sábado, 31 de agosto de 2013

Caro Atsu...

...fiquei confuso: o teu sonho era jogar em Inglaterra, ou receber como em Inglaterra?

Vitesse?


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Cada vez mais a dois

BENFICA x FC PORTO, Campo das Amoreiras, 19-06-1932 (fonte: Bibó PoRtO, carago!!)

Há quatro anos atrás, na época 2009/10, o SC Braga lutou pelo título até à última jornada e terminou o campeonato em 2º lugar.

Na época seguinte, 2010/11, o SC Braga voltou a fazer um trajecto extraordinário, nomeadamente nas competições europeias, tendo atingido a final da Liga Europa.

Para além dos tradicionais FC Porto, benfica e sporting, o SC Braga parecia emergir como o quarto “grande” do futebol português e Domingos Paciência liderava um plantel que incluía jogadores como Quim, Artur Moraes (*), Sílvio (*), Rodríguez, Paulão, Moisés, Vandinho, Custódio, Hugo Viana, Luis Aguiar, Mossoró, Alan, Meyong e Lima (*).

A maior parte destes jogadores saíram, outros aproximam-se do final das respectivas carreiras e as consequências são visíveis.

Após terem andado durante alguns anos a morder os calcanhares ao FC Porto e ao slb, na época passada os “guerreiros do Minho” terminaram o campeonato atrás do Paços de Ferreira, a 26 pontos (!) do 1º classificado.
E o desempenho bracarense nas competições europeias também piorou de forma assustadora. Se na época passada o SC Braga ficou em 4º e último lugar na fase de grupos da Liga dos Campeões (perdeu os dois jogos contra o Cluj!), esta época nem sequer conseguiu apurar-se para a fase de grupos da Liga Europa!

Mais a sul, um outro sporting, o de Lisboa, está a atravessar uma das maiores crises do seu historial.
Na época passada chegaram a andar muito perto dos lugares de descida de divisão (a experiência de Jesualdo ajudou a salvar um leão moribundo), tendo terminado o campeonato em 7º, a 36 pontos do tricampeão!


Esta época, fora das competições europeias, a prioridade é um corte drástico nas despesas, tendo em vista o saneamento financeiro da sporting SAD (a médio/longo prazo). As expectativas eram tão baixas, que bastaram duas vitórias seguidas, nos dois primeiros jogos do campeonato, para os adeptos leoninos entrarem em euforia.

Amanhã, o Alvalade XXI poderá esgotar no derby de Lisboa (nos últimos anos, penso que será a primeira vez), mas não haja ilusões. A valia dos planteis dos dois clubes da 2ª circular é muito diferente e, em condições normais, isso irá notar-se dentro do relvado.

A partir da próxima segunda-feira, após o fecho do mercado e quando a poeira assentar, prevejo que teremos novamente um campeonato a dois, precisamente entre os dois clubes mais titulados do futebol português.

E, para além de continuarem a ser as equipas que mais contribuem para o ranking de Portugal na UEFA, seria uma surpresa se lá para Dezembro, após a conclusão da fase de grupos da LC e da LE, FC Porto e slb não fossem as únicas equipas portuguesas a continuarem nas competições europeias.

De vez em quando pode haver umas surpresas, mas a tendência é clara. Por isso, não é difícil prever que, esta época e nas próximas, iremos continuar a ter um futebol português a dois.

(*) Ex-jogadores bracarenses que agora fazem parte do plantel 2013/14 do slb.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Sorteio agradável, para quem?

Grupo G
FC PORTO (POR)
Atlético Madrid (ESP)
Zenit (RUS)
Áustria Viena (AUT)

Grupo C
BENFICA (POR)
Paris Saint Germain (FRA)
Olympiakos (GRE)
Anderlecht (BEL)


É evidente que o sorteio poderia ter sido pior (com adversários teoricamente mais dificeis), mas também poderia ter sido mais "agradável". Sinceramente, não gostei.

Enquanto que o slb tem o apuramento para os oitavos-de-final praticamente assegurado (Olympiakos e Anderlecht vão discutir entre si quem segue para a Liga Europa), no grupo G tudo indica que iremos ter uma disputa a três - FC Porto, Atlético Madrid e Zenit - pelos dois primeiros lugares do grupo.

Atenção a este Atlético Madrid de Simeone que, mesmo sem Falcao (mas com David Villa), é uma equipa muito mais sólida do que das últimas vezes que os defrontamos. Aliás, não deve ter sido por acaso, que em dois jogos recentes para a Supertaça de Espanha e tendo por oponente o super Barça, se registaram dois empates e com poucos golos (1-1 em Madrid e 0-0 em Barcelona).

Quanto à equipa de São Petersburgo patrocinada pela Gazprom, espero que não se lembrem de repetir a gracinha da época passada (quando é que o Jackson renova, carago?). Aliás, quem já tem Malafeev, Luís Neto, Tymoshchuk, Fayzulin, Arshavin, Witsel, Danny, Kerzhakov e Hulk, entre outros, não deve precisar de muitos reforços...

Interessantes os grupos A e F, onde não arrisco fazer previsões.

Grupo A
Manchester United (ING)
Shakhtar (UCR)
Bayer Leverkusen (ALE)
Real Sociedad (ESP)

Grupo F
Arsenal (ING)
Marselha (FRA)
Dortmund (ALE)
Nápoles (ITA)

Já o happy one tem todas as razões para estar satisfeito. À partida, tem à sua espera um passeio até aos oitavos....

Grupo E
Chelsea (ING)
Schalke (ALE)
Basileia (SUI)
Steaua Bucareste (ROM)

O 4-2-3-1 de Paulo Fonseca... (III Parte)

Concluídas as duas primeiras jornadas do campeonato está na altura de revisitar os excelentes artigos do Miguel Lourenço Pereira de 12 e 13 de Agosto, aqui no Reflexão Portista, sobre o esquema táctico 4-2-3-1 do treinador Paulo Fonseca:

O 4-2-3-1 de Paulo Fonseca...entender o conceito! (I Parte)
O 4-2-3-1 de Paulo Fonseca...entender o conceito! (II Parte)

O FC Porto apresentou-se com a mesma equipa titular nas duas partidas da Liga: Helton, Danilo, Mangala, Otamendi, Alex Sandro, Fernando, Defour, Lucho, Josué, Jackson e Licá, o que significa que Paulo Fonseca encontrou um "onze base", tendo em conta que o titular Varela, lesionado, foi substituído por Josué.

Nos referidos artigos o Miguel descreveu os princípios básicos do novo esquema táctico relativamente ao conhecido 4-3-3: (i) a criação do conceito de número 10, Lucho, (ii) a mudança do conceito defensivo, de um jogador fixo de marcação para a divisão de tarefas entre dois jogadores, Fernando e Defour e (iii) o maior espaçamento de linhas para a obtenção de um futebol mais vertical. Além disso chamou a atenção para os principais defeitos e virtudes do 4-2-3-1: "este modelo, na teoria, coloca um homem extra no ataque, o tal 10, e portanto, mais poder de fogo. Mas ao não ter um dos dois médios mais recuados com um papel fixo, como tampão, corre o risco de haver uma atrapalhação na movimentação do miolo e a equipa ficar mais frágil no momento da perda de bola. (…) [o adversário pode] lançar um passe a rasgar entre-linhas, os dois médios estão em linha (ou muito próximos disso), ligeiramente afastados da defesa e é nesse espaço que surge o rival".


