sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Miséria


Hoje foi o corolário lógico de uma série de jogos a jogar um péssimo futebol. Foi penoso demais para o adepto ir ao Dragão ver os três últimos jogos. Agora já não desculpas. Já não serve de justificação às paupérrimas exibições a desculpa das lesões, nem o cliché da “equipa em construção”, nem a saída de jogadores nucleares, nem a má forma física de alguns jogadores. Simplesmente não há mais desculpas. O modelo de jogo de Jesualdo faliu. E já faliu há muito tempo, com a particularidade de terem sido os jogadores de grande nível a disfarçar a pobreza do jogo de Jesualdo Ferreira.
Não há capacidade para criar jogo ofensivo, não há pressing sobre o adversário, não há movimentações e combinações ofensivas, não há meio-campo dominador, não há eficácia nas bolas paradas, não há nada a não ser bola nos centrais e pontapé para a frente. É o deserto total de ideias. Assim nem com um orçamento de 80 milhões vamos lá. Temos um plantel cheio de craques e não jogamos nada. Se o modelo é assim tão imutável como Jesualdo tem feito crer publicamente então mude-se o treinador no fim da época. Esta forma de jogar e de ver o futebol já deu o que tinha a dar.

Quem brinca com o fogo...


Jesualdo Ferreira, nas considerações que fez à anterior partida do campeonato, diante da Académica, reconheceu que a equipa teve uma má prestação na 1ª parte nesse encontro, sendo que tal situação não poderia voltar a repetir-se. Perante esta observação do treinador portista, é inconcebível que os seus jogadores voltem a cometer o mesmo pecado no jogo de ontem com o Belém, volvidos que estão apenas 5 dias da partida transacta. Parece que naquele balneário não se aprende com os erros.

Tal como no Domingo passado, os primeiros 45 minutos do FC Porto na noite passada foram enfadonhos, lentos, previsíveis, sem ritmo, velocidade, dinâmica. Em suma, sem qualquer adjectivo bom que se possa classificar. Pelo contrário. Para aquele 1º tempo, a equipa e seu treinador mereciam ouvir das bancadas do Dragão o mais requintado português de salão tão querido nos bairros mais carismáticos da nossa cidade Invicta. Nem o retorno – pouco feliz – de Belluschi foi suficiente para incutir mais magia ao jogo azul e branco. Este FC Porto revela na sua génese uma gritante falta espontaneidade.



E quando não se retira ensinamentos com erros passados, eis que Lima, logo no recomeço do 2º tempo, mostra aos homens de Jesualdo o quão caro se pode pagar com as mesmas falhas. O Dragão, a frio, fica em desvantagem no marcador. E se a tarefa com um empate já parecia complicada, o murro no estômago que FC Porto levou, tornou a missão ainda mais complexa. Falcão por esta altura já fazia companhia a Farias na área. Com o resultado adverso, Jesualdo prescindiu do lateral menos ofensivo, Sapunaru, para alargar mais a frente de ataque com Rodriguez. O Porto carregou no pedal um pouco, mostrou como este Belém ate é fácil de contornar, chegando ao empate. Havia tempo para dar a volta ao marcador. E engenho?

Até ao final o Dragão jogou muito com o coração, mas com pouca objectividade. O perigo rondou a baliza de Nelson, mas sempre à custa de lances mais ou menos previsíveis, cruzamentos disparatados e intensidade desconexa. A verdade é que estes jogadores parecem não se estar a dar bem com a fórmula que Jesualdo implementou desde que chegou ao FC Porto. Os intérpretes agora são outros, com características bem distintas, pelo que poderá ter chegado a hora de o Professor começar seriamente a ponderar a implementação de um novo modelo que vá mais de encontro ao seu actual plantel.



Fica para o fim desta crónica, mas ate poderia ser no inicio, a marca que a equipa de Olegário Benquerença deixa neste jogo ao minuto 25. A anulação do golo a Farias nunca poderia ter acontecido, pois o Argentino, apesar de estar em posição de fora de jogo, recebe a bola proveniente do corte do defesa central do Belenenses Gavilan. Claro que isto é assunto que não será objecto de menção dos pasquins do costume. Infelizmente nem merece ser, porque se este FC Porto quer ganhar os seus jogos, tem de fazer muito mais do que fez esta noite.

Fotos: uefa.com, Getty Images

SMS do dia - LXXXIV

Exercício de matemática: 4 + 3 + 3 = Zero

Repetir 3x


PS: Alguém viu um treinador tetracampeão por aí?

Passadeira encarnada


Benfica x Marítimo
1 penalty (quando o resultado estava em 0-1)
6 cartões amarelos

V. Guimarães x Benfica
1 penalty (quando o resultado estava em 0-0)
4 cartões amarelos
2 expulsões (ambas por acumulação de amarelos)

Benfica x V. Setúbal
1 penalty
6 cartões amarelos

Belenenses x Benfica
2 cartões amarelos

U. Leiria x Benfica
1 penalty (quando o resultado estava em 1-1)
3 cartões amarelos

Benfica x Leixões
1 penalty
7 cartões amarelos
1 cartão vermelho directo
2 expulsões (uma por acumulação de amarelos)

Paços Ferreira x Benfica
3 cartões amarelos

Benfica x Nacional
2 penalties
8 cartões amarelos
2 expulsões (ambas por acumulação de amarelos)


7 penalties a favor do SLB, juntamente com 39 cartões amarelos e 6 expulsões de jogadores das equipas adversárias, são números que poderão ter muitas interpretações.

Significa isto que os encarnados estão a ser levados ao colo?
Há quem diga que sim. Eu, para já, limito-me a constatar factos que retratam a realidade ao fim de oito jornadas.
É cedo para tirar conclusões definitivas, mas não é normal que uma equipa beneficie de praticamente um penalty por jogo e, simultaneamente, os adversários sejam penalizados com tantos cartões e expulsões.

Nota: Se houver algum erro nestes números, agradecia que o mesmo nos fosse reportado para que pudéssemos corrigir.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Em estratégia que ganha não se mexe !


Foi uma AG bem comportada e mais animada do que o costume. Obviamente que estando presente o Alexandre Magalhães, alguma fricção teria que ocorrer, mas nada que passasse das normas. Não houve necessidade de recorrer ao amarelo.
Houve variadas intervenções e foram as contas e a política de remunerações da SAD os pontos que foram objecto de maior discussão.

O Dr. Fernando Gomes (FG) tomou a seu cargo, como vem sendo habitual, a apresentação e defesa do relatório, o que fez de forma segura e sucinta, seguindo o comunicado resumo dos resultados consolidados em 2008/9, presente à CMVM. A defesa do documento seguiu o guião habitual. FG esmiuçou um ou outro ponto, nomeadamente que o aumento dos custos com pessoal decorreram dos prémios concedidos aos jogadores no quadro de uma época recheada de vitórias e aos aumentos introduzidos para evitar novos casos Paulo Assunção. Aliás, a sua intervenção não poderia ter sido muito diferente, pois a SAD segue a sua linha estratégica vencedora em todos os escrutínios, quer junto dos sócios quer dos accionistas, como as votações de 27 e 28 de Outubro de 2009 comprovam.

FG não prevê sequer um Plano B no caso de ocorrer uma não presença na CL e/ou a alienação de passes dos jogadores não gerar as mais valias expectáveis. O próximo relatório já dispõe de mais valias confortáveis – com as vendas de Lisandro, Cissokho e Ibson - e acredita a direcção que o ciclo se vai manter, porque o sistema se renova automaticamente, consubstanciado na onda de sucessos que veio para ficar. Aceita (FG) que há riscos, mas este é o plano traçado e porque não apresenta contra-indicações vai continuar.

Outro tema que esteve na berlinda foi a não reposição dos capitais próprios e o incumprimento das disposições do artigo 35º do Código das Sociedades Comerciais, pouco entendível segundo um accionista, que disse não compreender a relutância da SAD na adequação dos capitais próprios às disposições legais.
Se no passado recente a SAD tencionava em momento próprio debater o assunto em Assembleia Geral, é neste momento convicção da Administração que a estrutura de capitais da sociedade vai sair tão melhorada, que vai dispensar o recurso de qualquer medida extraordinária. Já não se fala de AG para o efeito, neste RC.

Para reforçar a sustentabilidade da sociedade, FG disse que a solvabilidade da empresa nunca esteve em causa e que a SAD do FCP não tem qualquer receita adiantada já contabilizada, o que é uma excepção no panorama futebolístico/contabilístico cá do burgo.

A uma afirmação de um outro accionista que considerava que 10% de encargos financeiros era um exagero e uma condição que nos colocava perigosamente demasiado dependentes da banca, FG respondeu que a SAD continua a ter acesso “fácil” à contratação de empréstimos e que as vendas dos passes a outros emblemas (nomeadamente ao Lyon e ao Marselha) caucionaram empréstimos negociados junto do Millenium BCP e BES, respectivamente.

O Orçamento foi apresentado e segue a metodologia e os indicadores anteriores, como indicia um aumento dos proveitos de 6,64% e de custos de 11,34%, para um lucro estimado de 3m€. À pergunta se era expectável ocorrerem compras ou vendas em Janeiro a resposta foi negativa.

Sobre a política de remuneração um representante da comissão interveio para dizer de sua justiça. Falou do mercado, do benchmarking e fez uma defesa da proposta pouco esclarecedora, ao ponto do FG ter tido necessidade de intervir para dar explicações suplementares.

