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quarta-feira, 22 de julho de 2015

Uma entrevista deselegante e contraditória

Pinto da Costa deu uma entrevista ao jornal El Pais, a partir do Dragão, capitalizando o eco mediático que as primeiras semanas de Casillas no Porto estão a provocar na imprensa espanhola. Nada mais normal e resultado de um bom trabalho do gabinete de comunicação do clube, que tem sabido posicionar-se correctamente nesta onda de "histeria" em Espanha com a saída de Casillas do seu clube de sempre. Não é qualquer dirigentes desportivo estrangeiro que tem honras de video-reportagem no El Pais - com leitores em toda a América Latina em valores muito superiores ao que tem em Espanha - e isso é sempre de saudar como reconhecimento mediático da aposta no guarda-redes espanhol.

A entrevista, em si mesma, teve um pouco de tudo. Pode ser lida aqui na integra.
Houve coisas óbvias - como é natural que haja - houve confissões que interessam mais à imprensa espanhola que a nós (a história Messi vs Ronaldo) e afirmações interessantes. O que houve, sobretudo, foi contradições e deselegâncias que não trazem nada positivo e que espelham bem o distante que está o presidente do Porto da sua melhor versão, aquele autêntico génio mediático que fazia parar o país com cada entrevista que concedia. A idade nota-se, cada vez mais, em cada intervenção, o que não deixa de ser algo absolutamente  natural. Poucos dirigentes se mantêm no activo com esta idade e não parece haver sinais de que Pinto da Costa pare neste último ano de mandato. Talvez seja essa falta de memória ocasional que o passar do tempo provoca ou talvez seja, pura e simplesmente, uma acção deliberada e selectiva. Isso é algo que cai no campo da imaginação pessoal de cada um, a verdade só ele a tem. E seguramente, não a vai partilhar.

O certo é que Pinto da Costa, nessa mesma entrevista, tocou em alguns pontos relevantes:

a) pela primeira vez, sem piedade, acusou o Benfica de ter sido campeão com erros arbitrais para justificar o ano sem titulo de Lopetegui à imprensa espanhola (essa era a pergunta original). 

Ora, se algo foi criticado, por grande parte dos portistas, foi precisamente a passividade e o silêncio de PdC - e da SAD - ao longo do ano, e como Lopetegui foi forçado a aguentar sozinho o peito às balas. Sair agora, já com a próxima época mais perto que a anterior, a falar num "pseudo estudo" que ainda para mais é pouco realista (o Benfica teve muito mais de sete pontos a mais do que devia) para justificar o que, durante o ano, se calou, é uma contradição. Faltou voz mais critica durante o ano. Criticas a posteriori valem de pouco. Se PdC eestava consciente - claro que estava, estavamos todos - de que o Benfica estava a ser levado ao "Colinho", porque não disse o mesmo durante o ano? Porque é que, desde o Apito Dourado - um tema tocado ao de leve e esquivado - se ouve cada vez menos Pinto da Costa falar dos erros de arbitragem que prejudicam o clube e se deixa os treinadores (como Jesualdo e Vitor Pereira bem sabem) como únicos porta-vozes? Não vale estar calado de portas para dentro para depois ir lá fora dizer algo que, além de ser óbvio, devia ter sido feito internamente. Não foi.



b) PdC por um lado reclamou que sempre está ao lado do treinador e que são escolhas pessoais e por outro deixou cair a alfinetada de que uma equipa com Falcao, Hulk e James só podia ganhar titulos, retirando mérito aos seus treinadores.

