terça-feira, 31 de julho de 2012

O desterro dos pontas-de-lança


Hélder Postiga (30 anos), não serviu para o FC Porto, não serviu para o SCP, foi na época passada desterrado para o "ambicioso" projeto do Saragoça (e foi por um fio que não desceu de divisão).

Hugo Almeida (28 anos), não serviu para o FC Porto, esteve uns anos no Werder Bremen e na época passada foi despachado para a Turquia, onde vegeta no estranho projeto do Beşiktaş.

Orlando Sá (24 anos), não serviu para o FC Porto, na época passada esteve no Fulham (onde quase não jogou) e agora vai para Chipre, representar o AEL Limassol.

Nélson Oliveira (21 anos), grande promessa (da imprensa), grande aposta da Nike (patrocinadora dos equipamentos da FPF) e do selecionador Paulo Bento no EURO 2012, não tem qualidade suficiente para caber no plantel do slb e foi emprestado ao recém promovido Deportivo La Coruña, onde vai fazer companhia a mais seis emigrantes portugueses.

Scolari "naturalizou" Deco e Pepe; Carlos Queiroz fez o mesmo com Liedson; E Paulo Bento, onde é que irá arranjar um ponta-de-lança de jeito?

O Project Finance do Dragão


Surge este artigo na sequência de uma discussão havida no I Encontro da Bluegosfera sobre que entidades pagam e que entidades recebem, e o quê, no universo FC Porto, relativamente à construção e exploração do Estádio do Dragão.

O artigo visa a divulgação de informação que ajude ao esclarecimento das relações e dos fluxos estabelecidos entre as empresas do Grupo FC Porto. A informação a seguir reproduzida é pública e provém (em grande parte) de um Seminário da APE (Associação Portuguesa de Estádios) subordinado ao tema “Gestão de Estádios” que terá tido lugar no Estádio do Dragão em Outubro de 2010 e que contou com a participação do Dr. Fernando Gomes,então Presidente da Liga de Clubes, que certamente terá um conhecimento profundo do projecto do Dragão.


Do slide acima, constante da apresentação do Dr. Fernando Gomes, podemos concluir que o FC Porto fez um acordo com o Estado, um acordo com uma empresa imobiliária, recebeu um empréstimo intercalar dos Bancos, cedeu terrenos à Euroantas e contratou a construção do Estádio com empresas do sector. Presume-se que numa segunda fase a Euroantas terá contratado com os Bancos um empréstimo de médio e longo prazo que, juntamente com o valor dos terrenos e dos subsídios do Estado terão somado os 125 milhões de euros que custou a infra-estrutura.


O mapa acima descreve as origens e as aplicações dos fundos obtidos para a construção do Estádio. Não foi possível obter o detalhe dos montantes das rubricas descritas em aplicações de fundos.


O slide relativo ao modelo de exploração, que também consta da referida apresentação do Dr. Fernando Gomes, exibe a Euroantas como a entidade central neste processo. Foi esta sociedade que assumiu a dívida aos Bancos financiadores e é a esta que cabem no final as receitas de Corporate Hospitality (venda dos camarotes e tribuna do Estádio) mais (ou menos) o défice (ou o excedente) para fazer face ao serviço da dívida. As 3 restantes entidades, Porto SAD, Porto Estádio e Porto Comercial, têm funções muito específicas de forma a isolar a entidade que suporta o serviço da dívida – Euroantas – dos riscos de negócio que ela não controla. A Porto SAD é responsável pelo aporte de fundos deficitários (ou obtenção de fundos excedentários), a Porto Estádio é responsável pela conservação e manutenção da infra-estrutura e a Porto Comercial é responsável pela comercialização dos camarotes e tribuna do Estádio.

Segue-se transcrição de um resumo (que é parte integrante da referida apresentação) do acordo existente entre estas sociedades:

Acordo Empresarial


1. Entidade proprietária (Clube / EuroAntas)

  • Cede a exploração do Estádio (Espaço Multifuncional / Espaço Desportivo)
  • Paga o Serviço da Dívida (empréstimo de MLP)

2. Entidade exploradora (Porto Estádio)

  • Gere todo o Espaço Multifuncional
  • Assegura toda a manutenção corrente do Estádio
  • Centraliza a respectiva exploração dos espaços Desportivos
  • Organiza eventos – desportivos e outros

3. Entidade utilizadora (FC Porto SAD)

  • Utiliza o Espaço Desportivo (em regime de Cedência de Exploração semi-exclusiva
  • Assegura os fundos necessários à entidade exploradora (em caso de insuficiência de fundos)


O Relatório e Contas Consolidado da FC Porto SAD relativo ao 1º Trimestre do exercício 2011/2012 revela, no entanto, que o actual “modelo operativo do Grupo Futebol Clube do Porto, baseado na transferência de proveitos relacionados com as rendas de espaços inseridos no Estádio Dragão para o Clube”, terá de ser alterado de acordo com o “plano de acções para reduzir progressivamente a dívida” de 12,8 M€ do Clube à SAD. Além desta medida foram tomadas outras como “a revisão da política de preços e redistribuição interna das receitas de quotização dos associados entre o Clube e a FC Porto, SAD e a racionalização orçamental a médio prazo das modalidades sob a gestão do Clube”.

Esta questão já foi abordada no Reflexão Portista, em Dezembro de 2011. O FC Porto acaba por assumir que o modelo operativo preconizado para o Grupo se revelou desajustado (retirando demasiada receita ao Clube para dar à SAD) e toma agora medidas correctivas, com a necessária “aprovação das instituições financeiras”. Espera-se que estas medidas permitam ao Clube a obtenção de receita suficiente para liquidar a dívida (e os respectivos juros) à FC Porto SAD e ainda que aquele consiga atingir o desejado equilíbrio orçamental.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Mais um particular, mais uma convocatória


Mal acabou a época passada, Hulk, Danilo e Alex Sandro foram imediatamente convocados para uma digressão da seleção brasileira, que abrangeu quatro jogos particulares: Dinamarca (26 de Maio), Estados Unidos (30 de Maio), México (3 de Junho) e Argentina (9 de Junho).

Depois foram para o Brasil, onde gozaram um período de férias.

Terminadas as férias, no dia 9 de Julho integraram o estágio da canarinha tendo em vista os Jogos Olímpicos de Londres.

Atualmente estão em Inglaterra, onde poderão ficar até ao dia 11 de Agosto.

Mas desenganem-se aqueles que pensavam que a comissão de serviço (sempre ao serviço da seleção brasileira!) iria terminar após a final do Torneio Olímpico de futebol.

