quarta-feira, 29 de abril de 2015

Abraços e beijinhos

Quaresma e Jorge Jesus (foto: Maisfutebol)

Nas redes sociais e até no Porto Canal, já muito se falou no abraço e beijinhos entre Quaresma e Jorge Jesus, no final do último SLB x FC Porto.

Entretanto, a comunicação social lisboeta não dorme e hoje (quarta-feira), alguns jornais, tirando partido da situação, vieram dizer que o abraço de Quaresma a Jorge Jesus tinha caído mal na estrutura portista.

Se isso for verdade, acho bem, porque eu também não gostei. E não gostei, porque o SLB é mais do que um adversário, mais do que um mero rival.

Nos últimos anos, o SLB, por razões estratégicas, elegeu o FC Porto como alvo a abater e, nesse sentido, transformou-se num inimigo do FC Porto.
Inimigo? Sim, inimigo, em termos desportivos, bem entendido.

E não foi, apenas, um problema entre dirigentes. A “nação benfiquista” declarou guerra ao FC Porto e nessa “guerra” não olhou a meios:

- Primeiro, o próprio SLB tudo fez, em Portugal e no estrangeiro, para afastar o FC Porto das competições europeias.

- Depois, diversos benfiquistas (Leonor Pinhão, João Malheiro, João Botelho, etc.) apoiaram, directa ou indirectamente, a elaboração de um livro e a produção de um filme, cujo único objectivo foi o de achincalhar o FC Porto.

- Seguramente pessoas ligadas ao SLB, andaram (andam?) por sites estrangeiros e pelo YouTube, com a missão de denegrirem e insultarem o FC Porto (até se dão ao trabalho de colocar vídeos legendados).

- Comentadores benfiquistas, incluindo dirigentes no activo, aproveitam o palco que lhes é dado por televisões e jornais para, semanalmente, atacarem e enxovalharem o FC Porto.

- Dirigentes e elementos da estrutura do SLB, puseram e põem em causa a justeza e legitimidade de vários títulos conquistados pelo FC Porto, alguns dos quais com o contributo do próprio Quaresma.

Ora, quem não se sente, não é filho de boa gente. E Quaresma tem especiais responsabilidades, não só por saber tudo isto, mas por ter vivido grande parte destas situações de perto e saber o que isso custou ao clube e aos adeptos portistas.

Eu até compreendo que a jogadores estrangeiros, que estão de (curta) passagem pelo Porto, este tipo de situações sejam desconhecidas ou lhes passe ao lado, mas ao Quaresma não.

Mais. O Quaresma sabe, como toda a gente sabe, que este é o campeonato mais fraudulento de que há memória, um campeonato que está manchado por uma série inacreditável de casos de arbitragem. E sabe, também, que este sucessivo colinho ao SLB já foi várias vezes denunciado pelo treinador do FC Porto, o qual, por causa disso, foi (é) objecto de gozo e desconsideração por parte da “nação benfiquista”.

Por tudo isto, não compreendo, não aceito e lamento que, precisamente a seguir a um desentendimento entre Lopetegui e Jorge Jesus, Quaresma, à vista de toda a gente e em pleno relvado do estádio da Luz, tenha ido dar um abraço ao treinador dos encarnados.

Se eu dúvidas tivesse acerca do acerto da decisão, que não tinha, estava mais do que justificada a retirada da braçadeira de capitão no início da época (a seguir ao incidente em Lille).

E bem pode o Quaresma bater com a mão no peito, dar beijos no emblema azul-e-branco, ou fazer declarações de “amor” ao FC Porto, porque há coisas que não se esquecem e a imagem que está no início deste texto vale por mil palavras.


P.S. Há umas semanas atrás, numa entrevista que deu ao Porto Canal, vi e ouvi o Lima Pereira dizer que nunca tinha trocado de camisola com um jogador do SLB. Nunca! Outros tempos, outros jogadores, outra fibra, outra paixão pelo FC Porto.

Suspensão FIFA, um novo jogo a que temos de estar atentos


Muitos não deram crédito quando saíram as primeiras noticias de que o Barcelona ia ser castigado com um ano e meio sem poder contratar jogadores por parte da FIFA. Era o Barça, afinal de tudo, essa equipa que, segundo Mourinho, tinha trato preferencial graças ás suas ligações com a Unicef e o Qatar nos corredores do poder. O todo poderoso Barcelona - que nesse Verão tinha contratado a vários futebolistas, incluindo o genial Luis Suarez, via-se agora vetado a ano e meio sem actividade no mercado por culpa da contratação ilegal de vários adolescentes dos quatro cantos do Mundo para a sua cantera. Ninguém podia acreditar, todos pensavam que era uma jogada mediática, dessas em que o clube é castigado e logo perdoado, mas ai temos os blaugrana vetados oficialmente até ao dia 1 de Janeiro de 2016. Parecia caso único mas não era.

A imprensa radiofónica espanhola começou ontem a notificar nos programas desportivos nocturnos que a mesma sanção iria ser aplicada tanto ao Real como ao Atlético de Madrid. Uma vez mais a forma como os clubes assinavam com menores, falseavam documentação, procuravam o acordo dos pais (a FIFA exige que a família viva com o jogador no seu novo local de treino, por exemplo) quando na realidade tudo não passava de uma ficção para "inglês ver" é o motivo oficial por detrás desta sanção. Os mais dados ás teorias da conspiração falam no interesse do Real Madrid em prejudicar o Barcelona e a pressão do Barcelona, à posteriori, para devolver a moeda. Há também quem diga que atrás desta medida estão os poderosos qataris, interessados em congelar o absorvente mercado espanhol, para evitar o fluxo de estrelas para "La Liga" e com isso manter campeonatos como o francês com algumas das estrelas. Tudo rumores, tudo suspeitas, tudo teorias. É certo que a FIFA e a UEFA vivem uma guerra surda pelo poder, mas isso sempre passou. Ferir de morte a dois grandes clubes da UEFA é ferir Platini e o seu projecto ambicioso de derrocar Blatter mas, ironicamente, o mais prejudicado neste jogo é o melhor aliado de Blatter na UEFA, o espanhol Angel Maria Villar (que alguns vêm como seu sucessor putativo num eventual duelo com "Platoche". Guerras de tronos que em principio diriam pouco a um clube como o FC Porto mas que podem dizer muito.

Em primeiro lugar, se a suspensão for confirmada, é certo que Oliver Torres não vai voltar ao clube na próxima época. 
Sem poder assinar com novos jogadores o plantel do Atlético de Madrid vai necessitar forçosamente de ter todos os seus activos de valor consigo e Oliver é um deles. Sofreria, jogaria menos do que merecia mas nenhum gestor com cabeça o deixaria sair se não houvesse alternativa. O problema não estaria apenas em Oliver. Caso o FCP insistisse em continuar a procurar novos empréstimos no futebol espanhol, uma sanção deste estilo levaria o clube a encontrar-se com um problema de disponibilidade já que nem Barcelona nem Real Madrid - e muito menos o Atlético - teriam jogadores livres para dispensar. O Real já mostrou intenção de recuperar Casemiro e pensava seriamente na opção de emprestar ao FC Porto Lucas Silva ou Odegaard para o próximo ano para repetir a operação de rentabilização (nem Keylor Navas nem Illarramendi estão neste pack) mas com esta sanção é altamente improvável que o faça. O mesmo sucede com o Barcelona, clube a quem o FC Porto cobiça o empréstimo de dois futebolistas, Gerard Deulofeu e Sergi Robert, em moldes parecidos ao negócio Tello. São casos que estão oficialmente em standby até porque o Barcelona continua oficialmente a recorrer da sua sanção para desbloquear a situação.

