domingo, 31 de janeiro de 2016

Aleluia, Aleluia!


O FCP ganhou e jogou de forma muito satisfatória. Gostei. Entrou mal, reagiu muito bem ao golo madrugador do Estoril. Conseguiu dar a volta ao resultado, com mérito, depois de uma transição rápida e de um canto, ambos contando com a colaboração do  nosso assistencialista mor.
Demos demasiada bola, na primeira parte do segundo tempo, que levaram a alguns sobressaltos próximos da nossa área. O treinado mexeu bem na equipa e chegámos ao terceiro golo, numa altura em já o controlávamos as operações, com bastante critério. Fiz as pazes com Peseiro.
O Estoril não jogou fechado como a maioria dos adversários. O que ajudou a fluidez do jogo, nomeadamente no primeiro tempo.
Individualmente, estiveram muito bem: Maxi, Láyun, Marcano, Herrera (o melhor em campo) e André André. Os restantes estiveram regulares. Brahimi esteve longe do melhor. Rúben Neves preocupa-me: dores de crescimento? O treinador mudou bem, quando colocou André junto à linha e Brahimi como pivô atacante. Herrera jogou como segundo pivô e acabou mais à frente a pressionar a saída de bola do Estoril. Essa zona de pressão alta é que precisa de ser trabalhada.
Precisávamos desta vitória como pão para a boca. Abriu-se uma janela para entrar alguma esperança para que este tempo que falta correr não seja de desânimo. Dormi bem e sem pesadelos.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Charters da Madeira, os nossos novos melhores amigos


Jose Sá. Marega. Dois novos jogadores para serem pagos pelo clube o que não significa, desde logo, que sejam dois novos jogadores para atacar o titulo, a Liga Europa e a Taça como prometeu Peseiro. Chegam (e se calhar já vão) em mais um negócio com um clube assumidamente anti-Porto nos últimos vinte anos e parecem acrescentar pouco, muito pouco, ás necessidades reais do plantel. O fantasma de outros tempos, com uma folha salarial de 60 jogadores dos quais, metade, não servem para nada (Josué foi para Braga por empréstimo, não podia ter servido para trazer Rafa, por exemplo?) é cada vez mais evidente e os negócios deste defeso invernal prometem muito pouco.

Marega estava na terceira divisão francesa há um par de anos. Como Cissokho. 
É um jogador conflituoso, um tanque para bombear as bolas, um jogador habituado ao espaço e ao jogo do contra-ataque (quem viu o Marítimo jogar este ano sabe como é) e que não deu nunca prova de saber jogar em ataque posicional. É um avançado que não encaixa no que o Porto foi ou no que aparenta querer ser (Suk, pelo menos, é um futebolista com mais técnica mas sofre de problemas parecidos). E no entanto, com Aboubakar no mercado, com André Silva á procura do golo ainda e sem avançados goleadores no plantel, foi a opção. Claro que temos duas opções. Ou acreditar em Pinto da Costa ou não. Para os que acreditam nele, Marega foi uma inspiração divina que chegou na noite do jogo com o Maritimo, numa amena cavaqueira com Carlos Pereira, e que depois de uma conversa com o treinador (já saído do balneário, imaginamos) chegaram à conclusão que era "O Homem" a contratar. O jogador (que não simulou sequer querer sair nem nada pelo estilo) foi apanhado totalmente de surpresa porque todos o davam como jogador do Sporting e acabou a noite no Porto a celebrar o momento mais alto da sua vida. Negócios de inspiração divina habitualmente são assim, inesperados. A outra opção é não acreditar em contos da carochinha e entender que o Porto controla bastante quem quer Jesus e tenta antecipar-se sempre que pode e como Marega corria o risco de ser o novo Derley (aquela pérola do Marítimo que Jesus levou para no Benfica esquecer-se dele) havia que minar o negócio e simular inclusive um comportamento do mais vergonhoso - e que tanto criticamos ao Benfica noutros tempos - do jogador que demonstrou ser tudo menos um profissional. Qualquer das versões é válida, cada um acredita no que quer, mas o certo é que nem o presidente do Setúbal falou com Pinto da Costa (ou não sabe quem ele é) nem o negócio Marega parece ter sido cozido ao jantar (sabe-se lá onde jantam). E que Lopetegui, com todos os seus mil e um defeitos, já não pode ser culpado desta aventura como foi, post-mortem, do pobre Suk.

De José Sá basta ler o que foi escrito no Mais Futebol, a opinião do seu descobridor e principal mentor. Aos 23 anos, o jogador que ainda não cumpriu uma só época como titular - e que fez um excelente Euro sub21 como Bruno Vale há uns anos atrás - foi, na palavra do seu técnico, suplantado na formação do Benfica porque Ederson (suplente de Júlio César) e Bruno Varela (terceira opção, emprestado ao Valladolid) eram melhores e mais consistentes do que ele. Como aliás tem sido o francês Salin nos últimos dois anos na Madeira. Em que é que ficamos afinal?
O FC Porto passa de ter o melhor guarda-redes da liga - Hélton - para ir buscar um dos melhores do Mundo - Casillas - ao mesmo tempo que investe como nunca investiu numa das maiores promessas mundiais - Gudiño - e afinal a grande revelação para a baliza é um jogador que, com 23 anos, nunca foi primeira aposta de ninguém porque havia sempre alguém melhor?
É este o nível que se quer da baliza que foi de Zé Beto, Mlynarzick, Vitor Baía ou Helton antes de Casillas? Porque para esse nível não valia a pena ter incomodado o Marítimo. Basta olhar para os guarda-redes que o FC Porto já tem em sua posse e a quem paga os salários, de Fabiano a Bolat sem esquecer Kadu, Andrés Fernandez, Ricardo Nunes e as promessas da equipa B e dos juniores. A lista de guarda-redes que vieram fazer corpo presente, essa, é antiga. E as das jovens promessas à espera também. Desde Hilário que nenhuma agarrou a titularidade e isso que Bruno Vale e Ventura prometiam muito como agora parecem prometer Andorinha e Caio, os suplentes de Gudiño. 
Precisa o FC Porto realmente de Sá ou dava assim tanto receio que um guarda-redes que pode crescer muito mas não é, no presente, uma referência, acabasse nas mãos de Jesus em Alvalade? É Jesus quem dita as politicas de contratação do clube ou é a direcção desportiva? Cada vez temos menos a certeza.
José Sá pode até dar o salto - e sinceramente espero que seja assim - mas para isso vai precisar de acumular minutos e experiência e não vai ser no Dragão. A sua chegada agora ou em Junho é irrelevante mas já Pinto da Costa o disse, o importante é que "já tinha acordo com outro clube". E nós não podemos permitir isso pois não?

Quanto a Carlos Pereira, de quem já tanto aqui se falou, acabará por ser Dragão de Ouro.
Houve poucos dirigentes que fizeram tanto por prejudicar o FC Porto como o madeirense mas agora, subitamente, Pereira parece um velho amigo da alma. Senta-se no gabinete presidencial como se estivesse em casa e tem até direito a elogios de Pinto da Costa. Tempo ao tempo. De momento já tem preferência por Maurício (que anda no Portimonense a pagar favores) e André Silva (pobre André). Entretanto o Marítimo continua a facturar com os desvios de jogadores da ilha para o Dragão - ainda com ponte aérea em Portimão - e a juntar ao dinheiro dado pelo Porto ao que já recebe do governo regional. Assim é fácil gerir um clube sem grandes aspirações e que seguramente merecia mais e melhor.

Terminado o artigo  - e a cinco dias do fecho do mercado - continuamos à espera. 
De reforços digo. De reforços no sentido de reforçar, tal como diz a palavra, o plantel que já existe. Continuamos à espera daquele central a sério que não temos desde Otamendi (e com a saída de Lichnovsky, na prática, não temos nem sequer quatro centrais no plantel). Continuamos à espera do número 10 que ocupe o vértice mais adiantado do novo 4-2-3-1 que Peseiro que implementar e para o qual não há um só jogador no plantel - talvez salvo Evandro - que possa cumprir com essa função ao melhor nível (Quintero está renovado mas longe e com Fonseca não se saiu demasiado bem aí). Continuamos à espera de um extremo rápido e desequilibrante que saiba abrir o campo e ao mesmo tempo explorar o jogo diagonal uma vez que Tello saiu e Hernâni e Ricardo (bem como Ivo, cada vez mais decepcionante) continuam longe e o treinador tem apenas Corona, Brahimi (extremo adaptado) e Varela para essas funções. Continuamos à espera de um matador, um jogador que garante golo e que seja titular no próximo ano uma vez que Aboubakar está à venda segundo todos os indícios e quem chegou não está talhado para a função. 

Portanto, quando houver REFORÇOS avisem porque isso de pagar favores ou desviar jogadores para rivais está muito bem mas em nada beneficia o Futebol Clube do Porto e a sua equipa principal que, recordo, está a disputar ainda três títulos!
   

