terça-feira, 31 de maio de 2011

FC Porto Media (I)


«O actual director de comunicação do F. C. Porto, Rui Cerqueira, vai assumir as funções de director-geral do Porto Canal, estação que a partir de 1 de Julho passará para as mãos do clube. (...)
Em Julho, a F. C. Porto Media, criada pelo clube para o efeito, passa a gerir a estação adquirida à Media Luso, detida pelo grupo espanhol Mediapro, e desde logo será possível assistir a alterações gráficas, inspiradas no clube, e à introdução de novos programas. "Está previsto que se façam emissões desde um novo estúdio instalado no Estádio do Dragão", avança fonte ligada ao projecto, da parte do F. C. Porto. Outra das apostas será um "talk show" nocturno diário. (...)
Sem perder tempo, os novos gestores preparam ainda a contratação de um novo director de informação. A componente noticiosa, nomeadamente a desportiva, começará a reforçar a oferta da emissão de imediato, embora estejam previstas alterações faseadas. Reserva-se para Janeiro o lançamento de uma estação assumidamente focada no desporto.
A par da entrada em cena dos novos gestores, começaram os contactos com distribuidoras internacionais. E as conversações com uma operadora angolana tem corrido da melhor forma, revela a mesma fonte, o que significa que Angola deverá ser o primeiro dos destinos fora de portas. Em Portugal, o facto de o Porto Canal fazer parte da oferta de todos os operadores, do Meo, à Zon, à Vodafone Casa, torna a sua recepção mais universal do que a actualmente existente pelo Benfica TV, ainda excluído da maior plataforma, a Zon, por causa de um desentendimento antigo. (...)
A última grande aposta da estação tem sido as delegações no Norte, apresentadas como um veículo de proximidade com os cidadãos de uma região mais alargada.»
in JN, 28/05/2011


Para além de queimar várias etapas, a estratégia do FC Porto em comprar o Porto Canal e manter o seu figurino - um canal generalista, de cariz regional e com inspiração portista - parece-me bastante mais adequada do que criar de raiz um canal próprio. O público-alvo será, seguramente, mais alargado e, em termos de conteúdos, espero que nunca haja a tentação de imitar alguns programas da grelha da Benfica TV, concebidos e dirigidos para fundamentalistas dementes.

Embora sem descurar os acontecimentos a nível nacional e internacional, espero que o Porto Canal continue a privilegiar um olhar mais atento sobre a realidade regional (canais centralistas já temos muitos) e, nesse sentido, é muito importante manter as delegações existentes. É que apesar do nome, o Porto Canal há muito que ultrapassou as fronteiras do rio Douro e da circunvalação.

Contudo, num cenário de contracção do mercado publicitário e com as grandes empresas sediadas em Lisboa, preocupa-me os três milhões de euros de passivo que o canal possui e os cerca de cinco milhões de euros necessários para a exploração anual, mas estou certo que estes números foram bem estudados pelos dirigentes do FC Porto.

P.S. O artigo completo, publicado no JN de sábado, pode ser lido aqui.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os estrábicos

«(...) porque será que as melhores equipas do Universo têm sempre de beneficiar da ajudinha dos árbitros? Provavelmente, digo eu, porque os fortes metem um bocadinho mais de respeito que os menos fortes, e os árbitros se intimidam perante tanta força. Ontem [Final da Liga dos Campeões], por exemplo, ficou por marcar um penálti, uma mãozinha marota do Villa, que podia ter relançado o Manchester. (...)
Nada que nós, por cá, não estejamos habituados. O árbitro da outra final europeia também se esqueceu de expulsar o Sapunaru a vinte minutos do fim; na Luz, o Benfica foi eliminado da Taça de Portugal com um golo de Hulk em fora-de-jogo; e até contra o Sporting o árbitro não marcou penálti numa mão escandalosa de Rolando. Que importa isso? São obviamente equipas fabulosas e é preciso carregá-las num andor até à eternidade. Ámen.»
Domingos Amaral, Record, 29 de Maio de 2011


Este Domingos Amaral, filho de um dos fundadores do CDS e ex-ministro do 1º governo do Sócrates (a quem a FPF encomendou um parecer sobre uma célebre reunião do Conselho de Justiça da FPF, parecer provavelmente pago a peso de ouro mas que, recentemente, foi arrasado pelo Tribunal Administrativo de Lisboa), é um dos elementos da “fabulosa” equipa de cronistas do Record.

Ao contrário do que se possa pensar, vale a pena ler o que estes cronistas escrevem, não só porque o ridículo diverte, mas principalmente porque permite aferirmos a evolução do grau de fanatismo doentio de que enfermam estes opinion makers fundamentalistas da causa encarnada.

Desta vez, o Amaral júnior viu um eventual penálti por marcar contra o Barcelona, por mão de Villa, mas esquece-se de referir que o golo do empate do Manchester United é precedido de um fora-de-jogo indiscutível de Giggs.

Aproveitando a onda, diz que o árbitro da final da Liga Europa se esqueceu de expulsar o Sapunaru por falta sobre Sílvio, mas esquece-se de dizer que, 40 minutos antes desse lance (aos 30 minutos da primeira parte), quem devia ter sido expulso era o próprio Sílvio, após uma entrada brutal às pernas de Hulk.

E, claro, tinha de vir o choradinho tão habitual dos benfiquistas, queixando-se que no slb x FC Porto para a Taça de Portugal o golo de Hulk é precedido de fora-de-jogo mas, mais uma vez, esquece-se de falar no penalty escandaloso que Duarte Gomes assinalou nesse jogo contra o FC Porto, após uma simulação evidente de Saviola (que inclusivamente ajeitou a bola com o braço).

O estrabismo pode ser corrigido com óculos, ou através de cirurgia. Mas suspeito que este tipo de “estrábicos”, que vêem apenas para um dos lados, não têm cura…

A propósito do "Monstro" Barcelona


E pronto. Lá vamos ter de defrontar o Barcelona na Supertaça Europeia. Mas não temos de olhar para isso com fatalismo. Dispomos de um treinador com imaginação e versatilidade mental - atributos que tradicionalmente sempre faltaram aos técnicos britânicos, e que serão a principal causa dos falhanços ingleses no Campeonato do Mundo (e escoceses - sim, porque a Escócia chegou a ter excelentes equipas, qualificou-se para sucessivos Mundiais nos anos 70 e 80, mas na hora H falhou sempre).

O Barcelona é o que todos sabemos, e não vale a pena gastar mais adjectivos com a sua fabulosa equipa e modo como joga. Mas o "quadradismo" futebolístico britânico esteve em evidência na inflexibilidade táctica e na demora em mexer na equipa reveladas por Sir Alex Ferguson. Por alguma razão, das equipas que ocuparam esta época os dez primeiros lugares da Premier League, apenas seis - ou seja 60% - eram treinadas por britânicos, e somente duas delas (Tottenham e Sunderland) por ingleses propriamente ditos. Ou seja, o próprio "quadradismo", que tinha e tem pontos fortes, tem vindo a perder atracção na sua própria terra.