Outro ponto importante é o caso Danilo.
Danilo está oficialmente vendido ao Real Madrid. Mas se a suspensão do Real Madrid se oficializar antes do dia 1 de Julho - como é provável - e não houver recurso que lhes valha, Danilo não pode ser inscrito. A suspensão não proíbe os clubes de contratar o deter passes de novos jogadores o que impede é a sua utilização através da inscrição na liga. Portanto o Real teria pago mais de 35 milhões de euros por um jogador que não poderia, a todos os efeitos, utilizar durante um ano completo. 
Esse cenário é complexo. 
Como não conhecemos os detalhes do negócio não sabemos se o Real guardou alguma clausula em que podia cancelar o negócio caso este cenário se desse. Afinal todos sabiam já desde 2014 que o Real estava no ponto de mira da FIFA por queixas formais do Barcelona e isso apressou também a contratação de Asensi, extremo do Mallorca muito prometedor, e de Odegaard, inscritos oficialmente em Dezembro e portanto já parte do clube tal como Lucas Silva que chegou á pressa e tem sido escassamente utilizado o que diz muito do interesse real do Ancelotti em tê-lo já ás suas ordens. Também Javier Hernandez foi emprestado e esse empréstimo pode ser prolongado um ano mais já que, ao estar inscrito, está ao abrigo da suspensão. Mas Danilo não.
Danilo foi contratado - paga a primeira tranche - mas oficialmente é ainda um jogador inscrito pelo FC Porto e se o Real não o conseguir inscrever, é um activo seu mas na prateleira. 
Uma vez mais reforçamos, não sabemos se há alguma clausula no negócio de Danilo que permita ao Real cancelar tudo ou se, pelo contrário, se abriu uma hipótese de Danilo ficar um ano emprestado, até caducar a suspensão, e depois ser oficialmente inscrito pelo Real Madrid. O curioso é que o próprio Danilo descartou o Barcelona - onde joga um dos seus melhores amigos, Neymar - porque não queria esperar até Janeiro de 2016 (e porque o Barcelona exigia ao FCP não inscrever o jogador na Champions League para poder utiliza-lo na segunda fase). Seria irónico que, depois disso, lhe passe o mesmo.  

No final tudo pode ficar em águas de bacalhau.


Dia 29 de Maio há uma eleição para a presidência da FIFA. Sepp Blatter vai ganhar, todos o dão já por assumido por muito que Luís Figo sonhe com um cargo numa candidatura suportada pelos Fundos de Investimento e os poderes mediáticos atrás da máquina Mendes que querem um futebol com menos regulação e mais dinheiro para todos. Uma vitória de Blatter é, habitualmente, seguida de uma amnistia geral e esse perdão pode desbloquear a situação. De certo modo é um teste á fidelidade de Villar e dos grandes clubes europeus, uma prova da FIFA de que são eles quem manda de verdade e não a UEFA e que quando seja preciso apertar, eles não vão hesitar um só segundo. Pode ser. Ou pode também isto significar novas regras no jogo, um cuidado extremo numa realidade que nos afecta. Não só porque, cada vez mais, clubes como o FCP têm de procurar na sua formação (e na contratação de talentos para a formação) o seu sustento como a punição de clubes com grande poder de inversão pode bloquear o mercado e com esse movimento colocar em risco muitos orçamentos de contas para clubes que, como nós, vivem no limite. Até ao Verão ainda falta muito tempo para dar algo por garantido mas o FCP deve tomar nota de tudo o que se passe porque cada detalhe é fundamental para perceber para que mundo o futebol caminha. 

terça-feira, 28 de abril de 2015

International CHAMPIONS Cup

Depois da muito boa campanha na UEFA Champions League (8 vitórias, 3 empates, 1 derrota), onde foi o único clube português que superou a fase de grupos e só foi travado nos Quartos-de-final, após uma série de 11 jogos sem perder…

… o FC Porto foi convidado para participar na International Champions Cup North America, juntamente com clubes como o Manchester United, Chelsea, Barcelona e PSG, entre outros.

International Champions Cup North America - todos os jogos

O FC Porto, um "clube regional", foi o único clube português convidado para a International Champions Cup?

Sporting e SL Benfica, dois "colossos mundiais", não foram convidados?!! Porquê?

Para um torneio de Champions, não faria muito sentido convidar clubes de Liga Europa, pois não?…


O calendário do FC Porto já está definido e prevê jogos no Canadá, EUA e México:

18 de Julho: FC Porto x Paris Saint-Germain (BMO Field, Toronto, Canadá)
24 de Julho: FC Porto x Fiorentina (Rentschler Field, Hartford, EUA)
26 de Julho: FC Porto x NY Red Bulls (Red Bull Arena, Harrison, EUA)
28 de Julho: FC Porto x América (Estádio Azteca, Cidade do México)

Prestigio, dinheiro (cachet), divulgação mediática e internacionalização da marca.
Eu diria que é quase tão bom como disputar o Torneio do Guadiana ou a Eusébio Cup…


P.S. Quem ler os jornais de Lisboa, ou assistir a programas sobre futebol nas televisões da capital portuguesa, fica convencido que o FC Porto está numa crise profunda porque, atenção, vai ficar dois anos seguidos sem ganhar o campeonato. Dois anos! Ena… Contudo, e infelizmente (para muitos anti-portistas), a notícia da "morte" desportiva do FC Porto parece que ainda não chegou ao estrangeiro…

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Disto (quase) ninguém fala

Após o empate de ontem, entre o SLB e o FC Porto, não é preciso estar muito atento para se perceber que o principal alvo de jornalistas, comentadores e adeptos… portistas, é Julen Lopetegui.

A uns porque o treinador basco lhes causa urticária, a outros porque tinham elevadas expectativas (provavelmente por não terem dúvidas que o FC Porto 2014/2015 é bem melhor que o SL Andor, mesmo que o jogo seja no Estádio da Luz), o empate alcançado pelos dragões em Lisboa, serviu para análises muito críticas ao modelo de jogo, onze inicial ou substituições efectuadas por Lopetegui.

Não fiquei surpreendido. Quando não se ganha, é normalíssimo o treinador ser o primeiro a ser apontado a dedo. Sobre isso, nenhuma novidade.

Mas não deixa de ser um pouco estranho que, entre os adeptos portistas, quase ninguém fale da arbitragem, até porque, houve dois lances polémicos e ambos, como aconteceu ao longo de todo o campeonato, foram decididos a favor do SL Andor e em prejuízo do FC Porto.

Por exemplo, ao minuto 79, Fejsa entrou de forma negligente e intempestiva sobre Danilo. O árbitro viu e assinalou falta, mas não mostrou um cartão amarelo ao jogador do SL Andor (seria o 2º amarelo e deixaria os encarnados com menos um jogador para os últimos 15 minutos, descontos incluídos).

Ora, com o mesmo rigor e seguindo o mesmo critério que adoptou nos amarelos mostrados a Quaresma (59’), Jackson (61’) e Marcano (72’), o senhor Jorge Sousa não deveria ter mostrado o 2º cartão amarelo a Fejsa?

Cartão amarelo a Jackson

E sobre o lance aos 43’, em que Luisão carrega Jackson no ar impedindo-o de chegar à bola, alguém viu, da parte do capitão do SLB, intenção de jogar a bola?

