segunda-feira, 30 de novembro de 2009
domingo, 29 de novembro de 2009
Finalmente um jogo à Porto
A reacção da equipa ao golo adversário foi muito boa. O FC Porto continuou a atacar com convicção e com boas combinações e subidas nas alas, quer de Fucile quer de Alvaro Pereira e as oportunidades de golo continuaram a surgir até ao final da primeira parte sem que no entanto aparecesse o golo. No meio de muita vontade houve também muita falta de concentração e mais uma vez muitos passes falhados. Os problemas de finalização mantêm-se. Ainda são precisos muitos remates à baliza para que surja um golo.
No início da segunda parte Fucile foi carregado dentro da área dos vilacondenses e o árbitro apontou para a grande penalidade. Falcao rematou à trave e assim falhou mais um penalty. Não haverá ninguém na equipa técnica que o ponha a marcar 50 penalties por treino depois da hora? Não se admite a um ponta-de-lança que seja tão perdulário, principalmente nos penalties. Apesar disso a equipa continuou a acreditar e os lances perigosos continuaram a surgir na área do Rio Ave e o golo foi sendo evitado pelas defesas espectaculares do guarda-redes Carlos (faz-lhe bem jogar no Dragão, fica inspirado o rapaz). Já com Varela e Farías em campo surge o golo da vitória por intermédio do primeiro num remate à meia volta depois de um lance de cabeça na sequência de um canto. Hoje Varela foi o herói. Mereceu o golo porque regressou muito bem da sua ausência por lesão. É a grande revelação deste plantel.
Algumas notas:
- Com Fucile em campo é outra conversa. Como é que o FC Porto pôde ir buscar um jogador tão banal como o Sapunaru?
- Maicon esteve muito nervoso e inseguro na sua estreia. Esperam-se melhores exibições porque com performances como a de hoje o central que dá mais garantias para fazer companhia ao Bruno Alves é o Rolando.
- Jesualdo disse no flash-interview que a equipa não soube guardar a bola nos minutos finais. Grande constatação. E porque será, terá o Mister pensado nisso? Será talvez porque o seu modelo de jogo despreza a posse e circulação de bola? E depois ainda se admira que os rapazes não saibam guardar a bola quando é preciso.
Rock versus sinfonia de Beethoven
«A leitura mais certeira sobre o descalabro do Inter de Milão em Barcelona veio de Johan Cruyff, segundo o qual, "no futebol, é possível comprar músculo, fama e talento, mas não há dinheiro que pague o estilo". (...)
Mourinho foi muito importante no início da década, pelos contributos que deu ao futebol nacional e pela forma como contribuiu para o crescimento táctico do futebol inglês. Terá para sempre também um lugar cimeiro em qualquer enciclopédia mundial do pontapé da bola. A diferença é que as suas equipas são de rock puro, por vezes mais barulhento do que afinado, enquanto este Barcelona resulta mais numa sinfonia de Beethoven ou numa opereta de Plácido Domingo.»
Bruno Prata
in PÚBLICO, 27/11/2009
sábado, 28 de novembro de 2009
Pontaria desafinada
«o FC Porto é o clube mais rematador da Liga dos Campeões, somando os remates que vão à baliza aos que se ficam apenas pela intenção de lá chegar. (...) não há quem remate mais do que o FC Porto (90 em cinco jogos), é verdade, mas também não há quem remate tanto para fora (48 dos tais 90 contabilizados nas estatísticas oficiais da competição). Aliás, considerando apenas os que vão na direcção desejada, a baliza (no caso do FC Porto, foram 42), há que pendurar outro número na balança: só cinco resultaram em golo.»
in O JOGO, 28/11/2009
"A eficácia é um factor importante, mas, muitas vezes, depende de onde o remate é feito e da inspiração de quem o faz. (...) No jogo com o Chelsea, por exemplo, o único remate dentro da área foi uma recarga do Falcao. Os outros foram de longe e isso também ajuda a traduzir a questão remates/eficácia."
João Vieira Pinto, O JOGO, 28/11/2009
Tudo isto é verdade e deve merecer reflexão, mas estou convencido que bastaria que os índices de eficácia do Falcao melhorassem para níveis aceitáveis (nos últimos 5 ou 6 jogos o sucessor de Lisandro falhou um golo escandaloso por jogo), e uma parte da "crise" da equipa do FC Porto ficaria resolvida.
Fonte: uefa.com
Menos um para suceder a Jesualdo
"O que se passou esteve à vista de toda a gente. Não entrámos como queríamos, sofremos um golo de forma fortuita. Não sofremos o 0-2 no penalty por mérito do Ventura, que acabou por ser um dos melhores em campo. (...) o resultado acaba por ser justo, num dos nossos piores jogos da época. (...) Vamos pensar, hoje fizemos muitas coisas menos boas."
Jorge Costa, 27/11/2009
Depois das eliminações na Taça da Liga e Taça de Portugal, o Olhanense (a que alguns chamam de "Porto B") vai de mal a pior e averbou ontem mais uma derrota em casa. Foi o 10º jogo consecutivo sem vencer e há 615 minutos consecutivos que os algarvios não marcam um golito. É obra!
Presumo que este desempenho da equipa comandada por Jorge Costa deve ter arrefecido o entusiasmo daqueles que colocavam o ex-capitão portista entre os potenciais sucessores do treinador tri-campeão nacional e, quiçá, já em Janeiro...
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Ailton - 1949-2009 RIP
Faleceu em São Paulo o nosso antigo jogador Ailton Ballesteros, que fez parte do plantel vencedor da Taça de Portugal em 1977. RIP.
O novo empréstimo obrigacionista
Conforme foi amplamente divulgado, está a decorrer (termina a 15 de Dezembro) o período de subscrição de um novo empréstimo obrigacionista da Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, representando um montante global máximo de 18.000.000 euros. Irão ser emitidas 3,6 milhões de obrigações de valor nominal de cinco euros cada, remuneradas com uma taxa de juro bruta de 6%, e o reembolso será feito a 18 de Dezembro de 2012.