Alexandre Magalhães que já tinha feito uma intervenção sobre o RC, neste ponto foi duro e considerou um escândalo as remunerações da SAD, tendo exigido saber quais eram as remunerações fixas para poder chegar às compensações variáveis. Ficamos a saber que o Presidente vence 400.000 € e os restantes administradores 60% deste valor. Como compensação variável, 75% do valor fixo pelo facto do FCP ter sido campeão nacional. Alguma polémica (pelo método proposto e pelos valores) e tanto silêncio. A grande maioria era silenciosa e aprovou a proposta.

No final uma troca de galhardetes entre PdC e AM. Já depois de terminados os trabalhos o Presidente fez uma declaração para agradecer a prova de confiança dada à Administração, como comprova o facto que do capital representado na AG de 62,6%, apenas 0,0173% tenham votado contra.

AM pediu o direito de resposta por uma questão de honra e declarou que era incompreensível aquela atitude do Presidente pois como accionista tinha o direito de votar segundo o seu juízo e que tal direito deveria ser respeitado sem acinte pelo Presidente da Administração. Colateralmente, aproveitou para dizer que o conhece há 60 anos e conhece bem aquele tipo de reacção tão própria do antigo amigo.

Foi das AG’s a que assisti a mais interessante e mais participativa. Estas notas são feitas de memória. Espero não ter atraiçoado o sentido das intervenções e penalizo-me por não ser capaz de ser mais exaustivo, mas temo não reproduzir com exactidão razoável o que foi expressado.
Para o ano há mais.

Em estratégia que ganha não se mexe. Perceberam!

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A outra história do SLB-Nacional


A comunicação social, afecta na sua esmagadora maioria aos encarnados, está em êxtase. O clube do regime “esmagou”, “triturou”, “mastigou” o Nacional por 6-1 e, beneficiando dos dois pontos deixados pelo Braga em Vila do Conde, atingiu a liderança do campeonato. Nesta história não entram árbitros, nem o “Sistema” e muito menos há problemas relacionados com a verdade desportiva e a credibilidade do futebol português. Como que por magia, tudo é apresentado como se fosse um conto de fadas.
E, contudo, a história do SLB-Nacional poderia ter sido outra...

43': "Aimar entrou a pés juntos sobre Patacas, protagonizando conduta violenta e justificando cartão vermelho que o árbitro mandou às urtigas", Jorge Coroado

48': "Não há falta de Felipe Lopes, mas antes simulação de Aimar, a quem devia ser exibido o cartão amarelo", Rosa Santos

Pois é, mesmo que o árbitro não tivesse expulso Aimar pela entrada violenta que protagonizou aos 43 minutos, o mínimo seria o cartão amarelo e, portanto, teria de o fazer por acumulação aos 48 minutos. Assim, numa altura em que o SLB estava a vencer tangencialmente, em vez de se ver reduzido a 10 jogadores e ter de jogar a 2ª parte toda com menos um, viu-se a ganhar confortavelmente por 3-1. Em contrapartida, no início da 2ª parte o Nacional já tinha metade (!) dos seus jogadores de campo condicionados... perdão, amarelados (28' Edgar Costa, 32' Patacas, 39' Rúben Micael, 47' Mateus, 48' Felipe Lopes).

63': Saviola marca o 4-1, após um contra-ataque precedido por uma falta clara sobre Rúben Micael

«Manuel Machado, por sua vez, não escondeu a frustração pela forma como a equipa sofreu o 4-1, queixando-se ao quarto árbitro, Luís Reforço, de uma falta sobre Rúben Micael, que ficou deitado no chão. No momento do quarto golo, Jesus mandou Rúben levantar-se e não perdeu a oportunidade de picar o inimigo Machado, fazendo um gesto com a mão para o banco do Nacional mostrando quatro dedos»
in O JOGO, 27/10/2009

85': Patacas vê o segundo cartão amarelo e é expulso.

"Patacas corre atrás de Amorim, e não se nota qualquer infracção do jogador do Nacional. Foi exibido indevidamente o segundo amarelo a Patacas.", António Rola

Se até António Rola (ex-assalariado do SLB) o diz, não é preciso acrescentar mais nada.

O 5-1 foi marcado no minuto seguinte ao Nacional ter sido indevidamente reduzido a 10 jogadores e o 6-1 final, obtido em tempo de descontos e novamente de penalty (Cardozo ameaça bater o recorde de penalties de Jardel alcançado em 2001/02), foi já com o Nacional reduzido a 9 jogadores.

"Ao intervalo estava 2-1, analisem tudo o que se passou na segunda parte. O penalty sobre Aimar não existiu e no quarto golo houve falta sobre mim. A segunda parte fica para vocês, jornalistas, comentarem o que se passou. Quando estamos em campo e vemos aquilo que se passa, é muito complicado."
Ruben Micael, médio do Nacional

"A segunda metade não abona o futebol. O penalty que dá o 3-1 e a falta grosseira sobre o Ruben Micael, que dá o 4-1, acabaram com o jogo. Depois, com menos um e menos dois, eles marcaram seis e até podiam ir por ali fora."
Manuel Machado, treinador do Nacional

2 penalties + 2 expulsões + 8 cartões amarelos para jogadores do Nacional.

Esta é a outra história, aquela que não interessa à comunicação social encarnada e que, por isso, não dá origem a capas de jornais, a fóruns de opinião ou a acalorados programas televisivos com convidados escolhidos a dedo.

Parafraseando um conhecido anúncio televisivo, é caso para questionar: poderia o SLB ganhar sem as sucessivas ajudas das arbitragens?
Podia, mas não era a mesma coisa...


A frase do ano:
"Um vintém é um vintém, um cretino é um cretino. Podem pintá-lo de amarelo, azul ou vermelho, como quiserem. Há coisas que não mudam, são valores absolutos."
Manuel Machado

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O cabo das tormentas


«Rodríguez está em plena pré-época, mas tem de a cumprir num período repleto de competição. Em suma, tem muito jogo e pouco treino (...). Mesmo assim, é difícil exigir nível máximo a um jogador que já enfrentou lesões em ambos os joelhos e que só cumpriu 20 sessões de treino sem quaisquer limitações num total de 101 possíveis. Tudo isto é agudizado por constantes viagens para a América do Sul (...). Rodríguez não tem sequer 500 minutos nas pernas e de azul e branco só fez 6 dos 9 jogos que soma esta época. (...) Entretanto, acelera no Olival para voltar a ser desequilibrador na faixa, formando com Hulk e Falcão o ataque há tanto prometido.»
in Record, 24/10/2009


«Pelo menos até agora, Jesualdo Ferreira nunca conseguiu ter à sua disposição aquele que parece ser o seu "onze". Ou falta Hulk por estar castigado ou falta Rodríguez por lesão ou não conta com Fernando por castigo ou não pode utilizar Belluschi por lesão. E para complicar, também lhe faltam Varela e Valeri e Orlando Sá e Tomás Costa para compensar as ausências dos titulares.»
Jorge Maia, O JOGO, 24/10/2009


Antes da largada para a longa viagem que é a época futebolística 2009/10, o comandante da nau azul-e-branca viu partir para outras paragens três dos seus elementos mais capazes – Cissokho, Lucho e Lisandro – e, no caso da dupla argentina, não será exagero dizer que eram dos navegadores mais experientes e que foram pilares fundamentais de epopeias anteriores, nomeadamente na conquista do Tetra aos “mouros” e nas batalhas com as principais potências europeias.

No total saíram 9 e entraram 11 novos marinheiros (!) e, estava a armada portista em ensaios para treino da nova tripulação e já as maleitas afectavam vários deles, com destaque para a baixa prolongada de Rodriguez.

Também há que contar com o Adamastor e com as forças ocultas que manobram nos bastidores. Ainda se via o porto de partida e logo na primeira etapa Hulk era vítima de um inédito castigo, só regressando às lides na quarta etapa da viagem.

Depois vieram mais e mais lesões (no último desafio eram sete!), ao ponto do comandante nunca ter tido à sua disposição a tripulação completa e, inclusivamente, obrigando-o a recorrer a iniciados nas artes de navegar. Todos fazem falta mas, neste domínio, têm sido particularmente sentidas as ausências de Silvestre Varela, Belluschi e agora também de Fucile.

Em paralelo, todos os meses a tripulação portista tem sido desfalcada dos seus marinheiros internacionais, os quais se têm ausentado e estado várias semanas ao serviço dos seus países. Também neste aspecto os dragões têm sido, de longe, os mais afectados entre as naus portuguesas. Para o comprovar basta verificar o que se passou na última jornada dupla das competições de países, em que o comandante Jesualdo ficou praticamente duas semanas sem 10 tripulantes, oito dos quais são titulares habituais - Helton, Fucile, Rolando, Bruno Alves, Álvaro Pereira, Meireles, Rodriguez e Falcao (a estes juntaram-se Beto e Guarin).

É verdade que a navegação tem tido alguns zig-zags e a velocidade não tem sido a ideal, mas convenhamos que, nestas circunstâncias, e em tão pouco tempo não é fácil integrar 11 elementos novos e construir uma tripulação coesa com os necessários entendimentos e mecanizações. Seja como for, nada está perdido (longe disso) e, inclusivamente, o cabo Bojador (conquista da Supertaça) já foi dobrado com sucesso.

Enfim, espero que este conjunto de contrariedades, um verdadeiro cabo das tormentas, seja rapidamente ultrapassado e que a nau portista, comandada pelo timoneiro Jesualdo, entre em águas mais calmas, num rumo seguro em direcção aos destinos pré-definidos: os oitavos da LC e a reedição do penta-campeonato.



Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas foi nele que espelhou o céu.

