Não é raro ouvir o seguinte, quando são feitas críticas ao treinador em conversas entre amigos ou - principalmente - na Internet, para calar essas críticas sem se dar ao trabalho de as contra-argumentar:
«Falar como treinador de bancada é muito fácil, mas o [Fulano X] é que é treinador profissional».
Ora vamos lá a ver...
Que esses treinadores sabem muito mais do que o adepto comum em metodologias de treino e tal, acho que não
há qualquer dúvida.
Que sabem melhor qual jogador está em melhor ou pior forma, penso que há poucas dúvidas (os treinadores de bancada não vêem os treinos).
Que sabem mais de táctica, é bem provável mas já começa a ser
discutível em alguns casos.
Que conhecem melhor do que todos nós todas as vertentes do contexto em que nos
inserimos, já é ainda mais discutível (e em particular um treinador estrangeiro no que diz respeito à história do plantel herdado e acima de tudo em relação
ao contexto do futebol português).
Que são melhores do q nós na análise aos jogadores e acima de tudo adversários, bem... isso já depende. Até porque às vezes podem ter os seus enviesamentos, ou podem
até mesmo nao ter uma inteligência ou bom senso por aí além (pelo menos não mais do que alguns adeptos).
É que o futebol não é como outras profissões...
Antes de mais é empírico, não é propriamente lá muito científico (não é como
por ex um eng. civil a fazer os cálculos na construção de uma ponte). Não é
«rocket science», como se sói dizer, nem pouco mais ou menos, em que quantos
mais anos se estuda melhor o desempenho. A partir de um limite minimo (que não é
tao alto como isso), mais estudo e prática não leva necessariamente a melhor
desempenho.
Aliás,
em boa parte por causa disso é que é tão polémico (não é difícil arranjar 5
treinadores diferentes com 5 ideias diferentes em como montar uma equipa com o
mesmo plantel, mas já é muito difícil senão mesmo impossível arranjar 5 eng civis com 5 ideias
diferentes sobre se uma ponte é estruturalmente segura ou não....)...
...e sendo empírico, não falta gente que por via do mediatismo da coisa segue o
futebol de muito perto há 10, 20, 30, 40 ou mais anos e por isso mesmo até percebe bastante de futebol, mesmo não fazendo
disso a sua vida profissional (o mesmo certamente não se pode dizer de outras «indústrias», como por ex engenharia ou advocracia). Portanto, não me custa nada acreditar que há por
aí muito leigo que seja mais sagaz do que uns quantos treinadores profissionais (mesmo que certamente não seja a maioria dos leigos, nem pouco mais ou menos; e um dado leigo até pode ter razão num dado momento, mas não a ter noutro momento ou contexto).
Aliás, muitas vezes as preferências dos treinadores
são tão (ou até mesmo mais) subjectivas do que as nossas, quando se fala por ex de
tácticas ou preferência fundamentalista por um certo tipo de jogador.
Sendo assim o pseudo-argumento de que «o treinador é que sabe» comigo não cola minimamente, em geral.
Dito isto, em defesa do treinador - seja ele quem fôr - acho que muito leigo por vezes se precipita, em particular em assuntos em que o treinador tem sem qualquer dúvida mais e melhores dados (quando por ex se pede a titularidade para um jogador X que praticamente nunca jogou - e portanto sem se saber o que é que ele mostra ou deixa de mostrar nos treinos). E mesmo em áreas em que a crítica é mais legítima, o mais normal é que o treinador esteja certo mais vezes do que os críticos, ainda que às vezes estes tenham razão.
NB: este artigo não foi escrito com Lopetegui e os seus críticos em mente, sendo intemporal e aplicável a qualquer treinador e os seus defensores ou críticos.
Dito isto, em defesa do treinador - seja ele quem fôr - acho que muito leigo por vezes se precipita, em particular em assuntos em que o treinador tem sem qualquer dúvida mais e melhores dados (quando por ex se pede a titularidade para um jogador X que praticamente nunca jogou - e portanto sem se saber o que é que ele mostra ou deixa de mostrar nos treinos). E mesmo em áreas em que a crítica é mais legítima, o mais normal é que o treinador esteja certo mais vezes do que os críticos, ainda que às vezes estes tenham razão.
NB: este artigo não foi escrito com Lopetegui e os seus críticos em mente, sendo intemporal e aplicável a qualquer treinador e os seus defensores ou críticos.
