segunda-feira, 31 de março de 2008

Pastéis de Nata

Ingredientes:

1 Defesa do Helton
1 Golo do Lisandro
1 Lucho de futebol
1/2 Quaresma
1 Lucílio Baptista
+- 3000 adeptos

Preparação:

Pega-se na equipa tipo, para quando não há Tarik, e estende-se a mesma pelo terreno como é habitual. Espera-se que o Helton faça uma grande defesa e deixa-se a repousar durante 40 minutos.

Encaixa-se um golo e põe-se a esperança que a reviravolta do Mar se repita.

Mistura-se uma assistência de Lucho com a fome do matador da época e levar ao forno pela 1ª vez, aproveitando para saborear umas coxinhas de frango.

Mistura-se mais uma assistência de Lucho, mas neste caso o melhor que Farias era levar novamente ao forno. Mas ficou-se pelo Farias, que não chegou a fazer.

Em lume brando ir mexendo no onze, mistura-se o Lisandro com o Adriano, e põe-se um Quaresma mais central e a partir daí usar um saca-rolhas para à 2ª tentativa, sacar um penaltie.

Meter novamente no forno.

Retirar-se do forno e serve-se aos 3000 adeptos os 2 pastéis de nata.

Advertência: há estômagos que não reagem bem a pastéis de natas (têm a mania que só gostam de pasteis de belém), causa-lhes azia! deturpa-lhes a visão! e têm delírios! Para estes, nada melhor que comprarem um caixa de 16 comprimidos daqueles azuis para lhes fazer subir a moral. Pró ano há mais!


Prá semana há bolo em estrela, mas desta vez para 52000.

Honra ao Grande Lucílio Baptista!

Após anos e anos de injustas e acintosas críticas ao seu trabalho em jogos do FC Porto, o SLB, ou seja, o Sr. Lucílio Baptista, demonstrou ontem categoricamente em pleno Estádio do Restelo, num jogo de que dependia a nossa conquista do título, e perante a pressão adversa de dezenas de milhar de adeptos da equipa da casa, toda a determinação, imparcialidade, firmeza e sangue-frio que sempre caracterizaram a sua postura de árbitro, aliás árbitro com insígnias da FIFA, ao assinalar uma grande penalidade a favor do nosso clube já no período de descontos.

Com a mesma segurança e pundonor que Nuno Álvares em Aljubarrota ou D. Sancho Manuel nas Linhas de Elvas, o Sr. Baptista, indiferente à infernal pressão das bancadas e aos protestos dos jogadores de Belém apontou aquilo que a sua consciência de juiz imparcial lhe impunha: a marca de grande penalidade.

Os adeptos do FC Porto que tão injustamente o criticaram, vexaram e censuraram ao longo da sua brilhante carreira vêm por este modo humildemente redimir-se de tão indigno comportamento. E mais, só descansarão no dia em que lhe for atribuída a Medalha de Mérito Desportivo (se é que já a não tem...).

sábado, 29 de março de 2008

O de calcanhar é nosso

Vamos lá ver se nos entendemos! Golo de calcanhar só existe um.

Esclarecido que está este ponto, podemos então falar do histerismo que há pouco ia ali pela SportTv e que já se extendeu ao Mais Futebol (e que suponho que vai estender aos restantes jornais, TVs e coisas que tais), a propósito do golo do Cristiano Ronaldo.

Não vou aqui discutir os méritos do CR na época que está a fazer, mas vamos lá com calma! Um golo de calcanhar é assim:



Aquilo que o CR marcou hoje pode ser um golo bonito, pode ser o que quiserem, mas é um golo com a parte interna do pé, ou no limite um golo de tornozelo. Não é um golo de calcanhar!

Para finalizar só quero esclarecer que: Golo de calcanhar só existe um.

terça-feira, 25 de março de 2008

Campo da Constituição: o passado e o futuro


O campo da Constituição está muito ligado à minha meninice. Sempre vivi junto da sua área de influência. Foi lá que comecei a ver futebol a sério, foi lá que passei muitas tardes a jogar futebol, quando o guarda do campo era “amigo".

Dos jogos que vi, não guardo na memória coisas muito boas. Aliás, nessa altura o FCP não tinha grande equipa. Costumava dizer-se que a selecção nacional era o Sporting, Benfica & Araújo, o único convocado regularmente do FCP, interior direito, excelente jogador e fazedor de golos, apesar de muito franzino. Um dos jogos que recordo, precisamente porque o Araújo era muito valioso e os adversários não o poupavam, foi um FCP-Covilhã, em que um tal de Toninho, com cor de cenoura, ex-Salgueiros, lhe deu tanta pancada que acabou por o aleijar com gravidade. Não havia substituições (o crime compensava), houve alguma teimosia em tentar recuperá-lo, o que não foi conseguido e, pior, agravou a lesão, pois ficou demasiado tempo em campo. Ficou sem jogar largos meses. Nunca mais esqueci o jogo, o Araújo e o Toninho.

Lembro, também, um FCP/SLB que perdemos e que o último golo, o da vitória, for marcado por Rogério (do SLB). Um bruaá constante da enorme bancada de madeira, subia sem parar por motivos que desconhecia. Tremi de medo, quase tanto como a estrutura de madeira que a suportava. Agarrei-me à minha mãe até ao fim do jogo e foi assim que abandonei o campo. O meu pai ficou tão chateado que só o ouvi falar no dia seguinte. Nesse dia, não houve direito a ouvir rádio até às 22H. Foi tudo cedo para a cama. Deixei de acompanhar os meus pais nos jogos mais complicados.

Já lá vão largos anos, quando a FPF organizou um campeonato nacional de reservas que o FCP perdeu a favor do SCP. No jogo decisivo, o FCP recebeu o SCP que trouxe na equipa o famoso Mokuna , o fura redes. O campo da Constituição registou uma enorme enchente, e perdemos por 2-0, com um golo do célebre violador de redes: um remate de muito longe, fraco, rasteiro que o nosso guarda-redes deixou passar por baixo do corpo. Mokuna, mesmo sendo de um clube adversário, alimentou largamente a nossa imaginação de miúdos, que foi duplamente traída: era tosco e nunca furou qualquer rede em Portugal.

Depois, foi proibição: a bancada não tinha condições, prometia ruir a qualquer momento e passámos a jogar no Estádio do Lima. Mas, era uma alegria quando a equipa principal treinava no Campo da Constituição, sempre que se deslocava a um adversário que jogava em campo pelado. Durante a semana que precedia esses jogos, os treinos efectuavam-se lá e nunca perdia aquelas oportunidades para acompanhar de perto os movimentos da equipa.

Antes do célebre jogo com o Torriense, na época de 1958/59 com Bella Guttmann, recordo o treino de 5ª. Feira (de conjunto). O Mister, vestido à “civil” de sobretudo e chapéu, seguiu o treino junto da linha lateral. Foi um treino curto e intenso, com algumas paragens e outras tantas chamadas de atenção. A hora era de treino: treinava-se mesmo. Cortava qualquer tentativa de “brincadeira” de forma serena e impunha-se com grande sobriedade. Fiquei muito impressionado com a forma como Guttmann trabalhava e fazia trabalhar. Uns dias depois, fomos campeões. A alegria não durou muito, Bella seguiu para o SLB e com ele levou o José Augusto, que tinha (tudo) acertado para vir para o FCP. Perdemo-nos sempre nos finalmentes, o que durou até à era JMP/PdC.

A Constituição passou a servir para as camadas jovens no futebol, o andebol de onze e o hóquei em campo. O ringue, entretanto, servia as modalidades amadoras: basquete, voleibol , mais tarde andebol de sete e hóquei patins, que foi a última modalidade a fazer parte da nossa carteira desportiva.

Porto/Salgueiros em andebol, Porto/Vasco da Gama em Basquete, Porto/Leixões e Sporting Espinho em Voleibol e Porto/Ramaldense em Hóquei em Campo, eram promessas de muita rivalidade, muita emoção e casa cheia. No Hóquei em Patins acompanhei a nossa carreira na 2ª. Divisão. Subimos, logo na primeira época em que concorremos, mas estivemos, ainda algum tempo, bastante atrás do Académico e do Infante Sagres.

Nas noites de hóquei em patins, fiquei a “conhecer”, pela assiduidade com que assistiam aos jogos, um casal e o filho que sempre os acompanhava e que, invariavelmente, aproveitava o intervalo para com os patins calçados: patinar e treinar a sua destreza no domínio da bola com o stick. Foram muitas noites, sempre com o mesmo “programa”. Esse miúdo, moço, homem, foi um dos melhores jogadores do FCP, de sempre. Refiro-me a Cristiano Pereira. Aproveito este exemplo, na pessoa de um jogador que acompanhei, desde o início da carreira, para homenagear todos os atletas do nosso clube nas modalidades ditas amadoras, que a partir do velhinho Campo da Constituição, se formaram, se fizeram atletas e souberam elevar bem alto o nome do FCP, com a sua entrega, engenho, persistência e muito amor ao clube do coração.

É, pois, com grande satisfação que vejo o campo da Constituição ser modernizado para melhor servir a juventude. Visa ser escola e formar atletas dos grupos etários mais baixos (Dragon Force) e faz parte do projecto Visão 611 que tem como propósito, segundo o RC de 2006/7: “…fazer do FCP o melhor clube na formação em Portugal, assumindo o sector como a sua principal fonte de talento. Este projecto (Visão 611), organizou de forma transversal toda a estrutura do futebol do FCP e criou condições para reforçar a aposta do clube na formação e na detecção de talentos capazes de evoluir no clube e potenciar o seu impacto e posterior transferência para mercados mais competitivos e financeiramente mais pujantes…”

Formar atletas, sem queimar etapas: eis a questão. O projecto parece válido e os equipamentos estarão à medida da ambição do plano. Falta saber se os recursos humanos vão cumprir, pois são eles que farão toda a diferença. Espera-se que os dirigentes saibam liderar, os treinadores formar, os atletas jogar (e competir) e os pais saibam acompanhar a carreira dos filhos. Espera-se que os benefícios materiais, tendo de prevalecer, não entupam o projecto com um surto indesejável de emigração e imigração, transformando os atletas em matéria prima comum, sempre negociável, com qualquer idade e segundo o melhor preço. Gostaria que fosse um pouco mais do que isso, para não acabar de vez com relação de afecto (amor à camisola) que o atleta deve estabelecer com o clube.