Luisão e Jackson (foto: Maisfutebol)

SL Benfica x FC Porto, Tribunal de O JOGO


Bem, feito este intervalo, sobre dois casos de arbitragem “imaginários”, voltemos a Lopetegui e à forma “justa” e “inquestionável” como o SL Andor vai ganhar este campeonato…

domingo, 26 de abril de 2015

A táctica do autocarro... em casa!

No longo historial de desafios entre o SL Benfica e o FC Porto, nos 80 jogos anteriores (ao de hoje) para o campeonato, que foram disputados em Lisboa, o saldo, naturalmente, era (e continua ser) muito favorável aos encarnados:
- Vitórias SL Benfica: 42 (52%)
- Empates: 24 (30%)
- Vitórias FC Porto: 14 (18%)
- Vitórias do FC Porto por mais de um golo: 1

E no presente?
Há várias semanas que ouvimos jornalistas, comentadores e adeptos dizerem que, em casa, este SLB é uma equipa muito forte.

E, de facto, os números sustentavam essa tese. Esta época, nos 14 jogos anteriores disputados em casa, o saldo do SL Benfica era o seguinte:
- Vitórias: 13
- Empates: 1
- Derrotas: 0
- Golos marcados: 40
- Golos sofridos: 4

E o FC Porto?
Bem, na passada terça-feira, o FC Porto jogou na Alemanha, contra a melhor equipa do Mundo, e saiu de Munique vergado ao peso de uma goleada.
Ou seja, perante um calendário pouco favorável (é preciso ter “sorte” para jogar fora, em Munique e na Luz, num espaço de poucos dias…), a equipa do FC Porto chegou ao “jogo do título” fisicamente desgastada e emocionalmente esgotada.

Perante um cenário destes, jogando em casa, com o Estádio da Luz completamente cheio, o que fez Jorge Jesus?
Aproveitou o colinho das 29 jornadas anteriores e uma conjuntura muito favorável para a sua equipa?


Aproveitou a fragilidade do adversário para vir para cima do FC Porto, dominar o jogo, encostar os azuis-e-brancos às cordas e dar o golpe de misericórdia a um Dragão ferido?
Não, nem pensar.

A equipa liderada por Jorge Jesus jogou de forma cínica, com uma táctica parecida à que tinha utilizado no Estádio do Dragão, uma táctica de equipa pequena, cujo principal (único?) objectivo era não deixar a equipa adversária jogar.
Não é exagero dizer-se que, neste jogo, o “mestre da táctica” começou o jogo com um “autocarro” e terminou com dois “autocarros”. E com os jogadores encarnados a queimarem tempo…
Ao menos, o Mourinho, quando leva o “autocarro” é para os jogos fora de casa…

Na primeira parte, quantas vezes é que os jogadores encarnados entraram na área do FC Porto, em lances de bola corrida?
Quantas vezes é que os médios do SLB passaram do meio-campo?
Nos primeiros 45 minutos, o criativo Gaitán (o melhor jogador do SLB), destacou-se mais a construir jogadas ofensivas, ou a vir atrás, em ajudas defensivas?

Aliás, basta verificar a que minuto o SLB fez o 1º remate à baliza do Helton e olhar para as substituições feitas pelos dois treinadores, para se perceber qual era o objectivo de cada um deles.

O SLB terminou o jogo em branco (2206 dias depois, os encarnados voltaram a ficar a zero num encontro em casa para o campeonato), com 8 jogadores de perfil defensivo - Júlio César, Maxi, Luisão, Jardel, Eliseu, Samaris, André Almeida e Fejsa - e apenas três jogadores supostamente ofensivos - Ola John, Gaitán e Lima - mas cujo principal objectivo era também defender.

Perante uma equipa encarnada que, mesmo a jogar em casa, perante os seus adeptos, teve como prioridade, desde o minuto inicial, defender, não deixar jogar, defender, não deixar jogar, defender, não deixar jogar… o FC Porto poderia ter feito melhor?
Sim, apesar de tudo, podia.

Faltou frescura física e um maior dinamismo para sair da teia de aranha montada por Jorge Jesus.

Faltou um Brahimi em melhor forma. O Brahimi pós-CAN não é o mesmo que encantou os portistas (e não só) até Dezembro.

Faltou Tello. Conforme se previa, um jogador com as características de Tello fez (faz) muita falta e as bolas em profundidade, nas costas da "Linha Maginot" encarnada, raramente saíram bem.

Faltou marcar primeiro. Jackson falhou o golo que teria colocado o FC Porto em vantagem no marcador e obrigado (?) Jorge Jesus a mudar de táctica.

O FC Porto já demonstrou, várias vezes, que é melhor que o pré-definido e futuro vencedor do campeonato mais fraudulento de que há memória.
E hoje voltou a fazê-lo, indo a casa do rival mostrar que é uma equipa grande e jogando como tal.


Por isso, e apesar do treinador, dos jogadores e dos adeptos terem saído desiludidos do Estádio do Luz, por "apenas" regressarem ao Porto com um empate, eu acho que a forma como este desafio foi disputado e a atitude dominadora evidenciada ao longo do jogo, foi a 1ª vitória da próxima época para esta equipa.



P.S. Há quem tenha memória curta (mesmo entre os portistas) e já se tenha esquecido dos inúmeros casos de arbitragem que mancharam este campeonato. Mas eu não me esqueço e não fossem os muitos pontos que o SLB deve a “erros” de arbitragem e tenho a certeza que o jogo de hoje teria tido outra história. Pelo menos, não haveria “autocarros” porque, seguramente, o empate seria um resultado que não serviria os interesses matemáticos de Jorge Jesus.

P.S.2 E por falar em memória curta… Na época passada, o FC Porto foi ao estádio da Luz perder 0-2 para o campeonato e perder 1-3 para a Taça de Portugal (num desafio em que o SLB jogou com menos um desde o minuto 28). Esta época, o FC Porto saiu do estádio da Luz com um empate e com Jorge Jesus, à rasca, a trocar Talisca por Fejsa e Pizzi por André Almeida. Sem estar tudo bem, longe disso, penso que estamos no caminho certo.

E hoje?



Não estaremos muito confiantes e a condição física não estará em alta e isso poderá ter um efeito decisivo, hoje e no próximo futuro. O FCP tem tido jogos de altíssima intensidade. E nalguns deles com exibições de excelência. Não sei como a rapaziada está, mas sinto que estão cansados, seguramente.  E também sei que essa condição física se intromete na condição anímica dos atletas e muito menos o seu contrário. Entretanto, o SLB tem tido umas férias activas nestas últimas jornadas. Não é campeão (já) porque também treme, apesar de todos colinhos que o aconchegam. Repito-me: o FCP tem um plantel relativamente curto para uma larga presença na CL e no miolo falta um 6 e o Quintero que tem decepcionado. Ainda no meio campo, que considero o sector mais deficitário, para além dos mais utilizados, sobram o Rúben e o Evandro, o primeiro ainda em fase de crescimento e que entrou muito bem em Munique; o outro não me encanta: ser certinho no FCP não chega para a titularidade. Brahimi está no limite e Casemiro deve andar por perto. Nem falo do Fabiano que é um guarda-redes de engate. Acho que em todos os jogos até agora realizados nem uma boa exibição para mais tarde recordar. Lopetegui tem uma missão complicada. Obviamente, não estou optimista, mas se tivéssemos perdido com o Bayern nas grandes penalidades, sentiria exactamente o mesmo. Percebo o enfoque na CL: o nosso treinador “apostou tudo numa forte presença na Europa” ao sabor do que as diferentes competições iam oferecendo ou não. Fica o prémio das receitas (que não é despiciendo) e por aí nos devemos ficar em ganhos, por esta época. Mas a luta contra as tendências hegemónicas do SLB e de Lisboa, obriga-nos a ser mais fortes cá dentro. Esse balanço desportivo tem de ser gerido com acuidade.



