sexta-feira, 17 de junho de 2016

O espírito de Viena e do Dragão nas camisolas

É preciso animar as hostes depois de três anos de depressão e uma das formas que o clube encontrou foi realizando um reboot nas camisolas. Na prática sabemos que os projectos das marcas desportivas para os equipamentos da temporada seguinte começam a ser preparados em Novembro-Dezembro, pelo que realmente esta ideia já tem mais de meio ano na forja, mas o que conta é a intenção e o FC Porto 2016/17 vai olhar para o passado, no equipamento principal, e para as estrelas, no secundário.



Recuperar Viena é a ideia e o mote por detrás do primeiro equipamento.
Não é bem o equipamento regulamentário uma vez que as duas tiras são mais finais e com distintos tons de azul (e não o azul petróleo á Porto) e há alguma liberdade na zona das mangas mas a ideia está conseguida e colocar André André como protagonista com uma foto de fundo do pai André em Viena é um piscar de olhos nostálgico que os adeptos apreciarão. Também voltaram os saudosos - para muitos - números vermelhos, também marca da casa desses anos, ainda que tenha a apenas a apontar que as costas me parecem excessivamente brancas para tão pouco azul. Ainda assim é um equipamento mais aproximado ás tradições do clube - que já teve vários modelos mas cujas duas tiras grossas de azul sobre branco foram utilizados na esmagadora maioria dos anos e com regularidade até ao virar do milénio - e que pode trazer bons auspícios para a temporada que se avizinha.

O segundo equipamento criado pela New Balance não podia ser mais original, rompendo com esquemas antigos e com um tema que nos diz muito como Dragões. É uma excelente ideia por parte da firma, a de representar a constelação do Dragão num fundo negro - uma cor que fica sempre bem em equipamentos alternativos e que o FC Porto não utilizou nunca até ao momento - dando um aspecto visual interessante e esteticamente impecável. O emblema, esse, perde as cores normais - algo que a New Balance faz habitualmente com outros clubes quando se trata de equipamentos secundários e que pode levantar alguma polémica - e fica tipificado também em tons de branco e negro para enquadrar-se com a estética da camisola. De todos os equipamentos secundários que não recorrem ao habitual branco - estou a pensar no cor-de-rosa, castanho, azul escuro/azul marinho e os laranjas - este é provavelmente o mais original, pela positiva, e bonito. Falta saber se os jogadores se vão inspirar pelo temário e em campo, quando o utilizarem, sentir-se verdadeiras estrelas de dragão ao peito.



É sempre bom começar a sentir os sinais de uma nova temporada, renovando ilusões e esperanças, e a apresentação das novas camisolas tem o condão de gerar esse positivismo. Voltar a memórias felizes e sonhar com as estrelas apenas ajudam a reforçar essas boas vibrações. Em campo não contam para nada, ninguém ganha pelo escudo ou camisola que leve, mas ter o prazer de voltar a ver modelos que marcaram a nossa vida e que associamos directamente a grandes momentos não deixa de ser um motivo mais para acreditar que o futuro pode ser tão risonho como foi o passado. Daqui a dois meses, quando a bola efectivamente estiver a rolar, veremos se as boas sensações se traduzem em bom futebol.

Fotos: FC Porto

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Euro para dois


São dois apenas os jogadores do FCP que irão estar presentes nesta décima quinta edição do certame europeu de nações, que amanhã se inicia. Menos do que o slb (3) e também menos que o scp (4). Sinais dos tempos.

E o que podemos esperar de Casillas e Danilo? Bem, antes do mais, ambos não têm a titularidade assegurada e, por isso, até poderão ser actores secundários nas respectivas selecções. A parte positiva é que, caso consigam um lugar no primeiro "11", ambos poderão manter o lugar por mais alguns jogos dado que Espanha e, principalmente, Portugal estão em grupos relativamente fáceis e, logo, não será de esperar grandes sobressaltos, pelo menos nesta fase inicial de grupos onde, verdade seja dita, é quase impossível, a uma qualquer selecção de relevo, não obter a classificação para a fase a eliminar.

Casillas, vindo de uma época irregular, poderá ter aqui o seu último grande torneio com a camisola do seu país. David de Gea, não tendo, também ele, tido uma grande temporada, esteve, no entanto, a um nível superior. Será mais um clássico dilema entre história versus momento presente.