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Líder silencioso, clube desamparado


Já passaram 2 dias do jogo FC Porto x Marítimo e nem uma reacção pública do Presidente – ou de alguém ligado à SAD – sobre a arbitragem de Jorge Ferreira. A única posição oficial, ou oficiosa, surgiu esta manhã pela pena de Francisco J. Marques no “Dragões Diário”. Já aqui disse que esta rubrica expõe muito bem os podres da arbitragem e as artimanhas dos adversários, mas não tem o mesmo impacto nem impõe o mesmo respeito que afirmações in loco pelos responsáveis da SAD aos microfones da comunicação social.

A opinião de Jorge Coroado sobre esta arbitragem:
"Parece mas não se trata de perseguição, é mesmo muito fraquinho. Insistir na sua manutenção é contributo indelével para a descredibilização do setor. Castigos máximos por assinalar e atropelos à lei da vantagem engordaram prestação negativa."

Não me esqueço que foi este árbitro que esteve no empate com o Boavista no Dragão em que expulsou Maicon por uma entrada de carrinho. Não me esqueço que foi este mesmo o árbitro do jogo Moreirense x SLB de Fevereiro de 2015 que marcou um canto escandaloso, inexistente, de onde nasceu o golo do empate do SLB para, logo de seguida, expulsar um jogador do Moreirense por palavras que lhe terá dirigido. E no passado Domingo, este “habilidoso” de Fafe veio ao Dragão para nos roubar descaradamente. Outra vez.

árbitro Jorge Ferreira, da A.F. de Braga

Veja-se por exemplo a arbitragem do algarvio Nuno Almeida no jogo da Taça de Portugal, no Bessa (Boavista 0-1 FC Porto). Foram mostrados 6 cartões amarelos e 1 cartão vermelho directo à equipa do FC Porto e apenas 1 cartão amarelo à equipa do Boavista e quem assistiu ao jogo sabe que para os do Boavista era “canela até ao pescoço”. O problema é que qualquer árbitro da merdaleja de baixo já se sente à vontade, com uma legitimidade quase natural para prejudicar o FC Porto, porque sim. Na imagem abaixo, perante o submisso capitão Herrera, aquando da amostragem do vermelho directo a Imbula por uma calcadela, o árbitro algarvio, de dedos em riste e pose autoritária e ameaçadora. Esta imagem vale mais que mil palavras.

árbitro Nuno Almeida, da A.F. do Algarve

Há muitos anos que nem Presidente nem qualquer outro membro destacado da SAD defendem publicamente o clube de arbitragens tendenciosas, de nomeações incompreensíveis, de pontuações desvirtuadas e de falsidades e tratamento discriminatório da comunicação social lisboeta. O “pós-apito dourado” tem-se revelado penoso do ponto de vista da comunicação externa no FC Porto. Acabaram por ser os treinadores que, na última década, defenderam publicamente o Clube contra os referidos abusos. E nunca é demais nomeá-los, porque merecem: Jesualdo Ferreira, André Villas-Boas, Vítor Pereira, Paulo Fonseca, Luis Castro e Julen Lopetegui. Mas essa defesa pública trouxe-lhes muito desgaste. Ao treinador do FC Porto, para além do seu trabalho core, é-lhe exigido que defenda o seu grupo de trabalho e o clube perante uma comunicação social hostil e ardilosa e perante uma corporação – a arbitragem – dominada desde o topo pelos emblemas lisboetas, com o SLBà cabeça. E não deveria ser assim.

O Futebol Clube do Porto precisa de quem o defenda de viva voz e no momento certo. O Clube precisa de um Presidente que, no final de um jogo com uma arbitragem da estirpe da de Jorge Ferreira, desça à zona de imprensa e faça uma declaração pública acusando e denunciando estas situações. E, se necessário for, que afirme peremptoriamente que o “artista” em causa não volta a apitar o FC Porto. Ponto.

Infelizmente, das linhas orientadoras para o mandato a que Pinto da Costa se recandidatará, e que foram reveladas pelo próprio na entrevista da semana passada ao Porto Canal, não faz parte um combate forte e determinado ao poder instituído do SLB no seio da arbitragem nacional.
   

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Temos de cumprir a nossa parte!


Porque não se escreve sobre uma boa (e justa) vitória e um mau jogo do FCP? Não sei. Fruto dos tempos que apelam às rupturas, que ninguém parece disposto a protagonizar. E, então, o pessoal vinga-se através da oferta fácil das redes sociais. Ou nem isso.

Fizemos um jogo medíocre, entrámos muito mal e foi o jogo da época com menos remates realizados pela nossa equipa. Notei que o Herrera posicionou-se menos à frente (funcionou mais como duplo pivot) e, como jogou devagar e falhou muitos passes, não foi o único, o jogo não fluiu; por isso e porque o Marítimo soube encurtar, linhas e espaços, a equipa teve muitas dificuldades em ultrapassar a barreira construída pelo adversário. E de se defender dos contragolpes do Marítimo. A equipa não é rápida, nem ágil. Perdemos muitas segundas bolas e não conseguimos formar um bloco coeso. Estranho é constatar que o Maxi é dos que joga mais à Porto.

O FCP está doente. Conheço os sintomas, mas não faço diagnósticos. Os jogadores estão mal fisicamente, o modelo de jogo é uma trapalhada e tenho dúvidas se uma eventual mudança reverterá os seus efeitos maléficos que muitos remetem para erros primários de geometria táctica. Não me chega. Considero que o plantel do FCP é caro, mas não é bom, nem equilibrado. E há uma tarefa enorme para cumprir: a recuperação de muitos jogadores que chegaram a um nível inexplicavelmente baixo, pelo menos para quem habita o lugar da bancada. Cito apenas dois, porque são valiosos: Aboubakar e Rúben Neves.

Esta época vai continuar a ser dolorosa. A equipa está a ser remendada. Já não temos um qualquer Lucho para retornar e lhe dar mais experiência. Pode ser que o pesadelo seja apenas consequência da ideia que temo: de que o que já aconteceu, ainda pode ser pior. Temos de cumprir a nossa parte para que não o seja.

Nota: mais uma arbitragem miserável.
   

domingo, 24 de janeiro de 2016

Os erros que Peseiro não pode cometer


- Entar em "mind-games", polémicas, etc, com Jorge Jesus, Bruno de Carvalho ou outro;
- Pensar que Casillas deva ser automaticamente titular na liga portuguesa e na Europa;
- Acreditar que estes actuais "centrais" chegam para as encomendas;
- Julgar que esta equipa pode viver sem um médio criativo de ataque;
- Deixar que um jogador de remate fácil e faro de golo como Bueno fique tanto tempo de fora das opções;
- Autorizar que Brahimi comece a driblar tão longe da área adversária;
- Tardar nas substituições quando as coisas não estão a correr bem;
- Renunciar ao senso comum ou fechar-se completamente nas suas próprias ideias;
- Não colocar um certo saudável distanciamento em relação à SAD;

Boa sorte, Mister.


sábado, 23 de janeiro de 2016

O Chainho da Doyen

Antes de começar quero deixar claro que este artigo não visa, em nenhum momento, insultar o Chainho. Um jogador que deu tudo pelo Porto quando jogou. Nunca foi um fora de série, muito longe disso. Mas suou a camisola e fê-lo com brio. Chainho, se me estás a ler, não quero que te sintas mal quando descrevo o Imbula como o "Chainho da Doyen".

Agora vamos ao que importa.
Gianelli Imbula. Com nome e apelido. E, sobretudo, com um valor para justificar que seja, a dia de hoje, jogador do Futebol Clube do Porto. Porque esqueçam lá as contas e as falsas sensações de que se pagou ou não se pagou por Imbula com ou sem a ajuda da Doyen. Imbula é, a todos os efeitos, tão jogador do Porto como foi Chainho. Que exista uma promessa de venda, isso é algo lógico e básico na politica desportiva da Doyen e do clube. Mas se, por algum motivo, a Doyen se lembra de deixar aqui o francês a apodrecer (não foi o próprio Presidente que disse que foi enganado no caso Adrian?), quem comerá a carcaça é o Futebol Clube do Porto. Não tenham a menor dúvida.
Imbula é um jogador com um potencial muito bom. Nunca vai ser um Pogba apesar de ter condições físicas semelhantes, mas pode ser um jogador de potencial em muitos clubes europeus. Tem o físico, tem as condições técnicas de ultrapassar dois ou três jogadores em velocidade para criar desequilíbrios. Tem a meia distância para lançar misseis teleguiados e a frieza necessária para um último passe. Tem condições, sim, mas não tem o fundamental para jogar futebol profissional, a atitude. Imbula está no Porto de corpo mas não de alma. Chegou a contra-gosto. Não era aqui que ele queria acabar. Tinham-lhe prometido outra coisa, um ano dourado em Milão, onde podia rivalizar todas as semanas com dois internacionais gauleses como Pogba e Kondongbia com quem, em teoria, poderia disputar um lugar na selecção. Mas a coisa torceu-se. O Milan pensou duas vezes - talvez com motivo - e deixou a Doyen a arder. O negócio Jackson pode não ter ajudado em nada a situação entre os italianos e o fundo que gere a carreira do jogador. Sem clube onde o colocar, Imbula ficou no limbo. Não fazia sentido voltar ao futebol francês, assinando pelo Monaco. Em Espanha a situação estava complicada para colocá-lo no Valencia ou no Atlético de Madrid. Ninguém queria Imbula ao preço estipulado pela Doyen do mesmo modo que o fundo teve tanta dificuldade em meter nos dois clubes espanhóis o médio Rodrigo Caio - apesar das fortíssimas pressões a ambos clubes - que o jogador não teve outro remédio que não fosse o de ficar um ano mais no Brasil. O caso era muito similar ao de Imbula e em Marselha começavam a pensar que iam ter de aguentar contrariado o jogador durante um ano. E então apareceu o Porto na equação.