Nota: Em meados de 50 o FCP organizou um espectáculo único, na altura. Montou-se uma tenda gigante e tivemos o privilégio de ter no Campo da Constituição do Football Club do Porto o espectáculo, em digressão pela Europa, do Holliday on Ice. Foi uma coisa única. Nunca se viu nada assim: pais e filhos estavam de acordo, foi a o espectáculo mais belo que algum dia tinham vivido.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Liga dos Campeões: a "reforma Platini" vista à lupa

Depois de um flirt com uma reforma mais radical da Liga dos Campeões (em que se propunha dar acesso a vencedores de taça), o comité executivo da UEFA decidiu-se por uma mini-reforma efectiva a partir de 2009/10, como se segue:



- Passam a apurar-se 22 equipas directamente para a fase final (vs. 16 no formato actual). Os beneficiados são os 3os classificados dos 3 países melhores cotados no ranking e os campeões dos países cotados da 10a à 12a posições.

- A pré-eliminatória passa a ser dividida em duas tranches paralelas: uma para os campeões dos países cotados da 13a posição para baixo, e outra para os não-campeões dos 15 primeiros países (o 4o classificado dos 3 países melhores cotados, o 3o classificado dos países cotados da 4a à 6a posição, e o 2o classificado dos restantes).

- Cada uma das tranches dá direito a 5 vagas, portanto a fase de grupos será composta por 22+5+5.

- Na 2a tranche (reservada aos não-campeões dos países melhores cotados) os 10 clubes dos países cotados entre a 6a e 15a posições jogam uma eliminatória entre si; os 5 vencedores jogam a seguir uma eliminatória com os 5 não-campeões dos 5 países melhor cotados.

A minha análise...

Parece-me claro que esta reforma espreme a "classe média", de forma a agradar a gregos (os clubes dos países ricos) e troianos (os pobres, de cujos votos a UEFA depende nas eleições, já que são em muito maior número que os ricos e classe média).

Penso no entanto que a competitividade da fase de grupos será pouco afectada (ligeiramente pela negativa): já hoje temos muitos clubes de países relativamente mal cotados na fase final (em 2007/08 tivémos 9 clubes de países cotados abaixo da 10a posição do ranking).

Mas teremos também mais campeões, aproximando a Liga dos Campeões um pouco do conceito original da Taça dos Campeões.

No que diz respeito a Portugal...
Tendo em conta que em 2009/10 estaremos no 7o ou 8o lugar do ranking e só teremos portanto 1+1 na Liga dos Campeões (algo que não tem nada a ver com esta reforma - ver o meu artigo anterior), a vida fica bastante mais complicada para o 2o classificado do que no formato actual.

No formato actual um slb ou SCP jogariam a última pré-eliminatória (em que 32 equipas se defrontam "mano-a-mano") onde facilmente são cabeças-de-série (basta ser um dos 16 melhores cotados entre essas 32 equipas), tendo pois que eliminar um Copenhaga para chegar à fase de grupos.

Com o novo formato o 2o classificado português passa a ter que disputar DUAS pré-eliminatórias.

Na primeira será provavelmente cabeça-de-série, jogando contra o 2o classificado de um campeonato cotado até à 15a posição (ou seja, de uma Turquia, de uma Bélgica ou de uma Grécia).

Na segunda já é muito pouco provável que seja cabeça-de-série, e irá jogar muito provavelmente contra um 4o classificado do campeonato inglês, italiano ou espanhol.

Concluindo: é uma reforma inteligente da parte de Platini, já que tem o apoio dos clubes ricos e dos países pobres, e aproxima a competição do espírito de uma Liga de verdadeiros Campeões sem comprometer seriamente o nível da competição; mas é uma reforma algo nefasta aos interesses portugueses (ainda que não drasticamente).

Cabe-nos pois a Portugal tentar recuperar a 6a posição do ranking de forma a voltarmos a ter 2+1 equipas na competição; e, no caso do FC Porto, cabe-nos continuar a ser campeões para evitar estas contas...

domingo, 23 de março de 2008

FCPSAD: Análise das Contas 1º Semestre 2007/08 (II)

A grande diferença relativamente ao 1º semestre do exercício anterior, em termos operacionais, é o valor das transacções com passes de jogadores: é aí que se foi buscar o EBITDA de 18,6M€ e os resultados operacionais positivos. Isto é a assumpção clara de que a compra e venda de jogadores faz parte da actividade operacional da sociedade.

Perante os resultados semestrais parece óbvio que o FC Porto será obrigado a vender jogadores no final da corrente época, se quiser apresentar resultados líquidos positivos ou equilibrados, uma vez que apresenta um défice operacional estrutural, não conseguindo que as suas receitas ‘core’ cubram as suas despesas elevadas, principalmente com a massa salarial – é o preço de ter uma equipa de nível europeu a competir num campeonato nacional com receitas de baixo nível. É a própria administração a admitir (na página 22 do relatório) que as mais-valias decorrentes da alienação de passes de jogadores no 2º semestre serão fundamentais para que se obtenha um bom resultado no exercício.

Fonte: FCP SAD, Relatório e Contas 1º Semestre 2007/08

A estratégia seguida é uma estratégia que comporta risco, com investimentos em jogadores com grande potencial de valorização e posterior obtenção de mais-valias com a sua venda, mas que tem dado resultados. E esses resultados são, precisamente, o facto de o FC Porto arrasar a concorrência a nível interno durante a última década (mesmo expurgando o ‘efeito Mourinho’). Mas esta situação implica que as escolhas de gestão (com ênfase na compra e venda de jogadores) corram quase sempre bem, principalmente nos investimentos mais significativos, ano após ano, bem como a obtenção regular de receitas na Liga dos Campeões, para que se continuem a honrar os compromissos assumidos com a banca e evitar chamadas a aumentos de capital ou ‘operações harmónio’.

De qualquer forma convém salientar a capacidade que a SAD tem demonstrado para gerar receitas extraordinárias (provenientes das mais-valias obtidas com transferências de jogadores) fruto de um bom trabalho de prospecção, o que lhe tem permitido aumentar as receitas globais e, consequentemente, ter equipas mais competitivas que a concorrência interna. É sem dúvida a melhor gestão desportivo-financeira das SAD’s portuguesas.

O mais importante seria conseguir os mesmos resultados mas sem vendas de jogadores nucleares (ou não mais do que um ‘craque’ por ano) e assentar os proveitos nas 5 receitas 'core' que acima referi: Bilheteira, Direitos TV, UEFA, Publicidade e Corporate Hospitality. Como chegar lá? Eis a questão.

sábado, 22 de março de 2008

Cláudio Pitbull

Em qualquer levantamento efectuado ao longo desta temporada dos jogadores que têm estado em maior destaque neste campeonato, há um que sobressaí por estar presente em quase todas as votações e, por não pertencer qualquer um dos denominados 3 grandes. Cláudio Mejolaro, “Pitbull” para o Mundo do futebol.


Chegado do Grêmio em Janeiro de 2005 para o FC Porto, englobado num pacote de várias aquisições de qualidade duvidosa e, como não fosse bastante, em plena “época horrribilis” dos Azuis e Brancos, ainda sofrer danos da ressaca pela saída de Mourinho e outros atletas que haviam ganho tudo o que havia a ganhar no Clube, “Pitbull” viria a ser mais um, entre muitos, que se viu enrrudilhado no furacão que arrasou as hostes Dragonianas naquela altura, acabando por sair por empréstimo meio ano depois de ter chegado à Invicta, não tendo efectuado mais do que 6 jogos ofícias pela equipa.


Como Cláudio havia assinado com os Dragões um contrato de longa duração (até Julho de 2010) e, com um vencimento generoso (pelo menos assim o constatou a imprensa na altura), foi decidido empresta-lo para se tentar rentabilizar a aposta na sua aquisição. Mas as passagens pela Arábia no Al Itthihad e Brasil no Santos, foram discretas, regressando a Portugal a meio da temporada passada para a Académica, onde ainda foi a tempo de ajudar a salvar a Briosa da despromoção.


Foi já esta temporada, neste inquietante Vitória de Setúbal de Carvalhal, que “Pitbull” finalmente tem evidenciado as suas qualidades. Numa equipa que se pauta pelo rigor e ambição, Cláudio é o seu elemento mais irreverente e solto, completamente descomprometido de posições fixas, com liberdade total para assumir o jogo do Vitória. A sua preponderancia na equipa Sadina extende-se tambem aos lançes de bola parada, pois é quase sempre “Pitbull” o responsavel para as executar, com qualidade, diga-se.


Numa altura em que se fala de possível saída de Quaresma do FC Porto no final da temporada e, quando mesmo ao longo do correr desta, tem havido uma corrente de opinião a indicar a falta no plantel de alguem que possa pegar no jogo da equipa, como Claudio o tem feito no Vitória, talvez possa estar mesmo diante dos nossos olhos, uma boa solução para este problema na equipa Portista. Nesse sentido, as ultimas informações que dão conta da inclusão do avançado Brasileiro na estágio da proxima época, têm toda a razão de ser. Porem, não será descartável na perspectiva da SAD, uma eventual transferência. Em Janeiro ultimo houveram alguns rumores de propostas tentadoras (vide do América do Mexico, que supostamente terá oferecido um valor a rondar os 4 milhões de €) e, acrescentando o seu alto salário, poderá conjunturar-se igualmente uma saida airosa para jogador e Clube. Veremos o que o futuro nos reserva!

quinta-feira, 20 de março de 2008

1978/2008 - Trinta anos de um Título Histórico (III)


E entrou-se finalmente na época de 1977/78. As coisas não começaram nada bem, diga-se, pois à 2ª jornada o FC Porto perdeu por 2-0 no Estoril, campo tão ou mais aziago para nós naquela altura como agora o é o do Estrela da Amadora. José Maria Pedroto reagiu à derrota dizendo que o FCP não voltaria a perder um jogo assim. E se bem o pensou, melhor o fez, pois na realidade aquela viria a ser a única derrota sofrida pela equipa em todo o campeonato.