Foi uma frase sem qualquer tipo de contexto e que apenas fica mal ao presidente. Deselegante é o minimo que se pode dizer. Jesualdo teve Falcao e Hulk e perdeu uma liga por um escândalo arbitral. Villas-Boas teve os três e ganhou tudo, mas James era ainda um actor muito secundário e sugerir que qualquer treinador tinha feito o mesmo é retirar todo o mérito a um ano memorável. Não faz sentido. Por fim, Vitor Pereira teve Hulk e James mas passou um ano sem avançado e ainda assim foi campeão nacional. PdC pode afirmar isto como desculpando a Lopetegui não ter essas figuras mas nenhum desses jogadores era o que é hoje na altura em que aqui chegaram e deixar no ar a velha ideia que sempre reinou no Dragão de que se ganhavam titulos em "piloto automático" entra em contradição com a velha politica de escolher treinadores a dedo. Ou se escolhe treinadores porque se acredita na sua valia e competência ou se acha que qualquer um é capaz de ganhar e então não há mérito na eleição, a tal ponto de a mesma ser catalogada de ser "indiferente".
Foi Vitor Pereira um treinador indiferente para si, senhor presidente? Foi-o Villas-Boas? Foi-o Jesualdo? Se quiser esclarecer, tomaremos nota!

c) "Caros são os que não jogam!"
Essa frase, lapidar, faz parte de qualquer manual de gestão de grupo. Se só podem jogar 11 e se contamos com 25, convém que parte desses 25 sejam baratos o suficiente para rentabilizar o investimento nos 11. Ter 11 jogadores muito bons só compensa, financeiramente, se podemos permitir-nos ter outros 11 não tão bons mas que cumpram o papel. Ou isso disse Pinto da Costa.

Na prática, não há maior contradição possivel na entrevista.
Pinto da Costa, necessitado de justificar o investimento deste ano tanto no valor de passes - Imbula - como no aumento da banda salarial - Imbula, Maxi e Casillas...de momento - optou por outro salto em frente dizendo o óbvio, é preciso saber gastar bem e, se gastamos muito numas fichas, temos de poupar noutras. O curioso é que o FC Porto tem feito, nos últimos 10 anos, precisamente o oposto. O clube contratou dezenas de jogadores e dessas dezenas uma percentagem altamente relevante, a rondar os 35%, nunca trouxe nada ao clube. Excluímos já dessa lista as apostas que tinham tudo para dar bem e não deram, porque ninguém é infalivel e todos cometem erros. Mas mesmo excluindo esses casos, num clube com os problemas de financiamento do FCP 35% é uma cifra muito significativa. Que o homem que sancionou essa politica - e essas cifras - seja o mesmo que agora a renega como se nada fosse com ele, deixa perfeitamente clara a falta de critério em alguns negócios do clube. O plantel não teve dinheiro para ser investido nos anos pré-Lopetegui (e tanto Vitor Pereira como Paulo Fonseca sofreram isso na pele, ao contrário do espanhol que teve sempre quase tudo o que pediu) mas nesses anos o FC Porto continuou a ir atrás dos Djalmas, Sebas, Sammir, Quiñones, Izmailovs e companhia, continuando a pagar os seus salários durante anos sem nenhum retorno financeiro. Um mea culpa? Não, para quê? Se basta virar o rumo do navio para o lado oposto que ninguém se dá conta que o sol ficou do outro lado. Sempre e quando haja resultados - e o problema, para alguns, tem sido a ausência dos mesmos - tudo vale como politica.

d) o caso Artur Jorge. Felizmente há ainda quem tenha memória. Pinto da Costa saca peito de ter "descoberto" um Artur Jorge que ao "descer" o Portimonense era a escolha mais improvável, dando a sensação de que o FCP foi campeão europeu em Viena por um golpe de asa seu.

Todos os que conhecem a fundo a história do Porto sabem perfeitamente que, desde 1980, que Artur Jorge ia ser treinador do clube. Isso foi seis anos antes de ter sido contratado. Artur Jorge tinha, inclusive, um pre-acordo assinado com Pinto da Costa, a pedido de Jose Maria Pedroto, para tomar conta da equipa, uma vez que o "Zé do Boné", depois do bicampeonato, tinha tomado a decisão de passar a um posto de "Manager" com o "Rei Artur" como treinador de campo. O "Verão Quente" acabou com essa possibilidade. Pedroto, fiel á sua palavra, recrutou Artur Jorge para a sua equipa técnica em Guimarães e quando voltou ao Porto, apalavrou com Pinto da Costa e Artur Jorge que, uma vez que a ordem voltasse a estar estabelecida no clube, o plano original era recuperado. Morais, um treinador querido por jogadores, adeptos e alguns dirigentes, nunca esteve realmente destinado a treinar equipa, e só o agravar da condição de Pedroto o colocou como treinador principal no final da época 83/84. Pinto da Costa sabia que Artur Jorge - até porque Pedroto ainda vivia e nessa altura a sua palavra ainda era "lei" - seria o treinador para 84/85 independentemente do que sucedesse com Morais. Mas a memória não só é selectiva. Também pode ser traiçoeira. O que não retira - porque é impossivel - o absoluto mérito de Pinto da Costa nos seus longevos dias de cem anos

