quinta-feira, 31 de julho de 2008

O que é verdade hoje...

As declarações do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, no final do jogo com o Boavista, não podem cair no esquecimento e têm de ser alvo da intervenção da Polícia Judiciária (PJ) e Comissão Disciplinar (CD) da Liga de clubes. Pelo menos esta é a opinião do líder do Guimarães, Emílio Macedo, que espera que o dirigente encarnado concretize as denúncias feitas e diga quem são as pessoas que andam a viciar os resultados.
in O JOGO, 08/04/2008


Os dirigentes vimaranenses, com a verticalidade de carácter própria de uma enguia, esqueceram-se rapidamente disto. Agora já são muito “amigos” de Luís Filipe Vieira e até andam a negociar os empréstimos dos jogadores encarnados Nuno Assis e Luis Filipe.
Como dizia um antigo presidente do Vitória de Guimarães, o que é verdade hoje é mentira amanhã.
Também se esqueceram das muitas ajudas que o FC Porto lhes deu nos últimos anos, com empréstimos de jogadores como o Bruno Alves e o Alan.

Uma coisa eu posso garantir, os adeptos do FC Porto não esquecerão tão cedo, e nem permitirão que a Direcção do FC Porto se esqueça, da triste figurinha que os dirigentes do Vitória de Guimarães têm feito em todo este processo “eu-quero-ir-à-Liga-dos-Campeões-custe-o-que-custar”, primeiro dizendo que não se iriam envolver e iam aguardar a decisão da UEFA, e no final ultrapassando o próprio SLB pela direita, na ânsia desmesurada de conquistarem na secretaria um lugar que não lhes pertence.

foto: Record

«O Vitória de Guimarães não desiste de entrar directamente na Liga dos Campeões e, mediante aquilo que a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) decidiu – homologação dos campeonatos e confirmação do castigo de Pinto da Costa, entre outras – , entende que a queda do FC Porto da Champions se mantém em aberto. “A exclusão do FC Porto continua a ser possível e acredito nessa decisão até ao dia 31”, disse, ao Record, Gonçalo Gama Lobo.
O advogado vitoriano esteve ontem à tarde reunido com os responsáveis directivos e, em função do comunicado oficial da FPF, agiu em conformidade. “Já seguiu para a UEFA a decisão da Federação, que consta de um comunicado oficial, tal como já tínhamos feito com o parecer de Freitas do Amaral, cujo teor vem ao encontro daquilo que temos vindo a defender desde o início deste processo”, adiantou o advogado vimaranense, esperançado que o Comité de Controlo e Disciplina da UEFA decida em “defesa da verdade e do prestígio” da competição. “Não acredito que a UEFA esteja na disposição de fazer um sorteio com asteriscos, como acontece em Portugal”, comparou.»
in Record, 29/07/2008


Amanhã é o dia do sorteio da 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões e, para desgosto de muitos, quem vai lá estar é o Vitória de Guimarães.

«A composição do sorteio de amanhã está definida e não sofrerá qualquer alteração. O Vitória de Guimarães estará na terceira pré-eliminatória e o FC Porto entrará directamente na fase de grupos. (...) o actual cenário é definitivo para esta temporada», afirmou um porta-voz da UEFA, em declarações à Lusa.


Faço votos que o resultado sorteio e, principalmente, dos dois jogos desta pré-eliminatória da Liga dos Campeões 2008/09, sirva de lição aos vimaranenses.

A actuação da FCP SAD nos processos jurídicos foi...


37% leitores do Reflexão Portista (63 dos 166 participantes nesta sondagem) consideraram que a actuação da FCP SAD nos processos jurídicos foi "competente e profissional".

A segunda hipótese mais votada (com 48 votos, 28%) foi a de que a actuação foi "Incompetente, foram salvos por um advogado suíço". 38 participantes (22%) consideram que a prestação foi "Razoável, é para isso que eles são pagos". "Brilhante e digna dos maiores encómios" reuniu a preferência de apenas 10%, com apenas 17 votos.

Juventude ou experiência?

Há muitas formas de analisar a composição de um plantel, estatisticamente falando: nacionalidades, jogadores formados na casa/fora, senioridade no plantel (i.e. número de anos no plantel A do FCP), internacionalizações, etc.

Uma delas diz respeito ao eterno dilema da juventude vs. experiência – isto é, uma análise da idade média dos jogadores. Há quem prefira jovens porque estes têm a possibilidade de se valorizar (proporcionando grandes vendas), e há quem prefira jogadores “maduros” já que a experiência tem vários benefícios, começando pela Liga dos Campeões onde pequenos pormenores relacionados com a “matreirice” podem fazer toda a diferença.

Pessoalmente acho que há lugar para todos: a estratégia de financiar um défice corrente crónico com mais-valias (estratégia com a qual concordo, embora me pareça que o tal défice corrente deveria ser mais baixo de forma a evitarmos volatilidades do mercado e convulsões cíclicas do plantel) obriga a que tenhamos forçosamente que ter alguns jovens que possam brilhar levando a um encaixe significativo em vendas.

Ao mesmo tempo penso que temos certamente lugar para a experiência, seja através de jogadores da casa que “vão ficando”, seja através da contratação de jogadores “maduros” (i.e. entre 25 e 30 anos) – temos recentemente um Farías, mas também temos casos históricos emblemáticos (como um P Emanuel, Costinha ou Alenitchev).

Penso mesmo que há lugar para contratações muito esporádicas e oportunistas de jogadores com 30 ou mais anos, caso haja uma convergência de factores que as tornem interessantes – como foi por ex o caso do Nuno Espírito Santo.

Dito tudo isto, haverá uma idade média ideal?

Volta e meia vejo na imprensa artigos que tocam neste ponto. Diz-se que a idade de máximo rendimento para um jogador (em média, claro) se situa na recta final da “casa dos 20”: 28, 29 anos. Nessa idade a experiência já é imensa, mas o declínio das capacidades físicas ainda só está no início (o pico de forma situa-se nos 27 anos, alegadamente).