Todas essas figuras do SLB que andam por aí a perorar, estão cheias de medo, porque não vencer um FCP “fraco e mortalmente fragilizado” seria quase insuportável. E ao JJ não resta outra alternativa que dar uma cabazada ao FCP. Tanto mais que é um sábio da táctica e o autor do pragmatismo estratégico do jogo da bola. Espero que nos apresentemos lúcidos, “sem vergonha na cara”, atrevidos e a equipa ciente do que fez e do que deveria ter feito com o Bayern. Esta é mais uma conversa da treta: nestas coisas da bola, prognósticos só no fim do jogo e … do campeonato. Ainda falta muito, até lá. Hoje, apenas sei que, aconteça o que acontecer, continuarei a ser do FCP com o mesmo entusiasmo de sempre.
   

sábado, 25 de abril de 2015

Um jogo de Champions

Bilhetes para os adeptos da equipa visitante
Na passada terça-feira, o FC Porto anunciou que os bilhetes para o SL Benfica x FC Porto (Liga NOS, 30ª Jornada), seriam colocados à venda no dia seguinte (dia 22 de Abril), na bilheteira nascente do Estádio do Dragão, em exclusivo para detentores de Lugar anual, mediante a apresentação do respectivo cartão de sócio.
Os ingressos, ao "módico" valor de 25 euros cada, esgotaram em poucas horas.


Lotação esgotada
Na passada quarta-feira, foram colocados à venda, na bilheteira do Estádio da Luz, os últimos 500 ingressos disponíveis.
Pouco tempo depois, o SL Benfica anunciou que já não havia bilhetes para o clássico do próximo domingo.


Receitas directas e indirectas
De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Português de Administração de Marketing (IPAM), o SL Benfica x FC Porto vai gerar um volume de receitas de 23 milhões de euros.
Dos valores apurados, “três milhões resultam de receitas diretas, como bilheteira, transmissão televisiva, negócios de segurança, vigilância, hospitalidade, ações promocionais e restauração no estádio”, explicou Daniel Sá, diretor do IPAM Porto.
No que se refere às receitas indiretas, nas quais são contabilizados aspectos como deslocações ao estádio, consumos em casa e na restauração, apostas e publicidade, o estudo prevê que sejam geradas receitas de “20 milhões de euros, que representam 87% do impacto global”.
O estudo de impacto económico feito pelo IPAM, refere que as receitas indiretas “ultrapassam em muito o que é habitual no futebol português”.


Transmissão televisiva e subscritores
De acordo com uma notícia do Record, «o encontro entre o Benfica e o FC Porto, no domingo, às 17 horas, vai poder ser visto em 135 países, através da transmissão do clássico».
Mais. Ao que Record apurou junto do SL Benfica, «o número de assinaturas tem subido nos últimos dias, uma situação considerada normal pelos encarnados e que já havia acontecido na temporada passada, antes de encontros importantes».


O jogo é para o “pobre” campeonato português que, como todos sabemos, tem imensos jogos “interessantíssimos”... com menos de 1000 espectadores!

Mas estes clássicos, entre os “grandes” de Portugal e, particularmente, entre os maiores clubes do Porto e de Lisboa, são jogos com uma atractividade especial e que despertam um interesse muitíssimo acima do normal.


E isso reflecte-se em tudo.
- Na lotação dos estádios esgotada (sem ser necessário fazer campanhas de promoção ou mesmo oferecer bilhetes);
- Num maior incentivo à compra de lugares anuais por parte dos associados;
- Em valores recorde da receita de bilheteira;
- Em publicidade e patrocínios específicos que os clubes angariam para estes jogos;
- No aumento do número de subscritores do canal que transmite o jogo (as subscrições são válidas por um mês);
- No número de países para onde o jogo é transmitido (em directo ou diferido);
- No aumento significativo da audiência televisiva (em Portugal e no estrangeiro);
- No número de jornalistas (incluindo alguns estrangeiros) creditados para cobrir o jogo;
- Etc.

Não sendo um jogo dos quartos-de-final da UEFA Champions League é o jogo entre dois clubes portugueses que, em termos de visibilidade (cobertura mediática) e receitas, mais se aproxima de um jogo da Champions.

No interesse dos adeptos e dos clubes, precisávamos de mais jogos destes, ou parecidos com estes, entre equipas portuguesas.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Money, money, money

Money, money, money
Must be funny
In the rich man's world
Money, money, money
Always sunny
In the rich man's world
Aha-ahaaa
All the things I could do
If I had a little money
It's a rich man's world

Penso que toda a gente conhecerá esta parte da letra da canção “Money Money Money”.

Depois do ‘I have a dream’, que muitos (como eu) tiveram antes do pesadelo de Munique, ontem à noite, quando ficou fechado o lote dos quatro semifinalistas da Liga dos Campeões 2014/2015, lembrei-me deste refrão de uma das músicas (mais actual) dos ABBA e que assenta, como uma luva, nas fases avançadas da UEFA Champions League (UCL).

De facto, nas 11 épocas que se seguiram ao FC Porto do "cometa" Mourinho ter brilhado nos céus de Gelsenkirchen, a lista dos semifinalistas da UEFA Champions League foi a seguinte:

2004/2005 – Liverpool, Chelsea, AC Milan, PSV
2005/2006 – Barcelona, Arsenal, Villarreal, AC Milan
2006/2007 – AC Milan, Liverpool, Manchester United, Chelsea
2007/2008 – Chelsea, Liverpool, Manchester United, Barcelona
2008/2009 – Barcelona, Manchester United, Chelsea, Arsenal
2009/2010 – Inter, Bayern, Lyon, Barcelona
2010/2011 – Manchester United, Barcelona, Real Madrid, Schalke 04
2011/2012 – Chelsea, Bayern, Barcelona, Real Madrid
2012/2013 – Bayern, Real Madrid, Barcelona, Borussia Dortmund
2013/2014 – Real Madrid, Atletico Madrid, Bayern, Chelsea
2014/2015 – Barcelona, Bayern, Juventus, Real Madrid

Agora comparem a lista anterior com o quadro seguinte, extraído da 18ª edição da Deloitte Football Money League, e que corresponde aos clubes que tiveram maiores receitas (sem contar com transferências) na época 2013/2014.

Receitas dos clubes na época 2013/2014 (fonte: Deloitte Football Money League, Jan 2015)

Notam alguma correlação?
Para começar, é muito difícil encontrar nas meias-finais da UCL, clubes que não estejam no top 20 da Money League.

A última vez que houve um semifinalista que não faz parte deste top 20, foi há cinco anos atrás, em 2009/2010 – o Olympique Lyon. Antes disso, tinha havido o Villarreal (em 2005/2006) e o PSV (em 2004/2005).
Três casos no meio dos 44 semifinalistas dos últimos 11 anos!
Ou seja, os factos demonstram que cada vez é mais difícil (e raro), um clube da “classe média” europeia entrar no lote restrito dos semifinalistas da UEFA Champions League.