Soube-se hoje que todos os jogadores presentes em Londres (à exceção do lateral Marcelo, que se encontra suspenso) foram chamados por Mano Menezes para mais um jogo particular, a disputar no dia 15 de Agosto, contra a Suécia, em Estocolmo.
De facto, após os quatro jogos disputados entre 26 de Maio e 9 de Junho, a que acrescem os 4, 5 ou 6 jogos que a seleção brasileira vai disputar no Torneio Olímpico, faz todo o sentido mais um jogo particular, para os jogadores se conhecerem ainda melhor e ficarem mais entrosadinhos...

Entretanto, o clube que comprou os passes e paga os chorudos salários de Hulk, Danilo e Alex Sandro, joga a Supertaça a 11 de Agosto e vai a Barcelos, para o 1º jogo do campeonato, a 18/19 de Agosto. Mas, como é óbvio, aos senhores da FIFA isso não interessa nada. Até um dia...

domingo, 29 de julho de 2012

Moutinho em alerta amarelo



"Ele [João Moutinho] foi um dos jogadores mais importantes do Euro2012. Fez um torneio fantástico e é um jogador importante para o Porto. Isso não significa que seja o único alvo, mas é alguém para quem olhamos com interesse"
André Villas-Boas, 11/07/2012


P.S. Recordo que o Atletico Madrid avançou para a compra do passe de Radamel Falcao (40 milhões de euros), após ter vendido Kun Agüero ao Manchester City por £35 milhões.

sábado, 28 de julho de 2012

Penaltis não é com eles

A mim preocupa-me pouco perder um jogo de pré-temporada. Não jogamos particularmente bem mas também nunca fomos inferiores a uma equipa que é o terceiro crónico de Espanha desde que o Barcelona e o Real Madrid decidiram meter o turbo e deixar todos os outros a dezenas de pontos de distância. 

O que não gosto é de ver que a eterna ineficácia dos dragões em bolas paradas soma e segue. Não sei se o técnico tem por hábito ensaiar nos treinos cantos, livres e penaltis mas sempre que temos uma boa oportunidade, ela escapa-se como por milagre.

Fico contente, por um lado, que Maicon surja como alternativa ao Hulk nos livres directos mas voltar a colocar o João Moutinho (que provou pela enésima vez que penaltis não são com ele) a marcar uma grande penalidade deve ser puro masoquismo. Falharam quatro marcadores e quatro falhanços. 

Se a nível da liga já nos últimos anos falhamos alguns penaltis inoportunos, nas provas a eliminar convém sempre ter uma mão cheia de jogadores em quem o técnico possa confiar para dar segurança de que a bola acaba lá dentro. Convém começar a encontrar umas horinhas livres no plano de treinos para ampliar a nossa eficácia neste tipo de lances porque podemos pagar carro este desacerto quando realmente doa...

O campeão dos 17 penalties


«Um treinador (Laszlo Bölöni), uma figura (João Vieira Pinto) e um goleador (Mário Jardel) transformam o Sporting e proporcionam o 18.º e último título de campeão nacional para o grémio de Alvalade. (...)
O arranque é animador. A 12 de Agosto de 2001, o FC Porto perde 1-0 em Alvalade, num clássico cheio de incidentes. Sá Pinto lesiona-se aos 22 minutos e Costinha é expulso aos 37’ com duplo amarelo antes do golo de Niculae (69’). (...)
No Restelo, Marco Aurélio defende um penálti de Niculae aos três minutos, num lance bastante contestado pelo técnico dos azuis Marinho Peres, que é expulso por Martins dos Santos. (...)
A pausa de 15 dias para a dupla jornada da selecção portuguesa na qualificação para o Mundial-2002 (Andorra 7-1 e Chipre 3-1) é benéfica para o Sporting, que contrata Jardel ao Galatasaray. Na estreia do brasileiro, um golo de penálti em Leiria, à União de Mourinho (1-1). (...)
No final da primeira volta, 2-2 na Luz, quando Jardel mergulha para o penálti e engana Duarte Gomes (...)»
Rui Miguel Tovar
in jornal i, 28/04/2012


No campeonato da época 2001/02, foram assinalados 17 penalties a favor do SCP. Um recorde no futebol português.
Nessa época, os árbitros não eram todos incompetentes, nem estavam comprados (a "geração corrupta do Apito Dourado" apenas haveria de surgir, presume-se que de forma espontânea, nas duas épocas seguintes...) e até o Martins dos Santos ajudou à festa, assinalando dois penalties a favor do SCP em pleno Estádio das Antas!

Belenenses x SCP (3-0)
3': (0-0)*, Marco Aurélio defendeu o remate de Niculae

U. Leiria x SCP (1-1)
46': (0-0), Jardel

SCP x Gil Vicente (3-1)
50': (1-0), Jardel

Farense x SCP (1-3)
5': (0-0), Jardel

Salgueiros x SCP (1-5)
79': (1-3), Jardel

SCP x Boavista (2-0)
64': (1-0), Jardel

Marítimo x SCP (2-0)
60': (0-0), Jardel

slb x SCP (2-2)
85': (0-2), Jardel

FC Porto x SCP (2-2)
10': (1-0), Baía defendeu penalty de Jardel
35': (1-1), Jardel

Alverca x SCP (1-3)
80': (1-2), Jardel

SCP x U. Leiria (4-1)
44': (2-0), Jardel

SCP x SC Braga (2-2)
5': (0-0), Jardel

Santa Clara x SCP (0-3)
72': (0-0), Jardel

SCP x Marítimo (4-0)
89': (3-0), Jardel

Varzim x SCP (1-3)
65': (0-2), Jardel

SCP x slb (1-1)
89': (0-1), Jardel

(*) resultado na altura da marcação do penalty

Apesar do papel determinante que teve na caminhada leonina para o título, bem como, na conquista da 2ª bota de ouro por parte de Mário Jardel, esta “enxurrada” de penalties não entrou para a história do futebol português e muito menos faz parte da “apurada memória” de sportinguistas como o Zé Diogo Quintela. É normal, afinal tudo está bem quando acaba bem...

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O Porto Canal também esteve presente...

... no I Encontro da Bluegosfera mas, tal como o Diretor de Comunicação do FC Porto, também tiveram de sair relativamente cedo para se deslocarem para Viseu.



P.S. Em resposta a algumas críticas e sugestões que recebemos, num eventual II Encontro iremos tentar arranjar meios para efectuarmos uma gravação alargada do mesmo.

A última entrevista de Moncho López

Extratos daquela que penso ter sido a última entrevista de Moncho López como treinador do FC Porto, dada a um website espanhol especializado - Solobasket.com - uns dias após o final do campeonato (foi publicada em 4 de Junho de 2012) e quando ainda ninguém (?) sonhava com a extinção da SAD e suspensão da equipa sénior do basquetebol portista.

