quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

A crónica inadaptação que tantos pontos tem custado

Quem anda à chuva sem guarda-chuva molha-se. Quem anda de guarda-chuva quando não chove, não se molha mas o mais provável é que ganhe uma tendinite de pulso sem sentido. A vida é um processo constante de adaptação. Há treinadores que têm muita dificuldade em assumir essa realidade. Facilmente afirmam que cada jogo é um jogo mas depois, na prática, quantas vezes não vimos repetir-se o mesmo guião de uma equipa, jogando de uma mesma forma, se vê incapaz de superar rivais que jogam de uma outra forma concreta? Não se trata nem de desenho táctico, disposição de jogadores ou dos nomes dos futebolistas elegidos. Trata-se de adaptar-se a uma realidade distinta da habitual e de procurar pontos favoráveis para sair vencedor. Vila das Aves, Estoril (até ver) e Moreira de Cónegos sairam mal todas pelo mesmo motivo e em alguns outros jogos o cenário podia ter sido parecido (Santa Maria da Feira) porque o problema foi sempre o mesmo. Zero adaptação.

Sérgio Conceição tem feito milagres. É fácil esquecer isso quando levamos todo o ano à frente da classificação mas ninguém, em Agosto, podia sequer sonhar com esse cenário. Era dificil antecipar o pior ano do Benfica em largo periodo de tempo, um ano em que só o Polvo lhes permite estar a dois pontos e não a doze. E era igualmente dificil antecipar que o Sporitng, ainda que competitivo, fosse não aproveitar o investimento realizado no mercado com dinheiro que ninguém sabe muito bem de onde veio, tanto no que não teve de vender como no que acabou por contratar. Face a essa realidade, e visto o plantel disponível, a liderança é um milagre e Conceição o seu artifice. Nada a dizer a não ser aplaudir.
No entanto a liderança lograda a partir de uma ideia de jogo muito concreta – que segue a escola de Jorge Jesus ainda que, com o handicaap duplo de haver pior qualidade individual da que este teve à disposição e a ausência do guarda-chuva arbitral que deu tantas vitórias a esse  -tem esbarrado com dois problemas muito sérios. O primeiro, mais natural e evidente, é o desgaste. Num plantel curto, onde jogam sempre os mesmos, é impossível em Janeiro pressionar e recuperar o esférico com a mesma frescura que em Setembro quando o modelo de jogo não assenta em descansar com a bola e sim na procura do espaço.

Conceição começou o ano com um verticalissimo 4-2-4 em que o meio campo exercicia uma tremenda pressão sobre o rival, a dupla avançada roubava as primeiras bolas e a equipa, recuperada a posse, verticalizava cada lance – seja pelas bandas laterais, seja em passes em diagonal para as corridas de Aboubakar e Marega – e explorava, em momentos de bloqueio, as bolas paradas (na Champions, onde há menos espaços, foi um recursos fundamental). Esse modelo assentava nas caracteristicas muito especiais de alguns jogadores – desde Danilo a Marega – e sobretudo no entrosamento e estado de forma dos restantes. O Porto matava cedo os jogos e esfolava depois, sem especular, levantando os fantasmas da NESificação horizontal e temerosa que guardava o 1-0 como se fosse a virgindade de uma donzela. Esse modelo, que Jesus implementou em Portugal com êxito – com ajuda extra-desportiva de distintas naturezas – sempre encontrou um problema. Em jogos em casa e contra rivais que saem a jogar haveria sempre forma de fazer o modelo funcionar. Mas contra rivais que preferem estacionar o autocarro em casa, em campos pequenos, relvados em más condições e onde o espaço não abunda, os problemas da ideia de jogo eram evidentes. Jesus perdeu assim três campeonatos – dois com o Benfica e um com o Sporting – cedendo empates em deslocações onde a equipa era incapaz de fazer vingar o modelo, e ganhou outros quantos quando os fieis amigos de negro vieram ao resgate para evitar resultados mais embaraçosos. Resgaste que o FC Porto, já sabemos, não tem ao seu serviço. Tanto não tem que começa sempre – ou devia – a pensar que o rival já ganha por 1-0, seja por um golo mal anulado, um penalty por marcar ou uma expulsão ou duas perdoadas pelo VARissimo de serviço. Nesse contexto, como Vitor Pereira demonstrou, o FC Porto que era fiel ao 4-3-3, o modelo de jogo que dominou quase vinte anos de futebol português, de 1996 a 2014, encontrava melhores opções para esse cenário porque gerava maior controlo, maior jogo interior e com ele encontrava forma de criar espaços onde este não existiam.