Na realidade, para um clube da “classe média” europeia chegar a uma meia-final da UEFA Champions League, é preciso juntar dois factores:

– a equipa tem de ser boa e muito competente nos jogos efectuados;
– é preciso ter sorte nos sorteios dos Oitavos e dos Quartos-de-final.

Esta época, a equipa do FC Porto foi muito competente nos jogos que efectuou no Play-off, na Fase de Grupos e nos Oitavos-de-final.
Mas também, há que o reconhecer, tivemos muita sorte no sorteio dos Oitavos-de-final.

Quando um dos factores falhou – tivemos muito azar no sorteio dos Quartos-de-final – dissemos adeus ao clube dos ricos.

Clube dos ricos que, cada vez mais, inclui clubes dos Big 5 (principalmente ingleses).

Top 20 da Deloitte (fonte: Deloitte Football Money League, Jan 2015)

E, se juntarmos ao cenário actual, o fim (limitação) dos Fundos e o aumento (em alguns casos exponencial) das receitas televisivas e comerciais (principalmente em mercados como o inglês e alemão), estou convencido que, nos próximos anos, esta tendência vai acentuar-se e alargar-se aos Quartos-de-final da UCL, onde também será cada vez mais difícil ver clubes da “classe média”.

Por tudo isto, e mesmo correndo o risco de levar uma coça (goleada) de um dos clubes ricos, suspeito que ainda vamos ter saudades de disputar uns Quartos-de-final da UEFA Champions League…


P.S. Os quatro semifinalistas desta época - Real Madrid (549.5M), Bayern Munique (487.5M), FC Barcelona (484.6M), Juventus (279.4M) - tiveram, na época passada, receitas (proveitos operacionais, sem incluir proveitos com transferências) que, no total, perfazem 1800 milhões de euros!

quarta-feira, 22 de abril de 2015

A ilusão e a realidade

Na antevisão ao sorteio dos quartos-de-final, o Miguel Lourenço Pereira publicou um artigo em que analisou os potenciais rivais do FC Porto e, acerca do Bayern, escreveu o seguinte:

«Bayern München – Favoritos absolutos a tudo. São a melhor equipa da Europa. Possuem o melhor jogo colectivo, algumas das melhores individualidades posicionais, de longe o melhor treinador e a melhor estrutura. (…) A melhor opção, até agora, que algumas equipas conseguiram, foi defender bem uma das mãos para acabar trucidada na segunda.»


No dia seguinte, uns minutos após o sorteio, num artigo que intitulei ‘Pior (sorteio) era impossível’, escrevi o seguinte:

«Bayern Munique!
Grau de dificuldade máximo!
Nesta altura, não há nenhuma equipa mundial acima dos rapazes de Pep Guardiola.
Num jogo de futebol tudo é possível mas, realisticamente falando, penso que as probabilidades do FC Porto superar este Bayern, numa eliminatória a duas mãos e, ainda por cima, com o 2º jogo em Munique, são muito reduzidas


Ora, apesar da extraordinária vitória por 3-1 no jogo da 1ª mão (que irá entrar para a história do FC Porto), continuei com os pés no chão e a achar que superar o Fußball-Club Bayern München, numa eliminatória a duas mãos e com o 2º jogo disputado na Alemanha, era algo do domínio dos sonhos.

Por isso, na véspera do jogo de Munique, num artigo que intitulei ‘O Ragnarok’, escrevi o seguinte:

«Se ganhar ao Bayern no Estádio do Dragão foi tremendamente difícil e só possível graças a uma exibição transcendente da equipa do FC Porto e a um dia menos bom de alguns jogadores do colosso da Baviera, ir a Munique sem Danilo, Alex Sandro e Tello (a que poderia juntar Adrián López, o nosso Javi Martínez...), tendo de fazer adaptações em metade da defesa, resistir 90 minutos e sair do Allianz Arena com a eliminatória na mão, seria épico!»

Não foi épico.
Contudo, do mesmo modo que nunca entrei em euforias desmedidas, também entendo que não há motivos para os portistas ficarem deprimidos. Temos de ter noção da realidade e do Mundo de diferenças que separa estes dois clubes e estas duas equipas. Vejamos:

Contra o FC Porto, o Bayern alinhou, nos dois jogos, com seis jogadores que já foram campeões do Mundo – Manuel Neuer, Boateng, Lahm, Xabi Alonso, Goetze, Muller – e ontem, Pep Guardiola ainda se deu ao luxo de deixar um sétimo campeão do Mundo – Schweinsteiger – no banco de suplentes.

Jogadores da selecção alemã campeã do Mundo em 2014

Contra o FC Porto, Pep Guardiola utilizou 10 jogadores – Manuel Neuer, Rafinha, Boateng, Dante, Badstuber, Lahm, Xabi Alonso, Thiago Alcântara, Goetze, Muller – os quais, entre muitos outros títulos de relevo internacional, já ganharam a Liga dos Campeões.

Jogadores do Bayern que venceram a Liga dos Campeões 2012/13

Ou seja, este Bayern tem um plantel de luxo, que junta qualidade e experiência em doses (de destruição) maciças.
Não há Rafinha? Joga Lahm (ou vice-versa).
Não há Benatia? Joga Dante ou Badstuber.
Não há Alaba? Joga Bernat.
Não há Schweinsteiger? Joga Thiago Alcântara (que craque!).
Não há Ribèry? Joga Goetze.
Não há Robben? Joga Lewandowski (e Muller fica mais móvel).
Etc.

E do lado do FC Porto, qual é (foi) o cenário?

Reyes (defesa central adaptado a defesa direito) – ínfima participação anterior em jogos europeus;
Ricardo (extremo direito em fase de adaptação a lateral direito) – ínfima participação anterior em jogos europeus;
Indi (defesa central adaptado a defesa esquerdo) – primeiro ano nas provas europeias;
Rúben Neves (18 anos, ainda podia jogar nos juniores!) – primeiro ano nas provas europeias;
Óliver (19 anos) – primeiro ano nas provas europeias;
Brahimi – primeiro ano nas provas europeias;
Fabiano, Marcano e Herrera – segundo ano nas provas europeias.

Honestamente, perante esta realidade, poder-se-ia exigir mais ao FC Porto nesta eliminatória?

Pois, tudo isto é verdade, dirão alguns portistas, mas 6-1?!

Nestas alturas, convém ter memória e, por isso, eu (que já tenho muitos cabelos brancos) começo por dizer que prefiro perder 6-1 com o Bayern nos quartos-de-final da UEFA Champions League (e após um trajecto de 11 jogos sem derrotas!), do que perder 6-1 em Atenas, com o "colosso" AEK, conforme aconteceu ao FC Porto de Pedroto há 36 anos (época 1978/1979), na 1ª eliminatória da antiga Taça dos Campeões Europeus.

Depois, também convém recordar que esta eliminatória teve dois jogos, em que houve uma vitória para cada equipa e, no cômputo dos golos marcados e sofridos, o Bayern ganhou por 7-4.

O JOGO, 21-03-2015
Bem pior, para as cores portuguesas, foi em 2008/2009, em que o Sporting perdeu os dois jogos e em golos o saldo final foi de 12-1!

