É nos momentos mais dificeis que os grandes clubes se fazem sentir. Quando a crise bate à porta, seja ela grande ou pequena, de resultados ou de jogo, de ideias ou de apoio externo, os grandes clubes sabem sempre encontrar a fórmula de reinventar-se. E nós, Futebol Clube do Porto, somos um grande clube.
Temos a imensa sorte de viver o ciclo de ouro da história do nosso clube. Não se enganem.
Quando este ciclo acabar - e pode acabar daqui a dois anos ou daqui a dez - será irrepetível tudo aquilo que vivemos. É parte da história. Não significa que deixaremos de ganhar, de celebrar. Mas seguramente não tantas vezes. E quando o façamos será mais difícil. Mais sofrido. Como no passado. Passou a todos. O Barcelona viveu nos anos 60 e 70 um hiato abismal. Teve um pequeno ciclo deprimente a final dos anos oitenta e na viragem do século. Voltou sempre mais forte. O Liverpool reinou durante 30 anos sobre o futebol inglês. Agora está há mais de vinte à espera da sua oportunidade. O Sporting já foi a maior potência portuguesa. Há mais de meio século. E o Benfica, até ao 25 de Abril, jogava num mundo à parte. Agora têm dois títulos de campeão nacional por década nos últimos vinte anos. Algum dia fomos nós, algum dia podermos voltar a sê-lo. Vale por isso bem celebrar o momento. Celebrar as pessoas que o conseguiram. Celebrar os adeptos que fizeram o clube crescer. Mas celebrar, desfrutar e sentir-se grande não chega. Os ciclos só se perduram no tempo porque quem está no topo continua a evoluir para não ser apanhado. Se não tivesse chegado Mourinho, talvez o ciclo tivesse acabado com o Penta. Mas não. Fomos mais longe. E quando ele e meia equipa se foram e um título se perdeu sem se saber como, a nossa resposta foi, bem, ganhar mais quatro seguidos. E agora vamos a caminho do mesmo. Vamos?
Este artigo não é um ataque a ninguém.
Nem aos dirigentes, nem ao staff técnico, nem aos jogadores nem aos adeptos. É o oposto. Uma consciencialização do que estamos a viver e do que nos espera. Do que queremos fazer para manter este ciclo vivo. Porque se os adeptos não têm o poder neste clube (e cada vez menos, em geral, no mundo do futebol) é nosso dever apontar o caminho, dizer bem alto o que queremos e esperar que nos levem a sério. Quando Pedroto e Pinto da Costa ajudaram os andrades a libertarem-se das correias psicológicas para transformarem-se em dragões, criaram um pequeno "monstro", exigente e eternamente insatisfeito. É bom sinal. Os adeptos do Real Madrid, do Barcelona, do Manchester United e do Bayern Munchen também o são. É o sinal de que vencer é o nosso destino e o como - e sobretudo, o como - importa. As equipas que ganham pouco contentam-se em ganhar. As que repetem e repetem querem diferenciar as suas vitórias em algo. Durante os anos 80 foi um grito de guerra contra o Sul. Na década de 90 foi o triunfo de um modelo de negócio. Na última década foi o sucesso europeu que nos diferenciou em toda a Europa. E agora, entrada nesta década, que nos espera?
O FC Porto tem um grande presidente, um dos maiores da história deste desporto.
Tem também uma massa adepta fiel, instalações top, conexões privilegiadas com mercados importantes, uma rede de scouting espantosa e desfruta de uma hegemonia interna nunca vista em Portugal. Foi preciso lutar muito para chegar até aqui, construir tudo isso. Dormir à sombra da bananeira não nos levará a nenhum lado. Procurar crescer sim. Como o podemos fazer?
A SAD, na preparação para as últimas temporadas, tem colocado o ênfase em três objectivos:
- reduzir o passivo através da venda cíclica de jogadores
vencer o título nacional e, se possível, uma prova interna a eliminar
- alcançar os oitavos de final da Champions League
Esta tem sido a nossa rota, estabelecida desde os escritórios do Dragão. É para ela que se trabalha, é pensando em nela que se preparam os planteis e se define o staff técnico. Há condicionantes que a motivam, a começar pelo significativo passivo que temos e que aumenta a passo de caracol. Há também a vontade imensa da maioria dos jogadores de utilizar o clube como um poiso temporal. E também o aparecimento de fortunas por toda a Europa que preenchem os papeis de favoritos para ir mais além na Europa. Muito bem, são argumentos com a sua lógica e com muitos (e legítimos) defensores entre os adeptos.
No entanto, a situação que estamos a viver actualmente, e que tanto critica tem levantado, parte precisamente dessa política desportiva.