Três dias depois do desaire no Estoril "nasceu", em minha opinião, o FC Porto europeu: ao empatar 2-2 em Colónia, para a 1ª eliminatória da Taça das Taças, o FCP deu o primeiro arzinho da sua graça em provas europeias, confirmado 15 dias depois com a vitória (em Coimbra, por interdição das Antas) por 1-0.

Com o decorrer do campeonato, o Zé do Boné, decidiu passar ao ataque. Foi aí que surgiu a sua famosa frase acerca dos "roubos de igreja no Estádio da Luz", a qual, como se calcula, teve o condão de irritar solenemente o "establishment".
Mas a coisa não ficaria por aqui: ia já o campeonato relativamente adiantado quando, numa bela tarde de Domingo, o Zé do Boné, aproveitando o facto de o FCP não jogar nesse dia, se deslocou à Póvoa de Varzim para presenciar um Varzim-Benfica que terminaria com um empate a 1-1. Numa das suas páginas interiores "A Bola" do dia seguinte titulava: "PEDROTO NA PÓVOA: «BENFICA NÃO TEM ESTOFO DE CAMPEÃO»" O jornal noticiava em detalhe as declarações de Pedroto no final do jogo, com mais ou menos este teor: "O Benfica não tem estofo de campeão: demonstrou-o bem aqui, pois empatou tal como poderiam ter empatado o Feirense ou o Espinho, isto é, jogando à defesa. Claro que falhou um penalty, mas penalties todos os guarda-redes defendem, mexendo-se ou não" (uma alusão ao facto de Manuel Bento, o guarda-redes do Benfica, ser "especialista" em defender penalties, mexendo-se frequentemente antes de a bola partir). Foi o bom e o bonito! Desta vez o nossos rivais da Luz entraram definitivamente em parafuso, chegando ao cúmulo de enviarem um telegrama ao Dr. Américo Sá, protestanto contra "interferência vosso técnico assuntos internos nosso clube" (!).

Entretanto, a saga europeia continuara com a histórica eliminação do Manchester United (4-0 nas Antas e 2-5 em Old Trafford), mas a equipa soçobraria nos quartos-de-final perante o - à época - poderoso Anderlecht (1-0 em casa e 0-3 em Bruxelas). Mas a semente ficara.

Benfica e FC Porto estavam separados por 1 ponto, a favor do FCP, quando chegou o dia 27 de Maio de 1978 e o tão aguardado "jogo do título", o Porto-Benfica nas Antas, na antepenúltima jornada. O desafio da Luz na primeira volta terminara com um empate a 0-0, pelo que o empate até nos serviria, mas a vitória arrumaria praticamente a questão. Pelo meio ficara uma famosa vitória por 3-2 em Alvalade, com dois golos de Gomes e um de Duda, a mais exuberante manifestação de que o FCP estava suficientemente maduro para chegar ao título.
Mas o jogo começou da pior maneira: aos 3 minutos, pretendendo aliviar um cruzamento inócuo, o central Simões meteu o joelho à bola e esta, passando por cima do desamparado guarda-redes João Fonseca, acabou no fundo das redes. Caía a consternação numas Antas com cerca de 80.000 espectadores (na altura o "tudo a monte" e o "cabe sempre mais um", ao estilo dos eléctricos dos STCP, eram as mais conhecidas modalidades de acolher o respeitável público). O resto da primeira parte passou-se com o FCP a dominar mas sem criar grandes jogadas de perigo. Pairava no ar um ambiente semi-fúnebre. Na 2ª parte o FCP porfiou, com um pouco mais de perigo, mas haveria de ser o Benfica, com o jogo já adiantado, a falhar escandalosamente o 2-0: Humberto Coelho, isolado, rematou, mas a bola milagrosamente bateu num pé de Fonseca e foi embater na barra. Ufa!

O Zé do Boné abandonara o banco e passeava com ar pesaroso ao longo da pista de cinza. Já lançara todos os trunfos de que dispunha. Provavelmente, se tivesse perdido aquele jogo, teria ido para monge. O seu empenho pessoal na luta por aquele título era demasiado grande... Mas eis que, aos 82 minutos, na ressaca de um livre perto da área do Benfica, o brasileiro Ademir, um dos suplentes utilizados nesse jogo, rematou com violência: a bola passou por meio de uma floresta de pernas, como dizem os jornalistas, e só acabou a sua viagem no fundo das redes do guarda-redes Fidalgo (Bento fora expulso duas jornadas antes e estava suspenso). A angústia e ansiedade acumuladas quase desde o início do jogo explodiram fragorosamente qual paiol de munições. Daí até ao fim, o FC Porto ainda dispôs, inclusive de pelo menos mais uma ocasião de golo, mas a partida terminaria empatada.

No final festejou-se como se o título já estivesse "no papo", mas essencialmente tratava-se de uma enorme sensação de alívio. No dia seguinte "A Bola" sacava de uma manchete irónica: "Em falta de estofo, equivaleram-se um ao outro". Em contraste, "O Comércio do Porto" mostrava o Zé do Boné sentado numa almofada com a etiqueta "Estofo de Campeão" : -)

Oito dias depois, e com alguns sustos pelo meio (e com um estrondoso remate à barra atirado da entrada do meio-campo da Académica pelo central Freitas), o FCP empatava em Coimbra, 0-0. Como o Benfica vencera o seu desafio, as equipas entraram para a última jornada empatadas em pontos - e o Benfica não sofrera ainda qualquer derrota e terminaria o campeonato invicto! A diferença de golos era-nos, contudo, francamente favorável.

Chegou, pois, o grande dia, 10 de junho de 1978. O adversário era o Braga. As sardinhas em lata de novo se deslocaram às Antas (mais 80.000 de assistência) e o FCP venceu categoricamente, por 4-0. Terminara a "grande travessia do deserto". A loucura foi total. Milhares de pessoas desfilaram a pé desde as Antas até à Av. Aliados. E a História, como agora sabemos, não voltaria a ser a mesma...

O "Reflexão Portista" na comunicação social (I)





Esteve em destaque, na edição de ontem do "Jornal de Notícias", este blog "Reflexão Portista", na rubrica semanal daquele diário, sobre o que se vai escrevendo na blogosfera sobre desporto. O artigo em destaque foi o "Lá no alto", publicado pelo João Saraiva.



quarta-feira, 19 de março de 2008

Dicionário do Sistema: Mário Luis

(Caricatura de Francisco Zambujal, publicada no jornal A Bola e alusiva a um SCP - Belenenses da época de 1981/82)

Mário Luís – Após ter posto fim a um jejum de 19 anos, com a conquista do campeonato de 1977/78, o FC Porto também se apurou para a final da Taça de Portugal. O outro finalista era o Sporting e, claro, a final ia realizar-se no “muito neutral” estádio de Oeiras. Naquele tempo, o “mau da fita” ainda não era Pinto da Costa, mas sim José Maria Pedroto que, sem medo, comentava: “É tempo de acabar com a centralização de todos os poderes na capital”.

A final foi um jogo muito quente, com uma arbitragem escandalosa, e ficou marcada por um penalty polémico, favorável ao Sporting, que foi convertido por Menezes. Tendo o jogo terminado empatado (1-1), foi necessário disputar-se uma finalíssima, no dia 24 de Junho de 1978, arbitrada pelo senhor Mário Luís de Santarém.
Com uma arbitragem idêntica ao que era (é!) habitual nos jogos em Lisboa contra o Sporting, e que validou um golo irregular à equipa leonina, o FC Porto perdeu por 1-2, provocando a natural indignação dos seus jogadores, treinador e dirigentes. No final do jogo, Seninho, o autor do golo portista, diria o seguinte: “O árbitro entregou a Taça ao Sporting”.

Mas o mais escandaloso estava ainda para vir. Menos de 48 horas depois da finalíssima, o Sporting partiu para uma digressão à China. Qual não foi o espanto quando se constatou que integrados na comitiva sportinguista, e vestidos com um fato à medida igual ao dos restantes elementos, iam dois... árbitros!
Dois árbitros?
Sim, o senhor Porém Luís de Leiria e, nada mais nada menos, que Mário Luís, o árbitro da finalíssima, a partir daí conhecido como o “chinês”.

Evidentemente, esta situação foi devidamente esclarecida pelos envolvidos – Sporting e árbitros – por forma a evitar mal entendidos... Talvez por isso, não houve inquéritos da FPF, nem investigações da PJ e muitos menos punições para os árbitros envolvidos, que continuaram a “passear a sua classe” pelos relvados portugueses.

Cerca de dois anos depois, na época 1979/80, o FC Porto disputava taco-a-taco o campeonato com o Sporting e a quatro jornadas do fim recebia os leões nas Antas. Dada a sua importância decisiva, foi nomeado um trio "de luxo" para dirigir o jogo: António Garrido a árbitro principal e outros dois árbitros desempenhando as funções de fiscal-de-linha, um dos quais era...o “chinês”!

Bons tempos em que não havia “sistema”...

terça-feira, 18 de março de 2008

FCPSAD: Análise das Contas 1º Semestre 2007/08 (I)

Da leitura do Relatório Consolidado do primeiro semestre deste ano, salta desde logo à vista o equilíbrio conseguido entre proveitos e custos operacionais excluindo transacções com passes de jogadores: 28,5M€ de proveitos contra 28,1M€ de custos. Se no caso dos proveitos operacionais temos um ligeiro aumento de 2,5% (apesar das receitas de Bilheteira e de TV terem diminuído), no que diz respeito aos custos operacionais assistimos a um acréscimo de 13,3% relativamente ao 1º semestre do exercício anterior.