"[este terceiro empréstimo] é uma fonte de financiamento alternativo ao bancário. Desta forma, o passivo, a médio prazo, passa a ser mais equilibrado, resultando numa maior estabilidade da tesouraria e numa melhor gestão. Este aumento para os 18 milhões de euros, vai evitar ter outras operações financiadas a curto prazo."
Fernando Gomes, 18/11/2009
"Em 2003-06, o montante colocado foi de 11,5 milhões de euros e, em 2006-09, subimos para 15 milhões e os subscritores foram em número bem superior ao valor que tínhamos para realizar. Perante o sucesso anterior, com um juro de seis por cento que não é fácil de obter e com o apoio de duas grandes instituições, o Millennium BCP e o BES, vamos abalançar-nos para 18 milhões de euros. Estou certo de que, mais uma vez, com a percentagem de juro oferecida, vai ser um novo sucesso."
Pinto da Costa, 18/11/2009
Concordo com Pinto da Costa. A taxa de juro é, de facto, aliciante. A pergunta é se não será excessivo manter os seis por cento brutos, atendendo a que as taxas de juro baixaram significativamente nos últimos três anos e, actualmente, são muito mais reduzidas do que na altura do empréstimo anterior.
Apesar disso, ao oferecer este juro aos subscritores do empréstimo obrigacionista, deduz-se que para a SAD continua a ser um instrumento de financiamento mais favorável do que pedir emprestados estes 18 milhões directamente à banca. Ou seja, o financiamento bancário da SAD está a ser feito a um juro superior a 6%.
De resto, olhando para a progressão dos valores destes empréstimos - 11.5, 15, 18 milhões -, fica a ideia que os novos empréstimos servem para pagar o reembolso do anterior mais os juros. Ora, isso não é muito tranquilizador, porque a manter-se o cenário daqui a três anos vão ser necessários 21 ou 22 milhões de euros.
E também significa que os encargos anuais com os juros do empréstimo obrigacionista continuam a crescer. No caso deste empréstimo serão 1,08 milhões de euros por ano (6% x 18 milhões).
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
SMS do dia - LXXXVI
Ainda não perdi a esperança de um dia destes, os ver no Passeio da Fama, juntamente com a Fernanda Ribeiro.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Crónica de uma derrota anunciada
Aliás, e apesar do guarda redes do Chelsea ter estado mais em jogo que Beto, a equipa londrina teve mais bola e pautou sempre o ritmo. Não tinha pressa em chegar ao golo ou em esmagar o adversário. Notava-se, contudo, que a bola nos pés do adversário era melhor tratada, o jogo fluía com simplicidade e aparentemente sem precisar de grandes acelerações ou de uma especial tendência atacante. O importante era o controlo do jogo. A vitória a acontecer surgiria naturalmente, à boa maneira italiana.
A 2ª. parte foi bastante pior que a primeira. Beluschi e Varela perderam gás, as bolas perdidas sucediam-se, e os ingleses passaram a ameaçar, escolhendo o seu flanco esquerdo como ala privilegiada para o ataque à nossa defesa.
Foi, por essa altura que JF tirou Varela e colocou Hulk. Num período relativamente curto os ingleses ameaçaram pela banda esquerda. Belluschi não fechava, Varela já não estava lá para compensar as subidas do defesa esquerdo e Hulk demorava a entrar em jogo, provavelmente ainda não refeito da estada no banco.
Mais substituições, algum coração, muitas correrias, pouca lucidez e o jogo acabou com uma vitória do Chelsea que esteve longe de ser brilhante. Fernando foi para defesa direito, Meireles passou a ocupar o lado direito do meio campo e do lado esquerdo posicionou-se Guarin. Farías entrou para dar musculo e mais oferta de homens na área adversária, mas a convicção infelizmente escasseava. O que doeu foi sempre a ideia pressentida que não tínhamos argumentos sólidos para ganhar e que bastava um Chelsea qb para nos vencer, sem se incomodar muito.
Meireles regular e Bruno Alves bem. Belluschi na 1ª. parte esteve em destaque, mas caiu muito na segunda. Varela, muito bem tacticamente, nem sempre acertou no último passe, deu o berro e foi substituído. Rodriguez uma desgraça, Falcão esforçado. Rolando menos seguro e confiante e Fernando defende e avança pior. Com dois alas sempre encostados às linhas, acho que nem por uma vez conseguiram ganhar a linha de fundo. Diagonais não se viram.
É verdadeiramente preocupante o número de passes que a equipa do FCP falha, e a quantidade de bolas que se perdem pelas laterais. Um FCP irreconhecível. O pior FCP dos últimos anos. Tão mau, só no tempo do Octávio, que também tinha ganho a Super Taça e garantido a continuidade do FCP na CL.
Não podemos ganhar sempre, mas temos de jogar melhor. E jogar melhor é o caminho certo para melhores resultados. Não é ? A situação não é dramática, mas há sinais preocupantes que não podem ser escamoteados. Este não é o meu Porto.
Bolsa de apostas - V
O resultado mais provável é 1-1 (12,5%), mas os resultados de 0-1 (12,5%), 0-0 (11,7%) e 1-0 (11,7%) estão todos muito próximos. Ou seja, é daqueles jogos que pode mesmo dar para qualquer um dos lados (ou para nenhum).
Sendo que o Drogba (16,6%) é o mais provável para molhar a sopa, pela nossa parte é o inevitável Falcao (13,3%).
terça-feira, 24 de novembro de 2009
SMS do dia - LXXXV
Finta com os 2 pés
É melhor que o Pelé
É o Deco! Allez! Allez!
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Meireles é um médio de cariz defensivo?
No último Bósnia x Portugal, Raúl Meireles repetiu o bom jogo que já tinha feito na 1ª mão mas, na ausência de Deco, foi ainda mais incisivo em termos atacantes. Assim, para além do golo, surgiu várias vezes em zona de remate e, pelo menos em mais duas ocasiões, esteve na iminência de marcar mais golos.
