sábado, 31 de março de 2012

SMS do dia - o espirito de Salazar está vivo

Não, não me refiro ao pénalti sonegado ao Braga (empurrão nítido em corrida sobre Lima).

Não me refiro sequer aos comentários orgásticos de L F Lobo, autentico cheerleader do slb (elogiando mesmo Artur por queimar tempo).

Refiro-me sim ao anuncio em rodapé da Sport TV, anunciando o "derbi de Portugal".

Pois, ainda há quem pense (e o diga sem vergonha) que Lisboa é o país e o resto paisagem.

sexta-feira, 30 de março de 2012

No futebol há milagres





Fab wanted me to post this pic for you all and to also say thank you for such overwhelming support.
in Twitter

Fazer o melhor possível…


Em meados de Janeiro, durante uma conferência de imprensa, quando questionado se não estava preocupado com o facto de o FC Porto só ter Kléber disponível para jogar no centro do ataque, Vítor Pereira respondeu assim:

Neste momento temos apenas Kléber para jogar como ponta-de-lança e, se não podermos jogar com ele, por alguma eventualidade, teremos de inventar uma dinâmica nova. Vamos ver... O clube está a trabalhar e vamos ver o que se vai passar. Mas não posso comentar situações hipotéticas; estou aqui para treinar e para fazer o melhor possível com os jogadores que estão à minha disposição.”

O vazio resultante da saída de Falcao (Kléber nunca se conseguiu impor como solução e Walter desde cedo foi uma carta fora do baralho) existia desde Agosto e, para tentar colmatar esta enorme lacuna do plantel portista, lá chegou um “rapaz alto e loiro” em cima da data limite do período de transferências de Janeiro (a SAD oficializou a contratação de Janko no dia 31/01/2012). As coisas melhoraram um bocadinho (quanto mais não seja porque Hulk voltou a jogar na posição onde mais rende) mas, conforme se tem visto, o problema do ponta-de-lança está longe de ter ficado resolvido com este ponta-de-lança austríaco (no próximo defeso vai ser preciso voltar às compras).

No mesmo período de transferências, Pinto da Costa e Antero Henrique decidiram também reestruturar o lote de médios do plantel. Assim, aproveitando a vontade de Lucho em regressar ao Porto (onde manteve a sua casa e amigos), a que se juntou o desejo do Marselha em ver-se livre do seu elevado salário, a Administração da SAD contratou El Comandante a “custo zero” e, em contrapartida, dispensou/emprestou três médios que considerou excedentários (Guarín, Belluschi e Souza).

O problema é que, desde essa altura, o plantel ficou apenas com quatro médios de raiz – Fernando, Moutinho, Defour e Lucho – a que se somaram quatro agravantes:
i) três destes médios têm características de Nº 8, estando habituados a pisar os mesmos terrenos e a ter, dentro de campo, o mesmo tipo de missão;
ii) o plantel deixou de ter um Nº 10, ou seja, um médio criativo tipo Belluschi (embora James pudesse vir a ser adaptado a essa posição, algo que Vítor Pereira raramente faz);
iii) com as saídas de Souza e Guarín, dos três médios que nas últimas duas épocas jogaram na posição 6 (médio defensivo), apenas permaneceu Fernando o qual, ainda por cima, sofreu uma lesão;
iv) o Lucho atual, continuando a ser um grande jogador, já só aguenta meio jogo (quanto muito 60 minutos) a elevada rotação.

A propósito de Lucho, importa dizer que os problemas físicos de que se fala não são uma invenção dos adeptos, ou do Luís Freitas Lobo. É algo que tem sido notório em vários jogos e que, inclusivamente, já foi admitido por Vítor Pereira, conforme fica claro das afirmações que fez na semana passada, no final do slb x FC Porto para a Taça Lucílio Baptista:

Estamos com problemas no miolo, a troca de Lucho por James deveu-se ao facto de o Lucho precisar de descansar, sentiu dificuldades físicas...

Ao longo da época já o disse várias vezes e repito: para mim é claro que Vítor Pereira demonstrou não ter capacidade, nem o perfil adequado, para ser o treinador principal de um plantel que na época passada ganhou tudo o que havia para ganhar e que, ainda por cima, se habituou a vê-lo como adjunto. Talvez noutra altura e com outro lote de jogadores, Vítor Pereira pudesse ser uma boa escolha, mas é mais do que óbvio que com este plantel a coisa não funcionou. Contudo, sejamos justos, algumas (in)decisões da Administração da SAD não lhe têm facilitado a vida.


Nesta altura, já nada há a fazer em termos de mudanças substanciais. Assim, a um dos treinadores mais contestados dos últimos anos, o que se lhe pede (exige) é que faça o melhor possível com os caríssimos jogadores que tem à sua disposição. E se der para renovar o título de campeão, óptimo.

P.S. A gestão desportiva da estrutura do futebol portista tem sido de alto nível e fundamental para o sucesso do FC Porto nas últimas décadas. Contudo, há anos em que as coisas não correm bem e, após o final deste campeonato, quando for feita a análise a tudo o que se passou, estou convencido que as más decisões da dupla Pinto da Costa – Antero Henrique irão ser, pelo menos, tão valorizadas como os erros, inabilidades e incapacidades de Vítor Pereira ao longo da época.

quinta-feira, 29 de março de 2012

Exigência ou falta dela



Bem após algumas noites de pouco sono em que, supostamente, serviriam para retemperar o espirito daquela ignóbil perda de pontos em Paços de Ferreira, na verdade a alma vai ainda mais inquieta. Não discorrendo nas ideologias dos adeptos do pintainho preto sobre o azar ou malfeitorias do juízo soberano do jogo, não se me liberta o azedume de como aquela equipa de muitos cruzados não se avantajou das muitas chances à sua mercê, nem se abespinhou quando o diabo à porta lhe bateu.

Não é a razão da nossa existência tanto desacerto e desconcentração nas horas de prestar contas ao altíssimo, nem menor costuma ser a baixa de guarda desta massa adepta, tão implacável e exigente, fundadora dum tribunal que se quer vivo, mas já vai morto na tumba do regedor. Não se questiona, nem se pode ousar questionar, não vá daqui el-rei levantar-nos um auto-de-fé, por cometer-se o pecado de exorcizar os próprios neurónios.

Manter o status é mais precioso do que defender a honra, e, pior, do que romper comodismos. A cada golo falhado haverá um penalti a marcar. A cada golo sofrido uma falta a assinalar. E quando a razão não dispuser de razões com que se acautelar, chama-se à baila os enfadados escribas e prestimosos comentadores, já outrora, e muito bem, batizados de paineleiros, para defender a honra e a ordem do convento, mesmo que sendo motivo sem ponta por onde se lhe possa pegar, mas estando nós a falar de uma bola redonda, tudo se lhes desculpa.

E vem esta prosa a propósito de, precisamente, tão pertinente e veemente contestação de Manuel Serrão, na passada Segunda-Feira, no programa em que participa semanalmente, sobre a gritante falta de maturidade mental e técnica da nossa equipa para alargar, ou sequer segurar, a vantagem no último jogo disputado na Mata Real. A reação natural de qualquer adepto portista costumava ser esta. A intervenção da anafada estrutura portista devia ser esta. O nosso objetivo não pode conter a palavra comodismo. E assim agradeço a Manuel Serrão por nos fazer questionar se ainda somos um clube com exigência ou com falta dela!



quarta-feira, 28 de março de 2012

Mister… Magoo


Ontem à noite, após o final do slb x Chelsea (0-1), das diferentes explicações que o mister Jorge Jesus apresentou para a derrota dos encarnados, perante uma equipa dos blues que alinhou de início com cinco habituais suplentes (*), achei particular graça às seguintes justificações:

O Chelsea teve uma situação aos 33 minutos e depois numa situação de contragolpe deu o golo. Teve duas situações de finalização.

O Chelsea teve um remate do Meireles e um contra-ataque na 2ª parte. O Benfica foi quem teve mais oportunidades mas não teve uma pontinha de sorte.

Sorte? A equipa adversária só teve duas situações de finalização? Apenas um remate e um contra-ataque para os blues?