Esta desproporção entre o crescimento dos custos e dos proveitos não é, decididamente, uma boa notícia. Esse aumento nos custos operacionais é justificado pela Administração, no relatório, com o aumento na rubrica de custos com pessoal devido a renovações de contratos de jogadores nucleares e com o aumento dos Fornecimentos e Serviços Externos para fazer face aos eventos organizados pela PortoEstádio (curiosamente o aumento dos custos totais da PortoEstádio é apenas de 0,3M€).

De salientar que, dos custos com pessoal, a parte relativa a jogadores tenha sofrido um aumento de 23,4% em relação ao 1º semestre do exercício anterior mas as remunerações dos Órgãos Sociais também tiveram um “pequeno acréscimo” de 10,5%.

Fonte: FCP SAD, Relatório e Contas 1º Semestre 2007/08

Um dado que podemos constatar da análise do relatório é a tendência para a crescente alavancagem financeira da sociedade. No 1º semestre do ano passado a SAD apresentava um montante total de dívida bancária de 63,1M€ enquanto que no mesmo período deste ano a mesma rubrica apresenta o valor de 75,2M€. Dentro dessa dívida, a maior fatia estava a médio e longo prazo (> 1 ano), ou seja 43,3M€ e no curto prazo (< 1 ano) existiam 19,8M€.

Neste momento temos um valor de dívida a curto prazo de 43,1M€ e de 32,1M€ a médio e longo prazo. Esta inversão na composição da dívida bancária, decorrente da junção da amortização do empréstimo obrigacionista com outro tipo de empréstimos bancários, com montantes mais elevados no curto prazo, coloca maior pressão sobre a tesouraria, o que já se faz notar no rácio de Liquidez Reduzida que diminui de 71% para 69%.

Outro indicador que revela potenciais dificuldades de tesouraria é o aumento das dívidas a terceiros de curto prazo, incluindo a banca, para 96,4M€ (quando no 1º semestre do exercício anterior atingiam 66,1M€), com um aumento de 30M€!

Fonte: FCP SAD, Relatório e Contas 1º Semestre 2007/08

Tudo isto afecta o equilíbrio económico-financeiro, nomeadamente o Fundo de Maneio. A rubrica Fornecedores aumentou 5M€ mas a rubrica clientes aumentou 13M€ (nomeadamente a longo prazo), ou seja, a sociedade está a atrasar o pagamento aos fornecedores porque não consegue cobrar atempadamente aos clientes (ou terá acordado prazos dilatados) e por isso estará mais dependente do recurso a apoios bancários para aliviar a tesouraria. O Fundo de Maneio era, no 1º semestre do exercício anterior, de -19M€ e agora é de -30M€, o que demonstra algum desequilíbrio financeiro da sociedade.

Da Demonstração de Resultados há que salientar o crescimento dos FSE´s (Fornecimentos e Serviços Externos) e dos Custos com Pessoal, ao mesmo tempo que os proveitos excluindo transacções de passes de jogadores (e aqui falamos das 5 fontes de receita 'core' dos grandes clubes da Europa: Bilheteira + TV + UEFA + Publicidade + Corporate Hospitality) diminuíram em 1M€ (-4,1%) (o que motivou a subida de 2,5% dos referidos proveitos foi o aumento considerável de “Outros Proveitos Operacionais”).

Como indicadores com melhorias relativamente ao 1º semestre do exercício anterior podemos encontrar:
· A Autonomia Financeira, em virtude da recuperação do nível de Capitais Próprios e do aumento do Activo.
· O Debt to Equity (rácio dívida capital próprio), também devido à recuperação ocorrida nos Capitais Próprios.
· A Solvabilidade, devido ao aumento do Total do Activo.
· A Cobertura dos Encargos Financeiros, cuja melhoria é muito positiva, mas que é conseguida, principalmente, devido aos encaixes conseguidos com transacções de passes de jogadores.
· EBITDA (por a transferência de Pepe se ter concretizado neste período).
· Return On Equity (Rentabilidade dos Capitais Próprios): 44%
· Return On Assets (Rentabilidade do Activo): 5%

(continua)

Portugal perde 1 equipa na Liga dos Campeões: a verdadeira razão

Está confirmado que em 2009/10 Portugal passa a ter 1+1 equipas na Liga dos Campeões em vez das 2+1 actuais, fruto da queda do 6o para o 8o lugar do ranking da UEFA (que até pode ser o 7o, se o SCP chegar à final da taça UEFA).

Há quem conclua que isto é a prova de que o futebol português está em crise, que perdeu competitividade e qualidade em relação ao passado.

Penso que não é uma coincidência que esta opinião seja generalizada entre adeptos do benfica ou do Sporting... muitas vezes fruto de má fé ou de "wishful thinking" (i.e. querendo acreditar à força toda que este FC Porto é fraco e só "leva tudo à frente" no campeonato porque os outros são muito fraquinhos). Dito isto e independentemente das motivações, é à partida uma opinião perfeitamente legítima.

Há também quem conclua que se andámos em 6o lugar no ranking e agora caímos isso se deve apenas e só a Mourinho e às campanhas europeias do FC Porto em 2002/03 e 2003/04; isto é, que Mourinho à parte voltamos ao costume.

Cá eu penso que tanto uns como outros tiram conclusões superficiais e precipitadas. Vamos lá aos números puros e duros...

1) Portugal chegou ao 6o lugar do ranking já em 2003 (antes de Gelsenkichen), lugar que manteve até agora, descendo para o 8o. Mas já em 2002 estávamos em 7o. Ou seja, a oscilação no ranking tem sido muito baixa.

2) O facto mais saliente (que muitos esquecem) é que de 1999/00 a 2003/04 Portugal tinha apenas 4 equipas nas competições europeias, de 2004/05 a 2006/07 teve 6 e este ano teve 7. Ou seja, os pontos nas últimas 4 épocas têm sido a dividir por muito mais equipas.

3) Para fazer uma análise "apples-to-apples", dei-me ao trabalho de compilar os pontos conquistados nas competições europeias apenas pelos 4 primeiros classificados no campeonato (ou seja, comparando os últimos anos com a situação anterior em que só iam 4 equipas).

E o que verifico é que desde 2002/03 o número de pontos conquistados por essas 4 equipas tem vindo a crescer: de 39 pontos em 2002/03 a 50 pontos na época corrente (onde pode aumentar ainda mais, já que o SCP ainda lá está).

4) Se hipoteticamente o FCP Porto de Mourinho tivesse feito em 03/04 a mesma campanha que fez na corrente época de 2007/08, não teria havido qualquer alteração no ranking: Portugal teria atingido o 6o lugar do ranking na mesma e lá ficado por 4 épocas.

5) Bastava o Leiria não se ter apurado para a taça UEFA através da Intertoto (o que acontece pela 1a vez) para que estivéssemos neste momento a par da Rússia na luta pelo 6o lugar do ranking.

Por tudo isto verifico que nenhuma das 2 teorias tem razão: o que verdadeiramente se passa é que Portugal tem sido penalizado ao colocar os 5o, 6o e 7o classificados do campeonato nas competições europeias (o que é normal, já que em média fazem muitos menos pontos na Europa do que os 4 primeiros classificados do campeonato), enquanto países como a Roménia e a Rússia nos ultrapassaram por terem andado a dividir pontos apenas por 3 ou 4 equipas. Tão simples como isto.

Verifico também que apesar da apregoada crise as 4 melhores equipas portuguesas estão em média tão ou mais fortes do que nunca nas competições europeias.

E o futuro?

Penso que nas próximas épocas vamos lutar pelo 6o lugar do ranking, à medida que a Rússia e a Roménia passam a ter também 6 equipas nas competições europeias. Mas não vai ser fácil, já que para além destes países (onde há 2 ou 3 clubes alimentados a petrodoláres) temos também a Holanda como sério concorrente (e quem sabe uma Grécia, Rep Checa ou Turquia a médio prazo).

O que é quase certo é que vamos andar sempre algures entre o 6o lugar e o 9o lugar do ranking, que é o nosso lugar natural na Europa, o q dá direito a 6 equipas na Europa: a questão é se são 3 na Liga dos Campeões e 3 na Taça UEFA, ou se serão 2 na Liga dos Campeões e 4 na Taça UEFA.
Um tema muito interessante e relevante para estas contas é a "Reforma Platini", que irá merecer muito em breve uma reflexão.

segunda-feira, 17 de março de 2008

O FC Porto deve renovar com Jesualdo por mais uma época?


A primeira sondagem do Reflexão Portista mostrou que a maioria dos seus leitores acha que Jesualdo Ferreira deve continuar a ser o treinador do FC Porto na próxima época.

Num total de 53 participantes, 66% (35) acha que o FC Porto deve manter o seu treinador, 20% (11) crêem que a melhor opção é encontrar um novo treinador, e 13% (7) prefere esperar até ao fim da época para tomar uma posição.

Lá no alto

Quer-me parecer que o lance do Bruno Alves com o Jorge Gonçalves do jogo de ontem no estádio do Mar, ainda vai dar muito que falar, mas por agora e por aqui interessa fazer um outro exercício, que é realçar o poder de impulsão do Bruno Alves. Já era um assunto que andava para pegar há uns tempos, mas esse lance é um bom motivo para falar nisto.

Pegando numa referência (uma tabela de basquetebol), nas alturas - 1,78 do Jorge Gonçalves e 1,89 do Bruno Alves - e pondo-as na mesma escala, facilmente se conclui que o Bruno Alves cabeceia a bola a uma altura de aproximadamente 3,20 metros. Não que ande por aí a medir saltos, mas não me parece que haja muitos que possam dizer que fazem o mesmo.



Estando o campeonato de futebol ganho, está na hora de o Bruno Alves ficar por Matosinhos e dar uma ajudinha à equipa de basquetebol para o play-off

domingo, 16 de março de 2008

Bom Porto depois de Mar agitado

O FC Porto conseguiu mais uma vitória na sua caminhada imparável para a renovação do título de Campeão Nacional, desta vez frente ao "vizinho" Leixões no sempre complicado Estádio do Mar. Não foi um jogo fácil, longe disso, até porque a equipa teve de dar a volta ao resultado - a primeira vez que o conseguiu esta época! - para alcançar a vitória. Agora estamos a apenas 7 pontos de ser tricampeões.