No primeiro jogo, em Setúbal, a equipa acusou falta de entrosamento e permitiu vários lances perigosos aos sadinos, incluindo o do golo, sendo que o perigo foi aparecendo de situações que o Miguel previra: o "duplo pivot" estava em linha e sem uma noção clara de quem deveria marcar e foram surgindo passes para as costas da nossa defesa. Por outro lado a articulação entre os jogadores das linhas ofensivas não foi a melhor, o que gerou mais dificuldades de penetração na defesa contrária e criação de lances de perigo. Lucho não conseguiu ser o número 10, Defour não foi box-to-box e Fernando não foi… Fernando. Valeu Quintero, que substituiu Defour, e mal entrou mandou uma bomba para resolver o jogo.


No segundo jogo, na estreia da equipa esta época no Dragão, tudo foi diferente. O FC Porto submeteu o Marítimo a forte pressão desde o início, com um futebol rápido, alegre e mais vertical. Na vertente defensiva Mangala e Otamendi estiveram muito bem na antecipação e na anulação das investidas do adversário e o "duplo pivot" Fernando-Defour funcionou bem, o primeiro libertando-se do seu típico jogo de recuperação e varrimento e o segundo conseguindo ser um box-to-box mais influente. Não foi Moutinho, mas esteve no campo todo. Vi pela primeira vez o Fernando a avançar no terreno com a bola controlada e a procurar linhas de passe, fazendo-o com maior à vontade e segurança que em partidas anteriores. Contrariamente ao que afirmou o Miguel, parece-me agora que o Fernando poderá ser um dos mais beneficiados com este estilo de jogo porque terá mais bola e terá de pensar mais o jogo, o que o tornará num jogador mais valioso. Às suas características de trinco puro, poderá juntar características de distribuidor e tornar-se um médio mais completo.

Apesar da boa exibição e dos golos achei que a equipa, pelas características de Licá e Josué, que não são extremos puros, afunilou demasiado o jogo, tendo abusado do jogo interior, perdendo profundidade. Poderá, eventualmente, ser ideia do treinador usar momentaneamente os laterais Danilo e Alex Sandro como extremos, com o apoio e as dobras do "duplo pivot" em caso de perda de bola e (principalmente) Licá como segundo ponta-de-lança, dando ao Lucho tempo e liberdade para deambular no meio campo e no ataque.


A este esquema sobram ainda Herrera e Quintero – que deverão competir com Defour e Lucho, respectivamente, por um lugar no "onze" – e Carlos Eduardo como alternativas para o meio campo e Kelvin e Iturbe como jokers para os lugares de extremo. Ghilas deverá ser a alternativa a Jackson Martinez dado que, em jogos oficiais, creio que não foram experimentados simultaneamente.

À pergunta final do Miguel, "será este o modelo ideal para esta época?", respondo, para já, com um sim porque a equipa tem dado sinais de que o consegue assimilar e o plantel tem variadas opções e de grande qualidade para substituir ou complementar os jogadores que neste momento integram o "onze base". Tanto o “duplo pivot” como a defesa, na generalidade, estiveram bem melhor no jogo contra o Marítimo. Que a equipa e o treinador continuem a evoluir e a proporcionar bons espectáculos de futebol (com vitórias!).
 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Sorteio da fase de grupos da LC

Teremos amanhã o sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões em que, pelo segundo ano consecutivo, o FCP será cabeça-de-série.

Em princípio isso aumenta a probabilidade do FCP se apurar para os 1/8s de final, evitando logo à partida que clubes como Bayern, Barcelona, Real Madrid, Man Utd, e Chelsea estejam no nosso grupo. Duvido muito que no ano passado tivéssemos passado se para além de PSG tivéssemos também uma dessas equipas no nosso grupo...

Não deixa no entanto de haver ossos muito duros de roer nos outros «potes». Ainda faltam os jogos de logo, mas os potes estão praticamente definidos; nas seguintes contas vou presumir que R. Sociedad elimina o Lyon (que em efeito dominó «eleva» a Juventus do pote 3 para o pote 2, e o B. Leverkusen do pote 4 para o pote 3). Penso que teoricamente falando o pior grupo possível que poderíamos ter seria o seguinte:

Pote 2 - Juventus ou PSG
Pote 3 - B. Dortmund (e em menor medida Zenit ou Man City)
Pote 4 - Nápoles (e em muito menor medida, R. Sociedad)

No campo oposto, mesmo não havendo equipas «fáceis» o grupo mais acessível poderia ser:

Pote 2 - Schalke
Pote 3 - Basileia
Pote 4 - Austria Viena ou Viktoria Plzen (mas com a excepção do Napóles, parecem-me todos mais ou menos ao mesmo nível)

As restantes equipas que podemos apanhar (e que considero estarem algures no meio) são as seguintes, salvo alguma surpresa logo à noite:

Pote 2: A. Madrid, Milan, S. Donetsk, Marselha, CSKA Moscovo
Pote 3: Ajax, Olympiakos, Galatasaray e B. Leverkusen
Pote 4: Copenhaga, Anderlecht, S. Bucareste e Celtic/Shatkyor

Termino por constatar um facto que pesquisei e que sublinha a dificuldade em irmos longe na LC: nos últimos 5 anos, as 20 presenças nas 1/2s finais (5 x 4) foram sempre preenchidas por equipas do top20 europeu em poderio financeiro (o FCP está mais para baixo, certamente algures entre a 20a e a 50a posição, havendo no entanto aí muitas equipas que não vão à LC): e em 80% dos casos essas presenças foram preenchidas por equipas do top10 (e se não foi mais que 80%, foi em boa parte porque jogaram entre si antes das 1/2s finais).

Acho muito bem que tenhamos fé e acreditemos que é possível ir longe - afinal de contas, essa relação de forças não é diferente da situação em 03/04, quando nos sagrámos campeões europeus, e nem sequer éramos cabeças-de-série no sorteio... - mas há que ter expectativas/exigências razoáveis.

No que me diz respeito, à partida tenho a expectativa mínima de passar a fase de grupos (mas compreendia que não fosse o caso se apanhássemos o grupo mais difícil acima mencionado), e depois logo se vê em função do adversário e do momento da equipa/plantel... mas era bom que passados 5 anos desde a última presença nos 1/4s final voltássemos (pelo menos) a marcar lá presença.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Relvado aprovado!

Normalmente, só se fala dos relvados dos estádios quando estão em mau estado, ou quando alguns treinadores da "velha guarda" recorrem a habilidades - não cortar a relva, não permitir que o relvado seja regado antes do jogo, etc. - para dificultar a vida a equipas adversárias, se estas forem tecnicamente mais evoluídas (veja-se o caso recente da deslocação do FC Porto a Setúbal).

Pois bem, numa semana em que se disputaram dois jogos no Estádio do Dragão - Paços Ferreira x Zenit e FC Porto x Marítimo -, fiquei agradavelmente surpreendido com a qualidade da relva.

Houve quem manifestasse o receio de que, após o concerto dos MUSE, o novo relvado do Estádio do Dragão voltasse a evidenciar os mesmos problemas que ocorreram após o concerto dos Coldplay. Contudo, parece evidente que o problema não está na realização de concertos no estádio (algo que eu defendo), mas sim na qualidade da nova relva e das técnicas que são usadas para a sua implantação.

Ainda falta passar no teste do Inverno mas, pelas primeiras amostras, não vai ser por causa da relva que irão surgir lesões, ou que a equipa vai ter problemas nos jogos em casa.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

7 A's na equipa B

FC Porto B x Penafiel (fonte: www.fcporto.pt)

Fucile, Reyes, Herrera, Tiago Rodrigues, Carlos Eduardo, Ricardo e Kelvin foram os sete jogadores da equipa principal que hoje jogaram em Pedroso, pela equipa B, na recepção ao co-líder Penafiel.