Extratos retirados do site ‘Maisfutebol – Ao minuto’:
15': Ramires foge a Emerson com uma facilidade incrível, fruto da rapidez do médio do Chelsea e ganha um canto. Neste, Artur teve dificuldades em afastar, mas Maxi completou o alívio.
22': Torres recebe passe de David Luiz, domina e de primeira atira para fora.
33': MEIRELES PARA FORA! O Benfica distrai-se, o Chelsea marca rápido um livre e Meireles, em zona frontal, atira por cima.
38': TORRES PARA FORA! Jogada do espanhol que entra na área, puxa para o pé esquerdo e remata. Para fora.
40': DEFENDE ARTUR! Meireles remata forte, de fora da área, mas o guarda-redes do Benfica está atento e consegue desviar!
52': KALOU POR CIMA! Cruzamento da esquerda com o costa-marfinense a saltar na área a cabecear mal, por cima.
61': MATA AO POSTE! Falha da defesa encarnada com o espanhol a contornar Artur e depois, com a baliza aberta, a atirar ao ferro!!!
75': GOOOOOOOLLLLLOOOOOOO!!! CHELSEA ! 0-1 por Salomon Kalou. Contra-ataque iniciado por Ramires, que lança Torres. O espanhol sobe pela direita, ganha a Jardel e cruza para a área, onde Kalou se antecipa e aparece a encostar.
86': Outra vez o Chelsea com perigo, Mata tenta o chapéu a Artur, a bola sai por cima.

Eu não tive o prazer de ver o jogo todo, mas será que os jornalistas do Maisfutebol sonharam com estas situações? É que, pelas minhas contas, o Chelsea teve mais oportunidades de golo que o slb e, seguramente, as mais flagrantes do jogo.

Nós já sabemos que o atual mister dos encarnados tem uma forma muito peculiar de (não)ver o que se passa nos jogos da sua equipa, mas alguém que lhe diga para não exagerar. É que se continua a negar as evidências de forma tão flagrante, qualquer dia, em vez de “mestre da tática”, começam a chamar-lhe Mister Magoo…

(*) Por que carga de água, nos jogos contra o slb, os treinadores das equipas inglesas decidem sempre poupar alguns titulares? É que já Alex Fergusson tinha feito o mesmo.

O irreconhecível Rolando

Na 21ª jornada, já no último terço do campeonato, os dragões venceram o slb por 3-2 e saíram da Luz como líderes isolados, com três pontos de avanço. Contudo, após ter feito aquilo que parecia mais difícil, nas três jornadas seguintes a equipa do FC Porto cometeu uma espécie de harakiri e desperdiçou 4 pontos (!), ao ceder dois empates inesperados (ou talvez não): em casa frente à Académica e na curta deslocação a Paços de Ferreira.

Evidentemente, houve vários motivos para este esbanjamento de pontos na fase decisiva do campeonato, mas há um jogador que está indelevelmente ligado a estes dois empates (ambos por 1-1), por ter estado diretamente envolvido nos dois golos sofridos: Rolando.
Primeiro contra a Académica, ao permitir que Edinho, nas suas costas, nem precisasse de saltar (!) para bater o desamparado Helton. No último jogo, contra o Paços de Ferreira, a falha ainda foi pior (por ser num lance de bola parada), ao deixar Melgarejo completamente à vontade marcar (também de cabeça), na sequência de um canto.

Rolando está a cumprir a sua 4ª época com a camisola do FC Porto e, apesar de não ser um defesa-central de top (nunca chegou ao nível atingido pelos centrais que o antecederam – Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Pepe e Bruno Alves), na época passada, após a saída do filho de Washington Alves para o Zenit, ganhou o estatuto de “patrão” da defesa portista, tendo feito dupla primeiro com Maicon e depois com Otamendi.

Infelizmente, o sucesso estrondoso que o FC Porto de André Villas-Boas alcançou na época passada, parece ter subido à cabeça de vários pseudo-craques dessa equipa, entre os quais Rolando e, logo em finais de Maio, a comunicação social começou a especular com clubes supostamente interessados na sua contratação (Liverpool, Juventus, Inter Milão, …). Mas, para que não se pense que a vontade do jogador em sair era fruto de mera especulação jornalística, o próprio Rolando tratou de desfazer as dúvidas quando, no dia 9 de Julho de 2011, no estágio em Marienfeld, fez questão de o dizer de forma cristalina:

Estou no FC Porto há três anos e sempre trabalhei em prol do grupo. A partir de certa altura, é normal que as pessoas comecem a ver-me a sair. Se tiver de sair, penso que é uma boa altura. Ganhei muito no FC Porto e quero continuar a ganhar. Se será aqui, ou não, logo se verá

A época de Rolando tem sido marcada por expulsões (já vai em três), inúmeras falhas defensivas (felizmente nem todas deram golos) e até comportamentos incorretos, como foi o caso do episódio que protagonizou aquando da sua substituição no jogo com a Académica. Apesar disso, continua a ser um dos indiscutíveis de Vítor Pereira, algo que só se explica por, na opinião do treinador do FC Porto, os outros três defesas-centrais serem piores, ou estarem em pior forma.


Na minha opinião, Rolando pode compor uma boa dupla, se estiver com a cabeça no lugar e jogar ao lado de um grande central, mas pura e simplesmente não tem categoria para ser o “patrão” da defesa portista. Contudo, também não é tão mau como tem demonstrado ao longo desta época e assim, no interesse do jogador e da SAD, tudo deveria ser feito para vender o seu passe no final desta época, não pelos completamente irrealistas 30 milhões da clausula de rescisão, mas por um valor aceitável (entre os 8 e os 10 milhões de euros), atendendo à enorme desvalorização que este “activo” sofreu esta época.

E, fechado o ciclo FC Porto (algo que na cabeça do jogador parece já ter acontecido no final da época passada), que o Rolando seja feliz nos clubes onde vier a prosseguir a sua carreira.

terça-feira, 27 de março de 2012

Leonardo, Lima e os “guerreiros”


13 vitórias consecutivas para o campeonato (recorde desta época e uma das melhores séries dos últimos anos) e liderança da prova a apenas seis jornadas do fim, não é, seguramente, obra do acaso. E a este desempenho brilhante está associado um futebol agradável à vista, e não um estilo de jogo defensivo (de contenção, como é hábito dizer agora) e de contra-ataque como, em grande medida, era o eficaz SC Braga de Domingos.
53 golos em 24 jogos (2,2 golos por jogo), apenas menos um golo marcado que o FC Porto e o slb, e ter o seu ponta-de-lança/avançado centro – Lima – a liderar a tabela dos marcadores, são indicadores com um significado indiscutível.

Por tudo isto, há quase um consenso nacional em torno deste SC Braga de Leonardo Jardim e, para além dos adeptos bracarenses e sportinguistas, atrevo-me a dizer que também uma franja significativa de adeptos portistas e benfiquistas veriam com bons olhos (ou, pelo menos, não ficariam muito tristes), se o próximo campeão nacional fosse o outsider do Minho.


Ora, no próximo fim-de-semana vai-se disputar um slb x SC Braga (afinal, o slb x FC Porto não foi o jogo do título…) e, nesta altura, encontro-me dividido relativamente ao resultado que prefiro.
Racionalmente, e à priori, o empate seria o melhor resultado para o FC Porto que, no caso de vencer o Olhanense, ganharia dois pontos aos dois concorrentes diretos na disputa para o título e reassumiria a liderança isolada do campeonato antes de ir a Braga.
Emocionalmente, desejo (como sempre) a derrota do slb. O problema é que isso significaria a vitória dos “guerreiros do Minho”, a sua continuação na liderança e um extraordinário “doping moral” para os últimos cinco jogos do campeonato (principalmente, para o SC Braga x FC Porto da semana seguinte).

Já nem sei o que quero…

P.S. A Direção do SC Braga não brinca em serviço e já definiu o preço dos bilhetes para a receção ao FC Porto na 26ª jornada (sábado, 7 de abril, 20h30). Sócios do SC Braga: 5 euros; Público em geral: entre 35 (lateral) e 60 euros (central).
Amigos, amigos, campeonato (com estádio cheio a apoiar) à parte…

Fotos: Maisfutebol

Não me lembro de...

Não me lembro de:

- O F.C. Porto só dispôr de quatro médios;

- O F.C. Porto dispôr de dois pontas-de-lança que juntos não valem por um, e aos quais, para cúmulo, a bola nunca chega em condições;

- O F.C. Porto não dispôr de um defesa-central autoritário que seja inquestionavelmente titular e comande a defesa.

Não falo do Vítor Pereira, pois lembro-me de alguns como ele...

O 12º jogador esteve presente

Uma sequência de fotos elucidativa:







O 12º jogador esteve mais uma vez presente e, notoriamente, não foi por falta de apoio que a equipa voltou a esbanjar pontos.

Se o FC Porto não conseguir revalidar o seu título de campeão nacional, seguramente que os adeptos serão os menos culpados.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Irritações

Coisas que me irritaram neste jogo:

1) O resultado, claro

2) A dogmática defesa à zona nos cantos. É inconcebível que o jogador mais perigoso do Paços tenha sido deixado completamente à vontade no lance do golo, principalmente quando era o único adversário perto da baliza; 4 ou 5 jogadores do FCP estavam a marcar... uma mão cheia de ar.

3) A forma desapressada com que o FCP atacava, a partir do 1-1. Isso é «comer a relva»?