Face às ausências forçadas de Paulo Assunção e Bosingwa, Jesualdo recorreu a João Paulo para substituir o brasileiro e a Marek Cech para o lado esquerdo, passando Fucile para a direita da defesa. Não é nada fácil substituir Paulo Assunção e João Paulo mostrou que (ainda) não tem a mesma subtileza e eficácia a abordar os lances de ataque adversário, nem o mesmo sentido de posicionamento em campo. Às vezes só quando os bons jogadores faltam é que damos pela falta deles. Mas não foi por aqui que o FC Porto não se adiantou no marcador. Mais uma vez, e isto já começa a ser preocupante, precisamos de criar muitas oportunidades para chegar ao golo, dada a ineficácia do nosso ataque. Farías esteve especialmente infeliz ontem à noite e Quaresma alternou entre o muito bom e o muito mau - já começa a ser um hábito.

Apesar de terem pertencido ao FC Porto as duas melhores ocasiões da primeira parte, há a registar a desmotivação e a fraca atitude competitiva dos jogadores do FC Porto. No início da segunda parte, e sem nada ter feito até aí para o merecer, o Leixões chegou ao golo depois de um centro do lado esquerdo do ataque e de uma falha de marcação de Bruno Alves que permitiu o remate certeiro a Roberto.

Em desvantagem no marcador, Jesualdo reagiu e tirou João Paulo para entrar Tarik Sektioui, aos 54 minutos. Esta substituição foi a chave do jogo, já que o Leixões recuou perante a superioridade numérica portista em alguns lances de contra-ataque. Aos 75 minutos, depois de uma assistência de Tarik, Lisandro (sempre ele!) fez o empate e devolveu justiça ao marcador.

O FC Porto não se contentou com o empate e foi em busca da vitória. As jogadas de ataque portista sucediam-se e aos 85 minutos surge a desmarcação - em linha - de Tarik que, face ao guarda-redes leixonense, faz um balão e depois de passar por ele remata para a baliza deserta fazendo o 1-2. A vitória já não fugiria. Grande entrada de Tarik, a provar que é titular e que já não se justifica minimamente tirá-lo da equipa para lá colocar o argentino Farías.


sábado, 15 de março de 2008

Justiça colorida (II)


«Teresa Morais, procuradora adjunta do DIAP/Porto, disse ontem que pediu o levantamento do segredo de justiça num inquérito da Procuradoria-Geral da República onde se investiga a sua eventual parcialidade num processo envolvendo Carolina Salgado. A magistrada confirmou que enviou o requerimento na terça-feira.
Teresa Morais foi visada por causa da acusação que deduziu contra Carolina Salgado no final de 2007, por tentativa de agressão ao médico Fernando Póvoas e de crimes de incêndio em escritórios do advogado Lourenço Pinto e de Pinto da Costa.»
PUBLICO, 09/03/2008


Terei percebido bem?
A Procuradoria-Geral da República, liderada por Pinto Monteiro, abriu um inquérito a uma procuradora adjunta do DIAP/Porto, por esta ter deduzido uma acusação contra Carolina Salgado? É isso?
Se assim foi, quero dizer que não posso estar mais de acordo
.

Para começar, basta olhar para ela e ouvir a forma “ternurenta e melosa” como fala do seu passado com o Jorge Nuno, para se perceber que Carolina Salgado é uma pessoa séria, altamente credível e, sem sombra de dúvidas, absolutamente inocente de qualquer crime que mentes maldosas lhe queiram imputar.

Por exemplo, é verdadeiramente escandaloso que, em Janeiro passado, o Ministério Público de Gaia tenha acusado Carolina Salgado pelo crime de furto qualificado de vários bens pertencentes a Pinto da Costa, no valor aproximado de 280 mil euros, e tenha decidido levá-la a julgamento, incorrendo a pobrezinha numa pena de 2 a 8 anos de prisão.


Que culpa é que ela tem de se ter afeiçoado de tal maneira a alguns objectos que, quando acabou a relação com Pinto da Costa, não se conseguiu separar de 12 garrafas de vinho de 1937 (no valor de 7500 euros), de um armário com 50 peças de louça chinesa (70 mil euros), armários, arcas, uma colecção de livros, um quadro de Noronha da Costa, além de electrodomésticos e estatuetas (105 mil euros), vários relógios, alguns de colecção, no valor de 30.500 euros, 50 canetas de tinta permanente em ouro, avaliadas em 50 mil euros, serviços de louça, fatos, gravatas e sobretudos de marca, num total de 10 mil euros?

Qualquer psiquiatra dirá em tribunal que o amor transtorna as pessoas e é perfeitamente normal que, para compensar o terrível choque emocional que sofreu aquando da ruptura com Pinto da Costa, Carolina tenha sentido necessidade da companhia de alguns bens materiais...

Aliás, a prova de que Carolina Salgado é, por definição, inocente de todas as acusações que lhe queiram fazer, é o chamado caso Bexiga, em que Equipa de Coordenação do Processo Apito Dourado, liderada por Maria José Morgado, decidiu arquivar o processo por falta de provas.
Falta de provas?
Sim, porque isto da própria Carolina ter confessado ser co-autora do crime por, alegadamente, ter contactado as pessoas que deveriam concretizar a agressão ao vereador da Câmara de Gondomar, não era para levar a sério. A não ser, suspeita-se, se fosse suficiente para incriminar os outros co-arguidos (leia-se, Pinto da Costa).

Portanto, percebo muito bem que se investigue a procuradora adjunta do DIAP/Porto. Em primeiro lugar porque pertence ao DIAP do... Porto!; depois, porque teve a veleidade, para não dizer desfaçatez, de deduzir uma acusação contra a escritora Carolina Salgado (foi assim que a própria se apresentou, na 5ª feira passada, no tribunal de Gondomar).

Há que investigar bem, porque eu tenho quase a certeza que esta procuradora adjunta do DIAP/Porto conhece uma pessoa que é prima de um senhor que, às 3ªs feiras, costuma conversar num café do Porto com um individuo que recebeu um convite do FC Porto para ir a Sevilha assistir à final da Taça UEFA...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Justiça colorida (I)


«O modo como foi conduzida a campanha que levou o Procurador Almeida Pereira a recusar a aceitação do cargo de Director da Polícia Judiciária no Porto é o mais recente exemplo da falta de decoro.
Ser adepto de futebol, frequentar o Estádio do Dragão – apesar de benfiquista – e ter estado em Sevilha na final da Taça UEFA a convite do FC Porto, foram factos que serviram para uma autêntica tentativa de assassinato de carácter do Procurador. Fizeram-lhe um cerco tão asfixiante que Almeida Pereira não esteve para aturar mais vilipêndios e fez marcha-atrás na aceitação - no que acabou por também prestar um favor involuntário aos "guerrilheiros".

A pedido do próprio, os esclarecimentos da PGR ontem conhecidos são eloquentes sobre como foi intoxicada a campanha – liderada ou canalizada pelo "Correio da Manhã" – contra Almeida Pereira. Além da inexistência de "qualquer elemento que aponte para corrupção ou comportamento processual de favor relativamente ao FC Porto, seus dirigentes ou quaisquer outras pessoas", não se apurou "qualquer comportamento processual de favor" por Almeida Pereira ter sido convidado pelo presidente do FC Porto a assistir em Sevilha à final da Taça UEFA e "não há nos autos elementos que apontem para a prática de qualquer ilícito criminal, nomeadamente de corrupção". Elucidativo.

O que a PGR esclareceu ontem baliza duas certezas. Por um lado que é lamentável colocarem-se rótulos às pessoas; por outro, que morar-se no Norte e respirarem-se os ares do Estádio do Dragão e do FC Porto não é sinal obrigatório de corrupção - e por muito que queiram passar o contrário. Nalguma Comunicação Social e, até, em sectores específicos da Justiça.»
Fernando Santos, O JOGO, 07/03/2008


«Afinal, Almeida Pereira, o magistrado que aceitou liderar a PJ do Porto e a seguir foi empurrado borda fora com o jeitinho do costume pelos suspeitos do costume, não é culpado de "corrupção ou comportamento processual de favor relativo ao F.C. Porto, seus dirigentes ou quaisquer outras pessoas".
Que o facto seja divulgado poucos dias depois de ter sido nomeado um novo director da PJ do Porto do agrado do procurador da República; que o facto seja conhecido depois de o procurador ter assistido, impávido e sereno, a uma espécie de assassinato de carácter de Almeida Pereira sem soltar um "ai" - eis o que, em poucas palavras, mostra como os jogos típicos da mais cruel "mercearia" tomaram conta dos bastidores da Justiça.»
Paulo Ferreira, Chefe de Redacção do JN, 08/03/2008


Já passou uma semana e, tirando estes dois editoriais de jornais, que não estão ao serviço de uma determinada “Justiça colorida”, não ouvi, nem li, qualquer reacção institucional ao “assassinato de carácter” de que foi vitima um magistrado, por ter cometido o “crime” de, há cinco anos atrás, ter aceite um convite do FC Porto para ir a Sevilha assistir à final da Taça UEFA.

Quer o Procurador-geral da República Pinto Monteiro, quer o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público do mediático António Cluny, assistiriam a este “linchamento popular” de camarote, sem levantarem um dedo para defender Almeida Pereira.

Uma determinada “Justiça colorida” e os seus acólitos na comunicação social, fizeram de Almeida Pereira um exemplo. A partir de agora toda a gente ficou a saber que aceitar convites do FC Porto, ou frequentar os camarotes do estádio do Dragão, equivale a ter “lepra” e, naturalmente, isso será impeditivo da pessoa em causa ser suficientemente credível, ou isenta, para aceitar lugares de chefia.