Essa é a principal diferença e o principal problema da falta de adaptação de Conceição a estes cenários. O seu Porto não procura criar o espaço, procura apenas explorar o espaço. Se ele existe, o plano funciona, como tem sido evidente. Se não existe, não há plano B mais do que se tem visto, cruzamentos laterais, lançamentos bombeados para que o volume de homens gere o caos e do caos saiam as oportunidades. Bolas para os avançados deixarem para o interior. Cruzamentos que os extremos procuram surpreender ao segundo posto. Tudo sabendo que o rival sempre vai ter a lógica vantagem númerica de quem defende com mais e com o contorlo do espaço. Em nenhum momento se viu Conceição procurar outra coisa em momentos de aperto e mesmo em Moreira de Cónegos quando decide mudar, em duas ocasiões, o que faz primeiro é aplicar um 3-5-2 que dá as alas aos extremos mas não gera nada de jogo interior porque se continua a insistir no cruzamento e na segunda jogada; depois, ao lançar Sérgio Oliveira, não procurou gerar jogo interior se não reforçar outro lançador de bolas altas. Em nenhum instante, como nos restantes tropeções que geraram em empate, se tentou fazer “outra coisa”. Que “outra coisa”?
É verdade que o plantel do FC Porto tem pouco talento e, indismentivel, que a baixa de Danilo – aliada à baixa de forma de outros jogadores chave (Aboubakar e Brahimi, sobretudo) – não ajuda, mas ninguém pode dizer que não sabiamos ao que iamos. Em lugar de insistir com um modelo que está em crise, Conceição devia ter procurado gerar futebol mais apoiado, maior toque, maior procura dos espaços. Provavelmente Oliver tenha feito o pior jogo em muito tempo mas não terá sido mais porque o que se pedia de ele era contra-natura ao que pode dar? Não foi Herrera desaproveitado como pivot quando é precisamente cubrindo todo o cambo que faz com que a sua aportação resulte positiva? Não pedia ontem – e na Feira, Aves ou Estoril – talvez um 4-3-3 que em posse se transformava, de facto num 2-1-4-3, com dois interiores gerando um fluxo constante de bolas interiores com o apoio dos extremos (Oliver, Paulinho ou Herrera), para dois avançados interiores (Marega/Aboubakar e Brahimi) e um avançado mais móvel (Soares)? Sabendo que o rival não ia atacar e o campo era curto, porque não gerar superioridade por dentro em vez de a procurar insistentemente por fora?


O problema não são apenas os empates concedidos – a equipa continua invicta e gerou, em todos esses jogos, oportunidades suficientes para ganhar (a fraca produção ofensiva tendo em conta o volume gerado é outro dos grandes problemas deste Porto) e foi prejudicado claramente em todos esses jogos – mas sim a sensação de que os próximos duelos desta natureza resultem num cenário repetido já demasiadas vezes. Conceição acertou em cheio com o plano A e potenciou muitos jogadores para lá do seu nível mas em condições adversas as suas fraquezas ficam expostas e o técnico parece não encontrar um antidoto, um plano B seja com outra forma de jogar com os mesmos jogadores ou trocando cromos para procurar potenciar outras situações. Se não for capaz de o fazer até Maio estes seguramente não serão os últimos pontos fora concedidos. E seria um péssimo sinal que a inadaptação fosse um dos condicionantes para vencer uma Liga a todos os títulos merecida.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Um passo atrás para dar dois em frente

Se havia algum jogo com o Sporting que o FC Porto podia perder no próximo mês, era este. Era importante ganhar. Sempre é importante ganhar. Mas perder, neste caso, tem tudo para não ser um drama e sim um ponto importante de inflexão. O FC Porto fez tudo o que estava nas suas mãos para ganhar um torneio a que, historicamente, sempre demos pouca relevância - e com razão - mas este ano era diferente. Não só interessava derrotar um rival directo nas duas competições mais importantes como também era importante terminar com mais de quatro anos sem levantar um caneco. Dinâmica de vitória gera dinâmica de vitória, pode dizer-se. No final o objectivo ficou cumprido a meias. O Porto vai continuar uns meses mais, pelo menos, sem vencer um torneio oficial mas o Sporting viu, uma vez mais, que em confronto directo continua a ser uma equipa bastante inferior como ficou demonstrado em noventa minutos onde os Dragões foram melhores. A derrota, que não em campo, é um passo atrás mas a motivação de saber-se superiores e a vontade ainda maior de vencer os desafios que restam podem significar dois passos em frente. 

