quinta-feira, 31 de maio de 2018

Ricardo, Dalot e os falsos dramas



No espaço de uma semana o FC Porto ficou sem o seu lateral direito titular e o seu natural sucessor. Pode ainda perder o suplente do primeiro, com contrato por renovar. Três jogadores de uma posição que, sem ser critica, passou de ser de overbooking a uma nova dor de cabeça para Sérgio Conceição e que voltou a levantar questões entre os adeptos sobre a forma de trabalhar da SAD. A mesma que há umas semanas foi aplaudida pela renovação de Iker Casillas – figura fundamental no balneário e que demonstrou um enorme apego ao clube ao aceitar baixar o seu elevadissimo salário – agora está baixo a mira dos adeptos. Por uma vez sem grandes motivos.

Ricardo Pereira foi emprestado há três anos ao Nice. Era um extremo com algum potencial mas que poucos tinham imaginado que se poderia converter numa figura preponderante como titular a lateral direito. Lopetegui utilizou-o algumas vezes mas sem grande sucesso e ninguém, absolutamente ninguém, parecia demasiado preocupado com a duração do seu contrato, por um lado, e o valor da sua cláusula de rescisão, 25 milhões de euros, por outro. Os dois anos em França mudaram completamente o cenário. Ricardo passou de dispensável a cobiçado por meia Europa, converteu-se num lateral de projeção ofensiva tremendo, capaz de jogar em ambas bandas, e quando voltou ao Porto encontrou uma nova realidade. A chegada de Luis Gonçalves, o actual director desportivo, mudou o paradigma de trabalho. Há – e Sérgio Conceição voltou a levantar essa questão numa recente entrevista – muitos vicios antigos. Vicios da mesma direcção – e é preciso lembrar que a mesma direcção dos êxitos dos anos 80, 90 e 2000 foi a mesma do desastre desportivo e financeiro que nos atirou para os braços da UEFA na década em que estamos – mas, sobretudo, de uma cabeça que já não está. Gonçalves tem outra forma de trabalhar, mais profissional, mais enfocada com o clube e menos com o seu portfolio pessoal, e isso tem-se notado. Mas há milagres impossiveis quando o mercado é o que é, os jogadores são quem são e as limitações estão à vista de todos em cada Relatório de Contas e cada aviso da UEFA. Ricardo chegou ao Porto com meia Europa atrás e marcado por uma gestão anterior que o considerou praticamente descartável. É normal que, apesar de tudo, viesse com desconfiança e mais normal ainda que durante todo o ano achasse que não havia necessidade de renovar o contrato para, sobretudo, ampliar essa cláusula de rescisão, que Luis Gonçalves tanto tentou. Sabia que tinha mercado, sabia que tinha provado o seu valor e sabia, também, que no passado o clube o tinha descartado sem problemas. Sob a possibilidade de sair livre, a sua venda – tendo ainda para mais em conta a necessidade de gerar mais valias até ao fim do mês – faz absolutamente todo o sentido. Para o mercado de laterais direitos, Ricardo entra directamente para o top. Sim, o mercado está inflacionado e o britânico mais do que qualquer outro mas se há posição que pouco tem notado isso é a de lateral direito. Por outro lado, a um ano do final do contrato, conseguir 20 milhões de euros por um jogador que até há um ano e meio era quase visto como dispensável, nunca poderá ser um mau negócio. Em 2015 devia ter sido renovado e a cláusula ampliada, sim. Mas em 2015 poucos imaginavam a sua progressão e em 2015 quem geria o futebol do clube tinha pouco interesse em negócios sem consequências paralelas. Ricardo sai sendo um dos jogadores mais importantes de uma época fundamental, um jogador que deu sempre tudo e que merece o nosso aplauso e dentro das circunstâncias em que se move, a direcção desportiva também acaba por gerir a situação bem – é dificil que Ricardo se valorize com o Mundial e as mais valias têm de chegar antes do 30 de Junho – e com rapidez. Agora muitos podem dizer que este negócio tinha lógica pensando em que a posição estava coberta por Dalot...e agora também se perde Dalot. Não é de todo certo.