Lopetegui não queria o "Ferrari" Imbula por muito que Pinto da Costa diga o contrário porque, como se viu na sua entrevista mansinha, tudo o negativo lhe alheio (os assobios dos adeptos, os jogadores que correm mal, o treinador que de ser bestial passou a besta). Não o pediu. Pediu, sim, Sergio Darder. Pelo segundo ano consecutivo. Disseram-lhe que não e Darder, noutro "negócio escuro", saiu a mal do Malaga e acabou em Lyon onde está a ter um ano sofrível. O basco sabia que precisava de um pivot defensivo para competir com Danilo e um substituto para Oliver. O que não necessitava era um "Herrera II" quando o plantel já tinha André André, Evandro e até Ruben para esse lugar. Mas disseram-lhe que tinha de ser e que se fizesse com Imbula o que fez com Casemiro, os louvores seriam ainda maiores porque tudo aquilo onde tocasse seria ouro. Engoliu em seco e aceitou o jogador. A Doyen taxou o jogador em vinte milhões. O Porto oficializou o negócio dessa forma.
A forma de pagamento é relativa tal é a forma como hoje é quase impossível distinguir entre clube e fundo em matéria de negócios. Quanto se abaterá no negócio Brahimi para o próximo verão? Que jogador se sobrevalorizará no mercado para pagar esse favor como se fez com Mangala? Tudo é demasiado cinzento para afirmar, taxativamente, algo a não ser que, para o bem ou para o mal, Imbula foi forçado pela Doyen a ir para o Porto e o Porto foi forçado a ficar com ele de forma oficial. O casamento tinha tudo para correr mal e correu. 
Imbula não se impôs como seria de esperar porque não quis. Ele é o primeiro que sabe que vai sair em Junho e que este ano é um ponto de paragem, nada mais. A Doyen vai colocá-lo no Verão noutra liga e ele seguirá a sua vida profissional. Este foi um parêntesis. Por isso não valia a pena treinar no duro, aplicar-se a sério, ir ás bolas divididas, sentir o peso da camisola no peito. Essa atitude começou a sentir-se na pré-época e tem vindo, in crescendo, a ser cada vez mais evidente. Imbula quer que todos saibam que não gosta de estar aqui. Se isso é inteligente ou não, o problema é dele. Cá estaremos para ver o que será o Imbula fora do Porto. Esqueçam é de ver o Imbula que podia ser aqui. E não é dois gritos do treinador que seguramente o vão fazer mudar de ideias.

Imbula é tudo aquilo que André André não é. Para o bom e para o mal. As condições técnicas e tácticas que tem o francês o filho do nosso André não tem e dificilmente terá. Mas a este ninguém lhe ganha em atitude. Não se pode (pelo menos não se devia poder num clube como o Porto) fazer uma carreira apenas com base na atitude. Em algum momento ou o jogador evoluiu ou deve vir alguém melhor. Mas o certo é que a André não lhe podemos apontar absolutamente nada e mesmo sendo pior futebolista do que Imbula é, seguramente, melhor profissional. O francês poderá acabar por explodir e transformar-se numa referência mundial mas nos nossos livros de história ocupará um lugar semelhante a Chainho, um médio esforçado que Fernando Santos foi buscar ao seu Estrela da Amadora para reforçar o meio-campo e que cumpriu sem deslumbrar. A diferença é que Chainho não custou oficialmente 20 milhões nem foi imposto por um fundo que, daqui a nada, vai subministrar até o papel higiénico do Dragão em exclusividade. Afinal de contas, olhando para o rendimento de um e de outro, o lugar na história do clube de Chainho está a um patamar superior. Pelo menos ele soube vestir a camisola do clube com o respeito e dedicação que se lhe exige. Por tudo isso, desculpa Chainho, este artigo não era para ti.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Está explicado!


Em 26 de Novembro de 2015 escrevi um artigo questionando a consecutiva titularidade de Cristian Tello, independentemente da qualidade das suas prestações em campo. Era uma situação, no mínimo, estranha:

Mas eis que, há alguns dias, surgiu a resposta a esta questão numa notícia na imprensa desportiva: “Por cada vez que Cristian Tello não entra em campo, a fatura a pagar pelo FC Porto ao Barcelona pela cedência do jogador aumenta”.

Espera aí! Como é que é? Um determinado clube empresta-nos um jogador, ao qual nós pagamos o salário (ou parte dele), e se ele não jogar na nossa equipa nós ainda temos de indemnizar o clube ao qual ele pertence?! Que negócio espectacular! Às tantas a responsabilidade por estes termos do Contrato de Empréstimo do Tello ainda é imputável ao Lopetegui…
   

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O (meu) Porto não era isto

Como é (presumo) do conhecimento de todos os portistas, Vítor Baía proferiu um conjunto de afirmações muito críticas do momento atual do FC Porto e, particularmente, dos dirigentes que rodeiam o presidente Pinto da Costa:

Se eu [Vítor Baía] fosse presidente do FC Porto, a primeira coisa que fazia era correr com aquela gente toda [que rodeia Pinto da Costa]. Acabava com todas aquelas relações promiscuas que existem e recolocava o clube na senda da honestidade e seriedade

Ora, é perfeitamente natural que o núcleo duro de Pinto da Costa, a célebre “estrutura”, não tenha gostado destas declarações. Agora, como é óbvio, quem exerce cargos em clubes/SAD's, tem de estar preparado para ouvir este e outro tipo de críticas (treinadores e árbitros ouvem pior todas as semanas).

Assim sendo, e não tendo havido qualquer ataque pessoal, por alma de quem é que a esposa do presidente do FC Porto veio a público responder e fazer ataques pessoais a um sócio do Futebol Clube do Porto (o qual também é um destacado ex-atleta e ex-dirigente do clube)?

Notícias na comunicação social da resposta-ataque da esposa de Pinto da Costa

Li e ouvi muitas reacções às declarações (feitas nas redes sociais) da esposa do presidente do FC Porto.
Podemos especular sobre os motivos desta sua intervenção intempestiva, a tentar silenciar uma voz crítica e, pelos vistos, incómoda.
Contudo, na minha perspectiva, o essencial é dito no artigo seguinte, da autoria de Luís Aguilar, e do qual reproduzo, com a devia vénia, os seguintes extractos.


«E eis que o FC Porto se transforma num clube em que as mulheres dos dirigentes dão bitaites nas redes sociais e ofendem figuras históricas da instituição. Longe vão os tempos em que os dragões falavam a uma só voz – a do presidente – e em que os outros testemunhos, que raramente apareciam, serviam apenas para sublinhar o que Pinto da Costa já tinha dito, fosse bom ou mau. Era um clube com estratégia e organização. Era uma equipa com muitas referências de balneário. Com jogadores que tinham muitos anos de casa. Símbolos como Vítor Baía. Não havia espaço para eleger um capitão como Bruno Martins Indi, por exemplo, que chegou apenas na época passada. Os tempos, porém, são outros. Pinto da Costa deve estar muito mal para permitir que a forte estrutura que criou seja agora uma mercearia de bairro em que todos julgam ter o direito de lavar roupa suja.

A esposa do presidente dos dragões usou o Instagram para atacar Vítor Baía. O antigo capitão do Porto tinha dito, entre outras coisas, que "pessoas que dão facadas a Pinto da Costa estão ao seu lado" e que, no lugar do presidente, "corria com toda a estrutura atual", manifestando, uma vez mais, a sua disponibilidade para um dia assumir os comandos do clube. É uma opinião de quem conhece bem a casa. Uma ambição legítima. Mas logo veio a esposa do líder dos dragões defender a honra do marido – que não tinha sido posta em causa por Baía – num post lamentável. "Quando me chamaram à atenção para essas declarações do ex-guarda-redes Vítor Baía não contive a gargalhada", começa por escrever a mulher de Pinto da Costa. Tudo o resto que se segue é demasiado triste para rir.

