto, refiro-me a isto. Isto é impensável. Vi o João Pinto, e só para falar dos meus capitães, a ter um dedo do pé fraturado e a obrigar o médico a dá-lo como apto para ir lá para dentro, rasgando a bota do lado esquerdo onde o dedo estava em contacto e pintando a meia branca de preto para poder ir lá para dentro. Quando vemos o nosso capitão a fazer aquilo, vamos com ele até à morte. É isto a transmissão de valores. Ele aprendeu com alguém, eu e o Fernando Couto com ele, o Jorge Costa connosco e a seguir o Bruno Alves e outros tomaram o testemunho."
Por Vitor Baia

Há várias histórias de capitães que deram tudo pelo FC Porto, noutros tempos, em que estar no FC Porto era o destino, um concretizar de um sonho, e não apenas um mero ponto de passagem para um salto para um contrato das arábias. Esses tempos passaram, e nunca mais vão existir planteis carregados jogadores satisfeitos por este poder ser o seu último clube, mas não há espaço para dois ou três? Que possam ser capitães em campo e fora dele, e que possam representar tudo aquilo que este clube é para nós? 

O que preciso num capitão? Que seja portista, que seja do Norte,que tenha feito o máximo percurso na formação, que sofra connosco quando as coisas não corram bem, que seja dos nossos... 

Neste plantel vejo um candidato: André de seus dois nomes...

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

O programa eleitoral

O FC Porto está a uma distância praticamente irrecuperável do título e depende, e muito, do que faça na próxima sexta-feira o acesso directo à Champions League e aos seus 12 milhões de euros garantidos. Não é por casualidade que o sorteio preliminar é cada vez mais exigente. Não caem Lille´s todos os anos do céu. Como se ninguém desse por isso, como habitual, daqui a dois meses há igualmente eleições. Possivelmente, como habitual, com lista única e vencedora antecipada.

Um processo eleitoral é algo que não se valoriza nunca o suficiente. É um elemento fundamental - não único nem exclusivo mas fundamental - da vida de uma instituição, a voz daqueles que fazem dessa instituição algo seu. E antes de uma eleição o lógico é que quem possa votar tenha acesso ao programa eleitoral ou, pelo menos, a um programa de intenções para os anos de mandato. Há clubes que transformam as suas eleições numa espécie de corrida à Casa Branca - casos do Real ou Barcelona - onde se prometem estrelas, investimentos, projectos, onde se debatem ideias. Cada candidato apresenta o seu programa e sabe que corre o risco de ser culpabilizado durante os anos de mandato se não cumprir o prometido. A Laporta muitos adeptos lhe criticaram o bluff que foi dizer que contava com Beckham mas ninguém ousou questionar quando colocou no seu programa a extinção da claque Boixos Nous, um grupo ultra-violento. Não cumpriu o primeiro - trouxe Ronaldinho, melhor decisão ainda que menos mediática então - mas fez o que tinha de fazer com a claque. Florentino Perez, já sabemos, colocou por escrito que pagaria do seu bolso o lugar anual de todos os sócios do Real Madrid se não trouxesse Figo. Com as cartas na mesa é mais fácil votar.
No caso do FC Porto, não sabemos realmente nada disto porque discutir ideias eleitorais para o futuro do clube é algo que desde 1982 desapareceu do mapa. Basicamente o caminho tem-se feito caminhando, à base da crença. Não foi, longe disso, um mau caminho. Mas há muito que derrapou ainda que se continue a avançar, agora por descampados abandonados em vez de estradas bem asfaltadas. E porquê? Porque sim.