Analisando os resultados do quadro ao lado (publicado em O JOGO), verifica-se que, desde os anos 60, quando equipas portuguesas apanham o Bayern em fases a eliminar, o normal é haver goleadas e o saldo da eliminatória ser muito negativo. Principais exemplos:

1967/1968: Vitória Setúbal (3-7)
1975/1976: SL Benfica (1-5)
1981/1982: SL Benfica (1-4)
1995/1996: SL Benfica (2-7)
2008/2009: Sporting (1-12)
2014/2015: FC Porto (4-7)

As excepções a este cenário de goleadas, em que houve eliminatórias disputadas até ao último minuto, vêm do FC Porto: na Final de 1986/1987 (2-1) e nos quartos-de-final de 1999/2000 (2-3).

Aliás, em 24 jogos para as competições europeias, em que enfrentaram equipas portuguesas, o Bayern só perdeu por duas vezes. Adivinhem com quem…


P.S. Quem não quiser correr riscos de medir forças com super-equipas, como o Bayern (ou Real Madrid, ou Barcelona), em jogos decisivos, na fase a eliminar da UEFA Champions League, tem bom remédio: ficar pela fase de grupos. Como é que isso se faz sem dar muito nas vistas? Perguntem ao Jorge Jesus…

terça-feira, 21 de abril de 2015

Somos Porto (até mesmo no lado negro da lua)

Há uma portagem a pagar.
Uma portagem que separa os clubes da primeira e da segunda divisão. Se queremos jogar com os melhores temos de nos preparar para perder com os melhores. E perder com os melhores - os que jogam com os Messis, Cristianos, Guardiolas, Mourinhos - é normal e pode até parecer doloroso. Mas é a portagem que pagamos para não ser um clube vulgar na Europa, não ser um clube pequeno, de derrotas. Para ser um grande da Europa temos de nos medir com eles. Ás vezes ganhamos, a maior parte das vezes vamos perder. E algumas poucas vezes vamos perder por muitos. O Barcelona goleou o Arsenal porque tinha Messi. O Real Madrid goleou o Bayern porque tinha Ronaldo. E o Bayern goleia o FC Porto porque tem Guardiola e porque não temos meios para disputar 180 minutos ao mesmo nivel com a elite. Não há outra explicação.
Esqueçam a propaganda, não tenham vergonha jamais de ser portistas numa noite assim. Porque numa noite assim, não há espaço para a dor. Só para o orgulho de dizer que chegamos até aqui quando os clubes do nosso nivel ficam muito lá atrás. As feridas são maiores consoante o teu rival. O Bayern é um grandissimo rival, o FC Porto um ambicioso mas modesto gladiador. O resultado vai ecoar mas não vai ter força suficiente para apagar o logrado até ao dia de hoje e os cimentos de um projecto que - já se viu no Dragão - deve continuar. Com ajustes, obviamente. Com outros protagonistas que sejam de um nivel superior. Mas que não pode ser interrompido por um banho de realidade que só nos deve fazer bem!

Um banho de bola.
Não há outra expressão que resuma melhor o que se passou em Munique. O FC Porto - que na passada semana deu, durante grande parte do jogo, um banho de bola, levou o troco. De uma forma dura, cruel mas inevitável. O realismo obriga-nos a aceitar que há um abismo entre equipas como o FCP - especialmente este projecto de FCP cheio de gente nova, sem experiência - e a elite mundial onde está o Bayern. Os alemães não cometeram nenhum erro, entraram a saber o que tinham de fazer e onde não podiam errar e quando todas as suas peças encaixam e funcionam em unissono, é muito dificil dar-lhes a volta. Não temos nem os meios, nem os recursos nem as individualidades para em 180 minutos impor a nossa lei. Somos um plantel com muitas carências, carências com um preço elevado se o objectivo é competir com a elite. Uma equipa sem laterais suplentes na lista UEFA, uma equipa sem um guarda-redes de nivel é uma equipa que se arrisca a sofrer o acosso ofensivo pelo ar que o Porto sofreu. O Bayern pode ser uma equipa de Guardiola mas é também uma equipa alemã e foi á velha escolha alemã que nos bateu, com bombardeios pelo ar, desde as alas, onde estava o nosso ponto débil, frente a um guarda-redes incapaz de parar uma.



O FC Porto fez um jogo horrível e sem desculpas. Se o da semana passada foi um dos maiores da nossa história na Europa, o de hoje entrará seguramente na galeria dos piores. O lado negro da lua.
Fisicamente destroçados pelo esforço de há uma semana, não houve nem pernas nem cabeça. Não se pode estar a este nivel sem rematar á baliza do rival em toda a primeira parte. Tudo aquilo que foi bem feito no Dragão desapareceu. Não havia pressão na saida da bola, não havia pressão nos interiores. Os laterais encolheram-se e a equipa baixou com eles. Em nada jogava-se no ultimo terço do nosso campo. Cada recuperação era um pontapé para longe que acabava em terra de ninguém. Porque ninguém andava por lá, só mesmo a sombra de Neuer. Nem Oliver, nem Brahimi nem Quaresma tiveram critério para construir. Não havia linhas de passes porque, ao contrário do jogo com o Porto - onde parece claro que Guardiola nos subestimou - a lição estava bem estudada. Jackson engolido por Badstuber, os extremos presos á linha, sem mobilidade, condicionando todo o nosso processo ofensivo. Com a bola nos pés eramos inofensivos, sem ela fomos cordeiros. Depois de uma serie de entradas no inicio para "assustar", ficou claro que os alemães não se iam encolher e até esse feito desapareceu.
O Bayern fez o que quis com a bola, com o espaço e connosco. Empurrou a equipa até á grande área e esperou para morder. Repetiu a formula constantemente. Basculação lateral, posses largas e esperar. Sem pressas, sem medos, sem ansiedade.
Aos 25 minutos o jogo tinha acabado. Três golos muito parecidos entre si. Centros bem medidos, erros de marcação individuais na defesa, guarda-redes incapaz de travar remates não demasiado complicados e bolas pelo ar que acabam na baliza. Um desnorte completo, um reflexo das nossas debilidades. No Dragão tinha-se evitado esse modelo de jogo do Bayern pressionando mais, empurrando as linhas. Em Munique foi impossível. Ao quarto golo - uma pifia de Fabiano imperdoável - a humilhação era completa. Justa, porque só dava Bayern, mas dolorosa. Depois foi só contar os golos com a inevitabilidade de quem sabe que não pode fazer absolutamente nada para travar os acontecimentos. Na segunda parte o jogo mudou porque o resultado convidava a isso, ao Bayern a baixar o nivel e a pressão o que dava espaço e ar para o Porto fazer o seu jogo. Sem Quaresma (nada a apontar ao 7, nada) e sem Reyes, a equipa estava mais segura na construção e foi subindo linhas. É preciso aplaudir a atitude de quem, a perder por 5 no Allianz, não baixou os braços e lutou. E marcou. Um golo de Jackson, talvez o seu ultimo nas provas europeias pelo Porto, que resume bem tudo aquilo que o colombiano dá a esta equipa. Mas mesmo maquilhando o marcador, que sempre é melhor, e quebrar uma longa imbatibilidade do Bayern em casa (algo que ninguém vai mencionar) já se sabia que era impossivel.
Impossível porque o Bayern é uma grande equipa. Porque saiu tudo mal e porque o nosso plantel não tem opções para competir a este nivel. Ao Bayern tudo funcionou depois de um jogo de erros individuais que deu uma impressão errada do seu real valor. Mas não dá. E dificilmente dará salvo se se reunem - como em 2004 - todas as circunstâncias perfeitas (e nem Lopetegui é ou será Mourinho nem o plantel actual tem o nivel e a mentalidade daquele). "Vergonha" é gastar mais de 400 milhões como tem feito o PSG ao longo dos anos para depois ser vulgarizado pelo Barcelona como se fosse uma equipa do "nosso" campeonato. Nunca se esqueçam disso!