Por isso, e depois do que vimos neste jogo, quem se atreve a continuar a dizer que o Raul Meireles é um médio de cariz defensivo?
Não sejamos virgens ofendidas
É bom relembrar o pavilhão de Fânzeres de onde se retiraram as cadeiras da cabeceira para caberem mais Super Dragões, para onde estes tinham livre trânsito, e que em dia de jogo grande eram mais que as mães, mas nas bilheteiras a venda de bilhetes nunca fechava.
Não raras vezes, e não há muito tempo, lá dentro estiveram mais do dobro de espectadores do que aqueles que teoricamente o pavilhão levava e onde se chegava a ouvir o speaker de serviço a dizer (mais palavra, menos palavra):
"Ainda está muita gente lá fora para entrar no pavilhão, pedia que vissem o jogo de pé para podermos ser mais a apoiar o nosso clube, vamos lá! juntem-se mais!"
domingo, 22 de novembro de 2009
"Galinheiro" licenciado pela Liga
"Até agora nenhum adversário se queixou, apesar do relvado em péssimas condições."
Jorge Silva, guarda-redes da Oliveirense
"Com o Gil Vicente o relvado estava pior e jogámos. Com o Carregado aconteceu a mesma coisa"
Laranjeira, capitão da Oliveirense
«(...) o estádio da Oliveirense está licenciado para receber jogos de uma competição profissional»
ponto 1, comunicado da FPF, 21/11/2009
Como é possível que um "galinheiro" como o pseudo Estádio Carlos Osório tenha sido licenciado pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (e sublinho o profissional) para jogos das suas competições?
Mais. Se ontem o "relvado" estava impraticável, transformado num pântano de lama, buracos e poças de água, como é possível que árbitros e delegados da Liga tenham permitido a disputa de jogos da Liga Vitalis em condições ainda piores?
Das duas uma, ou esta gente anda a brincar com o futebol profissional, ou o facto de Hermínio Loureiro ser um fervoroso adepto da Oliveirense teve (tem) um peso decisivo em toda esta pouca vergonha.
E depois, o presidente da Liga e da câmara municipal de Oliveira de Azeméis, ainda tem a lata de dizer que um dos seus objectivos é promover o futebol espectáculo, de modo a levar mais adeptos aos estádios...
Foto: A Bola
A mão de Henry, 20 anos depois de Vata
SLB x Marselha (1-0)
Época 2009/10, play-off de apuramento para o Mundial
França x Irlanda (1-1)
Leio comentários na comunicação social portuguesa e, 20 anos depois, parece que há quem já se tenha esquecido que foi através da mão de Vata que o SLB chegou à sua última final europeia.
sábado, 21 de novembro de 2009
Uma novela rasca com um final previsível
«Dois golos na sequência de lances de bola parada ditaram a divisão de pontos entre Oliveirense e Gil Vicente, em jogo da 10.ª jornada da Liga de Honra, disputado num relvado alagado e com José Gomes, treinador adjunto do FC Porto, na bancada, para observar a Oliveirense (...) O encontro, disputado sob muita chuva, caracterizou-se pela luta e pelos pontapés longos, visto que era impossível fazer a bola rolar no terreno de jogo.»
in Record, 15/11/2009
"A Oliveirense não vai fazer nenhuma alteração no estádio, que se vai apresentar como está. Vamos tentar recuperar o relvado o mais possível, esperando que o bom tempo surja"
José Godinho, presidente da Oliveirense, 15/11/2009
"Se não vierem cinco dias de sol, não vai recuperar, porque conheço este relvado. Vai ser um terreno difícil, onde vai imperar muita luta, muito contacto."
Pedro Miguel, treinador da Oliveirense, 15/11/2009
"Esperamos bom tempo durante o resto da semana e que, no sábado, não chova"
José Godinho, 18/11/2009
«A FPF deseja que o jogo entre a UD Oliveirense e o FC Porto seja – como sempre são os jogos da Taça de Portugal – uma verdadeira festa do futebol, disputado dentro do melhor espírito do fair-play, do respeito e do desportivismo.»
ponto 5 do comunicado da FPF, 20/11/2009
«O árbitro Bruno Paixão decidiu que não há condições para se realizar o Oliveirense-F.C. Porto. (...) O relvado do Estádio Carlos Osório está completamente impraticável, até porque se abateu um forte temporal sobre o norte do país neste sábado de manhã. Chuvas intensas, ventos fortes e muito frio, que aumentaram os buracos e as zonas do relvado cheias de lama. Ora por isso a bola praticamente nem rolava.»
in Maisfutebol, 21/11/2009
«O relvado do Estádio Carlos Osório não está em condições de receber a partida e poderia colocar em risco a integridade física dos jogadores. Durante o aquecimento, foi notório que o relvado era um misto de lama e água, no qual os jogadores se enterravam a cada passo dado»
in A Bola, 21/11/2009
"O árbitro entendeu que não estavam reunidas condições para jogo, que a integridade dos jogadores e árbitros estava em risco e decidiu adiar. Está no seu direito. Eu, como presidente, compreendo, pois o relvado está praticamente impraticável. (...)
Espero que seja irreversível o processo para a construção de novo estádio. Demonstrámos a toda a comunidade oliveirense que para estarmos numa competição não podemos ter este estádio, ou então teremos de descer de divisão."
José Godinho, 21/11/2009
"Isto foi um exercício prático para demonstrar que precisamos de um novo estádio"
José Godinho, 21/11/2009
Nem é preciso dizer mais nada. Os factos, as imagens, os comunicados e as declarações dos próprios presidente e treinador da Oliveirense ao longo da semana falam por si.
Fotos: A Bola, PUBLICO, Maisfutebol
Há coisas que não se esquecem - III
O que diria disto o Sr. Batota?
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
O Amor da F.P.F. pelo Futebol
A Taça de Portugal é, segundo dizem, "a festa do futebol". Ou, se calhar, é apenas a final da competição que merece tal epíteto, disputada que é no "olímpico", "helénico", Estádio Nacional - como o descreveu, se a memória me não atraiçoa, o Dr. Silva Resende, conhecido sportinguista de Cinfães, durante a polémica sobre a final de 1983 (àquela arquitectura de traça mussoliniana nós preferimos chamar Estádio de Oeiras).