(...) Se Baía não pode falar dos dragões, então ninguém pode. Mais grave: teve de ler, entre outras apreciações, que "passeava as suas namoradas em trajes mínimos" na SAD e que "não soube gerir o seu próprio dinheiro", num ataque claro aos problemas financeiros da sua fundação. O que tem isso a ver com futebol e o estado atual do clube? Nada!

Em 2014, Maldini criticou severamente a gestão do Milan. Nessa altura, contudo, o histórico capitão da equipa italiana não foi atacado pelas esposas de Berlusconi ou Galliani. No reino do dragão, a história é outra. O clube que durante tantos anos se orgulhou da forma como controlava a sua comunicação – característica que se dizia ser um dos segredos de tantas vitórias – está transformado numa república das bananas em que falam as mulheres dos presidentes e até os pais dos treinadores. Cada um diz/escreve o que quer. Os resultados – ou falta deles – estão à vista. O Porto não era isto. Agora, pelos vistos, parece não ser mais do que isto.»


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

A rapariga mais feia da turma

Imaginem um filme de Hollywood. 
Um filme desses, bem rascas, que passam nas matinés de sábado num canal privado, com palmeiras, muito sol e diálogos de um vazio atroz. O FC Porto é o protagonista deste filme. Um filme de jovens estudantes que sonham com triunfar na vida e que vivem no secundário mais aventuras que o cidadão comúm vive em toda a sua existência. Tudo muito americano. Agora imagem esse protagonista, o FC Porto, um jovem atractivo, competente, celebre entre os seus mas que anda a passar por um periodo dificil, seguramente problemas com os pais - que por sua vez vivem um estilo de vida cada vez mais descontrolado - e que começa a sentir-se perdido na vida. Como um bom filme americano de estudantes, tudo acaba com o baile de finalistas. O FC Porto, esse protagonista flamante, a principio era candidato a rei do baile mas parece que já ninguém quer ser visto na sua companhia. Tentou convidar as raparigas mais giras para ir com ele e levou negas de todas. Convidou até algumas ex-namoradas ou raparigas com quem sempre sonhou sair. Todas lhe disseram o mesmo: não estamos interessadas, temos algo melhor. 
No final, o FC Porto vai ao baile, sim, mas vai com a rapariga mais feia da turma. A que está sempre pelos cantos, aparelho, oculos quadrados e roupa ao melhor estilo da sua avó. Foi o que se arranjou. Claro que no fim de contas a rapariga até pode ser deslumbrante e tudo isto ser uma importante licção sobre o sentido da vida. Mas no momento em que entra no pavilhão, naquela noite, o FC Porto, esse protagonista, e todos os secundários à sua volta sabem perfeitamente que a sua companheira de baile era a última escolha possível. Filmes, não é?

Os golpes de asas de Pinto da Costa acabaram há muitos anos. Se ele se deu conta ou não, a conversa é outra. O certo é que longe parecem ir os dias onde qualquer treinador dava meio braço para ser visto no banco do "Dragão". Era um lugar de grande pressão, sim, mas que podia alimentar o mais audaz dos sonhadores. Nos mandatos de Pinto da Costa vimos a Artur Jorge limpar a imagem de um periodo cinzento em Paris. Vimos a Robson reabilitar a sua carreira nas Antas. A Mourinho lançar-se rumo ao estrelato. A Vilas-Boas a tentar imitar o seu mentor. A Jesualdo, um homem sempre desprezado pelo establishment, a transformar-se num dos mais exitosos treinadores do futebol português. A Vitor Pereira, um portista ferrenho perdido nos Açores a liderar um ciclo interno quase impoluto. Tudo isso significou, noutro tempo, ser treinador do FC Porto. 
Imaginem portanto como estão as coisas para que essa aura de êxito garantido tenha desaparecido da noite para o dia. Talvez os treinadores se comecem a dar conta dos podres que antes não se viam. De como a estrutura - essa famigerada e cada vez mais problemática "estrutura" - protegia os treinadores e agora os deixa expostos aos abutres. De como os jogadores tinham uma forte cultura de clube que agora se transformou por uma forte cultura de comissões (vejam as mais recentes renovações do Porto B como melhor exemplo de que o circo nunca saiu desta cidade). De como havia uma comunhão clube/adeptos que eram alimentada de forma reciproca. De como o presidente - o mais astuto e inteligente do futebol europeu - deixou de sair para defender os seus nos momentos dificeis para aparecer só nos momentos de triunfo como um qualquer personagem secundário. De como o plantel era forçado pela "estrutura" a respeitar o treinador a uma cultura de "laissez faire" onde ninguém, no fundo, respeita ninguém. E claro, hoje há mais ofertas do que nunca, especialmente para treinadores como um bom agente, para sujeitar-se a esse cenário deprimente. Portanto não surpreende ninguém que treinadores que ainda não são, essencialmente, ninguém (como Jardim, Nuno ou Marco Silva) tenham dito directamente que não a Pinto da Costa. Ou que treinadores que sabem da poda (como Villas-Boas) não tenham o menor interesse em meter-se num barco a afundar-se. Como os treinadores estrangeiros sabem que no Porto o poder é (ainda) da estrutura e a sua margem de trabalho reduzida e os riscos elevados (Lopetegui aprendeu da pior forma), esqueçam lá os Sampaoli, Bielsa, Laudrup e companhia. No fundo o cenário que se presenta hoje é o mais natural do mundo. Este FC Porto, tal como tem sido gerido e tal como se apresenta o futuro imediato, é incapaz de aspirar a mais que um treinador de terceiro nivel. A mais do que José Peseiro.



O novo treinador do Porto tem um curriculum ridiculo. Foi capaz de perder no espaço de poucos dias dois titulos - um campeonato que estava no bolso (acabou atrás de um Porto que teve três treinadores) e uma final europeia disputada em casa. O seu CV está ao nivel de um treinador do Braga (precisamente a sua última passagem pela Europa) e em quinze anos ganhou apenas um título (menor) e deixou mais a sensação de ser um "pé frio", sem poder no balneário (ainda que capaz de colocar as equipas a jogar relativamente bem), do que por ser um treinador de êxito. Não trabalha especialmente bem os jovens, não acumulou experiência em ligas exigentes (e por onde passou não ganhou nada, e isso que andou por África e Ásia onde Jesualdo e Manuel José sim foram campeões) e não soou nunca para o FC Porto entre outras coisas porque houve uma altura em que só soavam treinadores de primeiro nivel ou jovens promessas do futebol português. Peseiro nunca foi nem um nem outro. É um "yes men" e isso seguramente contou muito para a eleição e vivia nas catacumbas do futebol mundial o que equivalía a ser o único que não podia negar-se a dizer que sim a um lugar que mais ninguém queria. Porque esse - mais do que a sua competência como técnico - será o seu problema. Peseiro pode assinar por ano e meio mas todos, mas realmente todos, sabem que ele foi escolhido sendo a rapariga mais feia da turma porque não havia alternativa.
E pior que o saibam os dirigentes, pior até que o saibam os adeptos (e todos sabemos), é que o saibam igualmente os jogadores, homens que raramente se deixam levar por "sobras" e que precisavam, hoje mais do que nunca, de alguém que os motivasse. Porque se a Vitor Pereira - que os conhecia - lhe custou alguns meses a tirar da cabeça dos jogadores a imagem do simpático segundo treinador, qual é a imagem agora que entra no balneário de um tipo que todos sabem que foi a última e desesperada opção de uma direcção sem alternativas e a quem o tempo se lhe escapava pelos dedos?
Em lugar de apontar baterias ao titulo (o que são, realmente, 5 pontos?) e a disputar a Europa League de pé (a Taça de Portugal é uma obrigação absoluta este ano, digam o que disserem, treine quem treine a equipa), a SAD decidiu apostar num Couceiro II, alguém que está agradecido porque se lembraram dele e que sabe que se for despachado em Junho, esta continuará a ser a maior experiência da sua vida. O que significa, essencialmente, que a quem dirige o navio lhe dá exactamente igual o que vai suceder este ano e que a procura continua para outro perfil mas deixando que alguém pague o preço dos meses que aí vêm.

José Peseiro não tem culpa. É o novo treinador do FC Porto e deve ser respeitado e apoiado como tal ainda que não tenha nem méritos nem nível para ocupar o lugar. Tal como Rui Barros nestes dias, é carne para canhão. O problema continua atrás, na eterna indecisão de tomar um rumo desportivo evidente para o clube. Sempre a jogar no risco. Se correr bem e Peseiro logre o título, poderão recuperar o chavão de que "qualquer treinador" é campeão no Porto. Se correr mal a ninguém lhe vai incomodar que Peseiro leve com o peso da culpa e que se prometam alvisseras para o próximo ano debaixo do apanágio de um novo rumo ficticio.