O FC Porto foi quase sempre superior, mais esclarecido e mais dinâmico que o Sporting, com e sem Danilo Pereira. A baixa do médio é a única noticia genuinamente preocupante de uma noite que deixou, em geral, boas sensações. A defesa voltou a estar a um nível impecável, anulando perfeitamente a real ameaça que é Bas Dost, sem provocar erros individuais próprias e sem ceder aos primeiros bons minutos do Sporting. A saída de Gelson Martins anulou a única arma em velocidade que os leões tinham o que transformou o seu jogo ofensivo em algo mais plano e controlável por uma linha de quatro bem oleada que nunca deu nem espaço nem tempo para o rival pensar. Não surpreende portanto que os dois únicos lances de perigo gerados pelo Sporting fossem pelo ar. O penalty reclamado - era falta de Danilo Pereira mas Dost estava em fora-de-jogo antes da bola chegar à área - e o cabeceamento de Coates, foram os únicos arranhões de um leão sem garra que dominou bem os espaços nos primeiros vinte e cinco minutos mas que, depois, não teve esclarecimento para propor o que fosse e passou o segundo tempo a pensar, claramente, nas grandes penalidades .
Por outro, sem ter sido uma exibição de encher o olho, o Porto soube ser sempre mais incisivo e directo e gerou bastantes mais oportunidades. Dois fora-de-jogo de Soares, que continua a um ritmo inferior ao dos colegas (o que gerou o golo, muito duvidoso, e como se sabe, em caso de dúvida deve-se deixar seguir, salvo se o jogador é do Porto), uma boa jogada de Ricardo, um cabeceamento sem direcção de Waris e um remate, no instante final, de Marega. Lances que podiam e deviam ter resolvido o jogo e que reflectem bem como a equipa está nos últimos dois meses, capaz de gerar bastantes ocasiões mas com cada vez mais dificuldades em concretizar e desbloquear resultados. 

Conceição deu uma licção de futebol a um Jesus que, uma vez mais, voltou a demonstrar cedo que vinha para o empate. Apesar de ter começado melhor o Sporting foi engolido pelo 4-3-3/4-4-2 que o Porto ia desenhando consoante as situações de jogo com Sérgio Oliveira como joker. O médio trabalhou muito mas continua a demonstrar ter sérios problemas tanto no disparo de meia distância (onde era suposto ser do melhor disponível) e na toma de decisão final. A lesão de Danilo precipitou a entrada de Oliver, que esteve a um nível muito bom e gerou várias ocasiões de perigo, basculando bem entre zonas, o que levou Herrera a baixar à posição de pivot defensivo. O mexicano, que voltará a ser mais recordado pelo penalty falhado, fez um excelente jogo e fez esquecer o omnipresente Danilo nas tarefas defensivas e da ocupação do espaço ainda que, ofensivamente, tenha contribuido muito pouco. Oliver e Oliveira mantiveram o controlo do meio-campo durante grande parte do tempo mas a mudança de desenho forçou Brahimi, sobretudo, a baixar bastante a uma zona central o que diminuiu o seu impacto sobre o jogo ainda que, com a bola, tenha sempre sido o mais esclarecido a romper o desenho dos leões. Marega, no outro lado, trabalhou muito e só Soares, batalhador mas pouco esclarecido, acabou por não ser diferencial algo que Aboubakar tão pouco foi capaz de ser. Nota positiva para Waris que, na estreia absoluta depois de poucas horas de trabalho colectivo, ofereceu-se e movimentou-se bem entre linhas e demonstrou serviço. Mais uma peça para compor o puzzle. Fosse em posse, fosse na rápida recuperação do esférico, fosse na pressão, o Porto foi sempre a melhor equipa e a única que não quis deixar tudo para os penaltis. Conceição, dando o mote, nem quis seguir a serie ao vivo e talvez soubesse por antecipação que os jogadores não estavam preparados para a sequência (afinal quando nos apitam tão poucos penaltis a favor precisa-se de treinar mais ainda nas horas livres, que são poucas) e assim foi. Três falhanços - apesar de duas grandes defesas de um Casillas que sempre se mostrou seguro - e uma eliminação injusta pelo feito em campo. E um aviso para o futuro. Tacticamente e em qualidade de jogo, não há melhor equipa em Portugal que o FC Porto. 