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Honra aos Nossos!
Ainda se Lembram? (III) O "Xico" Nóbrega
Cabeça caída, queixo quase colado ao peito, com um passo melancólico, esta era, de certo modo, a imagem de marca de Francisco Lages Pereira Nóbrega, que viu a luz do dia em Vila Real em 14 de Abril de 1942. De tal modo essa imagem se lhe colou que alguns adeptos de humor mais espontâneo diziam que ele perdera “cinco coroas” (antiga moeda de 2$50) no relvado das Antas.
Mas isto era nas pausas do jogo. Com ele a decorrer, o Nóbrega era um fogoso extremo-esquerdo, senhor de um drible mais que competente e um dos melhores jogadores a centrar uma bola que já vi actuar no F.C. Porto. E a isso aliava um poderoso pé esquerdo, que o viu facturar um número apreciável de golos durante a sua longa carreira no F.C. Porto, que decorreu de inícios da década de 60 a meados da década seguinte. Pelo meio, o Nóbrega foi quatro vezes internacional “A” por Portugal, entre 1964 e 1967.
Mas, de facto, pareceu sempre faltar-lhe alguma chama, dava a ideia de ser um jogador pouco motivado. O grande jornalista Vítor Santos frequentemente, ao escrever sobre ele, dizia que o Nóbrega patenteava “sempre os mesmos defeitos e as mesmas qualidades”.
A certo ponto dos anos sessenta irrompeu no clube um jogador da mesma posição que chegou a tirar-lhe o lugar, o angolano Serafim dos Anjos Mesquita Pedro, popularizado pela alcunha de “Malagueta”. Mas o Malagueta, coitado, que já não está entre nós e teve um fim triste, gostava muito das noitadas, e paulatinamente o “Xico” Nóbrega recuperou o lugar. Fez, por essa altura, parte da equipa que no Jamor venceu a Taça de Portugal de 1968, contra o Vitória de Setúbal (2-1), tendo apontado um dos golos, salvo erro o da vitória.
Ainda por cá estava, “sempre com os mesmos defeitos e as mesmas qualidades”, na época em que o Pavão morreu, em 1973, e participou nessa partida, também contra o Vitória de Setúbal.
Percorrendo as minhas memórias do Nóbrega, recordo-me da sua fulcral intervenção na jogada que deu o único golo da partida num jogo contra o Benfica nas Antas em Dezembro de 1968: antecipando-se a um defesa adversário dentro da grande-área, o Nóbrega rematou com violência à meia-volta, o guarda-redes do Benfica, José Henrique, apenas conseguiu rechaçar a bola, e o Custódio Pinto, ali mesmo à mão de semear, empurrou-a para a baliza. Nessa época disputámos o título renhidamente com o Benfica, e já dela falei no artigo sobre o “Bacalhau”. Voltarei a ela aqui, um dia, com mais pormenor. Hoje a tinta da minha pena virtual é derramada em homenagem ao “Xico” Nóbrega.
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Arrivederci Quaresma
«O jornal espanhol Mundo Deportivo avança na sua edição de hoje que o Atlético de Madrid está na corrida pelo extremo, para além do Génova, Nápoles, Everton e... Sporting. Recorde-se que o clube de Simão Sabrosa já tentou a contratação de Quaresma em 2006 e 2007, esbarrando na altura no alto preço pedido pelo FC Porto. O regresso aos campeões nacionais é também uma forte hipótese para o jogador prosseguir a carreira, garante o diário La Gazzetta dello Sport.»
in Record, 12/11/2009
Compreendo que o Ricardo Quaresma queira jogar com regularidade, algo que não faz desde que saiu do FC Porto, e percebo perfeitamente a urgência pessoal em fazê-lo, nomeadamente no caso de Portugal garantir o apuramento para o Mundial da África do Sul.
Contudo, esperando que esta paragem de três semanas no campeonato contribua para que o trio de ataque portista - Rodriguez, Hulk e Falcao - e o "joker" Varela atinjam o pleno em termos físicos, faz sentido a FC Porto SAD equacionar a possibilidade de contratar (por empréstimo) Quaresma a partir de Janeiro?
Apesar das saudades das trivelas e de diversos golos espectaculares, sinceramente penso que não e por três razões:
1º) As principais carências do plantel portista são no meio-campo, com destaque para médios ofensivos de qualidade. A investir em Janeiro a prioridade deve ser nesse sector;
2º) Em ano de Mundial, a SAD tem de valorizar os seus activos - por exemplo, Hulk e Varela - e não os que pertencem ao Internazionale;
3º) A forma como Quaresma forçou a sua saída do FC Porto e as palavras pouco simpáticas que proferiu quando assinou pelo Inter (qualquer coisa do estilo, "tinha o desejo de voltar a jogar por um grande clube"), fazem com que muitos adeptos portistas, entre os quais eu me incluo, não vejam um hipotético regresso do Quaresma com os mesmos olhos com que veriam o de Deco ou Ricardo Carvalho, só para citar dois exemplos.
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Pérolas Retóricas do Zé do Boné (15)
"Os sistemas não se inventam, mas funcionam sempre, do meio-campo para a frente, em função das características dos jogadores de que se dispõe".
A propósito da finalização
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Música do futebol
Estas duas músicas não estão relacionadas com o FC Porto ou outro clube em particular, mas são antes um hino ao espectáculo que é o Futebol e às emoções e paixões que este desperta.
1.
Bola na trave não altera o placarPor Skunk, "Partida de Futebol"
Bola na área sem ninguém pra cabecear
Bola na rede pra fazer um gol
Quem não sonhou ser um jogador de futebol?