Danilo, ainda muito novo nestas andanças, foi dos raros jogadores portistas elogiados na época que agora terminou. Demonstrou, porém, uma tendência para cometer faltas em zonas perigosas e na comparação, talvez injusta é um facto, com Casemiro, fica claramente a perder. No jogo de Wembley demonstrou ainda uma certa lentidão de reflexos que a este nível poderão pagar-se caro.

E quanto a Portugal? Bem, após (mais) uma época demasiado longa para os grandes jogadores, o nível de cansaço das grandes selecções, poderá originar uma surpresa do género da Dinamarca em 1992 ou da Grécia em 2004.
Ora, havendo lugar a essa surpresa, ou seja não ganhando uma das favoritas (França, Alemanha, Espanha e Itália), a selecção nacional, que se encontra numa segunda-linha, poderá ter uma palavra a dizer.
Aliás, quem tem Ronaldo, nem sequer poderá falar de uma grande surpresa mas, digamos, apenas meia...

Contudo não se espera que este seja um Euro para recordar em termos de qualidade.
Será, provavelmente, semelhante ao Brasil 2014: muita parra na fase de grupos (onde os "pequenos" aproveitarão uma maior frescura física para fazer umas "flores") e, depois, um arrastar penoso até ao jogo da final, quando os "grandes" ficarem sozinhos em palco.

Neste contexto, o factor-casa terá um peso ainda mais importante. A França não falhou quando organizou em 1984 e 1998...


terça-feira, 7 de junho de 2016

Uma aposta séria na formação

Sub-19 e Equipa B (fonte: facebook do FC Porto)

A equipa B do FC Porto, formada na sua esmagadora maioria por jogadores Sub-20 e, em grande parte, por jovens provenientes dos escalões de formação portista, conquistou o duro, extenso (46 jornadas!) e muito competitivo campeonato da II Liga.


Ao serviço da seleção portuguesa, cinco jogadores do FC Porto – o guarda-redes Diogo Costa, os defesas Diogo Dalot, Diogo Queirós e Diogo Leite e o médio Lameira – sagraram-se recentemente campeões da Europa de Sub-17 tendo, uns dias depois, sido recebidos e distinguidos pelo presidente do FC Porto.


E no passado fim-de-semana…

«O FC Porto sagrou-se campeão de Sub-19. Bicampeão para ser mais preciso, depois de ontem bater o Belenenses por 3-2 na última jornada do campeonato. Foi uma recuperação fantástica, com uma segunda volta de seis vitórias e um empate que permitiram transformar o antepenúltimo lugar no final da primeira volta, a seis pontos da liderança, num saboroso título de campeão. Este título e o do FC Porto B são uma bela afirmação da nossa formação
in Dragões Diário, 05-06-2016


Estes sucessos não deixam grande margem para dúvidas. Há muitos anos que não havia tanta “matéria-prima” de qualidade nas equipas de formação portista, nomeadamente dos Sub-17 à Equipa B.

Assim sendo, parece não haver grandes desculpas para, já na próxima época, deixar de ser feita uma aposta séria e consistente em vários destes jogadores.
Naturalmente, a equipa principal não pode ser toda ela baseada em jogadores da formação. Contudo, num plantel de 23-24 jogadores, tem de haver espaço para, pelo menos, meia dúzia destes jogadores, cuja qualidade parece ser indiscutível (de outro modo não tinham ganho o que já ganharam).

Agora, de palavras de circunstância e boas intenções... Sejamos claros, só haverá uma aposta séria em jogadores da formação azul-e-branca se, da parte da Administração da SAD, essa estratégia for assumida e cumprida. Porque, como é óbvio, se neste defeso voltarem a ser contratados 10, 12 ou 15 jogadores, dificilmente haverá espaço, no plantel principal, para mais do que um ou dois jogadores desta geração portista de jovens campeões.

sexta-feira, 3 de junho de 2016

E agora DD, o silêncio?


Este animal escreveu isto sobre o jogo de ontem da Selecção Nacional:

Bruno Alves, 34 anos, jogador de futebol com uma já longa carreira, iniciada no Varzim e com passagens por clubes da Grécia, Rússia, Turquia e, claro, no FC Porto, não tinha qualquer razão para, aos 35 minutos de jogo, numa jogada perto da linha de meio campo, ter dado um pontapé na cabeça de um inglês. Porquê? Não se sabe, nunca se perceberá.