Já o disse e repito, sou defensor deste tipo de circulação de jogadores entre a equipa principal e a equipa B, nomeadamente para jogadores que precisam de minutos nas pernas para ganhar ritmo de jogo e/ou para serem testados em novas posições.

Por exemplo, hoje foi possível ver Reyes jogar pela primeira vez durante 90 minutos (precisa de jogar mais vezes), bem como, a partir dos 55', Fucile a mudar de flanco, jogando a defesa-esquerdo até ao final do desafio, e Ricardo a recuar no terreno, sendo novamente testado na posição de lateral-direito.
Na minha opinião, Ricardo foi mesmo o melhor dos A's e, como lateral-direito, teve momentos em que me fez recordar o Bosingwa dos bons tempos.

FC Porto B x Penafiel, Ricardo (fonte: www.fcporto.pt)

Herrera, tal como Reyes, não foram brilhantes, mas quero acreditar que tal é devido a continuarem no seu processo de adaptação ao futebol português. E, nesse aspecto, nada como jogarem contra equipas como este Penafiel, cheia de jogadores experientes (ia dizer matreiros...) e cujos treinadores, quando enfrentam o FC Porto, apostam em tácticas de autocarros de dois andares.

Kelvin teve lampejos de genialidade, mas falta-lhe ser mais consequente e ter continuidade ao longo dos 90 minutos, de modo a convencer Paulo Fonseca (que assistiu ao jogo) a dar-lhe oportunidades na equipa principal.

FC Porto B x Penafiel, Kelvin (fonte: www.fcporto.pt)

Dois apontamentos finais: Quiño ficou no banco em detrimento de Rafa (que ainda é Sub-19), mas Mauro Caballero nem isso. Um pouco surpreendentemente, nesta altura, para a posição de ponta-de-lança, Luís Castro está a apostar mais em André Silva (Sub-19) do que no avançado paraguaio.
Convém recordar que, em conjunto, Quiño e Caballero custaram à FC Porto SAD cerca de 3 milhões de euros...

Um bom fim de tarde de bola


No início da pré-temporada não seria absurdo dizer-se que Licá e Josué dificilmente iriam ter espaço no onze da nossa equipa, pelo menos, no arranque do campeonato. A verdade é que não só fizeram por o merecer como também já se tornam decisivos no resultado dos encontros. Josué voltou a marcar e Licá voltou a ser o homem do jogo depois da boa prestação na Supertaça. Num triunfo inquestionável, registo altamente positivo para a exibição colectiva do FC Porto, onde os três golos acabam por saber a pouco tal foi o caudal ofensivo.

Malgrado do jogo assustado no Bonfim, esta noite o conjunto portista não vacilou um só momento. Desde o apito inicial, os comandados de Paulo Fonseca fizeram questão de mostrar em que direcção a bola seguiria numa pressão asfixiante que o Marítimo se revelou impotente em contornar. Há dias que nada parece inverter o rumo dos acontecimentos. Hoje era um deles.

Com um futebol rápido, fluído e entretido a equipa a azul e branca fez o que quis do adversário. Primeiro remeteu-o à sua área, depois levou-o aos limites até que os erros e as brechas na defesa começassem a surgir. A troca de bola curta e imaginativa foi vistosa e deu um certo estilo ao nosso jogo. Josué com toques suaves e a fugir para o interior ia dando o corredor a Danilo. Licá no outro lado mostrava-se atrevido e com vontade de causar estragos.

Das promessas aos actos, curta foi a espera. Licá pelo lado esquerdo serviu de bandeja o golo a Jackson e 10 minutos mais tarde seria Danilo a retribuir a gentiliza ao recém-chegado do Estoril num golo pleno de oportunidade e genialidade. O 2-0 deixava o encontro a meio caminho da resolução, mas o bom futebol que se via no relvado do Dragão deixava o adepto crente que mais poderia estar a caminho.

Não terá sido tanto assim em números, mas foi-o, sem dúvida, em substância. Com efeito o terceiro golo no arranque do segundo tempo apenas vem a propósito desta crónica para constatação do resultado final da partida. Tudo o que seguiu até ao minuto 90 resume-se a futebol de grande nível onde não faltaram combinações de fazer entusiasmar o mais desconfiado dos adeptos.


O Campeão Nacional subjugava assim a equipa sensação da primeira jornada. Nada que faça causar grande espanto. Mas de registo. No primeiro jogo oficial no estádio do Dragão, Paulo Fonseca e a sua equipa passaram com distinção. Os sócios saíram do recinto certamente satisfeitos e nem espaço houve à discussão táctica tão em voga nos últimos tempos. Mas o 4X2X3X1 continua aí e nem todos os próximos adversários serão tão doces como este Marítimo.

sábado, 24 de agosto de 2013

Quintero nas alas?


Ouvindo as declarações de Paulo Fonseca na conferência de imprensa de ontem - "Não descarto a possibilidade de usar Quintero nas alas" -, será que isso significa que o novo treinador do FC Porto admite utilizar um trio de ataque semelhante ao da época passada, isto é:

Varela na lado esquerdo do ataque;
Quintero (em vez de James Rodriguez) no lado direito;
Jackson no meio, na posição de ponta-de-lança.

Após tantas críticas na época passada, seria irónico ver Paulo Fonseca a adoptar um posicionamento para Quintero idêntico ao que Vítor Pereira adoptou para James.

E, por outro lado, se esta possibilidade for para levar a sério, significa que para Quintero entrar no onze inicial, não vai ser preciso que saia o Lucho...

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Em defesa de Miguel Sousa Tavares

A antipatia de Miguel Sousa Tavares (MST) por Vítor Pereira é notória, e eu em grande parte partilho dela. Por outro lado, o meu colega de blogue José Correia, homem que procura ser justo, sente-se na necessidade de defender o Pereira dos ataques de MST, alguns deles, concordo, perfeitamente descabelados.

Mas eu acho que MST é um elemento portista fulcral na comunicação social. E, por isso aqui deixo de novo um artigo que sobre ele publiquei a 28 de Fevereiro de 2009:

http://www.reflexaoportista.pt/2009/02/o-indomito-cruzado.html

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O Indómito Cruzado

"É mais difícil ser portista em Lisboa que muçulmano na Bósnia-Herzegovina"



É uma espécie de homem dos sete ofícios: advogado de formação, jornalista, comentador político, escritor, agora até actor – segundo creio, no papel do seu bisavô o 4º Conde de Mafra, D. Tomás de Mello Breyner, na serialização televisiva do seu romance “Equador” – e comentador portista do fenómeno futebolístico, coisa distinta de comentador de futebol, área reservada para iniciados, especialmente daqueles que conseguem ver coisas num jogo de futebol das quais nem os próprios treinadores das equipas em liça suspeitam.

Mas se os seus comentários políticos, embora de grande independência, se não distinguem pela subtileza, e se os seus romances ficam aquém dos dotes literários de sua mãe – como actor ignoro as suas qualidades - já como “comentador portista” Miguel Andresen Sousa Tavares, que viu a luz do dia na Invicta a 25 de Junho de 1950, tem-se distinguido pela acutilância e pela combatividade dignos de um filho do destemido político, jornalista e polemista Francisco Sousa Tavares.

Instalado por trás das “linhas inimigas” e sempre com a mira bem assestada à ignomínia e à desvergonha adversárias, este autêntico guerrilheiro azul-branco é na actualidade o maior defensor do F.C.Porto junto da opinião pública. Quer se trate do Apito Dourado ou sua versão sucedânea o Apito Final, das lágrimas de crocodilo de adeptos ou dirigentes da dupla da capital, ou simplesmente da vulgar discussão semanal acerca de off-sides e penalties – labirinto em que se perde grande parte da discussão futebolística em Portugal – Miguel Sousa Tavares lá está, à 3ª feira, de dentro de um dos principais redutos inimigos, pronto a pôr os pontos nos “ii” e a desmascarar a vilania e a hipocrisia.