A bandeira no estádio é um estandarte
A flâmula pendurada na parede do quarto
O distintivo na camisa do uniforme
Que coisa linda, é uma partida de futebol
Posso morrer pelo meu team
Se ele perder, que dor, imenso crime
Posso chorar se ele não ganhar
Mas se ele ganha, não adianta
Não há garganta que não pare de berrar
A chuteira veste o pé descalço
O tapete da realeza é verde
Olhando para bola eu vejo o sol
Está rolando agora, é uma partida de futebol
O meio campo é lugar dos craques
Que vão levando o team todo pro ataque
O centroavante, o mais importante
Que emocionante, é uma partida de futebol
O goleiro é um homem de elástico
Só os dois zagueiros tem a chave do cadeado
Os laterais fecham a defesa
Mas que beleza é uma partida de futebol
Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém pra cabecear
Bola na rede pra fazer um gol
Quem não sonhou ser um jogador de futebol?
O meio campo é lugar dos craques
Que vão levando o team todo pro ataque
O centroavante, o mais importante
Que emocionante, é uma partida de futebol
2.
I’m in love with a football clubJames, "Goal Goal Goal"
At the age of 7 my father took me
He got me hooked into this game
I’m a member of an ape like race in the final days of the 20th century
When we don’t win I go insane…
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Wanna see you take that ball
and make it break the laws of gravity
Sell me a dummy on the way…
Curved ball around the wall
Make the play with a touch of clarity
I get much pleasure from this game
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Who were so powerful
watch these giants collide
so individual
he was never ever ever offside…
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
A palestra de Fernando Gomes na EGP
Na passada sexta-feira, dia 13 de Novembro, Fernando Gomes foi convidado para uma palestra inserida na pós-graduação do curso de "Gestão do desporto profissional" da EGP - University Business School. Num ambiente diferente das assembleias gerais da SAD ou do clube, o administrador do FC Porto respondeu a várias perguntas e fez um conjunto de afirmações interessantes.
"[o sucesso desportivo continuado do FC Porto, sobretudo a nível internacional] é um autêntico milagre".
Para concretizar o fosso que separa Portugal de países como a Inglaterra e a Espanha, Fernando Gomes serviu-se de um quadro comparativo das receitas: Manchester United (324 milhões de euros), Barcelona (308), Bayern Munique (295), Chelsea (268), Arsenal (264), Liverpool (210), Villarreal (68) e FC Porto (54).
"O FC Porto está num mercado parco. Tem apenas 10 ou 12 por cento da capacidade de gerar receitas nos mercados em que está envolvido. Mas, ao mesmo tempo, compete ao mesmo nível em aspectos como a aquisição de jogadores."
"O Keirrison [agora com 20 anos] foi referenciado há dois anos, mas os valores eram incomportáveis. Acabou por ir para o Barcelona, por 14 milhões de euros, com encargos de um milhão de euros por ano. Não tivemos capacidade financeira para competir com o Barcelona."
"Lisandro foi ganhar três mihões de euros para o Lyon".
Na resposta a perguntas da plateia, Fernando Gomes considerou interessantes, mas quase inviáveis uma liga ibérica ou uma liga europeia de clubes.
"[a integração do FC Porto, Benfica e Sporting num potencial campeonato ibérico] Seria aliciante, do ponto de vista de receitas, mas há regras extremamente restritivas a esse respeito no futebol europeu. Ainda recentemente não foi permitida a entrada dos escoceses do Celtic e do Rangers na Premier League."
"O Real Madrid recebe, por ano, 135 milhões de euros, só de direitos televisivos. O Barcelona 125 milhões e o FC Porto nove. Do ponto de vista de mercado, seria muito interessante, mas isso provocaria a diminuição da competição em Portugal".
Quanto à possibilidade de o FC Porto competir numa Liga europeia, foi descrita como "inviável", até porque a UEFA respondeu com o reforço de prémios da Champions. "A oportunidade surgiu em 1998, mas esse tempo já passou. A melhoria das receitas por parte da UEFA tornou quase impeditivo os grandes clubes de darem esse passo".
"Apesar das inúmeras presenças na Liga dos Campeões, o FC Porto tem direito a fatias do market pool muito inferiores a clubes holandeses ou turcos, por exemplo."
"O nosso sucesso passa por antecipar e conquistar os jogadores através da projecção que os atletas ganham no FC Porto"
"O FC Porto é um case study europeu", estatuto granjeado à custa de vários factores: "cuidadosa gestão, boa observação de jogadores e equipas competitivas". O fortalecimento da marca também conta. "Somos muito procurados".
A estratégia do FC Porto para o sucesso, segundo Fernando Gomes, é a seguinte: "profissionalização dos quadros; aposta no centro de treinos e no estádio novo; estratégia agressiva de investimento no plantel e planeamento a longo prazo". Boa parte do sucesso tem que ver com a "prospecção de jogadores e recolocação posterior com negócios altamente vantajosos".
Com um "passivo de 155 milhões de euros, sem contar com outro de 50 milhões relativos à EuroAntas" (detentora do estádio), Fernando Gomes referiu não ser importante o montante. "Os passivos não interessam para nada. Temos é de ter capacidade para gerar fluxos de maneira a pagar esses passivos".
domingo, 15 de novembro de 2009
Intermitência e tremedeira
Na 1ª parte o jogo correu quase todo pelo lado direito com Nani em destaque. Algumas triangulações em que intervieram Meireles e Deco foram vistosas, mas perdiam-se : o último passe não saía e se saía não encontrava finalizador, pois raramente conseguimos meter “muitos” homens na grande área da Bósnia.
Os últimos minutos da 1ª parte foram um sufoco, e no seguimento de um canto a trave da nossa baliza abanou com força, mas impediu bravamente que os bósnios empatassem o jogo.
Na 2ª parte não entramos bem, mas como os bósnios se mantiveram na expectativa, acabamos por tirar partido dessa prudência do adversário para abanar um pouco jogo, o que conseguimos durante cerca de 15 minutos, entre os 55 e os 70 minutos, em que tivemos algumas oportunidades e Liedson construiu e perdeu a melhor chance de aumentar a vantagem. Bem, depois, até ao final do jogo, foi uma tremedeira total e fomos muito felizes, nomeadamente quando na mesma jogada vimos duas vezes os postes a substituir o nosso guarda redes. Foi dos lances mais aplaudido pelos indefectíveis da selecção. Uma loucura !
sábado, 14 de novembro de 2009
Ainda se lembram? (II) O Bife
Não me lembro dele propriamente como jogador, mas faz parte das minhas recordações infantis.
