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sábado, 17 de janeiro de 2015

O DEVE e o HAVER das arbitragens

O caso (fonte: Tempo Extra, 13-01-2015)

Após as primeiras 10 jornadas deste campeonato, publiquei um artigo sobre a Liga Real e a Liga Mentirosa.

Nessa altura, de acordo com um jornalista desportivo insuspeito de ver os jogos com óculos azuis-e-brancos, (Rui Santos, ex-jornalista de A BOLA onde, durante 26 anos, ocupou diversos lugares de chefia), o SL Benfica já tinha 4 pontos a mais e o FC Porto 4 pontos a menos, devido a erros de arbitragem com influência nos resultados dos respectivos jogos.

Dois meses depois, constata-se que a coisa piorou e, sempre que necessário, lá surgiu o andor que, seguramente, levará o SLB ao bi-campeonato.

Assim, após a 16ª jornada do campeonato, de acordo com o analista/comentador principal da SIC para assuntos relacionados com o futebol, o FC Porto continua a ter a “haver” 4 pontos que lhe foram “subtraídos” por erros de arbitragens

Liga Real 2014/15, 16ª Jornada - FC Porto (fonte: SIC Notícias)

… enquanto que o SL Benfica passou a “dever” 6 pontos à “ajuda” dos filiados da APAF que, semanalmente, são nomeados para os seus jogos pelo homem (Vítor Pereira), que Luís Filipe Vieira fez (faz!) questão de ver na presidência ao Conselho de Arbitragem da FPF.

Liga Real 2014/15, 16ª Jornada - SL Benfica (fonte: SIC Notícias)

Em resumo, de acordo com a análise feita jornada a jornada, por Rui Santos, ao impacto dos erros das arbitragens nos resultados dos jogos, a classificação do campeonato, após a 16ª Jornada, deveria ser a seguinte:

1º FC Porto: 41 pontos (em vez dos 37 pontos oficiais)
2º SL Benfica: 37 pontos (em vez dos 43 pontos oficiais)
3º Sporting: 34 pontos (em vez dos 33 pontos oficiais)


Alguém se lembra de outra época, em que as arbitragens tenham influenciado e adulterado, de um modo tão evidente, a classificação de um campeonato?

A tese de alguns (por exemplo, do jornalista/comentador Bruno Prata) de que, no final deste campeonato, haverá um equilíbrio entre os três grandes, no que diz respeito aos erros dos árbitros, não passa de wishful thinking.

Ou seja, como ninguém, minimamente sério, pode negar os factos que todos vêem (felizmente os jogos são transmitidos pela televisão!), vão-se fazendo previsões de que, um dia destes, os encarnados irão perder pontos devido a erros dos árbitros e que também há-de chegar o dia em que os azuis e brancos serão “compensados”, em relação aos “prejuízos acumulados”.

Pois, eu também acredito que isso irá acontecer. Talvez no dia de São Nunca, ao fim da tarde…

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Fernando, a RTP e a catástrofe anunciada



Na passada terça-feira à noite, assisti a parte de um programa sobre futebol na RTP (des)Informação, onde pude ouvir dois jornalistas/comentadores, no caso Bruno Prata e Carlos Daniel, supostamente donos da verdade, a discorrerem, com um ar quase constrangido, sobre a forma “incompetente” como os responsáveis do FC Porto tinham tratado dos casos de Otamendi e Fernando.

O caso do Fernando, então, era quase inexplicável. A RTP sabia (sabia!) que o melhor médio defensivo do campeonato português, um jogador considerado insubstituível por todos os comentadores presentes no programa (alguns dos quais torcem o nariz à possibilidade de Fernando ser chamado por Paulo Bento à Seleção da FPF...), ia ser colocado a treinar à parte e não voltaria a vestir a camisola do FC Porto, por se ter recusado a renovar.

Não sei porquê, mas desconfio que no programa 'Grande Área' da próxima terça-feira (e nos outros programas de discussão futeboleira), os “casos” Otamendi e Fernando vão deixar de fazer parte da agenda...

P.S. Na quarta-feira, dia 5 de Fevereiro, quando os ecos me(r)diáticos da novela Fernando estavam no auge, escrevi o seguinte num e-mail enviado a um grupo de adeptos portistas:
«Estou convencido que o Fernando vai continuar a jogar, sairá do FC Porto em Junho e a SAD encaixará alguns milhões de euros em mais-valias. Outros cenários que não este serão, para mim, uma surpresa.»