Mas isso é para o caso de um jogador, individualmente. E para o plantel? Concerteza que é impossível ter apenas jogadores com 28 anos (no limite seria preciso mudar o plantel todos os anos, já que os jogadores envelhecem 1 ano todos os anos como os comuns dos mortais).
Não tenho conhecimento de nenhuma equipa campeã (nas grandes competições) que tenha tido uma média de idades inferior a 27 anos entre os jogadores mais utilizados. Por curiosidade, calculei agora 1) a idade média do plantel e 2) a idade média do 11 titular para o Manchester Utd (campeão europeu em 07/08) e para a selecção de Espanha campeã europeia, tal como para os plantéis do FCP nas últimas épocas (incluindo a que agora se inicia).

O que se vê é que coincidentemente tanto a selecção espanhola como a equipa-tipo do Man Utd tinham exactamente a mesma média, nomeadamente de 27,5 anos. E o FCP?

O FCP campeão europeu tinha uma média de 28 anos na equipa-tipo, ou seja, era uma equipa “madura”. A média de todo o plantel (26,5 anos) foi também a mais elevada dos últimos 6 anos. Nas duas épocas seguintes a média caiu a pique batendo no fundo em 05/06, com uma média dos jogadores mais utilizados de 24,5 anos. Entretanto recuperou-se a média para os 26,5 na época passada, perspectivando-se que seja a mesma na época que agora se inicie, arredondamentos àparte (*).

Há certamente imensos factores que afectam o rendimento de uma equipa, e a idade certamente não é dos mais importantes (até porque há “experiência” e “experiência” – por exemplo, uma coisa é um ano a jogar na Liga dos Campeões, outra é a jogar na 2ª divisão japonesa).

Mas com tanta coincidência (olhando só para o FCP, é curioso que fomos campeões europeus com uma equipa muito madura e que fomos eliminados ingloriamente por um Artmedia quando tínhamos a equipa mais jovem dos últimos 10 anos; mas a melhor amostra até é a das equipas vencedoras das grandes competições, tanto recentes como históricas) penso que é um factor que eventualmente terá a sua importância.

Penso que haverá limites inferiores e superiores que se deve evitar ultrapassar tanto quanto possível: não inferior a 26 anos (nesse caso estaríamos em muitos casos apenas a servir de “barrigas de aluguer” para outros clubes tirarem depois o rendimento desportivo dos jogadores) e não superior a uns 29 anos (nessas condições não teríamos muitos jogadores para vender).

(*) Parti do princípio que a equipa-tipo será Hélton, Sapunaru, B Alves, P Emanuel, Fucile, Guarín, Meireles, Lucho, Rodriguez, Lisandro e Quaresma. Uma eventual saída de Quaresma terá uma influência muito pequena na média da equipa.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Quem não se sente...


Um artigo saído no DN ontem, da autoria de João Miguel Tavares, mereceu da minha parte um e-mail que dirigi ao autor, porque considerei que se excedeu, usou de uma linguagem insolente, despropositadamente agressiva, coloridamente marcada e com um registo intolerante. Como quem não se sente não é filho de boa gente, respondi-lhe desta forma:

Prefácio

Hoje a Comunicação Social cada vez mais tende, no exercício do pleno direito de informar, a exercer o magistério de influência de forma absolutista (e falsamente moralista), violando sistematicamente o segredo de justiça e formatando a verdade, de modo a controlar o que as pessoas pensam. Obcecada pelo espectáculo, mistura tudo o que é relevante com o que é acessório, para melhor culpabilizar de imediato grupos específicos que detesta, nomeadamente os que são menos defendidos pelos poderes públicos e publicados.

Querendo fomentar uma vingança justiceira, ficam cegos, surdos e mudos. Enchem a boca de justiça e comportam-se como autênticos diabos vermelhos, ansiosos por incendiar autocarros, paixões e, pelo caminho, “decapitar” algumas cabeças. O direito à defesa fica consignado ao seu entendimento. Por isso, julgam e condenam, colocando o ónus da prova do lado da defesa.

No Terceiro Mundo a Comunicação Social não se comportaria pior que alguma do nosso país, nomeadamente a mais sulista, elitista e encarnada, que é feia, oportunista e má.

Resposta

Estou em muitos pontos de acordo com o documento que o FCP exarou, o que não me impede de discordar do comportamento do CJ da FPF. Essa imagem que usou “de as almas decentes só entrarem no futebol tapando o nariz”, cheira mesmo mal.
Que raio de argumento, João.

Então o Ricardo Costa, o Hermínio Loureiro, o Vítor Pereira, o bando dos cinco e o Freitas de Amaral não entraram, como já o tinham feito, antes, ilustres figuras do seu universo, na altura em que o SLB se coligou com o BFC e Valentim Loureiro para dominarem a LPF e para o SLB vencer o campeonato.

A falência económica dos clubes e a dificuldade em que vivem todos os clubes nacionais (uns mais que outros) nada tem a ver com isto. Aliás, esta problemática só se põe quando o FCP ganha campeonatos. Não me lembro de alguma vez ser descrito um cenário tão dantesco, quando os campeonatos foram ganhos pelo BFC, pelo SCP e pelo SLB, já neste século.

É óbvio que é preocupante que clubes acabem com o futebol profissional (Alverca, Salgueiros, Campomaiorense, são apenas alguns deles) e outros estejam em grandes dificuldades financeiras, mas se acha que é esta “guerra” que vai resolver os problemas e ajudar a ultrapassar as dificuldades, engana-se. As dificuldades são estruturais e não acabarão com a guerra que o SLB quer desesperadamente ganhar ao FCP administrativamente, já que no terreno de jogo são cabazadas sucessivas.

A guerra entre o novo e o velho mundo que proclama é de compêndio. O que vocês desejam é o "back to basics", que desportivamente significa a total subordinação dos poderes desportivos ao clube do regime e que, no antanho, determinava que 4 em 4 anos, três campeonatos eram para o SLB e um para o SCP.

Dizer que sofre de paralisia cerebral quem não viu a manobra do presidente do CJ da FPF para manipular o conselho, é o mesmo que (eu) poderia dizer relativamente ao João, porque penso que o bando dos cinco poderia estar tão manipulado quanto o presidente, pois estaria muito provavelmente convicto dos seus vastos poderes e ciente que prevaleceriam aos que supostamente teria o presidente, conforme aconteceu e Diogo Freitas do Amaral subscreveu.