Primeiro que tudo pelo nome de guerra - Bife, que como ele relatou veio de:
“Estava com pressa para jogar futebol e tropecei no caminho. A marmita caiu e a tampa abriu e eu estava para morrer de fome e o que eu vi ali? Um bife enorme”, narra o atleta, fazendo gesto, sem se importar com o soro na veia. “Tinha uma padaria ao lado e planejei tudo. Entrei e pedi água. Sabia que o dono ia buscar água lá no fundo. Enquanto ele fez isso, catei o maior pão que tinha. Fui esconder atrás de uns tijolos e arrumei o sanduíche. Quando estava comendo, passou um colega e disse: você está comendo o bife da marmita. Eu disse: não, estou só descansando”. Na hora da escolha dos times, quem estava no par ou ímpar era o tal colega. Ele ganhou e pediu: eu quero o Bife. “Mas aí eu zanguei, não devia ter zangado, bastou isso para o time todo gritar Bife, Bife. E nunca mais tive outro nome”.
O Bife foi contratado no início de 1980, já a época ia a meio, e foi marcado um jogo de apresentação - na altura face à escassez de contratações e para ajudar a pagar a mesma, era normal tal acontecer.
O Sp. Espinho foi o convidado e o jogo marcado para o dia 2 de Fevereiro de 1980 (pelos arquivos a data foi esta e o resultado 2-1), e a vedeta ia ser ele - José Silva de Oliveira - Bife para os adeptos. Mas algo viria a mudar esta história.
António Oliveira, tinha ido no início da época para o Bétis, mas estava descontente e queria voltar. E voltou. Mas voltou precisamente no dia da apresentação do Bife. 29 anos depois, já não retenho os pormenores, não sei se o Oliveira chegou a jogar ou não, só me lembro que um jogo particular e banal se tornou de repente no regresso do ídolo Oliveira. Na altura foi umas das maiores alegrias que tive e que foi ficando na memória, sempre associada ao Bife.
Ficou por cá até ao final dessa época de 1979/1980, não sei se o Verão Quente teve alguma coisa que ver com a sua saída, tendo efectuado 11 jogos e marcado 3 golos. Um ano depois voltaria a Portugal para jogar no Belenenses, onde esteve uma época.
Faleceu em Fevereiro de 2007, vítima de falência múltipla dos órgãos devido a uma cirrose hepática, depois de uma vida em que “Na época, ganhava R$ 120 por mês, mas gastei tudo, porque sou burro”.
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Ainda se Lembram? (I) O Bacalhau
Atendendo ao aquecer da luta pelo título, José Maria Pedroto, que cumpria a sua terceira época à frente da equipa, elaborou um programa especial de estágios. Esse programa, contudo, viria a enfrentar a oposição dos jogadores, especialmente do trio formado pelo guarda-redes Américo, o médio Eduardo Gomes e o ponta-de-lança Custódio Pinto. O trio foi suspenso por indicações de Pedroto e no jogo seguinte, frente à tradicionalmente difícil equipa da CUF (actual Fabril do Barreiro), no seu Estádio Alfredo da Silva, surgiu uma surpresa de monta: a lateral-esquerdo estreava-se um jovem de 19 anos e, mais, era ele o capitão de equipa. Com esse gesto, José Maria Pedroto pretendeu significar aos restantes jogadores que nenhum deles era imprescindível ou mais importante que a equipa. Assim nascia para o futebol da alta roda o Leopoldo, que os adeptos do F.C. Porto viriam a popularizar com a alcunha de "o Bacalhau".
O F.C. Porto venceria o desafio por 1-0, mas o título, esse, depois de novas peripécias e de algumas ignóbeis atitudes por parte da direcção do clube, culminando no despedimento de Pedroto, ficaria "no tinteiro".
Entretanto "o Bacalhau", de seu nome completo Leopoldo José Nogueira Amorim, foi singrando no clube, o qual, como sabemos, atravessava uma época de vacas magras em matéria de êxitos desportivos. Sem nunca ser um jogador brilhante, não estava, porém, abaixo da média - muito pelo contrário - dos ocupantes do lugar de defesa-esquerdo antes da sua aparição. Com os tempos chegou a ser utilizado a defesa-direito, e recordo-me bem de um jogo no Bessa, em Dezembro de 1973, precisamente uma semana depois da morte do grande Pavão, em que o primeiro golo do F.C. Porto numa vitória de 2-0 foi da autoria do "Bacalhau". E não sei mesmo se não terá sido o seu único golo ao serviço do clube.
Mais tarde, por volta de 1976, o "Bacalhau" rumaria ao Varzim, onde jogou, segundo creio, até 1980. Ou seja, falhou por pouco a época em que aquele que o lançara na equipa principal, regressado triunfalmente, haveria de levar o F.C. Porto de novo ao título nacional.
É também dos "Bacalhaus" deste mundo, jogadores da casa e dedicados ao clube, que se faz a história do F.C. Porto. Bem hajas, Bacalhau!
Nota: nesta foto de uma equipa do F.C.P. do iníco da década de 70, o "Bacalhau" é o terceiro a contar da esquerda na fila de trás, entre os "monstros" Pavão e Rolando.
Créditos: O Baú dos Cromos, Paixão pelo Porto
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Nós somos o Porto !
Fiquei muito chateado com o resultado feito com o Marítimo : por termos perdido, por termos jogado mal, porque esperava que acontecessem ambas as coisas, porque bem no fundinho da m/alma portista contava com um milagre e que tudo acontecesse ao contrário.