15 comentários:
Gostava de ver alguns dos criticos da gestão do nosso treinador da equipa B, falar agora.
Excelente artigo.
Quanto à equipa B quando promovermos e potenciarmos algum puto à custa do Luís Castro avisem por favor.
O rafa já jogou este ano?
Nota-se que o autor deste texto não tem a mínima noção do que é ser treinador. Gostaria de ver um desses treinadores de bancada (o articulista, p. ex.) a treinar e a orientar uma equipa. Em vez de assobios, imagino as gargalhadas do público.
Exactamente! Os treinadores de bancada podem ser melhores do que um treinador encartado. Mas também podem ser piores. Podem ser melhores às vezes e piores muitas vezes. Podem não dar uma para a caixa, ou podem ser uns génios. Podem ser melhores em alguns aspectos, algumas ou muitas vezes, podem ser piores nesses mesmos aspectos, algumas, muitas ou nenhumas vezes, podem ser..............
Mas por acaso quem é q disse q nao sou treinador?
Por acaso foi titular em com o D.Aves mas deve ter sido por engano...
Mas quem te disse que muitos dos treinadores de bancada não são treinadores?
Eu tenho 16 anos de Futebol Federado e 4 anos de treinador de futebol e sou um treinador de bancada e nada mais que isso...
Sim que tem? Luis Castro é um péssimo professsor e um péssimo formador de jovens onde ajudou a SAD a deitar milhares de Euros fora sem nunca tirar um jovem de jeito da formação.
Agora está a estragar todos os jovens potenciais da equipa B... parecem uma cambada de coxos a jogar sob a orientação dele e só com os jogadores contrataos para a equipa A é que ganham...
Os treinadores de bancada são como aqueles que fazem o totobola à segunda-feira, mas com a diferença importante de que mesmo assim não acertam.
Para concluir, e por mera curiosidade, que equipa treina?
Não concordo com o artigo de opinião.
Treinador de uma equipa não são aqueles que somente como todos nos veem unicamente 90 minutos de 7 em 7 dias a sua equipa.
Treinador são aqueles que alem dos 90 minutos que nos vemos, veem também os 7 dias de treino por semana.....
Sou fã de Lopetegui.
Admito.
Acredito que o seu trabalho nos vai dar muitas alegrias.
Cumprimentos
José Norton
Falta um aspecto da "coisa", que me parece tão importante que "abafa" toda a reflexão exposta no "post": "o Treinador é que sabe" porque ele é RESPONSÁVEL pelas suas decisões e estas produzem efeitos REAIS. Ao contrário dos treinadores de bancada, que não tomam decisões (pelo que nem sequer chegam aos efeitos reais), nem são responsáveis por coisa nenhuma...
Eu não disse que treino, disse que tenho 4 anos de Treinador... actualmente e infelizmente não posso treinar (ou jogar ou simplesmente correr) por lesões nos joelhos adquiridas no Futebol Federado...
Caro zzz
Dou a cara e assino os artigos aqui no RP, mas peço desculpa mas nao vou começar a partilhar dados da minha vida pessoal com gente que nao conheço de lado nenhum, muito menos com anónimos.
O PF também treinava a equipa 7 dias por semana e no entanto a critica mais comum dos treinadores de bancada tinha toda a razão de ser, como infelizmente se viu nas exibições e resultados.
@ José Rodrigues
Não tenho o mínimo interesse ou curiosidade pela sua vida pessoal. Não me diz respeito! Mas como deu a entender que era treinador, seria interessante saber que equipa orienta para que os treinadores de bancada pudessem ter uma ideia de como operacionaliza os seus conceitos futebolísticos. A apreciação seria feita às segundas-feiras, evidentemente..
A questão do anonimato é um argumento esfarrapado. Neste blogue você discute todos os dias com pessoas que não conhece de lado nenhum e cuja identidade não pode provar, quer elas digam que se chamam Mário, Maria ou Felisberto ou simplesmente zzzz. Para si, e para todos os outros, essas pessoas são, portanto, anónimas.
"Dar a cara" é o que se espera de todos aqueles que escrevem artigos ou comentários neste blogue, não na óptica de revelarem o nome que consta nos respectivos bilhetes de identidade, mas no sentido de que se responsabilizam pelo que escrevem.
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