Mas sabe-se que tramou Fernando Santos, impedindo o treinador da seleção de Portugal de testar fosse o fosse para lá da defesa que, segura, se manteve impecável até sofrer um golo já nos últimos minutos.

Estaria Bruno a pensar que ainda jogava no FC Porto, no início do século, com os árbitros desse tempo? Ou julgava que já tinha voltado a jogar no FCP, com os árbitros de hoje?


E agora pergunto se o Dragões Diário, sempre pronto para reagir e a atacar de forma infame Miguel Sousa Tavares, Rui Moreira ou Vítor Baía, entre outros portistas que se atrevam a criticar a gestão da SAD, vai reagir a estas declarações insultuosas e provocatórias para com o FC Porto ou se vai ignorar e remeter-se ao silêncio.
   

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Nuno, velho perfil, novo confronto

Nuno Espirito Santo é o novo treinador do FC Porto.
A sua eleição não surpreende. Há vários anos que faz parte da lista dos futuriveis do banco do Dragão. Pela sua relação com o clube - Nuno é portista, quis ser jogador do Porto muito antes de ter, finalmente, logrado sê-lo, e viveu momentos históricos com a camisola ao peito - mas também pela sua relação com Jorge Mendes e o seu perfil, tão caro a Pinto da Costa, de jovem treinador português promissor que não ganhou nada até chegar ao Porto. Um perfil não muito diferente de Paulo Fonseca, por exemplo.

É Nuno um treinador para o FCP?
Depende do que quer o FCP para os próximos dois anos. Acabaram os tempos das vacas gordas (a corda financeira está ao pescoço) e do paleio para simplórios de que até um macaco é campeão graças á estrutura. Hoje a estrutura não existe, há um reflexo dela, do que quis ser e representou mas joga de vermelho e tem ajuda extra. Hoje o que há é uma guerra de tronos entre três grupos á volta de um Presidente que promete estar apto para liderar este novo capitulo mas que perde mais tempo em gerir os egos de quem lhe quer suceder por osmose do que a preocupar-se em defender o clube de rivais externos (para atacar os rivais internos já está o Dragão Diario). Nesse contexto, Nuno chega a um clube em guerra civil interna - ele próprio representa essa luta - e sem titulos há três anos. No melhor dos cenários o FC Porto só poderá ganhar um titulo em Maio de 2017 já que nem a Supertaça irá disputar, algo que foi fundamental no ciclo Villas-Boas/Pereira, para por um exemplo. Nesse cenário um treinador com escassa experiência, zero resultados e com problemas de jogo e de gestão de balneários era a solução? Para Pinto da Costa, para o filho de Pinto da Costa e para Jorge Mendes, sim. Para o FCP? Provavelmente não.

O que é Nuno como treinador?
Um péssimo gestor de grupo, com problemas recorrentes com jogadores e que nunca saiu a bem de nenhum projecto. Aliás, só esteve em dois projectos e em ambos casos não foi por mérito próprio e sim pelo agente que o representa. Não é nenhum ataque a Nuno, o próprio confessou-o sem qualquer tipo de pudor. O Rio Ave é, em Portugal, o clube mais próximo a Mendes e foi aí que começou a sua aventura de dois anos. O Valencia, através de Peter Lim, parceiro de negócios de Mendes, é a sua ponte preferencial actual em Espanha (já foi o Zaragoza, o Deportivo e o Atlético de Madrid pre-Simeone) e a chegada de Nuno com a mudança de dono foi o reflexo dessa postura. Nuno é um dos melhores amigos de Mendes, um homem de confiança e um amigo fiel. E por isso Mendes tem-no sempre na sua lista de prioridades para colocar em distintos projectos. A sua relação de amizade é tal que há muitos rumores - de fontes diferentes mas a indicar o mesmo - que falam abertamente que o despedimento de Nuno do Valencia e a subsequente contratação de Gary Neville - comentador de TV e amigo pessoal de Lim com quem tem negócios no Salford City e em edifícios de Manchester como promotor imobiliário- foi uma jogada para enganar os adeptos, cansados do português, e os jogadores. Nuno, á distância, continuava a coordenar treinos, questões técnicas e trabalhava com Neville de forma directa e silenciosa. E por isso, quando o FCP o abordou em Janeiro - porque o abordou, como a outros cinco treinadores - rejeitou a oportunidade que agora abraça. No fundo, continuava a trabalhar, não para o Valencia mas para Mendes, algo que só cessou quando Neville foi finalmente substituído por Pako Ayerastan, que não quis prolongar a charada e assumiu o comando da equipa totalmente.
Tendo em conta os resultados do Valencia com Nuno e com Neville, não impressiona demasiado o curriculum. Um sexto lugar no primeiro ano com o Rio Ave - algo que não é feito histórico - uma presença na final da Taça e um quarto lugar em Espanha (nesse ano o Valencia tinha o terceiro maior orçamento e gastou mais que o Atlético de Madrid com o celebre pack de 15 milhões de jogadores do Academia Seixal Encarnada) são tudo o que Nuno tem para oferecer.