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El técnico del FC Porto analiza la temporada recién concluida, que acabó con la decepción de la derrota en la Final de Liga pero donde los 'Dragones' han salido victoriosos en el resto de títulos en disputa. Ramón López, más conocido en el mundo de la canasta como Moncho López (Ferrol, 1969) ha encontrado la horma de su zapato en el FC Porto. Después de varios años entrenando equipos de ACB y un verano al frente de la Selección Española, Moncho decidió trasladarse al país vecino para hacerse cargo de la Selección Portuguesa y, un año después, coger las riendas de los 'Dragones', a los que ha vuelto a convertir en un equipo ganador y con el que ha cosechado muchos títulos en las dos últimas campañas, aunque esta temporada termina con mal sabor de boca para él por caer en la final ante Benfica en el quinto encuentro en casa, en Dragao.

[Solobasket]: ¿Qué falló en la Final ante Benfica?

[Moncho López]: Un poco de todo. Después de recuperar el factor casa ganando en Lisboa en un cuarto partido excelente, y teniendo todo a favor para revalidad el título, hicimos el peor partido de la temporada en el quinto de la serie con un pabellón lleno a rebosar. Quizá nos pudo la presión, no lo sé, aún no he digerido la derrota y sigo dándole vueltas a muchas cosas.

[Solobasket]: ¿Pudo pagar el equipo el parón de no disputar semifinales? ¿Cómo vivió esa situación atípica?

[Moncho López]: Es una situación tan rara, tan extremadamente extraña, que nunca sabremos que hubiera pasado si hubiésemos jugado las semifinales. La realidad es que de repente nos encontramos con un parón de 20 días sin competición en el momento más importante de la temporada, con la consiguiente pérdida de ritmo, y sobre todo sin la posibilidad de mantener nuestras mentes y cuerpos en el estado ideal para ir creciendo hasta la final.

[Solobasket]: Aún con el mal sabor de boca final, la temporada ha sido todo un éxito.

[Moncho López]: Ha sido una muy buena temporada. Participamos en seis competiciones y hemos jugado las seis finales, ganando tres de ellas. Las que hemos perdido han sido siempre en situaciones de máximo equilibrio, faltando muy poquito para haber logrado más títulos.

[Solobasket]: Su palmarés al frente de FC Porto es envidiable, ¿Se ve muchos años al frente de los ‘Dragones’ o ve cercana una posible vuelta a España?

[Moncho López]: Tengo contrato para la próxima temporada, y espero que las cosas sigan yendo bien para que decidan mantenerme al frente de su proyecto durante más tiempo. Estoy muy contento aquí.

[Solobasket]: Ahora que es época de confeccionar plantillas, ¿Ve jugadores en la LPB que podrían dar el salto a la Liga Endesa?

[Moncho López]: Creo que sí, hay algunos jugadores que podrían jugar perfectamente en la Liga Endesa, Carlos Andrade o Joao Santos, por citar a dos de mi equipo, y que ya han jugado en nuestro país. Entre los jugadores americanos también hay algunos que podrían dar un buen rendimiento en la ACB, como es el caso de Greg Stempin y Seth Doliboa.

[Solobasket]:¿Piensa acertado que los equipos portugueses no aparezcan en competiciones europeas?

[Moncho López]: Es una situación complicada. El presupuesto de los equipos es muy limitado para configurar un plantel largo, que es lo que se necesita en Europa. Y además, el marco de contratación de la liga portuguesa no ayuda, porque aquí sólo se permiten tres jugadores no portugueses en cada plantel.

[Solobasket]: ¿Qué le falta a la LPB para tener mayor cobertura mediática?

[Moncho López]: Sobre todo que desde los organismos que tutelan la liga entiendan que la apuesta en visibilidad tiene que ser más fuerte y con mayor calidad. La web site de la federación, tiene poca información de su principal liga y no dimensiona como es debido los momentos altos de la temporada, Copa de la Liga, Copa de Portugal o play off. Tampoco hay una buena cobertura televisiva.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sinais vindos dos Açores

No quarto jogo da pré-temporada, o FC Porto venceu o Santa Clara (0-3) e conquistou o Troféu Pedro Pauleta mas, mais do que o resultado, desta deslocação aos Açores resultam vários sinais.

1) A titularidade de Fabiano. Irá mesmo ser emprestado ao Olhanense ou, conforme parece, Vítor Pereira quer o "gigante" brasileiro no plantel? E, nesse caso, qual o futuro de Bracali?

2) A renovada aposta de Djalma a lateral direito. Será que, tal como Jorge Jesus fez com Fábio Coentrão, Vítor Pereira pretende transformar o extremo angolano num lateral ofensivo?

3) Mangala a defesa esquerdo. Será isto um ensaio para alguns jogos, em que poderá ser usada uma defesa com três jogadores (numa tática de 3-4-3)? Ou seja, Maicon a descair para a direita, Otamendi no meio e Mangala a cobrir o flanco esquerdo?

4) Após o golaço contra o Celta de Vigo, Iturbe surgiu a titular, num trio de ataque com os "indiscutíveis" James e Jackson Martínez.

5) Na ausência de Hulk, é Maicon o especialista da equipa na marcação de livres diretos (neste jogo a bola não entrou, mas esteve perto).

6) Christian Atsu e Kelvin diretamente ligados aos dois golos que a equipa marcou na 2ª parte. Atsu, Kelvin e Iturbe, haverá espaço para estes três Sub-19 no plantel do FC Porto?

7) Castro, esforçado como sempre, concluiu com sucesso a bela jogada do 3º golo, mas suspeito que só deve ficar se Moutinho sair.

8) Miguel Lopes, Rolando, João Moutinho e Varela, uns dias após o regresso tardio de férias (devido ao EURO 2012), já foram chamados e fizeram os primeiros minutos da época.

9) Álvaro Pereira nem sequer fez parte do extenso lote de jogadores (23) convocados por Vítor Pereira para a viagem aos Açores. Será uma grande surpresa se em 2012/13 continuar a ser jogador do FC Porto.

10) Foi agradável ver tantos portistas a ocuparem maioritariamente as bancadas do Estádio de S. Miguel. Há 20 anos atrás, um cenário destes seria impossível.

As Olimpíadas do nosso escrete

Arrancam hoje os Jogos Olímpicos. Portugal não está presente mas o FC Porto está muito bem representado. Ironicamente, os dragões são o clube (empatado com o Santos) com mais jogadores no plantel de uma das máximas favoritas à medalha de ouro olímpica, a selecção brasileira.