Peseiro é o homem que Pinto da Costa quer levar como o "seu" homem às próximas eleições. No final, o Presidente mais grande da história do futebol português, o galã que saiu com as raparigas mais bonitas e lançou ao estrelato as mais sexys, vai acabar por ir para o seu último baile de finalistas com a rapariga mais feia da turma. Quem o diria! 

domingo, 17 de janeiro de 2016

Uma equipa no chão...

foto: maisfutebol

O FC Porto está no chão. Em apenas 15 dias perdeu a liderança e está agora em terceiro lugar a 5 pontos do líder e a 3 pontos do segundo classificado. A equipa está à deriva, sem rumo e sem comandante. Um reflexo do que se está a passar no Clube.

Os jogadores não sabem o que é a cultura do FC Porto e por isso não se impõem em campo. A maioria deles vieram de outras realidades para relançar a sua carreira ou para "darem o salto" e, por isso, o FC Porto pouco lhes diz. Não agarram primeiro a bola, não pressionam o adversário, estão inertes e desorientados, não são e não sabem como funcionar como um colectivo. Não sofrem, como nós. O oposto do que é Ser Porto.

Os árbitros tratam-nos sem isenção, como se merecêssemos ser castigados a cada lance, mesmo sabendo que estão a avaliar mal, porque sim. Não há uma única voz a dar a cara e a proteger o Clube, a não ser o Francisco Marques - que o faz de uma forma brilhante - na rubrica "Dragões Diário" mas que é manifestamente pouco para as necessidades actuais.

O senhor do telemóvel continua a limitar-se a ler coisas no seu smartphone, alheio a tudo o que se passa à sua volta. Podia cair-lhe o céu em cima, que ele não dava conta...



O jogo em Guimarães não teve história. Um grande frango de Casillas a abrir e noventa minutos seguintes a procurar desesperadamente um empate que não viria a surgir. O falhanço do guarda-redes espanhol está ao nível dos de um qualquer principiante das camadas jovens.

A equipa está constantemente mal posicionada, quer em transição ofensiva quer defensiva, as linhas estão muito afastadas, os jogadores usam e abusam do recuo no terreno como forma de preservar a posse, colocando demasiada pressão em centrais nervosos e desmotivados. Há demasiada cerimónia para rematar, há uma constante colocação de bola ora numa ala, ora noutra, sem contudo haver progressão no terreno de jogo ou com desequilíbrios na defesa adversária. Assim bem podiam estar horas a fio a lutar que não conseguiam marcar um golo. Em suma, Lopetegui destruiu a equipa. Devia ser ele a indemnizar o Clube pelo estrago que lhe trouxe. Ele ou quem o lá pôs.

No meio de tanta desorientação é necessário destacar alguns jogadores:
Os melhores: Danilo, André e Varela.
Os piores: Casillas, Herrera e Aboubakar

Os de Guimarães fizeram enorme festa no fim do jogo. Pena não viverem os jogos contra os grandes de Lisboa com tanto ódio ao adversário. Compreende-se tendo em conta a grande quantidade de benfiquistas na massa associativa vimaranense.

Fisgas contra Canhões

Capas de jornais do dia 16-01-2016

Os sportinguistas têm razão de queixa da arbitragem do Sporting x Tondela?
Claro que não.
Então porquê esta gritaria?
Porque, no campeonato português, esta pressão contínua sobre os árbitros acaba, mais tarde ou mais cedo, por render pontos.
E o Sporting este ano começou cedo, quer a pressionar, quer a obter dividendos dessa pressão.

Logo na 1ª jornada, o Sporting ganhou ao Tondela (em Aveiro) por 1-2, com um golo de penalti ao minuto 90+8'. Foi, também, o jogo em que o João Pereira fez um lançamento lateral com os pés já dentro das 4 linhas.

Lançamento lateral de João Pereira

Na 5ª jornada, no Sporting x Nacional, um jogador do Nacional foi expulso ao minuto 32. O Sporting ganhou por 1-0, com um golo de Montero ao minuto 86.

No final desse jogo, o treinador do Nacional, Manuel Machado, disse o seguinte:
A minha equipa esteve muito bem defensivamente. Jogando uma hora em inferioridade (...) Os árbitros, não tendo claques, têm de ser protegidos e isso inibe-me de dizer o que penso, também por carácter e princípios. Hoje foi preciso mais do que o Sporting para que o Nacional saísse vencido

Na 9ª jornada, o Sporting ganhou por 1-0 ao Estoril, com o único golo a ser marcado de penalti.

No final desse jogo, o treinador do Estoril, Fabiano Soares, disse o seguinte:
Vocês viram. Perder assim é complicado. Eu erro, os jogadores erram e eles [árbitros] também. Vocês têm as imagens e elas são claras.

Na 10ª jornada, o Sporting ganhou em Arouca por 1-0, com o golo da vitória a ser marcado por Slimani, ao minuto 90’.

No final desse jogo, a propósito de uma grande penalidade clara não assinalada a favor da equipa da casa (ao minuto 84), o treinador adjunto do FC Arouca disse o seguinte:
Sabe que, infelizmente, quem semeia ventos não colhe tempestades. E as equipas pequenas sofrem essas tempestades. Há que refletir, toda a estrutura do futebol, sobre estas tempestades e ventos que estão a ser provocados de forma propositada

Penalti por assinalar no Arouca x Sporting

Mais tarde veio-se a saber, que o árbitro deste jogo, Cosme Machado, teve uma má avaliação (o árbitro da AF Braga foi classificado com 2,4), muito por causa da grande penalidade que ficou por assinalar a favor dos arouquenses.

Na 11ª jornada, o Sporting ganhou por 1-0 ao Belenenses, com o golo da vitória a ser marcado de penalti ao minuto 90+4'.
Foi o célebre jogo da mão do Manaca... perdão, do Tonel.

Na 17ª jornada, a perder em casa por 0-2, surgiu um penalti miraculoso (mais uma vez), decisivo para o Sporting inverter a tendência do jogo, dar à volta ao resultado e vencer o SC Braga por 3-2.


Obviamente, não foi por acaso que, logo no final deste Sporting x Tondela, primeiro o presidente e depois o treinador leonino, “apontaram e dispararam os canhões” contra o árbitro.
E, menos de 24 horas depois, o presidente da AG (Jaime Marta Soares) já veio ajudar à festa.
Falta apenas o Octávio Machado. Afinal, o “Palmelão” foi contratado para quê?

Ora, se os nossos rivais usam “canhões”, nós não podemos ir para uma “guerra” destas com “fisgas”, sem “generais” e com os nossos “soldados” a marcharem uns para cada lado.

E reagir 48 horas depois, quando ninguém nos está a ouvir, serve apenas para ocupar espaço na grelha do Porto Canal.

Já agora, alguém me diz quem é o nosso Octávio Machado?...


sábado, 16 de janeiro de 2016

Suk, um negócio à Porto

O mercado de Janeiro serve apenas e só para três coisas. 
Livrar-se de excedentários, contratar jogadores que podem revelar-se fundamentais não só para os seis meses restantes mas para o projecto do ano seguinte e fazer disparates. A entrada de Hernani, no ano passado, pertenceu ao último grupo. A de Lucho, obedeceu ao segundo critério. É um periodo de negociatas entre amigos com escasso impacto real no futuro das equipas. Há exemplos que ficam na memória - o trio que o Sporting contratou em 2000, a ajuda que Jancko deu a uma equipa sem avançados centro - e pouco, pouco mais. Portanto, como olhar para a chegada de Suk, um futebolista que vai na segunda passagem por Portugal depois de ter andado, pelo meio, nas Arábias. Erro ou acerto. Lima ou Ghilas?
O que parece evidente é que, uma coisa ou outra, Suk é um claro negócio à Porto moderno!

O Porto perdeu em Lima, que saiu a custo zero para o Braga (e de aí para o Benfica), um avançado que podia ter sido fundamental em transformar o tricampeonato num possível penta ou hexa, um jogador de excelentes recursos que Jesus soube aproveitar muito bem. Por outro lado, em Ghilas, um jogador pior que o seu suplente de então com a Argélia - um tal de Slimani - parecia ter encontrado o tanque de área que destacava em Moreira de Cónegos. Até que se descubriu que Ghilas (e isso os scouts e a direcção desportiva tinham obrigação de saber) não era amigo de treinar e que o negócio, que parecia um acerto afinal metia muitas outras equações ao barulho. Lima foi um jogador a custo zero. Ghilas foi um erro brutal de engenharia financeira e, para piorar, desportivamente foi um flop. Em comum tinham ambos ter destacado num clube de nível medio na liga. Tal como Suk. Tal como Kleber. Mas, exceptuando o caso de Lima, quando foi a última vez que um avançado que destacou num clube de classe média da liga funcionou, a sério, num grande? A resposta é Derlei, reforço do FC Porto em 2003. Desde então, o vazio. Que será então Suk?