Fernando Pessoa
poema "Mar Português", livro Mensagem

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Noite de Anti-Heróis


O futebol tem destas coisas. Os mal-amados tornam-se heróis de ocasião, e resolvem verdadeiros bicos-de-obra para os quais já parecia não haver remédio. Ao minuto 58 Jesualdo deixa o Dragão perplexo e à beira de um ataque de nervos. Retira Rodriguez de cena, permanecendo em acção Mariano. Resultado, um golo e uma assistência para o médio Argentino, marcando de forma indelével o desfecho do encontro. A outra figura de ocasião foi Farias, ao bisar na baliza de Nereu.


O volumoso e expressivo resultado final (3-2), faz supor que se esteve perante um jogo atractivo e vivo. Puro engano. Com excepção dos 25 minutos finais, a primeira hora de jogo foi de uma apatia atroz. Tão mau que, para se ter noção da mediocridade, o 1º remate da partida surgiu apenas ao 41º minuto do encontro, pelo pé de Rodriguez. Foi uma agonia ver o FC Porto quase rastejar na 1ª parte. Sem velocidade, sem ritmo, sem dinâmica, a Académica não se sentiu minimamente beliscada.

Os homens de Jesualdo regressaram dos balneários para o 2º tempo um bocadinho mais libertos de movimentos. Ainda assim muito previsíveis. Hulk – que foi um trapalhão quase o jogo todo – fez um 1º aviso de que algo poderia mudar, com um remate ao poste. A confirmação vinha logo aí, com o abrir do marcador por parte do “patinho feio” do Dragão. O mais difícil estava feito. E tudo parecia mais leve quando Farias deu maior expressão ao resultado, pouco depois.


Miguel Pedro e Sougou fizeram questão de dizer que o jogo ainda poderia ter alguns cartuchos para queimar, aproveitando a passividade patenteada pelo meio campo e sector defensivo portista na parte final do encontro. Pelo meio Farias voltou a facturar. Na verdade, não foi a reacção da Briosa do último quarto de hora, expressa em golos, que pôs em causa a vitória azul e branca. A dúvida da conquista dos 3 pontos foi alimentada pelos comandados de Jesualdo, naquela horripilante 1ª parte.

Fotos: A Bola

domingo, 25 de outubro de 2009

Outra vez o Lucílio!


«João Tomás fez falta sobre o defesa Moisés, ficou com a bola e surgiu isolado, tendo depois batido o guarda-redes Eduardo»
in A Bola

«O avançado ganha (em falta...) a bola a Moisés e arranca para a área arsenalista»
in Record

«Moisés, apesar da altivez, é claramente carregado em falta por João Tomás. O árbitro Lucílio Batista assim não considerou, o ponta-de-lança aproveitou»
in Maisfutebol

«Golo de Tomás envolveu falta»
in O JOGO

«O Braga foi claramente superior, mas não conseguiu ultrapassar um Rio Ave que, neste jogo, pode agradecer boa parte do empate a um erro do árbitro Lucílio Baptista.»
in PUBLICO


As imagens são claras e a comunicação social é unânime: o golo marcado por João Tomás, que colocou o Braga em desvantagem no marcador, é irregular.
Conforme escreveu o Braga blog, "Lucílio Baptista tem já um passado triste, e nunca foi condenado com justeza, pelos seus casos anteriores. A arbitragem portuguesa está assim a deixar se levar pela onda, dos designados seis milhões...".


De facto, depois de ter transformado a última Taça da Liga em Taça Lucílio, o SLB (Senhor Lucílio Baptista) da arbitragem portuguesa voltou a atacar, criando as condições necessárias para que o clube do regime chegue, finalmente, à liderança do campeonato.
Parabéns ao calabote dos tempos modernos e a quem o nomeou.

Manual do Adepto Eficiente - Capítulo 3

Capítulo 3 - Grão a grão, enche a galinha o papo... Mas de olho no jogo

Se tiver de petiscar, jantar, almoçar ou lanchar, tente não ocupar em simultâneo a boca e as mãos. Ou então deixe a pipoca e o cachorro para o intervalo...

Deixe espaço para um cântico, um gesto bonito ao adversário ou o sempre bonito bater palmas. Lembre-se que pode querer festejar um golo, felicitar o árbitro pela profissão altruísta de algum membro da família ou para acompanhar a claque numa manifestação de apoio.

sábado, 24 de outubro de 2009

Alterações aos Estatutos da SAD

in Convocatória da AG da SAD:
7. Apreciar e deliberar sobre uma proposta de alteração parcial dos Estatutos da Sociedade, especificamente nos seus artigos décimo primeiro, vigésimo e vigésimo segundo.
trocando isto por miúdos, as alterações propostas são para adequar os estatutos da SAD a algumas recomendações da CMVM e são estas:

No artigo décimo primeiro é acrescentado este ponto:

- dois – Na eventualidade de o Conselho de Administração ser composto por mais de três membros, pelo menos um de entre eles deve ser não executivo

O artigo vigésimo passa a ter a seguinte redacção:

- um - A Assembleia Geral é constituída somente pelos accionistas com direito de voto cujas acções se encontrem inscritas em seu nome em conta de registo de valores mobiliários no quinto dia útil imediatamente anterior ao designado para a reunião da Assembleia Geral, e que comprove tal inscrição perante a sociedade, até às dezassete horas do terceiro dia útil anterior ao designado para a reunião, mediante carta emitida pela respectiva entidade registadora certificando essa inscrição e o bloqueio das correspondentes acções até ao termo da reunião da Assembleia Geral.

- dois - Em caso de suspensão da reunião da Assembleia Geral, e sempre que o intervalo entre a sessão inicial e a nova sessão seja superior a cinco dias úteis, só poderão participar e votar na nova sessão os accionistas que, relativamente à data desta última, satisfizerem os requisitos fixados no número anterior.

- três - O disposto nos números anteriores deste artigo não se aplica às Assembleias Gerais universais.

- quatro - A Assembleia Geral delibera qualquer que seja o número de accionistas presentes ou representados, tanto em primeira como em segunda convocação, sem prejuízo da exigência legal de certo quorum constitutivo e, designadamente, da necessidade de que, em primeira convocação, estejam presentes ou representados accionistas com, pelo menos, dois terços do total dos votos para que Assembleia Geral possa autorizar algum dos actos previstos no artigo décimo terceiro, número dois, destes estatutos.

- cinco - É admitido o voto por correspondência.

- seis - Só serão admitidas as declarações de voto emitidas por correspondência que sejam recepcionadas pela sociedade até ao terceiro dia útil imediatamente anterior ao designado para a reunião da Assembleia Geral a que respeitem.

- sete - Os votos por correspondência contam para a formação do quorum constitutivo da Assembleia Geral, cabendo ao Presidente da Mesa verificar a sua autenticidade e regularidade, bem como assegurar a sua confidencialidade até ao momento da votação. Considera-se revogado o voto por correspondência emitido no caso de presença do Accionista ou do seu representante na Assembleia Geral.

- oito - Os votos exercidos por correspondência valem como votos negativos relativamente a propostas de deliberação apresentadas posteriormente à data em que esses mesmos votos tenham sido emitidos.

No artigo vigésimo segundo este é o novo texto:

A Assembleia Geral reunirá:

a) Em sessão ordinária, para deliberar sobre os assuntos previstos no artigo 376º do Código das Sociedades Comerciais e para aprovar o orçamento da sociedade;

b) Em sessão extraordinária, sempre que os Conselhos de Administração ou Fiscal o julguem conveniente ou quando requerido por accionistas que representem, pelo menos, o mínimo de capital social imposto por lei para este efeito

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Remuneração variável da administração da SAD

Desde sempre os estatutos da SAD previram a remuneração dos administradores que pode “assumir a forma de ordenado fixo, percentagem nos lucros ou outros benefícios, em conjunto ou apenas em algumas dessas modalidades”, sendo desde logo imposto um limite de 5% à “percentagem global dos lucros de exercício destinada a remuneração dos membros dos corpos sociais”.

E também desde sempre foi instituído que esses 5% eram assim distribuídos (ver por exemplo relatório de 2004/2005):

O Presidente do Conselho de Administração e os restantes administradores da sociedade têm direito a auferir, respectivamente, 2% e 1% dos lucros apresentados no final de cada exercício económico. As remunerações dos titulares do órgão de administração não estão dependentes da evolução da cotação das acções emitidas.

Como se sabe esta fórmula deu origem a uma série de polémicas, nomeadamente com a venda do Ricardo Carvalho, e ainda hoje está pendente o processo judicial em que Alexandre Magalhães intentou com base nas comissões desse ano. Mas entre barulho e queixas essa fórmula manteve-se em vigor durante estes anos, até que o ano passado a comissão de vencimentos decidiu alterar as regras e no relatório de contas de 2007/2008 passou a constar o seguinte texto:

O Presidente do Conselho de Administração e os restantes administradores da sociedade têm direito a uma compensação variável, em função da performance desportiva da equipa principal do FC Porto, consubstanciada numa percentagem sobre o respectivo salário bruto anual:
Campeão Nacional (75%); 2º ou 3º lugar do Campeonato Nacional (50%); Vencedor da Taça UEFA (100%) e vencedor da UEFA Champions League (120%).
As remunerações dos titulares do órgão de administração não estão dependentes da evolução da cotação das acções emitidas nem de qualquer outra variável para além dos lucros apresentados em cada exercício.

E desapareceu do relatório e contas qualquer referência aos 1% e 2% dos lucros, passava-se assim de bónus por lucros financeiros para um bónus por performance desportiva.