No final de contas se havia um torneio que interessava pouco era este. Se havia um duelo directo que podiamos permitir-nos não ganhar era este. E se havia uma derrota com força emocional suficiente para unir, ainda mais, o grupo em relação a um objectivo comum, também era este. Os grandes clubes sabem fazer dos tropeções, vitaminas para alcançar as vitórias. Não é, nunca seria, motivo de drama - nem nos anos de AVB-VP nem na etapa final de Jesualdo, com equipas ganhadoras, perder o torneio significou algo relevante - mas pode ser motivo mais do que suficiente para afinar baterias para o sprint final no campeonato e o mano a mano na Taça de Portugal, competição que deve ser encarada da mesma forma que o jogo de ontem na Pedreira. Perder não faz parte do ADN do FC Porto mas há derrotas (neste caso, eliminações, mais do que derrotas) que vêm por bem. Que esta seja uma delas.

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

SMS do Dia

Era uma questão de tempo até quem "carregou" o Estoril - correram e lutaram  mais contra o Porto, que em todos os jogos até então - se denunciasse. A julgar pela azia, o "prémio" foi pago à cabeça (e já estará estará tão fresco aquando da segunda parte), e não "baseado em objectivos". Azar!

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

À espera do Pai Natal - ainda

Falta um tempo considerável para o fecho da janela de transferências de Janeiro, mas tal como aconteceu na anterior, a perspectiva de o plantel ser reforçado com novos jogadores, afigura-se improvável. Por um lado, há uma expectável inflação nos passes de jogadores em geral, com clubes de menor dimensão a entrar (e porque não?) no jogo das grandes transferências - como é o caso do Braga, Rio Ave...; o caso mais notório é o de Nakajima, que vem sendo associado ao Porto com alguma insistência, mas cujo clube, o Portimonense, não aceita negociar o passe do jogador por menos de €10M! O outro entrave ao tal reforço do plantel, quiçá o maior, é a actual situação financeira do Porto - um quadro tão negro, que se fosse um filme, seria o "Branca de Neve" do João César Monteiro.

Branca de Neve, da ficção para a realidade
Depois de terem tentado todas as outras "receitas" no livro, com treinadores jovens, treinadores menos jovens, treinadores com pouca experiência, treinadores sem experiência nenhuma, e todo o tipo de jogadores "debaixo do Sol" - caros, baratos, pechinchas e "murros na própria cara" - os senhores da SAD, decidiram - ou alguém decidiu por eles, o que diz muito da sua capacidade de decisão - que faltava tentar "sem contratações". Não se pode dizer que os resultados sejam maus; pelo contrário, são incomensuravelmente melhores do que alguma vez sonharam, só que pode não chegar. Ora, o estado a que chegaram as finanças do Porto é da sua exclusiva responsabilidade - não há desculpas nem atenuantes. Assim sendo, e neste momento de aperto, só lhes ficava bem juntarem entre si "uns trocos" - um membro da SAD não enriquece só com o salário que recebe, é certo - e fazerem um pequeno sacrifício por quem já lhes deu tanto, pagando do seu próprio bolso a contratação de um (unzinho chega) reforço (com a condição de que não seja mais um guarda-redes). O Clube agradecia e certamente saberia encarar com mais simpatia erros passados que tanto dano têm causado.
No poupar é que está o reforço
Este bonito gesto, para além do seu simbolismo, teria também o condão de mitigar algumas dúvidas no coração dos adeptos, no caso de esta época acabar como as últimas. Já se trocou várias vezes de treinador (e nem que tenha sido por pura sorte, parecem ter feito por fim a aposta certa); a estes jogadores, não se lhes pode pedir mais. Quem é então que falta mudar? Quem é que segundo os mais variados critérios, "não manda uma para a caixa"? Quem é vai arcar com as culpas, se as coisas correrem mal?