Como herdou do pai um extraordinário espírito de independência, Miguel Sousa Tavares junta à impiedosa crítica do adversário uns remoques àquilo de que discorda na condução dos destinos do F.C. Porto, o que já lhe tem valido incompreensão e censura. Infelizmente, para alguns portistas o adepto “perfeito” do FCP, além de se atirar devidamente a “mouros” e quejandos, deve enaltecer tudo o que provém do clube e nunca nada criticar, especialmente se essas críticas podem ser lidas ou ouvidas por ouvidos inimigos.

Só que Miguel Sousa Tavares vem por atacado e não a retalho: se queremos ouvir a sua voz, tanto mais respeitada quanto a sua independência é reconhecida, se queremos ver a nossa dignidade ferida ser defendida pela sua destemida pena, temos também de aceitar que critique aquilo que ele descreve como os “contentores” de jogadores sul-americanos ou que hoje ache que o Alan, que ontem considerava um nabo, é quase um Cristiano Ronaldo. Outros há que descontraidamente se prestam ou prestariam ao papel de cronistas oficiosos, mas Miguel Sousa Tavares é completamente desprovido de temor reverencial e tiques de bajulador perante o poder, seja ele qual for.

Por minha parte espero que a pena nunca se lhe esmoreça e a voz firme nunca lhe fraqueje.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Vamos encher o Dragão!

(fonte: www.facebook.com/FCPorto)

Recentemente, em dois artigos publicados no 'Reflexão Portista'...


... foi discutido o facto do Estádio do Dragão registar uma assistência média abaixo do desejável e da influência (negativa) que os custos de deslocação e os preços dos bilhetes têm nesse facto.

Pois bem, o clube parece que não está indiferente a esta situação e, a partir do primeiro jogo em casa desta época, arrancou com uma iniciativa louvável, a qual junta bilhete, deslocação e o apoio de uma das casas do FC Porto num só pacote.

«O FC Porto prepara-se para tornar o Dragão um palco de emoções acessível a todos: segue à boleia da tua paixão e vem da tua localidade até ao estádio, com a deslocação a ficar sob a responsabilidade do clube e o bilhete a teu cargo. Se és da área de S. João da Madeira, aproveita para vir assistir à partida contra o Marítimo, para a 2.ª jornada da Liga, comprando o teu bilhete por 9€.
Esta acção irá repetir-se durante a época em várias localidades, com vista a trazer adeptos de várias localidades ao Estádio do Dragão.»

A notícia completa pode ser lida no site oficial.

Espero que a esta iniciativa se juntem outras, que contribuam para estancar a diminuição das assistências e inverter uma tendência que foi notória durante a última época.

Pedro Proença no Seixal

«O quotidiano dos jogadores do Benfica no Seixal foi ontem de manhã interrompido pela presença do árbitro internacional Pedro Proença. Não se tratou de uma visita de cortesia, obviamente, mas de uma questão oficial. É que os encarnados tinham pedido ao Conselho de Arbitragem para indicar alguém para ensinar ao grupo de trabalho as mais recentes alterações às leis de jogo, que se encontram em vigor desde o início da corrente temporada. E o lisboeta foi o escolhido, fazendo-se acompanhar do assistente internacional Tiago Trigo. (...)
A sessão decorreu com a maior normalidade, com muita curiosidade da parte dos elementos que compõem o plantel. Nada como uma nova temporada para sanar eventuais divergências entre clube e árbitro (...)
Esta visita de Pedro Proença ao Seixal surge na sequência de uma iniciativa do Conselho de Arbitragem que, depois de ter promovido reuniões com os treinadores, colocou-se à disposição dos clubes para iniciativas como a que ontem decorreu. Houve muitos interessados e vários árbitros internacionais envolvidos
in record.pt, 22-08-2013 | 05:31
 
 
Os internacionais João Capela e Duarte Gomes não estavam disponíveis, ou no Seixal só entram sócios do slb com as cotas em dia?
 
Quanto ao "sanar de eventuais divergências entre clube e árbitro", eu penso que terão ficado sanadas quando Pedro Proença escreveu o relatório do último Nacional x slb e, na sequência disso, Cardozo foi punido com apenas um jogo de suspensão.
 
E, já agora, o slb também não tem qualquer razão de queixa da arbitragem de Pedro Proença no jogo do título da época passada.
 
Mas pronto, depois de muito folclore para entreter os adeptos, fizeram agora as pazes de forma oficial. É bonito...
 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

MST, o cruzado anti-VP

Após três anos de sucessos (no primeiro ano como treinador-adjunto de André Villas-Boas), a Administração da FC Porto SAD decidiu não renovar o contrato do treinador Vítor Pereira (VP).
Por sua vez, o treinador espinhense (mas portista de coração), decidiu continuar a sua carreira longe de Portugal, na Arábia Saudita.
A época 2013/14 arrancou no início de Julho e no comando técnico da equipa do FC Porto está Paulo Fonseca, ex-treinador do sensacional Paços Ferreira 2012/13.
Durante a pré-temporada, a equipa disputou uma série de jogos em diferentes países (Holanda, Bélgica, Venezuela, Colômbia, Inglaterra e Portugal) e o novo treinador pôde observar um plantel de cerca de 30 jogadores, que a SAD colocou à sua disposição.
O 1º jogo oficial foi a Supertaça Cândido de Oliveira, disputado no dia 10 de Agosto.
O campeonato nacional arrancou no passado fim-de-semana e começam a ser notórias as escolhas de Paulo Fonseca, quer em termos de modelo de jogo, quer em relação aos jogadores com que conta para o pôr em prática.

Perante tudo isto, faz algum sentido que alguns portistas analisem os jogos do FC Porto desta época, continuando a ter como alvo o ex-treinador Vítor Pereira?
Entre estes portistas está o Miguel Sousa Tavares (MST), cujo comportamento em relação a Vítor Pereira é já um caso patológico.

(Miguel Sousa Tavares, A Bola, 15-01-2013)

De facto, apesar de Vítor Pereira ter deixado de ser treinador do FC Porto há mais de três meses, MST parece que ainda tem contas a ajustar com o homem que contrariou as suas “sábias” profecias, tendo ganho dois campeonatos em duas épocas (o último dos quais invicto!) e, semanalmente, nas suas crónicas em A Bola, continua com uma inexplicável cruzada anti-VP.

«Espero que Paulo Fonseca medite no exemplo de Vítor Pereira, na época passada: também ele encostou o Atsu, descartou o Iturbe e renunciou a apostar no Kelvin. Imaginou poder ganhar o campeonato com o Varela e foi só quando se viu a perder em Braga a dez minutos do fim que lançou o Kelvin – e ele respondeu com dois golos, que viraram o jogo e mantiveram o Porto na luta. É claro que, como represália, na semana seguinte Vítor Pereira sentou o Kelvin no banco e o mesmo fez no jogo do título, contra o Benfica. Mas de novo, vendo-se empatado e a patinar no jogo, lá soltou o Kelvin outra vez a dez minutos do fim... e aconteceu o que se sabe. Foi o Kelvin quem ganhou o campeonato para o Vítor Pereira. Ganhou-o apesar do Vítor Pereira.»
Miguel Sousa Tavares
in A Bola, 20-08-2013


Pouco há a dizer deste texto do MST, tamanha é a idiotice e até uma certa desonestidade intelectual que o mesmo revela. Mas vale a pena comentar algumas afirmações e corrigir evidentes falsidades.