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Caiu a máscara ao Bruno Prata



29 Janeiro 2012
A seguir ao Gil Vicente x FC Porto (3-1) da época passada, em que a arbitragem de Bruno Paixão fez lembrar um célebre jogo em Campo Maior, Bruno Prata escreveu o seguinte no PUBLICO:

«(…) O FC Porto terminou a primeira parte com razões de queixa da arbitragem de Bruno Paixão, que não assinalou um penálti contra o Gil Vicente (Defour foi atingido por Daniel, aos 23’) nem anulou o lance (Pedro Moreira centrou em posição de fora de jogo) que terminou com a grande penalidade (bem assinalada, por braço na bola de Otamendi) que permitiu aos gilistas aumentar a diferença para dois golos mesmo antes do intervalo. No início da segunda parte ficou ainda por assinalar um outro penálti a favor do FC Porto, quando Kléber é derrubado pelo guarda-redes Adriano. Mas a equipa portista deve principalmente queixar-se de si própria. (…)»

Ou seja, aos 23’, a perder por 0-1, o FC Porto viu-lhe negada pelo árbitro uma grande penalidade indiscutível. Em cima do intervalo, o Gil Vicente marcou o seu 2º golo numa jogada precedida por um fora-de-jogo evidente (mesmo à frente do árbitro assistente). E, como se não bastasse o que se tinha passado na 1ª parte, no início da segunda ficou mais um penalty por marcar a favor do FC Porto.
Apesar das consequências óbvias que este conjunto de más decisões da arbitragem teve no desenrolar do desafio, para Bruno Prata a equipa portista devia principalmente queixar-se de si própria.
Mas, o melhor de tudo foi o título que escolheu para a sua crónica do Gil Vicente x FC Porto:
«FC Porto tinha perdido até com uma arbitragem competente».
Fantástico!


7 Outubro 2012
Título da crónica do FC Porto x SCP publicada pelo PUBLICO:
«Quinze minutos de recital e erros arbitrais»

«No Dragão, os golos caíram na baliza do Sporting como folhas no Outono, com cadência regular, um em cada parte. E foram a expressão inequívoca do domínio exercido pelo FC Porto, da impotência dos “Ocean’s Eleven” e de alguns equívocos arbitrais. Com excepcão do período inicial, não houve, no entanto, uma soberba lição futebolística e o jogo acabou por ficar marcado por algumas polémicas e teatros (dois penáltis mais do que duvidosos). (…)
A segunda parte foi um exercício geométrico, muitas idas e voltas, muita pólvora seca, mas com saldo nulo. O Sporting surgiu mais afoito, mas o FC Porto podia ter resolvido tudo se Lucho não tivesse disparado ao poste, aos 55’, na marcação de um penálti duvidoso (ficou a ideia que Cédric não teve a intenção de tocar a bola com a mão).
(…) mas tudo ficou decidido quando James fez o 2-0, em mais um penálti duvidoso (não ficou claro o agarrão de Boulahrouz a Jackson). Um bom general deve não apenas conhecer o modo de vencer, mas também saber quando a vitória é impossível. Ontem, Oceano não teve tropas e ainda teve contra si o árbitro

Sabem quem escreveu esta crónica? Não, não foi nenhum dos representantes do sporting na comunicação social. Foi o mesmíssimo Bruno Prata!

Não vale a pena chamar à atenção para a diferença entre lances de análise duvidosa (conforme se verificou no FC Porto x SCP) e erros clamorosos de arbitragem (vários no Gil Vicente x FC Porto);
Nem vale a pena referir, que o impacto no desenrolar do jogo, das más decisões dos árbitros nestes dois desafios, foi muitíssimo diferente.
Vale sim a pena reler os títulos das duas crónicas, a ênfase que em ambas foi dado à arbitragem e, cereja em cima do bolo, sublinhar a última frase escrita por Bruno Prata na sua crónica do FC Porto x SCP.