Espero que tenham um bom pé-de-meia.

domingo, 14 de janeiro de 2018

O “Benfica do Minho”

Abel Ferreira e os "erros não forçados"

O primeiro golo, infelizmente, é um erro nosso, um lançamento a nosso favor (…) Questionei os jogadores ao intervalo pela estratégia do jogo. (…) o que define o jogo é o passe, a qualidade do passe. Sobretudo são os erros não forçados que temos de melhorar. (…) Hoje o que fez a diferença foi a quantidade de vezes que saímos para o ataque e perdemos a bola com erros não forçados.

Estas declarações foram feitas por Abel Ferreira, treinador do clube que muitos apelidam de “Benfica do Minho”, no final do SC Braga x SLB de ontem.

De facto, foi muito estranho, chegou a ser quase ridículo, a forma como alguns jogadores do SC Braga falhavam passes ou perdiam a bola no um para um. E alguns desses passes mais pareciam um “tapete vermelho”, estendido por jogadores do “Benfica do Minho” ao “Benfica de Lisboa” (como aquele passe que isolou o Raul Jimenez ao minuto 87).

Após o que se viu dentro das quatro linhas e depois das declarações do treinador da equipa bracarense, é inevitável recordar o encontro recente entre o presidente do SC Braga e o presidente do SLB, encontro esse após o presidente do Sporting ter acusado António Salvador de ser um testa de ferro de Luís Filipe Vieira no denominado G-15.

Salvador e Vieira, dois conhecidos de longa de data, amigos (dependentes?) de Jorge Mendes para a compra/venda/empréstimo de jogadores e com diversos interesses comuns (da construção civil ao futebol).

Por exemplo, Danilo, um “jogador de Jorge Mendes”, esteve emprestado pelo SC Braga ao SLB, mas como não vingou em Lisboa regressou ao Minho.

«Danilo foi a ilustração do desatino braguista. Falhou passes atrás de passes (…) e foi dele a asneira para o primeiro golo do Benfica. Vukcevic, Fábio Martins, Ricardo Horta e Xadas também tiraram o dia para uma desgarrada de asneiras sem fim.»
JN, 14.01.2018

Danilo, ontem, foi um dos piores em campo? Coincidências…

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

SMS do Dia

"Pai, Já cá canta!!!!!! Sem o teu empurrão não íamos lá. Beijo grande"

Não há coisas muito mais bonitas que o amor entre pai e filho. E ainda por cima quando se materializa numa finta ao IMI... Até fico emocionado!

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

"Nós Vamos Ganhar"

Não vale a pena dizer muito do jogo de Santa Maria da Feira, um guião repetido e por repetir.

- O FC Porto foi melhor, num campo dificil, com condições dificeis e contra dois rivais complicados de superar, cada qual com as suas armas.

- O caudal ofensivo da equipa continua vivo, a eficácia no jogo aéreo também. Trademarks chave para chegar a Maio no topo e com os objectivos cumpridos.

- O core do plantel está mais unido do que nunca e os pequenos ajustes tácticos de Conceição nunca comprometem o jogo colectivo. A equipa soube jogar bem em distintos momentos do jogo e Conceição continua a acreditar que o seu plano A e o seu plano B são para cenários muito diferentes.

- Soares continua muito distante, física e mentalmente, do ritmo dos titulares, é um verso solto num bloco quase de proporções militares.

- O apoio dos adeptos foi tremendo e se no ano passado já se viveu um fim de ano com um seguimento inesperado e determinante que NES, com a sua inépcia, tratou de destroçar em campo, esperamos uma segunda volta com a chama do Dragão bem acendida. Que jogar fora seja jogar em casa sempre e que quem está de negro no meio do campo sinta que a impunidade tem um preço.