O que parece evidente é que o avançado coreano - cujo CV é tão proporcionalmente distinto à sua habilidade para as bolas paradas - junta-se a outra lista em que o FC Porto se tem especializado, a de contratar jogadores para evitar que os rivais se reforcem. Uma politica que, desportivamente, trouxe muito pouco. O Sporting está interessado? O Benfica a ponto de assinar? Contrata-se o jogador primeiro e depois logo se verá se vale. Não foi uma, nem duas, nem três as ocasiões em que isso sucedeu. Suk não chega ao FC Porto por critério desportivo, pelo menos não exclusivamente. Se o clube soubesse realmente que Suk encaixava no projecto de Lopetegui, teria chegado em Agosto antes de assinar pelo Vitória de Setúbal. Um futebolista que passou pelo Maritimo e pelo Nacional, se fosse realmente uma opção lógica a suceder a Jackson Martinez, não teria de ter dado meia volta ao mundo para integrar o plantel. Parece evidente. Agora um jogador que estava contratado ANTES de sair Lopetegui (a foto de apresentação é até com uma camisola sem patrocinio, um pequeno mas relevante detalhe) e que o novo treinador terá de aguentar sem ter dito cavaco sobre o assunto. 

E nem se trata de questionar Suk ou a sua mais valia porque lhe desejamos a maior das sortes com a camisola do Porto. Bueno também era o melhor marcador espanhol do seu campeonato há um ano e todos pareciam achar que seria o sucessor natural de Jackson (na altura escrevi que isso era impossível e assim se tem demonstrado). A sua aportação tem sido nula e isso que conta com um treinador que o elegeu a dedo e lhe deu confiança a trocar de campeonato (tinha ofertas de clubes de Sevilla e da costa mediterrânica que recusou para vir para o FC Porto), agora imagem com Suk o que podemos esperar. O coreano é um futebolista que joga no espaço (que não vai existir), no um para um emn velocidade (que vai contra a filosofia de jogo habitual de uma equipa grande) e que tem um registo de golos ao largo da sua carreira francamente escasso. Esta é a primeira época, em sete, que ultrapassou os nove golos num ano. Números escassos para qualquer grande. Mas como o Sporting o queria...

A entrada de Suk para alguns vem colmatar o erro abismal e evidente que foi o negócio Osvaldo que serviu apenas para encher os bolsos de comissionistas (um gasto de 4 milhões para um dos mais bem pagos do plantel no meio ano que cá estava) quando o jogador, que estava livre, foi contratado por um clube uruguaio desconhecido para distribuir mais valias. Um negócio à Porto moderno. O que a sua chegada implica - uma vez que nem é um avançado titular, nem é uma alternativa lógica a Jackson e portanto, não é o número 9 que o Porto precisa até Junho, quanto mais para o próximo ano - é que uma vez mais a formação ficará a ver navios e André Silva terá um novo concorrente quando o que devia ter era mais minutos. Prejudicar o rival é a ideia mas que acaba por se reflectir em prejudicar o próprio clube e alguns dos seus melhores activos de futuro.

Seguramente Suk - cujo 70% do passe está valorizado em 1,5 milhões...os outros 30% estão com um grupo de empresários e as comissões (convém relembrar que este é mais um negócio operado por Alexandre Pinto da Costa) serão, como habitual, diluidas no "Outros" do Relatório de Contas - marcará uns golos de livre, pode até mesmo ser o homem do passe para o "momento Kelvin 2016" como foi outra incipiente aposta de Janeiro, Liedson. Mas que é mais uma vez uma resposta tibia, sem uma clara mensagem de futuro, a pensar mais no que podia ser com a camisola do rival em vez do que poderá ser com a camisola do FC Porto, lá isso não há muitas dúvidas. Uma contratação que se aproxima muito mais ao conceito Ghilas que ao Lima, ao de Liedson do que ao de Lucho. Será este o jogador que o FC Porto realmente necessita para hoje, amanhã e depois ou um clube com uma chamada "estrutura" é incapaz de planear uma temporada em condições e tem de se agarrar agora a um cravo a arder para depois, a partir de Junho, começar com Suk o mesmo espiral de empréstimos sucessivos a que votou a outras "pérolas" pescadas no mercado?

Enquanto se assobiava a Lopetegui como se fosse a origem de todos os males do clube a memória vai esquecendo que Suks, nos últimos dez anos de FC Porto, lamentavelmente, há muitos.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Uma pessoa.

Um treinador, quando é despedido, normalmente cai vitima de um de três factores. 
Ou são os resultados que lhe custam o lugar ou são as suas relações com jogadores (sobretudo) e dirigentes e adeptos (também) que precipitam a sua queda. Em última análise pode-se inclusivé despedir um treinador apenas e só porque o clube tem na carteira uma opção que considera mais adequada e prefere mudar de capitão de navio a meio da travessia. Dir-se-ia que Lopetegui foi vitima dos maus resultados mas o facto é que, salvo pela eliminação da Champions League (podia ter sido despedido aí?) e de uma semana horribilis - três jogos, zero vitórias - os registos do basco não eram muito diferentes dos apresentados na época passada. A sua má relação com alguns jogadores era conhecida da SAD desde há meses e com os adeptos a falta de sintonia sempre esteve presente. E não é segredo - pelo menos é-o cada vez menos - que há muito tempo que só Pinto da Costa queria ver Lopetegui na "cadeira de sonho". Ora isso deixa-nos com a terceira opção, a de que o clube já manejava outro nome e não queria perder a oportunidade de o contratar. Até porque, convenhamos, ninguém - absolutamente ninguém - muda de treinador sem ter a menor ideia do que vai suceder no futuro imediato. Ninguém salvo a SAD do FC Porto.

Há muita gente que está a falar na necessidade de ter um treinador com X perfil e que triunfe a partir de Junho. Parece-me uma ideia excelente. Apenas com um senão. O de que o FC Porto está vivo - e bem vivo - em três competições. O Porto pode vencer, a dia de hoje, exactamente os mesmos troféus que venceu no ano de Villas-Boas. Está a apenas quatro pontos do Sporting com 17 jogos por disputar (uma barbaridade). Está nas meias-finais da Taça de Portugal, a disputar com uma equipa da Segunda Liga e a duas mãos pelo que é expectável imaginar que numa final com Braga ou Rio Ave o favoritismo seja absoluto. E está nos 16 avos da Liga Europa com uma excelente equipa, como é o Dortmund, do mesmo modo que estivemos em 2011 contra outra excelente equipa que era o Sevilla (recordista de titulos na competição). Não se trata de calcular se o plantel é igual de bom que aquele (não é), que a dinâmica da temporada seja a mesma (não é), mas sim de que, na prática, o Porto pode levantar três titulos. E podia tê-los feito com ou sem Lopetegui. Especialmente se o "sem Lopetegui" resulta ser um desastre que já leva uma semana às costas sem solução à vista.

Não faz qualquer sentido despedir um treinador quando não se sabe quem o vai substituir.
Há duas vias a seguir. Ou apostar numa versão temporal - alguém da casa ou um treinador a curto prazo (como foi Couceiro) - assumindo que a grande aposta fica reservada para a próxima época ou avança-se já para um nome para pegar na equipa e seguir com o projecto (como Mourinho). Não valem as desculpas de que não há nomes disponiveis e isso justifica o atraso. Não valem porquê? Porque o clube já sabia disso "antes" de despedir Lopetegui, nada mudou no mercado de treinadores. O que é evidente é que o ciclo de jogos dificeis passou e para ganhar ao Boavista (duas vezes) e ir a Guimarães, servia tanto Lopetegui como serve Rui Barros. E se o ciclo se prolongar para além disso, o ridiculo da situação aumentará. Afinal parece que todos os problemas se resumem, na cabeça da SAD, a uma só pessoa quando são muito maiores e evidentes do que isso. 
Quem vai decidir os descartes e incorporações no mercado de Janeiro?
Quem vai decidir que jovens da equipa B justificam a promoção á equipa principal caso jogadores com poucos minutos como Jose Angel saiam do clube agora?
Quem vai definir o onze e o modelo táctico para atacar os 3 - repito, 3 - titulos ainda em jogo? 
Se a resposta às três perguntas é Rui Barros, fica claro que a SAD acredita mesmo na fórmula de "até um inexperiente pode ganhar graças à estrutura" porque por muito boa pessoa, grande figura do clube e tipo com sorte que seja o "Rato Atómico", atacar o fim de época a lutar por tudo com Rui Barros parece um erro descomunal. Se a resposta é "uma pessoa", ficamos descansados porque, pelo menos, Pinto da Costa não acredita que um macaco possa treinar o plantel. Algo é algo.