4) A manutenção de Lucho em campo até ao fim, estando estourado. Temos uma «vaca sagrada»?

5) Em geral a forma física miserável de muitos jogadores, quando o calendário tem sido menos carregado do que em anos anteriores

6) A saída de Janko sem o jogo estar resolvido. Podia vir dar a jeito para o chuveirinho final, caso o Paços empatasse... como empatou

7) O cartão amarelo a Hulk. Eu até consigo - com muito boa vontade... - imaginar que o árbitro considerou a carga de Cássio sobre Hulk como legal, mas mesmo que o fosse... simulação por cair ao ser albarroado??

domingo, 25 de março de 2012

Nem espanto, nem tristeza. Apenas pobreza.


Vinte e quatro jogos depois, ainda há quem exclame, ou até quem se espante, por tão intensos e sucessivos tropeços no liso, que estas equipinhas cá do burgo não aspiram a mais do que esse singelo diminutivo, e, eis outra vez, nem dois dias passaram, espalha-se ao longo outro “grande” com futebol tão pequeno, que apesar de pagos com muitos dinheiros, não são essas moedas que os fazem jogar mais. Os “pobres” da casa, coitados, lá vão eles à vida todos contentes, um pontinho no bolso, bem melhor que nada, seja louvado Cássio pelas prestimosas intervenções, ou bem-afortunado das aselhices alheias.

Não foi o pior, nem foi o melhor, correu como em outros jogos se deu, uma mediania sensaborona, que o nosso jogar não sabe a carne, nem peixe, mas a comandita de Vítor Pereira acabou por engolir as sobras que não tinha rapado antes do empate fatal, maldita melga ou vareja, que nos pôs a ver estrelas.

Nem foi nada mal, tal a cadência de bolas, e perigos vários, esvoaçando a baliza caseira. Depois do quarto de hora de jogo, a meter muito rasgo e pouco mais, chegou-se à frente o Dragão, com boas promessas de golo, mas todas elas sem lhe verem o ouro. Lucho primeiro, enquanto as pernas lhe davam, pica por cima, mas lá vem Cassio. Janko mais tarde, que para ser mais fácil, ou quiçá mais difícil, de portas escachadas, acerta-lhes nas fechaduras. Vira porca, venha outra, mais do mesmo, Janko outra vez, não sabe o que fazer a um ressalto de um tiro de Hulk. E nulo que és, fica-te tão bem.

Volta das cabines o povo, anda cá Fernando, que estás perdoado. Põe-te andar Defour, que só aterraste por estas beiras há pouco, ainda cheiras a leite, e não tens arcaboiço para deixar no chuveiro um capitão doutros tempos. Não sejas arreliante, escrever tais dislates, nem dois minutos a bola rolava e já se anichou nas redes de Cássio. Arrancada de Hulk, um pique bem ao seu estilo, obrigado Ricardo por nos fazeres o jeito, não vá aparecer aí um austríaco qualquer a trocar as voltas aos seus papéis.



Sobe, sobe rendimento. Oportunidades às dúzias, mas golos que é bom, nem vê-los. Chuta Hulk, chuta Moutinho. Carrega Cássio que estás na baliza para isso. Perde-se fulgor e alguma energia, mas deixa lá estar o Lucho que lá vai com a bomba no máximo. O Paços acredita, e está mesmo a cheirar a paio. Nem é preciso servi-lo. Com retaguarda como a nossa, há banquete pronto a sair a qualquer instante. Eis a igualdade, que até rima com nulidade, talvez injusto, ou se calhar merecido.

Cabeçudos somos nós por acreditar que agora é desta. Nem foge, nem descarta. Assim vai este andor, com os descrentes ansiosos, os agitados furiosos e os louvaminhas prudentes. Enquanto isso, vem de fininho o Braga e põe-se a pronto de açambarcar o tesouro da realeza. Bem feita e merecida chaga merecias, vós “grandes” que não desgrudais lá do púlpito, que chorais e rogais por gralhas e agruras do apito, mas não fazeis muito ou pouco por merecer lá ficar. Oremos.

Só uma coisa interessa

A vitória.

Hoje não pode haver desculpas.

Não é necessário jogar bonito, mas é obrigatório saírem do jogo todos rotos, comer a relva toda. Se isto acontecer a vitória é nossa.

Nós somos melhores que eles. Nós sabemos. Eles sabem. Mas temos de o provar em campo.

Até os comemos!

sábado, 24 de março de 2012

Blind... zero


Ontem o slb foi a Olhão e, apesar da equipa da casa ter jogado bastante desfalcada, os encarnados foram incapazes de marcar qualquer golo e o desafio terminou empatado a zero.

Quem parece também incapaz, nomeadamente de ver o que se passa dentro das quatro linhas, é o treinador dos encarnados. Assim, depois de negar os bloqueios (obstruções) que os seus jogadores fazem em jogadas de bola parada, no final do jogo de ontem afirmou, sem se rir, que não percebia por que razão é que Aimar tinha sido expulso.

Jesus (o Jorge) não viu mas, perante uma situação tão evidente, os ex-árbitros que compõem o TRIBUNAL de O JOGO foram unânimes em considerar que a falta cometida por Aimar sobre Rui Duarte é justificadora de cartão vermelho ao jogador do slb:

Jorge Coroado - Em absoluto. Aimar, depois de pontapear a bola, movimentou a perna para a sua direita no objetivo claro de deixar pegada no adversário. Cartão vermelho exemplar.

Pedro Henriques - Cartão vermelho corretamente mostrado por falta grosseira. Ou seja, Aimar, com a sola da bota, usa de força excessiva e de brutalidade sobre Rui Duarte na disputa da bola.

José Leirós - Cartão vermelho bem exibido, pois Aimar, depois de disputar a bola, com intenção e deliberação, procurou atingir violentamente Rui Duarte.


Aquilo que o Jorge Jesus e a generalidade dos benfiquistas (dirigentes, adeptos, jornalistas, comentadores, etc.) são incapazes de ver, é algo que é visto por toda a gente com um mínimo de isenção, incluindo por comentadores estrangeiros (no caso do vídeo seguinte, são brasileiros):



Ora, perante este handicap visual, perante esta incapacidade notória de Jorge Jesus em ver situações e factos absolutamente claros e indiscutíveis, aqui vai uma música dos Blind Zero, com uma dedicatória especial para o "mestre da tática":




P.S. «Desde que começou a ficar a zero no marcador (três jogos para a Liga entre fevereiro e março) e a perder pontos, Jesus perdeu a linha habitual de discurso. Já passou muito tempo sobre a promessa benfiquista de não falar sobre arbitragem. Nesta altura, pelo contrário, os árbitros parecem o único ponto na agenda, sem que se detete uma linha coerente de comunicação. De resto, o mesmo sucedeu com a resposta de Jesus a Vítor Pereira sobre os bloqueios. O treinador do Benfica simplesmente caiu no jogo do adversário, ajudando a colocar a questão na agenda da semana. Elementar.»
Luis Sobral, Maisfutebol

sexta-feira, 23 de março de 2012

Antes quebrar que torcer

A surpreendente eliminação do Manchester City às mãos (pés!) do SCP, levou muita gente a fazer paralelismos com a eliminatória anterior, em que os dragões foram despachados pelos citizens com duas derrotas e um total de 1-6!

Houve quem comparasse as estratégias de Vítor Pereira e Sá Pinto; houve quem falasse na sobranceria de Mancini na eliminatória com os leões; houve quem analisasse os jogos sob o prisma da sorte ou dos erros individuais. A mim, o que mais me chamou à atenção foi a humildade, solidariedade, determinação e capacidade de sofrimento que os jogadores do SCP revelaram nos dois jogos.
E o exemplo maior foi dado por Bruno Pereirinha que, tendo sofrido uma luxação completa do ombro esquerdo (algo que, em condições normais, implicaria a sua imediata saída do relvado e que o vai obrigar a uma paragem de três semanas até voltar a poder competir), continuou estoicamente em campo para evitar que a sua equipa ficasse reduzida a dez elementos e, ao lado dos seus companheiros, ajudou a suster a avalanche final do Manchester City.

Mais do que as estratégias traçadas pelos treinadores, foi esta a grande diferença entre os “meninos” (cheios de trancinhas e tatuagens) do FC Porto e os “guerreiros” do SCP nas duas eliminatórias contra o Manchester City.

E como me custa dizer isto.
Eu que me lembro do capitão João Pinto ter chegado a jogar com um dedo do pé partido, algo que só soubemos passado uns tempos, porque nem os adeptos, nem os adversários se aperceberam disso.
Eu que me lembro de num FC Porto x União Madeira (época 1993/94), um ex-jogador do FC Porto (Chico Nelo) ter acertado uma patada violenta no sobrolho do André, que o pôs a sangrar abundantemente, e o caxineiro, após ter sido cozido à frente dos antigos cativos, ter voltado ao relvado e continuado a meter a cabeça à bola como se nada fosse.