Sou dos que tenho muitas dúvidas relativamente ao parecer do Dr. Freitas do Amaral, quanto mais não seja porque ouvi o Dr. Marcelo Rebelo de Sousa e outros juristas afirmarem exactamente o contrário. E, neste país, quem decide são os tribunais, que num estado democrático funcionam com direito ao contraditório. Os julgamentos populares e os tribunais plenários acabaram no pais, espero. E de pareceres infalíveis estão os presídios cheios. Aliás se os pareceres favoráveis tivessem valor absoluto, PdC só poderia ter ganho o recurso, tanto mais quanto esses pareceres foram confirmados por um juiz com plena competência em tribunal.

Pela sua vontade o presidente do CJ da FPF era expulso da Ordem dos Advogados, proibido de exercer qualquer cargo público, sem direito a defesa e recurso. "Guantánamo" com ele, é o que defende. A Comunicação Social no seu pior, tal como em outros tristes processos, como foi recentemente com o caso Maddie.

Com justiceiros , do tipo do João, é de temer a Justiça. Com jornalistas como o João, a Imprensa corre para o abismo. Só enxerga para um lado, não admite a opinião contrária e escreve que nem um iluminado. Fujo dos que nunca erram e raramente se enganam. O seu discurso cheio de bondade remata da forma mais grosseira e própria de um magarefe. Nem é corajoso nem inocente, e apela aos sentimentos mais primários. Por isso, acho o seu artigo tão desprezível.

Passe bem.

As obras no Dragão Caixa

Não tenho quaisquer conhecimentos de engenharia civil (ou do projecto em questão) que possam dar credibilidade a esta minha afirmação. O olhar clínico que todo o português parece possuir para este tipo de ocasiões diz-me que as obras do Dragão Caixa parecem estar "a andar bem".

As linhas gerais do projecto já se começam a identificar, e começa a ser visível a partir da cota projectada para os acessos ao pavilhão (o terreno onde o pavilhão está a ser construído fica algumas dezenas de metros abaixo do nível dos acessos ao interior por parte dos adeptos).

As fotos abaixo mostram a evolução do estado da obra, desde o seu inicio (fotos de arquivo) até ao seu estado actual (fotos tiradas dia 26-07-2008).

Localização do pavilhão, no canto superior direito, antes de serem iniciadas as obras

Localização do pavilhão antes de serem iniciadas as obras

Cerimónia de lançamento da primeira pedra, que assinalaram inicio das obras, em 23/04/2007

Estado das obras em Fevereiro de 2008 (foto tirada por Gaspar Santos)

Estado das obras em Fevereiro de 2008 (foto tirada por Gaspar Santos)

Estado das obras em Julho de 2008 - Vista da praça envolvente ao Estádio do Dragão

Estado das obras em Julho de 2008 - Vista da praça envolvente ao Estádio do Dragão

Estado das obras em Julho de 2008 - Vista da rua de acesso ao pavilhão, topo norte

Estado das obras em Julho de 2008 - Vista da rua de acesso ao pavilhão, topo norte

Estado das obras em Julho de 2008 - Vista da rua de acesso ao pavilhão, topo sul

Estado das obras em Julho de 2008 - Vista da rua de acesso ao pavilhão, topo sul

Vamos aguardar pela conclusão das obras (no final deste ano, se se confirmar o planeamento inicial) para podermos então vibrar (verdadeiramente "em casa") com as vitórias das nossas modalidades.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Os hábitos e as promessas


O FCP, como quase todos os clubes, segue o regime presidencialista. PC pelos seus méritos levou o sistema ao limite: todos os elementos que gravitam à sua volta são da sua escolha exclusiva e da sua total confiança – na SAD e no FCP.
Ocorreram alguns “sismos de pequena escala” no percurso, nomeadamente com as saídas de Alexandre Magalhães, Pôncio Monteiro, Guilherme Aguiar, Óscar Cruz, Raul Peixoto, Domingos Matos e, até, de Angelino Ferreira. Mas das suas causas pouco se sabe e das suas consequência não se notaram quaisquer “réplicas”.

Outra particularidade da presidência de PdC tem sido a forma como faz de amigos inimigos e vice-versa, a lembrar: Valentim Loureiro & filho, José Veiga, Alexandre Pinto da Costa, José Roquette, Dias da Cunha, Manuel Damásio, Luís Filipe Vieira, Pimenta Machado, Rui Alves, Jorge Mendes etc., etc., cujas motivações ou razões nunca percebi bem, mas essa é uma prerrogativa de quem tem a legitimidade democrática de nos representar.
Se há (houve) queixas dos sócios, elas foram sempre ditas em surdina. O hábito da vitória e a sucessão de êxitos, deixou-nos órfãos de qualquer oposição ou movimentos contestatários. Em equipa directiva (tão) ganhadora não se mexe!


Estando o centro de decisão muito dependente do presidente, e com o grupo dirigente estabilizado há muitos anos (em equipa que ganha não se mexe), é pouco curial que o modelo de gestão e o ciclo de procedimentos sofra significativas mudanças. A gestão da vida interna fica, assim, exclusivamente não mãos dos dirigentes, aliás a quem compete. Seria muito estranho (e nada desejável) que pudesse ser de outra maneira.

Os sócios mais ou menos organizados formam as claques e o grupo dos 300, todos eles muito activos no apoio da Direcção. Portanto, é normal vermos repetido os caminhos trilhados na gestão desportiva (em procedimentos ganhadores não se mexe), embora nos pareçam alguns caminhos demasiado sinuosos, de quando em vez.

Para além disso, com tantos “inimigos externos” os associados ficam – faz parte da nossa história sermos alvos privilegiados dos rivais de costume – demasiado ocupados com as tarefas de defesa e contra-ataque. A blogosfera criou um meio de comunicação privilegiado, também entre sócios e adeptos, mas até aí, a grande maioria está sobretudo posicionada para ser uma voz activa na defesa dos valores culturais, históricos e desportivos do FCP. Sobretudo, uma voz activa contra os poderes constituídos e fácticos do futebol em Portugal.