A dois meses das eleições eu gostava de saber qual era o programa eleitoral para os próximos quatro anos de clube. Que podemos esperar de quem vai governar na certa - mesmo que surja, espontânea, das entranhas do portismo mais corajoso, uma lista alternativa - os destinos do clube até 2020?
Já sabemos que o candidato ganhador está de boa saúde (felizmente) e quer construir um grande centro de formação para o futuro. É um discurso copiado dos anos oitenta, quando se prometiam museus (que demorou mais de duas décadas), pavilhões (que demorou uma eternidade), e um eterno pulso contra os interesses asfixiantes da capital (que é um discurso indigno, aparentemente, nos dias que correm). Portanto calculem o centro de formação lá para 2030. Se tiver atrás o mesmo gestor do projecto Visão, juntem mais uma década até resolver todos os problemas estruturais e em 2040 La Masia vai estar nas margens do Douro na certa.
Mas, há algo mais a que o sócio portista possa acudir quando vá colocar o seu voto? Tem havido sinais de ideias para o futuro? Neste momento, prima, o silêncio o que nos permite suspeitar que o programa ainda está a ser organizado pelo que podemos antecipar, talvez, que pontos poderão ser incluídos. A saber:

- o FC Porto deixará de falar de árbitros. O FC Porto deixará de falar do Conselho de Arbitragem, dos kits a árbitros, dos jantares e almoços, dos sorteios...o FC Porto deixará de denunciar a corrupção arbitral e a influência dos clubes de Lisboa nas tomas de poder. Isso é indigno do FC Porto. Quando, em última análise, a direcção quiser mencionar algo, será de forma metafórica e graciosa - via email - porque estamos acima dessas coisas.

- a comunicação externa será gerida por mulheres, companheiras e amigas de funcionários do clube, independentemente do seu estatuto no organigrama. São pessoas de confiança e tudo o que disserem reflecte o que pensamos. Poupam-se assim os salários dos eventuais relações públicas que podem ser investidos em contratações para instituições ligadas ao clube de pessoas de confiança. Que sejam ou não familiares directas de funcionários do clube é irrelevante...porque estamos acima dessas coisas.



- não há necessidade de uma direcção desportiva. Temos externalizados os serviços de contratação, negociação de contratos, agenciamento, scouting e empréstimos a uns amigos porreiros que só querem o melhor para o clube. Vamos brevemente abrir duas novas delegações negociais, uma numa aldeia perdida das Midlands a meio caminho de tudo o que é clube rasca mas rico da Premier e outra na costa chinesa, a pouca distância de Macau, porque esse é o futuro. Não se preocupem com os orçamentos desproporcionados, o aumento dos gastos anuais em salários ou o plantel de guarda-redes que estamos a formar paralelamente para começar um novo desporto. Confiamos nos nossos amigos mesmo quando publicamente dizemos que nos enganaram por contratarem um jogador um ano antes de nós nos termos dado conta e cuja chegada foi evidentemente exigência do treinador.

- a pessoa que estiver sentada no banco com o estatuto do treinador é um acessório que se vende em separado e pode ser trocado ciclicamente sem influenciar a qualidade do produto. A estrutura somos nós, quem ganha somos nós e esse senhor sabe disso e deve assumi-lo desde o primeiro momento. No entanto, como lhe estamos a fazer um favor ao tê-lo ao serviço do maior clube português, como contrapartida deve assumir que no contrato há uma clausula invisível que diz que deve dar a cara pelo clube sempre, dizer tudo aquilo que nos reservamos e que ao menor sinal de barulho terá de abandonar o navio, mesmo que o tenhamos elogiado semanas antes, porque aqui o mérito é nosso...a culpa, dele.

- os sócios, adeptos, simpatizantes ou turistas da Ryanair que vão ao estádio são consumidores e o que pensem ou não do clube importa-nos pouco porque temos claro o nosso caminho e com quem e como queremos trabalhar. Agradecemos os aplausos, os gritos de apoio, as compras de equipamentos, kits, cachorros e pipocas e sobretudo que tenham a sensatez de assobiar a pessoa que estiver sentada no banco ou qualquer um dos tipos vestidos em campo que pertencem à empresa de externalização de serviços porque nos permitem resolver os problemas facilmente. Como? Porque a culpa, já sabemos, é deles.