No plantel atual temos grandes craques, alguns dos quais são autênticas “estrelas” do futebol espetáculo-negócio, mas faltam-nos jogadores com a raça e a fibra que tinham João Pinto, André, Paulinho Santos, Jorge Costa, entre outros. Jogadores que não eram sobredotados, não eram vedetas, mas davam tudo o que tinham quando envergavam a camisola azul-e-branca e, não é por acaso, que ainda hoje fazem parte do imaginário portista.

Amarelos cirúrgicos

Hoje à noite o Olhanense vai receber o slb, em jogo antecipado da jornada 24. Na antevisão ao jogo, o treinador-adjunto do Olhanense (o treinador principal apanhou um castigo que só termina no… domingo), Jorge Rosário, quando confrontado com a ausência de vários habituais titulares, afirmou:

Vai ser extremamente difícil para o Olhanense, porque as pessoas têm de perceber isto: quando toda a gente falava que só o Javi Garcia fazia falta ao Benfica, e que o Benfica não era a mesma equipa sem um jogador, é evidente que sem quatro ou cinco jogadores, para o Olhanense não é difícil, é extremamente difícil”.

Três das ausências certas são-no devido a acumulação de amarelos. De facto, no recente Vitória Guimarães x Olhanense, o árbitro Vasco Santos “acertou em cheio”. Dos quatro cartões amarelos que mostrou à equipa de Olhão, três foram a jogadores que estavam à bica e, por isso, André Pinto, Wilson Eduardo e Cauê ficam de fora do desafio contra os encarnados. É a vida…


Aliás, a “coincidência” de jogadores das equipas adversárias do slb ficarem impedidos de jogar contra o “clube dos 6 milhões”, devido à acumulação de amarelos, é algo que se está a tornar regular. Não faltam exemplos que atestem esta “regularidade” e ainda há cerca de um mês falei de um caso semelhante, a propósito da deslocação do slb a Coimbra.

Mas, numa altura em que este assunto foi abordado por muitos blogues portistas (a comunicação social do regime, evidentemente, nem ao de leve lhe toca), importa dizer que este padrão já existia na época passada.
A memória dos adeptos é curta, mas eu ainda me lembro do meio-campo totalmente “renovado” que o Paços de Ferreira teve de utilizar na recepção ao slb, na sequência de uma arbitragem “cirúrgica” do agora famoso Marco Ferreira (num Beira-Mar x Paços Ferreira).

De uma coisa tenho a certeza: a sequência destes casos não entrou, nem entrará, para a história do futebol português. A “verdade desportiva” é algo muito sério…

quinta-feira, 22 de março de 2012

Bloqueio mental



«Em resposta às acusações de Vítor Pereira, Jorge Jesus negou que as suas equipas trabalhem os bloqueios ofensivos como estratégia de jogo, mas alguns jogadores que no passado foram treinados por ele contrariam-no. O enfoque nas bolas paradas é, dizem, uma das chaves do seu sucesso. E os ditos bloqueios podem não ser uma invenção dele, mas fazem parte da estratégia usada para vencer jogos.

Luís Filipe, lateral do Olhanense, nunca tinha ouvido falar de tal coisa antes de ser treinado por Jesus. André Leone já os conhecia do Brasil, mas aprofundou a técnica no Braga. “Treinávamos, e muito! Até era ele [Jesus] que nos atirava a bola com a mão, para ser mais preciso do que se fosse com o pé”, frisou. “Eu até podia cair no lance, mas o que importava era tapar o caminho ao adversário. Nem me preocupava com a bola. Virava-me de costas para ela e abria os braços em direção ao adversário”, explicou a O JOGO. O ex-árbitro Jorge Coroado não tem dúvidas: se é isso que Jesus pede, então os árbitros pecam ao não assinalar falta. “Jesus é inteligente no aproveitamento do que é a regra, que, não sendo específica, atira para o primeiro parágrafo da Lei 5: a opinião do árbitro”, explica, acrescentando que no clássico, como noutros jogos do Benfica, deveriam ser assinaladas várias infrações: “Fazem mais faltas nestas situações do que as outras equipas.

A fronteira entre legal e ilegal provoca desacordo entre os jogadores ouvidos por O JOGO. A estratégia é clara, mas a forma de a explorar só choca João Guilherme, do Marítimo, e Gaspar, do Rio Ave. “O Benfica não faz falta uma, duas ou três vezes; faz sempre. Ainda não vi nenhuma assinalada. No final de uma recente reunião de arbitragem, o próprio Vítor Pereira [líder do Conselho de Arbitragem] disse que bloqueios acontecem no basquetebol; no futebol, chamam-se obstruções. Se o avançado mete a bola na frente e é obstruído, marcam falta. Por que não o fazem também quando se trata de um lance de bola parada?", pergunta o defesa do Rio Ave, que recorda os tempos de Belenenses e a insistência com que Jesus abordava esse tipo de trabalho. “Se eu fosse árbitro e visse um defesa de costas para a bola, ficava duplamente atento. Se não olha para a bola é porque só procura obstruir o homem”, justifica. João Guilherme partilha da opinião. “O Benfica faz muito isso. Mas é falta. Se os árbitros não marcarem, eles ficam com grande vantagem. Senti isso em todos os cantos e livres dos jogos frente ao Benfica”, reclama o maritimista.

O FC Porto acredita no mesmo. Antes de Vítor Pereira o denunciar, já se temia o uso abusivo dos ditos bloqueios e, na reunião que antecedeu o jogo, o delegado portista tratou de pedir especial atenção ao árbitro Artur Soares Dias
in O JOGO, 22/03/2012


O bloqueio será sempre considerado falta quando o jogador não tem objetividade na disputa da bola e antes e só na perturbação do adversário. É falta sempre que um jogador se interpõe entre o adversário e a bola, não se preocupando em jogá-la e sim em travar a marcha do adversário.
Jorge Coroado


Perante os factos, perante a denúncia, perante as evidências, perante as imagens, Jorge Jesus nem vacilou e afirmou o seguinte na conferência de imprensa que deu hoje:

Nas leis do jogo não existe a palavra bloqueio. Existe sim antecipação. Isto é uma forma de alertar para a qualidade das nossas bolas paradas. Não trabalhamos bloqueios, isso é no basquetebol. O que eu digo aos meus jogadores é que, quando estão agarrados, têm de arranjar maneira de deixarem de estar agarrados. Eu quero é que os árbitros vejam o que fazem aos nossos jogadores. É natural que os jogadores se agarrem uns aos outros. Mas os grandes prejudicados somos nós, pois o Luisão e Javi são sempre agarrados. Aliás, no segundo golo frente ao FC Porto o Luisão está a ser agarrado. No meio desta situação, os jogadores do benfica são sempre os prejudicados”.

Lendo estas afirmações do “mestre da tática” nem sei o que dizer. Provavelmente, um de nós deve estar com um bloqueio mental…

P.S. Ninguém pode tirar o mérito a Jorge Jesus por trabalhar este tipo de lances até à exaustão. Os árbitros deixam e as suas equipas aproveitam. Compete aos outros treinadores denunciarem esta estratégia (naquilo que ela tiver de ilegal) e, dentro do campo, alertarem os seus jogadores e arranjarem antídotos para a mesma.

Kléber, Walter, Hulk, Janko…

Há vários anos que o FC Porto joga em 4-3-3 e, após a saída de Falcao, a primeira aposta de Vítor Pereira para a posição de ponta-de-lança foi Kléber, tendo o treinador principal do FC Porto afirmado que o jogador tinha muita qualidade e que apenas precisava de tempo para se afirmar na equipa portista.

Em 18 de Outubro, uns dias depois de Walter ter marcado quatro golos ao Pêro Pinheiro para a Taça de Portugal, e quando já era notório que, afinal, o Kléber iria precisar de muito mais tempo para se afirmar na equipa portista, Vítor Pereira justificou da seguinte forma o facto do FC Porto não ter inscrito o ‘bigorna’ na Liga dos Campeões:
A decisão que tomámos na altura teve a ver com o Walter da altura. O que vos garanto é que o Walter hoje é um jogador diferente, não é o mesmo Walter daquela altura. Hoje é um jogador mais confiante, que trabalha muito bem, que nos transmite confiança e qualidade. Se hoje seria inscrito? Sim, seria inscrito.

No entanto, quase dois meses depois, a opção para avançado centro já não era nem Kléber, nem Walter, mas sim Hulk e no dia 9 de Dezembro Vítor Pereira afirmou:
O FC Porto, este ano, está a jogar com um avançado que foi só o melhor marcador do campeonato passado. É com ele que contamos neste momento, acreditando muito na sua qualidade, porque ele tem provado que na ala ou no meio é um jogador capaz de fazer golos.