- Os últimos vinte minutos foram testemunha do pânico que vai por outros lados, sabedores de que já tudo se sabe (tudo?) e que não vai haver consequências reais porque isto é Portugal, estão determinados a fazer o possível e o impossível para chegar ao seu objectivo antes de que a casa arda mais. Verissimo voltou a ser ele próprio, um esbirro com a licção bem aprendida, enquanto seguramente os jornalistas que receberam o pagamento mensal habitual já estão com as facas afiadas para atacar esse "animal do Felipe" e o espirito "arruaceiro" dos jogadores do Porto a lembrar os videos de João Pinto e companhia há umas décadas atrás. Para isso cobram 400 euros ao mês a mais, vendendo-se barato porque ao regime todos se vendem abaixo do preço de tabela. Tudo conforme.

Preparem-se para cinco meses iguais a estes vinte minutos onde as leis se dão a volta do avesso, tudo é permitido, alguém acabará expulso (nem que seja por palavras, sempre a expuslão mais fácil para esta gentinha justificar nos relatórios) e todos com o credo na boca a sofrer o insofrível para seguir com vida. Bem vindos aos anos oitenta. Os anos oitenta deles, do desespero. Os anos oitenta nossos, da garra à Porto.

A todos eles, a todos nós, o Brahimi tem algo que dizer:





quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Reforços sim, contratações não

É preciso recuar muito no tempo para descubrir um FC Porto activo em todas as quatro frentes chegado esta altura do mês de Janeiro, precisamente 2008-09, em que se chegou ao inicio do novo ano nos Oitavos de Final da Champions League (cairiamos em Quartos frente ao Manchester United), a camino das finais da Taça de Portugal (que ganhariamos) e da Taça da Liga (caindo nas meias-finais) e liderando o campeonato que encerraría o ano do Tetra de Jesualdo Ferreira. 
Nem sequer no mágico ano de 2011 a equipa de André Vilas-Boas aguentou o ritmo e soçobrou frente ao Nacional na fase de grupos da Taça da Liga precisamente no inicio do mês de Janeiro. Isso sem ter de jogar a exigente Champions League. Algo que permite colocar – ainda mais – em perspectiva, o feito dos homens de Sérgio Conceição. E sabendo que aí vêm cinco meses de máxima exigência, a expectativa não podía ser maior. Olhando para a forma desastrada como o plantel foi construido – victima do descontrolo dos últimos anos – desde cedo a maioria dos adeptos e analistas foi rápida a indicar que o plantel era curto e tarde ou cedo iria necessitar de ajustes. Não deixa de ser correcto o raciocínio mas o certo é que, com metade da época cumprida, esse inevitavel desgaste não se tem notado – nem nos resultados nem em campo – graças à excelente gestão de grupo de Conceição o que permite reabrir a discussão sobre a necessidade real de interferir activamente na reabertura do mercado.

O mercado de Inverno é um mundo complexo. 
Poucas vezes serviu, realmente, de algo para equipas com objectivos importantes. Os poucos casos são simbólicos e parecem reforçar a sua importância (e ninguém esquecerá Carlos Alberto em 2004 ou a série de avançados que foi chegando nos anos posteriores que, com golos importantes, ajudou a alcançar metas e títulos) mas na prática vale muito mais ter um plantel bem estruturado desde o início do que aventurar-se no desconhecido do defeso invernal. Num ano sem competição africana de selecções – fundamental quando os MVP´s da época têm sido Brahimi, Aboubakar ou Marega – e sem lesões largas e graves, salvo os problemas físicos repetidos de um Soares que ainda não apanhou a dinâmica e de um irregular Otávio, os problemas têm sido contornados com tranquilidade. Sobretudo o que estes meses nos têm ensinado é que o éxito do FC Porto começa e acaba no espirito de grupo que o treinador forjou nos meses de pre-temporada e que todos têm abraçado, jogando mais ou menos. 
Num modelo de jogo muito exigente físicamente – por vertical e ofensivo – mas onde a posse de bola ajuda, em momentos de descanso, gerir esforços, Conceição tem sabido trocar peça por peça em momentos pontuais sem perder o ritmo colectivo. Tem acontecido na metamorfose de Oliver a Herrera (onze mais físico, com menos posse, e com maior entrega e presença em troca de maior controlo), nas inclusões pontuais de Sergio Oliveira, Layun ou Maxi Pereira num onze quase sempre recitado de memoria. Até mesmo a recuperação de Diego Reyes e o regresso de Soares abriram outras opções em posições chave. Conceição tem claro na sua cabeça que há um onze titular base mas sujeito a alterações pontuais face a rivais ou forma física e uma poule de seis/sete jogadores (Maxi, Reyes, Sergio, Oliver, Otávio, Soares e André André) que permite cobrir essas necesidades. É certo que, de base, o plantel apresenta descompensações tais como o excesso de laterais (o que tem feito Ricardo actuar de extremo algumas vezes) e a falta de jogadores abertos nas alas quando, sobretudo, Corona, não está ao seu nível ou peca por ausente, sendo que a adaptação de Ricardo, por um lado, e o uso de Hernani, por outro, abrem outras questões paralelas na gestão de grupo. A forma como Conceição abdicou de jogar com um 10 tem retirado importancia e influencia a Oliver, e também a Otávio, e tendo em conta que Danilo é indiscutivel, aberto a Herrera, André André e Oliveira a possibilidade de rodar por um lugar. No fundo o técnico conta já com seis médios para duas posições (oferecendo às vezes uma modificação do 4-2-4 para 4-3-3 para acomodar Herrera-Danilo-André André/Oliveira em momentos de maior posse) e não tem necessidade de mais tendo em conta que todos cumprem os distintos perfis utilizados. Layun, vitima de um claro over-booking e de um grande ano de Telles, e Maxi e Casillas – por questões salariais – são os claros candidatos a sair das contas sem que, em principio, a equipa mostre sinais de ressentir-se das suas baixas mas e quanto a incorporações, que decisão tomar?