Pelas razões que são conhecidas, Atsu foi encostado esta época; com Vítor Pereira jogou em 32 (trinta e dois!) dos jogos oficiais disputados pelo FC Porto na época passada.

Em relação a Iturbe, antes de atirarem pedras, convinha que os portistas se recordassem da sua atitude em campo quando teve oportunidades, das declarações que o amuado “novo Messi” fez para forçar a saída do FC Porto e das diversas declarações públicas que proferiu enquanto esteve emprestado ao River Plate.

(O JOGO, 21-06-2013)

Por que razão, esta época, Iturbe ainda não foi sequer convocado para jogos oficiais da equipa principal ou da equipa B? Será por ter sido "descartado" por Vítor Pereira? Ou é por ser um jogador problemático, que tem o rei na barriga?

Quanto à "renuncia" em apostar no Kelvin, felizmente que, ao contrário do MST, tivemos um treinador que percebe (e muito) de futebol e que soube gerir a utilização de um jovem talentoso de apenas 19 anos (nasceu a 1 de Junho de 1993) – 8 jogos na I Liga, 1 Taça Portugal, 3 Taça Liga e 13 na II Liga – contribuindo para o seu crescimento futebolístico.
Mais. Ter no banco um avançado com as características do Kelvin, que em alguns jogos pode funcionar como uma especie de “arma secreta”, é algo que nem sequer é inovador. Será que o MST se lembra do Juary?
E, já agora, eu bem sei que o MST é pouco dado a "pormenores", mas na sua cruzada anti-VP convém que tenha um mínimo de rígor. Foi no Estádio do Dragão e não no Estádio Axa, que o Kelvin, após ter substituído o capitão Lucho (com VP não havia "vacas sagradas") a 15 minutos do fim, marcou dois golos ao SC Braga.

Claro que dentro da lógica do MST, se fosse ele o treinador (Deus nos livre!), Atsu, Iturbe e Kelvin teriam todos feito parte das suas escolhas para o onze titular do FC Porto 2012/13. Atendendo à natural imaturidade e falta de cultura táctica destes três jovens jogadores, teria sido bonito...

E quem sairia para entrarem estes três jogadores, tão "desprezados" por VP?
Varela, um dos ódios de estimação de MST (lamentável a afirmação "... (felizmente, felizmente!) Varela lesionado..." que, a propósito do Vitória Setúbal x FC Porto, faz parte da sua última crónica publicada em A Bola), seria um deles.
E quem mais? James? Lucho? Pois, pormenores...

terça-feira, 20 de agosto de 2013

As “fantásticas” audiências no cabo

«O primeiro fim de semana de confronto direto entre a Benfica TV e os canais Sport TV, com o arranque dos campeonatos de futebol, teve resultados mistos.
No sábado, a Benfica TV venceu a luta, com uma média de 10800 telespectadores ao longo do dia. Para tal, contribuiu a transmissão do jogo do Benfica B, assim como das partidas do Liverpool, Arsenal e Manchester United na Liga inglesa. A SportTV 1, que nesse dia emitiu o V. Guimarães-Olhanense, foi vista por 9100 telespectadores, contra os 3200 da Sport TV Live. O Porto Canal, que sábado emitiu o FC Porto B, obteve 5200 telespectadores.
No domingo, com a transmissão do Marítimo-Benfica e do V. Setúbal-FC Porto, a SportTV 1 liderou de forma clara, com uma média de 38400 telespectadores. Já a Sport TV Live, que emitiu o Sporting-Arouca, registou 13300 telespectadores. Na Benfica TV, o campeonato inglês, com jogos do Tottenham, de André Villas-Boas, e do Chelsea, de José Mourinho, garantiu uma média de 10100 pessoas
in Correio da Manhã, 20-08-2013


Esta notícia do jornal diário generalista do grupo Cofina é um pouco sombria e suscita-me várias interrogações.

Como é feita a medição das audiências no cabo? Os valores anteriores parecem-me muito baixos e pouco consentâneos com o interesse dos portugueses em relação ao futebol.

O que significa uma média de X telespectadores ao longo do dia?
Representa a média das audiências dos diversos programas desse canal num determinado dia?
Tendo os programas diferentes durações, isso é levado em conta para calcular esta média?

Segundo o slb, a benfica TV já tem mais de 150 mil subscritores. Contudo, de acordo com esta notícia, no último fim-de-semana obteve uma média de apenas 10500 telespectadores (7% dos subscritores!). Se é assim ao fim-de-semana, imagino as audiências da benfica TV durante a semana, quando não há jogos do campeonato (equipa principal ou equipa B), nem da Premier League para transmitir…

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Choradinho e capas

O campeonato 2013-14 arrancou com uma derrota do slb no Funchal (1-2), logo seguida de uma vitória (3-1) dos dragões em Setúbal.
No final destes dois jogos, os treinadores derrotados (Jorge Jesus e José Mota) atiraram as culpas para cima dos árbitros, pondo o ênfase das suas críticas em lances de penalties ou supostos penalties.
Até aqui nada de novo. Vindo de quem vem é banal, como diria Paulo Fonseca.

«Harakiri vitoriano
O lance do penálti acabou com o jogo, ou com as hipóteses do Vitória. Pouco depois já o facebook (meio que permite a todos opinar em direto) estava inundado com críticas a João Capela. Fico triste de ver a cegueira sobrepor-se à razão. Que culpa tem Capela da imprudência de Dani - mal Jackson ganhou posição estava mesmo a ver-se que o defesa ia fazer falta. Que culpa tem Capela de Kieszek responder à cabeçada ao empurrão de Josué?»
Miguel Amaro, record.pt

O que é novidade é o facto dos jornais desportivos da capital não terem acompanhado este choradinho, não lhe dando qualquer destaque nas suas capas de hoje.


É verdade que, conforme foi reconhecido pela generalidade da comunicação social (Pedro Henriques/SportTv, Rui Santos/SIC, os três diários desportivos, etc.), nem o slb teve razões de queixa da arbitragem de Jorge Sousa, nem o FC Porto foi beneficiado pela arbitragem de João Capela. Contudo, não deixo de ficar um pouco surpreendido, quando vejo títulos como "Férias não curaram águia" (A Bola), "Benfica de rastos" (Record) e "Vitória perdeu a cabeça" (Record), em vez de qualquer coisa do estilo "Penalties derrotam benfica no Funchal" ou "Polémica em Setúbal".

Como é que se sentirá o cada vez mais contestado treinador do slb, ao verificar que até João Querido Manha, o novo diretor do Record, diz que o árbitro Jorge Sousa ajuizou bem os dois lances referidos por JJ?


Está visto que a margem de manobra de Jorge Jesus (e de quem lhe renovou o contrato milionário) é cada vez mais reduzida e, por isso, ou os encarnados começam rapidamente a ganhar jogos (podem esquecer a "nota artistica"), ou o treinador que gosta de mascar chicletes vai ter de engolir um enorme sapo em forma de tacuara...

domingo, 18 de agosto de 2013

Bom fim, MAS...

Analisando os lances decisivos do Vitória Setúbal x FC Porto, constata-se pelas imagens televisivas que:
- o penalty sobre o Jackson é bem assinalado;
- a expulsão do guarda-redes do Vitória Setúbal é indiscutível;
- as duas bolas cortadas in extremis, quando iam a entrar na baliza, não transpuseram completamente a linha de golo (pelo menos foi o que me pareceu).

Falando agora sobre o jogo...

Atendendo ao historial entre as duas equipas (o FC Porto não perde em Setúbal para o campeonato há 30 anos e não cede um empate desde 1997) e à fraca qualidade do adversário (recordo que na época passada o Vitória Setúbal lutou até à última jornada para não descer de divisão), não estava à espera de tantas dificuldades. Mas elas foram evidentes, mesmo quando o FC Porto já estava a jogar contra 10.

