O FCP tem condições únicas para os jovens praticarem futebol. Penso que em muitos outros clubes há um trabalho interessante, ainda que não tenham as mesmas estruturas que os três grandes. Somos visitados (por técnicos das mais variadas origens) e as nossas estruturas são consideradas de excelência. Visito com alguma frequência o Vitalis Park e assisto à paciente persistência com que os professores ensinam os miúdos a dar os primeiros pontapés na bola e aos jogos dos mais novos dos jovens, e é um prazer anotar a disponibilidade e alegrias dos miúdos no momento da competição, como já dominam os princípios técnico-tácticos e como alguns parecem tão evoluídos para o tamanho e a idade.
Parece que esse potencial não cresce na escala do que aqueles miúdos prometem. E, então lembro-me do Feliciano a treinar os juniores, num campo pelado, sem as condições de hoje, sempre muito exigente, rigoroso e duro. Não brincava e mostrou serviço, embora não fosse um pedagogo. Era um profissional, puro e duro, excelente treinador de campo e suficientemente forte para comandar a rapaziada, fazendo da exigência um instrumento de formação que os atletas respeitavam. Certo é que saíram das suas mãos uma plêiade de atletas que bem alto levantaram o nome do FCP.
Hoje, os treinadores são mais actualizados e dominam as metodologias de treino, que antes eram suportadas empiricamente. Apesar disso, acho que as camadas jovens atingiram a sua bitola mais baixa, nestes últimos anos. E isso remete-nos para o seguinte: não basta juntar um conjunto de nomes e provar que foram (provavelmente) desaproveitados dois ou três oriundos das escolas que poderiam fazer jeito nesta altura do campeonato, para concluir que não se aproveitam os jogadores jovens porque gostamos de esbanjar dinheiro. De certeza que o investimento na formação tem crescido, quer em meios materiais quer humanos. O problema principal tem de ser outro, até porque não há nenhuma incompatibilidade (nem conflito de interesses) em juntar gente da casa com recrutamento vindo de fora, e ganhar dinheiro através de ambas as fontes.
Não faltam condições estruturais, não falta motivação, o futebol tem muita procura por parte dos jovens porque a carreira é aliciante, os técnicos estão actualizados. Falta perceber o que é que está a falhar, pois nas faixas etárias mais baixas fomos superados por muitos países que antes nos eram claramente inferiores.
Provavelmente há um modelo competitivo que não ajuda. Provavelmente vive-se mais para a ideia de ganhar campeonatos que para uma verdadeira formação que não queime etapas com a pressa de vencer a todo o custo.
Vi o jogo do FCP com o SCB dos juniores de sábado passado e fiquei mal impressionado com o que vi. Joga-se segundo os piores modelos, com uma equipa na retranca e a bater em tudo o que mexe e outra a jogar em posse na sua zona defensiva e com muito baixa intensidade. Não dinamitámos o muro que nos acabou por soterrar. O SCB ganhou por 2-1 e todos os golos saíram de bolas paradas.
Foi um jogo feio e parece que a ninguém importa jogar bem, bonito, rápido, com jogadores que evitam as rotas de colisão e procuram o golo como fim último do futebol, e não apenas um mero detalhe, saído da transformação das ditas bolas paradas que os treinadores preparam até à exaustão. Nas camadas jovens o prazer lúdico da prática desportiva deveria prevalecer sobre qualquer outro. O prazer de jogar e de praticar um futebol atraente deveriam estar no topo da pirâmide no processo formativo, o que nada tem de incompatível com a formação táctica e o apetrechamento físico indispensáveis para a prática desportiva de alta competição.
Mas, esta matéria é complexa e deveria ser bem analisada a razão porque, hoje, estamos mais pobres de valores, e minguam (de forma estranha) atletas em várias posições fundamentais. Têm a palavra os técnicos.
Parece que esse potencial não cresce na escala do que aqueles miúdos prometem. E, então lembro-me do Feliciano a treinar os juniores, num campo pelado, sem as condições de hoje, sempre muito exigente, rigoroso e duro. Não brincava e mostrou serviço, embora não fosse um pedagogo. Era um profissional, puro e duro, excelente treinador de campo e suficientemente forte para comandar a rapaziada, fazendo da exigência um instrumento de formação que os atletas respeitavam. Certo é que saíram das suas mãos uma plêiade de atletas que bem alto levantaram o nome do FCP.