O que é certo é que a estrutura quis nestes dias queimar publicamente Lopetegui e fazer dele o motivo de todos os males do clube. Soltou cá para fora tudo o que andou a guardar sobre as relações no Olival com empregados, jogadores, dirigentes. Colocou informação sobre a rescisão, acusando o treinador de querer tudo e mais alguma coisa transformando o clube numa vitima da sua avareza quando o empresário do treinador desmentiu de imediato que essas noticias fossem verdadeiras. E, ainda que este não fossem falsas, um trabalhador - seja ele quem for - tem o direito a receber o que tem de direito. Não estou a ver eu um executivo da SAD a ser despedido do cargo sem exigir todos os seus prémios e royalties. Afinal foram eles que receberam o prémio pelo Porto ter ficado em terceiro lugar em 2010 quando, num outro tempo, ser terceiro no Porto deveria dar azo a umas semanas de "pão e água" para por a casa em ordem. Enquanto essas noticias vão saindo - e têm sido muitas - os árbitros continuam a fazer o que querem em jogos do FC Porto que, para isso, que é muito mais sério, já sabem que podem contar com o silêncio cumplice da "estrutura".
Lopetegui - que nem sequer foi oficialmente despedido e teve de colocar uma carta, educadissima, na sua web (como Benitez com o Real Madrid, aliás) - manteve até agora um low profile mas não surpreende nada que as verdades sobre o que realmente se passou se venham a saber por pais, amigos, jornalistas espanhóis e ex-jogadores que falem por ele. Todo este processo girou à volta da demonização de Lopetegui ao mesmo tempo que o clube - as facções dentro do clube e os agentes alinhados com este e aquele - iam deixando cair nomes e mais nomes a tal ponto que hoje o banco do Porto parece o plantel do Benfica em pré-época, cabem todos, o que importa é vender fumo. Perfis como os de Jesus, Marco Silva, Leonardo Jardim, Rudi Garcia, Sampaoli, Villas-Boas, Sergio Conceição, Pedro Martins, Paulo Bento, nomes que nada têm comum e que representam um evidente  desnorte do caminho a seguir. Claramente a SAD está sem ideias e num ano de eleições convém apresentar um projecto convincente. Que todos esses treinadores tenham contrato ou tenham mostrado pouco/nenhum interesse em vir parece importar zero. Será "uma pessoa", de isso podem estar certos.

Enquanto a equipa for ganhando jogos que devia ganhar, com Lopetegui, Rui Barros ou a "pessoa", muitos adeptos vão sentir que a situação está controlada. Passa exactamente o oposto. A SAD está paralizada, sem saber o que fazer. Não queriam Lopetegui - e tinham motivos - mas também não tinham um plano B. Trata-se agora de colocar o favorito de cada um na pole position e rezar para que a jogada funcione. Afinal, já vão duas seguidas erradas, até quando o crédito é suficiente? Rui Barros pode estar só em Guimarães (e isso de abordar ou deixar cair a incorporação do treinador do futuro rival, que já passou com Fonseca, é uma jogada muito "à Benfica" senhores da SAD) ou se calhar acaba o Inverno no banco. É o resultado de uma politica de deriva total e absoluta onde o importante é continuar a acreditar na omnisciência e acerto absoluto (uma das maiores mentiras históricas do clube) de um homem que está tranquilo porque no final de contas o treinador será "uma pessoa".

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Este Porto não tem tomates

Nuno Almeida em acção no Boavista x FC Porto

A propósito da arbitragem do senhor Nuno Almeida no jogo de ontem – Boavista x FC Porto, para os Quartos-de-final da Taça de Portugal – o meu amigo Mário Faria, co-autor do ‘Reflexão Portista’, um grande Portista, escreveu o seguinte na caixa de comentários de outro artigo:

«Assisti, hoje, a uma das arbitragens mais velhacas que me foi dado assistir. Fiquei muito irritado, e mais fiquei com a brandura das declarações dos responsáveis, no fim do jogo. A equipa reagiu mal no segundo tempo e o treinador também. Devemos deixar de ter vergonha de falar sobre a arbitragem quando temos razão e somos lesados. Estes adeptos deixaram-se de indignar, para além dos treinadores. A estrutura cala-se. Este Porto não tem tomates.»


E na mesma caixa de comentários, José Lima, também ele um Portista da velha guarda, escreveu o seguinte:

«Assino por baixo caro Mário Faria. O cãozinho amestrado que o snr vítor pereira mandou para o Bessa é mais uma encomenda. Esta SAD cala-se porquê? É uma miséria!»

Casos do Boavista x FC Porto (fotos de Fábio Silva)

Sinceramente, eu já nem sei o que dizer.

A “estrutura” está (continua) calada.
Porquê?
Provavelmente porque ganhamos por 7-1… em cartões.
1 cartão amarelo para os axadrezados (tão bons rapazes que eles são…);
6 cartões amarelos e 1 vermelho direto para os “sarrafeiros” azuis-e-brancos…

Quem se indigna? Quem protesta? Quem nos defende?

Os adeptos e sócios do FC Porto que reflitam acerca de tudo isto que se está a passar no nosso clube.


P.S. Já agora, em termos da defesa dos interesses do FC Porto, neste como noutros casos semelhantes, para que serve o “renovado” Porto Canal?

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

"Tudo a que tem direito"


Este post considera apenas as notícias publicadas (mais nenhuma informação tenho) e reflete uma posição pessoal e não profissional sobre este assunto.
As notícias mais recentes dizem que Lopetegui não aceita uma rescisão de contrato sem receber "tudo a que tem direito".
Isto, ao que veio a público,  incluindo ordenados por trabalho que não fez e prémios por objetivos que não atingiu.
Segundo a argumentação do basco, a exigência dos prémios pelos objetivos justificar-se-ia com base na ideia de que tinha "todas as condições" para atingir os objetivos.
Ora, se é certo que o homem tinha de facto, porque lhe foram dadas, todas as condições para atingir os objetivos, a verdade é que ele não foi colocando o FCP em condições de os alcançar.

Mas vamos primeiro aos ordenados.
O homem fez um contrato por 3 anos e trabalhou um ano e meio.
Querer receber o restante ano e meio só pode significar uma de duas coisas:
1. Ou considera que ninguém o quererá contratar nesse período (e quer salvaguardar que tem a sopa na mesa), o que significa que não tem qualquer autoconfiança na sua qualidade de treinador e na sua imagem perante o mercado;
2. Ou significa que considera que será contratado (a curto ou médio prazo) e, nesse caso, o que pretende é receber a dobrar: receber pelo período que não trabalhou no FCP e pelo mesmíssimo período em que estará a trabalhar noutro local.
A verdade é que qualquer das hipóteses é má para a reputação de Lopetegui e causa-me muita alergia.
A primeira porque sempre me fez confusão quem recebe sem trabalhar.
A segunda porque sempre me fez confusão querer receber valores por danos que não se sofreu.

Relativamente aos objetivos: é, a meu ver, patético que alguém, que até hoje não ganhou nada, que deixou o FCP num ano totalmente a seco, que está a 4 pontos dum líder miserável do campeonato; e que se viu afastado da Champions num grupo perfeitamente ao nosso alcance, venha agora dizer que tinha condições para o que quer que fosse.

Já disse aqui por várias vezes que, por mim, o homem tinha ido embora logo após o jogo com o Benfica do ano passado, que preferiu empatar e garantir a continuidade do que arriscar  (e poder perder).
Também já disse que, embora estando convencido que com ele não ganhariamos nada, era contra a sua saída agora, porque desresponsabilizaria quem o contratou e lhe daria um saco de dinheiro.

Finalmente, não lhe atribuo a totalidade das culpas e pergunto-me se estas noticias podem estar a ser lançadas para justificar pagamentos da SAD.
É que as notícias sobre a posição de Lopetegui são demasiado surreais e temos que procurar saber tudo o que possa fazer sentido.
 

SMS do dia

(ou a frase da década)
El fútbol no es complicado. Lo difícil es complicarlo, inventar cosas por ejemplo.
- Zinedine Zidane, in AS (ou se preferirem: Carlo Ancelotti)
 

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O problema não está nos laterais

Na avaliação ao plantel, particularmente na apreciação dos dois laterais – Maxi Pereira e Miguel Layún –, já tinha escrito que «não será por causa da “troca” de Danilo por Maxi e menos ainda de Alex Sandro por Miguel Layún, que o FC Porto 2015/2016 é (será) mais fraco que o FC Porto 2014/2015».

Penso que isso se confirma.

O JOGO, 12-01-2016

domingo, 10 de janeiro de 2016

Rui Barros dá sorte


Boavista 0, FC Porto 5!

Grande vitória no derby da cidade Invicta, mas nada de euforias.