Temos equipa inferior ao Manchester United, mas temos à frente dela um homem com as meninges suficientemente elásticas para, pelo menos, darmos boa conta de nós. E também sem recorrer a autocarros de dois andares ou colocar pontas-de-lança a defesa lateral (o equivalente nacional ao "quadradismo" britânico).

Devo confessar que encaro esse jogo com grande expectativa.

domingo, 29 de maio de 2011

A "negra" é no Dragão Caixa


Num jogo em que esteve quase sempre à frente no marcador, o FC Porto deitou tudo a perder nos derradeiros instantes, permitindo ao slb vencer (85-79), igualar o play-off (3-3) e adiar a decisão do campeonato para o sétimo e último jogo da Final.

Mas se há jogo que o FC Porto poderia ter ganho no pavilhão da Luz era este, conforme o atestam os parciais no final dos três primeiros períodos:
1.º período: 15-19
2.º período: 34-39
3.º período: 59-60
E no 2º e 3º períodos os dragões chegaram a ter 10 pontos de vantagem (26-36 e 34-44, respectivamente).

O título vai ser decidido no Dragão Caixa, na próxima quinta-feira, a partir das 21h00. Os 2000 lugares do pavilhão irão estar esgotados (e se fossem cinco mil também estariam), mas será um jogo de nervos e, em 40 minutos, tudo pode acontecer.

Ao longo da fase regular e nesta final do play-off o FC Porto demonstrou que é a melhor equipa, mas o slb tem jogadores muito experientes (Ben Reed, Heshimu Evans, Sérgio Ramos, etc.), que sabem explorar os nervos dos adversários, as “contingências” da arbitragem e que não costumam tremer nestes momentos.

Há quatro aspectos que, penso, poderão ser decisivos:
1) Uma defesa eficaz dos dragões, que consiga evitar que os encarnados cheguem aos 80 pontos;
2) Inspiração (ou não) dos “atiradores” Sean Ogirri, Nuno Marçal, João Santos e José Costa nos lançamentos triplos;
3) Um critério de arbitragem que privilegie a marcação de faltas e faltinhas (como aconteceu no 4º e 6º jogo), será claramente benéfico para o slb, que tem um plantel mais extenso;
4) O apoio do público que, independentemente da evolução do marcador, espero não cesse do primeiro ao último segundo.

Dia 2 de Junho, todos ao Dragão Caixa!

P.S.1 Julian Terrell e João Santos atingiram a quinta falta (e foram excluídos), enquanto Greg Stempin apenas jogou 25 minutos (mesmo assim foi o MVP, com 23 pontos, 3 ressaltos, 1 roubo de bola e 2 desarmes de lançamento), porque ficou condicionado pela acumulação da quarta falta ainda antes do intervalo.

P.S.2 “Reclamei de uma falta sobre Gregory Jenkins e sofro uma técnica. Eu não vou mudar a minha maneira de ser e não sei se o problema é a pronúncia do Norte. Depois, coisas de que eu já conheço o significado, como 'vai-te foder' e 'vai à merda', de pessoas que se dirigem aos árbitros não são faltas técnicas... Defendemos bem até onde nos deixaram
declarações de Moncho López no final do jogo

P.S.3 Que tipo de acordo tem o slb com a Federação de Basquetebol, que faz com que os seus jogos em casa sejam transmitidos na Benfica TV? É que no caso dos jogos disputados no Dragão Caixa, o operador televisivo foi a SportTv.

Grande Porto Nº 100


O semanário 'Grande Porto', de que sou leitor desde o primeiro número, completou esta semana 100 números.

Num tempo em que a comunicação social (e não só) está cada vez mais concentrada em Lisboa, e nos impinge a perspectiva de quem vê o Mundo a partir da ex-capital do Império (a polémica acerca do número de títulos do slb é caricata mas elucidativa), quero saudar este projecto jornalístico, que ousa remar contra a maré todas as semanas.

O GP é um jornal de qualidade e agradável de ler, mas precisa de mais leitores (compradores), para não lhe acontecer o mesmo que ao 'Comércio do Porto' e 'Primeiro de Janeiro'.

A Farsa Total


Tanto Sepp Blatter, actual Presidente, como o seu opositor Mohamed bin Hammam, se encontram neste momento sob investigação de corrupção pela própria FIFA, a poucos dias da eleição que ambos disputam para aquele cargo.

Mesmo antes destas investigações terem sido anunciadas, a Federação Inglesa anunciou que não tomaria parte na votação, por achar que nenhum dos candidatos reúne as condições para ter o seu apoio. O próprio Secretário de Estado do Desporto britânico, Hugh Robertson, considerou em declarações após o anúncio dessas investigações que a FIFA desceu à fase da farsa.

Eu acho que seria interessante saber-se que posição tem a Federação Portuguesa de Futebol e, já agora - e se não é pedir muito - aquele minhoto adepto do Benfica que compungidamente assumiu ser pelo Braga na Final da Liga Europa.

sábado, 28 de maio de 2011

FC Porto & FC Barcelona




E no dia 26 de Agosto, no Mónaco, lá estaremos, para defrontar a melhor equipa do Mundo e uma das melhores da História do futebol.

Cláusulas e valores de mercado

(clicar na imagem para a ampliar)


Não sei onde é que o Record foi buscar estes números, mas alguns têm piada.

Plantel equilibrado e de elevada qualidade

(clicar na imagem para ampliar)


Olhando para o onze inicial do FC Porto na Final da Taça de Portugal, verificamos que ficaram de fora (por lesão ou opção do treinador):
Helton
Fucile, Sereno, Otamendi, Emídio Rafael
Souza, Guarín, Ruben Micael
Mariano, Falcao, Cristian Rodriguez

Esta equipa, que dispus em 4-3-3 (o sistema táctico adoptado por André Villas-Boas), era capaz de fazer umas coisas engraçadas no campeonato português…

De facto, o plantel do FC Porto não se limitava a 13-14 jogadores. Para além de diversos craques de grande nível, que fizeram (fazem) a diferença, era também um plantel equilibrado, com alternativas de boa qualidade para a maior parte das posições e que André Villas-Boas soube gerir com elevada mestria.

P.S. Na foto que ilustra este texto, estão 23 jogadores a festejarem a conquista de mais uma Taça de Portugal. Falta um: Fernando!

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A prioridade de AVB deverá ser...



Nesta votação que foi promovida pelo Reflexão Portista, faltou colocar a opção:
'Ganhar tudo de forma brilhante'!

Ejemplo de gestión económica y deportiva



26 de mayo del 2004, estadio Gelsenkirchen. El Oporto de José Mourinho completa la gesta y se proclama campeón de Europa tras ganar 3-0 al Mónaco. Siete años después, los 'Dragones' recuperan su sitio en el continente alzando la Europa League al vencer por la mínima al Braga. La transición de un éxito al otro es un ejemplo único en el fútbol de gestión económica y deportiva que conviene analizar con detenimiento.