Hoje, os treinadores são mais actualizados e dominam as metodologias de treino, que antes eram suportadas empiricamente. Apesar disso, acho que as camadas jovens atingiram a sua bitola mais baixa, nestes últimos anos. E isso remete-nos para o seguinte: não basta juntar um conjunto de nomes e provar que foram (provavelmente) desaproveitados dois ou três oriundos das escolas que poderiam fazer jeito nesta altura do campeonato, para concluir que não se aproveitam os jogadores jovens porque gostamos de esbanjar dinheiro. De certeza que o investimento na formação tem crescido, quer em meios materiais quer humanos. O problema principal tem de ser outro, até porque não há nenhuma incompatibilidade (nem conflito de interesses) em juntar gente da casa com recrutamento vindo de fora, e ganhar dinheiro através de ambas as fontes.
Não faltam condições estruturais, não falta motivação, o futebol tem muita procura por parte dos jovens porque a carreira é aliciante, os técnicos estão actualizados. Falta perceber o que é que está a falhar, pois nas faixas etárias mais baixas fomos superados por muitos países que antes nos eram claramente inferiores.
Provavelmente há um modelo competitivo que não ajuda. Provavelmente vive-se mais para a ideia de ganhar campeonatos que para uma verdadeira formação que não queime etapas com a pressa de vencer a todo o custo.
Vi o jogo do FCP com o SCB dos juniores de sábado passado e fiquei mal impressionado com o que vi. Joga-se segundo os piores modelos, com uma equipa na retranca e a bater em tudo o que mexe e outra a jogar em posse na sua zona defensiva e com muito baixa intensidade. Não dinamitámos o muro que nos acabou por soterrar. O SCB ganhou por 2-1 e todos os golos saíram de bolas paradas.
Foi um jogo feio e parece que a ninguém importa jogar bem, bonito, rápido, com jogadores que evitam as rotas de colisão e procuram o golo como fim último do futebol, e não apenas um mero detalhe, saído da transformação das ditas bolas paradas que os treinadores preparam até à exaustão. Nas camadas jovens o prazer lúdico da prática desportiva deveria prevalecer sobre qualquer outro. O prazer de jogar e de praticar um futebol atraente deveriam estar no topo da pirâmide no processo formativo, o que nada tem de incompatível com a formação táctica e o apetrechamento físico indispensáveis para a prática desportiva de alta competição.
Mas, esta matéria é complexa e deveria ser bem analisada a razão porque, hoje, estamos mais pobres de valores, e minguam (de forma estranha) atletas em várias posições fundamentais. Têm a palavra os técnicos.
10 comentários:
Mário, muito bom texto que nos elucida a nós portistas de algibeira a residir longe do Porto o que se vai passando no nosso clube.
Quanto ao cerne da do problema da formação, penso que hoje em dia toda a gente sabe on de fica La Masia e tal como aconteceu com Clairefontaine não há mal nenhum em lá mandar uma excursão de técnicos e treinadores para ver se aprendem alguma coisa.
É ridículo pensar nos títulos nos júniores, isso deve vir por acréscimo. A formação deve ter como objectivo máximo servir a equipa principal. Como tal todos os escalões deviam estar interligados, treinar com os mesmos métodos, jogar segundo os mesmos princípios.
Ah e deixar de contratar gajos que amadurecem mais cedo e têm vantagem física enquanto são miúdos mas mal sabem chutar uma bola.
Não peço uma cantera à Barça, peço apenas uma formação organizada e com objectivos claros. No ano passado fomos campeões de júniores e dispensamos todos os que atingiram a idade máxima! Ou seja o título deu-nos exactamente o quê?
Lembro-me muito bem de - há talvez uns 15/20 anos - o seleccionador alemão de uma equipa de sub-qualquer coisa do seu país, com quem Portugal jogara ou ia jogar, frisar um aspecto, par amim também muito importante, aqui salientado pelo Mário: nas camadas jovens a prioridade deveria ir para o prazer de jogar a bola, de aprender,e de entreter os espectadores.
Infelizmente, vai-se ver um jogo desses e somos confrontados com um bando de adolescentes rufiasjá viciados no "ganhar a qualquer preço" e na porrada à portuguesa.