Temos um staff técnico inexperiente porque essa tem sido a nossa linha recente (desde 1995 o FC Porto teve oito treinadores - em onze - quase sem experiência: António Oliveira, Fernando Santos, Octávio Machado, José Mourinho, José Couceiro, André Villas-Boas, Vitor Pereira e Paulo Fonseca). Não há qualquer novidade nessa escolha e se Paulo Fonseca for campeão nacional - que pode perfeitamente sê-lo - encaixará no padrão. O que não elimina que seja um treinador muito fraco, muito fraco!
Contamos com um plantel com muitas falhas, especialmente nas faixas, tanto nas laterais (não há suplentes pós-exclusão Fucile, que era a única opção) como nos extremos. Não há uma alternativa a um número 6 que acaba contrato e já disse por activa e por passiva que não vai renovar. E no entanto há 18 milhões gastos em dois rookies mexicanos, um dos quais sem minutos de jogo e outro que já demonstrou precisar de amadurecer o seu jogo. Um overbooking posicional na medular onde se acumulam projectos de jogador (que entram nessa política de comprar e vender rapidamente, desde Reyes e Mangala a Herrera a Quintero) que denunciam que muitas das compras do FC Porto são feitas primeiro como uma oportunidade de negócio futuro e só depois como uma necessidade real do plantel (quem não trocaria o Reyes por um extremo?). Mais uma vez, uma continuação da política recente (e que tantos frutos tem dado nas vendas, cada vez menos nas compras já que os preços têm encarecido muito), sem novidades. E claro, se o Ghilas custava 8 milhões a 100% de passe jogando no despromovido Moreirense (nós só pagamos metade, menos mal...irony mode on) então resta saber se alguém aqui ainda procura realmente jogadores do perfil de Cissokho (e os benditos 600 mil euros que custou). Talvez não! Ou se calhar não são rentáveis!
E por fim, a questão dos títulos. O FC Porto continua a ser, para mim, o máximo favorito para ser campeão, nem que seja por defeito. Não vejo o Sporting ainda com plantel para ambicionar com algo tão grande e o Benfica encontra-se numa situação similar internamente. E na Europa o resultado negativo até ao momento não é tão diferente do que temos vivido. Vitor Pereira falhou o apuramento no seu primeiro ano, Villas-Boas nem sequer teve a oportunidade de disputar a prova pela péssima última época de Jesualdo e desde 2009 que os oitavos não se ultrapassam.
Dito isto, parece-me claro que o cenário actual não é tão diferente do que temos vivido nos últimos seis, sete anos.
2011 foi uma overdose. A Liga Europa foi uma prova menos difícil de conquistar do que a nostalgia nos faz lembrar, as vitórias (goleada e reviravolta incluída) com o Benfica deram uma aura especial ao sucesso e a qualidade de jogo em grande parte do ano foi de alto nível. E já está. Tanto o antes como o depois tem-se pautado por bases similares, a base em que se move o FC Porto. Joga-se muito mal este ano? Joga-se. O staff técnico parece ser indigno da cadeira de sonho? Sem dúvida. O plantel tem lacunas? Claro que tem. A desorganização dentro e fora de campo tem sido maior? Claro que sim. E que temos a dizer em relação a isso. É essa a base de clube que queremos, como adeptos, ou está na altura de mudar algo e esta situação não é mais do que um alarme de despertar para todos?
Paulo Fonseca parece-me um fraco líder, um fraco técnico e uma opção errada da SAD.
O mesmo me pareceu Fernando Santos, Jesualdo Ferreira e Vitor Pereira. Mas venceram. Porque a máquina azul-e-branca sabe vencer apesar de e não por culpa de. O plantel tem falhas mas é melhor que muitos dos que Jesualdo teve nas mãos e tem mais opções (outra coisa é que não as usem ou que tenham sido demasiado caras para o que são) que o do ano passado. Continuam-se a perfilar vendas interessantes no Verão e seguramente haverá já miúdos apalavrados para o seu lugar. E o ciclo continua. E continuará se não quisermos algo diferente. Algo que não se enfoque tanto na gestão empresarial do plantel (não do clube). Algo que não mudará até que um treinador com mais poder (não todo o poder, cuidado) possa desenhar um projecto desportivo mais sólido. Algo que recupere o espírito de jogadores da casa, uma linha medular estável que faça de ponte entre os jovens que entram e as estrelas que saem. Não é necessário que sejam portugueses, da formação mas que estejam lá quando Helton e Lucho nos faltem. E, sobretudo, temos de pensar em novos desafios. Vencer já não chega e isso tem de ser encarado entre todos como um bom sinal. Ninguém pode apontar nada a uma liderança que tenta e falha.