Historicamente o FC Porto sempre esteve ligado ao mercado brasileiro.
É um fenómeno antigo, muito mais antigo que os contentores de empresários, a lei Bosman e o 25 de Abril. Se o Benfica só depois da Revolução dos Cravos contratou o primeiro jogador brasileiro e o Sporting cedeu ao charme do país do samba nos anos 60, nós sempre tivemos uma especial predilecção pelos artistas brasileiros. Lembro-me, de repente, de Jaburú, (e perdoem-me se me esqueço de alguém antes da sua chegada à Invicta), decisivo na conquista do titulo com outro brasileiro, Dorival Yustrich. Marcou 21 golos nessa época ao lado de Hernâni e Teixeira. Mas há mais, muitos mais. Com uma particularidade: eram desconhecidos para o público brasileiro.

O FC Porto especializou-se a comprar bom, bonito e barato no mercado sul-americano ou a descobrir jogadores brasileiros a actuar na Europa e relegados para segundo plano. Passou com Juary e o Inter, com Aloisio e o Barcelona, por exemplo. Jogadores que para os brasileiros raramente eram dignos de vestir a camisola da selecção mais respeitada da história. Nem Mário Jardel (que foi internacional três vezes), nem Artur, nem Doriva, nem Emerson, nem Deco - que preferiu jogar por Portugal quando percebeu que no Brasil ninguém o queria - eram jogadores respeitados entre a imprensa e o público brasileiro. Por isso ter um internacional brasileiro era, para os adeptos portistas, quase uma utopia (salvo o caso de Branco talvez). Uma miragem. Vendiam-nos a ideia de que os nossos eram bons, mas não bons suficientes.
Quem tinha olhos para ver sabia que não era verdade, mas os números estão aí.

E agora, de repente, o FCP tem três internacionais olímpicos do "escrete". O que mudou?



Por um lado é evidente que o Brasil dos últimos largos anos há muito que deixou de ser o Brasil do passado. É uma selecção de alto nível mas sem essa aura de invencibilidade e grandeza a que nos tinha habituados. Uma selecção sem referências claras, indecisa ainda sobre o destino dos seus melhores jogadores, miúdos como Neymar, Paulo Henrique, Óscar, Lucas Moura, Lucas Piazón..., e que tem a pressão de brilhar no próximo Mundial, disputado, 64 anos depois, em casa. Nesse contexto, essencialmente de transição, há muito espaço para juventude. E o mercado jovem foi sempre uma das nossas especialidades. Aconteceu com Anderson, em 2005. E agora com Alex Sandro e Danilo.
O FC Porto deixou de comprar jogadores baratas de perfil baixo, independentemente da idade, para passar a comprar jogadores jovens com progressão evidente e valor de mercado futuro apetecível. É evidente que os dois jogadores contratados ao Santos estão no Dragão por uma ou duas épocas, como sucedeu com Anderson. Eles sabem isso, o clube sabe isso e os adeptos, acredito, também. Mas enquanto estão no Porto e vestem a camisola brasileira trazem ao FC Porto mais do que dinheiro (pago pela CBF). Trazem prestígio.
Ser o clube europeu com mais jogadores na canarinha é algo que, ainda hoje, gera entusiasmo e faz mexer agentes, jornalistas e adeptos dos quatro cantos do Mundo. Esse é o momento em que o FC Porto tem de saber capitalizar bem o seu investimento até porque, ao contrário dos jogadores de outras épocas, estes foram pagos a preço de ouro.

Por outro lado,  há Hulk.
O brasileiro chegou como mais um dessa velha escola, descoberto numa liga obscura e transformado em referência do projecto FC Porto por mérito próprio. Ao contrário de Danilo e Alex Sandro que já eram internacionais antes de chegar ao Porto, o avançado de 26 anos conquistou um lugar na expedição como um dos três maiores de 23 anos (os outros são Marcelo, do Real Madrid, e Thiago Silva, do PSG) graças ao seu valor. Não é fácil que um jogador vindo do nada que joga num clube como o FC Porto conseguir entrar na elite. Hulk fê-lo e está aí, a disputar o ouro olímpico, porque merece. Para o clube é uma óptima noticia porque o seu passe, já valorizado pelas últimas épocas (apesar de ter-mos cometido o erro de deixar grande parte da sua percentagem valorizar-se antes de ser nossa), valerá seguramente mais uns milhões no fim de um torneio visto em todo o Mundo e disputado precisamente no país que mais parece atraido pelo seu estilo de jogo.

Hulk pode não ser o melhor jogador da esquadra canarinha, nem sequer o melhor jogador do torneio. Mas foi uma grande descoberta da directiva do clube, é um jogador acarinhado pelos adeptos, injustiçado pelas instituições do futebol português e, vindo do nada, contra tudo e contra todos, aí está. Se a mim o sucesso de Danilo e Alex Sandro diz-me pouco, sinceramente espero que o Brasil realize uma grande Olimpíada e que Hulk possa celebrar, no palco olímpico, com a mesma alegria com que o vi a calar a Luz.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os "porta-vozes"


A propósito do encontro da bluegosfera, um leitor comentou o seguinte (sobre os participantes do encontro, se bem entendi):

«[...]Não cometam o erro de considerar que são detentores da opinião dos adeptos em exclusivo. Existem alguns milhares que seguem o Clube e não se revê em “blogs”»

Bem, penso que o leitor tem toda a razão: basta assinalar que o FCP terá perto de 3 milhões de adeptos (e uns 100mil sócios), e nenhum dos blogues ou fóruns portistas na Internet tem uma audiência superior a poucos milhares, no melhor dos casos. Mesmo presumindo que alguns ecos do que é escrito chega indiretamente a mais uns quantos milhares, estamos a falar de uma pequena minoria do universo portista (ainda que melhor informada e mais militante do que a média).

No que diz respeito ao Reflexão Portista penso que nunca nenhum autor escreveu com a presunção de falar pelo universo portista: aliás, como já foi muitas vezes mencionado nem sequer falam pelo RP, apenas por si próprios ( e acontece frequentemente ver aqui autores a discordar de opiniões de colegas, já agora).

O busílis da questão está em que a participação do universo portista na vida do clube (e não incluo nisto a participação como espectador nas bancadas) é pequeníssima; repare-se por exemplo que as AGs não costumam ter mais do que uns 200 participantes. Ora... penso que a direção do clube tem a sua quota-parte de responsabilidade nisto.