Problema resolvido? Claro que não e, a meio do período de transferências de Janeiro, em resposta a uma pergunta de um jornalista numa conferência de imprensa realizada no dia 17 de Janeiro, Vítor Pereira já falava noutro tom:
Neste momento temos apenas Kléber para jogar como ponta-de-lança e se não podermos jogar com ele, por alguma eventualidade, teremos de inventar uma dinâmica nova. Vamos ver... O clube está a trabalhar e vamos ver o que se vai passar. Mas não posso comentar situações hipotéticas; estou aqui para treinar e para fazer o melhor possível com os jogadores que estão à minha disposição. O clube está a trabalhar, o mercado está aberto.

A SAD lá contratou o austríaco Janko e, pelo que se tem visto da “evolução” do Kléber ao longo da época (neste último slb x FC Porto voltou a ser pouco mais do que inexistente), é com este “rapaz alto e loiro” (parafraseando o grande Zé do Boné) que teremos de contar até ao final do campeonato.

Poderão dizer que agora é fácil falar. Pois é, mas no dia 2 de Setembro de 2011 (dia seguinte ao fecho das inscrições), eu publiquei um artigo intitulado ‘O ponta-de-lança que não veio’, que inclui declarações “tranquilizadoras” de Antero Henrique sobre este assunto, e que terminei da seguinte maneira:
«A posição de ponta-de-lança é crítica numa equipa que joga em 4-3-3 e, embora admitindo que no campeonato não deve haver grandes problemas, tal é a diferença de potencial entre as equipas, na Liga dos Campeões a coisa pia mais fino. Veremos a resposta que o Kléber vai dar (visto que Walter nem sequer faz parte da lista de 21 jogadores inscritos para disputarem a fase de grupos da Liga dos Campeões). Só espero e desejo que a minha apreensão seja infundada e que daqui a uns meses estejamos, isso sim, a fazer contas a uma possível venda e a discutir a percentagem do passe do Kléber que a SAD possui.»

Infelizmente, a coisa foi ainda pior do que aquilo que eu pensava, e a ineficácia da Administração da SAD em arranjar uma alternativa credível para a saída de Falcao (que obviamente também não é Janko), traduziu-se num calvário que Vítor Pereira (o elo mais fraco) tem vindo a enfrentar, quase sempre em silêncio, ao longo da época.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Bloqueios nas bolas paradas


Houve faltas contra nós a favorecer as bolas paradas do Benfica. É só reverem as imagens. O Benfica resolve muito de bola parada, mas são quase todas elas antecedidas de obstrução, de bloqueios... Tive o cuidado de perguntar a Artur Soares Dias se bloqueios eram permitidos. E ele disse que são considerados obstrução! Vejam se as bolas paradas do Benfica não são fruto de bloqueios ou obstruções! São precedidas de falta! Não entendo como diz que não são permitidas e depois tem esta postura de deixar que as coisas corram. Golo de Nolito? Não. Estou a falar de uma bola metida na área; obstrução dos homens que estão ao segundo poste; Javi García toca na bola e dá golo! Gostava que os árbitros tivessem coragem para assinalar essas faltas.
Vítor Pereira


Sobre este assunto, Gaspar, defesa-central do Rio Ave e que foi treinado por Jorge Jesus no Belenenses, afirmou o seguinte em entrevista ao Maisfutebol:

Treinávamos [com Jorge Jesus] bloqueios no Belenenses. O treinador indicava, por assim dizer, o elo mais fraco do adversário e apontávamos para aí. Por isso, não há de ser agora no Benfica que vão deixar de treinar. Aliás, basta ver os jogos. Não é algo que acontece uma ou duas vezes. São duzentas, trezentas. Não digam que não é estratégia, porque é. Se querem atirar areia para os olhos...

Se marcam obstruções em vários lances, porque não marcar nestes? Há lances em que os jogadores estão de costas para a bola. Não me venham dizer que têm intenção de a discutir.

Na última reunião que houve com os árbitros isto foi discutido e disseram que era ilegal. Admito que para um árbitro seja difícil de ver, mas talvez tenham de estar mais atentos. Isto é algo que se faz há anos, mas vai ser mais mediático depois deste jogo


Desde os primeiros meses desta época que, por várias razões, venho criticando o treinador principal do FC Porto. Ora, um dos aspetos em que o Vítor Pereira deixa muito a desejar é na comunicação, repetindo discursos monocórdicos, vazios de conteúdo e cheios de lugares comuns.
Sendo isto um hábito, a conferência de imprensa de ontem foi uma agradável surpresa, não só no modo como ironizou e ridicularizou as afirmações do mestre da tática mas, principalmente, na forma incisiva como desmascarou e chamou à atenção de todos (jornalistas, jogadores, treinadores e... árbitros!) para a estratégia dos bloqueios (obstruções) adotada pela equipa de Jorge Jesus nas bolas paradas.


A seguir ao slb x FC Porto para o campeonato, o João Saraiva já tinha abordado este assunto aqui, mas dito por Vítor Pereira numa conferência de imprensa, o assunto tornou-se incontornável e, a partir de agora, vai ser um bocadinho mais difícil aos árbitros fazerem vista grossa.

Fotos: LUSA, Tasca de Palmeira

terça-feira, 20 de março de 2012

É um lucho jogar só meia-parte


Dói menos por ser a taça da Liga?
Dói menos, sim. Mas dói.

Devemos ter vergonha da exibição produzida? Quem viu aqueles miseráveis últimos 30 minutos contra o Nacional, não pode responder afirmativamente.

Mas lá foi o Cardozo, mais uma vez.
Só de pensar que graças à (pouca) inteligência das massas, esteve quase quase de saída do nosso rival...
Quantas vitórias ele já garantiu desde então?

O 2-2 era justo ao intervalo. Não podíamos pedir mais. Com alguma sorte à mistura, as coisas foram correndo bem.
Até que chegou, uma vez mais, o ponto habitual onde as coisas deixam de funcionar: o estouro total e completo do nosso meio-campo.
Temos agora direito a um Lucho que dura menos de 60 minutos, na melhor das hipóteses. Quando a isto se junta um Defour que ninguém sabe muito bem como veio aqui parar (comparem-no com o Witsel), é só mesmo esperar pelo desastre acontecer.
Isto porque, já estamos cansados de saber, tranquilidade é uma palavra que todos os nossos "centrais" desconhecem por completo.

Menos mal que não foi pelo "baixinho" Bracalli que a coisa deu para o torto. Se bem que, um dia, alguém nos há-de explicar por que razão os treinadores adoram desfalcar a equipa do seu guarda-redes principal, nestes jogos de tamanho grau de dificuldade.

E, por último, um conselho para quem inventou o figurino desta prova (já de si com má fama), em que as meias-finais se disputam a uma só mão e no campo de um dos contendores: consulte rapidamente um psiquiatra.

SMS do dia - Liberdade de expressão

Jorge Jesus: "Constatei um facto numa bola parada, sem colocar em causa a honestidade do auxiliar, e quase todos tiveram a minha opinião. Vivo num país em que ninguém está acima da crítica. Se o presidente da Republica é criticado e eu o sou quando as coisas não correm bem, porque é que os árbitros não podem ser? Há alguns que nascerem depois de 1974 e eu ainda sou de outro tempo. Mas conquistámos a liberdade para nos podermos expressar. E vou continuar a fazê-lo"


De facto Jorge Jesus disfruta de uma «liberdade de expressão» inimaginável para qualquer outro treinador do campeonato português - não só liberdade de expressão verbal, como também mesmo... física (já o vimos a agredir um jogador adversário no fim de um jogo, sem que houvesse qualquer castigo).

Jorge Jesus acusa um fiscal-de-linha de má fé (nomeadamente de não assinalar um fora-de-jogo que «viu mas não quis assinalar») e não incorre qualquer castigo, enquanto já vi um treinador do FCP (Victor Fernandez) ser expulso e apanhar vários jogos de suspensão por perguntar apenas «Isto é falta ?!».

No mundo em que eu vivo existe a liberdade de opinião para críticas legítimas, sim senhor (embora haja um código especifico no mundo do futebol para definir "legitimo"), mas não para difamação (que é nada menos nada mais do que se trata quando se acusa um fiscal-de-linha de má fé; opinião legítima seria afirmar apenas que o fiscal-de-linha errou ou esteve mal), mas sem dúvida que Jorge Jesus vive num mundo à parte, muito sui generis... o «planeta ben7ica», onde grassa a impunidade (a não ser claro quando o ben7ica é visto por si próprio como vítima; aí, é melhor sair da frente...). Quem diz o treinador diz dirigentes (R. Costa) ou jogadores (o Javi Garcia, por exemplo, também costuma gozar em campo de enorme liberdade de expressão... física).