Vai longo este prefácio para abordar duas questões que estão na ordem do dia.


Uma que diz respeito a Adelino Caldeira, muito elogiado ultimamente, pelos serviços prestados do Gabinete Jurídico que preside. Alguns portistas de mérito, não foram meigos, e pediram a cabeça do homem, pelo facto do FCP não ter recorrido da sanção que lhe foi aplicada pelo CD da Liga. Não estou de acordo. A decisão foi colegial e toda a SAD deve responder por ela, tanto quanto a gestão desportiva e financeira. Não me acredito que não tenham sido apresentadas à SAD as várias alternativas a seguir relativamente aos recursos, com informação detalhada das vantagens e dos riscos de cada uma, no plano nacional e internacional. Se não foram – o que não quero crer – houve mau trabalho e a incúria foi geral. Não se percebe que aquela “máquina” – como a organização do FCP é reconhecida – tivesse errado de forma tão grosseira num “lance” em que não se podia falhar. Quer o castigo quer o prémio devem ser partilhados por igual por todos os dirigentes da SAD. Solidariamente. Tal como aquando da participação (extraordinária) nos lucros de 2003/4.

A outra diz respeito à nova jóia da coroa, que dá pelo nome de guerra HULK. Um dos maiores investimentos do FCP, por um jogador que brilhou na 2ª. Divisão japonesa.
Uma jogada de risco, tal como Anderson que nos rendeu bom dinheiro, embora este tivesse ganho enorme notoriedade, ao serviço das selecções brasileiras dos escalões mais jovens.

Vamos lá ver se o Hulk vai entrar na equipa, ou se vai rodar para a Académica, a quem “devemos” um jogador, que tinha sido “prometido” e foi desviado, no último momento, para o Vitória de Setúbal.

Desagrada-me este tipo de negociação, feito charada. O FCP já atingiu um nível e uma grandeza que não combinam com estas práticas que apelam à especulação e servem de isco à atracção dos sócios e adeptos que aguardavam por outro tipo de surpresa, porque a entenderam como válida e pronta a apresentar. O Presidente quando fala não mente nem engana, e o que é uma (vaga) promessa, anunciada pela sua voz, passa a ser uma certeza. Esperavam que isso acontecesse no último sábado. A exibição, o resultado e a ausência do “prometido”, cavaram a desilusão que as palmas no final não disfarçaram.

As compras e vendas devem ser realizadas de forma silenciosa e com toda a confidencialidade (tal como aconteceu com Cebola) e apresentadas sem espalhafato (tal como aconteceu com Cebola).


Para quem estava a trabalhar na reformulação do plantel, desde a época transacta, parece estranho que certas posições não tenham sido aparentemente bem resolvidas (defesa esquerdo e a posição 6), enquanto Hulk parece como um “pagador de promessas” excessivamente caro para a condição, enquanto Quaresma se mantém no clube, mais fora que dentro, quando a sua integração no plantel deveria ser de facto. Caso contrário, arriscamo-nos a perder o dinheiro e o jogador. Para além disso, o efeito da anunciada “surpresa” pode ser sempre assumida – pelos maldizentes internos do costume - como uma forma de apaziguamento do povo mais exaltado, se o SLB+VG tivessem ganho o recurso no TAS.

A bola já rola e isso é bom. Que o futebol viva do jogo e do público, e menos dos tribunais e de todos os Diogos deste país. Assim podemos falar e tratar das nossas coisas, ver os jogos, fazer palpites e mandar os nossos bitaites. Como treinador de bancada, com um curriculum que fala por si, não dispenso o meu lugar no sítio do costume e à hora habitual, para exercer as funções que me competem. O futebol com este circo à volta funciona melhor, mas dispensa o acessório e o inconsequente, quando ele parte de quem tem os mais altos cargos dentro do clube.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Faltou o Homem-Aranha...

Fonte: O JOGO

O Incrível negócio Hulk

O FC Porto comunicou à CMVM, na sexta-feira 25 de Julho, a contratação do jogador Givanildo Vieira de Souza mais conhecido no mundo futebolístico por Hulk (conhecido super-heroi criado pela Marvel Comics em 1962). A aquisição dos direitos desportivos do jogador custou 5,5 milhões de euros e o FC Porto ficou detentor de 50% do seu passe (o que significa que está avaliado em 11 milhões de euros), tendo sido assinado um contrato de 4 épocas, até 30 de Junho de 2012, com uma cláusula de rescisão de 40 milhões de euros.

Os valores envolvidos no negócio deixaram os portistas bastante surpreendidos, dada a habitual relutância do FC Porto em pagar somas tão avultadas por um jogador de futebol, ainda por cima tratando-se de alguém completamente desconhecido sem sequer ter um passado na selecção nacional (tanto em jovem como em adulto) do seu país. Recorde-se que apenas jogadores como Lucho, Lisandro e Anderson tiveram direito a valores de aquisição tão elevados. Estaremos certamente na presença de um grande jogador, apesar de nem sequer merecer referência nas universais análises de Luís Freitas Lobo.

Ao contrário do que se possa pensar o negócio foi feito com um clube uruguaio, o Club Atlético Rentistas, que pelos vistos detinha os direitos desportivos de Givanildo. Este clube é usado regularmente por Juan Figger como entreposto de jogadores. Há jogadores que são inscritos no clube e imediatamente vendidos sem sequer chegarem a pisar os relvados uruguaios. “Figger, que tem como parceiro de Teodoro Constantin - o agente com quem (…) dragões terão negociado as transferências - já foi acusado de usar o esquema para escapar aos impostos a pagar pelas vendas dos passes dos jogadores. A situação levou mesmo a que fosse ouvido perante uma Comissão Parlamentar de Inquérito, na Câmara de Deputados brasileira” (DN, 2008/07/26).


O jornal O Jogo caracterizou-o como “um avançado poderoso, fisicamente impressionante, mas com uma capacidade técnica claramente acima da média, características que lhe permitem actuar como um genuíno ponta-de-lança, no coração da área, mas também surgir com a bola controlada desde o meio-campo à procura do espaço para o remate, que surge com qualquer dos pés, mas preferencialmente com o esquerdo e normalmente potente e colocado”. Diz ainda este jornal desportivo que “no Japão, onde é considerado uma estrela, é frequentemente perseguido pelos fãs nas ruas”.