Para pegar num exemplo «quente»:  que fique claro que ninguém tem razão ou deixa de a ter na questão futebol vs modalidades, é uma questão de preferências pessoais (no que me diz respeito preferia que as modalidades recebecem mais um par de milhões/ano em detrimento do futebol, mas respeito como perfeitamente legítima a opinião de quem achar por exemplo que o FCP só se devia dedicar ao futebol e fechar tudo o resto) . Mas sendo uma matéria subjectiva, a preferência da maioria dos sócios seria um dado bem objectivo.

E o meu problema precisamente é que nao se conhecem (ainda que se adivinhem em boa medida) as preferências da maioria dos sócios, que não são consultados nestas matérias (nem informalmente, quanto mais formalmente), muito menos atempadamente, e e' isso que mais critico na direção do clube no que diz respeito a esta questão. É que nem sequer a própria direção está numa posição de poder falar pela maioria dos portistas neste tema!

A direção parece agir amiúde de forma algo autista, passe o exagero; não costuma fomentar o debate, não faz sondagens ou inquéritos entre os sócios (e que fácil e barato que seria fazê-lo hoje em dia com as novas tecnologias), etc - bem pelo contrário, por vezes até desencoraja mesmo esse debate na forma por exemplo como marca e gere as AGs (como excepção positiva à regra geral assinalo terem disponibilizado o auditório JM. Pedroto para o encontro da Bluegosfera , o que é de aplaudir).

Dito isto, um colega aqui do RP acha aceitável que eles tomem as decisões todas que bem entenderem porque... foram eleitos. É uma opinião perfeitamente legítima mas permito-me discordar: as melhores e mais eficientes democracias no mundo sempre foram e sempre serão aquelas em que a democracia é participativa e algo contínua, e em que existem contra-pesos ao poder executivo (o que praticamente não existe no universo FCP), e não onde quem é eleito tem carta branca para fazer tudo o que lhes «der na telha» sem prestar quaisquer contas a ninguém até às próximas eleições, que seriam meros referendos pessoais (o que seria bastante perigoso para o FCP, a meu ver, a partir do momento futuro em que não tivermos ao leme uma figura consensual como Pinto da Costa). Quero um FCP mais parecido com uma Suíça e menos com uma Venezuela ou Rússia, se quiserem fazer um paralelo político.

É do interesse do clube fomentar esse diálogo e participação cívica de forma a não se perder o nível de exigência e sentido auto-crítico, tal como minimizar a probabilidade de que eleições futuras sejam decididas numa base demagógica (como por exemplo eleger o candidato que prometer a contratação mais sonante).

Independentemente disso acho que é de aplaudir o movimento bloguista & forista, e iniciativas como a do passado sábado. O «universo civil» portista não deve ficar sentado à espera de iniciativas do clube e deve-se mobilizar de forma a fomentar esse debate e reflexão, contribuindo (ainda que modestamente) para que os portistas em geral cada vez mais estejam familiarizados o melhor possível com dados e temas importantes do universo FCP (bem para além do «circo» imediato das contratações, etc).

Para terminar: que fique claro que todo e qualquer sócio do FCP tem toda a legitimidade do mundo para opinar e por exemplo votar em AG que mais dinheiro das quotas vá para as modalidades, mesmo que nem sequer goste delas. Para dar um exemplo extremo, um sócio até pode detestar o futebol mas ao mesmo tempo opinar legitimamente que a sua existência (e competividade) é importante para o FCP clube; consequentemente, o mesmo também terá que ser verdade no que diz respeito a quaisquer outras modalidades.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Dr Jekyll and Mr Hyde?


Serve este curto artigo para abordar a composição dos órgãos executivos de FCP clube e SAD, e a forma como isso pode hipoteticamente condicionar decisões.

Parece-me que o panorama actual em que todos os administradores executivos da SAD (Pinto da Costa, R. Teles, A. Caldeira, A. Ferreira) são também presidente e vice-presidentes do clube é nefasto aos interesses do clube, já que não são parte desinteressada em decisões SAD vs. Clube (leia-se «modalidades»), havendo à partida um «bias» intrínseco a favor da SAD. 

E porquê? Simples: é da SAD que retiram os seus rendimentos, que por acaso até são milionários (3,7 milhões de euros em 10/11, por exemplo, equivalente a uns 50mil euros/mês cada um, em média). O clube paga uma ínfima fração desse valor aos seus órgãos sociais (salvo erro não chega aos 200mil euros/ano na totalidade, e a dividir por muito mais gente). Sendo assim a tentação humana para «espremer» o clube em favor da SAD é muito considerável, mesmo que certamente algumas pessoas lhe consigam resistir. 

Quer isto dizer que eu defendo que se devia ter elencos diretivos totalmente diferentes? Não.

O extremo oposto parece-me também nefasto, podendo dar azo a prazo a guerras internas de que ninguém iria beneficiar.

Mas caramba, nem 8 nem 80... penso que o ideal seria um modelo em que o presidente coincide (tendo sido eleito pelos sócios, tal como os vice-presidentes do clube), mas mais ninguém teria assento em ambas as direções (ainda que 2 ou 3 dos restantes administradores executivos da SAD continuem a ir para lá por indicação do clube). Pode ser que nesse caso a direção do clube fosse menos "mansa" para não dizer escrava dos interesses da SAD... é que se hoje em dia não é assim, às vezes parece.

PS – o que acabei de escrever não invalida que eu ache também que a componente fixa (que foi superior a 20mil euros/mês/cabeça) dos rendimentos da direção da SAD, que é o que recebem no hipotético pior dos casos, devia ser fortemente revistos em baixa, como já aqui escrevi anteriormente. Por mim até podiam receber 50x mais do que isso em ano que se ganhe a Liga dos Campeões, por exemplo; mas considero até mesmo insultuoso para o adepto médio que tenham um salário-base tão elevado (mesmo que hipoteticamente acabemos um campeonato em 3º lugar, façamos zero na Europa e as contas estejam num estado miserável).

domingo, 22 de julho de 2012

As primeiras impressões...

... sobre o I Encontro da Bluegosfera.

I Encontro da Bluegosfera - Balanço

I Encontro da Bluegosfera - Um êxito

I Encontro da bluegosfera – O (meu) rescaldo

I Encontro da Bluegosfera Portista: rescaldo

Reflexões Sobre o I Encontro da Bluegosfera

Re: I Encontro da Bluegosfera


Apesar de não termos sido muitos (entre oradores, moderadores, elementos do FC Porto, convidados e inscritos que vieram mesmo, apenas cerca de 50 pessoas), para mim foi estimulante ver que houve umas dezenas de portistas, entre os quais muita gente jovem, que trocou uma solarenga tarde de Sábado por umas horas fechados num auditório.
E para quê?
Para falar, ouvir e participar em discussões sobre o FC Porto, as quais, sem incidirem nos habituais “temas quentes” das conversas de café (a competência do treinador, a qualidade dos novos reforços, os árbitros), motivaram animadas trocas de ideias, com diferentes perspetivas, sobre o clube, a SAD, as modalidades de alta competição, a estratégia e canais de comunicação oficiais, etc.