Caiu a máscara ao Bruno Prata. Se dúvidas houvesse, a simples comparação entre estes dois artigos mostra o nível de isenção e coerência deste jornalista do PUBLICO e comentador da RTP.
E o problema é capaz de ser mesmo este. Aparentemente, para se ser comentador de futebol na RTP Porto, dá muito jeito estar nas boas graças do Carlos Daniel (cuja “simpatia” pelo FC Porto é bem conhecida)…

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Uma época com sabor agridoce

Nos próximos dias irão ser feitas muitas análises acerca do bicampeonato ganho pelo FC Porto, com os méritos e deméritos a serem enfatizados consoante a preferência clubística e os destaques, positivos e negativos, a muitas vezes dependerem dos objetivos que se pretendem atingir.

A análise seguinte é de Bruno Prata, jornalista do PUBLICO e comentador da RTP e, para além de equilibrada, parece-me que toca os aspetos essenciais da época 2011/12.

«Pode um título ser ganho também contra o próprio treinador da equipa campeã? Não é normal nem razoável que assim seja, mas acaba por ser essa a convicção com que se fica depois de se ouvir e ler não só boa parte da opinião pública e publicada, mas também uma grande fatia dos adeptos do FC Porto. “Somos campeões, apesar de Vítor Pereira” – eis a opinião-síntese de muitos portistas, que teimam em não admitir os méritos do seu próprio técnico.
A frase encerra alguma injustiça, porque Vítor Pereira é um treinador conhecedor e competente na maioria das vertentes do seu trabalho. Mas reflecte, por outro lado, as debilidades de alguém que mostrou não ter o necessário sentido de liderança e de comunicação. Tirando uma outra excepção, as prestações nas conferências de imprensa foram apenas sofríveis ou até pior do que isso. Do que se sabe, fica a ideia de que a sua verve também nunca resultou empolgante no balneário. Mais, alguns jogadores terão aproveitado o seu trato dócil, que já era conhecido desde o tempo em que era apenas o braço direito de André Villas-Boas, para cometerem alguns excessos disciplinares. Nesse aspecto ter-se-á destacado um grave episódio protagonizado por Cristian Rodríguez, em que os factos terão ido muito para além da troca de palavras agressiva que constou na altura. Antes de ser definitivamente afastado, o uruguaio terá ainda agredido João Moutinho.

Tudo isto acabou por não impedir Vítor Pereira de chegar ao sucesso basicamente à custa da conjugação de três circunstâncias: o FC Porto tem um plantel de qualidade superior, como pode ser comprovado pelo orçamento que já ultrapassa os cem milhões de euros; os portistas continuam a ser clube com uma retaguarda forte e capaz de servir de “pára-raios” nos momentos de maior tensão; e, finalmente, o Benfica de Jorge Jesus não soube aproveitar os tropeções portistas e, mais do que isso, acabou ele próprio por cometer demasiados erros não forçados, voltando a ficar provado que o seu técnico tem dificuldades em gerir o desgaste nos finais de épocas.

A época seria sempre complicada para qualquer técnico do FC Porto. Porque lidar com o sucesso seria uma realidade ainda mas difícil de gerir depois de uma época inesquecível e quase irrepetível como foi a de 2010-11. Seria mais difícil até para o próprio André Villas-Boas, se este não tivesse trocado a sua cadeira de sonho pelos rublos de Roman Abramovich. O termo de comparação iria sempre funcionar como um obstáculo suplementar. As múltiplas conquistas de há ano atrás acabaram por ajudar a inflacionar a sensação de que no domingo foi garantido um título com sabor agridoce. Porque pioraram de forma substancial os resultados (não só para consumo interno mas também nas provas europeias) e, não menos importante, a nota artística dos espectáculos baixou de forma evidente.

Alguns factores alheios à vontade e às opções de Vítor Pereira acabaram de contribuir para as dificuldades. Desde logo a venda de Falcao ao Atlético de Madrid. Porque o plantel ficou claramente sem um dos melhores pontas-de-lança do futebol mundial, mas ainda porque o clube confiou em demasia na ideia de que a juventude de Kléber e os quilos em excesso de Walter não iriam impedir os dois brasileiros de se afirmarem como alternativas suficientes. Isso é tanto mais estranho quanto o FC Porto investiu mais de 51 milhões de euros em reforços, quase 30 milhões dos quais na contratação dos jovens defesas Danilo e Alex Sandro, que chegaram ao clube em Janeiro.