Também como se sabe esta fórmula de bónus levantou as suas ondas, nomeadamente por causa do prémio de 50% se a equipa ficasse em 2º ou 3º, o que levou a que PdC na AG recusasse este bónus. Isso mesmo é realçado no relatório deste ano:

Nos termos das suas competências, a Comissão de Vencimentos estabeleceu os parâmetros de remuneração do Conselho de Administração com base numa componente fixa e outra variável, com o objectivo de a tornar competitiva em termos de mercado e de servir de elemento motivador de um elevado desempenho individual e colectivo, que permita estabelecer e atingir objectivos ambiciosos, adequados ao que é exigido pelos principais stakeholders.
O Presidente do Conselho de Administração e os restantes administradores da Sociedade têm direito a uma compensação variável, em função da performance desportiva da equipa principal do FC Porto, consubstanciada em percentagens sobre o respectivo salário bruto anual: Campeão Nacional (75%) ou 2º e 3º lugares do Campeonato Nacional (50%); Vencedor da UEFA Europa League (100%) ou vencedor da UEFA Champions League (120%). No entanto, o Conselho de Administração, em Assembleia Geral de 13 de Novembro de 2008 e já devidamente divulgado, declarou a sua renúncia ao prémio correspondente ao 2º e 3º lugar do Campeonato Nacional.

No entanto este ano é acrescentado o seguinte texto 

As remunerações dos titulares do órgão de administração não estão dependentes da evolução da cotação das acções emitidas nem de qualquer outra variável, para além dos lucros apresentados e da performance desportiva em cada exercício.
O Presidente do Conselho de Administração e os restantes administradores da Sociedade têm ainda direito a auferir, respectivamente, 2% e 1% dos lucros apresentados no final de cada exercício económico.

As questões que se colocam são:
  • A ausência, no ano passado, de uma referência directa aos 1% e 2% foi mero esquecimento ou não estavam efectivamente em vigor?

  • Ou é uma “compensação” pela renúncia ao prémio dos 2º 3 º lugar?

Dúvidas a serem esclarecidas na AG (ou não), mas o ponto “declaração sobre a política de remunerações dos órgãos de administração e fiscalização da Sociedade elaborada pela Comissão de Vencimentos”, derivado de uma recomendação da CMVM assim o recomenda. Esperemos que a comissão de vencimentos, ao contrário do ano passado, não queira ser mais papista que o papa.

Eu pessoalmente tinha ficado com a ideia que remuneração sobre a % dos lucros tinha sido abolida em favor da componente desportiva. Pelos vistos percebi mal.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Porto de Champions

FC Porto venceu esta noite o Apoel. Numa competição como a Liga dos Campeões, todos os jogos são importantes e o FCP procurou não complicar o apuramento para os oitavos, com uma exibição bem conseguida debaixo de chuva no Estádio do Dragão.

O Apoel entrou defensivo, como se esperava, e bem organizado. Uma defesa com jogadores fortes e altos e uma boa circulação de bola obrigou o FCP a aplicar-se a fundo. No primeiros 20 minutos, o FC Porto procurou inaugurar o marcador, mas os cipriotas aguentavam-se firmes na defesa e procuravam o contra-ataque no lado contrário. Sem que nada o justificasse, o Apoel viu-se em vantagem, através de um auto-golo de Álvaro Pereira. Os portistas mantiveram a calma e continuaram a pressionar os pupilos de Ivan Janovic que acusaram a inexperiência na liga milionária. Aos 33 minutos, erro na defesa do Apoel, Falcão recupera a bola, levanta a cabeça e deixa a bola para a entrada de Hulk. O FC Porto demorava 11 minutos igualar e mostrava capacidades para dar a volta ao resultado.

No regresso para a segunda parte, Jesualdo colocou Rodriguez no centro do meio campo, talvez pelo facto do uruguaio apresentar alguma falta de poder de arranque nas alas. Mariano, o eterno erro de casting, descaiu para a direita. E não poderia ter começado melhor com o penálti, por mão na bola, volvidos 3 minutos no relógio. Hulk voltou a fazer o gosto ao pé. O mesmo "Incrível" continuou a fazer estragos, combinando bem com Rodriguez, Álvaro Pereira e Falcão. Só mesmo o falhanço clamoroso do colombiano não permitiu ao FCP dilatar a vantagem no marcador.

O Apoel, sempre bem apoiado pelos seus adeptos, colocou 3 homens na frente e tentou chegar ao 2-2. No entanto os azuis e brancos demonstraram estar sempre a controlar o marcador, apesar da postura ofensiva da equipa de Nicósia. A 15 minutos do fim, o FC Porto foi obrigado a repensar a sua estratégia e segurar o resultado na sequência da paragem cerebral do "jogador fetiche" de Juju. A terminar uma bela jogada a terminar com um remate de Farias a passar rente à baliza.

Uma importante vitória que abre o caminho à próxima fase da liga milionária. O FC Porto foi sempre superior e mereceu inteiramente os 3 pontos. À semelhança do jogo com o Atlético, foi uma equipa paciente e experiente, mantendo a frieza após do golo dos cipriotas, que valeu de como prémio de consolação para a bela claque do Apoel. Se por um lado, ficou a ideia que o resultado poderia ter sido mais dilatado na segunda parte, é também verdade que na Liga dos Campeões há que manter a destreza de gerir bem o resultado e garantir a vitória nos jogos caseiros. Uma capacidade que se adquire, não de glórias passadas, mas fruto das sucessivas presenças na máxima competição de clubes.

Bolsa de apostas - III

Para o jogo de hoje, com o APOEL, as casas de apostas vêem as coisas assim:

Probabilidade de Vitória do FC Porto: 76%
Empate: 16%
Derrota: 8%
O resultado mais provável é 2-0 (15,4%), com golos de Falcao (20%) e Farias. Se não ficar 2-0, fica 1-0 ou 3-0 ou 2-1, só em 5ª lugar é que vem o empate a 1 (8%), a probabilidade do 1º resultado negativo (0-1) é de 4,9%

Ao intervalo o mais provável (31,25%) é que a coisa já esteja no 1-0, e com probabilidade de 58% de ser marcado antes dos 30 minutos. Mas se a coisa corre mal e o APOEL chega ao intervalo a ganhar, só temos 3% de probabilidade de dar a volta ao resultado.

Entretanto a nossa probabilidade de qualificação aumentou significativamente 49,2 para 68,4%, passando de 3º melhor posicionado do grupo para 2º.

Continuando a simular a aposta de € 1,00 sempre a favor do FCP, a coisa está assim:



terça-feira, 20 de outubro de 2009

Os salários dos administradores da SAD


«O relatório e contas da FC Porto - Futebol, SAD referente ao exercício de 2008/09 cumpre, pela primeira vez, a recomendação da CMVM prevista no Código de Governo das Sociedades (II.1.5.5) e discrimina em termos individuais as remunerações atribuídas aos membros do conselho de administração da sociedade. De acordo com o texto divulgado na terça-feira, o presidente Pinto da Costa auferiu 700 mil euros, enquanto os restantes administradores receberam entre 375815 euros (Reinaldo Teles) e 420 mil euros (Adelino Caldeira, Fernando Gomes). Ao contrário do que acontece com os relatórios dos outros clubes europeus cotados em bolsa, as contas da SAD não distinguem, no entanto, as diferentes componentes recebidas individualmente. Adiantam, unicamente, que a remuneração global (1,9 milhões) inclui 1.075.815 euros de salários fixos e 840.000 euros de remunerações variáveis. Estes valores, curiosamente, são inferiores aos do exercício de 2007/08 (2,28 milhões, incluindo 700 mil euros de remunerações variáveis).

Os membros do conselho de administração da SAD portista têm direito, desde Agosto de 1997, a uma remuneração fixa e a uma remuneração variável que depende dos lucros registados no final de cada exercício económico (2% dos lucros para o presidente, 1% para os restantes administradores). A partir de 2007/08, essa remuneração variável deixou de atender exclusivamente à performance económica da SAD e passou a depender, igualmente, de objectivos desportivos cumpridos pela equipa principal do FC Porto. Os administradores da sociedade passaram a ter direito a uma bonificação variável "consubstanciada em percentagens sobre o respectivo salário bruto anual: campeão nacional (75%); vencedor da Taça UEFA (100%) e vencedor da Champions League (120%)". Aqueles 840 mil euros discriminados nas contas de 2008/09 correspondem a cerca de 78% dos 1.075.815 euros indicados como remuneração fixa, o que parece indicar que os prémios de performance económica não foram incluídos nesta secção (contactada por O JOGO, a administração da SAD recusou-se a adiantar qualquer esclarecimento).

Tal como se pode ver no quadro que reúne as remunerações anuais dos administradores dos principais clubes de futebol cotados em bolsa, os 700 mil euros auferidos pelo presidente Pinto da Costa em 2008/09 não destoam entre os montantes recebidos pelos pares europeus - sobretudo tendo em conta o impressionante êxito desportivo alcançado pelo clube sob a sua liderança. O presidente portista não entra, sequer, no Top 10 dos administradores mais bem pagos. E esta amostra, recorde-se, diz respeito unicamente a clubes cotados em bolsa e não inclui, portanto, administradores executivos de clubes milionários como Chelsea, AC Milan ou Manchester United, cujos salários concorrem certamente com os mais altos da tabela.

Em termos colectivos, no entanto, o panorama é diferente. A SAD portista está entre as que mais gasta - 2,063 milhões de euros, em 2008/09 - com remunerações totais pagas aos membros do conselho de administração. Este montante não está em linha com o nível de facturação/dimensão económica da sociedade nem com as práticas do mercado nacional em que está inserida. Apenas gigantes económicos como a Juventus ou o Arsenal pagaram mais aos respectivos administradores (o Ajax ainda não publicou as contas de 2008/09; no exercício anterior, o clube holandês despendeu 2,3 milhões de euros porque teve de pagar compensações a dois administradores cessantes). Ao contrário do que acontece na FC Porto - Futebol, SAD, os clubes europeus analisados contam com um número reduzido de administradores executivos - em geral dois, por vezes apenas um. Os restantes membros do conselho recebem subsídios ou salários meramente simbólicos. O conselho de administração do Roma, por exemplo, tem 11 membros, mas apenas as administradoras Rosella e Silvia Sensi tiveram remunerações de relevo. A Juventus tem oito, mas apenas Giovanni Cobolli Gigli e Jean-Claude Blanc receberam salários significativos. No Lyon, os 14 administradores são remunerados unicamente com senhas de presença, num total de 100 mil euros.»
Paulo Anunciação
in O JOGO, 18/10/2009


Interessante este artigo de Paulo Anunciação, o qual é complementado pelos seguintes quadros referentes aos principais clubes de futebol cotados em bolsa.