De resto, foi um prazer rever algumas caras conhecidas, bem como, conhecer e trocar algumas palavras com portistas que apenas conhecia virtualmente.

Quem não quis, ou não pôde, ir a este 1º Encontro, poderá dar uma vista de olhos a umas dezenas de fotos que o Pedro Blue, do Fotos da Curva, tirou abrangendo os momentos preliminares, a recepção, a abertura, a intervenção do Diretor de Comunicação do FC Porto e as apresentações do Painel 1.

Act. 23/07/2012, 13:30

sábado, 21 de julho de 2012

iTurbo

(clicar na imagem para a ampliar)

Não vi o FC Porto x Celta Vigo de hoje, porque às 21h00 ainda estava no Auditório José Maria Pedroto, no rescaldo do I Encontro da Bluegosfera.

Contudo, já deu para ver os golos, num pequeno resumo do Porto Canal, e meus amigos, que golaço do "novo Messi"!



Foto: Maisfutebol

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Que tipo de clube querem os sócios ao certo?


Como matéria de reflexão para os participantes do encontro da bluegosfera que terá lugar amanhã e para os portistas em geral, em particular os sócios, deixo aqui 7 perguntas cruciais que me vieram à cabeça a propósito da extinção do básquete profissional. 

1   1) O FCP é alegadamente uma «instituição de utilidade pública».  Em que medida corresponde isso à realidade, exactamente?

Coloco a questão tendo em conta que cada vez mais a prática de desporto no clube se distingue menos de ginásios tipo Solinca e outros clubes privados (que ninguém considera como instituições de utilidade pública), onde para participar (mesmo os mais petizes) se tem que pagar de forma a cubrir os custos, ou a maior parte deles; e em que as infraestruturas do clube (Dragão Caixa, Olival, Constituição, ...) não são colocadas ao dispor da população (escolas, etc) – nem pagando, quanto mais a preço reduzido ou de borla.

     2) Os sócios do FCP querem um clube eclético (a la Barcelona) ou um clube dedicado – ou quase - ao futebol (a la Man United)? 

É uma escolha legítima dos sócios, já que mandam no clube que por sua vez manda, se assim quiser, na SAD (onde, mesmo em decisões por maioria da parte dos accionistas, é praticamente impossível aglutinar votos que derrotem propostas do clube). Se assim houver vontade, pode-se reencaminhar as receitas das quotas por inteiro para o clube e modalidades (hoje é apenas 25%) tal como forçar rendas mais altas à SAD pelo uso do estádio, ou reencaminhar receitas de merchandising de produtos do clube (que hoje vão por inteiro para a SAD). 

Um par de milhões de euros/ano pode fazer toda a diferença para as modalidades, mas corresponde a apenas 2 a 3% das receitas da SAD (que andam nos 80 milhões), não fazendo qualquer diferença entre ganhar ou perder campeonatos. Ou se preferirem, corresponde a uns 10% do preço de um Danilo.

      3)      Que modalidades querem salvaguardar acima de tudo? E a que nível de competitividade?
Eu quero um FCP eclético, mas divido conceptualmente as modalidades em dois tipos: as fundamentais  (como básquete, andebol e hóquei) , e as dispensáveis (pesca desportiva, campismo, futebol de praia, caça aos gambuzinos, ...). No caso das fundamentais, um défice estrutural é aceitável, desde que não excessivo;  as outras devem-se pagar a si próprias, ou no pior dos casos aceita-se um défice minúsculo (milhares de euros por ano) e/ou muito pontual. 

Quando à segunda questão, clarifico: é para ter equipas para ganhar títulos europeus? Ou apenas nacionais? Ou nem necessariamente isso? A verdadeira questão não é tão simples como «ter básquete ou não».

      4)      Até que ponto estão dispostos a sustentar défices nas modalidades em detrimento de outras (começando pelo futebol)?

Eu quero sem dúvida ter modalidades de alta competição fortes, mas não a qualquer custo.

Pegando no exemplo do básquete: não tenho problema que seja preciso «injectar» centenas de milhares de euros para ter um FCP que lute pelo título nacional, mas já não aceito que se tenha que injectar muitos milhões por ano de forma a ter uma equipa que lute por títulos europeus (onde há rivais com orçamentos superiores a 20 milhões de euros), à custa da competitividade do futebol (onde 10 ou 20 milhões a menos já podem fazer uma grande diferença). O que me leva a outra pergunta...

      5)      Mas afinal de contas quanto era o «buraco» no básquete profissional, aproximadamente?

Quando se toma uma decisão tão drástica convém que se explique direitinho, e os $$ em questão são um dado fulcral, que não foi mencionado. O «buraco» era de 10 mil euros/ano? 100mil? 1 milhão? Mais?
Estou certo que não ultrapassava 1 milhão, no pior dos casos, e todos os anos o clube envia 3 milhões de euros das quotas para a SAD. Porque não foi considerada a opção de propor um aumento de % de receitas das quotas dos sócios para as modalidades (em detrimento da SAD), de forma a evitar esta decisão drástica? O que me leva a outra pergunta...
  
6   6)   A direção do clube – que é basicamente a mesma da SAD - consultou (formal ou informalmente) os sócios sobre as questões acima abordadas?

Não. Nada. Népias. Porquê?

A meu ver os sócios não podem servir apenas para pagar quotas e votar de 3 em 3 anos (para além de serem consumidores dos produtos FCP, incluindo os jogos) - para além das AGs é incompreensível que não se utilizem por exemplo as novas tecnologias (para além de email, facilmente se fazem sondagens na Internet restritas a sócios).

É incompreensível (para mim) que numa decisão tão importante não tenha havido uma iniciativa de discussão mais ou menos pública com várias iterações e estudando várias opções de forma atempada (ainda que de forma não-vinculativa). Eu até compreendia que se fechasse o básquete profissional se o risco tivesse sido mencionado com muitos meses de antecedência e tivesse havido uma discussão aprofundada e alargada sobre as opções possíveis antes da tomada final de decisão (sendo uma delas apertar o cinto e lutar pelo meio da tabela, por exemplo, para não falar do já mencionado aumento de transferência de receitas de quotas), mas não foi de todo o caso, criando esta decisão «em cima do joelho» mesmo um problema com jogadores sob contrato e Relações Públicas (vidé notícias em Espanha, a propósito do Moncho). O que leva à pergunta final...