O meu onze para a Taça LB



Atendendo:
a) aos jogadores disponíveis (Danilo, Fernando e Djalma estão lesionados e Varela regressa de uma paragem de três semanas);
b) à importância reduzida da prova (nas palavras do próprio presidente da FC Porto SAD);
c) ao nome do adversário;
d) ao local onde o jogo vai ser disputado;
e) ao calendário de jogos do FC Porto (três jogos fora seguidos);
f) à preparação do próximo jogo para o campeonato (Paços Ferreira x FC Porto);
g) ao teste de jogadores e de soluções para o futuro;

se eu fosse o treinador principal do FC Porto, jogaria em 4-2-3-1 e o meu onze inicial para a meia-final de hoje da Taça LB (Taça Lucílio Baptista) seria o seguinte:

Helton
Sapunaru, Maicon, Mangala, Alex Sandro
Moutinho, Defour
Hulk, Iturbe, Álvaro Pereira
Janko

Suplentes: Bracali, Rolando, Otamendi, Lucho, James, Varela, Kléber.

Passo a explicar algumas das minhas opções:

Guarda-redes – Helton está em grande forma (conforme demonstrou nos últimos jogos, particularmente na Choupana); Bracali não tem rotinas de jogo com qualquer das possíveis duplas de centrais, com a agravante de o slb apostar fortemente nas bolas paradas; a posição de guarda-redes é crítica.

Lateral direito – a escolha de Sapunaru evita adaptações; Maicon vai cumprir castigo no jogo de Paços de Ferreira e o lateral romeno precisa de ganhar ritmo competitivo.

Dupla de centrais – Maicon é o defesa central que tem demonstrado estar em melhor forma; Mangala é muito mais rápido que Otamendi e é o único defesa central que joga com o pé esquerdo; testar a dupla Maicon + Mangala num jogo que se prevê de grau de dificuldade elevado, tendo em vista a próxima época (é possível que Rolando saia no final desta época).

Lateral esquerdo – colocar Alex Sandro à prova num jogo difícil, antevendo a possibilidade de Álvaro Pereira sair no final da época (algo que considero provável).

Duplo pivot – com Fernando lesionado, olhando para as características dos restantes médios do plantel, parece-me que a melhor solução é jogar com Moutinho e Defour como duplo pivot à frente da defesa.

Médio/Ala esquerdo – Álvaro Pereira parece estar em má condição física, o que o impede de fazer o corredor todo com o ritmo habitual; é nesta posição que Álvaro Pereira joga na seleção uruguaia; travar uma das duplas mais fortes do slb (Maxi + Gaitan); testar a dupla Alex Sandro + Álvaro Pereira, tendo em vista o resto da época e, eventualmente, a próxima.

Iturbe – dar uma oportunidade a sério ao “novo Messi” e testá-lo num jogo que se antevê difícil, mas que não conta para o campeonato; colocá-lo a jogar entre linhas, nas costas do ponta-de-lança; funcionar como elemento surpresa da estratégia portista para este jogo; se o jovem paraguaio acusar a responsabilidade, poderá ser substituído por James ao intervalo, passando o colombiano a jogar na posição onde mais rende, sem ser necessário “revolucionar” o onze em campo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

SMS do dia

Nada me dá mais gozo que ver os calimeros a queixarem-se do Bruno Paixão!!!!!

Relembrando: "O dia em que o Pavão morreu"


A triste ocorrência em torno de Fabrice Muemba, que à hora em que escrevo ainda luta pela vida num hospital londrino - e o facto de ainda estar vivo muito deverá à eficácia e profissionalismo daqueles que no campo o socorreram - trouxe-me de novo à memória o mais triste dia da minha vida futebolística: o dia em que o Pavão morreu. Permito-me repetir, a este propósito, um artigo que em tempos aqui escrevi acerca desse funesto dia. Quando vi a consternação geral em White Hart Lane no sábado, percebi muito bem o que ia nas almas daquela multidão amante do futebol mas, acima de tudo, da vida.


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O dia 16 de Dezembro de 1973 amanheceu cinzento e chuvoso. Nada de especial para a nossa urbe, ainda para mais em Dezembro. Não me lembro se estava frio, mas também ainda sobre nós não caíra a obsessão do “aquecimento global”. Aliás, se bem me lembro, os “entendidos” diziam na altura que a temperatura do planeta estava a baixar, deixando-nos antever uma era glacial em que jogaríamos em Lisboa no nosso ambiente, isto é, com frio. Mas o cariz meteorológico daquele dia condiz, tristemente, com o descrito num artigo que há anos li – creio que do Carlos Pinhão – sobre “O Dia em Que o Pinga Morreu”. Um artigo sentido, diga-se, e que muito faz distanciar o pai da filha. Mas esses são outros contos.

Naquele dia 16 de Dezembro o FC Porto recebia nas Antas o Vitória de Setúbal. A equipa portista vinha disputando o campeonato com mais pujança que nas anteriores três ou quatro épocas, no seu melhor desempenho desde a saída de José Maria Pedroto em 1969. O presidente, Dr. Américo Sá, “descobrira Béla Guttmann numa esquina de Viena”, para usar uma expressão anos mais tarde utilizada por Jorge Nuno Pinto da Costa.


Aos 73 anos “o Mago” regressara à casa que deixara em 1959 alegando que o clima portuense era maléfico para o seu reumatismo, rumando ao Benfica. Não esclareceu, neste seu regresso, se se tratara do reumatismo nas termas de Baden-Baden ou se o clima portuense se tornara, a seu ver, mais seco. Mas de facto voltara. E, como velha raposa que era, montara uma equipa segura a defender – com Rolando jogando atrás dos outros três defesas e em forma soberba, e com o guarda-redes Tibi na sua melhor condição de sempre.

No meio-campo um trio criativo, Pavão e os brasileiros Bené e Marco Aurélio, e na frente dois extremos e um ponta-de-lança: o genial Oliveira que, com 21 anos e de sangue na guelra, ia pintando a manta ao longo da linha no seu interminável reportório de dribles, fintas e chicuelinas, o veterano Nóbrega “com os seus eternos defeitos e qualidades”, no dizer do grande jornalista Vítor Santos, e o possante avançado-centro moçambicano Abel, contratado ao Benfica três anos antes. E contava ainda, no “banco”, com o internacional brasileiro Flávio, um magnífico ponta-de-lança cujos melhores tempos no nosso clube já haviam, contudo, passado.

Do outro lado estava o nosso velho conhecido José Maria Pedroto e aquela que era, provavelmente, à época, a melhor equipa do futebol português, entendendo-se aqui por equipa não apenas o somatório das qualidades individuais dos seus jogadores. De facto – e sem surpresa - o “Zé do Boné” fizera de uma boa equipa uma grande equipa, e nesta sua 5ª (!) época à frente do conjunto sadino disputava o título sem pedir licença a ninguém. No mês seguinte o Vitória venceria na Luz por 3-2 e isolar-se-ia no primeiro lugar, acabando Pedroto, pouco depois, por “bater com a porta” e demitir-se, em situação controversa.

Começou o FC Porto muito bem o jogo, sempre disputado debaixo de chuva, e aos sete minutos adiantou-se no marcador com um golo do frio Marco Aurélio. Mas poucos minutos depois, aos 13 minutos mais precisamente, chegaria a tragédia, se bem que só nos viéssemos a aperceber da sua verdadeira dimensão no final do jogo. No meio do terreno e à entrada do campo adversário Pavão passou à direita a Oliveira – uma simbólica passagem de testemunho – e caiu subitamente de bruços sem ninguém lhe ter tocado. Alguns jogadores próximos do lance levaram as mãos à cabeça, os bombeiros entraram em campo e transportaram o infeliz para fora dele e pouco depois pôde ver-se, através da “maratona” (ainda não existia a arquibancada) uma ambulância levando-o ao Hospital de São João. Mas o jogo prosseguiu e o locutor de serviço até nos informou daí a pouco que “o nosso jogador Pavão foi transportado ao Hospital e encontra-se melhor”.

Mais tarde o médico do clube, Dr. José Santana diria: «Reparei que caíra de bruços. Era homem que não fazia fitas. Portanto, tive logo a percepção de que era grave. Entrei no relvado e reparei que estava em estado de coma. Levei-o de imediato ao Hospital de São João. Tentou-se tudo. Fizeram-lhe electrochoques, mas era uma hemorragia cerebral. Hora e meia depois, tinha falecido. Poderia ter sido ruptura de um vaso sanguíneo, talvez em virtude de uma cabeçada na bola.»