Remunerações anuais dos administradores (euros):
Jean-Claude Blanc, Juventus, 2.696.000
K. J. Friar, Arsenal, 1.541.000
Jean-Michel Aulas, Lyon, 1.408.000 (*)
Martin van Geel, Ajax, 1.136.000 (*)
Rosella Sensi, AS Roma, 1.100.000
Daniel Levy, Tottenham, 1.097.000 (*)
Peter Lawwell, Celtic, 811.000
Maarten Fontein, Ajax, 791.000 (*)
Martin Bain, Glasgow Rangers, 733.000 (*)
Ivan Gazidis, Arsenal, 732.000
Giovanni Cobolli Gigli, Juventus, 723.000
Pinto da Costa, FC Porto, 700.000
Hans-Joachim Watzke, Borússia Dortmund, 616.000
Matthew Collecott, Tottenham, 445.000 (*)
Thomas Treb Borússia, Dortmund, 440.000
Adelino Caldeira, FC Porto, 420.000
Fernando Gomes, FC Porto, 420.000
Karren Brady, Birmingham, 380.000
Reinaldo Teles, FC Porto, 375.815
Jeroen Slop, Ajax, 295.000 (*)
Eric Riley, Celtic, 253.000
Silvia Sensi, AS Roma, 250.000


Remunerações das administrações (milhões de euros):
Juventus, 3,529
Arsenal, 2,459
Ajax, 2,310 (*)
FC Porto, 2,063
Tottenham, 1,553 (*)
Lyon, 1,510 (*)
AS Roma, 1,491
Celtic, 1,261
Rangers, 1,087 (*)
Birmingham, 1,067 (*)
B. Dortmund, 1,056

(*) valores referentes ao exercício de 2007/08

Notas: As remunerações do presidente do Lyon, Jean-Michel Aulas, são pagas pela sociedade ICMI, a holding (de Aulas) que detém uma participação de mais de 34% no capital do clube; os valores referentes à remuneração do conselho de administração do Ajax incluem indemnizações/benefícios pela cessação de funções dos administradores Martin van Geel e Maarten Fontein; em 2006/07, as remunerações dos administradores do Ajax foram inferiores a 1,3 milhões de euros.



Olhando para estes valores, não me impressiona o que ganha o Pinto da Costa, se atendermos a que é o responsável máximo do futebol portista. Contudo, há cinco aspectos que, para mim, suscitam discussão:

1) O valor global que é pago ao conjunto dos administradores executivos da FC Porto SAD o qual, no contexto europeu e comparando com clubes muitíssimo mais ricos que o FC Porto, me parece excessivo.

2) O facto dos administradores com os pelouros financeiro e jurídico terem remunerações como se fossem gestores do futebol. Não são e, particularmente na área jurídica, não me parece que se justifique um administrador com este nível de salários e prémios (!). Penso que um departamento jurídico de apoio seria mais do que suficiente.

3) Para além do presidente da SAD, faz sentido haver um outro administrador com o pelouro do futebol e, adicionalmente, haver também um director geral da SAD com o perfil e raio de acção do Antero Henrique?

4) Durante o período abrangido pelo exercício 2008/09, Reinaldo Teles teve um gravíssimo problema de saúde que o afastou da equipa (e do banco de suplentes) a partir da 6ª ou 7ª jornada. Ora, tendo estado ausente por razões de saúde, faz sentido que a sua remuneração seja praticamente igual à dos outros administradores?

5) Os salários dos administradores executivos da FC Porto SAD foram definidos por uma Comissão de Vencimentos (presidida por Alípio Dias, um ex-administrador do BCP), a qual estipulou que o título nacional é premiado com mais 75 por cento do valor bruto dos ganhos dos administradores, enquanto o segundo ou terceiro lugares merecem mais 50 por cento. Ora, mesmo sabendo que na última assembleia-geral da SAD a Administração rejeitou os prémios caso a equipa de futebol termine em segundo ou terceiro lugares, para quando a revisão desta regra escandalosa?

Imagem: DN

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Para quando?


São escolinhas, escolas ou academias, são treinadores, professores ou mestres. Campeiam pelo país as mais diversas instituições vocacionadas para o futebol-lazer das crianças e dos jovens. Não deve faltar aos miúdos ambição para se tornarem profissionais, e é para isso que são preparados por pessoal competente com passado e diploma. A criação destes campus tem-se vulgarizado e está espalhada pelos principais centros urbanos. Os principais clubes aprimoraram-se e trataram de liderar a captação e a formação, a partir de tenra idade: vai-se para a escola para aprender a ler e na mesma altura, para uma outra escola, para aprender a dar uns pontapés na bola.

O futebol deixou de ser quase exclusivamente para o pé descalço: é uma carreira justamente respeitada e os jogadores dos principais clubes são alvo de todas as atenções. O futebol está na moda, e as vedetas tiram o máximo partido do facto. A maioria tem empresários para servir os seus interesses e diabolizar os clubes.

Alguns dos nossos principais jogadores são artistas, manequins, têm uma vida social muito activa e nos intervalos são profissionais de futebol. É e uma chatice, não porque não adorem a profissão, mas porque têm de aturar os directores, os treinadores, os colegas, os adversários, a crítica da imprensa que nunca escreve o que querem dizer e os sócios que exigem que cada jogo seja um autêntico recital.

É demais para os coitados dos jogadores: adoram a profissão, trabalham como poucos e estão sempre dispostos a levantar a cabeça sempre que perdem. Como compreendo o desassossego do José Correia quando escreveu sobre os comentários do Cebola.

Porém, há incompatibilidades. O caso concreto do ultimato do FCP ao Nuno Valente e a sua posterior saída para o Everton, é prova disso. Provavelmente, Rodriguez, pressionado e “ameaçado” pelos da selecção terá dito na Pátria o que a Pátria esperava que dissesse, depois daquela expulsão sem jeito.

O jogador Josué foi dispensado do plantel do Sporting da Covilhã por alegada indisciplina, anunciou o presidente do clube, José Mendes, na assembleia geral de quinta-feira. Hoje, 'O Jogo', confirma a rescisão. É um bom jogador, mas isso não chega, disse o Presidente.

O futebol de rua é coisa do passado ou dos países de terceiro mundo. No primeiro mundo há uma grande sofisticação de meios, de processos e de recursos. Portugal tem acompanhado esse progresso, os resultados é que nem tanto. Somos compradores e nas nossas ligas principais abundam estrangeiros. Apesar da excelência da nossa formação, dizem eles, já importamos, com frequência, jogadores para reforçar as nossas camadas jovens.

Os nossos jovens parecem ter perdido qualidade. Vi o mundial sub-21 no Egipto e vi os jogos da nossa selecção – da mesma categoria – com a Grécia e a Macedónia, e é uma diferença abismal. A miudagem se calhar é demasiado mimada, e o futebol exige, cada vez mais, que o jogador seja um atleta e se porte dentro e fora do jogo de acordo com essa condição.

A passagem para sénior e a competição nos escalões superiores são uma espécie de passagem do Rubicão, onde desfalecem demasiadas promessas, tantas que poucas sobram. Porque será?

Têm a palavra os técnicos e os que vivem de perto esta problemática. O FCP tem um projecto ambicioso e a melhor escola de formação segundo o seu coordenador. As últimas tentativas de aproveitamento dos “recursos próprios” (Ivanildo, Helder Barbosa, Bruno Gama, Vieirinha, Machado) não resultaram e já saíram. Fernando Gomes, Rodolfo, João Pinto, Jaime Magalhães, Domingos e Vítor Baia são históricos do FCP que transitaram directamente dos juniores para os seniores, com sucesso. Queremos mais, precisamos de mais. Para quando, eis a questão.

domingo, 18 de outubro de 2009

Transparência

in Relatório e Contas 2008/2009:

A F.C. Porto – Futebol, SAD tem vindo a procurar, sempre seguindo o critério do interesse accionista e do mercado, ajustar as suas práticas com o intuito de continuar a desenvolver-se no sentido de adoptar as melhores práticas, em particular no que respeita aos valores do rigor e da transparência.

Uma das coisas que claramente podemos concluir do último relatório e contas, é que o mesmo tem sido melhorado nos últimos 2 anos, tem sido escrito com maior rigor e é hoje muito mais transparente sobre a forma como a SAD é gerida do que era há meia dúzia de anos.

Há pouco mais de 2 anos fiz um resumo das recomendações da CMVM que o FC Porto cumpria e das que não cumpria, com base no relatório de 2005/2006, e em 28 (existiam mais 7 que não eram aplicáveis), apenas 10 (36%) tinham sido adoptadas.

Hoje, é o próprio relatório e contas que faz o resumo das recomendações adoptadas ou não, e em 36 (continuam a existir mais 7 não aplicáveis) já são adoptadas 28 (78%).

E se estes números, passou-se de 36% para 78%, reflectem desde logo uma maior transparência para com os accionistas (nomeadamente os pequenos accionistas), o próprio texto do relatório é mais cuidado e explica melhor os números sem exigir que se entre na ladainha contabilística.