- ser campeão está demodé. ser uma equipa competitiva na Europa é tão século XX. Nós pensamos em grande. O nosso objectivo é "Somos Porto" e com isso dizemos tudo. A questão desportiva de ganhar, perder ou empatar, ser eliminados de torneios de primeira ou terceira, conectar a equipa B com os A, isso são questões aborrecidas. O mundo intenso e emocionante dos jantares, das transferências com clubes presididos por tipos que nos insultam, o falar espanhol para o El Pais e falar chinês para o Diario de Pequim, isso é que está a dar. Temos um canal catita e familiar, um estádio state of the art com pavilhão e museu ao lado que é a inveja do mundo e ganhamos umas coisas nos últimos cinco anos, que mais querem?



Há coisas que se dizem, há coisas que se sentem. O FC Porto vai a eleições, provavelmente sem listas (no plural) e sem programa (no singular). Mas isso não significa que se vá a eleições sem um plano de futuro concreto, mesmo que oculto e silenciado por ruidos externos que permitem tapar tanta, tanta coisa. A votos, realmente, vão duas Champions League, duas Intercontinentais, duas UEFA/Europa League, 20 Ligas... tudo entre 58 titulos. Que o mais recente campeonato seja de um mandato anterior e que, desde então não haja nada para oferecer a não ser um bilhete para o museu, diz muito da necessidade de um programa publico de futuro (que treinador, que fazer com a formação, que direcção desportiva, que organigrama, que fazer para controlar gastos....) e de uma lista alternativa com as suas ideias claras. E não vale qualquer lista nem qualquer programa porque isto é o FC Porto e os sócios do clube merecem sempre o melhor. Duvido que seja isso que vão ter sobre a mesa no boletim de voto daqui a dois meses.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

“Cansei dessa merda aqui!”

Mensagem da mulher de Maicon no Instagram (fonte: Maisfutebol)

«A mulher de Maicon, Úrsula Roque, partilhou uma publicação no Instagram na qual tece duras críticas a quem descreve como “quem se diz doutores” e que responsabiliza pelas dificuldades físicas do defesa-central.

Eu vou apoiar-te sempre porque sei o tanto que ama esse clube por que tantas vezes já brigou comigo para focar no Porto! Quem está vaiando não sabe o que passou aqui. A culpa não é sua, já faz 4 meses que tenta voltar a 100% e não consegue porque o erro não foi seu e sim de quem se diz doutores! Um absurdo não conseguir melhorar um jogador que treina de manhã e à tarde todo o dia para voltar a jogar e pede para parar e não pode! Cansei dessa merda aqui! Desculpa Maicon, sei que ama, mas eu já não aguento mais essa falta de dedicação e seriedade!”

Entretanto, Maicon já colocou a sua conta do Instagram em modo privado, assim como a sua mulher.»


Será que o FC Porto já bateu no fundo ou, como diz um amigo meu portista, ainda há mais fundo?

Enfim, como é óbvio, o que é preciso é atacar o Vítor Baía (inclusive em termos pessoais), para que isso sirva de aviso a todos os sócios do FC Porto que se atrevam a criticar esta Direção/Administração e, pior, que tenham a veleidade de estar disponíveis para assumir responsabilidades no Clube/SAD.

domingo, 7 de fevereiro de 2016

SMS do Dia

Obrigado, Maicon! O que estávamos mesmo a precisar era que alguém desviasse a atenção do facto de termos sido roubados descaramente pela enésima vez.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Lampiões “exemplares”

Um jovem adepto portista, em cadeira de rodas, ficou sem uma camisola oferecida pelo guarda-redes Raul Gudiño, após ter assistido a um jogo disputado em Inglaterra, entre as equipas B do SLB e do FC Porto, para a Premier League Cup.




Os contornos desta notícia, que descreve um acto “exemplar” de uns quantos lampiões valentões, podem ser lidos aqui.


Quem também parece ser “exemplar”, são estes dois ex-dirigentes do SLB…

Capa do Correio da Manhã de 04.02.2016