Siete años, siete temporadas en las que el club portugués siempre ha arrojado un notable superávit tras el mercado de fichajes. Ficha barato y vende caro. Se abraza al mercado sudamericano, descubre talentos, jugadores emergentes, les da confianza y minutos y, algunos años después, vende a un precio tres o cuatro veces mayor del importe desembolsado en su momento en la compra.

Los ejemplos son numerosos. Las negociaciones, de matrícula de honor. Por citar algunos, Pepe llegó del Marítimo por 2 millones de euros y, tres temporadas después, se fue al Real Madrid por 30 millones. Similar es el caso de Anderson, por el que se pagaron 5 millones al Gremio. Tres años más tarde, se fue al Manchester United y el Oporto nutrió sus arcas con 31 'kilos'. Y así podíamo seguir hablando de Deco, Maniche, Diego, Lucho González, Lisandro López, Meireles...

Para que se hagan una idea, en esas siete temporadas el Oporto presente unos beneficios de 196 millones de euros. Lo mismo que otros equipos se gastan en una sola temporada o el doble de lo que algunos pagan por un único futbolista. ¿Y los resultados? pues resulta que esa política que los más escépticos pueden calificar de austera se ha traducido en títulos. Cinco campeonatos de Liga, cuatro Copas de Portugal, cuatro Supercopas de Portugal y una Europa League desde entonces.

El criterio y la eficiencia de sus ojeadores, la habilidad a la hora de negociar un traspaso y la responsabilidad otorgada a determinados jugadores pese a su juventud son las claves de este Oporto. Sin entrar en demasiados números, basta decir que el once que los 'Dragones' presentaron en la final de la Europa League en Dublín le costó al club alrededor de 40 millones de euros. Aquí, el detalle:

Helton (1,5 millones) / Sapunaru (2,5 millones), Otamendi (4 millones), Rolando (950.000 euros), Álvaro Pereira (4,5 millones) / Guarín (1 millón), Moutinho (10 millones), Fernando (720.000 euros) / Hulk (5,5 millones), Falcao (5,5 millones), Varela (libre).

La pregunta, ahora, es por cuánto dinero saldrán del equipo luso aquellos que busquen una nueva aventura o los afortunados que reciban la llamada millonaria de los grandes equipos europeos. Mientras, el Oporto seguirá con su filosofía conservadora. En tiempos de crisis, es lo lógico.

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O texto anterior foi publicado no jornal espanhol Marca (vê-se logo que não foi escrito pelo Nuno Luz...) e, embora tenha algumas pequenas imprecisões, é mais um exemplo de como o FC Porto é visto além fronteiras.

Imagino a mossa que este tipo de artigos fazem em alguns dos peões da propaganda anti-Porto. Eles esforçam-se tanto! Até prepararam um vídeo com as “confissões” de Jacinto Paixão em inglês…

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

Mate-se o mensageiro!



«A Benfica Futebol SAD pediu ao Director Nacional da Polícia Judiciária para abrir "um rigoroso inquérito que permita apurar a origem, fundamentos e intenções das notícias" divulgadas, quinta-feira, sobre as diligências efectuadas na quarta-feira no Estádio da Luz. (...)
A missiva assinada pelo presidente Luís Filipe Vieira adianta: "Estes factos provocaram indignação legítima desta instituição, lesaram a sua imagem, conformam incompreensíveis violações ao dever de sigilo e, até, de verdade e rigor".»
in jn.pt


Afinal, o problema é os factos que constam das notícias serem falsos, ou terem sido divulgados?

Mas o melhor é ver os actuais dirigentes do slb preocupados com formalismos como "violações ao dever de sigilo"? Olha logo quem...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Porto dá cabazada de 213 a zero ao slb em títulos

Respondeu o Record a um leitor:

"Agradeço a sua carta. A FIFA tem as suas estatísticas mas o Record, que não é membro da FIFA e é uma instituição privada que presta apenas contas aos seus leitores, segue os seus próprios critérios. E os editores do nosso jornal adotaram este, o que mereceu a minha concordância. De facto, o diretor de Record, que viveu com emoção o triunfo encarnado na Taça Latina em questão, mesmo não sendo benfiquista, recorda bem a sua projeção e a importância que os portugueses na altura lhe atribuíram."


Inspirado pelos critérios do Record, tenho aqui a anunciar aos leitores do R.P. que o FCP tem hoje 213 títulos contra 0 (zero) do slb.

A FIFA tem as suas estatísticas mas o Reflexão Portista, que não é membro da FIFA e é um blogue privado que presta apenas contas aos seus leitores, segue os seus próprios critérios. E este autor do nosso blogue adotou o critério de acrescentar os torneios Teresa Herrera, Joan Gamper, Viareggio, Cidade de Sevilha, Monteiro da Costa, Taça Intercalar, Taça do Norte de Portugal, Campeonato do Porto, Campeonato do Porto de Reservas, e vários outros. De facto, este autor do R.P., que viveu com emoção o triunfo azul e branco nos torneios em questão, recorda bem a sua projeção e a importância que os portuenses - e não só - na altura lhe atribuíram (e este é um blogue não só portista como também com raízes fortemente tripeiras).

Mais: aplicando a mesma lógica no sentido inverso, decidiu este autor do blogue descontar ao slb todos os seus títulos conquistados pela razão inversa (não me despertaram qualquer emoção, nem tiveram qualquer projeção ou importância entre a clara maioria dos portuenses).

Se o Record considera-se com legitimidade para adoptar o critério que bem lhes der na telha de forma totalmente subjectiva, concerteza o seu director será o primeiro a defender a plena legitimidade do R.P. em estabelecer o critério que bem lhe apetecer, que deve ser respeitada (mesmo por quem discorde veementemente deste critério).

O simbolismo deste 69...

Nos dias seguintes à vitória dos dragões na Taça de Portugal, a comunicação social lisboeta (A Bola, Record, SIC e TVI, pelo menos estes) deu amplo destaque ao facto do FC Porto ter “igualado” o slb em títulos: 69 – 69, disseram eles.
É falso! Foi mais uma manipulação grosseira de uma comunicação social sem vergonha, que nunca se cansa de andar com o clube do regime ao colo, mesmo que para isso seja preciso mentir e/ou meter a ética jornalística e o código deontológico na gaveta.

Por mais deturpações e invenções que esta ridícula comunicação social centralista faça, a realidade dos factos é incontornável: o slb tem 68 títulos (e não 69) em provas oficiais organizadas/reconhecidas pela FPF, UEFA ou FIFA, requisito que uma tal Taça Latina (ganha pelo slb em 1949/50) não reúne.