Abel faria o 2-0 ainda na primeira parte e o FC Porto controlou bem o jogo no segundo tempo, pese embora uma excelente e determinada reacção dos vitorianos. Foi dos melhores jogos do FC Porto contra o V. Setúbal de Pedroto, que tantos amargos de boca nos causou…

E o jogo terminou. Subitamente um tenebroso silêncio abateu-se sobre o Estádio das Antas. Ninguém arredava pé. Da instalação sonora, nem pio. Mas já toda a gente percebera o que tinha acontecido. No relvado os jogadores choravam abraçados uns aos outros. José Maria Pedroto abraçava o seu antigo mestre Béla Guttmann, para depois ele próprio e alguns jogadores do Vitória de Setúbal, entre os quais o nosso futuro jogador e treinador Octávio, tentarem consolar os jogadores do FC Porto.

O próprio Pedroto seria vítima da comoção do momento, abandonando o campo amparado por alguns dos seus pupilos. Afinal fora ele que moldara aquele grande jogador que ali morrera com apenas 26 anos e que à época era, nada mais, nada menos, que o próprio símbolo do clube e seu capitão de equipa.

Encostei o ouvido ao transistor do vizinho e pude ouvir a voz do inesquecível Nuno Braz: “Morreu na flor da idade aquele que era um dos maiores jogadores portugueses”. Toda a gente estava petrificada, horrorizada com o sucedido. Atrás de mim uma senhora começou a rezar um Pai Nosso em voz alta, e largas dezenas de espectadores a acompanharam, no meio de lágrimas e soluços. O Pavão era o nosso maior ídolo da altura. O Porto não era campeão há 15 anos e sentíamo-nos perseguidos pelo infortúnio. Aquela morte chocante mais contribuiu para esse sentimento colectivo de fatalismo. Foi um dia negro. O mais triste dia futebolístico da minha vida.

Fernando Pascoal Neves, tenho a certeza que, de onde estás, te alegras com os nossos êxitos e nos desejas muitos mais! Paz à tua alma, grande “Pavão”!

Imagens:
ao alto: a capa de A Bola no dia seguinte ao infausto acontecimento;
ao meio: José Maria Pedroto, Pavão e Custódio Pinto, aquando da primeira passagem de Pedroto pelo F.C. Porto (1966/67 a 1968/1969)

O (real) valor de Hulk

O que estabelece a verdadeira grandeza num terreno de futebol? Habitualmente o adepto costuma olhar para as grandes noites como medidores de qualidade. Os momentos que ficam na retina. Os observadores gostam de ir mais longe e definem cada momento, mas sempre tendo em conta elementos circunstanciais chave. Os rivais, o entorno e o nível de exigência.

Hulk é a estrela mais cintilante da Liga Sagres, um dos maiores fenómenos físicos que o futebol português já testemunhou. E um símbolo deste FC Porto de virar de década. Mas o seu génio explica-se, também, pelo meio onde se move. Porque a sua grandeza é proporcional à exigência que o acompanha.



Poderia Hulk ser o mesmo Hulk se não jogasse de azul e branco numa Liga de segunda (ou terceira) linha europeia e com o nível de exigência físico, tático e mental da Liga Sagres?
A minha opinião é de que não, seguramente este Hulk desapareceria e outro jogador subiria ao relvado, muito menos decisivo e, seguramente, menos estelar do que aparenta de dragão ao peito. Uma opinião que não partilham seguramente muitos portistas, mas que ajuda a explicar também muitas das dúvidas que o rendimento do brasileiro alimenta junto dos olheiros dos grandes tubarões europeus.

Porque uma coisa é ser a estrela da liga portuguesa e outra, muito diferente, é ser um jogador de referência nas principais ligas da Europa. Porque pelo FC Porto passaram grandes jogadores estrangeiros, mas só um, o luso-brasileiro Deco, manteve o mesmo nível de grandeza quando deixou o Dragão. Todos os outros, estrelas cintilantes no céu da Invicta, baixaram o perfil mediático essencialmente porque a exigência das grandes ligas se mostrou bastante diferente ao ritmo de jogo a que estavam habituados.

Desde os dias de Teofilo Cubillas e Rabath Madjer que fomos um clube perspicaz em transformar aparentes desconhecidos em foras-de-serie. Mas como sucedeu com o peruano e o argelino, sair do Porto como estrela custa quando se aporta num novo porto. Durante os últimos 20 anos, e citando apenas jogadores estrangeiros, o génio de Emil Kostadinov, Zlatko Zahovic, Mário Jardel, Derlei, Lucho Gonzalez, Lisandro Lopez e Falcao brilhou no Porto como em nenhum outro lado. Todos eles eram estrelas cintilantes de azul e branco ao peito, mas nos palcos europeus empalideceram consideravelmente e transformaram-se em jogadores de perfil mediano (em alguns casos mediano-alto, mas sem o mesmo estatuto dentro e fora de campo).
Falcao, o último exemplo, ainda não logrou exibir em Madrid o mesmo espírito que fez dele o mais apaixonante goleador da última década no futebol português. Jardel passou sem pena nem glória pela Turquia e só voltou a brilhar em Portugal. Derlei perdeu-se no futebol russo, Lucho e Lisandro em França nunca foram jogadores “especiais”, Zahovic passou pela Grécia antes de entrar ao serviço do Valencia onde nunca foi a estrela que muitos imaginavam e assim sucessivamente. Pouco me permite imaginar que Hulk seria diferente.



Tem umas condições físicas impressionantes, um remate prodigioso e um espírito de improvisação que faz jus à escola brasileira. Mas nos palcos europeus, onde as defesas não jogam com a permissividade, passividade e (muitas vezes) genuína incompetência das defesas da Liga Sagres, Hulk é também o jogador mais fácil de travar. O seu jogo baseia-se, sobretudo na explosão, na procura de espaços e uma marcação mais apertada e intensa é, demasiadas vezes, suficiente para desarmá-lo. A sua tendência para explorar as diagonais utilizando, sobretudo a força muscular torna-o numa presa mais fácil de travar do que o mais imprevisível James Rodriguez, apenas para citar um colega de equipa. E a sua propensão para usar e abusar dos lances de bola parada resulta, em excessivas ocasiões, num verdadeiro desperdício para o colectivo.

Quando encontra o espaço necessário para pensar e agir, Hulk pode ser imparável. A péssima defesa do Villareal na meia-final da passada Europe League deixou isso a nu. Mas na Champions League, nos últimos anos, as suas performances têm passado despercebidas. Contra conjuntos tacticamente mais apurados, Hulk sofre. E muito. Uma realidade que ajuda a perceber que o seu estatuto de estrela em Portugal dificilmente se repetiria numa das principais ligas do futebol europeu.

Nem mesmo a jogar por um Brasil claramente mais débil que noutras épocas encontramos um Hulk assumidamente decisivo, determinante e estelar. O seu jogo continua, mesmo com a canarinha, a ser demasiadamente físico e excessivamente individual. Faltam-lhe, claramente, condições táticas e uma ideia de jogo mais colectiva para fazer brilhar o colectivo e, por consequência, ele mesmo.

Seguramente que Hulk não ficará muito mais tempo no Dragão. Mediaticamente é um jogador apetecível e à medida que vá jogando mais pelo Brasil, haverá sempre clubes dispostos a contratá-lo. Mas nunca pelo valor da cláusula e muito menos com o estatuto de estrela de que goza actualmente. A sua transfiguração noutro palco europeu será um processo complexo e exigirá muito de sua parte para funcionar.

Grande na história do FCP, o brasileiro cumpre também todos os requisitos para ser mais um dos brilhantes jogadores que para nós será sempre uma estrela, mas que falhará o salto desportivo para a elite do futebol mundial.

domingo, 18 de março de 2012

A 3ª taça desta época


O FC Porto conquistou hoje a sua 13.ª Taça de Portugal de Basquetebol, ao derrotar na final a Académica por 58-47.

Esta é a terceira competição que o FC Porto venceu este época, depois de já ter ganho a Supertaça e a Taça da Liga (desde há três anos denominada Taça Hugo dos Santos), sendo o sétimo troféu conquistado pelos dragões sob o comando de Moncho López.

E se, no próximo fim-de-semana, voltar a derrotar o slb (o Dragão Caixa vai ser pequeno...), o FC Porto garante desde logo o 1º lugar da fase regular do campeonato.

P.S. Gostei de ver o presidente do FC Porto a assistir ao jogo no pavilhão multiusos de Fafe. Espero que estas presenças de Pinto da Costa a assistir aos jogos das equipas de Andebol, Basquetebol e Hóquei em Patins seja um sinal de que, enquanto ele for presidente do clube, as modalidades de alta competição vão continuar a existir e a ter equipas que lutem para ganhar.


Foto: record.pt

Três números 8

Lucho saiu, deixou um vazio por preencher e, um ano depois, Moutinho veio para vestir a camisola 8 e desempenhar o papel de Lucho.


No início desta época, Defour foi contratado para salvaguardar uma eventual saída de Moutinho, que não se concretizou.


E, dois anos e meio depois, Lucho regressou a "casa" para fazer de... Lucho.