O meio-campo funcionou mal e isso esteve na origem da forma confusa como a equipa atacou. Não vislumbro grande futuro num meio-campo formado por Fernando, Defour, Josué e Lucho e menos ainda num meio-campo em que Fernando tenha muitas vezes um jogador ao seu lado (no caso foi Defour).

Mas o que me deixou mais preocupado foram os buracos defensivos evidenciados pelo FC Porto. Houve alturas em que a equipa que equipou de azul (belíssimo este equipamento alternativo) parecia um passador.
Quantas oportunidades teve esta frágil equipa do Vitória Setúbal?
Para além do golo, lembro-me de mais 3 ou 4, algumas das quais quando os sadinos já estavam a jogar com menos um jogador. Inadmissível!
O Paulo Fonseca tem de resolver rapidamente este aspecto senão, quando jogarmos contra equipas melhores, iremos sofrer muitos dissabores.

Uma outra componente do jogo em que o FC Porto esteve muito mal foi nas bolas paradas. Livres frontais, livres laterais e cantos foi uma desgraça. Fizemos umas "cociguinhas" ao Vitória de Setúbal, mas nem deu para os assustar.
Tendo no plantel/equipa especialistas do nível do Danilo, Josué e Quintero e "torres" como Mangala e Jackson, o aproveitamento deste tipo de lances tem de ser muito superior.

Por falar em Jackson, é verdade que voltou a marcar (já tinha marcado na Supertaça, contra o outro Vitória) mas, apesar de esforçado e lutador, não esteve num dos seus melhores dias. Enquanto a sua situação não estiver resolvida ("renovo ou saio"), suspeito que dificilmente veremos o Jackson da época passada.


Deixando para o fim o melhor: o golaço de Juan Quintero.
Depois do que já vimos, penso que nenhum portista discutirá esta contratação. Paulo Fonseca tem à sua disposição uma pérola. Esperemos que saiba lapidá-la dos defeitos que ainda tem e trabalhá-la como deve ser, de forma a que rapidamente Quintero possa ser um dos onze dragões que inicia os jogos com a camisola azul-e-branca.

P.S. Não quero falar muito do treinador do Vitória Setúbal porque, sinceramente, o seu tipo de comportamento durante os jogos e as declarações que faz no final dos mesmos (quando perde) metem-me nojo. Aproveito apenas esta ocasião para recordar dois artigos sobre o senhor Mota, que publiquei na época passada...

Fotos: Maisfutebol/LUSA

sábado, 17 de agosto de 2013

Diz-me com quem andas... 2013/14



A época é nova, mas as novidades não abundam:

- mais uma vez o Porto acolheu um árbitro pouco conhecido no jogo de apresentação aos sócios; o jovem Hugo Pacheco, foi alvo de fortes críticas por ter validado um golo irregular(?) - não vi o jogo ou o lance - ao Jackson Martínez, e por não ter expulsado o Kelvin, num lance em que se envolveu com o Nolito; se foi apenas uma noite má, ou um passo seguro no caminho para a Perdição, o tempo dirá. E pensar que há uns meses atrás, a música era tão diferente...

- na final da Eusébio Cup, houve Duarte Gomes; sobre a escolha não há muito a dizer - foi certamente uma coincidência. Já o resultado corroborou o ditado que diz que "santos da casa não fazem milagres"; e para enegrecer ainda mais o cenário, o inqualificável (major) João Ferreira, reformou-se (e sem direito a consagração no Jamor!). A época ainda não começou, e a nação servo-benfiquista já está de luto. Pode ser que tenhamos uma surpresa, com um possível regresso ao estilo do Paul Scholes, e ainda voltemos a ver o bom do major de volta aos relvados da 1ª Liga - os grandes artistas são intemporais.

- por fim, o SCP, que realizou dois jogos no seu estádio; o clube que denunciou o "sistema", teve curiosamente como árbitros nestes jogos aqueles que segundo a opinião generalizada, ofereceram as duas últimas Ligas ao Porto - Proença no célebre SLB x FCP de há dois anos, marcado pelo golo irregular do Maicon; Hugo Miguel, no não menos baladado Paços de Ferreira x FCP, do penalty-que-não-era, na última jornada da Liga transacta. Ainda nesta última época, os responsáveis do SCP disseram "cobras e lagartos(!)" do "melhor árbitro português", aquando do FCP x SCP, mas parece que não ficaram ressentidos - o Sporting perdoa, o Бehфицa não.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Capela tem grande futuro... e presente!


"Pensei que o Sporting ia jogar assim, ia dominar mas ia perder. (...)
[acerca do jogo] Aquilo que esperava, vitória do Benfica, uma boa arbitragem e um árbitro [João Capela] com muito futuro. (...)
Acho que a arbitragem foi excelente e o árbitro tem grande futuro"
Pinto da Costa, 22-04-2013


Quem não se lembra deste "artista" do apito?


Eu pensei que ia haver algum pudor e que, tão cedo, o senhor João Capela não ia ser nomeado para jogos envolvendo candidatos ao título.
Mas enganei-me e logo na primeira jornada do campeonato este árbitro da AF Lisboa foi nomeado para a deslocação do FC Porto a Setúbal.
Isto promete...

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Nova filosofia para a equipa B

Há cerca de um ano atrás, num artigo cujo título foi 'Plano B para a equipa B', escrevi o seguinte:

«(...) não havendo jogadores que tenham, para já, demonstrado qualidade para serem chamados à equipa A, o Plano B poderia passar por “transferências” no sentido inverso, isto é, ir dando minutos em jogos da equipa B aos jogadores do plantel principal que não têm feito parte das escolhas de Vítor Pereira (...)
É sabido que todos os jogadores precisam de competição para evoluir e mais ainda quando são jovens. Nesse sentido, um campeonato disputado e intenso como é a II Liga, iria dar aos jogadores, que habitualmente não fazem parte da lista de convocados de Vítor Pereira, um andamento que seria muito útil, se e quando fosse necessário chamá-los a uma das competições (Campeonato, Taça de Portugal, Taça da Liga) em que a equipa principal vai estar envolvida.
De resto, parece-me óbvio que a articulação entre as equipas A e B tem de melhorar. A coisa tem de funcionar como uma espécie de vasos comunicantes, em que os que se destacarem na equipa B são chamados à equipa A (funcionando como um mecanismo de prémio e estimulo) e os menos utilizados da equipa principal poderão ganhar ritmo e competição em jogos da equipa B.»


Ao ler O JOGO, verifiquei que aquilo que defendi há um ano atrás vai ser posto em prática, não episodicamente, mas sim de uma forma regular e obedecendo a uma estratégia clara.

(O JOGO, 14-08-2013)

Penso que esta estratégia irá contribuir para um maior sucesso do projecto da equipa B. Contudo, subsiste a dúvida de ver como irão reagir algumas pseudo vedetas, como é o caso do Iturbe, que na época passada chegou a fazer declarações públicas mostrando pouca vontade em jogar pela equipa B do FC Porto.

Beira Mar x FC Porto B (O JOGO, 13-08-2013)

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Supertaça firme, Taça da Liga a definhar

(Supertaça, FC Porto x Vitória Guimarães, 10-08-2013)

No passado sábado disputou-se a 35ª edição da Supertaça (a 33ª oficial visto as duas primeiras, disputadas em 1978/79 e 1979/80, terem sido oficiosas).