O Boavista 2015/16 é uma equipa fraquinha.
Para o campeonato venceu apenas duas vezes, a última das quais no dia 20 de Setembro.
Os últimos quatro jogos (para o campeonato) foram quatro derrotas e, de Outubro até agora, o Boavista contabiliza 2 empates e 9 derrotas!

E se o passado dos axadrezados no campeonato 2015/16 não era brilhante, no jogo de hoje a coisa começou cedo a complicar-se.
Aos 11 minutos já estava a perder;
aos 16’, Erwin Sánchez foi obrigado a fazer a primeira substituição por lesão;
e aos 40’, o treinador do Boavista foi obrigado a queimar a segunda.

Quando, aos 62’, o Jesús Corona marcou o 2º golo dos dragões, após uma brilhante jogada individual, a pantera “morreu”.

A partir daí foi “bater em mortos” (com todo o respeito pelos jogadores do Boavista). Foram cinco, mas podiam ter sido ainda mais.
E até deu para Aboubakar voltar aos golos. Espero que sirvam para o ponta-de-lança camaronês recuperar a confiança perdida e, daqui para a frente, passe a “namorar” mais vezes com as balizas adversárias.

No meio de uma intempérie e com um relvado difícil, bom jogo do Danilo e, principalmente, do capitão Herrera.


E o pequeno GRANDE Rui Barros, como treinador principal, continua 100% vitorioso.
O homem dá sorte, carago!

Interrogações sobre o negócio FCP-Altice


O FC Porto acaba de anunciar um negócio histórico, sem dúvida um triunfo da SAD. Como diz Pinto da Costa, e bem, mais importante do que ter superado os números do Benfica e Sporting – que, digam o que disserem, foram efectivamente superados – o negócio colocou o FC Porto como primeira referencia na venda de direitos televisivos em Portugal. Mais ainda, a forma como o negócio foi estruturado – um pack com quatro variáveis: direitos de transmissão, exclusividade PortoCanal, publicidade nas camisolas e na estática do Dragão – permite evitar que o Benfica saque da NOS os 10% extra que tinham acordado em caso de um negócio superior de um rival directo. O Porto pode perfeitamente reclamar que o valor do seu negócio, no que diz respeito aos direitos televisivos, é igual ou inferior que o do Benfica, compensando-o nos outros campos (o Benfica negoceia, paralelamente, a questão do patrocinio e da publicidade estática na Luz), deixando Vieira de mãos a abanar.

Sobre esse negócio o José Correia e o Tribunal do Dragão já explicaram quase tudo o que se sabe – há muita coisa que ainda vive no segredo dos Deuses -  sobre o mesmo, não vale a pena alongar-me. Os números são inquestionáveis ainda que, pessoalmente, preocupa-me  o periodo que abarca o negócio. É extremamente raro que um clube se comprometa a vender os seus direitos num prazo fixo tão largo (nesse capitulo, o Sporting foi ainda mais longe, sinal do seu desespero). Há contratos que permitem negociações anuais, bienais ou trienais depois de um periodo minimo de quatro anos, mas fechar as contas num lote de dez anos – que, na prática, por motivos do acordo vigente com a Olivedesportos só arranca em 2018/19 – é um risco importante. Ou ausência de risco, como quiserem. A SAD garante com esta jogada um rendimento garantido por uma década tanto nos direitos da TV como na publicidade. Fá-lo com valores nunca vistos em Portugal. Mas joga com um valor fixo sem calcular as variáveis futuras.

O mundo de há dez anos era muito diferente do nosso e o de daqui a dez anos será mais ainda.
Há dez anos ninguém via futebol em Pc´s, telemóveis ou tablets. Hoje é uma realidade .Há dez anos era impensável que um clube pudesse colocar uma camara de telemovel num lugar no estádio transmitindo o jogo on-demand para adeptos em todo o planeta recriando a experiencia da “cadeira de sonho”. Esse projecto embrião já está a ser posto em prática em alguns clubes e para muitos analistas pode ser o futuro. A velocidade da internet vai aumentar, a dinámica da TV por cabo vai ser diferente e a própria estrutura das competições, sobretudo na Europa, poderá variar. O FC Porto, com este negocio, afasta-se de ter qualquer poder de decisão nesse sentido até 2030. Em troca de um excelente rendimento, diga-se, mas ninguém sabe se o que se paga hoje pensando em 2025 será ou não suficiente nessa altura.
Há uns anos atrás para muitos trabalhadores, se lhe dissessem que iam melhorar e depois congelar dez anos o seu salário para números que nunca tiveram muitos talvez celebrassem mas se calhar, dez anos depois, entre a inflação, as condições laborais e a dinámica do mercado de trabalho muitos podem pensar que fizeram um mau negócio. O dinheiro pago com vistas ao mundo de hoje pela Altice é fabuloso. Para o mundo de 2020 é uma incógnita. Para 2025 ou 2028 é um ponto de interrogação ainda maior.
Esperemos que a SAD tenha dado com o negócio perfeito e o mercado não se altere (ou até piore) e com isso tenha salvaguardado o futuro financeiro do Porto nesse sentido. Muitos indicadores apontam nessa direcção. Talvez não fosse sequer possível convencer a Altice a pagar esses valores se o casamento não fosse de longo prazo, o que é altamente provável. Mas fechar-se ao mercado de forma definitiva por uma década é ainda uma questão que está por ver se é um acerto, um erro ou apenas um pormenor sem relevancia na dinámica financeira do clube.

Outro ponto importante que levanta este negócio diz respeito à centralização dos direitos de transmissão em Portugal.
Era algo necessário, quase fundamental para o futebol português. Algo que morreu com este negócio. Sim, é verdade que foi o Benfica e não o Porto quem deu o primeiro passo nesse sentido (que o Sporting imitou de imediato e entre os três sabiam perfeitamente que estes negócios levavam meses a ser tratados) mas o Benfica já era um player solitario com os jogos nas suas mãos e quando se falava em centralizar direitos muitos temiam que o clube dos “6 milhões” seguisse sempre o seu caminho.

O Porto tinha duas vías possiveis a seguir.
Imitar o Benfica procurando o melhor negócio possivel (neste caso, superando-o) marcando a linha do rival ou liderar o processo de centralização a nivel nacional, com os restantes 16 clubes a reboque (com ou sem Sporting) garantindo para si a fatia de leão dos direitos e uma divida de gratidão e sobrevivência eterna com muitos clubes que votam nas assembleias da liga e têm peso nas associações federativas onde a influência do Porto tem vindo a minguar. Atrair para a MEO todos esses clubes - que se negociassem os seus direitos colectivos somariam a totalidade dos jogos que compõem os negócios dos "Grandes" - teria sido um feito sem precedentes. Com esse gesto, tanto económico como político, o FC Porto dava um murro na mesa, isolava o Benfica (e eventualmente o Sporting) no mercado e mantinha uma boa legião de clubes que iriam viver melhor na sua esfera de influência. Inevitavelmente os números desse primeiro contrato seriam inferiores aos actuais – tanto por ser um contrato sem um dos dois major players como pela natureza da centralização de direitos, ainda que abrindo uma porta á venda ao exterior – mas também seria de menor duração e a médio prazo poderia ter sido uma jogada de mestre.

Além do mais parece-me evidente que o futebol português precisa, cada vez mais, de uma classe média forte e que sem a centralização dos direitos – e mais ainda com a fuga para a frente de Porto e Benfica que o Sporting procura acompanhar mas em bastantes piores condições, vendam dois negócios como um como quiserem– essa realidade esfuma-se. Com ela baixará, ainda mais, o nivel da Liga, o nivel da performance na Europa e, inevitavelmente, o ranking de Portugal com as respectivas vagas na Champions League. Na mudança do século viveu-se bem essa realidade e foi difícil dar-lhe a volta e quando o ranking positivo dos anos 2010-14 desaparecer das contas, haverá pouco a que Portugal se possa agarrar. Sem ter um Braga, um Maritimo, um Guimarães, um Belenenses capazes de fazer boa figura na Europa League e um Sporting preparado para competir, a sério, na Champions, esse cenário complica-se. No final as fortunas embolsadas por Benfica e Porto podem, no curto-médio prazo, ser extremamente importantes para a saúde financeira desses dois clubes mas a centralização resolvería muitos mais problemas a longo prazo, algo em que raramente alguém pensa em Portugal.


Negócio da China? Sem dúvida, com números espantosos.
Dúvidas sobre a longevidade do contrato? Inevitáveis, ninguém – nem o melhor analista ou guru pode perspectivar se em cinco ou seis anos o contrato terá um valor real de mercado.
Um golpe importante para a sustentabilidade do futebol em Portugal, e por consequência do próprio papel do FC Porto? Incontestável. Uma vez mais a Liga demonstrou que manda menos de pouco e que o seu papel é cerimonial.

Os tubarões ganharam o primeiro golpe, o tubarão azul mais do que qualquer outro!