Sobre isto, na entrevista que concedeu à RTP na passada segunda-feira, Pinto da Costa deu a este tema uma importância reduzida, mas aproveitou para pôr o dedo na ferida: “Não sabia que existia essa polémica, mas incluir uma Taça Latina, prova que acontecia por convite, em simultâneo com outras, não me parece relevante. Isso para mim não é um problema. O que nos interessa é ir ganhando títulos. O que eles [slb] ganharam no passado é História e de História não percebo muito.”

É um facto que o palmarés mais relevante do slb é de há 40-50 anos atrás (década de 60 do século XX), enquanto que o do FC Porto é do passado recente mas, para além disso, uma contabilidade de troféus oficiais em que uma Liga dos Campeões conta tanto como uma Taça da Liga não faz qualquer sentido.



O 69º título ganho pelo FC Porto tem um simbolismo especial (acrescido pela polémica criada pela comunicação social lisboeta), mas é um disparate total contabilizar da mesma maneira (com o mesmo peso) provas cujo historial, prestigio, impacto mediático, retorno financeiro e grau de dificuldade é completamente distinto.

Levando em conta todos estes aspectos, eu valorizaria as diversas competições disputadas por equipas portuguesas da seguinte maneira:
1 Liga dos Campeões = 3 Taças dos Campeões Europeus
1 Taça dos Campeões Europeus = 10 Campeonatos
1 Taça UEFA = 2 Campeonatos
1 Liga Europa = 1 Campeonato
1 Supertaça Europeia = 1 Campeonato
1 Taça Intercontinental = 1 Campeonato
1 Campeonato = 5 Taças de Portugal
1 Campeonato = 10 Supertaças
1 Campeonato = 20 Taças da Liga

Mas, independentemente de contabilidades mais ou menos criativas, há algo que é indiscutível: o FC Porto é, de longe, o clube português com melhor palmarés internacional e o que tem maior prestigio além fronteiras. Não foi certamente por acaso, que a generalidade da comunicação social estrangeira encarou com naturalidade o “passeio” dos dragões pela Liga Europa desta época, afirmando que o FC Porto estava a disputar a competição errada, visto ser um clube da Liga dos Campeões.

Agora, que os benfiquistas se contentem em contabilizar Taças da Liga, Taças Latinas e, quiçá, Torneios do Guadiana e Eusébio Cups, isso é algo que a mim não me preocupa minimamente.

P.S. Ontem, em resposta à agência Lusa, o departamento que gere as bases de dados da FIFA esclareceu que a Taça Latina de futebol "não merece o reconhecimento oficial" do organismo e que a FIFA "nunca se referiu aos vencedores da Taça Latina em quaisquer das suas publicações".
O mesmo departamento acrescentou que a Taça Intercontinental é reconhecida oficialmente pela FIFA "desde a sua criação", em 1960, mesmo quando passou a chamar-se Taça Toyota, a partir de 1980.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A mulher de César era sportinguista?

No ano 62 a.C., quando perguntaram a Júlio César porque razão se tinha divorciado da sua segunda mulher, Pompeia Sula, este afirmou: "À mulher de César não basta ser séria, tem de parecer séria".


Ontem, o SCP apresentou aquele que vai ser o seu treinador na próxima época (pelo menos durante uns meses...): Domingos Paciência.
Ninguém ficou surpreendido, porque era do domínio público o compromisso que existia entre o SCP e o treinador do SC Braga desde Março passado.

Penso que os dirigentes do SCP fizeram uma boa escolha e Domingos, em final de contrato com o SC Braga, tem toda a legitimidade em mudar para um clube que, teoricamente, lhe poderá oferecer melhores condições para alcançar o sucesso desportivo. Mas...

Este compromisso entre o SCP e o ex-treinador do SC Braga não foi feito no final do campeonato, mas sim numa altura em que os dois clubes travavam uma luta acesa pelo 3º lugar que, por sinal, os bracarenses haveriam de perder, na última jornada, precisamente por terem sido derrotados em casa num desafio contra o... SCP!
Ainda por cima, para assegurar o 3º lugar, ao SC Braga bastava o empate...

Em condições normais, um SC Braga x SCP é um jogo de tripla mas, desta vez, a derrota dos "guerreiros do Minho" ocorreu num contexto em que o Sporting de Lisboa vinha de uma profunda crise (uma semana antes tinha perdido em casa contra o aflito Vitória Setúbal), enquanto que o Sporting de Braga vinha de uma série de excelentes resultados em casa, quer no campeonato, quer na Liga Europa (Liverpool, Dinamo Kiev, slb).

Evidentemente, não há (nem nunca vai haver) qualquer prova de que o compromisso que já existia entre Domingos e o SCP tenha influenciado as escolhas do ainda treinador do Braga para esse jogo, mas tal como a mulher de César...

Quanto aos dirigentes do SCP, que gostam de encher a boca com frases grandiloquentes como "o Sporting é um clube diferente", o seu comportamento neste caso devia-os fazer corar de vergonha.

Prémios 2010/11 - parte II

Prémio “Vinho do Porto” – Hélton

Aos 33 anos, Hélton terá feito a melhor época ao serviço do FCP. Nos momentos importantes esteve sempre à altura, e salvou-nos muitos golos ao longo da época. Penso que ainda terá um ou dois anos pela frente ao alto nível.

Prémio “Suplente de luxo” - Beto

Certamente não será fácil para Beto, um selecionável (e para mim o melhor GR português), passar a maior parte da época no banco. No entanto demonstrou excelente profissionalismo e quando foi chamado cumpriu sempre, e como – vi esta época a Beto algumas das defesas mais difíceis que alguma vez vi num jogo de futebol. Parece-me que foi injustiçado por alguns adeptos que o culpam por erros dos colegas, já que sofreu também mais golos em média do que Hélton. Aos 29 anos ainda vai bem a tempo de roubar o lugar a Hélton mais cedo ou mais tarde, e ser titular no FCP por algumas épocas.

Prémio “Era escusado” - Kieszek

Penso que o FCP exagera no número de contratações, contratando todos os anos e em média uma dezena de jogadores quando 6 ou 7 seria suficiente. Em Agosto apontei aqui Kieszek como um exemplo disso, e infelizmente verificou-se que de facto não fazia falta nenhuma para 3º GR, ficando mesmo associado pela negativa com a eliminação da única competição que não ganhámos.

Prémio “Expectativas defraudadas” – Walter

Tendo o FCP apenas 2 pontas-de-lança no plantel, seria de esperar que Walter tivesse oportunidade de ser utilizado com alguma regularidade – ainda mais a partir do momento que Falcão esteve ausente por lesão durante várias semanas. No entanto muito raramente AVB deu oportunidades a Walter, e pelo que se viu em campo de forma compreensível. Não tendo sido um jogador barato (veio mesmo avaliado num valor mais alto do que Falcão), a desilusão torna-se maior, e caso Falcão saia a aposta no mercado torna-se imperativa pelo que se viu de Walter até agora, mesmo que este mereça o benefício da dúvida no que diz respeito à permanência no plantel. Joga também a seu favor ter apenas 21 anos.