Foto: Record

Givanildo veio para Portugal em 2001 com 15 anos, como muitos outros brasileiros, para tentar a sua sorte mas o melhor que conseguiu foi uma época no Vilanovense que “não correu bem” tendo o próprio considerado essa época como “um ano perdido”. Voltou ao Brasil e pouco depois viajou para o Japão para aí permanecer de 2005 a 2008.

Em 2005 jogou no Kawasaki Frontale tendo realizado 11 jogos e conseguido 1 golo. No ano seguinte, em 2006, transferiu-se por empréstimo para o Consadole Sapporo, da 2ª divisão japonesa (J2) realizando 38 jogos e marcado 25 golos. Em 2007 mudou-se para o Tokyo Verdy, novamente por empréstimo, para aí participar em 42 jogos e marcar 37 golos na modesta 2ª divisão japonesa. O Tokyo Verdy foi segundo classificado tendo sido promovido à primeira liga japonesa. Na presente temporada Givanildo jogou 13 jogos e marcou 7 golos. A sua presença na primeira liga japonesa resume-se a estes 13 jogos.

Afinal era Hulk a tão aguardada surpresa prometida por Pinto da Costa para a festa do Dragão, no Sábado passado. Acreditamos (i) na capacidade de prospecção do nosso clube e (ii) que este “super-heroi” vai contribuir decisivamente para a conquista do Tetra, entrando muito em breve na luta pela titularidade. Aliás, pelo preço que pagámos por ele nem outra coisa será de esperar.

Confesso que gostaria de poder contar com o Homem-Aranha (o meu ídolo de infância no que respeita a super-herois) para atacar o Penta na próxima temporada. Sei que o Presidente não me irá desiludir!

domingo, 27 de julho de 2008

A surpresa veio no fim


Na noite em que muito se suspirou por uma grande surpresa, ela acabou por chegar onde ninguém vaticinou, no resultado final do encontro amigável frente ao Celtic. Um golo ao cair do pano de Hesselink (o desejado de Adriaanse), castigou de forma implacável a equipa Portista e resfriou um pouco o entusiasmo das almas azuis e brancas, já sedentas por sentir as fragancias do relvado do Dragão.

A cerimonia de apresentação do plantel foi sóbria e célere, sem espaço para momentos susceptíveis de causar fastio aos adeptos, oferecendo-lhes aquilo que mais ansiavam, ver subir ao palco de emoções os seus craques. Entre eles ainda consta o numero 7 de Ricardo Quaresma, que foi alvo de algumas das maiores manifestações de carinho da noite, tal como Lucho e Lisandro. Porem, a participação do Cigano na festa resumiu-se apenas a este momento. O futebol virá mais tarde, se lá chegar... De caras novas à ultima da hora, nem vê-las!


Chegados ao prato forte da ementa desta festa de apresentação, o jogo, ficou convicção de Jesualdo Ferreira manter aposta no 4-3-3 que levou a equipa à conquista dos dois últimos campeonatos. Os princípios de jogo são para manter, independente das caras que venham a dar corpo à equipa.

E, apesar do resultado adverso, não se pode dizer que os conceitos ainda não foram assimilados. O FC Porto foi capaz durante longos períodos do encontro manter uma circulação de bola fluída, pressão grande sobre o adversário e chegar com perigo à sua baliza (ainda que a espaços a denotar a ausência da fantasia de Quaresma). Apenas no capitulo da finalização a maquina continua a não engrenar. Haverá por aí algum super-herói de tom verde capaz de resolver este berbicacho?


Já que falamos das coisas menos boas, fica também o registo para a indefinição da posição 6, órfã que ficou do Traidor. O treinador vai testando cenários, ora com Guarín, ora com Meireles, com Bolatti a fazer parelha junto a Tomás Costa, ou apenas Fernando. Contudo nenhuma das opções até ao momento foi capaz de garantir o rendimento do passado recente, um caso que merece revisão e ponderação o quanto antes.

De resto, a defesa começa a definir-se, tendo Sapunaru muito provavelmente lugar garantido e, no lado esquerdo, o mais certo é voltar a ter o mesmo defesa direito de sempre, Fucile.
Guarin tenta conquistar espaço no meio campo de Lucho e Meireles, ainda que por alguns momentos perda o norte.
Já no ataque Rodriguez confirma as credenciais de reforço mais sonante deste defeso e Lisandro ainda busca o faro de golo da época passada. A bravura, essa, mantêm-se intacta.


Do ensaio em falso desta noite, ficam alguns apontamentos que poderão ser importantes para futuramente incrementar patamares de rendimento mais sólidos nesta equipa. A nós, adeptos, cabe confiar no seu trabalho, como foi demonstrado esta noite através do efusivo aplauso após o terminus da partida. Deseja-se também, que as novelas próprias de um qualquer defeso terminem, a bem da sanidade mental de todos nós.

Fotos: Record, Associated Press, Jornal de Noticias

sábado, 26 de julho de 2008

E a surpresa é...


Hoje é o dia da apresentação da equipa do FC Porto aos seus adeptos.

O “prato forte” é o jogo com o Celtic de Glasgow (com início às 21h00 e transmitido na RTP1), equipa que tão boas memórias traz aos portistas. A final de Sevilha é por muitos considerada a final mais emocionante de todas aquelas em que o FC Porto esteve envolvido e, pasme-se, realizou-se apenas há cinco anos atrás.

Contudo, a grande expectativa para logo à noite está relacionada com a apresentação dos jogadores que irão compor o plantel 2008/09, os quais serão apresentados, um a um, antes do jogo com os escoceses.

Com a contratação de Givanildo Souza “Hulk” (um possante avançado brasileiro) já desvendada, qual será a grande surpresa anunciada por Pinto da Costa?

Miccoli, cuja contratação, segundo algumas “fontes”, terá ficado acordada quando Antero Henriques foi a Palermo negociar a opção de compra de Mariano Gonzalez?