Podemos depois, concordar ou não com o conteúdo - isso é outra conversa, mas que hoje temos uma maior transparência lá isso temos.

sábado, 17 de outubro de 2009

O Jogo Anual com o Sertanense


E assim se completou um hat-trick de vitórias sobre o Sertanense. Para o ano há mais!:-)


Como também é costume, Ernesto Farias marcou dois golos aos nossos habitués da Beira Baixa. Além desses dois deixou outros tantos por marcar, mas isso faz parte do ofício de homem-da-área, além de que, com o Sertanense, a “chapa 4” é dos regulamentos.


Devido ao perfil modesto do adversário e aos jogos das selecções Jesualdo Ferreira aproveitou este jogo para fazer uma série de mudanças que possibilitaram à excelente assistência (superior, por exemplo, a algumas em jogos recentes do Sporting em casa para a Liga Sagres) travar um conhecimento mais próximo com alguns dos reforços de Verão, como foram o caso de Valeri, Prediger e Maicon. Além deles houve também a oportunidade de ver em campo o jovem médio Sérgio Oliveira, o qual, com dezassete anos e quatro meses, bateu o record de jogador mais jovem de sempre a alinhar na equipa principal do F.C. Porto, anteriormente na posse do Gerd Müller de Campanhã, a.k.a. Fernando Gomes. Mesmo tendo em conta a fraca oposição, este Oliveira não desmereceu o seu ilustre nome e deixou a expectativa de termos produzido mais um médio de categoria, a juntar ao Castro, a fazer estágio no Olhanense. Na segunda parte ainda pudemos ver mais três jovens juniores, Dias, Alex e Yero, mas com menos tempo para mostrarem o que possam valer.


Estes jogos normalmente não têm história (e digo “normalmente” pois em anos recentes tivemos por cá o Sport Clube União Torreense e o Atlético Clube de Portugal, e mais não digo…) e este cedo deixou de a ter, pois aos 9 minutos já o marcador ia em 2-0 e o Sertanense reduzido a dez jogadores. De notar, contudo, que aos 5 minutos descobrimos novo marcador de livres e nova faceta do incrível Hulk, que despachou com categoria um livre directo para inaugurar o marcador. Diga-se, aliás, que o Hulk jogou com a disposição e o empenho que costuma patentear em jogos mais difíceis e foi, em minha opinião, o melhor jogador em campo.


A primeira parte foi, deve dizer-se, bastante bem jogada, tendo Farias feito o 3-0 aos 39 minutos (o 2º golo já fora de sua autoria). Na segunda parte houve mais descontracção, digamos assim, mais individualismo, e finalmente o Sertanense ficaria reduzido a nove jogadores por nova expulsão. Só aos 86 minutos surgiria o 4º golo, por Hulk com a ajuda de uma tabela num adversário.


Termino lamentando que o treinador do Sertanense tenha feito da arbitragem o tema central das suas declarações na flash-interview. Está visto que é coisa que já faz parte do código genético nacional.



Imagem: "Público" online

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Cebola amarga e ingrata

Nos últimos 15 dias vivi momentos muito complicados. Não queriam [FC Porto] deixar-me viajar e defender a selecção, pelo que foi preciso lutar bastante em Portugal para vir. E ter vindo jogar e não ganhar, é complicado

Estas declarações foram publicadas pelo jornal uruguaio ‘Ultimas Noticias’, e terão sido proferidas por Rodriguez à saída do Estádio Nacional Montevideo, após o último Uruguai – Argentina (no qual Rodriguez foi suplente, entrou aos 71 minutos e foi expulso já depois do apito final por agressão ao argentino Heinze).

Vale a pena recordar que o Rodriguez falhou toda a pré-temporada (jogou apenas meia dúzia de minutos), por estar a recuperar de uma lesão num joelho sofrida ao serviço da sua selecção. Precisamente por isso, a sua participação neste início de época foi mínima em termos quantitativos e muito longe da qualidade exigida em termos qualitativos. Entretanto, voltou a lesionar-se (ligamento lateral interno do joelho esquerdo), o que o impediu de defrontar Sporting, Atlético Madrid e Olhanense.

Perante este historial, e estando o jogador a ser tratado pelo departamento médico do FC Porto, para recuperar a 100% das lesões que o impediram de dar um contributo válido nos primeiros 10 jogos oficiais dos azuis-e-brancos, seria lógico e de bom senso que o próprio jogador explicasse ao seleccionador do Uruguai que não estava em condições para esta dupla jornada das selecções.
Lamentavelmente, não foi isso que aconteceu e, lendo as declarações do Rodriguez, fica claro que o internacional uruguaio está-se a marimbar para o clube que lhe paga um ordenado chorudo. Já pela selecção celeste ele está disposto a tudo, inclusive a jogar em deficientes condições físicas, e se isso tiver consequências o clube que se lixe.

Pois muito bem, da minha parte só espero que a Administração da SAD não se esqueça deste comportamento e, mal receba uma proposta que cubra o investimento feito no passe, despache rapidamente esta “cebola amarga”.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Mario Bolatti



Do jogo contra o Sertanense a herói da selecção argentina, em menos de um ano.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Resultados da FCP SAD 08/09

Os resultados da FCP SAD para o ano fiscal de 08/09 foram ontem anunciados: http://www.fcporto.pt/Noticias/Futebol/noticiafutebol_futcontaspositivas_131009_46981.asp

Os dados para já são bastante limitados, por isso uma análise detalhada ficará para aquando da publicação do R&C. Não obstante, aqui ficam as minhas primeiras reacções gerais.

De positivo:

1) Subida dos proveitos em 13 milhões (ou 23%). Dois principais factores: as receitas da Liga dos Campeões em 4,6 milhões (aqui não há novidade nenhuma) e de "outros proveitos" em 5,9 milhões (quase o dobro do ano anterior). Nesta última rubrica está incluída uma receita one-off (irrepetível) da indemnização de Co Adriaanse (salvo erro 1 milhão).

2) Subida dos capitais próprios para um nível menos incomodativo (isto é uma consequência automática do lucro de 5 milhões) - 23 milhões.

3) Aumento do cashflow de 29 para 32 milhões.

4) O facto destes resultados não incluírem as vendas de Lisandro e Cissokho (embora inclua Quaresma e Lucho).

De negativo:

1) Aumento da dependência das mais-valias na venda de jogadores para ter resultados positivos; sem essas mais-valias teríamos feito um prejuízo de 35 milhões. Parece-me insustentável (seja financeira ou desportivamente) contar com mais e mais mais-valias em vendas de jogadores todos os anos - mas tenho esperança que este ano a situação melhore; para tal, é necessário que os 2 seguintes pontos apresentem uma melhoria no ano corrente.

2) Aumento brutal nos custos com pessoal em quase 9 milhões, ou 23% (salários, bónus, e outras despesas correntes com jogadores e outros funcionários). O valor actual de quase 50 milhões parece-me muito difícil de sustentar.

3) Continua a tendência dos últimos anos de um rápido aumento em FSE (Fornecimentos e Serviços Externos), mais rápido do que o aumento nos proveitos "normais". Já vai nos 20 milhões, com um aumento de 20% em relação ao ano anterior (e o aumento tem sido de 2 dígitos ano após ano).

4) Subida do passivo de curto prazo (i.e. com deadline até 30 de Junho próximo) em 25 milhões, para os 125 milhões (principalmente quando o activo de curto prazo não subiu na mesma proporção, nem pouco mais oumenos).

Assim se compreende em boa parte a necessidade de vender tanto no Verão (necessidades urgentes de tesouraria). Suspeito que vamos ter novo empréstimo obrigacionista quando o actual terminar em Dezembro de forma a financiar dívidas correntes; esperemos que a subscrição seja boa e/ou os juros pagos não sejam muito altos. Gostava também imenso de saber qual é o prazo de pagamento de Lisandro e Cissokho, espero que bem curto...

5) aumento dos resultados financeiros negativos para os 5,5 milhões (fruto sem dúvida do aumento absoluto do passivo). Em boa parte é dinheiro deitado ao lixo, do ponto de vista da SAD; viver sem empréstimos (e portanto sem juros) é utópico, mas penso que 1-2 milhões/ano é uma meta realista a médio prazo.

Concluindo, não me agrada nada ter que depender de mais-valias superiores a 35 milhões por ano para poder fazer lucro - e isto num ano em que fomos aos 1/4s final da Liga dos Campeões.




É muito, muito dinheiro, e assinale-se q mais-valias é algo bem diferente do encaixe nas vendas; para se fazer mais-valias muito substanciais é preciso que o custo de aquisição seja muito baixo (o q não foi o caso com Rodriguez ou Hulk, por exemplo). Pessoalmente penso que seria possível e desejável trazer esse défice estrutural para uns 10 a 15 milhões negativos (mais baixo não; seria mesmo contraproducente porque corresponderia a um apertar do cinto absolutamente brutal ao nível de salários).

Caso contrário, "basta" ficar de fora da Liga dos Campeões uma época para termos que vender uns 4 ou 5 titulares de uma assentada pela melhor oferta. Mesmo indo à LC andamos um pouco no fio da navalha, arriscando bastante.

De qualquer forma constato com satisfação que uma boa parte das receitas das vendas de Lisandro e Cissokho não foi re-investida em passes. Presumo que em boa parte isso tenha sido mais fruto da necessidade (tesouraria) do que estratégia - provavelmente uma mistura das duas coisas - mas é boa notícia de qualquer forma.