Assim vai a “Justiça colorida” à portuguesa...

P.S. Coitado de Almeida Pereira, nem o facto de ser um ferrenho benfiquista lhe valeu.

quinta-feira, 13 de março de 2008

1978/2008 - 30 Anos de um Título Histórico (II)

Retomando o fio à meada, àquela sementeira prometedora de meados dos anos setenta faltava quem soubesse tratar da colheita. E o Dr. Américo Sá escolheu de facto bem: convidou em 1976 Jorge Nuno Pinto da Costa para chefiar o Departamento de Futebol.
Já com um apreciável currículo no clube (nomeadamente à frente da secção de Hóquei em Patins, entre outras), Jorge Nuno Pinto da Costa fazia parte dos orgãos sociais do clube desde a presidência de Afonso Pinto de Magalhães. E, por mais que apreciasse a colegialidade das decisões directivas, sempre lhe fez espécie ver, por exemplo, o director da natação pronunciar-se sobre quem deveria ser o treinador da principal equipa de futebol. Por isso desde logo exigiu grande autonomia para o seu departamento.

Jorge Nuno Pinto da Costa era, pelo lado materno, filho de uma distinta família portuense e bisneto do grande mecenas das artes Honório de Lima, cujo nome honra uma rua do nosso burgo. Tivera uma esmerada educação familiar e uma instrução em alguns dos melhores estabelecimentos de ensino do Norte. Era uma pessoa de princípios firmes e de um portismo inabalável. Não foi ele que disse "sei o que quero e para onde vou", mas decerto esta frase se lhe aplicaria na perfeição. E sabia, como muitos portistas, que para aí chegar, necessitava da colaboração daquele que foi, possivelmente, o maior treinador português de todos os tempos: o genial José Maria Pedroto.

José Maria Pedroto fora jogador do clube, campeão em 1956 e 1959, e protagonizara aquela que, à época, fora a mais cara transferência do futebol português, quando se transferira do Belenenses para o FC Porto por 500 contos. Cedo enveredou pela carreira de treinador, e depois de um título europeu de juniores com a respectiva selecção em 1960 e de passagens pela Académica, Leixões e Varzim, foi deste último clube trazido para o FC Porto, num golpe de grande argúcia, por Afonso Pinto de Magalhães em 1966. Não é desse seu primeiro período de três anos à frente da equipa principal do clube que aqui se trata, mas tudo terminou de facto lamentavelmente, inclusivamente com uma decisão tomada em Assembleia Geral, promovida pela Direcção do clube, a proibir o regresso do "Zé do Boné" (alcunha que ganhara devido ao boné que sempre usava e ao nome de uma personagem de banda desenhada tornada famosa pelo quotidiano portuense "O Primeiro de Janeiro").

De cá saído, o Zé do Boné, que entretanto aumentara a sua celebridade com algumas tiradas famosas ("sou de Lamego, sou de antes quebrar que torcer!") passara a Setúbal, começando logo por nos humilhar com duas derrotas copiosas (5-0 em Setúbal e 3-0 nas Antas) na sua primeira época à frente do Vitória sadino, que haveria de levar a um 2º lugar no campeonato e a várias façanhas europeias de renome. Daí passara - ó Ceus! - ao Boavista, onde alcançara novo segundo lugar e conquistara duas Taças de Portugal. Os portistas sentiam a sua falta - e ele decerto pressentia que um dia regressaria.

J.N. Pinto da Costa tinha, portanto, uma tarefa espinhosa à sua frente: aparentemente fizera depender a sua aceitação do cargo de Chefe de Departamento de Futebol do regresso do "Zé do Boné", mas esse regresso estava formalmente impedido. A "democracia", mesmo que plebiscitária, tem, contudo, destas vantagens: nova assembleia foi convocada e, com a mesma ligeireza com que tinha imposto a proibição do regresso de José Maria Pedroto, a turba votou pelo levantamento dessa proibição. Em boa hora o fez, diga-se...

E assim, no Verão de 1976, o genial Zé do Boné regressava à casa de onde, a bem dizer, nunca deveria ter saído. Com ele trouxe um dos seus fiéis pupilos de Setúbal, o ponta-de-lança brasileiro Duda, e recomendou ainda a contratação do defesa-central do Belenenses Freitas - um jogador bem à imagem do seu novo técnico, já que não era de grandes cerimónias.

Aos nomes do plantel já referidos na primeira parte desta crónica há ainda a juntar os de uma excelente safra caseira: Rodolfo, Gabriel, Oliveira e Gomes, quatro magníficos jogadores da "formação" (como agora se diz), dos quais apenas Gabriel chegou a andar emprestado. Outros tempos...

Gabriel foi talvez o melhor defesa-direito de todos os tempos do nosso clube, Rodolfo começou nessa posição e passou a trinco, o primeiro digno desse nome a actuar no nosso clube, Oliveira era um médio de ataque (originalmente extremo-direito) genial, talvez o maior produto de sempre das nossas camadas jovens, e Gomes simplesmente o maior ponta-de-lança algum dia nascido neste jardim à beira-mar plantado.

E assim se inicou a época de 1976/77, a qual, com alguns solavancos, terminou com a conquista de uma Taça de Portugal (nas Antas, frente ao Braga, por 1-0), o primeiro êxito do clube desde que, em 1968, e também sob o comando de Pedroto, vencera a mesma prova.

As coisas estavam, de facto, bem encaminhadas.

(continua)

quarta-feira, 12 de março de 2008

Os gloriosos malucos azuis e brancos


O FCP segue imparável no campeonato, com 14 pontos de avanço. Ser melhor, em Portugal, não é notícia. Os êxitos do FCP são tão indiscutíveis que há alguma tendência para provocar junto de alguns sócios e adeptos uma onda de triunfalismo e euforia, que não “admite” qualquer crítica em presença da enormidade do sucesso, comportamento em tudo semelhante, embora de sinal contrário, relativamente aos consócios que após uma derrota vêem tudo negro e atiram acusações a torto e a direito, como se o mundo tivesse acabado de desabar aos seus pés.

O futebol admite esses extremos e, provavelmente, de ambos os lados veremos a paixão a comandar, mais que a razão. Mas, de vez em quando convém racionalizar. Não há organizações perfeitas, nem acredito nos homens providenciais. Sou contra o unanimismo dominante, mas nem isso impede que seja moderado. Manter-me-ei na trincheira onde se quedam os eternamente sócios, sem cargos e notoriedade, nem outra mordomia que não seja o direito a partilhar as vitórias e a chorar as derrotas.

Junto-me a tanto outros desconhecidos que ajudaram a fazer crescer o FCP, sempre no anonimato. Gloriosos malucos que acompanhavam o FCP a todo o lado, apesar das inúmeras beiças que sobravam desses desatinos. Quando era miúdo, ia frequentemente com os meus Pais ou o meu Padrinho. O meu Pai era muito calado, mas a minha Mãe fazia as honras da casa. O meu Padrinho era pior: num célebre jogo no campo da Amorosa em Guimarães, no tempo de Bella Gutmman, em que ganhámos por seis a zero, com uma exibição deslumbrante, não resistiu a festejar efusivamente os golos, apesar de estarmos no meio de vimaranenses, muito pouco simpáticos. E a cada golo que entrava, mais efusivo era o festejo. Da pouca simpatia, os vimaranenses passaram a ameaçadores e recordo bem o meu Padrinho com o guarda-chuva, em posição de defesa, a espadeirar de tal maneira que se fez um pequeno círculo à nossa volta. Foram momentos de tensão, mas tudo acabou em bem, porque a guarda republicana interveio e um deles ficou junto de nós, até final do jogo.

Noutro jogo – no Estádio do Mar – perdemos põe 3-1, com uma arbitragem miserável. Pavão e Rolando foram expulsos e, porque houve arremessos de objectos para o campo, a GNR investiu a cavalo e foi um pânico tremendo. Fugimos e saímos, sem ser molestados. Tivemos sorte, mas do susto não nos livrámos.

A minha Mãe acompanhava, quase sempre, o meu Pai que se mantinha muito calado, vestido com o fato da sorte. Enganava o nervosismo, fumando cigarros atrás de cigarros. A minha Mãe batia palmas, gritava, exortava os jogadores e “explicava” como devia ser, para a coisa correr melhor. Ninguém ficava sem resposta, quando interpelada ou provocada. Certa vez no Jamor, num jogo com o Belenenses, no tempo de Yustrich, que empatámos 1-1, depois de mais uma arbitragem miserável, fomos vaiados pelos sócios do Belenenses, mas minha Mãe não se ficou e respondeu-lhes furiosa, qualquer coisa como: “Este ano vamos ser campeões. Nem estes roubos nem os vossos insultos o vão impedir”.

Há (raros) momentos na história, em que tudo se conjuga para que a mudança não seja uma mera promessa. A parceria entre PdC e José Maria Pedroto à frente do FCP, fez com que o destino não mais nos virasse as costas. Deixámos de ser os eternos filhos de um deus menor e num instantinho, passámos a ser temidos: vencemos entre muros e conquistámos a Europa.
Devemos estar (eternamente) gratos aos artífices desses êxitos, mas não se pode esquecer a comunidade de portistas que durante anos alimentaram o sonho, sem quebras. Quando se tem gente assim, tinha que aparecer alguém - no momento certo - que havia de levar o clube a patamares nunca antes atingidos.

Lamento que o FCP (os seus dirigentes) não tenham uma política de proximidade junto da massa associativa, que não seja quase exclusivamente ditada por acções de índole comercial.
Por isso, em nome dessa comunidade que tenho a honra de pertencer, homenageio todos esses sócios que são o alicerce do FCP, na pessoa da minha Mãe, sócia nº 20, a mais antiga do FCP, segundo julgo saber.

terça-feira, 11 de março de 2008

Olho no Dragão

Há quem lhe chame Bird Eye, mas para o caso vamos é pôr o olho no Dragão:
Vista Norte
Vista Oeste
Vista Sul
Vista Este

Bendita luta Microsoft - Google que nos permite ver estas coisas, pena é que a zona do centro de estágio não tenha imagens com o Bird Eye.

Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (IV)

Lucílio Baptista: Empurrar para o fundo

Época 2004/05, 20 de Novembro de 2004, FC Porto – Boavista (11ª jornada)

Logo no primeiro minuto, após uma entrada brutal de Éder sobre McCarthy, este teve de ser assistido fora do campo durante vários minutos. Sobre este lance, o ex-árbitro internacional Rosa Santos escreveu o seguinte: “Amarelo avermelhado. Infelizmente, o jogador do Boavista nem sequer amarelo viu. É inconcebível como é que o árbitro deixa passar uma entrada a roçar a violência.”

Como o árbitro nada fez, apenas 13 minutos depois o Éder teve uma nova entrada sobre um jogador do FC Porto, desta vez Seitaridis. Jorge Coroado escreveu o seguinte: “Justificou-se a exibição do cartão amarelo pela falta cometida. Seria o segundo se o primeiro, como se impunha, tivesse sido exibido.”

À meia-hora de jogo, André Barreto fez uma falta sobre Bosingwa. O senhor Lucílio Baptista viu e marcou livre, só que a falta foi dentro da área e, por isso, ficou “apenas” um penalty por marcar a favor do FC Porto...

Aos 35’ McCarthy agride Milhazes. Claro que neste caso o árbitro não teve dúvidas e expulsou o jogador do FC Porto.

A forma como este árbitro “gere” o jogo e administra os cartões é admirável. O caso do Éder foi de tal forma evidente, que o treinador do Boavista, percebendo que “a corda já podia ter rebentado várias vezes”, tirou-o ao intervalo. Sobre isto, João Cartaxana (insuspeito de ter qualquer pingo de simpatia pelo FC Porto), escreveu o seguinte no RECORD: “Perspicaz [Pacheco], deixou Eder, que estava à beira da expulsão, no balneário, adaptou Hélder Rosário a central”.

Um outro exemplo é o do avançado Cafú (viria a marcar o golo do Boavista). Tendo visto o cartão amarelo aos 16 minutos, isso não o inibiu de continuar a fazer faltas, nem tão pouco de, para queimar tempo, continuar uma jogada até à área do FC Porto, quando o jogo já tinha sido interrompido por Lucílio Baptista há bastante tempo. Cartão amarelo? Ficou no bolso do árbitro, era o segundo...

Para terminar em beleza, já em tempo de descontos, o árbitro valida um golo ilegal ao Boavista, obtido em posição clara de fora-de-jogo, o qual determinou o resultado final (1-0 a favor dos axadrezados).

A coisa foi de tal maneira, que até o Victor Fernandez, um gentleman, sempre tão comedido e compreensivo com as arbitragens, estava revoltado no final do jogo.


Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (III)
Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (II)
Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (I)

segunda-feira, 10 de março de 2008

Sem revolta, mas com competência



Depois da infeliz derrota frente ao Shalke, Jesualdo tinha pedido aos seus jogadores uma “revolta”, no sentido positivo, no jogo da noite passada frente a Académica. Esse sentimento não foi muito perceptível ao longo da partida, mercê de algum desgaste fisico e emocional que a eliminação da champions provocou no plantel Portista.


Ainda assim, a equipa não perdeu a sua matriz principal, a competência. Como já vimos tantas vezes acontecer ao longo desta temporada, mesmo que se tenha estado longe de uma exibição fulgurante, cumpriu-se os “serviços minimos”, que é a vitória e, diga-se em acrescento, que está neste factor o grande fosso cavado entre o primeiro e segundo classificado do campeonato.


O jogo teve quase sempre o mesmo sentido, a baliza de Pedro Roma, mas curiosamente o FC Porto raramente conseguiu acercar-se da mesma, só em alguns lançes esporádicos ou em curtas iniciativas individuais. Foi apesar de tudo num dos poucos lançes colectivos bem ensaiados da 1ª parte, em que Lisandro fez balançar as redes pela 1º vez, mas mais uma vez neste campeonato, uma equipa de arbitragem seguiu a maxima de que em caso de duvida marca-se falta (neste caso fora de jogo) contra o Porto. Não foi no entanto preciso esperar muito para a bola voltar entrar na baliza de Pedro Roma. Um remate quase inofensivo e a figura de Quaresma, que teve o contributo precioso do guarda redes da Briosa.


Em desvantagem a Académica pouco fez para mudar o rumo dos acontecimentos, aliás permitiu que o FC Porto geri-se o jogo da forma que mais lhe interessava, num ritmo lento e sem grandes sobressaltos. As substituições ao longo do 2º tempo agitaram pouco a partida e, só mesmo 2 foras de jogo escandalosamente mal sacados a Quaresma e Lisandro e expulsão de Mariano causaram alguma sensação. Destaque para os ultimos 5 minutos do encontro onde o FC Porto esteve perto de marcar por duas ocasiões, numa delas Pedro Roma redimiu-se do erro no golo de Quaresma, ao sacudir um cabeçeamento de Lisandro. Sempre ele, pois claro.

Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (III)

Lucílio Baptista: “Gestão” eficaz na final da Taça de 2004

Época 2003/04, 17 de Maio de 2004, Benfica – FC Porto (Final da Taça de Portugal)

Logo aos 5 minutos, Petit teve uma entrada violenta sobre Ricardo Carvalho merecedora, no mínimo, de um cartão amarelo. O árbitro viu a falta, marcou-a, mas deixou o cartão no bolso. Sabendo-se que o Petit era o jogador mais faltoso do Benfica e que, ainda por cima, tinha por missão marcar o Deco (o jogador do FC Porto que sofria mais faltas), começou aqui a “gestão do jogo” feita pelo “especialista” Lucílio Baptista.

Passados mais uns minutos, há um desentendimento entre o Derlei e o Luisão e os jogadores chegam a encostar a cabeça um ao outro. O árbitro viu, chamou-os à atenção, mas o cartão amarelo para ambos voltou a ficar no bolso. Ora, sabendo que, ao contrário do Derlei, que é avançado, o Luisão é defesa-central e estes, por norma, são dos jogadores mais faltosos e, por isso, sujeitos a verem cartões, o árbitro continuou a “gerir” o jogo, sem actuar disciplinarmente. O resto do jogo veio mostrar como esta decisão foi crucial.

O critério vinha a ser este, até que, numa das primeiras faltas que fez (sem qualquer violência), o Jorge Costa viu o primeiro cartão amarelo do jogo. Tendo a falta sido cometida no meio-campo, igual a tantas outras que já tinham ocorrido, e não tendo sido cortada uma jogada de perigo, porquê o cartão amarelo para o capitão do FC Porto? Por ser um defesa-central e, a partir daí, ficar condicionado? O árbitro lá saberá, mas toda a gente viu que, no 1º golo do Benfica, o Jorge Costa poderia ter tentado desarmar o Fyssas à entrada da área e nem o tentou fazer (ficou imóvel), com receio de ver o 2º cartão amarelo. Consequências de uma “gestão” bem feita...

Aliás, três minutos antes do Benfica chegar ao golo do empate, Fernando Aguiar deveria ter sido expulso, quando, sem bola, agrediu o Derlei a pontapé. O árbitro não viu? Pois não. E então, para que servem os árbitros auxiliares e o 4º árbitro (“o pontapé que Fernando Aguiar deu em Derlei podia e devia ter sido visto por Luís Salgado”, Jorge Coroado, em O JOGO de 18/05/2004)? Porque razão, o senhor Lucílio Baptista nem sequer se dignou a falar com eles? Será que a expulsão de um jogador do Benfica, a 35 minutos do fim do tempo regulamentar e com os encarnados a perder 0-1, era algo que não fazia parte do guião, isto é, não se enquadrava na “arte de bem gerir o jogo”?

Enfim, a arbitragem, perdão, a “gestão do jogo” continuava a correr bem, tão bem que, em apenas 6 minutos (entre os 68 e os 74), foi expulso um jogador do FC Porto (Jorge Costa) e mais três (Costinha, Deco e Derlei) viram cartões amarelos.

O banco e os jogadores do FCP estavam com os nervos à flor da pele?
Não se percebe porquê... O que é que os terá enervado?... A arbitragem estava a ser tão “boa” e com “critérios uniformes” para os dois lados... Talvez por isso, a “gestão” continuou a seguir a mesma linha estratégica e, por exemplo, precedendo o segundo golo do Benfica, o árbitro não assinalou falta de Zahovic sobre Paulo Ferreira, contrariando o critério que vinha adoptando, em que “qualquer toque de um qualquer jogador noutro era de imediato aproveitado pelo último para cair e o árbitro assinalar falta” (Jorge Coroado, 18/05/2004).
Porque é que neste caso não foi marcada falta? Talvez por o senhor árbitro não querer interromper uma jogada prometedora de golo...

Mas há mais. O Luisão, que já tinha andado às “cabeçadas” com o Derlei, que já tinha derrubado o Deco à entrada da área (o árbitro entendeu que tinha sido uma simulação!) e feito não sei quantas faltas viu, finalmente, um cartão amarelo, quando ceifou, novamente, o Deco à entrada da área. Claro que já só faltavam 5 minutos para o final do prolongamento, mas isso faz parte de uma “gestão eficiente”... Na sequência desse livre directo frontal, o Zahovic saiu da barreira e interceptou a bola a 3 ou 4 metros de distância (quando deveria estar a 9!). Será que o árbitro interrompeu o jogo, mostrou um cartão amarelo ao esloveno e mandou repetir o livre? Nem pensar, que ainda podia dar em golo do FC Porto!

E foi desta maneira e com uma arbitragem deste nível, que o Benfica conseguiu vencer na final da Taça de Portugal o FC Porto treinado por Mourinho que, uns dias depois, haveria de se sagrar Campeão Europeu.