O outro aspecto com influência negativa resultou da instabilidade que começaram por revelar alguns jogadores que, no final da época, tinham algumas expectativas de serem protagonistas de transferências milionárias para campeonatos mais atractivos. Estão neste lote Álvaro Pereira, Rolando, Fernando, Hulk e João Moutinho, mas principalmente os três primeiros. O FC Porto não conseguiu, desta vez, o que havia logrado com grande sucesso em 2004, quando convenceu todos os principais craques, designadamente Deco, de que valia a pena esperar mais um ano antes de assinarem contratos ainda mais milionários noutras paragens para poderem perseguir (e, naquele caso, conquistar) o título de campões europeus. Claro que para isso fez diferença o facto de o FC Porto ser então treinado por José Mourinho e não pelo adjunto de André Villas-Boas...

Na área técnica, as principais críticas a Vítor Pereira resultaram da colocação de Maicon a lateral direito durante um longo período a meio da época, isto depois de Fucile (entretanto transferido para os brasileiros do Santos) e Sapunaru terem sido ostracizados sem motivo aparente, sendo que o romeno acabou mais tarde por ser recuperado. Outros reparos surgiram da colocação de Hulk na posição 9, mas a verdade é que essa solução já tinha sido utilizada aqui e ali por Villas-Boas. Nalguns jogos de maior grau de exigência acabou por ser uma opção razoável, até porque não houve paciência suficiente para com Kléber (e este também não tem ainda a estaleca psicológica para lidar com a pressão).

No final do ano, quando o Benfica ainda dispunha de cinco pontos de vantagem e o bicampeonato começava a parecer uma miragem para os portistas mais pessimistas, o FC Porto resgatou Lucho, depois de ter percebido que o Marselha andava a contar os tostões para pagar ao argentino. Apostou assim na experiência e na qualidade de um jogador que tinha ainda a vantagem de dar estabilidade e liderança a um balneário à beira de um ataque de nervos. Mas nem isso tornou suficientemente entendíveis as cedências, por empréstimo, de Belluschi, Guarín e Souza. Face ao reduzido número de médios disponíveis, valeu a Vítor Pereira as poucas lesões e castigos que afectaram os quatro médios sobrantes.

Em Janeiro também chegou Janko, um avançado austríaco de estatura elevada. Inicialmente marcou alguns golos, mas acabou por ter um rendimento de acordo com o seu preço reduzido (três milhões de euros). Trata-se de um avançado sem a mobilidade de outros que passaram com sucesso recentemente pelo Dragão, e a verdade é que o FC Porto, compreensivelmente, também não mudou o seu modelo de jogo para melhor aproveitar as suas características.
(…)
Há anos em que o treinador é considerado o pai da vitória. Noutros, o mérito é atribuído à equipa ou, no mínimo, a um ou dois craques que fizeram a diferença. No FC Porto, muitas vezes os dividendos acabam por ser principalmente atribuídos à estrutura que Pinto da Costa lidera há três décadas e que ajuda a disfarçar as debilidades e a exponenciar as virtudes. Até nisso este foi um ano atípico, porque os defeitos estiveram demasiado à mostra
Bruno Prata
PUBLICO, 30/04/2012

P.S. Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Os amigos de Carlos Daniel

Quando fui convidado para fazer o Zona Mista, as pessoas que me contactaram sabiam qual a minha tendência clubística
João Gobern, PUBLICO, 04/04/2012


«Não me peçam, nem agora nem nunca, que não festeje um golo do Benfica. Faço-o há muitos anos, desde que me reconheço como gente. (…)
Festejei o golo no enquadramento errado. Se não tivesse consciência plena desse deslize, não tinha posto o meu lugar no “Zona Mista” à disposição ainda antes de as campanhas orquestradas chegarem ao seu destino. Ou seja, tenho consciência de que errei. (…)
Foi infeliz o gesto? Sim. Foi desajustado? Sim. Foi tudo um grande azar? Quero continuar a pensar que sim. Mas não posso sequer garantir, para ser sincero, que não voltaria a fazer-me o mesmo, de uma forma espontânea e não premeditada. (…)
Tendo reconhecido o erro, tendo lamentado o sucedido, há uma pessoa que me obriga a ir mais longe. Por ter apostado em mim quando nada o obrigava, por me ter brindado com este desafio e porque o capítulo final é tão murcho, resta-me pedir desculpas ao meu amigo Carlos Daniel. Garantindo-lhe que há casos em que a memória funciona mesmo.»
João Gobern, Facebook, 07/04/2012


Eu já suspeitava que o convite feito ao João Gobern, para ser comentador na RTP, tinha partido do benfiquista mais famoso de Paredes, mas nada como ser o próprio Gobern a confirmá-lo.