PS: Originalmente a data inserida, no caso do Artur Jorge foi, erroneamente, a de 1980. A mesma foi corregida, a história pertence a esse momento no tempo.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

A entrevista de Lopetegui ao El Pais em frases e conceitos


Julen Lopetegui concedeu uma entrevista ao prestigioso jornal espanhol El Pais. Uma entrevista onde coloca sobre "papel" aquilo para que foi contratado e o que tem como objectivo aplicar. Parece evidente, pelo discurso do treinador, que todos na estrutura do clube têm assumido que é um projecto a médio prazo independentemente do que passe até Junho, pelo menos. Parece-me uma boa solução e ninguém poderá dizer que a SAD não é fiel a si mesma, com o relevante resultado final. Este treinador sabe que tem o respaldo da direcção - coisa que faltou a Vitor Pereira, por exemplo, de forma clara - e que a aposta do Clube em renovar o clube de cima abaixo obedece a esse desejo de mudar.

Realmente, para quem conhece o trabalho a fundo de Villas Boas e Vitor Pereira, o rumo aplicado por Lopetegui é um regresso ao que já se fazia. O que muda essencialmente são os interpretes. Cada vez mais novos, cada vez mais preparados para os desafíos do futuro imediato. A idade não é coincidência. Por um lado, Lopetegui é um treinador de formação. Sempre o foi em todas as suas experiências prévias. Por outro está a velha filosofía de que a aprendizagem é um largo processo e quanto antes se começar, melhor. Não é o mesmo tirar “vícios” a veteranos que ensinar, quase desde os primeiros passos profissionais, a jovens promessas.

Dessa entrevista, muito boa aliás, retiro algumas frases chave que vale a pena reler para entender o que quer e o que planeia Lopetegui para o FC Porto nos próximos dois anos:

 “Da-se por garantido que os jogadores entendem o jogo e não é verdade”
A esmagadora maioria dos adeptos parte do principio que todo o jogador tem, no seu interior, um Xavi Hernandez mas que só alguns poucos o desenvolvem. Lopetegui pertence ao grupo (onde me incluo aliás) que pensa precisamente o oposto. A maioria dos jogadores são, em termos tácticos, e para usar o bom calão da minha “Invicta” “cepos”. E são-no porque a esmagadora maioria dos clubes, na área da formação, não fomenta a aprendizagem do jogo como tal mas sim o desenvolvimento físico e, eventualmente, o trabalho posicional concreto. Quando um futebolista com 19 anos chega à primeira equipa há muitos conceitos básicos que nem sequer explorou ainda e por isso o salto para a elite custa tanto a muitos que tanto prometiam nas camadas jovens. Por isso mesmo o trabalho do treinador é cada vez mais importante. Menos espaços, ritmo mais intenso, maior necessidade de compreender o máximo número de conceitos possíveis. Hoje em dia os futebolistas continuam a ser as estrelas mas cada vez mais os jogos se decidem no trabalho diário dos treinadores.

“Quando recebi a oferta do FC Porto percebi que queriam criar uma maneira de entender o jogo. Esta é a equipa mais jovem da história do Porto  e esse converte-a num projecto muito atractivo.”


Lopetegui parte do principio com esta afirmação que nunca se jogou como se joga agora no clube o que não é certo. Não é por acaso que ao Porto de Villas-Boas se comparava em toda a Europa com o Barcelona de Guardiola. O que sim está claro é que o ano de Paulo Fonseca deixou claro que não deve haver novas derivas futuras e que o modelo deve ser aprofundado até ás categorias base. A juventude do projecto também não deve enganar. Os problemas financeiros do clube forçam-nos a recorrer cada vez mais a jogadores jovens (comprados, emprestados, graças a fundos) com salarios mais baixos e potencial de rentabilidade futura maior.