Mas isso não invalida que se tenha que ter mão nos custos com pessoal (principalmente salários do plantel, e já agora nesse aspecto dava muito jeito ter mais jogadores da casa para o banco, que custam incomparavalmente menos do que jogadores que costumam ocupar esse banco como Guarins, T Costas e Farias, etc; mas também nos custos com administrativos) e nos Fornecimentos e Serviços Externos.
Enfim, isto são as minhas primeiras impressões; uma análise mais sólida e aprofundada ficará para depois da "digestão" do Relatório e Contas.

Pergunta do Dia

Seria também de silêncio - cúmplice - a reacção à mudança, de última hora, por parte da FIFA, das regras do play-off de apuramento para o Mundial, caso Portugal ainda fosse uma selecção com pouco interesse comercial e publicitário, como acontecia na era pré-Ronaldo?

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Algumas notas sobre a Selecção Nacional


Quando tudo parecia perdido à entrada para as derradeiras jornadas do Grupo 1 da fase de qualificação para o Mundial de Futebol da África do Sul sai um coelho da cartola da FPF chamado Liedson e tudo muda. Vitórias precisavam-se e tudo indica que Portugal irá registar 4 vitórias e 1 empate nos 5 últimos jogos, o que proporcionará a entrada no play-off de qualificação. Queiroz não foi totalmente feliz nas equipas que montou ao longo da qualificação mas também não é menos verdade que nunca na era scolariana a Selecção jogou com adversários tão fortes e com um grupo tão complicado. Entretanto, e com o acesso ao play-off à porta, a imprensa lisboeta e os medíocres jornalistas da capital andam histéricos porque parece que ainda não podem fazer o ansiado funeral ao Queiroz. O desonesto então estava inconsolável com a vitória categórica por 3-0 frente à Hungria.

Adiante. A chegada de Liedson à Selecção foi decisiva para a recta final. Depois de uma travessia do deserto de pontas-de-lança após o abandono de Pauleta, e com as experiências Postiga, Danny, Hugo Almeida e Nuno “eterna promessa” Gomes a não darem frutos, a chegada de Liedson foi uma lufada de ar fresco e de golos fundamentais. Um ponta-de-lança goleador é essencial numa equipa como a portuguesa que tem bons extremos e onde funciona melhor um esquema de 4-3-3 do que um de 4-4-2. Além disso, e com a promoção de Cristiano Ronaldo a capitão, o “melhor do Mundo” assumia demasiadas vezes o protagonismo agarrando-se demais à bola acabando por destruir o jogo e deixando impacientes os colegas. Sem a presença de um avançado fixo na área Queiroz tentou fazer na Selecção com Ronaldo aquilo que fazia no Manchester United, não o colando à linha e dando-lhe liberdade para vaguear no centro do terreno e aparecer na zona de finalização, o que não resultou. Pelas características dos jogadores da selecção parece que Ronaldo poderá render mais jogando a extremo ou fazendo diagonais para o centro para sair o remate.

O jogo com a Hungria revelou um jogador que parecia esquecido da Selecção (e até dos clubes portugueses), o Pedro Mendes, que teve uma actuação irrepreensível e mostrou que pode (e deve) ser o trinco titular. O castigo de Pepe resultou na descoberta do homem certo para o lugar certo. Só é pena que o Pedro Mendes não tenha no seu curriculum uma passagem por Lisboa em vez da presença no FC Porto Campeão da Europa em 2004 porque isso lhe retira todas as possibilidades de fazer uma carreira de sucesso na Selecção (os opinion-makers sulistas já estão nervosos e desorientados). Em minha opinião o Pepe não deve voltar a ser colocado no lugar de trinco. As suas melhores exibições são como defesa central e se o problema é tirá-lo da equipa o seleccionador sempre pode ir alternando a sua presença com a de Bruno Alves ou de Ricardo Carvalho, embora este último não seja de substituir enquanto está em forma porque (ainda) é um jogador de grande qualidade.

O outro jogador em destaque neste último jogo com a Hungria foi o Simãozinho. Finalmente marcou os golos que já andava a falhar escandalosamente nos jogos pela Selecção. Não está em boa forma e as suas prestações no Atl. Madrid também não têm sido as melhores. Talvez por isso não tenha festejado o primeiro golo frente à Hungria. No entanto, quando voltar a ganhar confiança, é um jogador importante na estrutura da selecção.

domingo, 11 de outubro de 2009

As SADs e o esvaziamento dos clubes


«Os sócios do Sporting estão a mobilizar-se para aparecer em massa na Assembleia Geral (AG) do clube na terça-feira (20.00). O apelo dos associados tem passado de boca em boca, de sms em sms... É que a reunião magna, para aprovar o relatório e contas do exercício 2008/09, prevê a passagem do Sporting Comércio e Serviços (SCS) do clube para a SAD.

Este é um assunto que divide os sportinguistas e que promete aquecer a AG, já que a SCS é a empresa que detém os direitos televisivos e a publicidade do clube, mas que parece ter desvalorizado mais de 45 milhões de euros: "Em 2004, devido à falta de liquidez da Sporting SAD, esta vendeu a Desportos e Espectáculos (DE) ao clube por 65 milhões de euros. Mais tarde, a DE deu origem à SCS e a última proposta de Project Finance propunha a recompra da SCS, por parte da Sporting SAD, pelo valor de 20 milhões de euros", denunciou ao DN um sócio, sob anonimato.

A explicação para a valorização pode ser a chave para injectar capital e é isso que José Eduardo Bettencourt pretende.

Os sócios do Sporting já chumbaram a venda à SAD da Sporting Comércio e Serviços e a consequente compra da dívida, por cerca de 62 milhões de euros, por duas vezes na presidência de Filipe Soares Franco. No entanto, aprovaram a emissão das VMOC, emissões obrigacionistas transformadas em acções da SAD em cinco anos, no valor de 60 milhões de euros, e que seriam emitidas para saldar a dívida que a SAD contraía ao adquirir a SCS ao clube.»
in DN, 11/10/2009


Deixa ver se eu percebi. Em 2004, os dirigentes da Sporting SAD (que eram os mesmos que mandavam no Sporting Clube de Portugal), venderam a Sporting Comércio e Serviços ao clube por 65 milhões de euros. Cinco anos depois, os dirigentes da SAD sportinguista (que continuam a ser os mesmos que mandam no SCP) pretendem "engordar" a SAD e torná-la mais apetecível e, para isso, vão recomprar a Sporting Comércio e Serviços por menos 45 milhões do que a impingiram ao clube.
Será isto? Será que percebi bem? Sinceramente, gostava de perceber melhor este tipo de manobras e de engenharia financeira, em que, invariavelmente, os clubes ficam sempre a perder.

E porquê este assunto num blogue portista?
Porque também no caso do FC Porto a SAD ficou com o "bife do lombo" e o clube com os "ossos" (ver o exemplo da distribuição das verbas das cotas dos sócios).
É importante que os sócios do FC Porto estejam atentos ao que se passa nos nossos adversários, até porque já ouvi falar na hipótese de o Estádio do Dragão poder passar para a SAD.

sábado, 10 de outubro de 2009

Colagem pornográfica do SLB ao poder político

António Costa (CML), Rui Costa e Luís Filipe Vieira
«Há um lado, porém, em todo este ciclo eleitoral, que dignifica pouco a democracia. Os apoios que gente mais ou menos pública garante a certos candidatos. A maior parte não tem nenhuma relevância para os resultados das eleições, mas alguns são mesmo suspeitos.

Quer dizer, Pinto da Costa a apoiar Elisa Ferreira - embora, pessoalmente, não goste - tem um significado próprio que os adeptos do FC Porto reconhecem: as dificuldades de relacionamento com o presidente da autarquia portuense. Acresce que Pinto da Costa deu o seu apoio público quando as sondagens davam menos de 20 por cento à candidata socialista, o que também o fez correr alguns riscos a ele, Pinto da Costa. Mas, insisto, prefiro dar a César o que é só de César...

Bem diferente me parece a quase pornográfica colagem do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, ao PS, com o apoio a José Sócrates nos últimos dias da campanha das legislativas e agora a António Costa. Depois de Manuel Vilarinho, em 2002, se ter posto de cócoras perante o PSD e Durão Barroso, agora o Benfica dorme com outros. Fará muito bem, do ponto de vista dos interesses do clube, mas por alguma razão ninguém acredita que estes apoios sejam de graça.»
Manuel Queiroz
in 'Grande Porto', 09/10/2009


«(...) durante os anos de 1998, 1999 e 2000, a anterior Direcção do Sport Lisboa e Benfica levou o Clube a apropriar-se, usar indevidamente e, assim, não entregar ao Estado grande parte das verbas retidas na fonte, em sede de IRS, Taxa Social Única e, ainda, a maioria das recebidas para serem entregues ao Estado em sede de IVA
Comunicado oficial do Sport Lisboa e Benfica, de 4 de Julho de 2002

Tendo o Benfica entregue na Liga de Clubes uma certidão em como tinha as suas dívidas regularizadas, a qual era comprovadamente falsa, porque razão, quando este facto foi do domínio público, a Liga de Clubes não actuou, fazendo cumprir os regulamentos e determinando a descida de divisão dos encarnados?
Recordo que a Liga de Clubes tinha criado uma comissão para acompanhar e validar a situação fiscal dos clubes, a qual era presidida por Fernando Seara (conhecido benfiquista, ex-Director do jornal do Benfica e actual presidente da Câmara de Sintra).

O contexto da participação da Direcção do SLB no denominado “Jantar do Desporto”, realizado em Rio Maior, em 04/03/2002, durante a campanha do PSD para as eleições legislativas de Março de 2002, pode ser recordado aqui.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Já repararam no outro speciale no topo da liga italiana?