Manter o título português é uma obrigação tal como está o futebol português mas se um remate de um puto brasileiro no minuto 92 não entrar não é preciso pedir cabeças imediatamente. Sonhar em ser algo mais na Europa sim, devia ser parte do nosso plano. Não uma obrigação mas uma ambição. Para isso é preciso trabalhar bem e a médio prazo, algo que há muito tempo que não se faz. Encontrar um rumo dentro do balneário entre técnico e jogadores de um perfil que carecemos. Fazer das fraquezas, forças. Se não temos o orçamento do Zenit, Shaktar, PSG ou Monaco, usemos a nossa experiência, a nossa fortaleza doméstica e montemos um onze sólido, não apenas composto por jogadores com a cabeça noutro lado. Se não procuramos esses desafios, vamos entrar num ciclo fechado e perigoso. Nunca estaremos contentes com nada do que se ganhe em Portugal porque saberá a pouco. Estaremos nas mãos de treinadores inexperientes e que duram dois anos até dar o turno ao próximo e continuaremos a ter de esquecer rapidamente o nome dos jogadores que queremos memorizar tão rápido se vão. Acho que o nosso modelo de negócio agora chegou a uma encruzilhada.
Nem tudo mal e o trabalho feito não pode ser deitado pela borda fora. Mas desta vez, talvez, como passou em 2006, 2002, em 1995, em 1985 ou em 1977, ao chegar a este cruzamento, mais vale seguir pela direcção que ninguém espera. Só assim fintaremos uma rotina que pode acabar por ser auto-destrutiva a curto prazo e subiremos outro degrau para fazer com que este ciclo seja mais longo do que qualquer um de nós poderia alguma vez sonhar!
30 comentários:
"A SAD, na preparação para as últimas temporadas, tem colocado o ênfase em três objectivos: - reduzir o passivo através da venda cíclica de jogadores"
Isso nao e' minimamente verdade. Os factos falam por si: o passivo (consolidado) da SAD em Junho de 2010 era de 160M, a 1 de Outubro deste ano era de 220M. Um "pequeno" aumento de 60M (ou 40%, se preferirem)...
A venda de jogadores tem servido sim para alimentar mais e mais compras de jogadores (o FCP esta' no top 20 dos clubes europeus q mais gastam em passes) e "fechar" - muito parcialmente - um buraco "operacional" cronico e significativo (q por sua vez e' tambem em parte - mas nao so' - fruto do elevado investimento em jogadores, q se traduz tambem em elevados salarios: nao so' das vedetas mas do plantel em geral).
E' principalmente por aqui q me parece q o modelo dos ultimos anos deve ser colocado em questao. Tem-se apostado forte e feio no investimento monetario em jogadores (e nao so') na esperanca de q se ira' conseguir vender por valores cada vez mais altos, apesar de nao termos receitas estruturais minimamente parecidas com os grandes europeus.
Repare-se que ha' poucos anos precisavamos de uns 30M/ano em mais-valias nas vendas para ficar com as contas no zero, hoje em dia precisamos do dobro ou quase. Isto apesar de algumas receitas estruturais ate' terem aumentado (UEFA, TV)... so' q os custos aumentaram mais rapidamente.
Mas pior: para fazer as mesmas mais-valias q ha' poucos anos temos q vender por valores brutos mais altos, ja' q gastamos mais nos passes e temos menos frequentemente 100% do passe.
Nao me parece sustentavel, ainda por cima com o Fair Play financeiro q vai impor um travao nas despesas de muitos tubaroes financeiros europeus. E ao dizer isto ate' ja' presumo optimisticamente q todos os anos conseguimos "descobrir/fazer" um novo Moutinho, Hulk ou James, o q nem sequer e' nada liquido.
"Manter o título português é uma obrigação tal como está o futebol português"
Discordo. A obrigacao e' de ficar pelo menos em 2o lugar; mas nao temos obrigacao nenhuma de acabar sistematicamente 'a frente do slb (q gasta mais ou menos tanto como nos).
No geral concordo com a análise mas discordo totalmente desta frase:
"Paulo Fonseca parece-me um fraco líder, um fraco técnico e uma opção errada da SAD.
O mesmo me pareceu Fernando Santos, Jesualdo Ferreira e Vitor Pereira. Mas venceram. Porque a máquina azul-e-branca sabe vencer apesar de e não por culpa de."
Se no caso de Fernando Santos o Porto, com Jardel, Deco e companhia, tinha um plantel muito superior aos rivais e daí devia ter sido o natural campeão nesses 3 anos, quanto a Jesualdo e VP não concordo com a análise.