Adriano, cuja contratação (por empréstimo) seria uma das contrapartidas no negócio de Quaresma com o Inter de Milão?

Simão Sabrosa, integrado numa negociação com o Atlético de Madrid, envolvendo Lucho e a resolução do caso Paulo Assunção, e cuja contratação viria suprir a venda do Quaresma (e "picar" o SLB)?

Ou a verdadeira surpresa será a renovação com Quaresma, aumentando-lhe o salário e a duração do contrato que tem com a FCP SAD?


Daqui a algumas horas saberemos.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

A bíblia do Diogo


Diogo estudou, avaliou e escreveu: "Todas as decisões do CJ que, ao negarem provimento aos recursos dos acórdãos disciplinares da CD da Liga, confirmaram estes mesmos acórdãos e, portanto, confirmaram também as sanções por eles aplicadas, são definitivas, constituem caso julgado, foram notificadas as partes e demais interessados, e são por isso obrigatórias para todos, sem necessidade (ou possibilidade) de homologação ou qualquer outro acto complementar".

Para além deste parecer, Diogo aconselhou: "Assim, se é certo que a existência e composição actual do CJ respeitam a legalidade formal, a sua legalidade substantiva está em esvaziamento acelerado, porque não é possível os cidadãos confiarem num órgão de Justiça que tantas vezes, na sua actuação, viola o Direito que rege" e mais adiante "recomenda que seja entregue à PGR, a quem compete avaliar se há neste caso indícios de práticas de acto de abuso de poder ou de negligência no desempenho de funções públicas, e porventura de outros ilícitos penais".

O doutor cujo parecer respeito, obviamente, não disse nada de muito diferente do que o seu filho já tinha escrito, e que o José Correia transcreveu no blog.

O insigne Dr. Marcelo Rebelo de Sousa, disse exactamente o contrário na TV. Ambos professores, ambos com as melhores cabecinhas pensantes deste país. Isto da lei, serve a verdade (de Diogo) e a mentira (de Rebelo de Sousa). Fujo dela e deles, como o diabo da cruz.

Mau é o FCP e PdC estarem sujeitos a esta subjectividade que um qualquer parecer encerra, porque o português é muito traiçoeiro e os seus interpretes, ainda que acima de qualquer suspeita, são humanos, e nessa condição, passíveis de se deixarem influenciar. Este parecer é o mais popular, é o que oferecerá menor resistência publica e publicada.

O seu fecho encerra, com o pedido de intervenção da PGR e da eleição de um novo CJ, vai para além do parecer e é um pré-julgamento da intervenção de alguns elementos do CJ. Prevê-se que sejam o presidente e o vice, uma vez que o parecer foi favorável ao bando dos cinco.


Este é o sistema a que temos direito. Há que lutar contra ele com as armas certas. Não podemos vacilar nem cair em estúpidas emboscadas. Como disse o provedor, a lei quase sempre serve os mais fortes. Alguém, ainda, tem dúvidas disso.

Só faltará o João Botelho aproveitar o livro e realizar mais um filme, que aproveitaria para sequela do primeiro e teria o título: Carolina e o Bando dos 4+1.

Porto imparável e Benfica "levado ao colo"

Mão amiga fez-nos chegar uma imagem do JN, com uma notícia de há 70 anos atrás.
Vale a pena ler a notícia completa, mas saliento a seguinte parte:

«(...) A Associação Académica apresentou um protesto na Federação Portuguesa de Futebol, alegando a anulação de um golo no seu encontro com o Benfica e, além disso, o árbitro permitiu que o jogo prosseguisse sem terem sido retiradas as almofadas arremessadas para o campo pelo público, assim como deixou que a partida continuasse com duas bolas no terreno e que o massagista benfiquista assistisse dentro do campo um jogador, enquanto o prélio se desenrolava como se nada tivesse acontecido... Enfim, coisas do arco da velha!»
Jornal de Notícias, 09/03/1938



Pois é, há 70 anos já era assim...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

À espera de Godot (ou A Atribulada Sucessão de Nuno Valente)


Em Agosto de 2005 Nuno Jorge (ou será Jorge Nuno?) Pereira Silva Valente, defesa esquerdo internacional do F.C. Porto, terá sido colocado perante uma espécie de ultimato pelo clube: teria de escolher entre representar o FCP ou a selecção nacional. De facto, o historial de lesões do jogador dava claramente a entender que ele andava sempre “preso por arames” e a sua condição física não recomendava a sobrecarga de jogos que adviria de jogar por clube e selecção. Perante isto, Nuno Valente optou pela selecção e foi transferido para Inglaterra, mais propriamente para o Everton. Por lá a sua carreira tem continuado a ser apoquentada por lesões, além de ir entrando no ocaso e o clube até já ter contratado um seu substituto na época passada. Vai agora entrar na sua quarta e, muito possivelmente, última época ao serviço daquele clube e, apesar do seu infrequente contributo, foi ainda recentemente elogiado pelo seu treinador, David Moyes, que o considerou “o melhor jogador contratado no estrangeiro com quem trabalhei, em termos de atitude e empenho. Um profissional de topo, um jogador em quem se pode sempre confiar”.

Mas não é principalmente de Nuno Valente que venho aqui tratar, mas sim da autêntica saga que tem sido a busca do FCP por um defesa esquerdo. Deve referir-se, por uma questão de justiça, que estamos perante uma dificuldade do próprio futebol português, pois nem a própria selecção nacional utiliza um jogador de raiz nessa posição.

Diga-se, aliás, que essa busca antecedeu a saída do próprio Nuno Valente, pois já no defeso anterior a essa saída se contratara Areias, aparentemente por recomendação de José Mourinho. O auto-denominado “Special One” deve ter ficado especialmente agradado com a altura deste jogador, pois consta que, tal como Frederico o Grande da Prússia com os seus soldados, selecciona os defesas laterais com base em critérios altimétricos (Ashley Cole à parte, pelos vistos). Isso também explicará a sua predilecção por Ricardo Costa (o futebolista, senhores!) naquela posição. Seja como for, o conterrâneo de Bocage acertou em cheio: Areias era, de facto, um rapaz alto.