            7)      Deveriam os estatutos do clube serem mudados?

Penso que sim, e com a seguinte modificação: decisões-chave como a criação ou extinção de novas SADs para as modalidades, o encerrar da atividade profissional das modalidades de alta competição (lista específica de quais são essas modalidades a definir através de votação pelos sócios - e quem sabe para a maioria o básquete se calhar não é estratégico, o que duvido muito, mas o ponto é que só os consultando para se saber ao certo)  ou a abertura de novas modalidades de alta-competição (definindo como tal modalidades cujo orçamento seja superior a «x», por exemplo 500mil euros) só poderiam ser tomadas após aprovação em AG extraordinária

A direção do clube continuaria a dispor de autonomia total em decisões sobre o orçamento exacto e gestão operacional dessas modalidades, abertura/encerramento de outras modalidades, e sobre os escalões de formação na alta competição. Mas não em decisões que considero estratégicas, que pela sua dimensão requerem uma consulta específica aos sócios (já agora, aquando das últimas eleições a direção nunca mencionou a possibilidade de encerrar o básquete profissional).

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Destruir um pedaço do escudo


O FC Porto decidiu extinguir a secção de basquetebol profissional, avançam os site dos jornais desportivos “A Bola” e “O Jogo“.
Segundo “A Bola”, a decisão resultou de uma reunião entre os principais dirigentes do FC Porto e ficou a dever-se, em grande parte, às dificuldades financeiras por que passam as modalidades dos azuis e brancos.
Também “O Jogo” fala em “dificuldades financeiras” como causa principal para a opção do FC Porto. Segundo este jornal, os escalões de formação continuam em actividade, pelo que a modalidade não fecha portas no FC Porto.
À TSF, o presidente da Federação Portuguesa de Basquetebol, Mário Saldanha, confirmou a notícia, que diz ter recebido com “tristeza”.
“Era um dos clubes mais antigos inscritos na federação, é um clube com imensos títulos, tem dado muita projecção ao basquetebol português. É, portanto, uma situação que entristece qualquer pessoa que seja da família do basquetebol”, referiu o dirigente à TSF.
O FC Porto ainda não comentou a notícia.


O FC Porto falhou o prazo limite de inscrição na Liga portuguesa de basquetebol e vai ficar afastado da temporada 2012/2013, revelou esta quinta-feira fonte da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB).
O prazo de inscrição terminou esta quinta às 18h e nenhum pedido de inscrição por parte da equipa dos “dragões”, finalistas na última temporada e campeões em 2010/11, foi recebido nos serviços administrativos do organismo.
Segundo a mesma fonte, o FC Porto não deu, para já, qualquer justificação ou explicação à FPB por esta ausência do próximo campeonato nacional.

in Porto24

Face à actual conjuntura federativa, à forma como o basquetebol tem vindo a ser gerido em Portugal e à actual situação económica, a direcção do FC Porto deliberou tomar as seguintes medidas:
1 – Suspender a sua equipa sénior de basquetebol;
2 – Proceder à liquidação e dissolução da Futebol Clube do Porto – Basquetebol, S.A.D., iniciando desde já todas as “démarches” para tal desiderato, solicitando a convocatória da competente assembleia-geral para o efeito e transferindo a actividade da modalidade para o Futebol Clube do Porto;
Comunicado oficial FC Porto


Confirma-se, a mais triste noticia da nação azul e branca nos últimos tempos. Desde a primeira notícia até ao comunicado oficial - que só surgiu depois de oficialmente já se saber que o FC Porto deixava de fazer parte da liga - passaram largos dias, largos cem anos. Uma postura vergonhosa por parte da direcção de um clube que, a não ser que me engane, ainda é dos adeptos e não de um politburo eterno e caduco

Nem nas mais tristes derrotas, nem quando sairam cá para fora as escutas do Apito Dourado, nem quando vejo o dinheiro que se gasta em serviços inexplicáveis, comissões por renovação de contrato e afins senti tanta tristeza e vergonha por ser sócio do FC Porto. Um clube referência pelo seu historial nas mais diversas modalidades. Apesar do nome, sempre fomos um clube de modalidades, do hockey ao andebol, do basket ao bilhar, da natação ao ciclismo, do volley ao futebol. Nos últimos anos a directiva deste clube, cujo presidente chegou ao poder a defender que era um homem das secções que entendia as realidades do clube, tem futebolizado em excesso o FCP e deixado morrer as modalidades amadoras.

Primeiro foi o fim do projecto de volley. Depois o vergonhoso periodo de transição entre o pavilhão Américo de Sá e o Dragão Caixa, onde se obrigou as equipas campeãs nacionais de basket, andebol e hockey a dormir sempre em casa alheia enquanto o orçamento da SAD para o futebol inchava e inchava. E agora, sem uma só palavra - que é o mais grave - o fim de um projecto que ainda o ano passado se sagrou campeão nacional e este ano chegou à final dos play-offs. Nem o clube nem a SAD abriram a boca quando começaram os primeiros rumores de que era o fim. Só depois de fecharam as inscrições para a liga da próxima época o clube se dignou a falar. Pouco, muito pouco!

Agora pode vir o próprio Jorge Nuno dar uma entrevista no PortoCanal de vinte horas que, digo eu, chega bastante tarde.

Se o presidente do FCP sempre soube gerir bem a sua imagem e da sua presidência junto dos adeptos, muitos terão dificuldade em compreender este longo silêncio a não ser no profundo desprezo e desinteresse pelo basket do clube. A peregrina ideia de criar uma SAD para o basket num país sem historial significativo na competição foi o enésimo erro da gestão directiva do clube e esta é a consequência inevitável. Mas o dinheiro que passa das quotas dos sócios para a SAD para pagar comissões a empresários e silêncios que podiam ser incómodos, podia perfeitamente garantir um orçamento viável para quatro ou cinco modalidades top, incluindo o basket, o volley e até o futsal. Mas isso não dá dinheiro, não faz amigos e o FC Porto, nos últimos tempos, mergulhou num cluster fechado aos adeptos, aos sócios para transformar-se numa máquina de gerar dinheiro para um núcleo cada vez mais restrito. O basket é um dano colateral. Talvez não seja o último!

O FC Porto cresceu, sobretudo, quando sentiu que devia tornar-se mais do que um clube, um símbolo local e regional, um clube de modalidades capaz de atrair a todo o tipo de adeptos, um clube com um ideário e uma mística que valia igual no balneário dos cestos, dos stickes ou das chuteiras. Começar a desmembrar esta herança histórica é o primeiro passo para destroçar a própria essência de um clube que hoje deixa-me, mais do que uma profunda tristeza, uma imensa vergonha!  