(continua)

Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (II)
Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (I)

domingo, 9 de março de 2008

Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (II)


Lucílio Baptista: O terceiro Sporting – FC Porto consecutivo

Época 2003/04, 31 de Janeiro de 2004, Sporting – FC Porto

Em Janeiro de 2004, Lucílio Baptista voltou ao “local do crime” e, se um ano antes tinha feito vista grossa a quatro penalties a favor do FC Porto, desta vez não hesitou em assinalar dois penalties contra os dragões. Mas o jogo teve muitos mais casos de arbitragem, nomeadamente:

5' – Após uma falta clara de Pedro Barbosa (com o braço) sobre Maciel, o jogador do Sporting reagiu com uma linguagem insultuosa (viu-se perfeitamente na televisão). O árbitro fez de conta e deixou ficar o cartão amarelo (ou devia ter sido vermelho?) no bolso.

13' – Cartão amarelo para Deco, por falta sobre Liedson. A maior parte dos ex-árbitros que constituíam o ‘Tribunal de O JOGO’ considerou que a exibição do cartão amarelo não se justificava.

16' – Liedson atinge Jorge Costa com uma cabeçada, quando este protegia a chegada da bola a Vítor Baía. Falta duríssima, mas o árbitro nada assinalou.

23’ – Liedson que, segundo o ex-árbitro Rosa Santos, “passou o jogo a atirar-se para o chão e não viu um único cartão”, simula uma agressão de Jorge Costa. O árbitro, mais uma vez, nada fez.

27' – Rui Jorge agarra Maciel e impede um lance de contra-ataque perigoso do FC Porto. Nem falta, nem acção disciplinar.

39' – Á entrada da área do Sporting, Beto corta com o braço um remate de Deco. Nem falta (seria um livre perigoso, em posição frontal), nem cartão amarelo (mais um!).

41' – Pedro Mendes é "ensanduichado" por Silva e Pedro Barbosa na área do FC Porto. O árbitro deixa seguir o lance, o que motiva o desacordo da maior parte dos ex-árbitros e, inclusivamente, a perplexidade de Rosa Santos (“não percebo como é que o árbitro deixa seguir a bola numa falta tão clara, que poderia ter originado um lance perigoso para a baliza de Vítor Baía”).

52' – Rui Jorge vê um cartão amarelo por, após uma falta sobre Maciel, reagir com palmas à decisão do árbitro. Não satisfeito, e após já ter visto o amarelo, continua a interpelar o árbitro. O 2º amarelo, e consequente vermelho, ficou no bolso do árbitro.

67' – Lucílio assinala o 2º penalty contra o FC Porto, por uma pretensa falta de Paulo Ferreira sobre Liedson. Sobre este lance pouco há a dizer. As opiniões dos ex-árbitros que constituem o 'Tribunal de O JOGO' são unânimes e até o sportinguista Manuel Fernandes, que comentou o jogo para a SportTV, reconheceu que não houve falta.

Estas 9 (nove!!) situações são inequívocas e podem ser comprovadas pelas imagens televisivas desse jogo.

No final do jogo, os dirigentes do Sporting consideraram que o árbitro tinha realizado um “bom trabalho”, o presidente da Comissão de Arbitragem da Liga (o confesso sportinguista Luís Guilherme) considerou a arbitragem de Lucílio Baptista "extremamente positiva" e os jornais RECORD e A BOLA atribuíram-lhe uma elevada pontuação.

(continua)

P.S. Hoje joga-se um V. Guimarães – Sporting em que está em causa a luta por um lugar na pré-eliminatória da LC. Durante a semana os dirigentes vimaranenses não esconderam a sua insatisfação pela nomeação de Lucílio Baptista e o vice-presidente do clube, Alberto Oliveira, preocupado com eventuais reacções negativas por parte dos adeptos, afirmou o seguinte: “Nota-se algum mal-estar com a nomeação do árbitro, não só pelo que nos fez no Boavista, mas também porque se sabe que é um sportinguista de raiz, de gema, sobejamente conhecido.”

Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (I)

sábado, 8 de março de 2008

Dicionário do Sistema - Lucílio Baptista (I)

Lucílio Baptista – Bancário de profissão, árbitro desde 1984/85, filiado na Associação de Futebol de Setúbal, teve uma ascensão fulgurante até chegar a internacional, tendo sido, durante vários anos, o árbitro português mais conceituado na UEFA (vá lá saber-se como e porquê). A nível nacional destacou-se pela forma como, ele próprio diz, “gere os jogos” e, particularmente, como sempre soube “equilibrar” os jogos em que o FC Porto era um dos intervenientes.

Sendo impossível descrever, em poucas linhas, todos os jogos e casos polémicos de arbitragem em que Lucílio Baptista “entortou o campo” a favor dos adversários do FC Porto, seleccionei alguns dos jogos mais relevantes e dividi o texto em quatro partes.

Época 1996/97, Benfica – FC Porto: Campeonato depois da humilhação para a Supertaça
Poucas semanas depois de ganhar na Luz, para a Supertaça, por uns históricos 5-0, os azuis-e-brancos voltaram ao ninho das águias, para o campeonato. O FC Porto marcou primeiro, através de Jardel e o Benfica ficou à deriva. Nesse período, Preud'homme cometeu um penalty flagrantíssimo sobre Zahovic, que só Lucílio Baptista não viu. No banco, o treinador portista, António Oliveira, ajoelhou-se e rogou aos céus. João Vieira Pinto haveria de empatar, mas Jorge Costa repôs a justiça no resultado e marcou o golo que deu a vitória (2-1) aos dragões.

Época 2001/02, Agosto de 2001, Sporting – FC Porto: Logo à 1ª jornada...
Aos 35 minutos, o senhor Lucílio Baptista expulsou o Costinha, mostrando-lhe o 2º cartão amarelo, após uma simulação grosseira de João Vieira Pinto. A televisão mostrou, de forma clara, que o Costinha nem sequer tocou no “grande artista”. O FC Porto jogou quase uma hora com menos um jogador e já perto do fim, sofreu um golo e perdeu o jogo por 0-1.

Época 2002/03, 12 de Janeiro de 2003, Sporting – FC Porto: Recorde para o Guiness
«Não foi mas podia ter sido complicado o resultado da arbitragem de Lucílio Baptista (...). Só que a vitória portista foi tão incontestável que ninguém vai dar o relevo que teriam noutras situações três lances de grande penalidade não assinalados, todos a favor do FC Porto. Dois deles foram flagrantes (puxão de Kutuzov a Derlei na área do Sporting, aos 33', e mão de Contreras na área para travar um cruzamento de Clayton, aos 81'), mas o terceiro dificilmente o árbitro poderia ter visto, pois estava a colocar-se no terreno quando Tiago, ao pontapear a bola na área, atingiu primeiro Jorge Costa.»
O JOGO, 13/01/2003

Para além destes três lances, houve um quarto penalty não assinalado, na jogada que precedeu o golo do FC Porto. É, seguramente, um recorde mundial. Quatro penalties, todos a favor da mesma equipa – o FC Porto –, que ficaram por assinalar num só jogo!
Mesmo assim, a máquina de jogar futebol montada por Mourinho venceu por 1-0.

(continua)

sexta-feira, 7 de março de 2008

O Futebol é cruel: Parte II


1. O público na passada 4ª. Feira entrou cinzento por feitio (faz parte do nosso ADN colectivo) e saiu da mesma cor, frustrado com o resultado. Com efeito, uma inesperada falta de entusiasmo encheu as bancadas, apesar dos esforços dos animadores do costume. Não se ouviram assobios, mas os 3 mil alemães foram bem menos frios que os latinos portuenses. O Pedro Emanuel fartou-se de pedir o “apoio” dos sócios, mas o público (só) acordou com o golo. E, a partir daí, apoiou a equipa de forma relativamente calorosa.

2. O Ricardo Quaresma estará a viver um momento complicado. Parece zangado consigo e com o mundo. O seu gesto de enfado – público e notório – por um passe transviado de Fucile que lhe era dirigido, anuncia, provavelmente, que a sua relação com os sócios e os colegas já conheceu melhores dias. RQ já consegue cansar os mais pacientes fãs e “legitimar” os impacientes do costume. Espero que volte à terra e saiba ultrapassar esta fase, menos boa. Está em causa o seu futuro e o futuro de uma boa venda. PC está inquieto, e só isso poderá explicar o conforto desmedido que lhe dedicou, em parágrafos especialmente dedicados a alimentar o ego do artista.

3. O Meireles não foi particularmente feliz no jogo da CL, mas o que mais me preocupa foi o extremo cansaço que demonstrou – foi dos mais poupados nas poupanças de JF –, fadiga que foi extensiva a outros jogadores que resistiram mais, mas acabaram perfeitamente esgotados.

4. É essa condição que me preocupa, ou seja: saber se os jogadores vão recuperar a condição física e anímica e se os técnicos e jogadores vão superar o fim do sonho que lhes animava a vida. Portugal é demasiado pequeno para as justas ambições de quem quer mai$ e melhor.

5. Esse sonho de chegar mais perto da conquista da CL acompanha de perto muitos sócios, que viam neste jogo o mais importante da época. Não creio que vão recuperar, a não ser que os resultados e exibições próximas sejam de arrasar, o que não é de todo expectável.

6. À frustração dos sócios, junta-se a desilusão dos técnicos e jogadores, todos menos próximos uns dos outros, porque a hora não é de felicidade. Lutar contra o conformismo e a dramatização, sem senso, pela derrota, são essenciais no momento que passa, para uns e outros. Há que evitar a todo o custo, a desmoralização da equipa. O melhor de nós (e do grupo) tem de prevalecer, nesta altura.

7. É vulgar – e não só no futebol – procurar os culpados quando há desaires que são um fardo “insuportável”. O FCP (e os seus jogadores) têm que saber vencer o desânimo que se instalou, pois esta derrota de 4ª. Feira é provável que tenha deixado marcas que têm de ser bem saradas.

8. É que o trambolhão foi tão grande quanto as expectativas criadas, sugeridas e gritadas à volta desta eliminatória. Temos que cair no real e encontrar a motivação no que falta percorrer. Esta é um prova de fogo para JF. Vamos saber melhor quanto vale. Da equipa, também.