O que me impressiona - e essa responsabilidade devo imputar prioritariamente ao treinador - é o FCP estar em péssima forma física e, apesar disso, tender a jogar tacticamente como se estivesse no apogeu. Os jogadores muito abertos, sem entreajudas, raramente conseguindo o dois contra um e perdendo quase todos os duelos individuais, pediria, dada a pouca "saúde" da equipa, que os artistas jogassem juntinhos e com as linhas muito próximas. Somos a equipa da CL com mais passes falhados, o que explica a imperícia e põe em dúvida ou os famosos processos de JF ou a incapacidade dos jogadores na sua aplicação.
Para além disso, JF deveria ter feito alguma rotação e poupado os jogadores que provavelmente estão mais fatigados. Quando não se tem cão, caça-se com gato. Nós somos o Porto, disse Meireles, e não deixávamos de o ser se jogássemos segundo a nossa condição actual. Coragem não é só ousar assumir o jogo. Bruno do Marítimo que joga bem devagarinho, teve sempre tempo para jogar ao seu ritmo, sem ser incomodado.
O JF tinha prometido que a equipa tinha de saber sofrer, só que lhe pediu o impossível, pois não soube mostrar o caminho para a equipa o poder fazer, discutindo o jogo e o resultado. E o JF tem que conhecer a situação dos seus jogadores e os seus limites. Meireles foi o jogador que mais correu com o Apoel (acima de 11 kms) o que comprova a ideia que não se corre pouco, corre-se mal.
É gritante a diferença entre o SLB e o FCP em termos de intensidade e qualidade de jogo, e isso é que me assusta. Mas, entrar em loucuras seria o que de pior nos poderia acontecer neste momento.
Muito mérito cabe à SAD pelos imensos êxitos que temos obtido. Estamos gratos por isso. Porém, os bons resultados e a estabilidade são valores muito estimáveis se não favorecem a inércia. E o mundo é composto de mudança. O futebol e as SAD’s não são excepção. Incomoda-me que o nosso presidente continue exposto nos tribunais, mas nos tempos difíceis, PdC tem-se saído quase sempre bem. É, aliás, um dos seus principais méritos. Quando trouxe Artur Jorge, quando o fez regressar para substituir Quinito, quando entrou Robson para o lugar de Ivic, quando Mourinho substituiu Octávio, quando trouxe Adriaanse e depois Jesualdo. Por isso, continuo a acreditar na sua sageza para uma correcta avaliação do valor da nossa equipa e do desempenho do treinador. Muita água vai correr por baixo da ponte até ao Natal, e por essa altura estaremos em condições de julgar melhor o desempenho de todos : dirigentes, técnicos e jogadores. Nós somos o Porto e é no terreno do jogo que temos de o demonstrar, preferencialmente.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
Baptista & Baptista
41': Maxi Pereira derruba Camora na área do Benfica. Havia lugar a grande penalidade?
«O Painel de jurados de O JOGO considera, por maioria, que o árbitro Lucílio Batista "pecou" ao não assinalar falta de Maxi Pereira sobre Camora já perto do intervalo.»
in O JOGO, 10/11/2009
Nota: Escusado será dizer quem foi o ex-árbitro do painel de O JOGO que considerou que Maxi Pereira carregou o jogador da Naval de forma legal...
Na Luz, com o resultado em 0-0, ficou um penalty por marcar a favor da Naval. Contudo, a bem da "verdade desportiva", este lance, bem como, o do livre inventado que esteve na origem do golo encarnado, não fazem parte das crónicas dos jornais nem dos resumos televisivos do jogo. Acho bem, convém evitar polémicas desnecessárias que manchem as vitórias do clube do regime.
No Marítimo x FC Porto, outro Baptista também defendeu o espectáculo, evitando que os madeirenses tivessem ficado a jogar com menos um a 35 minutos do fim. E desta vez nem sequer há a desculpa de que o árbitro não viu a agressão de Roberto Sousa a Rodriguez. Viu perfeitamente, mas Paulo Baptista decidiu transformar em amarelo esbatido um cartão que deveria ser da cor do sangue que escorria pela face do internacional uruguaio.
Dois erros de arbitragem de que ninguém fala (nem o Labaredas), com provável influência nos resultados finais destes dois jogos. Mas enfim, olhando para quem foi beneficiado e prejudicado, está tudo bem.
P.S. Segundo consta, ontem não houve berros, ameaças ou agressões no túnel da Luz. Que bom!...
Miolo do FC Porto anda coxo
Artigo de opinião de Bruno Prata, publicado em 06/11/2009, onde o jornalista do PÚBLICO toca num dos problemas principais deste FC Porto 2009/10.
«O diagnóstico dos problemas do FC Porto em termos de qualidade de jogo tem sido associado às vendas (cíclicas) de alguns dos seus melhores jogadores e à necessidade de dar tempo aos seus substitutos para que eles possam apreender a cultura, os processos e o modelo de jogo. Os mesmos motivos estiveram na origem do periclitante arranque da época passada, em que os resultados até foram bem piores na fase de grupos da Liga dos campeões.
Os mais atentos acrescentarão a onda de lesões que têm afectado os portistas e as dificuldades criadas pelas múltiplas convocatórias para as respectivas selecções, que, além do desgaste dos jogos e das longas viagens, impedem o desenvolvimento normal dos treinos, que já se sabe ser a arma que Jesualdo Ferreira mais e melhor sabe potenciar.
Sendo tudo isto verdade, há mais um detalhe que deve ser relevado. O meio-campo denota falhas de complementaridade, algo que complica ainda mais as coisas, especialmente numa equipa desenhada em 4x3x3, como é o caso.
Para perceber do que falamos, atente-se no meio-campo que levou Jesualdo ao sucesso em Braga: Andrés Madrid, Vandinho (então um médio interior esquerdo, antes de se tornar no "trinco" de grandes recursos que é hoje) e João Alves. São três jogadores de características diferentes, mas que cosem bem uns com os outros. O sentido posicional de Madrid dava-se bem com a verticalidade de Vandinho e com a capacidade de Alves de ler o jogo. As diferenças entre aqueles três médios funcionavam como um factor multiplicador, tornando o meio campo bracarense coeso, versátil e imaginativo.