“Eu quero que os meus jogadores sejam capazes de entender o jogo e acho que quando jogas entendes muito pouco e isso passava-me também a mim. E a verdade é que a riqueza da tua equipa depende das soluções que te dão os teus jogadores”.


Cada vez é mais importante ter jogadores de talento no plantel. O espaço para haver futebolistas que apenas sabem cumprir uma função (vide Fernando, por exemplo) vai diminuindo quando queres implementar um modelo de jogo que exige uma constante adaptação do jogador. E isso leva-nos a Ruben Neves. É um 6? É um 8? Não é bem nenhuma das coisas mas desempenha-se igualmente bem em ambos lugares porque entende o jogo e sabe adaptar-se ás soluções que tem para oferecer. Por isso Oliver pode jogar na ala em momentos pontuais ou Brahimi. Jogadores uniposicionais funcionam cada vez menos em equipas dinâmicas que querem ter a bola. A maior diferença? Cristiano Ronaldo é o melhor rematador do mundo, joga bem em diagonal mas precisa de espaço para mexer-se e aproveitar os seus recursos. No meio do meio-campo ou só na área perde muito. A Messi podemos vê-lo em qualquer zona do terreno de jogo porque está preparado desde a mais tenra idade a saber dar soluções para todos os problemas.


“Temos de ser muito agressivos quando perdemos a bola no campo contrario. Esse roubo é uma arma, mas de ataque, não de defesa, porque o adversário está a preparar o seu ataque e se a recuperas encontras espaços livres”.


Uma das grandes armas do Porto de Villas-Boas (e do Barcelona de Guardiola) era a pressão alta e o rápido roubo de bola, um conceito recuperado do Milan de Sacchi e do Dinamo de Kiev de Lobanovsky. Essa pressão alta obriga aos jogadores a um constante trabalho físico o que muitas vezes choca com a juventude dos jogadores do plantel (o Ruben jogava 80 minutos por jogo há poucos meses) e esse savoir faire de saber como dosificar-se (o melhor exemplo do futebol actual é, sem dúvida, Tiago). Nesse puzzle um jogador como Herrera seria válido – devido à sua boa capacidade de recuperação – se depois a sua tomada de decisão não fosse habitualmente desastrosa. Essa dose de agressividade pedida por Lopetegui tem faltado este ano em muitos jogos e deve-se, sobretudo, à natureza dos jogadores disponíveis.

“A chave de tudo é que a posse de bola não seja uma arma contra nós. É preciso saber dar-lhe uso.”


Os grandes profetas da possessão têm lidado com este problema há bastante tempo. Ter a bola nos pés para atacar e também para defender (e nesse capitulo a Espanha demonstrou que tanto pode ser uma máquina de ataque ao bom estilo holandés como uma Itália com a bola a defender e evitar o desgaste físico e psicológico do jogo posicional sem esférico) e isso foi uma das grandes queixas ao FC Porto de Vitor Pereira e agora também a este. Tinhamos a bola mas raramente sabíamos transformar a posse em perigo real.
O caso mais exemplar dos últimos anos talvez tenha sido o jogo contra o Malaga, no Dragão, onde o domínio foi asfixiante mas as oportunidades (e o resultado) tão escasso que acabamos eliminados no jogo da segunda mão. Naturalmente que ter a bola só serve se esta for aplicada em criar desequilíbrios basculando o rival até encontrar gretas. Para isso é preciso dois elementos fundamentais: um conjunto de jogador que saiba fazê-lo de forma homogénea (e aí é onde entram as habituais criticas a Quaresma, Tello ou Herrera que perdem o sentido grupal no processo) mas também uma rotina que é difícil de aplicar num projecto renovado quase de raiz e que se prolongará ad aeternum num clube que vive de vender os seus melhores activos.

“Ás vezes podes correr menos e outras vezes mais porque o rival também pode querer ter a iniciativa do jogo e o futebolista tem de estar preparado para isso, para essa dupla dinâmica.”