Prémio “Fogachos de vista” – Souza

Apesar de ter forte concorrência Souza começou bem a época, com uma boa exibição e excelente golo em Genk. No entanto à medida que a época foi passando o jogador foi “desaparecendo”, sendo até regularmente preterido quando Fernando não estava disponível. No entanto e ao contrário de Walter penso que é um jogador que ainda pode vir a afirmar-se. Será o caso se Fernando sair? O tempo o dirá.

Prémio “Estagnação” – Fucile

Fucile teve uma época muito boa em 09/10, culminada com um excelente desempenho no Mundial da África do Sul. Estagnou no entanto nesta época, perdendo mesmo a titularidade para Sapunaru numa boa parte da temporada. As lesões não explicam tudo, e havendo necessidade de encaixar dinheiro este seria uma das minhas primeiras opções para vender.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Onde está a cabeça de Fernando?


Fico feliz por estar neste grande clube, mas vamos ver. Depois de tudo o que vivemos e daquilo que conquistei aqui dentro, vários títulos, que foram oito, penso que a melhor altura para sair seria esta. Fala-se muito na Itália, mas vamos ver. (…) todos os jogadores sonham em jogar em grandes campeonatos.

Estas declarações de Fernando, feitas imediatamente após a Final da Taça de Portugal, são reveladoras do estado de espírito do jogador, sendo claro que, para ele, se fechou um ciclo no passado domingo.

Ao ouvi-las, lembrei-me de declarações idênticas feitas no mesmo local, há um ano atrás, por Raul Meireles e Bruno Alves. Por outro lado, não pude deixar de rever mentalmente as últimas exibições que Fernando fez ao serviço do FC Porto. De facto, quer na Final da Liga Europa, quer no jogo do Jamor, o trinco brasileiro esteve vários furos abaixo do habitual, revelando uma grande desconcentração competitiva e cometendo erros crassos que, não fora as extraordinárias defesas de Helton e Beto, poderiam ter comprometido o sucesso da equipa nestas duas competições.

Aparentemente, a cabeça de Fernando já está noutro clube/campeonato (Itália?) e, assim sendo, penso que se houver uma boa proposta (12 a 15 milhões de euros), a Administração da FC Porto SAD faria bem em vender o seu passe, mesmo por um valor abaixo da cláusula de rescisão, até porque existem alternativas no plantel.
Quais?
Para além das possíveis adaptações de Guarín, Moutinho ou Castro à posição 6, existe Souza, o qual, na próxima época, já estará perfeitamente adaptado ao futebol português, ao clube, aos companheiros de equipa e às ideias de André Villas-Boas.
Não por acaso, no momento em que partiu para férias no Brasil, o ex-Vasco da Gama afirmou: “Sabemos que a Europa tem equipas de maior expressão e o Fernando quer conhecer outros ares. Ele tem essa possibilidade e, se acontecer, vou ficar feliz não só por ter a oportunidade de jogar mais, mas sobretudo por ele e pela sua família.

Havendo, como há, boas alternativas no plantel, só falta uma proposta aceitável para que todas as partes fiquem satisfeitas: Fernando, Administrador Financeiro da SAD e… o Souza!

Prémios 2010/11 - parte I

Com a vitória na Taça de Portugal fica encerrada uma época, uma época que foi de sonho. Agora sim, é tempo de fazer balanços da época: ficam aqui os meus "prémios" pessoais em dois artigos, no que diz respeito a desempenhos individuais - tanto pela positiva como pela negativa, há para todos os gostos.

Prémio “Full House” – Pinto da Costa

Pinto da Costa arriscou uma jogada de poker ao contratar A. Villas Boas para o lugar de J. Ferreira; despedir este último não foi de todo uma jogada arriscada (e só veio de encontro à opinião majoritária dos adeptos), mas contratar A. Villas Boas sim, e muito. Saiu-lhe uma “Full House”, com mais sucesso na 1ª época do que ele próprio possa ter imaginado. E parece rejuvenescido, pronto para muito mais....

Prémio “X Factor” – André Villas Boas

Mais do que falar num MVP, penso que esta foi a época em que o treinador fez toda a diferença. Repare-se que na equipa-tipo de 10/11 entrou apenas uma única contratação, e uma contratação que se pode considerar mais ou menos ela-por-ela (Meireles por Moutinho); e para além de Meireles saiu também o esteio da defesa, B. Alves. No entanto verifique-se a diferença abismal de rendimento (factual e exibicional) da equipa entre este ano e o ano anterior... a matéria-prima foi muito melhor aproveitada, sem qualquer dúvida.

Prémio “Cisne” – Guarín

Guarín era considerado por muitos como um “patinho feio”, eu incluído (que vaticinei que nunca viria a ser mais do que um “remendo razoável”), e a meu ver com muitas razões legítimas para tal. Mea culpa - deu um salto enorme da época anterior para a actual, e terá certamente convencido os mais cépticos. Época muito boa em que demonstrou muito maior maturidade e cultura táctica, para além de ter afinado as capacidades ofensivas. É hoje um valor seguro.

Prémio “O futuro é já a seguir” – James

James foi uma das contratações mais caras do defeso (avaliado em cerca de 7M€), muito dinheiro para um puto com um CV bastante curto (muito mais curto do que Anderson tinha quando veio). A concorrência era muito forte (Hulk, Varela, “Cebola” e Ukra) mas a pouco e pouco foi agarrando oportunidades e hoje já é uma certeza, com uma maturidade muito considerável para os seus tenros 19 anos, para além de um pé esquerdo de veludo. Se Hulk sair penso que estaremos bem servidos sem precisar sequer de ir ao mercado, e estou certo que do ponto de vista financeiro ainda vamos lucrar muito dinheiro com este jogador – mas só daqui a uns 4 ou 5 anos, espero eu.

Prémio “Confirmação” – Belluschi

Como muitos suspeitavam (eu incluído), Belluschi só não rendeu mais na época anterior por estar muito sub-aproveitado por Jesualdo, cujas ideias fixas colidiam com as características de Belluschi. Esta época e com um treinador muito mais flexível e sem pejo em utilizar futebol apoiado, Belluschi demonstrou ser um excelente jogador (e de equipa).

Prémio “Dupla de luxo” – Hulk & Falcão

Este foi o ano de afirmação total destes dois jogadores, tornando-se numa dupla absolutamente temível para os adversários. Falcão beneficiou de maior apoio nas manobras ofensivas fruto do futebol mais apoiado, o que retribuiu de forma brilhante com o seu “killer instinct” e apoio aos colegas. Hulk tornou-se mais jogador de equipa e disso beneficiou não só a equipa como o próprio jogador. Dois jogadores de excepção, mas a ter que vender alguém prefiro claramente Hulk por ser de mais fácil substituição (aliás, deixar James ou Varela no banco é um autêntico luxo).