Mas há outros exemplos de boa complementaridade em equipas desenhadas em 4x3x3, a mais conhecida das quais talvez seja o Barcelona, principalmente quando opta pela capacidade física de Touré, o futebol cerebral de Xavi e a magia e a verticalidade de Iniesta. Recuando na história, é possível recordar a forma perfeita como se desenvolvia e organizava o meio-campo de José Mourinho na sua primeira época no FC Porto, com Costinha a "6" e Maniche e Deco como médios interiores. Mais um caso de evidente complementaridade.
Jesualdo conseguiu repetir a receita quando se mudou para o FC Porto. Porque Paulo Assunção, Raul Meireles e Lucho são três jogadores diferentes, mas que também tinham o condão de funcionar em harmonia. E esta complementaridade não foi sequer trocada quando Paulo Assunção desertou para Madrid e no lugar se impôs Fernando.
A verdade é que uma boa parte dos elos de ligação foram quebrados com a venda de Lucho. O lugar foi ocupado por Belluschi, que já se sabia ser um belíssimo jogador. Mas é muito mais um "dez" do que um "oito". É justo reconhecer que tem feito um esforço enorme para se adaptar às funções e as coisas até lhe saíram de forma razoável nos primeiros tempos, antes de uma lesão atrapalhar a sua afirmação. Só que, mesmo quando está bem, acaba por funcionar frequentemente como um corpo algo estranho, principalmente quando opta pela posse da bola em circunstâncias em que o modelo portista recomenda a transição. Belluschi não tem culpa, porque isso faz parte do seu ADN futebolístico, devendo ainda reconhecer-se que a sua presença garante, pelo menos, uma fantasia que não abunda no Dragão.
A complementaridade do miolo é ainda mais reduzida quando, em vez de Belluschi, se recorre a Guarín, Tomás Costa ou Mariano (mais por instabilidade psicológica do que por outra qualquer razão). Não que estes sejam fracos, mas porque não acrescentam suficiente diversidade a um sector em que Fernando e Meireles acabam por viver fases de angústia e de saudade do complemento perfeito que era Lucho.
O substituto ideal do argentino parecia ser outro argentino. Mas Valeri demorou a apanhar a primeira carruagem, fruto de alguns problemas físicos - é provável, de resto, que o FC Porto tenha optado por garantir o seu empréstimo (por duas épocas), em vez de o contratar logo ao Lanús, por temer eventuais sequelas da operação aos ligamentos cruzados do joelho direito a que o jogador foi sujeito em Novembro de 2005. Valeri soma apenas 77 minutos nos quatro jogos em que começou como suplente na liga portuguesa. Jesualdo tentou rodá-lo nos jogos da Taça de Portugal, mas quando o médio se começava a integrar totalmente, uma nova lesão afastou-o dos últimos jogos, que poderiam ter sido uma boa oportunidade para a afirmação deste argentino de 23 anos.
Enquanto isso não acontece, a Jesualdo Ferreira só restam três alternativas para tentar resolver a questão: trabalhar cada vez mais com Belluschi para o tornar mais compatível com o triângulo no miolo; recorrer ainda com mais insistência ao 4x4x2 que nos últimos tempos vem funcionando como uma "muleta" táctica interessante; e começar a arriscar um pouco mais no lançamento de alguns jovens formados na casa e que já mostram valor. Muitos adeptos continuam a ansiosos de reverem, por exemplo, Sérgio Oliveira, que deu água pela barba na Taça de Portugal frente ao Sertanense. Pode não ser ele também o substituto ideal de Lucho (até porque só tem ainda 18 anos), mas o que lhe vimos fazer naquele jogo não pode ter sido obra do acaso. É craque.»
Nota: Os destaques a negrito são da minha responsabilidade.
domingo, 8 de novembro de 2009
Crónica de um pesadelo anunciado
Como já referido, a equipa Madeirense mostrou em largos períodos saber como manter sob rédea curta este Porto de pacotilha, pelo que desde cedo começou a pegar no jogo, criando perigo a partir de incursões laterais, tentando servir o móvel avançado Baba. Em 2 momentos esteve perto de marcar. O infortúnio (ou será melhor dizer o previsível?) aconteceu, com o auto-golo do central portista. Nem assim os homens de Jesualdo espevitaram.
O Dragão, mergulhado numa letargia profunda, não sabia o que fazer com a bola. Na verdade, a equipa portista parece que caiu num buraco negro, sem qualquer processo de jogo definido, ou construção de jogadas vindas do laboratório de ensaio. O número de passes errados, demonstra como os jogadores estão à deriva, sem uma linha orientação de equipa abrangente, ou pontos de referência em seu redor. Cada jogador está por sua conta, quando a bola lhe cai nos pés. Não admira que tudo saia mastigado e aos repelões. Ou então, vai um pontapé longo em busca de um milagre.
A falta de criatividade, fantasia e espontaneidade desta equipa torna-se gritante, o que facilita, e de que maneira, a vida aos adversários. A linha do meio campo que iniciou o encontro, bem como toda trupe da zona intermédia que foi a combate no decorrer do mesmo, só tem características e está formatada para pensar o jogo no domínio de ocupação dos espaços, Mas nem isso souberam fazer convenientemente. Nenhum dos que actuaram poderiam vir a causar desequilíbrios, pois não têm engenho para tal. Foi este o caminho que Jesualdo escolheu para tentar dar a volta ao rumo dos acontecimentos. Não admira, pois, que em 90 minutos, o FC Porto tenha apenas criado uma única situação de golo iminente, tornando-se presa fácil para o Marítimo.
A fórmula esgotou-se, e há elementos da equipa que demonstram alguma dificuldade em lidar com as contrariedades, ou sem estofo para assumir as operações. Chegou o momento de o Professor definir outro rumo ao processo de jogo da sua equipa, pois com este, está visto que a probabilidade de voltar a perder pontos é enorme. As lesões de alguns jogadores, a baixa de forma de outros não explicam tudo, porque o que se viu esta noite, não tem ponta por onde se lhe pegue.