Helton e a crítica


Algo inesperada, é certo, a mensagem caiu no telemóvel de Helton. "Dizia que entrasse em contacto com eles, da selecção, e informava ainda que tinha de me apresentar", resumiu a O JOGO. Daí a uma reviravolta na rotina prevista para esta semana foi um instantinho. Poucas horas depois de receber a tal mensagem, lá estava ele no aeroporto, pronto a embarcar rumo a São Paulo, de onde seguiu para o estágio do Brasil. Um hábito que, diga-se, Helton perdera nos últimos dois anos, numa ausência das escolhas de Dunga que nunca foi muito bem explicada e que também não lhe interessava desenterrar agora.

(...)

Sem perder tempo, e precisamente porque não é normal vê-lo assim, seco e áspero nas respostas, pergunta-se isso mesmo a Helton: será só impressão, ou ele está zangado com alguma coisa? "A verdade é que muitas vezes não entendemos o porquê das análises. Procuro ser coerente comigo para fazer a minha própria análise", responde numa primeira pista, ainda que ao de leve, que reforça a suspeita: estava definitivamente zangado com algumas coisas que tem ouvido e lido. "Estando bem ou mal, têm de falar. Mas é-me indiferente", desvaloriza, procurando defender-se, sem luvas, de polémicas. "Costumo dizer que a minha alegria é interior. Ver os meus filhos com saúde, ver a minha família bem, tendo consciência de que procuro fazer o melhor no meu trabalho. A minha alegria é maior, porque tenho o FC Porto a apoiar-me, estando eu bem ou mal."

Usando uma expressão bem brasileira, "pegaram no pé" de Helton, que não gostou. Certo? Ele não desmente: "Quem gosta? Sempre estive tranquilo, independentemente de gostarem ou não das minhas actuações e da minha maneira de ser, do meu sorriso, que eu sei que, muitas vezes, incomoda. Há quem diga: 'Pôxa, não está num momento bom e está sorrindo?'



Em 14 de Março deste ano, o DN escrevia o seguinte:

"As exibições inseguras de Helton na baliza do FC Porto têm feito crescer a insatisfação interna face ao brasileiro. Além dos "frangos" recentes com Atlético de Madrid e Leixões, é sobretudo o excessivo "relaxamento" do guarda-redes na abordagem a alguns lances durante os jogos que tem deixado os responsáveis portistas a pensar no futuro da baliza. E a admitir até nesta altura, sabe o DN sport, o cenário de um fim de ciclo para Helton no Dragão, no final desta época. (...)
No último jogo com o At. Madrid no Dragão, que selou a passagem do FC Porto aos quartos-de-final da Champions, Helton voltou a provocar calafrios com uma ou outra saída em falso dos postes e uma reposição de bola com os pés que ia sendo comprometedora.
É, de resto, uma certa atitude "indolente" do guarda-redes perante os lances que tem feito esgotar a paciência em relação a Helton no Dragão. E que leva a SAD do FC Porto a equacionar o futuro da baliza.
Nesta altura, admite-se até um fim de ciclo para Helton - tem contrato com os dragões até 2012 e ganha cerca de um milhão de euros anuais - abrindo portas a uma transferência no fim da época. Cenário admitido por pessoas próximas de Helton, sabe o DN sport. Em Janeiro, o FC Porto tentou contratar Beto, ao Leixões, numa intenção de aumentar a concorrência interna ao brasileiro. E as conversas entre o FC Porto e o clube de Matosinhos continuam com vista à mudança de Beto na próxima época. Mas além de Beto, há Eduardo, titular do Sp. Braga e da selecção nacional, um nome bem referenciado no Dragão para uma possível substituição de Helton."

Com o intuito ou não de ter concorrência a Helton dentro do plantel, a verdade é que a SAD do FC Porto acabou por contratar Beto ao Leixões, uma contratação que me pareceu muito acertada.

O que não me parece acertada é a forma que o Helton escolheu para responder às críticas de que tem sido alvo (se é que tem sido alvo de algumas críticas). Depois de ser convocado e assim regressar à selecção brasileira a motivação que teve foi para dizer "tomem lá". Nem parece o Helton. Ainda por cima estas palavras podem virar-se contra ele se por acaso tiver alguma falha comprometedora nos próximos jogos do FC Porto. Aí já não terá a mesma compreensão dos sócios que sempre o têm apoiado apesar de algumas distrações e falhas em jogos de altíssima importância. Esta intervenção até fez lembrar o Quaresma quando queria ir embora do FC Porto e tentava aproveitar-se de algumas críticas para afirmar que desejavam a sua saída.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Rankings internacionais e o Futebol


Em 2008, Portugal foi o 20º país europeu (36º mundial) em termos do Produto Interno Bruto per capita. Ora, se no PIB a nossa posição no ranking não é brilhante, e inclusivamente já estamos posicionados atrás de dois dos países que aderiram recentemente à UE – Chipre e Eslovénia –, na taxa de mortalidade em crianças com menos de cinco anos podemos ficar orgulhosos de viver num país que registou uma evolução absolutamente notável nas últimas três décadas e que está entre os melhores a nível mundial, com uma taxa de 3,4 mortes por cada mil nascimentos (dados de 2007).

O que também tem estado em posição de destaque nos rankings internacionais é o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, que em 2008 foi considerado o terceiro melhor da Europa num estudo do Airports Council International sobre qualidade de serviço (em 2007 tinha sido considerado o melhor!), e a Universidade do Porto que, entre 17 mil universidades de todo o mundo, continua a ascender na classificação (nos últimos dois anos subiu 127 lugares!) cimentando a posição de melhor universidade portuguesa, 140ª da Europa e 332ª do Mundo no Performance Ranking of Scientific Papers for World Universities.

Tudo isto para dizer o quê?
Que nos diversos sectores de actividade – economia, saúde, educação, transportes, ciência, etc. – os rankings internacionais são uma importante fonte de informação e permitem-nos aferir da qualidade do que fazemos neste cantinho ocidental da Europa.

E no futebol, qual é a posição dos clubes portugueses?

Um dos rankings mais conhecidos é o da Deloitte, mas basta dar uma vista de olhos para o último Deloitte Football Money League (referente à época 2007/08), para se perceber que dificilmente algum clube português entrará no top 20 dos mais ricos.

O mesmo não se poderá dizer dos rankings desportivos. Por exemplo, no início desta época, no UEFA Team Ranking 2009 referente às últimas cinco épocas – 2004/05 a 2008/09, FC Porto e Sporting ocupavam o 19º lugar com 68,292 pontos, estando o Benfica em 23º com 64,292.

Embora este ranking seja oficial, deve dizer-se que o mesmo contém incongruências e distorções absolutamente incríveis, particularmente devido ao menor grau de dificuldade da Taça UEFA não estar devidamente reflectido no ranking. Exemplos:

Época 2003/04 – Olympique Marselha, Newcastle United e Valência, somaram praticamente os mesmos pontos, ou mais (no caso dos espanhóis), que o vencedor da Liga dos Campeões – o FC Porto.

Época 2004/05 – O CSKA Moscovo iniciou a época na LC, mas devido a um medíocre desempenho em Dezembro foi remetido para a Taça UEFA (que viria a vencer). Ora, apesar de ter demonstrado ser inferior ao FC Porto, de quem ficou atrás na fase de grupos da LC, em termos de pontuação acumulou o dobro dos pontos (27,300 vs. 13,695).

Época 2006/07 – Espanhol e Sevilha somaram mais pontos do que qualquer um dos finalistas da Liga dos Campeões.


E muito mais exemplos poderiam ser apresentados para atestar a falta de rigor e de justiça relativa de que este ranking enferma.

Mas se o UEFA Team Ranking se limitasse a ser mais um dos muitos rankings que por aí existem, como um ranking ridículo criado recentemente pela IFFHS sobre os clubes do século passado, daí não viria grande mal ao Mundo. O problema é que este ranking é usado pela UEFA no sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões.

Faz algum sentido que pontos ganhos numa competição menor – a Taça UEFA / Liga Europa – contem (e de que maneira!) para o ranking que ordena as equipas que vão disputar a principal competição europeia? Por exemplo, o Sevilha, cujo desempenho na LC não se compara ao do FC Porto, foi este ano um dos cabeças-de-série e fez parte do pote 1.

Para a Liga dos Campeões deveriam contar apenas os pontos obtidos em jogos da Liga dos Campeões, excluindo as pré-eliminatórias. Aí sim, teríamos um ranking - Champions League Team Ranking - que não seria adulterado por pontos obtidos noutras competições e não haveria dúvidas acerca da justeza e credibilidade do mesmo.
Mas se não quisermos ser “elitistas”, então cada vitória ou empate conquistados na Taça UEFA / Liga Europa, não deveriam contar mais de metade de resultados idênticos obtidos na Liga dos Campeões.


A propósito do Champions League Team Ranking, importa salientar que desde que a Liga dos Campeões foi criada, em 1992/93, se contabilizarmos os jogos disputados e pontos obtidos (excluindo as pré-eliminatórias), verificamos que o FC Porto faz parte do top 10, qualquer que seja o critério adoptado:

Número de presenças: 1º lugar (a par do Manchester United)
Número de jogos disputados: 6º lugar
Número de pontos acumulados: 8º lugar

O quadro seguinte (clique para ampliar) mostra o top 30 dos clubes europeus, em termos de pontos conquistados na Liga dos Campeões entre 1992/93 e 2008/09.


No ranking anterior, por onde andam os clubes da 2ª circular?
Bem, o Benfica ocupa a 32ª posição e o Sporting a 40ª.
Ora cá está a razão de a comunicação social portuguesa nem querer ouvir falar em ranking específico dos jogos da Liga dos Campeões. Provavelmente, nem devem saber do que se trata...