Prémio “Adaptação” - Moutinho

João Moutinho chegou, viu e venceu, adaptando-se muito rapidamente à sua nova casa e agarrando a titularidade para não mais a largar; ao fim de um ano já parece fazer parte da "mobília". É o “pêndulo” da equipa, fazendo um trabalho de sapa extremamente importante para a equipa e sacrificando-se muitas vezes de forma a que os laterais e restantes médios e avançados possam subir no terreno. Pode no entanto melhorar ainda e espero que na 2ª época apareça mais vezes na zona de finalização – esta equipa tem todo o potencial para ser uma “laranja mecânica” infernal e imprevisiva, com um papel importante para Moutinho.


Amanhã: Parte II, com os prémios "Vinho do Porto", "Suplente de luxo", "Era escusado", "Expectativas defraudadas", "Fogachos de vista" e "Estagnação".

segunda-feira, 23 de maio de 2011

FCP - Futebol Colômbia do Porto


Já aqui falei várias vezes da feliz coincidência (será mesmo coincidência?) do plantel do FC Porto integrar três dos principais jogadores colombianos da actualidade e do potencial que isso significa em termos da exploração da marca FC Porto num país com mais de 45 milhões de habitantes.

Na final da Taça de Portugal não houve Falcao (devido a lesão) e Freddy Guarín só entrou na 2ª parte, mas um miúdo de 19 anos, com cara de bebé mas um pé esquerdo fabuloso, partiu a loiça toda: três golos, uma assistência (para o golo de Varela) e ainda marcou o livre que esteve na origem do 3-2. Fantástico!

Felizmente na FC Porto SAD não andam a dormir, conforme o comprova o comunicado enviado à CMVM há cinco dias atrás.



P.S. O James também esteve com um pé no slb, não esteve?

domingo, 22 de maio de 2011

Dragão para a história


É a loucura! Loucura de jogo, loucura de época, uma loucura de títulos e perspectiva-se mais uma noite louca de festejos na Invicta! O Dragão voltou a cilindrar mais uma presa que lhe surgiu à frente, numa partida imprópria para cardíacos na sua etapa inicial. O V. Guimarães incomodou o conjunto azul e branco, mas acabou vergado e manietado pelos nossos jogadores, desejosos de escrever o seu nome na história do clube. Escreveram, a letras de ouro!

De facto, já não há memória de se assistir uma 1ª parte como a que vimos esta tarde em Oeiras. Sete golos em 45 minutos, incredulidade geral pelo que estava acontecer, alguns erros defensivos e um ataque portista arrasador, mesmo sem Radamel Falcao. Sem El Tigre mas outro colombiano surgiu. James, o miúdo, como quem não quer a coisa, fez um Hat-trick e tornou-se decisivo no encontro.


Ainda não haviam decorrido 3 minutos e já puto fazia o gosto ao pé, aproveitando um ressalto da melhor forma. O Vitória, com as linhas subidas apostava nas bolas paradas, e fazia-o por saber que tem alguém que as bate com mestria. Anderson Santana gerou confusão na nossa área, conseguindo o Guimarães facturar em duas dessas ocasiões. Varela já havia escrito o seu nome no placard dos marcadores e Rolando, mais tarde, fê-lo também.

Num jogo cheio de coisas estranhas, nada para a apimentar a festa como um tento de canto directo. Hulk fazia o 4º para as nossas cores e Nilson a pastar na forma. Do outro lado Beto mostrava como é um guarda-redes a sério, defendendo o penalty convertido por Edgar. Em sequência, o FC Porto giza mais um contra-ataque venenoso, com Hulk a servir de bandeja o 5º golo ao chavaleco James.


Pese todo caos, a diferença do marcador ao intervalo já antecipava mais um triunfo portista. Guarín rendeu o titubeante Fernando, e a equipa serenou o jogo na etapa complementar. A descrença assolou-se nas hostes vimaranenses, e Beto confirmou esses receios após mais uma defesa estrondosa perante um Edgar isolado. Uma exibição monstra do nosso redes suplente!

Faltava um para o fecho de contas do jogo, mas também do miúdo Rodriguez. Assistência perfeita de Hulk para o nosso extremo esquerdo cabecear à vontade. Dava para tudo e com uma tranquilidade inacreditável. Estranho? Nem por isso. Apenas mais um episodio – por sinal o último – daquilo que foi toda uma época deste maravilhoso conjunto formado por André Villas-Boas. Para a história! E para sempre na memória colectiva de todos os portistas!

Fotos rapinadas ao JN

A outra Final contra o VSC


em cima: Młynarczyk, Lima Pereira, Celso, Jaime Magalhães, Sousa e João Pinto
em baixo: Rui Barros, Inácio, Jaime Pacheco, Bandeirinha e André



Há 23 anos, na época 1987/88, o FC Porto de Tomislav Ivic chegou à Final da Taça de Portugal, após ter conquistado o título com um enorme avanço em relação às restantes equipas (o 2º classificado ficou a 15 pontos e cada vitória só valia 2 pontos).

O adversário no Jamor, no dia 19 de Junho de 1988, foi o Vitória Sport Clube (VSC) e, por coincidência, na meia-final (foi apenas um jogo) o FC Porto também tinha eliminado o slb (1-0).

Tal como para o jogo de hoje, à partida o FC Porto era amplamente favorito mas, jogando sem qualquer ponta-de-lança de raiz (é dessa altura a célebre frase de Ivic "Gomes é finito"), o futebol produzido pela equipa azul-e-branca esteve bastantes furos abaixo daquilo que tinha exibido ao longo da época. O cansaço (físico e mental) de um lote de jogadores que já tinham ganho Taça Intercontinental, Supertaça Europeia e Campeonato Nacional, associado à hiper-motivação dos vimaranenses, fizeram com que o desafio fosse muito mais equilibrado do que era esperado.

Os dragões acabaram por vencer por 1-0, mas o golo da vitória foi marcado numa altura em que já se perspectivava o prolongamento, ao minuto 83, por Jaime Magalhães.


Foto 1: Dragão Penta Campeão
Fotos 2: Correio Manhã

sábado, 21 de maio de 2011

Falcao de A a Z

Texto da autoria de Bruno Roseiro, publicado no Expresso online (www.expresso.pt) no dia 18 de Maio de 2011, após a Final da Liga Europa.

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Alcunha - "El Tigre", criada pelos adeptos do River Plate pela forma felina e pela agilidade com que jogava na área e marcava golos.

Benfica - o primeiro clube na pista do avançado colombiano mas as exigências dos dirigentes argentinos acabaram por abortar o interesse; a seguir apareceu o FC Porto.

Colômbia - país onde nasceu e que representa em termos de selecção, apesar de ter feito parte da carreira na Argentina; no Dragão tem dois compatriotas: Freddy Guarín e James Rodríguez.


Defesa - são os principais adversários mas também a principal influência para entrar no mundo do futebol... por influência familiar.

Euros - custou ao FC Porto 3,9 milhões de euros quando chegou ao Dragão (60% do passe); o clube adquiriu mais uma percentagem do passe por 1,5 milhões.