A equipa sofreu o peso da noite, sofreu o peso da pressão dos adeptos e do rival.
Lopetegui pouco podia fazer da linha. Gritou. Bem que gritou. Mas colocar Reyes foi abrir um corredor (a substituição era inevitável). Ter insistido em Andrés Fernandez em Agosto para competir com Fabiano em vez de apostar-se num guarda-redes de topo foi um erro que se pagou agora e o resto limitou-se a suceder com a naturalidade das goleadas. Uma noite destas pode passar a todas as grandes equipas. Basta os astros se unirem contra. Inglaterra levou sete da Hungria, o Brasil da Alemanha, o Bayern do Real e o Real do Barcelona. Mas como são gigantes - como nós - o tempo permite esquecer e seguir o caminho. É o que temos e vamos fazer. Porque este FC Porto, o mesmo desta goleada, é um projecto para ser aplaudido de pé. Esta foi a nossa noite negra mas não apaga o brilhante trabalho nos onze jogos anteriores, jogos sem derrotas, jogos onde impusemos o nosso modelo, a nossa atitude e o nosso valor. Jogos que valeram a admiração do futebol mundial. Justa admiração. A esta equipa, á mesma que perdeu hoje e que ganhou no Dragão, a que aplaudir a evolução e a forma como defenderam o escudo do FC Porto mesmo quando correu mal. O FC Porto que foi uma das revelações da Champions League não se resume a um jogo - bom ou mau. Chegamos onde poucos chegam, ganhamos a uma das melhores equipas do Mundo "sem espinhas" e depois encontramos um buraco negro emocional que nos sugou a alma. Que nos devolveu á realidade de ser o maior clube da segunda divisão europeia, uma segunda divisão que vive num mundo muito distante da primeira.

Estes jogadores, este treinador, este projecto merece hoje um reforço do nosso apoio, da nossa confiança. Porque quem chegou á lua merece passar pelo seu lado negro. No domingo há mais um jogo para vencer - e já disse Mourinho, há uns anos atrás, "alguém tem de pagar" - e mesmo que este ano acabe num vazio de titulos é preciso não perder a perspectiva, não perder a consciência de que esta viagem é larga e não deve ir afundo á primeira tempestade com que nos cruzamos. Todos sabíamos que jogar com gigantes raramente acaba bem e que podemos ser esmagados. Não devemos perder nunca a perspectiva, esta não é a nossa guerra, não é a nossa batalha. O FC Porto saiu humilhado no marcador de Munique como nunca na sua história mas essa ferida vai sarar e vai fazer-nos mais fortes porque os melhores guerreiros são aqueles que mais cicatrizes levam no corpo. Esta é para não esquecer e algum dia devolver. Mas não é uma ferida de morte. Porque o FC Porto é imortal!

Um mais para a colecção

No dia 19 de Maio o Bayern de Munich preparou-se para ganhar a Champions League. Jogavam em casa – no seu próprio estádio. Eram os máximo favoritos. Tinham eliminado, em grandes penalidades, o Real Madrid. O seu rival dessa noite jogava feio, jogava porco e jogava mal para a esmagadora maioria de adeptos neutrais e analistas. Era mais uma questão de quantos e quando e não uma questão de se. Afinal era o Allianz, a cidade estava já a preparar-se para esvaziar os stocks de cerveja e havia instruções claras sobre como o cortejo ia ter lugar no dia a seguir. O Bayern ia ser campeão europeu em casa. Diante dos seus. Deutschland Uber Alles e todas essas coisas.

O Bayern dominou. Dominou. Dominou. Bola aquí, bola ali. 
Flanqueava o jogo, conduzia o esférico. Trocava a bola no meio-campo do rival. O seu sobrava. Não estava lá ninguém. Só Neuer. Todos os azuis no seu meio-campo, na sua área. Rezavam, rezavam e rezavam. A bola mexia-se, mexia-se mas não encontrava o espaço, a oportunidade. Não entrava. Até que chegou o minuto 83. O minuto da euforia. A bola encontrou Muller. Muller encontrou o espaço. Cech não podía fazer nada. O Bayern ia ser campeão europeu em casa. Diante dos seus. A velha arrogância voltou ao de cima. A mesma de todas noites bávaras, a de Viena 87, a de Barcelona 99, estava tudo lá. O Bayern era campeão europeu para tanta gente que até o seu treinador, Jupp Heynckes, decidiu tirar a Muller de campo para receber o aplauso, a ovação. A medalha no peito. Mas o Bayern, o todo poderoso Bayern, o que jogava em casa, no Allianz, não foi campeão europeu. Não foi nada nessa noite.
A um minuto do fim o Chelsea decidiu que era a hora de atacar. Algum dia tinha de acontecer. Foi ali. Ataque, defesa, canto, centro, cabeceamento, golo. Drogba. Outro africano como Madjer. Outro fantasma para o baú. Do golo ao prolongamento foi um instante. Do prolongamento aos penaltis também. A velha arrogância no Allianz, a sensação de invencibilidade que aqui mandamos nós, apanhou o primeiro autocarro para casa e deixou os adeptos entregues a si mesmo. Vieram os penaltis. Veio Neuer e veio Cech. O primeiro era um expert reconhecido, tinha defendido até dois penaltis do Real Madrid na ronda anterior. O segundo tinha atravessado os penaltis de Moscovo, quatro anos antes. Foi Cech, foi o Chelsea, foram os pequenos que não jogavam a nada, os azuis, que ganharam. E o Allianz lá teve de trocar as cores que brilhavam. Saia o vermelho, entrava o azul. A ordem lógica do Mundo estava estabelecida.

Hoje o Allianz vai outra vez estar vermelho. 
Hoje a velha sensação de invencibilidade vai estar lá. Hoje vamos ser nós os pequenos, modestos, os que não contam para nada. Os que vão ter de esperar quando entrarão os golos alemães de forma quase subserviente porque é assim que funcionam as coisas na Baviera, dirão. Uber Alles e todas essas coisas. Mas não. De ir ganhar a casas vermelhas sabemos nós. De ultrapassar a arrogância e sobranceria alemã também. Tal como em 2012, o FC Porto também não conta para nada na opinião de muitos (até de alguns que, pasme-se, viram o jogo da primeira mão!!). E tal como em 2012 há uma sensação na Baviera de que aqui não ganha ninguém a não ser eles. 
Uma mentira contada mil vezes não deixa de ser mentira. Já se ganhou no Allianz uma Champions – e hoje, é uma final de Champions para nós e ainda mais para eles, depois da lição levada no ano passado – e não foram eles a ganhar. Já passou um exército azul desconsiderado e mandou calar com golos os que gritavam de peito feito e coração vazio. O Bayern não é nenhum papão e o Allianz não é o terceiro nível do purgatório. De infernos e criaturas mitológicas entendemos nós. E de perder em casa com azuis quando todos os davam por vencedores entendem eles.



O Allianz hoje é só mais um estádio. Só mais um Old Trafford, um Gerland, um Riazor, um Olimpico de Kiev, um Olimpico de Roma, um Werderstadion, um Pittodrie, um De Kuip. Um estádio mais para a nossa colecção de noites europeias memoráveis. Hoje o Allianz pode ter acordado vermelho e com a arrogância de quem já canta vitória só porque joga em casa. Mas vai dormir azulinho, ao som de uma valsa de acordes que nunca se esquecem. 