Ao contrário da Taça da Liga, uma aberração competitiva que apenas é disputada numa minoria de países europeus, a Supertaça é uma prova que existe na maior parte dos países e a sua lógica é simples: é um troféu que se disputa entre o vencedor do Campeonato/Liga e o vencedor da Taça da época anterior. No caso do mesmo clube se sagrar Campeão Nacional e vencer a Taça, disputa-se um jogo entre o clube que ganhou o Campeonato e o que foi derrotado na final da Taça.

Durante muitos anos (até à época 1999/2000), a Supertaça Cândido de Oliveira (é este o nome oficial desta competição em Portugal) foi disputada a duas mãos e em diferentes alturas das épocas, algo que não contribuía para o interesse e afirmação da prova. Contudo, a partir da época 2000/2001, a Supertaça assumiu o carácter de uma verdadeira final, passando a ser decidida num único jogo e, além disso, tal como acontece noutros países (por exemplo, Alemanha e Inglaterra), criou-se a tradição de ser o primeiro jogo oficial da época futebolística em Portugal.

Ao contrário da Taça da Liga, a Supertaça tem lógica, tradição (nacional e europeia) e um superior interesse por parte dos adeptos.
A recente final entre o FC Porto e o Vitória Guimarães provou-o, ao esgotar a lotação do Estádio Municipal de Aveiro (29.100 espectadores), superando a assistência do FC Porto x Académica da época passada (26.825 espectadores) e até a assistência do slb x FC Porto da época 2010/11 (28.819 espectadores).

Pelo contrário, a Taça da Liga é desde a sua criação (época 2007/08) um “nado morto”, sendo uma competição híbrida, sem lógica e sem interesse competitivo, ao ponto de vários jogos, incluindo de “clubes grandes”, não terem transmissão televisiva (foi o caso do Nacional x FC Porto da época passada). Como se isto não bastasse, a prova tem regulamentos pouco claros, que já foram alterados N vezes e, ainda por cima, ficou marcada por escândalos de arbitragem (os sportinguistas, e não só, chamam-lhe Taça Lucílio Baptista).

Por tudo isto, não surpreendeu que na época passada a Liga não tenha conseguido arranjar um patrocinador oficial para a prova e os direitos das transmissões televisivas, após a Olivedesportos ter rompido o contrato que existia com a Liga, tenham sido vendidos ao desbarato a outro operador.

Ao fim de apenas seis edições a coisa é de tal modo feia que, numa entrevista ao jornal Record, o próprio presidente da Liga, Mário Figueiredo, referiu que “não fazia sentido manter a competição”.
Contudo, em 27 de Junho de 2013, numa Assembleia-Geral da Liga, os clubes apreciaram e chumbaram (7 clubes a favor e 33 contra) uma proposta da Direcção da Liga que defendia a extinção da Taça da Liga a partir da época 2014/15.
Mas que sentido faz manter esta aberração, perdão, competição e, ainda por cima, se se confirmar o alargamento do campeonato para 18 equipas (o que implicará mais quatro jornadas)?

terça-feira, 13 de agosto de 2013

O 4-2-3-1 de Paulo Fonseca...entender o conceito! (II Parte)

Está claro que o Paulo Fonseca teve pouco a dizer nas contratações mas terá muito pelo que responder com aquilo que o seu plantel pode oferecer durante o ano.

Desde Fernando Santos - aquele 4-2-3-1 com Paulinho+Chainho atrás de Deco, com Alenitchev no banco - que a equipa se habituou ao 4-3-3 como modelo base, salvo pelo segundo ano de Mourinho e o 3-4-3 de Adriaanse. É um modelo formatado, assimilado e que faz todo o sentido. Mas também é uma táctica para a qual o plantel oferece poucas opções individuais. A ausência de extremos desequilibradores (que já foi um problema no ano passado, depois da saída de Hulk e da situação com Atsu) afunilava em excesso a equipa, com James a meter a marcha para dentro e Varela muitas vezes a encostar-se a Jackson num 4-1-2-1-2. Este ano não houve mudanças radicais nesse capitulo. E portanto o plantel continua a oferecer poucas opções individuais.

O 4-2-3-1, pelo contrário, encaixa melhor nos jogadores disponíveis. E é o modelo que o técnico utilizou no Paços, que conhece bem. Quer entrar com cautela, jogando pelo seguro. É compreensível, mas também é preciso lembrar que a defesa do Paços não jogava tão alta como deverá jogar a nossa, o que implica que os espaços entre linhas eram menores e, portanto, o risco de descompensação zonal entre-linhas inferior.


Nesta imagem fica claro o que vamos ver este ano.
4 defesas em linha, com os laterais com ordem para subir. Um avançado fixo, dois extremos abertos e um jogador livre. E dois box-to-box que se têm forçosamente que complementar no meio-campo. Ora é aí precisamente que geramos um considerável over-booking.

Para as alas o "mister" sabe que tem o Varela, o Ricardo, o Licá e o Kelvin (não sei onde o Iturbe ou o Ismailov encaixam aqui, já veremos o que passa). Dois extremos puros (Ricardo, Varela), um batalhador que vai ser muito útil (Licá) e o joker, Kelvin. No ataque contamos, finalmente, com duas opções válidas em Jackson e Ghilas. É no meio-campo que está o busílis.

Quintero chegou e triunfará, mas precisa de tempo (como Anderson, como James). Lucho fará o posto de 10 desde o início e a transição será progressiva. Se a táctica fosse o 4-3-3, o argentino teria problemas em jogar, porque como se viu no ano passado, o 4-3-3 exige muito do trio do meio-campo fisicamente. E Lucho já não está para isso, enquanto Quintero ainda é verde para esse ritmo. "El Comandante" é o grande beneficiado desta metamorfose táctica. Vai permitir manter-se vivo e activo mais tempo do que poderíamos imaginar. Fernando é o grande prejudicado.

"O Polvo" tem sido fundamental desde que substituiu o Paulo Assunção a tapar todos os buracos que apareciam na linha defensiva. Sempre funcionou melhor varrendo do que com um jogador ao seu lado. Por estatuto será titular mas tenho as minhas dúvidas que se sinta cómodo. O contrato acaba este ano, até ao fim do mês ainda pode sair ou, eventualmente, pensando já no futuro, o técnico procura um modelo para o que tem. E como não há outro Fernando no plantel, acha mais adequado apostar num modelo onde sim funcionam todos os outros médios de que dispõe.

Este 2-1, este triângulo invertido, encaixa bem no perfil de Defour, de Herrera, de Carlos Eduardo, de Josué (que também pode fazer o 10) e de Castro. Apostando neste modelo, o técnico garante que terá jogadores a quem pode distribuir minutos, rentabilizando as suas características técnicas e tácticas ao máximo em vez de as forçar a um modelo que dependia em excesso de Fernando para funcionar realmente.

Portanto, o 4-2-3-1 é o modelo ideal para esta época?

Como em tudo, tem aspectos positivos e negativos.
Defensivamente causa muitos mais problemas do que o 4-3-3 e nos jogos europeus, sobretudo, a segurança defensiva é absolutamente fundamental. Podemos nesse jogo voltar, pontualmente, ao 4-3-3?
Podemos e, talvez, devemos. É também um sistema que não saca o melhor de um dos melhores jogadores do plantel, Fernando, e que gera sérios riscos nos jogos em casa contra rivais claramente inferiores.
É um modelo cauteloso, com dois médios sempre no apoio (e ás vezes vai fazer falta um desses médios lá à frente) e que funciona melhor em equipas onde o meio-campo é uma zona curta de passagem, mais de contra-golpe do que de futebol de posse constante.