Aliás, não me custa a acreditar que também tenha sido ideia de Carlos Daniel, o convite para um dos árbitros preferidos de Luís Filipe Vieira (Paulo Paraty) passar a ser comentador de arbitragens na RTP.

Evidentemente, o Carlos Daniel tem todo o direito de ser benfiquista e de ter pertencido ao núcleo inicial que fundou a casa do slb de Paredes, mas ao jornalista da RTP, com responsabilidades na RTP Porto e que já pertenceu à Direção de Informação da RTP, pede-se alguma contenção.

Ora, até para defesa do próprio e da sua imagem, Carlos Daniel deveria evitar qualquer envolvimento em convites de amigos seus benfiquistas para a RTP (já nem falo nos almoços com o treinador do slb no restaurante do conhecido Barbas). Até porque, convém não esquecer um “pequeno pormenor”: a RTP ainda é uma empresa do Estado (paga por todos os contribuintes!) a qual, supostamente, presta um serviço público.

P.S. Quando o Carlos Daniel despe a camisola do slb e tira os óculos encarnados, eu até gosto de ouvir as análises e comentários que faz aos jogos de futebol. É pena fazê-lo poucas vezes.

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Os candidatos às eleições na FPF


No PÚBLICO de hoje, Bruno Prata assina um artigo onde faz uma análise muito interessante aos dois candidatos à presidência da FPF, às forças em presença por detrás das mesmas e aos aparentes contra-sensos nos apoios de cada um delas.

Na minha perspectiva, dois dos aspectos que Bruno Prata refere no seu artigo merecem um olhar e acompanhamento atento:
i) o distanciamento entre Pinto da Costa e o seu ex-vice no clube e ex-administrador da SAD;
ii) a eventual negociação centralizada dos direitos televisivos, algo que dificilmente avançará por ser contra os interesses dos três "grandes" e de... Joaquim Oliveira.

Alguns extractos do artigo de Bruno Prata:

«Os 84 delegados que no próximo dia 10 vão eleger o próximo presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) terão de escolher entre um benfiquista (Carlos Marta) que tem o apoio da Associação de Futebol do Porto (cujo presidente, Lourenço Pinto, nunca iria contra a vontade do FC Porto, mesmo que Pinto da Costa procure passar uma imagem pública de neutralidade) e um portista (Fernando Gomes) que tem como principais amparos clubísticos o Benfica e o Sporting.

Um aparente contra-senso que se percebe e explica à luz dos complicados equilíbrios de forças que existem no futebol português. Dois exemplos: o avanço da lista de Fernando Gomes levou a que Fernando Seara acabasse por desistir da ideia que tinha de se candidatar, para o que contava com o apoio garantido do Benfica - hoje Fernando Seara é o candidato a presidente da assembleia geral nos corpos gerentes propostos por Carlos Marta; Soares Franco desistiu da corrida por não ter contado com o apoio do clube a que presidiu até há dois anos, e o Sporting acabou por apoiar Fernando Gomes, depois de ter escolhido Hermínio Loureiro (que será uma espécie de braço direito de Gomes, se este for eleito) como o homem certo para o lugar certo. Como se não bastasse este intricado processo, Luís Duque, administrador da SAD leonina, não tem tido dúvidas em dar o seu apoio público a Carlos Marta, como se infere das suas presenças em acções públicas de campanha da Lista A. (...)

Carlos Marta (Lista A) tem 54 anos e é mais novo quatro anos do que Fernando Gomes. Ambos têm meritórios currículos enquanto praticantes, mas em modalidades diferentes. O líder da lista A foi futebolista profissional, tendo-se licenciado em Educação Física na opção de Futebol. Fernando Gomes foi campeão nacional de basquetebol com a camisola do FC Porto, cuja secção chegou a liderar, antes de presidir à Liga de basquetebol. Licenciado em Economia, tem um percurso profissional multifacetado, que inclui o ensino universitário, a gestão de empresas, designadamente do grupo Amorim, a provedoria da Santa Casa de Misericórdia e a administração da SAD do FC Porto. Nos últimos 18 meses, presidiu à Liga de Clubes. (...)