Tranquilos, com quem manda não se brinca!


O recurso apresentado pelo Benfica no Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol teve provimento. A decisão faz com que os clubes possam voltar a emprestar jogadores a clubes do mesmo escalão.A Assembleia Geral da Liga de Clubes tinha aprovado o fim dos empréstimos entre clubes da mesma Divisão. Uma decisão que não foi consensual e que motivou o recurso do Benfica, um dos emblemas que era contra esta medida, para o Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). A nova norma entraria em vigor já na época 2012/13.
Mas com a decisão do Conselho de Justiça desta quinta-feira volta tudo à estaca zero, fazendo com que tudo se mantenha como até aqui, ou seja, os clubes podem continuar a emprestar jogadores a outros emblemas do mesmo escalão.

As máfias dirigentes do nosso futebol - nomeadamente os clubes que menos tinham que lucrar com esta lei - não demoraram muito a mexer-se. Havia muito dinheiro em jogo, muitos favores que pagar, muitos empresários tristes, muitos jogadores para colocar a preço de saldo, muitos votos prometidos e muitos mais truques para manter o futebol português sob o apertado controlo de quem tem vindo a mandar nas sombras durante as últimas décadas.

O SL Benfica apresentou o recurso, o FC Porto seguramente que agradece não ter que sujar as mãos neste assunto e a "verdade desportiva" volta a ser fechada num quarto escuro. Para todos os que defendiam o futuro dos clubes portugueses, do jogador português e da sustentabilidade financeira de uma liga atada de pés e mãos às vontades de Joaquim Oliveira, já se pode respirar de alivio.

O futebol português está salvo!



PS: Levo uma semana à espera que alguém na FC Porto SAD ou alguém do FC Porto clube se pronuncie sobre a nossa equipa de basket. 
Desde 25 de Junho que a página web do clube não actualiza nenhuma informação sobre a secção. Isso não só é um insulto a todos os homens que trabalham no projecto em questão como um golpe na face de todos os adeptos e sócios da instituição. É nisto que o FCP se tem convertido nos últimos anos, um clube "futeboldependente" com um presidente que presumia de ter sido um homem das secções antes de ser um homem do futebol. 
Só me pergunto se o museu ainda irá para a frente, ou se há algum empresário a que pagar mais uma comissão de renovação de contrato até lá!

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Um centralismo que espezinha e sufoca


«(...) A ausência dessa entidade política [instâncias regionais] deu nisto: o Estado não conhece a sua própria rede de serviços, nem sabe o que foi encerrando nos últimos anos. O que encerrou, em parcos sete anos, foi só isto: 3481 escolas, 700 extensões de saúde, 9 maternidades e 16 urgências. Os distritos interiores das regiões Norte e Centro foram os mais penalizados por este pernicioso efeito da macrocefalia que decide fechar serviços sem discutir a sua relevância com a mesma pressa com que aprova a construção de mamarrachos para satisfazer egos e evitar querelas autárquicas.

Sobre o tema já fizeram discussões muitas e já produziram documentos bastantes. Nenhum deles tem a capacidade de, em escassos dois minutos e 45 segundos, sintetizar o que está em causa. Segue-se um resumo, em tradução livre, de uma cena do inefável "Sim, senhor ministro" (série da BBC, 1980-84).

Bernard Wooley (BW), secretário particular do ministro, fala com Humphrey Aplleby (HA), secretário do ministro.

BW - Acho que está na altura de pensar nos governos locais...

HA - Acha mesmo? Uma vez criadas genuínas e democráticas comunidades locais, isso não parará!...

BW - Como assim?

HA - Claro que não parará! Uma vez estabelecidas, insistirão em ter mais poder. E os políticos não as conseguirão parar. Por isso, teríamos governos regionais.

BW - E isso é um problema?

HA - O que acontece se, havendo umas terras abandonadas, por exemplo em Nottingham, nos chega alguma proposta para a criação de um hospital ou de um aeroporto?

BW - Montamos um comité interdepartamental: departamento da saúde, da educação, dos transportes, das finanças... Pedimos papéis, marcamos reuniões, discutimos, revemos tudo uma e outra vez...

HA - Precisamente: meses de trabalho frutífero que nos levam a uma conclusão madura. Se tivermos governos regionais, eles decidem tudo em Nottingham, provavelmente num par de reuniões. Completamente amadores!...

BW - É a cidade deles...

HA - E o que nos acontece a nós?

BW - Teremos menos trabalho!

HA - Muito menos trabalho (...) e muito menos poder! Se as pessoas corretas não têm poder, sabe o que acontece? As pessoas erradas passam a tê-lo... Políticos, conselheiros, eleitores normais...

BW - E não é suposto ser assim?

HA - Esta é a democracia britânica! E a democracia britânica reconhece que é necessário um sistema para tratar das coisas importantes da vida e não as deixar nas mãos dos bárbaros. Coisas como a ópera, a lei, as universidades... Nós somos esse sistema!
(...)»
Paulo Ferreira
JN, 18/07/2012

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700 extensões de saúde, 9 maternidades e 16 urgências em apenas sete anos!
Para quem não sabe, só na cidade de Lisboa, sem contar com os concelhos limítrofes, há nove hospitais do Estado:
- Hospital de Santa Maria
- Hospital de S. José
- Hospital D. Estefânia
- Hospital Egas Moniz
- Hospital dos Capuchos
- Hospital de Santa Marta
- Hospital S. Francisco Xavier
- Hospital Curry Cabral
- Hospital Pulido Valente
E quando se fala, não em fechar, mas em deslocalizar os serviços e profissionais da Maternidade Alfredo da Costa para um destes hospitais, vejam a guerra que isso deu e o eco que teve na comunicação social, também ela, na sua esmagadora maioria, ao serviço do centralismo do qual se alimenta.

Foi neste triste país que, há 36 anos atrás, dois homens ergueram a sua voz contra a macrocefalia de Lisboa: José Maria Pedroto e Jorge Nuno Pinto da Costa.
Juntos revolucionaram a cultura e mentalidade que tolhia o FC Porto, o qual, a partir daí, se assumiu num baluarte na luta contra os "direitos adquiridos" dos clubes da capital.
Aquele que era um simpático clube regional passou a ser o alvo da comunicação social lisboeta e, por via disso, rapidamente se transformou no clube mais difamado e odiado de Portugal.
Mas, largos dias têm 100 anos e, por mais batalhas que se percam, a guerra por um país mais equitativo, mais social e geograficamente equilibrado e mais justo acabará por ser vencida.
É também por isso que eu sou do Futebol Clube do Porto.