O FC Porto disputa 90% dos jogos de uma temporada procurando ter a iniciativa. Aliás, como ficou demonstrado na derrota com o Benfica, mesmo na esmagadora maioria dos jogos contra os rivais pelo titulo, a iniciativa cabe-nos a nós. Salvo algum jogo pontual de Champions League, a bola é nossa. O grande problema é precisamente esse, que os jogadores se habituem tanto a ter a bola que contra um rival distinto se vejam completamente descaracterizados e perdidos em campo. É um tema importante mas não fundamental, ainda que esse 10% de jogos se possam transformar rapidamente nos jogos mais importantes do ano. No entanto acredito que face á nossa realidade é cada vez mais importante saber pensar o jogo tendo a bola mas abrindo espaços nos habituais autocarros que encontramos. Afinal, esse é o nosso cavalo de batalha.

“Os treinos devem ser explicados aos jogadores antes de que se ponham a fazer os exercícios. É preciso que entendam o porquê porque assim sabem melhor o que têm de fazer.”


Como disse ao principio o trabalho do treinador – e por isso a escolha do treinador – é cada vez mais relevante. No FC Porto sempre se pensou o oposto, que o importante era ter um homem de estrutura (vide Fernando Santos, Jesualdo Ferreira) e bons jogadores. Ciclos curtos sempre e pouco poder ao treinador. Uma ideia extremamente desfasada da realidade. Houve uma altura do jogo, sim, onde os treinadores eram apenas responsáveis da condição física. Depois passaram a ser, sobretudo, organizadores e motivadores. Hoje são o motor de tudo. Os jogadores movem-se em espaços pre-determinados e a pesar do seu talento, uma equipa só funciona se o seu treinador está a fazer bem o seu trabalho. De aí que os treinos sejam cada vez mais relevantes. Não só nos lances estudados de laboratório mas, sobretudo, na repetição de circunstancias de jogo. É bom saber – não era difícil de imaginar – que o treinador do FC Porto é consciente dessa situação mas também parece claro que apesar das suas boas intenções há ainda muitos jogadores que não assumiram o seu papel como se espera deles.

“O futebolista aprende por repetição e descobrimento espontâneo e por isso temos de automatizar movimentos mas sempre com cuidado, não queremos matar a criatividade do jogador. Este tem de saber que nesse momento chave, quando acaba o espaço para o automatismo e aparece o espaço para a improvisação, o que fazer”.

Quaresma, Tello, jogadores de talento técnico superior mas com problemas no jogo automatizado colectivo. Brahimi, Oliver, jogadores de talento técnico superior e com total integração nos automatismos do grupo. Essa é a grande diferença entre uns e outros. São os quatro virtuosos com a bola mas apenas dois deles realmente sabem que naquele momento onde o treino acaba e a realidade começa, que decisões tomar para beneficio do colectivo. Seguramente haverá trivelas fantásticas de Quaresma e sprints com golo ou assistência de Tello e é importante ter esses jogadores no plantel para desbloquear uma equipa. Mas a realidade é cada vez mais outra e um treinador que tem um futebolista como Pedro Rodriguez, por exemplo, tem uma mina de ouro. Só os grandes clubes podem presumir de ter figuras mundiais tão grandes que saibam manobrar com igual facilidade os dois componentes. Para clubes como o FC Porto, com as suas limitações de mercado, é inevitável ter um Tello em vez de um Pedro Rodriguez (para que entendam o abismo que há entre dois jogadores da mesma escola de formação) porque o segundo é muito mais raro e portanto caro e o primeiro, embora espectacular, aos treinadores mais exigentes não convence. O que terá de saber fazer Lopetegui – e quem esteja no seu lugar – é reducir ao máximo as debilidades individuais dos Tellos, transforma-los de melhor forma possível em Pedros. Jogadores que sabem que a sua criatividade não desaparece com o treino mas que, dominando ambas facetas, nos momentos da tomada de decisão, raramente se enganam. E ele sabe bem isso!

Quem quiser a entrevista na integra pode fazê-lo aqui.