Em primeiro lugar Dalot não era para Conceição nem nunca foi a alternativa directa a Ricardo.
Desde a época passada passou a ser utilizado por Antonio Folha como lateral esquerdo porque recebeu indicações de Conceição. O técnico principal, que nunca foi muito à bola com Layun, via-o mais como alternativa a Alex do que a Ricardo, mostrando sempre que teve ocasião grande confiança em Maxi Pereira. Dalot portanto nem era o suplente de Ricardo e depois de realizar meia duzia de jogos, uma inesperada lesão cortou o seu contributo na temporada. Nada garantia que era o titular imediato de futuro para o técnico. Podia ser uma alternativa muito sólida, podia ser, sem dúvida, o titular do depois de amanhã mas nada, absolutamente nada, nos impõe a sua titularidade como um facto consumado. Por outro lado Dalot sofre, como outros jogadores da formação, da mesma consequência do mau trabalho realizado na base dos antecessores de Luis Gonçalves que se deparou com uma geração de excelentes talentos formados em casa mas pouco “mimados” pelo clube, jogadores com contratos muito inferiores ao seu valor real de futuro, a ganhar bem menos que outros jogadores que entravam em negócios com mais efeitos colaterais e cujo o futuro esteve abandonado muito tempo. Apesar de portista – e ninguém deve porque, não faz sentido, duvidar do portismo de Dalot – o jogador e a sua família, que têm sempre, nestes casos, muito a dizer, sabiam não só de um interesse de meia Europa como dessa falta de interesse, até Novembro, do clube. Foi a partir dessa altura que Luis Gonçalves começou a trabalhar num pack de renovações em que Dalot era prioridade. E durante esses meses o jogador e a família foram dizendo que sim, que não, que sim, que não, que já vemos. A oferta estava na mesa, era uma boa oferta – dentro das limitações do clube e do valor real presente do jogador – mas Dalot não estava sequer em final de contrato pelo que poucos imaginavam tanta urgência. O problema é que esse mesmo contrato original tinha uma cláusula muito baixa – um reflexo da falta de interesse do clube na formação nos anos anteriores – e que era perfeitamente acessível a meia Europa. Dalot não sai porque não renova ou porque acaba o contrato. Não sai porque quer forçar a saída. Sai porque o contrato original que lhe fizeram era mau para o clube (cláusula) e para o jogador (salário) e porque apareceu outro clube, com um perfil mediático e uma oferta financeira, irrecusável. Deixa 20 milhões de euros em caixa (para um jogador com seis jogos de A e dentro da posiçõa de lateral direito, uma cifra muito considerável), facilita a gestão do clube ao gerar mais valias e não compromete em excesso o presente (o futuro a longo prazo é outra conversa) já que, a todos os titulos, Dalot não era para Conceição o que é, por exemplo Alex Telles.

E aí é importante entender o paradigma.
Doi que Ruben Neves tivesse saído praticamente grátis para o seu real valor, literalmente empurrado pela necessidade de fazer dinheiro. Que André Silva tivesse saído sem completar sequer o seu processo formativo. São simbolos da casa que saem cedo com muito para dar. Dalot podia ter vindo a pertencer a esse clube, sem dúvida, mas a sua decisão – cuja lógica pessoal é real no mercado actual – é também reflexo de outra realidade. É cada vez mais dificil a clubes como o Porto, do seu perfil e com os seus problemas económicos, manter as pérolas da formação mais do que 3 ou 4 anos no plantel principal quando o seu valor é alto. Urge criar uma cultura de potencialização desses activos com contratos que recompensem os jogadores (salário) e protegam o clube (clausula) e esse trabalho está a ser feito...agora. O que foi (mal) feito até ao presente tem e terá ainda as suas consequências e a ida de Marcano para a Roma é só outro exemplo. Mas na definição de prioridades desportivas presentes para Conceição manter elementos chave da estrutura titular como Danilo, Alex Telles, Casillas, Felipe, Brahimi ou Marega é mais importante que pensar a dois ou três anos de distância porque as finanças do clube a isso obrigam e porque a entrada nos milhões da Champions vai exigir, cada vez mais, o título e a competitividade imediata antes de pensar no futuro. Se Dalot hoje sai por 20 milhões de euros e Ricardo, também lateral direito e também para o mesmo mercado, sai  por um valor similar, são reflexo da nossa debilidade negocial mas também de que esse mercado, o de lateral, é o que é e será muito dificil fazer negócios estratosféricos. Portanto na prática, apesar da tristeza de não ver Dalot crescer em casa – por decisão sua – não se pode falar em maus negócios em ambos casos. Fernando Fonseca terá a sua oportunidade (outra boa promessa da casa), Maxi provavelmente renove (a saída de Ricardo, Marcano e eventualmente Reyes vai também aliviar as arcas para gerir a sua renovação, do gosto do treinador) e não há um drama sobre a mesa como poderia existir se fosse Alex Telles – figura fundamental no jogo de Conceição – a sair sem alternativas imediatas. A direcção desportiva do presente está a olhar pelo futuro sem se esquecer que vive no limbo do dia a dia e também está a sobreviver ao passado e à pesada herança que recebeu. O responsável principal continua a ser o mesmo, em ambos os casos, e seguramente estas não serão as últimas consequências negativas, mas a injeção de positividade de Sérgio Conceição, o mais do que merecido titulo e uma forma de trabalhar de portas adentro tem dado sinais positivos de que algo está, realmente, a mudar no nucleo duro do Dragão.

domingo, 6 de maio de 2018

Esta festa é festa de tanta gente

A festa com o principal obreiro deste título

Todos de pé, bandeiras no ar
Todos de azul de pé a gritar
O Porto é o maior e o resto é conversa

A festa dos jogadores no hotel

E todos juntos, todos mão na mão
Todos gritando viva o Campeão
E todos juntos sempre
É sempre uma festa

A festa nos Aliados

E essa festa é festa de tanta gente
Que ser do Porto é nunca estarmos sós
É gritarmos sozinhos e de repente
Ter um milhão de vozes na nossa voz que é voz do

A festa em Lisboa

Porto, Oh Campeão
Invencível dragão
Porto o maior de Portugal
Porto nobre cidade
Terra da liberdade
Donde houve nome Portugal

Porto nobre cidade
Terra da liberdade
Donde houve nome Portugal
Porto, Oh Campeão
Invencível dragão
Porto o maior de Portugal

Todos de pé, bandeiras no ar
Todos de azul de pé a gritar
O Porto é o maior e sempre há-de ser

Nota: Fotos ojogo.pt