Ambos, apesar de um perfil totalmente diferente (um com as transições rápidas, outro com o jogo de posse), foram e são treinadores extremamente competentes ao nível táctico.
E acho que a ideia que tem vindo gradualmente a instalar-se na mente tanto dos adeptos como da própria estrutura, de que qualquer treinador vence no Porto é muitíssimo prejudicial ao nosso clube.
O Porto precisa SEMPRE dum grande treinador além dum grande dirigente. Sempre que ganhamos foi porque tivemos um treinador melhor do que os outros, sem excepção. E a prova disso foi que, quando os outros tiveram um treinador melhor que nós (Trapattoni vs Fernandez e Couceiro e Jesualdo vs JJ (sim, apesar de ser um bronco acho JJ um bom treinador)) foram eles a ganhar. Com ou sem estrutura, quem fez a diferença sempre foram os treinadores.
E como tal, a nossa direcção e os nossos adeptos têm necessariamente de mudar essa mentalidade senão arriscamo-nos a ter continuidade no tipo de aposta "Paulo Fonseca".
Acho uma grande piada quando ouço e leio a desculpa de que é preciso "tempo" !
Tempo para o novo treinador. Tempo para um novo jogador se adaptar...
E este "tempo" dito de imprescindível é de meses e mais meses...
Por isso eu admiro treinadores como Jardim e Paulo Fonseca que no SCP e no Paços não necessitaram de tempo...
Por isso eu admiro os novos jogadores do Sporting que não precisaram de tempo para se adaptar...
Parece-me é que, esgotadas as desculpas com as arbitragens, apareceu uma nova desculpa: tempo...
O melhor artigo que li do Miguel. Parabens !
Estou completamente de acordo com o José Rodrigues, aliás as minhas criticas situam-se sempre neste quadrante, nao acredito que seja possivel continuar este ciclo que se tem revelado sistemáticamente deficitário. Receio que se esteja a formar uma bolha que inevitavelmente irá rebentar e quando isso acontecer nao esperem que o clube receba o mesmo tratamente que um Sporting ou Benfica.
Nao existirá futuro desportivo se nao controlarmos a parte financeira e neste momento já somos extremamente condicionados por ela.
Zé,
Eu não quis dizer que é o que a SAD tem feito. Apenas que é o que tem sido defendido, como li em algumas das pontuais entrevistas de gente como o Antero. A realidade é bem diferente, já o sabemos. O dinheiro que sai das vendas (e tarda em chegar porque a maior parte das equipas não paga à mesma velocidade que nós) vai dirigido ao gasto em novos jogadores, salários mais elevados e outros gastos da SAD que fazem com que o passivo suba.
Precisamente esse é o meu ponto de vista.
Por um lado a SAD - ou os dirigentes da SAD, indirectamente - falam em tempos de apertar o cinto, necessidade de vender para manter a sustentabilidade - e por outro gastam mais do que nunca. Eu também acho que o modelo, tal como está, não vai a lado nenhum.
Como diz o Pedro Ramos, algum dia a bolha irá arrebentar (um ano sem Champions, um ano sem vendas de 50 milhões, um ano sem títulos) e clique!
Zé,
Tendo em conta os últimos 30 anos, que é muito, a obrigação do FCP é sempre a de acabar nos dois primeiros lugares. E como se tem visto, pelo menos nos últimos quinze anos, onde a média é avassaladora a nosso favor, acho que o FCP parte como favorito ao título em todos os anos, até porque a distância com o nosso rival directo é extremamente curta e muitas das vezes o pior que poderia passar - se existisse lógica - era medir-nos em duelos directos.
Mas também disse que se uma bola como a do Kelvin não entra, não há que rasgar a roupa e gritar catástrofe. Tarde ou cedo perderemos um ano e talvez dois se as coisas não forem bem feitas!
DC,
Eu também acho que essa mitologia é perigosa. E que muitos adeptos se agarram a ela esquecendo-se que vários títulos chegaram em distintas circunstâncias. Nos anos de Jesualdo, por exemplo, houve duas temporadas muito complicadas - uma com um péssimo arranque e outra com uma segunda metade de época lamentável, o que quase sempre forçou a uma decisão em cima da hora quando a qualidade dos rivais de então era muito inferior. E o golo do Kelvin não deixa de ser um golpe de sorte tremendo.
Aliás, nos últimos dois anos o trabalho do Vitor Pereira foi bom, mas a forma como o Benfica despediçou por duas vezes uma liderança aparentemente consolidada devia ser levado em consideração.