Fair Play - a expressão que melhor define o comportamento do jogador em campo e... um pouco mais: é também o nome da academia onde Falcao começou a jogar.

Golos - é uma espécie de segundo nome do avançado: esta época já vai nos 38 (superando os 35 da primeira temporada em Portugal).

Hulk - o parceiro de ataque e a dupla que mais mossa faz nas defesas adversárias: juntos marcaram mais de 70 golos em 2010-11, com destaque para o brasileiro no campeonato e para o colombiano na Europa.

Igreja - é católico praticante e líder de duas igrejas para jovens: a "Locos por Jesús" e a "Campeones por Cristo".

Joelho - a zona onde teve a principal (e única) grave lesão na carreira: após um problema contraído após marcar um golo ao San Lorenzo, em 2005, voltou a lesionar os ligamentos cruzados na pré-época de 2006 e falhou a competição durante alguns meses.

Klinsmann - um dos melhores avançados de sempre e que tinha o recorde de golos apontados numa edição da Liga Europa (antiga Taça UEFA). No entanto, esse registos de 15 golos foi ultrapassado pelos 17 de Falcao em 2010-11.

Liga dos Campeões - jogou a prova em 2008-09 mas acabou por ser afastado pelo Arsenal ainda antes das grandes decisões, ainda assim teve um pequeno "prémio": o golo de calcanhar ao Atletico Madrid foi considerado o melhor da prova.

Milionarios - o primeiro clube de Falcao, onde começou a dar nas vistas sempre com o sonho de chegar a uma liga europeia (ainda passaria antes pela Argentina).

Nove - o número que utilizou desde que chegou ao FC Porto: é de ponta-de-lança e nota-se que está bem atribuído...

Origem - Falcao foi baptizado como tal em homenagem à antiga estrela brasileira que actuou na AS Roma e brilhou na década de 80.


Pai - também foi jogador de futebol mas com características completamente distintas: menos rápido, menos hábil e numa posição oposta, como defesa-central.

Quatro - o número de competições distintas que já conquistou desde que chegou a Portugal: campeonato, Taça de Portugal, Supertaça e Liga Europa.

Recordes - a fantástica campanha na Europa valeu-lhe registos na história mas outro dos grandes feitos também foi alcançado nas marcas do FC Porto: passou a ser o melhor marcador de sempre do clube nas competições internacionais, superando Jardel e Fernando Gomes.

Santa Marta - foi a primeira cidade colombiana e também a primeira cidade da América do Sul (daí que tenha sido tão atacada por... piratas); hoje é um importante local portuário e o local onde nasceu Falcao.

Twitter - o colombiano é um dos maiores adeptos das redes sociais, costuma colocar fotografias da infância e das festas portistas na sua página e já chegou até a oferecer bilhetes para jogos de futebol por esse meio.


Universidade - começou a tirar o curso de jornalismo na Universidade de Palermo, em Bogotá, mas quando passou a jogador profissional teve de desistir da faculdade.

Voleibol - é um dos desportos que gosta além do futebol e já foi apanhado em jogos de voleibol feminino com a mulher. Mas havia uma explicação: na equipa do Leixões joga a mulher de James Rodríguez, que é amiga do casal.

Xangai - Falcao tem ganho uma legião de fãs por todo o mundo e até turistas chineses já pediram autógrafos ao jogador á saída do centro de estágios do Olival...

Zárate - poucos sabem mas é o apelido do avançado colombiano Radamel Falcao García Zárate.

Falcao é dragão!


«Nos últimos dias tem sido noticiado, em Espanha, o interesse de José Mourinho em reforçar o ataque do Real Madrid com Kun Agüero. O argentino é a grande figura do Atlético Madrid mas está longe de ser aquilo que os merengues precisam e as características do genro de Maradona assemelham-se em quase tudo às de Ronaldo ou Higuaín, ou seja, avançados de cariz mais móvel. O que o Real Madrid precisa mesmo é de um matador e bem perto está um de qualidade comprovada e preço acessível: Falcão. Por 30 milhões José Mourinho garantia um artilheiro de peso e com sede de vencer no ataque merengue. Com Di Maria, Özil, Ronaldo e Marcelo a servir o ponta-de-lança colombiano estavam garantidos, no mínimo, 30 golos por época.»
João Rui Rodrigues (editor-chefe do Record), 19/05/2011


A comunicação social lisboeta já nem disfarça o desejo, e até ansiedade, de ver Falcao voar para outras paragens. O texto anterior é apenas mais um exemplo e quase se assemelha a um apelo público a Mourinho, para que venha rapidamente buscar o goleador colombiano que, em boa altura, o FC Porto desviou da rota da Luz.

A foto do ano

(clicar na imagem para a ampliar)


Esta foto não precisa de legenda, nem de comentários, fala por si. É um daqueles casos em que uma imagem vale mais do que mil palavras.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

André e José, a inevitável comparação


A inevitável comparação entre Villas-Boas e Mourinho, mas também Guardiola e Falcao, são os pontos chave da crónica publicada no respeitável The Times, acerca da Final da Liga Europa.


«André Villas-Boas goes to great lengths to stress he is a normal coach, and very different from you-know-who, but there is nothing normal about his record. (…) Chelsea are one of several leading clubs taking a close interest in Villas-Boas’s remarkably rapid career development (…).

Having finished 38 points behind them in the league, Braga seemed intent on kicking Porto’s ball-players out of the game so they showed commendable patience in refusing to be dragged down to their opponents’ level. The dark art of simulation was also rarely in evidence, illustrating another point of difference between Villas-Boas and his estranged mentor, José Mourinho.

Villas-Boas, who worked as a scout at Stamford Bridge under Mourinho, was cut off by his compatriot when he opted to leave his technical staff at Inter Milan to pursue his own ambitions last season, but showed his class by dedicating this victory to his former boss as well as Sir Bobby Robson, who had the kindness and maybe even a prophetic insight to indulge a fanatical Portuguese teenager’s relentless questioning almost two decades ago. Of greater surprise was the special mention for Pep Guardiola, whose attacking methods he clearly holds in higher regard than the defensive arts he learnt under Mourinho. (…)
Pep was always an inspiration for me because of his methodology, and the way he plays such fantastic football. His philosophy is Barça’s philosophy. He defends the spectacle of the game. The only thing I regret in this final is not being able to put on a better spectacle.

Porto were unable to showcase the free-flowing football that has been their hallmark this season because of Braga’s tactics, but dominated possession and scored a goal worthy of any final. (…)
Falcao’s 17 Europa League goals have shattered Jürgen Klinsmann’s record for the most in a European campaign and led to Porto inserting a €30 million (about £26.4 million) buy-out clause in his contract. Given the 25-year-old’s speed and ability in the air however, there is a danger he may have been undervalued.
Porto have made no such mistake with Hulk by giving the Brazil striker a 100 million buy-out clause, although their biggest concern is keeping Villas-Boas. Chelsea, Juventus and Roma lead the interested parties, but by his own admission it will take an extraordinary offer to prize him away. “My release clause is very, very high,” he said. “It’s something that’s not normal.” Much like the man himself.»