Tanto Gomes como Marta garantem não ter feito compromissos com ninguém. Um e outro declararam a necessidade de existir maior solidariedade na distribuição do dinheiro que resulta das transmissões televisivas e ambos defenderam que a melhor solução passa por uma negociação centralizada. Nesta matéria, Gomes corre mais riscos. Porque os principais clubes estão entre os seus apoiantes e porque é pública a sua boa relação com Joaquim Oliveira, a quem não interessa que a Olivedesportos passe a ter de negociar um "bolo" total com um representante dos 32 clubes profissionais. (...)

No debate, ficou evidente que Marta assume uma postura mais agregadora, enquanto Gomes não tem dúvidas de que o seu posicionamento, sem deixar de ser agregador, passa também pela rotura. Isso tanto lhe vale apoios, como lhe cria anticorpos - não é por acaso que falha o apoio público do FC Porto, o que era previsível, depois de ter escolhido Hermínio Loureiro e Vítor Pereira e de ter voltado a receber o apoio inequívoco de Luís Filipe Vieira, a exemplo do que tinha acontecido nas eleições da Liga. Na altura, muita gente entendeu tratar-se de uma jogada magistral de Pinto da Costa. Um enorme equívoco. Porque Fernando Gomes há muito que corre por sua conta e risco, como ficou claro quando Pinto da Costa nem se lhe referiu na última festa dos Dragões, apesar de Gomes estar presente na sala. (...)»
Bruno Prata
PUBLICO, 02/12/2011


O artigo completo pode ser lido aqui.

Foto: Debate na RTP Informação (fonte: record.pt)

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Os jogadores são os mesmos da época passada…

(onze inicial do FC Porto contra o APOEL)

«Um mau jogo acontece a qualquer equipa, duas exibições fraquinhas também podem suceder aos melhores clubes, mas este FC Porto começa a desiludir e a abusar da paciência dos seus adeptos com uma regularidade surpreendente, quase chocante. Ontem viu-se uma equipa portista quase sempre desordenada, sem chama e sem ideias. Os jogadores são os mesmos da época passada (trocando Falcao por Kléber), mas parecem outros, abúlicos, como se tivessem sido mordidos por uma mosca tsé-tsé. Ao fim de apenas 12 jogos oficiais, pode até ser injusto relacionar a baixa de produção apenas com a troca de treinadores. Mas salta à vista que a margem de manobra de Vítor Pereira se reduziu muitíssimo nos últimos tempos. (…)

Ontem, a exibição portista foi ainda pior do que o resultado. Não se viu uma ideia colectiva de jogo e não houve pinta da intensidade que já se lhe viu noutros momentos. Individualmente, nem é bom falar... Salvou-se apenas Helton, que evitou o descalabro. Hulk foi bem marcado, mas ainda criou três ou quatro lances com a sua chancela. O resto foi um deserto de ideias e um conjunto de disparates, designadamente defensivos, que ajudam a explicar os vários golos sofridos esta época. Até disciplinarmente se notam diferenças: oito cartões amarelos, sendo que toda a defesa acabou "amarelada". Rolando continua numa fase de delírios permanentes (começa a justificar-se uma aposta no jovem francês Mangala) e até Otamendi parece afectado.»
Bruno Prata, 20/10/2011
in publico.pt

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Miolo do FC Porto anda coxo


Artigo de opinião de Bruno Prata, publicado em 06/11/2009, onde o jornalista do PÚBLICO toca num dos problemas principais deste FC Porto 2009/10.

«O diagnóstico dos problemas do FC Porto em termos de qualidade de jogo tem sido associado às vendas (cíclicas) de alguns dos seus melhores jogadores e à necessidade de dar tempo aos seus substitutos para que eles possam apreender a cultura, os processos e o modelo de jogo. Os mesmos motivos estiveram na origem do periclitante arranque da época passada, em que os resultados até foram bem piores na fase de grupos da Liga dos campeões.

Os mais atentos acrescentarão a onda de lesões que têm afectado os portistas e as dificuldades criadas pelas múltiplas convocatórias para as respectivas selecções, que, além do desgaste dos jogos e das longas viagens, impedem o desenvolvimento normal dos treinos, que já se sabe ser a arma que Jesualdo Ferreira mais e melhor sabe potenciar.

Sendo tudo isto verdade, há mais um detalhe que deve ser relevado. O meio-campo denota falhas de complementaridade, algo que complica ainda mais as coisas, especialmente numa equipa desenhada em 4x3x3, como é o caso.