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O Ragnarok

Foi um jogo [Bayern x FC Porto, na época de 2000/2001] sui-generis, porque o árbitro [o escocês Hugh Dallas] quis pôr o Bayern nas meias-finais. O Fernando Santos [treinador do FC Porto] até se exaltou no final do jogo e foi castigado. Poderíamos ter feito mais, mas não nos deixaram”,
recordou Jorge Costa, ex-capitão do FC Porto e actual seleccionador do Gabão, que receia que o mesmo aconteça amanhã em Munique onde, refere, “não será fácil ao FC Porto sobreviver”.


António Sousa, ex-jogador do FC Porto, considera que o jogo na Allianz Arena “vai ser uma missão complicadíssima”.
O Bayern é uma equipa de ‘top’, não tenho a menor dúvida em considerá-la a melhor equipa em termos europeus” e, por isso, apesar da vantagem alcançada na 1ª mão, Sousa considera que “o FC Porto, num dia terrível, vai ter muita dificuldade para passar” às meias-finais da Liga dos Campeões.
Espero estar enganado, mas a minha perspectiva em relação a essa possibilidade é muito reduzida”, acrescentou o ex-médio portista, que se sagrou campeão europeu em Viena, na época 1986/1987.


José Manuel Ribeiro, O JOGO

«Os lesionados serão infiltrados, a nomeação do árbitro será vigiada, os prémios serão aumentados. O FC Porto vai encontrar em Munique aquilo que, na mitologia nórdica, se chama o Ragnarok. O Apocalipse.
José Manuel Ribeiro, O JOGO, 18-04-2015


Estou de acordo com as opiniões expressas por Jorge Costa, António Sousa e pelo director de O JOGO.
Se ganhar ao Bayern no Estádio do Dragão foi tremendamente difícil e só possível graças a uma exibição transcendente da equipa do FC Porto e a um dia menos bom de alguns jogadores do colosso da Baviera, ir a Munique sem Danilo, Alex Sandro e Tello (a que poderia juntar Adrián López, o nosso Javi Martínez...), tendo de fazer adaptações em metade da defesa, resistir 90 minutos e sair do Allianz Arena com a eliminatória na mão, seria épico!
Na minha opinião, algo só comparável às vitórias “impossíveis” sobre o Dinamo Kiev de Lobanovsky e este mesmo Bayern, na época 1986/1987.

Mas, apesar do meu cérebro me dizer que as probabilidades de sucesso são baixas, o meu coração acredita.

domingo, 19 de abril de 2015

Nas nuvens

Na viagem para Munique, rumo ao sonho de eliminar o colosso da Baviera e seguir em frente na maior competição de clubes do Mundo, a comitiva do FC Porto foi recebida em apoteose no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, por milhares de adeptos portistas, num ambiente de verdadeira loucura e enorme amor clubista.




Na sua versão online, o JN escreveu:

«Bandeiras, cachecóis e gargantas afinadas foram os sinais de uma grande manifestação de fé portista, ao início da tarde, no Aeroporto de Pedras Rubras. Os adeptos azuis e brancos mobilizaram-se e invadiram, no bom sentido, a aerogare, acompanhando os jogadores desde o autocarro até ao “check in”.»




e O JOGO escreveu:

«A saída do autocarro demorou cerca de 10 minutos, tal o mar de gente que bloqueou a passagem. Quaresma, que marcou dois golos na primeira mão, foi o mais saudado pelos adeptos, seguido pelo colombiano Jackson.»




Na sua página no Facebook, Maicon partilhou um vídeo e escreveu:

«Hoje presenciei um dos momentos mais brilhantes, esses adeptos são fantásticos. Cada dia nos surpreende mais. Arrepiante, mágico! Muito orgulho de fazer parte dessa família que é o FC Porto. Porto Sempre! #FCPorto #SomosPorto»




Se o FC Porto conseguir o feito histórico, que seria, numa eliminatória a duas mãos e com o 2º jogo disputado na Alemanha, eliminar o Fußball-Club Bayern München, eu... eu nem quero imaginar!

Deixem-me sonhar!...



sábado, 18 de abril de 2015

3 pontos a pensar em Munique

15 de Abril de 2015, 19:45: hora de início do FC Porto x Bayern Munique
21 de Abril de 2015, 19:45: hora de início do Bayern Munique x FC Porto

No interesse do FC Porto, mas também do futebol português (quantas vezes é que as meias-finais da UEFA Champions League tiveram a participação de um clube português?), o FC Porto x Académica não devia ter sido disputado hoje.

Contudo, como a Liga não aceitou o adiamento do jogo e, ainda por cima, o presidente dos árbitros, o senhor Vítor "Sistema" Pereira, teve o descaramento de nomear o "artista" Duarte Gomes, Julen Lopetegui fez o que tinha de fazer e escalou um onze inicial a pensar no jogo mais difícil e, talvez, mais importante que os dragões irão disputar esta época: o Bayern München x FC Porto da próxima terça-feira, no Allianz Arena.

Assim, fora do onze inicial, ficaram Maicon, Marcano, Indi, Casemiro, Herrera, Óliver, Brahimi, Quaresma e Jackson, que se prevê irem ser titulares em... Munique.

Pensei que Ricardo também ia ser poupado e que Danilo (que não poderá jogar em Munique) iria jogar. MAS, atendendo a que Danilo está no limiar dos cartões amarelos (o árbitro era Duarte Gomes!!) e que Ricardo precisa de ganhar algum ritmo de jogo, Lopetegui fez bem em o ter escolhido para o onze inicial.

Ricardo

Perante estas escolhas, suponho que ninguém estaria à espera de uma exibição de luxo. Isto não é pegar em 11 jogadores, por melhor que eles sejam, mandá-los lá para dentro e agora, olhem, entendam-se...
O futebol é um jogo colectivo e, para as coisas saírem bem, é preciso entrosamento, rotinas, mecanização, movimentações treinadas, jogadas estudadas, etc. e ritmo de jogo.

Mesmo assim, o jogo poderia ter ido para intervalo com o FC Porto a ganhar por 4-1 e podia ter terminado 7-2.
Não foi assim. Apesar das oportunidades flagrantes, para os dois lados, só houve um golo, marcado por Hernâni, que me pareceu um dos mais empenhados, no tal jogo que não deveria ter sido disputado hoje.

Quaresma e Brahimi, de fora, dão os parabéns a Hernâni

Em sentido contrário esteve Quintero, que voltou a desperdiçar a n-ésima oportunidade que Lopetegui lhe concedeu.
O que se passa com este rapaz? Quer seguir as pisadas dos seus compatriotas Falcao, Guarín e James?
OK, mas primeiro tem de mostrar o que vale, porque ter um talento inato não chega.

Quem também esteve abaixo do que seria expectável foi Aboubakar, ao ponto de obrigar Lopetegui a substituí-lo por Jackson, a cerca de 10 minutos do fim. Aliás, o ponta-de-lança camaronês deve ter consciência que fez um jogo muito fraco, porque me pareceu ter saído chateado consigo próprio.
Se Aboubakar continuar a jogar a este nível e confirmando-se a pré-anunciada saída de Jackson no final da época, a SAD terá de ponderar uma ida ao mercado.

Em resumo, este jogo valeu pelos 3 pontos, por mais ninguém se ter lesionado e por não haver castigados para o jogo da Luz.

E agora, Munique...

Os adeptos também a pensar em Munique