O mês de Janeiro de 2005 ficou célebre para os mais sarcásticos pela chegada daquilo a que, depreciativamente, chamaram de “contentor de brasileiros”.

A memória pode estar a trair-me, mas creio que foi nessa “leva” que arribou à nossa terra mais um defesa esquerdo. Poderá ter sido mais tarde, mas seja como for, Leandro (era esse o seu nome) foi mais uma etapa no longo caminho da autêntica busca do Santo Graal em que se transformou no nosso clube a procura de um defesa esquerdo. Não se pode dizer que fosse uma negação como jogador, mas acabou por ser mais um a ter “guia de marcha”. Está emprestado no Brasil e viu o seu contrato ser recentemente renovado, o que decerto significa que o clube vê nele algum potencial. Caso ainda a rever, talvez.

Mas a busca do sucessor de Nuno Valente não esmoreceu: pouco depois da sua saída do clube foi contratado o eslovaco Marek Cech, referenciado, segundo os jornais da época, como estando “à vontade, tanto a lateral esquerdo como a médio do mesmo flanco”. Marek Cech, que acaba de partir, ele também, para Inglaterra – neste caso para o West Bromwich Albion – estreou-se num jogo da Liga dos Campeões contra o Inter e deixou agradados os apaniguados portistas. Parecia resolvido o problema. Contudo, com o correr do tempo, o jogador acabou por não se revelar propriamente um “esteio” nas suas funções defensivas, antes se salientando mais em incursões no meio-campo adversário. Era, de facto, um bom jogador e aparentemente um bom profissional, mas não estava ainda achado o sucessor de Nuno Valente.

Fonte: Record

Seguiu-se a fase a que poderia chamar-se de “inspiração da Lusa-Atenas”. De facto, em duas épocas seguidas, o FC Porto contratou dois defesas esquerdos à Académica, os brasileiros Ezequias e Lino, o que levou até pessoa da minha amizade a dizer durante a época passada que iria estar atento ao lateral esquerdo da “Briosa”, pois ele decerto teria boas hipóteses de vir parar ao FC Porto. Humor à parte – e nada melhor do que sabermos rirmo-nos de nós próprios – nem um nem outro resolveram o problema. O primeiro, senhor de uma velocidade digna das praias de Vera Cruz, acabou emprestado a outros clubes e partiu recentemente para o estrangeiro (não, este, apesar do seu talento, não foi para Inglaterra, mas sim para a Roménia). O segundo até era apontado como um dos melhores jogadores da Briosa na época de 2006/07 e exímio marcador de livres (talento que recentemente comprovou num dos “particulares” disputados na Alemanha). O homem até é “bom de bola” e senhor de um pé esquerdo “cultivado”, mas, azar dos azares, e para manter a “tradição”, defender não é o seu forte. Neste momento não estará ainda definido o seu futuro.

“Ensanduichado” entre estes dois brasileiros chegou à Invicta em inícios de 2007 um defesa esquerdo argentino, Mareque de apelido (pronúncia curiosamente semelhante à do nome próprio de Cech) e que, na pia baptismal, recebera o nome de Lucas. Este Lucas Mareque teve uma coisa contra si: chegou cá numa altura em que a equipa do FC Porto entrou numa “crise de Janeiro”, com as famigeradas derrotas em casa contra o Atlético e Estrela da Amadora. Isto, somado às suas pouco convincentes exibições, cedo traçou ao argentino um regresso às Pampas (ou seria à Patagónia?).

Nesta pré-época já tivemos o ensejo de ver actuar um novo defesa esquerdo, Benitez de seu nome, também proveniente da América do Sul. Confesso que não estive atento ao desempenho deste homónimo de “El Cordobés”, e convenhamos que é cedo para conclusões. Mas o homem nem deve fazer ideia do que torcemos pelo seu sucesso. Já não era sem tempo! Quer-me parecer, contudo, que o lugar de defesa esquerdo será, mais uma vez, desempenhado por Fucile, um escorreito lateral direito uruguaio que, por cá chegado em Janeiro de 2007, muito bem se tem saído na outra lateral. Quem não tem cão, caça com gato!

PS Eu sou do tempo em que os nossos defesas esquerdos se chamavam Sucena e Acácio. Por uma questão de perspectiva, e sem menosprezo por esses dois antigos profissionais do clube, ambos ficavam a milhas de qualquer um dos referidos no texto supra. Falamos de barriga cheia!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Nuno Espírito Santo

Foto: Record

Nem somente o futebol vive das grandes estrelas e figuras mais ou menos proeminentes, que entusiasmam os adeptos e fazem as delicias das capas dos jornais. Existem jogadores que por circunstancias varias, se tornam importantes nas equipas onde actuam, ainda que “sobrevivam” à sombra dos “eternos” titulares. Nuno Espírito Santo é um dos melhores exemplos que conhecemos actualmente.


E bem se pode dizer que a carreira de Nuno foi construída e cimentada fora das luzes da ribalta, ofuscado por grandes senhores das balizas do futebol Mundial, como Songo, Vítor Baía e mais recentemente Helton. Ainda assim, tal facto não foi impeditivo de que o redes Portista tenha já um percurso assinalável no futebol Português, repleto de títulos importantes.


Foi em 1992 que Nuno se estreou no escalão principal do futebol Português, mais concretamente em Guimarães onde permaneceria até ao final da época 95/96. Seguiu-se uma incursão por Espanha durante seis anos, onde representou o Deportivo da Corunha, Osasuna e Mérida. Regressou a Portugal em 2002, envolvido na transferência de Jorge Andrade rumo ao Riazor, para vestir a camisola que mais tempo envergou na sua carreira, a do FC Porto.


E foi no Dragão que Nuno viveu as maiores alegrias como desportista. Fez parte da “tropa de elite” de Mourinho, que arrebatou a Europa por dois anos consecutivos. Pelo meio foi fazer uma “perninha” à Rússia a troco de largos petrodolares, antes de rumar novamente à Invicta para conquistar mais um campeonato sob a batuta de Jesualdo Ferreira.