O importante, uma vez mais, é referir o espirito de grupo como base de tudo. 
A ideia de jogo do técnico não é complexa – digamos que é uma versão à Porto, com esse extra de garra, do que lograva o Benfica de Jesus com êxito a nível doméstico no inicio da década – mas a idiossincrasia da equipa é muito especial. Qualquer novo reforço entra num grupo já formado, trabalhado e emocionalmente muito unido e tem de ser capaz de adaptar-se a essa realidade em tempo recorde. Não há, no mercado e face à nossa realidade, um talento absoluto disponível capaz de ser titular de caras apenas pelo genial que possa ser, pelo que quem vir tem de ser parte da engrenagem colectiva ou o próprio técnico será o primeiro a excluí-lo das opções. Oliver, sem dúvida um jogador com um talento incomparável, não joga precisamente porque apesar das suas virtudes, não é o homem certo para o modelo de jogo. 
Ou seja, salvo que seja uma posição cirúrgica (estou a pensar em extremo esquerdo/direito) ou um avançado de natureza muito diferencial do jogo que oferece Aboubakar (e para isso já existe Soares, inclusive), as necesidades reais deste plantel são escassas. E mais ainda quando o grupo parece de tal forma unido que a capacidade de multiplicação de posições reduz ainda mais essa ideia de necessidade extrema individual. Chegar e sentir o que o técnico fazem os jogadores sentirem, dentro dessa dinámica de “irmãos de armas”, é algo extremamente complexo de lograr e difícil de exigir a uma cara nova. Para quatro meses de competição, mais ainda. 

Seguramente haverá jogadores melhores que Marega no mercado mas será que algum dará a Sérgio o que ele quer dessa posição? Ou será tão capaz como Marega é de representar a unidade do grupo e o espirito deste projecto? O mesmo pode ser dito, realmente, de todos. Ninguém pode saber o que nos espera o amanhã e talvez uma lesão grave de um central, um problema sério de Danilo ou de Brahimi – os únicos jogadores sem réplicas reais daquilo que são e dão à equipa – podem sempre oferecer novos problemas e novas equações. No entanto, no momento presente, cada incorporação corre o risco de ser mais vista como uma contratação do que, propriamente, um reforço. E sabendo como está a SAD e como estão as finanças do clube  - com jogadores por renovar e buracos abertos para a próxima época, sobretudo na posição de defesa central – o mais lógico seria confiar em Conceição e nos seus homens e ir preparando o futuro com consciencia, sabendo que a força, a união e o talento do grupo e do seu líder que trouxe o FC Porto à sua melhor posição numa década a inicio de ano é uma arvore com raizes mais profundas na terra do que podemos imaginar para abanar ao primeiro sinal de tempestade.