Precisamente o texto serve para alertar para essa necessidade porque até quando tivemos treinadores frouxos com um grande plantel perdemos (dois anos com Fernando Santos, um ano com Jesualdo) e corremos o sério risco de que isso se tivesse repetido noutros dois ou três anos o que tornaria a história recente do clube algo muito diferente!
Declaracoes de boas intencoes sao de borla, e fica bem a quem as diz. Os dirigentes tb ja' dizem desde 2006 que tem toda a intencao de apostar na formacao, por exemplo...
Ate' q ponto essas intencoes sao ou eram mesmo verdadeiras ve-se depois na pratica; e os dados estao 'a vista.
"Não há uma alternativa a um número 6 que acaba contrato e já disse por activa e por passiva que não vai renovar" Bem, dizer mentiras é que não: O que Fernando disse foi que quando o Porto quer renovar com algum jogador consegue-o... sendo ele um jogador a meu ver imprescindível no modelo táctico do Porto entendo perfeitamente o que ele quis dizer e acho que o Miguel também, e só por acaso o processo de renovação é o mais esperado por parte do nosso polvo e disso sei do que falo...
30 ou 15 anos e' um longo horizonte temporal com pouquissima relevancia para o futuro - muita coisa pode ter mudado nas ultimas 3 decadas (e um delas q mudou, por ex, e' q a nossa capacidade financeira hoje em dia da' cabazada a um SCP).
Nao se pode estabelecer expectativas para o futuro baseados nisso, apenas nos dados actuais e mais recentes.
E o q esses dados dizem e' q o FCP e slb tem condicoes mais ou menos semelhantes no computo geral (os primeiros com alguma vantagem nuns trunfos, os segundos em outros trunfos) para lutar taco-a-taco, claramente acima dos restantes. Dai' q as minhas expectativas para os proximos anos sejam de q o FCP ganhe pelo menos uns 50% dos titulos (idealmente mais, mas isso nao exijo como expectativa de base).
Miguel compreendo a maior parte da sua cronica, mas também não posso concordar com tudo ;-) mas já lá vamos... Por vezes é necessário levarmos umas boas pancadas na cabeça para acordar-mos e é precisamente isso que está acontecer com o nosso Porto a ver vamos mas espero que a resposta venha já contra o Braga... Relativamente ao nosso Fernando o que ele disse foi " quando o Porto quer renovar com alguém consegue-o" sendo ele um dos pilares da nossa equipa percebo bem o que ele quer dizer e penso que o Miguel também e só por acaso tudo indica que a renovação seja o final desta longa história pelo menos da parte do Nando é o mais esperado e isto não é uma suposição... Reyes e Herrera... Reyes tinha de vir meu caro, de-lhe tempo para engordar e vai perceber o que quero dizer, mas percebo que não seria de modo algum o que a equipa precisava. Herrera, para o jogador que é foi caro e não seria a minha aposta, agora se terá uma boa margem de progressão só o tempo o dirá psicologicamente é sem duvida um jogador há Porto. Extremos é realmente o que precisamos e já vêm a caminho, tenho pena do Iturbe mas realmente é do mais indisciplinado que já vi na minha vida e olhe que já vi muitos...
"Sonhar em ser algo mais na Europa sim, devia ser parte do nosso plano. Não uma obrigação mas uma ambição. Para isso é preciso trabalhar bem e a médio prazo, algo que há muito tempo que não se faz" Esta é sem duvida a maior baboseira que li, como pode dizer uma coisa destas?!
"E o golo do Kelvin não deixa de ser um golpe de sorte tremendo. "
Um golpe de sorte tremendo por quê? Porque o jogador fez uma óptima recepção e colocou a bola fora do alcance do guarda-redes? Isso é sorte? Eu diria que é genial!
Apesar de ser muito jovem, Kelvin revelou possuir a técnica e a audácia necessárias para resolver a partida que garantiu o título, sob uma tensão raramente vista no Dragão. Não é essa postura que pedimos aos jogadores do FC Porto?
Se me vai dizer que o golo surgiu ao 92º minuto, eu recordo-lhe que foi dentro do período regulamentar.
Compreendo que jornalistas frustrados e os adeptos do clube magrebino queiram tirar mérito ao jogador e desvalorizar a vitória do FC Porto, mas que portistas alinhem na mesma conversa, isso admira-me.
Totalmente de acordo, tem sido uma das minhas maiores criticas a esta gestão!
Perfeitamente aceitável. Matematicamente acho que é o cálculo certo (ainda que entenda que os gastos do Benfica são mais periféricos, os do FCP - até à algum tempo - mais concentrados no onze titular, o Benfica com mais opções no plantel. E os últimos dois anos podiam perfeitamente ter sido do Benfica.