Ainda que a carreira de Nuno tenha tido o banco de suplentes como mais fiel amigo, nunca tal designio limitou a sua preponderância no seio das equipas onde passou, sendo aliás uma das vozes mais importantes e respeitadas no actual balneário do FC Porto. Os anos que tem de casa permitem-lhe esse estatuto, bem como a lealdade e respeito que sempre demonstrou, mesmo quando muitas vezes foi relegado para 2ª escolha injustamente.


Foto: FC Porto.pt

Melhor exemplo disso mesmo verificou-se na temporada passada, quando Helton aqui ou ali deslizava, contrapondo com as actuações sóbrias e seguras de Nuno sempre era chamado à equipa (como facilmente se comprova no seu percurso da Taça de Portugal, onde a final do campo de Oeiras foi o expoente máximo). A sua chamada à Selecção Nacional só constituiu surpresa para os menos atentos ao percurso do guarda-redes Portista, e só não fez parte desse grupo logo de inicio mercê da confiança cega do ex Seleccionador Nacional no “Capão voador” do Montijo.


Com 34 anos e a cumprir o seu ultimo ano de contrato, Nuno Espírito Santo partiu para o estágio de pré-temporada do FC Porto que recentemente terminou na Alemanha, com o intuito de ganhar pontos à concorrência. E a verdade é que o conseguiu, quer no discurso apaziguador e unificador, quer no campo (especialmente frente ao PAOK), fazendo questão de demonstrar a Jesualdo Ferreira que na baliza Portista esta época não haverá lugar para “vacas sagradas”.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Floribelo e a Entrevista

No grupo da quadratura do círculo, comparece normalmente, o Bispo Floribelo, como gosta de ser chamado. É pastor duma dessas religiões com sede no Rio de Janeiro, com voz de barítono e assim a modos que andrógino, mas boa pessoa. A Rute é que se mete com ele e pergunta-lhe sempre que pode: “oh Bispo Floribelo, essa voz é de nascença ou tiraram-lhe os ditos?”. Resmunga e diz invariavelmente: “é de nascença, mas canto muito bem. Foi Deus que me deu esta voz, a minha”.

O pastor sempre que se fala sobre o LFV, diz-nos sempre que o homem lhe faz lembrar o “BISPO-MOR” lá no Brasil.
Começou, também, com um negócio de pneus para esconder as brutas maquias que retirava dos crentes, pela via das dizimas e dos milagres.

Hoje, os negócios alargaram-se, mas os pneus ainda servem de montra ao homem, de tal forma que é apelidado “O Papa dos Pneus”.


A propósito da entrevista de LFV, Floribelo teve graça quando referiu que a conversa dele não lhe disse a nada, que a entrevistadora não fez perguntas incómodas, e que toda a prestação daquela figurinha, naquela amena conversa de amigos, fez-lhe lembrar as antigas seguradoras portuguesas. Perante o nosso espanto, explicou:

TRANQUILIDADE: o LFV trazia a lição estudada. Calmo e sereno (aparentemente) quis falar como um estadista. Não dá chutos na bola, explicou, nem trata dessas minudências. Como a Rainha está lá para representar a Instituição e para declarar a guerra e a paz. Mais a guerra. Aprendeu com o Malheiro que “se queres a paz prepara-te para a guerra”, e é o que tem feito. É cada tiro nos pés.

FIDELIDADE: É fiel à verdade desportiva e ao fair play. O que isso lhe tem custado, coitado. No meios de tantos bárbaros. Nem o Cervan o deixa em paz. Leva esses valores tão a peito, que por vontade dele nunca o SLB iria à CL para ocupar o lugar do FCP. Contenta-se em ganhar a taça UEFA. Ah, ah, ah, julga-se o D. Quixote, só que deste apenas lhe ficou a triste figura.

BONANÇA: Com o maestro a reforçar a equipa directiva, o Flores a liderar e o Aimar a armar, só coisas boas poderão acontecer. LFV não joga à bola, mas tem gente muito competente para a manobrar e a chutar. Chutos é com eles. Depois da tempestade da época passada, só poderemos melhorar: vem aí a bonança, anunciou LFV.

IMPÉRIO: O último censo fala em cerca de 15 milhões de benfiquistas. O maior clube do mundo. Um império. O Estado, o Governo, a FPF, a LPF, só podem reduzir-se à sua insignificância. Por isso, é concedido ao SLB situações e condições privilegiadas (e exclusivas), conformes a sua condição. Tem acesso ilimitado às escutas e aos segredos de justiça, desde que o exija. Quem diz que o SLB é um estado dentro doutro estado, está equivocado. Portugal e que é um estado dentro do Império benfiquista (LFV dixit), sob guião de autoria do Seabra.

TRABALHO: O presidente preside, o maestro conduz, o treinador treina e os jogadores jogam. Esta é a estratégia do LFV, que segue ainda o paradigma do intelectual, Octávio, “trabalho, muito trabalho”. Foi assim que subiu na vida. Acredita quem quer.

SOCIAL: Tanto janta com o titular do MAI ou da CML, como vai à festa do Avante e come sardinhas com o Jerónimo. Um liberal de prática socialista. Por isso, está apto ora a apoiar o PSD para o Governo, como o Costa para a CML.

ALIANÇA: A nova aliança entre o SLB e o VG é singular. O VG, antes acusado de viciação de resultados, tornou-se um paladino da verdade desportiva, pela mão do SLB. Este é o LFV, o rei dos pneus, dos chutos e pontapés e das escutas. No VG o orgulho foi-se com a máscara. A entrevistadora, aos costumes disse nada. Era matéria irrelevante. A culpa não foi dela. A Judite fez uma aliança com marido: aceitou ser simpática na entrevista (de vez em quando até atemorizada, o que só lhe ficou bem, pois demonstrou respeitinho pelo LFV e medo de perder o emprego) e exigiu ao marido mais serviço e competência e menos LFV, tendo o Seara aceite não falar mais de LFV em casa e retirar a esfinge do presidente “esculpida” numa jante e encaixada num pneu recauchutado, da loja do dito.


Tive de concordar com o Floribelo. Aquilo cheirou a conversa em família, com uma Judite insossa e um LFV, obviamente desinteressante a falar que nem um qualquer ditador sul-americano.