Em campo, as equipas de Nuno são parecidas tanto com o Rio Ave como com o Valencia. Defesa baixa, linhas recuadas, um 433 que aposta no contra-ataque, jogo lateral e entrega do controlo do esférico ao adversário. Com Nuno, tanto o Rio Ave como o Valência marcavam poucos golos, jogavam de forma pouco atractiva (em Valência ainda hoje há quem refira a sua equipa como uma das menos atractivas da história recente do clube) e sobretudo praticavam um futebol de contenção. Contra rivais que colocavam o autocarro, sofria. Contra rivais que entregavam a iniciativa, sofria. Ou seja, contra a imensa maioria dos rivais na liga portuguesa, sofria. Não é, desde logo, o melhor dos presságios. Mais do que nunca o FCP tem de transmitir uma dupla sensação. Controlo absoluto da bola e do jogo e um gene competitivo que se perdeu nos últimos anos. Nenhuma das suas equipas tem qualquer um desses traços.
No entanto, Nuno é apenas uma escolha que trabalhará com o material que lhe for dado. A culpa nunca é toda do treinador nem os méritos o são e para julgar a Nuno convém primeiro ver que plantel vai ter disponível e se os jogadores que tem se adequam á sua ideia de jogo ou se ele será capaz de se adaptar ao que tiver nas mãos. A sua amizade com Mendes poderá - repito, poderá - facilitar algumas chegadas e saídas nesse sentido mas não será suficiente. Depois de três anos de desinvestimento e erros de casting convém montar um plantel á altura do desafio. Não se podem pedir milagres a treinadores com Suks, Maregas e afins. Mas também não se lhes pode dar caviar e receber em troca papas de sarrabulho.

Nuno é o novo treinador do FC Porto porque Pinto da Costa assim o quis. Contra a vontade de Adelino Caldeiro e o seu grupo. Contra a vontade de Antero Henriques e o seu grupo (o homem que queria Jesus e Marco Silva vai ter, pelo terceiro ano consecutivo, de ser director do departamento de futebol de um treinador que desaprova, algo inédito...se fosse sério e estivesse realmente contra essa nomeação, demitia-se por falta de confiança no seu "projecto"). Chega da mão de um player cada vez mais relevante no jogo, um novo parceiro preferencial de Jorge Mendes. Curiosamente numa recente entrevista Pinto da Costa disse que não gostaria de ver nenhum filho a presidente do clube mas Nuno é um homem de Alexandre Pinto da Costa e o seu êxito (ou fracasso) também será o seu. Num momento em que o clube necessita, mais do que nunca, de unidade, Pinto da Costa preferiu tomar partido por uma facção contra outras. Num momento em que o clube necessita, mais do que nunca, competência, entregou a equipa a um treinador que não traz nada de relevante para mostrar no CV. O tempo julgará a decisão como o fez com as anteriores. Tempo ...precisamente o que o FC Porto tem cada vez menos.
   

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Obrigado

Pondo de lado a questão se tinha/tem ou não capacidade para ser treinador do Porto - eu acho que já tivemos treinadores piores com melhores resultados - o José Peseiro, é um cavalheiro e merece todo o respeito. Não anda muito longe da verdade, dizer-se que outros recusaram o desafio que ele aceitou - e dar um passo em frente, quando numa situação difícil, e outros não o fazem, é de louvar.

Embora a sua passagem pelo Porto tenha sido um fracasso, não considero que tenha tido grande responsabilidade nisso. Não foi o José Peseiro que falhou. Foram todos aqueles à sua volta, desde os melhores do mundo, passando pelos contratadores de Suk, pelos rascas que fingem lesões e fogem, até aos tocadores de cavaquinho que não conseguem estar concentrados durante uns míseros 90 minutos.

O José Peseiro é um Senhor e merecia melhor sorte.

O penteado é que não tem perdão