Não sei onde está o defeito, e não sei se algum dos nossos ex-juniores de anos recentes que acabaram por não singrar no clube teriam ou não classe necessárioa para tal, mas acredito que o futebol português atravessa uma crise de produção de talentos. E o recente brilharete no Mundial de Juniores terá sido, penso eu, um momento excepcional em que vários factores favoráveis se terão conjugado.
Quem lida diariamente com miúdos dessas idades entende o porquê de a formação nacional ter baixado e muito de nível... As qualidades técnicas estão lá, mas falta o essencial, faltam as qualidades humanas e sobretudo a inteligência.
Anónimo da Silva disse...
todos os escalões deviam estar interligados, treinar com os mesmos métodos, jogar segundo os mesmos princípios
Isso faria sentido se o FC Porto tivesse uma gestão desportiva semelhante ao Ajax ou ao Barça, no que diz respeito ao aproveitamento dos jogadores da formação.
Anónimo da Silva disse...
No ano passado fomos campeões de júniores e dispensamos todos os que atingiram a idade máxima! Ou seja o título deu-nos exactamente o quê?
Espero que o Atsu possa regressar ao Dragão e não seja um caso perdido.
Bernini disse...
As qualidades técnicas estão lá, mas falta o essencial, faltam as qualidades humanas e sobretudo a inteligência
Talvez haja excesso de vedetismo e falte a dose de humildade e de espírito de sacrifício que esteve na génese de craques como Gomes, Rui Barros ou Domingos, só para citar três exemplos de diferentes gerações.
Depois da tarde de hoje, espero que pelo menos Tiago Ferreira e Vion sejam aproveitados.
Arrisco a dizer que tanto um como outro tinham lugar no plantel principal. Tiago Ferreira TEM QUE SER o nosso próximo patrão!
Concordando com o post, importa, no entanto, acrescenta algumas notas que, na minha opiniºão, serão relevantes:
1º A formação do Porto assenta, realmente, num "edifício" bem estruturado e global. Os júniores B (treinados pelo Capucho) e C (treinados pelo Folha) estão na base dos júniores A (cujo treinador é o Rui Gomes), sendo que, em todos os escaloes, há elementos comuns nas respectivas equipas técnicas. Para além de pedagogos e psicólogos que acompanham os jogadores (miúdos) e estão em comunicação permanente com os treinadores. Por isso, a "produção" d etalentos passa por algo mais do que a estruturação, com cabeça, tronco e membros, da formação: também há a questão do talento e de outras condições que são, por natureza, imprevisíveis e aleatórias... Por acaso, também acho que a actual equipa de Júniores A não será muito brilhante, nem permitirá grandes aproveitamentos...
2º Porém, os Júniores A do ano passado (que acabaram a formação no ano passado)estão todos colocados e são todos profissionais. Claro que é muito difícil entrar, desde logo, na equipa principal do Porto, mas isso não os impediu de serem jogadores profissionais noutros clubes.... Ou seja, a formação do Porto, em termos gerais, tem bons resultados - ainda que dificilmente a equipa profissional sénior aproveite esses jogadores jovens.
3º Se olharmos para os actuais Júniores B e C, aí, sim, há uma classe e uma maturidades que recomendam, vivamente, serme seguidos e observados com atenção. De resto, os resultados são esclarecedores e esmagadores (por exemplo, a equipa do Folha, segue quase com 30 pontos de avanço no campeonato; a do Capucho tem prazer e divertimento a jogar (vê-se e o prórpio treinador faz disso um ponto de ordem!). Ambas têm, simultaneamente, uma maturidade táctica assinalável e de fazer inveja a muitos profissionais! O futuro há-de, portanto, ser risonho...
4º Há um grande problema que também dificulta a integração/aproveitamento dos jovens que vêem da formação: a diferença de compatitividade nos nossos campeonatos é brutal; raras vezes, as equipas do Porto (dos miúdos) não goleiam! Isso dificulta a aprendizagem (intensiva) competitiva.
Eu tenho uma sugestão: vejam outras modalidades! Andebol, hóquei, básquete. Quando os jogos de futebol são fracos, assiste-se a outras modalidades. Tem dois efeitos: moraliza os jogadores dessas modalidades e motiva os de futebol a jogarem melhor, para captarem a atenção dos adeptos.
o FCPorto não é só futebol e tem formação noutras modalidades. É pena que se dê tão pouca atenção a elas. Aliás, o FCPorto está a parecer querer desistir da formação nas outras modalidades. Não tem dinheiro!
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