É aí que entra a matriz ganhadora, o saber competir, algo que tem jogado sempre a nosso favor. Por outro lado também é preciso ter em conta que o Benfica traz consigo uma estranha estabilidade institucional (para o que chegou a ser), que é um elemento importante, embora a muitos não o pareça!
ZZZZ,
Não sei o que anda a tomar. Para eu saber e evitá-lo.
Ninguém coloca em causa nem a qualidade do gesto do Kelvin, nem a legalidade do golo, nem a justiça do golo. Não sei onde pode ter encontrado essa ideia seja no texto, seja nos comentários.
O que me parece evidente, lógico e que está à vista de todos é que um golo a um ou dois minutos do fim num jogo decisivo - depois de 90 minutos de equilibrio - é sempre um golpe de sorte. Seria também se fosse na outra baliza. Ou seja, reduzir a época a um disparo, depois de tantos meses de competição é colocar o pragmatismo do trabalho realizado num tiro de azar, uma russian roullete.
Perceber isso é também perceber não só o texto mas o que nos espera no futuro. Cada vez mais golpes de sorte ou de azar e cada vez menos espaço para uma preparação racional!
E.E.P,
O Fernando é, actualmente, o segundo jogador mais valioso do plantel, só atrás do Jackson. Tem estado no top 3 nos últimos quatro anos. Se no dia 1 de Janeiro assinar com o Benfica ou o Mónaco está em todo o seu direito. O FCP teve 3 anos para acautelar a situação e não o fez. Não o fará. E é uma pena!
Baboseira?
Em quê? Já agora, desenvolva!
E.E.P.
"Reyes tinha de vir".
Se leu os meus artigos/comentários a propósito da contratação de Reyes verá facilmente que sou um admirador do mexicano. E tem potencial para ser um grande central. Agora tinha de vir? Porquê? o FC Porto ia ficar sem dois centrais titulares e precisava de um acompanhante para Maicon/Otamendi e Ba? Não havia a possibilidade de incorporar por 8 milhões de euros menos o Paulo Oliveira?
Não, o Reyes não tinha de vir. Um extremo tinha de vir, um lateral tinha de vir. O Reyes foi um capricho num péssimo timing e a um preço elevado para o que ainda é. Foi uma jogada de antecipação no momento errado.
Herrara, idem aspas. Um bom jogador, over-priced e cuja posição estava coberta por Defour-Carlos Eduardo-Josué. A qualidade do jogador não impede a falta de senso em contratá-lo.
À pergunta: que queremos para o nosso Porto? , o Miguel elenca uma farta argumentação para deixar como síntese a sua resposta: “Nem tudo mal e o trabalho feito não pode ser deitado pela borda fora. Mas desta vez, talvez, como passou em 2006, 2002, em 1995, em 1985 ou em 1977, ao chegar a este cruzamento, mais vale seguir pela direcção que ninguém espera. Só assim fintaremos uma rotina que pode acabar por ser auto-destrutiva a curto prazo e subiremos outro degrau para fazer com que este ciclo seja mais longo do que qualquer um de nós poderia alguma vez sonhar!”
Peço muita desculpa, mas não entendo como uma mudança que ninguém espera poderá fazer com que este ciclo se prolongue por anos e seguintes.
Pela minha parte, só tenho dúvidas, porque se podemos ter certezas de alguma coisa é que o futuro está cheio de incertezas, em tudo que mexe no país e fora dele; o futebol não ficará fora dessa realidade. O FCP por maioria de razão. Assim sendo, é muito difícil prever como vai ser a caminhada. As mudanças de rota de 2006, 2002, 1995 e 1985 todas elas foram comandadas pelo presidente JNPC que continua a chefiar o clube e que goza de um grande apoio dos sócios. Mas, para fintar as rotinas, só com uma terapia de choque que passaria muito provavelmente por uma outra política desportiva e/ou por um novo quadro directivo que não se limitaria a um mero arranjo cosmético de mudança de treinador. Não sei se quero ir por aí, porque não percebi ao certo o que significa em concreto "o desvio que ninguém espera".
Ao invés, teria gostado que o FCP tivesse criado as melhores condições para que a equipa contasse com o apoio dos sócios, no jogo de amanhã. Esta forma meio envergonhada pelo momento menos bom, é tão depressiva que não entusiasma ninguém e institucionaliza a crise. Não havia necessidade.
Reduzir a época ao lance do Kelvin é que é colocar o pragmatismo do trabalho realizado completamente de lado.