Foto e texto extraídos do The Times.

A decadência do futebol no Benelux

O Ajax conquistou o seu 30º título holandês no domingo passado, ao receber e vencer o Twente por 3-1 na última e decisiva jornada.
O clube de Amesterdão, que já não festejava o título desde a temporada 2003/04, terminou o campeonato com mais dois pontos que o Twente (campeão da época passada) e mais quatro que o PSV Eindhoven, garantindo o acesso directo à fase de grupos da Liga dos Campeões, enquanto o Twente vai disputar a terceira pré-eliminatória.

Dois dias depois do Ajax, foi a vez do Genk se sagrar campeão belga pela terceira vez na sua história (*), ao empatar frente ao Standard Liège por 1-1, na última jornada do play-off de apuramento do campeão.
O Genk terminou o campeonato com os mesmos pontos do Standard Liège (beneficiou do critério de desempate) e mais sete que o Anderlecht, os dois clubes com maior historial e que nas últimas cinco épocas repartiram entre si o título belga (o Genk já não era campeão desde 2001/02). Em função do ranking da Bélgica, o Genk vai disputar a terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões de 2011/12.


De sublinhar o facto do Genk ter sido o primeiro adversário do FC Porto no trajecto vitorioso dos dragões na Liga Europa 2010/11. De facto, os novos campeões belgas tiveram o enorme azar de apanhar o FC Porto logo no play-off, sendo eliminados com um claro 7-2 (0-3 na Bélgica e 2-4 no Estádio do Dragão).

Quanto aos novos campeões holandeses, a sua aventura europeia desta época terminou nos oitavos-de-final da Liga Europa, aos pés do Spartak Moscovo, tendo sido derrotados nos dois jogos com os russos (0-1 e 0-3). O mesmo Spartak que, três semanas depois, seria esmagado (10-3!) por um “rolo compressor” azul-e-branco.


Nos anos 80, equipas como o Anderlecht, Ajax e PSV Eindhoven eram do top europeu e, para além de ganharem títulos, fizeram várias vezes a vida negra aos clubes portugueses. Cerca de 20 anos depois, é impressionante a evolução, nos dois sentidos, das principais equipas do futebol belga, holandês e português. O futebol holandês caiu tanto, que até o slb eliminou tranquilamente o PSV…

(*) O KRC Genk resultou da fusão do Watershei e Winterslag em 1988, e já havia sido campeão belga em 1999 e 2002.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Números de um grande clube europeu

2 Taças Intercontinentais ganhas pelo FC Porto (o único clube português que venceu esta competição internacional).

5 competições europeias – 2 Taça/Liga dos Campeões, 2 Taça UEFA/Liga Europa, 1 Supertaça Europeia – ganhas pelo FC Porto (ao contrário do slb e do SCP, que venceram competições europeias no início dos anos 60, todos estes troféus foram ganhos pelo FC Porto nos últimos 24 anos, na era da televisão a cores…).

8 vitórias do FC Porto em jogos disputados fora de casa – Genk, Sofia (CSKA), Istambul (Besiktas), Viena (Rapid), Sevilha, Moscovo (CSKA), Moscovo (Spartak), Dublin (SC Braga) – constitui um novo recorde para equipas portuguesas nas competições europeias.

14 vitórias do FC Porto nos 17 jogos disputados na Liga Europa 2010/11, constitui um novo recorde europeu de vitórias numa só época (em 2002/03, o Barcelona ganhou 13 dos 16 jogos que disputou na Liga dos Campeões; o máximo de slb e SCP é nove vitórias).

18 golos de Radamel Falcao na Liga Europa 2010/11, contando com o golo que marcou no play-off ao Genk, fazem dele o recordista de golos numa só época nas competições europeias (destronou o alemão Jürgen Klinsmann que, ao serviço do Bayern Munique, tinha marcado 15 golos numa só época).

33 anos e 213 dias fazem de André Villas-Boas o treinador mais novo a vencer uma competição europeia (destronou o italiano Gianluca Vialli, que venceu uma Taça das Taças com 33 anos e 308 dias).

44 golos do FC Porto na Liga Europa 2010/11, constitui um novo recorde português (superou em oito golos o anterior máximo que pertencia ao SCP desde a época 1963/64, quando ganhou a Taça das Taças).

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nem a ânsia demoveu o sonho


Nervos! Muitos nervos fizeram um pequeno parêntesis ao habitual rolo compressor azul e branco. A retranca expectável do SC Braga contribuiu, e muito, para um jogo pastoso e demasiado concentrado. Mas, como é habitual nestes grandes momentos, lá surgiu Falcao em mais um voo picado e derrubou a muralha minhota.

O favoritismo e o temeroso ataque portista, concentrava todos os holofotes nos nossos rapazes. A brilhante caminhada até Dublin, cheia de exibições brilhantes e goleadas arrasadoras, abriam o apetite internacional para ver este Porto jogar. A ânsia traiu o jogo de posse dos comandados de Villas-Boas, a pressão total dos arcebispos fez o resto.

Num jogo muito concentrado no miolo do terreno, com uma densidade de homens acima do normal, tornava cada disputa intensa e algo confusa. Resultado prático disso, pouca bola no chão e muito menos se viu alguma jogada com cabeça tronco e membros. Um remate de Custódio e outro de Hulk foram excepções naquele emaranhado difícil de desatar.


A partida arrastava-se nesta toada até que, numa recuperação de bola, Guarín, partiu em direcção das redes de Artur, simulou, e cruzou à medida da letal cabeça de Falcao. À primeira nesga o fabuloso avançado colombiano que enverga orgulhosamente as nossas cores fez moça e decidiu o destino do encontro.

Perto do intervalo, o FC Porto ganhava vantagem e o SC Braga via-se na contingência de ter de desformatar os seus princípios de jogo. A oportunidade de espaço fazia crer mais oportunidades para as nossas hostes, porem, o stress típico das finais, retirou-nos clarividência no momento de sair a jogar e decidir o último passe correctamente. Um atrofiamento quase inexplicável, só compreensível por tudo aquilo que estava em jogo.


Domingos mexeu na equipa, mas sempre de forma cautelosa e muito respeitadora para com o Dragão. Mossoró, acabado de entrar ao intervalo, fez o nosso brioso capitão brilhar e segurar a vantagem. Um susto de Fernando que nos esmagou o estômago, mas momento único e irrepetível até ao apito final.

Os domínios da psique azul e branca foram inundadas pelo extremo desejo de erguer o troféu. Não se viu o “show” que fez este FC Porto 2010/11 tornar-se uma referência europeia, mas pelo menos foi capaz de pôr a salvo a vitória. E as finais são assim mesmo; não se jogam, ganham-se!

Fotos: uefa.com

Festa nas ruas de Dublin