Ora, no Nacional x FC Porto, o meio-campo portista foi formado precisamente por estes três jogadores, todos com características para Nº 8, embora podendo ser adaptados a outras posições.

Com Fernando lesionado, faltou um Nº 6 (Castro está no Sporting de Gijón e Souza foi dispensado), falta um Nº 10 (Belluschi foi emprestado ao Génova e James joga como extremo) e sobraram três jogadores habituados a pisar os mesmos terrenos e a ter dentro de campo o mesmo tipo de missão.
Era previsível que as coisas não corressem lá muito bem e, ainda por cima, Lucho estourou por volta dos 60 minutos e as pilhas de Defour não duraram muito mais.

Veremos como este meio campo de números 8 se irá comportar na próxima terça-feira, visto que, com a lesão de Fernando e a "limpeza" feita em Janeiro, não há mais médios disponíveis para o jogo contra o slb.

sábado, 17 de março de 2012

O Luso-Merenguismo ou o Regresso de Miguel de Vasconcelos



O fenómeno mais irritante da actualidade futebolística é aquilo que poderia apelidar-se de "luso-merenguismo". É não só parolo, como anti-nacional.

Este fenómeno traduz-se por histéricos berros dos comentadores televisivos portugueses cada vez que o Real Madrid marca um golo e/ou comete uma façanha. Chega a ser equiparável ao nacional-lisboetismo dos nossos media.

De facto, ao seguirmos pela televisão os jogos do Real Madrid ouvimos as vozes dos nossos comentadores (que seria mais apropriado serem designados por propagandistas) a atingirem verdadeiros paroxismos de cada vez que os "merengues", a que eles chamam "rengues", fazem alguma coisa de notável.

Está, aliás, a criar-se uma muito típica mentalidade persecutória nacional, segundo a qual quem não é pelo Real Madrid é um traidor à Pátria. E isto porque o referido clube - símbolo do imperialismo castelhano - é treinado por José Mourinho e conta nas suas fileiras com o melhor jogador português.

Aqui pela zona do Porto sempre houve um saudável "barcelonismo", essencialmente pela sua oposição ao "madridismo", mas eu próprio temo pela regional alma quando entro num café e vejo inúmeros basbaques a aplaudirem um golo do Real Madrid.

Miguel de Vasconcelos decerto estará reconfortado no céu (ou inferno) dos iberistas. Quanto a mim: "Visca el Barça!", e nem que toda a selecção portuguesa alinhasse pelo Real Madrid eu algum dia apoiaria aquele clube.

PS: Força APOEL!

Imagem: defenestração de Miguel de Vasconcelos, 1 de Dezembro de 1640

sexta-feira, 16 de março de 2012

Mais sorte que juízo!

Os caprichos da Liga Portuguesa têm destas coisas. A marcação dos horários dos jogos obedece a lógicas sobrenaturais, pouco explicáveis, mas, bem vistas as coisas, depois do que se assistiu na Choupana, talvez visasse poupar mais uns quantos de portistas de assistir a um degredo de bola redonda. Salvou-se o resultado, os importantíssimos três pontos, graças a um Helton grandioso e um ineficaz Nacional.

Apesar do credo na boca no período de ocaso do encontro, o seu começo foi bem colorido para as nossas cores. No estilo calmo e descontraído (faceta transversal azul e branca noutros jogos) o líder do campeonato foi tomando controlo e iniciativa sobre o jogo. Os insulares não pressionavam, dando espaço de manobra para os homens de Vítor Pereira se soltarem, fazendo alguns remates prometedores.

Curiosamente, o Dragão iria chegar à vantagem num lance caricato, onde a bola faz carambola na cabeça de Álvaro Pereira indo cair nos pés de Janko, que só precisou de encostar para o primeiro do encontro. O domínio era materializado num lance de fortuna, mas, logo depois, Rolando não teve engenho para dobrar o marcador na cara de Vladan. Cristian Rodriguez e Defour, ainda antes do intervalo, iriam seguir-lhe as pisadas, numa ode ao desperdício que converteria o 2º tempo bem mais palpitante.

Para se ser correcto, a retomada da partida ainda trouxe uma ligeira fragrância azul e branca. Janko viu o guarda-redes do conjunto madeirense a negar-lhe o bi neste final de tarde e, James, pouco depois, rematou com perigo. Foi isto. Nada mais! Pedro Caixinha reforçou o meio campo com a entrada Mihelic em detrimento do deslocado Pecnik, e o Nacional tornou-se dono e senhor do miolo, garantindo mais velocidade e agressividade sobre a bola.



A última meia hora da partida foi um mergulho ao sofrimento e à sofrível existência portista. Um período que só teve um sentido, onde Helton negou uma mão cheia de bolas de golo, quer a Mateus, quer a Rondón. A quebra física do FC Porto era gritante, onde as perdas das 2ª bolas era uma constante e o recurso às faltas uma inevitabilidade. A defesa viu-se quase toda amarelada e Vítor Pereira desanuviou-lhe o ar com o ingresso de Mangala e Alex Sandro.

O suplício não foi muito diferente, mas pelo menos a equipa punha-se a salvo de uma expulsão de última hora. Trinta minutos de um semi-massacre que foi retirando crença à equipa da casa, culminando na extrema ironia de terminar o encontro a ver duas bolas baterem no seu ferro e, ao cair do pano, sofrendo o golpe fatal de Alex Sandro, no 0-2 que arrumava as contas.

Um resultado que ronda a injustiça, pela excelente 2º parte do Nacional. E mais uns quantos de apontamentos para o bloco de notas do adjunto de Vítor Pereira, em mais uma sofrível partida da sua equipa. Nesta toada, mais jornada, menos jornada, o tropeção vai-se desenrolar, novamente.

Chuveirinho contra (mais) banhadas?


Nota-se, principalmente nos nossos jogos caseiros, um agravar das dificuldades em tornear sistemas defensivos cada vez mais "cultos".
Ora, abordar tal questão debruçando-nos na maior ou menor qualidade do técnico/jogadores actuais é algo redutor e, portanto, apenas explicará parte deste problema muito mais abrangente. Até mesmo um Barcelona sente crescentes dificuldades em furar "autocarros" naqueles dias em que Messi se torna mais "terreno".

Ora aqui está: sem um Messi ou, na nossa escala, um Falcao, cada vez a "coisa" (ou seja, tornear defesas "inteligentes") está mais complexa.

No caso concreto do presente, o nosso jogo está de tal forma previsível que começa a ser cada vez mais fácil, para defesas com a tal "cultura", anularem-nos quase por completo.

Qual é a nossa jogada-tipo (aquela que acontece a uma cadência de uns míseros 5 minutos)?
É aquela em que o Hulk é lançado na direita.
3 em cada 4 vezes, a jogada não terá sequência e lá fica o homem a reclamar falta (metade das quais com razão). Quando, na tal quarta vez, consegue finalmente chegar à área, estão lá tantos adversários que raramente a bola chega aos pés de um dos nossos.

E esta nossa típica jogada é habitualmente intercalada por apenas mais duas:

- Aquela em que o James ou o Hulk vão pelo miolo (normalmente em diagonais) e são carregados à entrada da área, sem que do respectivo livre-directo algo resulte;

- E os esforços do A.Pereira pela esquerda que, invariavelmente, terminam num cruzamento para um corte fácil de um adversário;

Ora, num cenário destes, creio que um primeiro passo para alterar este estado (sonolento) das coisas seria aumentar o grau de imprevisibilidade dos nossos ataques.
Por outras palavras, fazer algo de que ninguém esteja à espera.

Mesmo não sendo de bom-tom e tendo até má-fama, um "chuveirinho" para a área adversária, se feito de quando em vez, creio que só poderá trazer vantagens, ainda para mais com um jogador como o Janko na área.


Não fazendo disto norma, como é lógico, também não se transforme em algo tabu no futebol moderno. Aliás, para os 2 ou 3 minutos finais de uma partida (quando em desvantagem) ainda estará para ser inventado algo melhor...
Contra o actual progresso das defesas, um certo "retrocesso" de parte ofensiva poderá ser parte da solução.
Com sorte, num ressalto, o adversário lá mete a mão à bola ou, aflito, tem uma falha que num ataque mais planeado dificilmente aconteceria de tão rotineiros que se tornaram.

Foi (apenas) assim que criámos algum perigo contra a Académica...

Trata-se apenas de uma ideia para resolver esta (nova) equação E o decisivo jogo contra o Nacional está mesmo aí (e, tal como em Barcelos, sem Hulk...).

Há quem opte (o Inter de Mourinho ou, mais recentemente, o scp contra o City, etc, etc) por entregar a bola ao adversário e esperar.

Todas as soluções são válidas num jogo de futebol.
Apenas que algumas fazem mais "confusão" que outras.