Para perceber do que falamos, atente-se no meio-campo que levou Jesualdo ao sucesso em Braga: Andrés Madrid, Vandinho (então um médio interior esquerdo, antes de se tornar no "trinco" de grandes recursos que é hoje) e João Alves. São três jogadores de características diferentes, mas que cosem bem uns com os outros. O sentido posicional de Madrid dava-se bem com a verticalidade de Vandinho e com a capacidade de Alves de ler o jogo. As diferenças entre aqueles três médios funcionavam como um factor multiplicador, tornando o meio campo bracarense coeso, versátil e imaginativo.

Mas há outros exemplos de boa complementaridade em equipas desenhadas em 4x3x3, a mais conhecida das quais talvez seja o Barcelona, principalmente quando opta pela capacidade física de Touré, o futebol cerebral de Xavi e a magia e a verticalidade de Iniesta. Recuando na história, é possível recordar a forma perfeita como se desenvolvia e organizava o meio-campo de José Mourinho na sua primeira época no FC Porto, com Costinha a "6" e Maniche e Deco como médios interiores. Mais um caso de evidente complementaridade.

Jesualdo conseguiu repetir a receita quando se mudou para o FC Porto. Porque Paulo Assunção, Raul Meireles e Lucho são três jogadores diferentes, mas que também tinham o condão de funcionar em harmonia. E esta complementaridade não foi sequer trocada quando Paulo Assunção desertou para Madrid e no lugar se impôs Fernando.

A verdade é que uma boa parte dos elos de ligação foram quebrados com a venda de Lucho. O lugar foi ocupado por Belluschi, que já se sabia ser um belíssimo jogador. Mas é muito mais um "dez" do que um "oito". É justo reconhecer que tem feito um esforço enorme para se adaptar às funções e as coisas até lhe saíram de forma razoável nos primeiros tempos, antes de uma lesão atrapalhar a sua afirmação. Só que, mesmo quando está bem, acaba por funcionar frequentemente como um corpo algo estranho, principalmente quando opta pela posse da bola em circunstâncias em que o modelo portista recomenda a transição. Belluschi não tem culpa, porque isso faz parte do seu ADN futebolístico, devendo ainda reconhecer-se que a sua presença garante, pelo menos, uma fantasia que não abunda no Dragão.

A complementaridade do miolo é ainda mais reduzida quando, em vez de Belluschi, se recorre a Guarín, Tomás Costa ou Mariano (mais por instabilidade psicológica do que por outra qualquer razão). Não que estes sejam fracos, mas porque não acrescentam suficiente diversidade a um sector em que Fernando e Meireles acabam por viver fases de angústia e de saudade do complemento perfeito que era Lucho.

O substituto ideal do argentino parecia ser outro argentino. Mas Valeri demorou a apanhar a primeira carruagem, fruto de alguns problemas físicos - é provável, de resto, que o FC Porto tenha optado por garantir o seu empréstimo (por duas épocas), em vez de o contratar logo ao Lanús, por temer eventuais sequelas da operação aos ligamentos cruzados do joelho direito a que o jogador foi sujeito em Novembro de 2005. Valeri soma apenas 77 minutos nos quatro jogos em que começou como suplente na liga portuguesa. Jesualdo tentou rodá-lo nos jogos da Taça de Portugal, mas quando o médio se começava a integrar totalmente, uma nova lesão afastou-o dos últimos jogos, que poderiam ter sido uma boa oportunidade para a afirmação deste argentino de 23 anos.

Enquanto isso não acontece, a Jesualdo Ferreira só restam três alternativas para tentar resolver a questão: trabalhar cada vez mais com Belluschi para o tornar mais compatível com o triângulo no miolo; recorrer ainda com mais insistência ao 4x4x2 que nos últimos tempos vem funcionando como uma "muleta" táctica interessante; e começar a arriscar um pouco mais no lançamento de alguns jovens formados na casa e que já mostram valor. Muitos adeptos continuam a ansiosos de reverem, por exemplo, Sérgio Oliveira, que deu água pela barba na Taça de Portugal frente ao Sertanense. Pode não ser ele também o substituto ideal de Lucho (até porque só tem ainda 18 anos), mas o que lhe vimos fazer naquele jogo não pode ter sido obra do acaso. É craque.»

Nota: Os destaques a negrito são da minha responsabilidade.