Foi uma época fantástica no campeonato tanto de Porto como de 5LB. Como se viu já esta época, épocas invictas são raríssimas.
E portanto, ganhando ou não aos 92' a única conclusão possível seria a de que o trabalho do treinador foi competente e que antes desse minuto 92 haviam 28 jogos sem perder (só dessa época).
E o que penso que se deve perceber é que o importante é ter a certeza que há competência no banco, em campo e na direcção e não resumir tudo a resultados. Numa época com 30 jogos sem derrotas, dizer que o treinador invicto teve sorte em ser campeão é, no mínimo, redutor.
Mário,
Há bons exemplos que demonstram o que esse "desvio que ninguém espera". Em 2002, passou por uma aposta consciente em jogadores do mercado nacional, baratos, que nos permitem equilibrar de certa forma o excessivo, descontrolado e sem resultados gasto dos dois anos e meio anteriores. Continuou com a presença de um treinador que foi, depois de José Maria Pedroto - e talvez mais que o próprio Artur Jorge - o que mais autonomia teve na tomada de decisões (não foi absoluta, foi por mérito próprio, mas teve-a) e que significou um salto qualitativo do clube em muitas direcções, permitindo suportar os gastos da construção do novo estádio com um novo pedigree na Europa como equipa vendedora de talentos. E ninguém esperava, naquele Janeiro de 2002, onde iriamos parar.
Em 1995, quando arrancamos para o histórico Penta, o FC Porto soube contratar um treinador top a nível europeu, soube contratar os melhores jogadores do mercado nacional ano atrás ano e abriu-se sem medo ao fim do ciclo de Viena apostando também na sua própria formação. Ninguém podia esperar cinco anos de vitórias consecutivas, e aí estão, para nosso orgulho.
Em 1985, depois de um bicampeonato daquele que foi talvez o melhor Benfica dos últimos 40 anos, havia muita gente desesperada pela falta de títulos, pela ausência de Pedroto e pelos imensos problemas de tesouraria que o clube sofria então. Mas os dirigentes, com Pinto da Costa à cabeça e muito bem secundado por um staff que marcou uma época, deram um salto em frente. Realizaram negócios inesperados e certeiros em mercados pouco habituais para o FC Porto, começaram a política de roubar figuras aos seus rivais debilitando-os emocionalmente (invertendo o ciclo histórico de perder os melhores jogadores para os rivais), e entregaram a liderança da equipa a um treinador com praticamente nenhuma experiência mas recomendado por Pedroto como seu sucessor de facto, apesar de muitos portistas pedirem a continuidade de António Morais, que acabou por treinar o Sporting. Com esse rumo nasceram os Super Dragões, nasceu a revista Dragões, fizeram-se obras fundamentais no estádio e ganharam-se títulos contra um excelente rival interno. E ninguém esperava esse desvio com o passado.
Eu sei que o Mário viveu a história do FC Porto e sabe perfeitamente tudo aquilo que aqui descrevi. Não sei se nesses momentos de encruzilhada alguma vez pensou que essas mudanças fossem gerar os benefícios para o FC Porto que geraram a todos os níveis. Se achou que a palavra de quem dirigia era suficiente (em 1985, sem títulos mas com um grande carisma, seria um "salto de fé", como diziam os medievais) para pensar que tudo iria correr bem por si só. Ou se entendeu que cada salto foi um grande ponto de interrogação e que era desnecessário arriscar tanto sem a certeza de sucesso. É algo normal em todos os Seres Humanos, a dúvida. Suplantar essa dúvida quando se desconhece o amanhã é um grande desafio. Seguramente que haverá ainda na estrutura do FCP, como houve nesses momentos, gente capaz de dar esse salto!
Eu é que me interrogo sobre o que anda a fumar, pois deve ser algo muito forte.
1) Se houve justiça no golo de Kelvin como afirma, isso por si só torna o factor sorte irrelevante!
2) No jogo a que eu assisti, o único equilíbrio que houve foi no resultado até ao 92º minuto. O FC Porto foi a única equipa que procurou a vitória, enquanto que o Benfica optou por baixar as linhas, defender e procurar o contra-ataque ou o erro do adversário. Jogos deste tipo são sempre desequilibrados!
3) Se qualquer golo marcado a um ou dois minutos do fim de um jogo é "sempre um golpe de sorte", consequentemente, qualquer golo sofrido nos últimos minutos é sempre um golpe de azar! Confesso que isso para mim é uma novidade. Conclusão, o FC Porto teve o sorte e o Benfica teve azar.
4) Quem pretende resumir a época e a conquista do título a um disparo - o tal "golpe de sorte tremendo" - é você! De outro modo, analisaria o desempenho da equipa durante a época e o golo do Kelvin seria apenas um dos muitos golos que a equipa marcou.
5) Noto também que agora considera que Vítor Pereira fez um bom trabalho. Nas duas últimas épocas fartou-se de malhar no treinador.
DC,
No comentário dizes tudo. Foi uma grande época tanto do FCP como do SLB por isso o título ficava bem a qualquer uma das equipas. O golpe de sorte foi ter caído para o nosso lado como podia perfeitamente ter caído para o outro. E como disse atrás, perder um título não deve ser motivo para destruir todo o trabalho feito (agora até vencer faz isso) mas ganhar - especialmente em condições tão complexas - também não deve servir para embandeirar em arco uma realidade que não existe.
O golo do Kelvin ainda está 'atravessado' na garganta de muitos escribas....
E algum deste blog.
Vamos lá a isso então... vou dar o exemplo desta época e do seu planeamento: A ideia foi, vamos comprar jogadores no mercado nacional baratos com uma boa margem de progressão e que possam ser vendidos no futuro num esquema de negocio idêntico ao de cissokho(não vou falar de ghilas porque não sei minimamente o que se passou, mas, muito sinceramente gostava de perceber!), com esse dinheiro iremos dotar o plantel com jogadores mais experientes num misto de experiência juventude e principalmente valores e aí entrava Pelegrini(mas isto já é outra história)... Miguel espero que não se tenha sentido ofendido por ter referido a palavra baboseira... como vê umas ideias correm bem outras nem tanto mas o principal é que nos últimos anos temos acertado bastantes vezes, errar também erramos mas erramos pouco, adormecer sim adormecemos um pouco mas penso que num futuro próximo não se vai voltar a repetir... cumprimentos
Zzzzz,
1) Para nós houve justiça no golo Kelvin porque sentimos que mereciamos o título. Para os benfiquistas e alguns neutrais seguramente que foi um golo injusto porque realizaram uma época igualmente memorável. A sorte no futebol, como na vida, joga um papel fundamental. Ignorá-lo é fatal.
2) O Benfica veio fazer ao Dragão o jogo de líder, sabendo que um empate praticamente resolvia as contas, resultado que conseguiu deter durante a maioria dos 90 mts. Seguramente se fosse a situação inversa o FC Porto teria ido à Luz na mesma óptica.
3) Passamos a entender que, para o Zzzz, a sorte e o azar não existem. Ok.
4) Não, mas foi esse disparo que levou as pessoas para a rua. Eu não avalio nem a época nem a performance do treinador e dos jogadores por esse disparo. Esse disparo certeiro transformou o que a época foi em título. Não a alterou na sua essência e na sua análise geral. Não o podia fazer a não ser para os resultadistas que só se lembram dessa época pela vitória final.
5) Nota bem. O Vitor Pereira fez um bom trabalho com o material que tinha. Não é por acaso que só perdeu um jogo em 60 jogos para o campeonato. Na Europa a conversa é e foi outra e para mim o FC Porto tem de ter um treinador que saiba triunfar dentro e fora, são esses os que fizeram a diferença na nossa história.
E.E.P.,
Nada ofendido.
Há ideias boas na gestão desta época mas acho, sinceramente, que faltou mais critério e paciência. Para uma equipa que durante anos descurou o mercado nacional não podemos pensar que, de um momento para o outro, metemos a seis jogadores e a coisa funciona se não há um treinador de topo que lhes dê coerência. E todos sabemos que o problema também é o perfil do treinador escolhido habitualmente.
Tanto o Carlos Eduardo como o Tiago Rodrigues e o Ricardo são jogadores com boa projecção. O Josué (como era o Castro) é uma boa alternativa, tal como o Licá e o Ghilas. Nada a dizer com esses nomes. O problema é que há uma ausência de liderança que os faz tornarem-se vitimas da conjuntura. Quando o FCP incorporou os "low profile" Paulo Ferreira, Maniches, Derlei fê-lo mantendo uma estrutura de base sólida (que não existe) e também os compaginou com jogadores de barba rija (Pedro Emanuel, Tiago, Nuno Valente). Este ano não há liderança, salvo a de Hélton e Lucho, que sabem que têm os dias contados (uma época, duas como muito). E também não se trouxeram jogadores de um perfil de maior maturidade. E sem maturidade mental não há sucesso.
As ideias de base estavam lá mas o projecto acabou por falhar em três eixos fundamentais: falta de liderança no banco, falta de liderança já presente na equipa e falta de incorporações de jogadores maduros. Assim é dificil!
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