No entanto, não se pode dizer que seja, exclusivamente, um modelo defensivo mas sim que se adapta melhor a equipas mais pequenas, que queiram ter menos tempo a bola e procurem mais as transições rápidas e as linhas próximas entre si (numa zona do terreno mais recuada).
O 3-2-3-1 vai permitir ter sempre um segundo homem na área. Vai gerar maior dinamismo nas transições, quebrando o ritmo "pastelento" do ano passado. Em momentos de posse, pode tornar-se num 2-4-1-2, com a subida dos dois laterais para a linha do 2-1 no meio-campo, mas isso só funcionará se as linhas estiverem para lá da linha de meio-campo. Permite sacar o melhor de um grande jogador, que é Lucho, e de outro que seguramente o será, Quintero. E adapta-se melhor ao plantel desenhado para a temporada.

Será um ano largo.
Ninguém pode antecipar que durante os jogos o próprio técnico faça mudanças que permitam oscilar entre um modelo e outro. Não é uma mudança demasiado radical (como foi o 3-4-3 de Adriaanse), não é um modelo estranho aos adeptos. É uma interrogante mais, a par do treinador e de muitas das caras novas. Esperamos que, em Maio, a nota positiva se aplique aos três e que a nova variante permita contornar os problemas que tínhamos o ano passado sem, por sua vez, criar outros já resolvidos.

O 4-2-3-1 de Paulo Fonseca...entender o conceito! (I Parte)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O 4-2-3-1 de Paulo Fonseca...entender o conceito! (I Parte)

Parece claro que Paulo Fonseca não vai abdicar do seu 4-2-3-1.

O tempo dirá se a sua opção é a mais acertada, sobretudo em jogos radicalmente diferentes aos da pré-época e da Supertaça. Em Aveiro o sistema funcionou perfeitamente também porque o rival foi macio, muito macio. Na véspera do jogo o treinador tomou a palavra na sala de imprensa para responder a um jornalista que sugeriu o modelo como mais defensivo. Paulo Fonseca não gosta dessa ideia (apesar de ser um sistema muito mais utilizado por equipas de contra-golpe do que de ataque continuado).
Vou tentar explicar o que penso ser o seu ponto de vista e a minha percepção sobre o que vai significar a aplicação do modelo ao longo do ano, os seus pontos fortes e fracos. E, sobretudo, a sua adequabilidade ao plantel, no seu todo, e a alguns jogadores, em particular.

No final, podemos chegar à conclusão se o sistema é mais ou menos defensivo que o 4-3-3 standard da última década, se mais parecido ao modelo de Fernando Santos em 2001 ou ao Borussia de Dortmund de Klopp (de quem Paulo se lembrou na conferência de imprensa).

Basicamente há três grandes alterações conceptuais com este modelo.
A inversão do triângulo do meio-campo gera duas situações novas:
- a criação do conceito de número 10, que no 4-3-3 não tem lugar (ou é um extremo adaptado, como foi James, ou é um médio centro reconvertido, como muitas vezes joga Iniesta)
- a mudança do conceito defensivo, de um jogador fixo de marcação para a divisão de tarefas entre dois jogadores, ambos com ordens para subir e descer, alternando-se sucessivamente

No primeiro caso, a ideia de Paulo Fonseca parece-me evidente.
O número 10 está liberto de carga táctica. Marca menos o rival, corre menos, ocupa mais os espaços livres e aproxima-se ao avançado. Ele tem a missão de criar superioridade ofensiva na área, ajudar Jackson nas suas movimentações e oferecer-se sempre como alternativa de passe.
No segundo caso, implica ter uma equipa muito mais móvel, sem nenhum jogador com uma missão fixa todo o encontro, o que exige mais fisicamente dos dois jogadores, que terão de ser muito mais flexíveis.

A terceira alteração passa pelo maior espaçamento de linhas.
Com o 4-3-3 era muito habitual ver as linhas muito próximas entre si, com a equipa a subir em campo de forma compacta, em posse, muitas vezes num ritmo mais lento e previsível. O médio mais defensivo ficava ancorado entre os centrais, os laterais subiam (ora um, mais raramente, os dois) e os dois médios da parte superior do triângulo pautavam o ritmo. Agora nota-se claramente a existência de duas linhas, e cabe aos dois jogadores mais recuados do triângulo pautar o ritmo, permitindo sempre a 3 ou 4 jogadores estarem perto da área sem a bola, à espera de que a combinação entre os restantes jogadores a faça chegar até eles o mais rápido possível.

Nesta imagem pode ver-se qual é o desenho táctico standard em campo:


Um dos médios sai com a bola permitindo aos defesas abrirem-se para cada lado oferecendo linhas de passe e possibilitando aos laterais abrir o campo. O segundo médio está perto, numa zona próxima, para servir de apoio imediato. Mais à frente, os dois extremos jogam abertos e o número 10 e o avançado próximos um do outro, para puxar a marcação e abrir espaços nas costas e, em caso de recepção de bola, poderem combinar entre si de imediato.

Com esta ideia, o Paulo Fonseca quer claramente uma equipa mais vertical, mais dinâmica e trabalhada fisicamente e mais opções para o remate, com a presença constante de um segundo elemento perto da baliza.

Nesta outra imagem, num movimento ofensivo, podemos ver como o Lucho aparece quase como um 2º avançado (na sombra do médio defensivo do Vitória, ele está lá!), na mesma linha que os dois extremos (bem abertos), com o Jackson a prender um dos centrais. Essa situação garante quase uma igualdade numérica em movimentos ofensivos (4 para 5, em vez do 3-5 habitual do ano passado). Vemos os dois centrais a fechar a linha, uma vez mais os laterais abertos, neutralizando os extremos e os dois médios centro com a função de criar desde o primeiro instante.


Pode ser este um sistema mais defensivo do que o 4-3-3, como se tem sugerido?

Depende sobretudo do rival.
Em teoria, uma equipa que utilize um jogador como "número" 10 ou dois avançados, é uma equipa mais ofensiva por natureza. O problema está onde se movem. O 4-3-3 permitia a aproximação regular de dois jogadores do meio-campo à entrada da área, a que se juntavam os três da frente e, eventualmente, os laterais. Este modelo, na teoria, coloca um homem extra no ataque, o tal 10, e portanto, mais poder de fogo. Mas ao não ter um dos dois médios mais recuados com um papel fixo, como tampão, corre o risco de haver uma atrapalhação na movimentação do miolo e a equipa ficar mais frágil no momento da perda de bola. O 4-2-3-1 pode não ser mais defensivo que o 4-3-3, mas é um sistema bastante mais frágil.

O FC Porto vai jogar, para a Liga, com equipas que vão estacionar o autocarro e aproveitar falhas para lançamentos rápidos de contra-ataque. Foi assim que se perderam muitos pontos no ano passado. Lançamentos rápidos da defesa, diagonais no meio-campo, aproveitando processos defensivos desorganizados por uma rápida perda de bola. O 4-3-3 garantia, na teoria, que a presença de um médio mais defensivo na ajuda aos centrais, podia tapar essas iniciativas de contra-ataque com mais facilidade, o que leve a uma maior contenção da dupla e menos ajuda no movimento atacante.

O 4-2-3-1 é um modelo que sofre muito mais nessa circunstância.
Aliás, o Paulo Fonseca deve saber, grande parte dos golos sofridos por equipas como Dortmund e Real Madrid (que no ano passado usaram esse sistema) surgiram de situações assim, diagonais entre os dois médios centros, perdidos em campo, aproveitando os espaços disponíveis entre linhas para ganhar segundos preciosos, suficientes para armar o remate que a presença de uma sombra na zona evitaria (o que faz Busquets em Barcelona, por exemplo).

Nos jogos da pré-época, e na Supertaça, já se verificaram essas situações.
Um médio rival (ou defesa) tem a bola, lança um passe a rasgar entre-linhas, os dois médios estão em linha (ou muito próximos disso), ligeiramente afastados da defesa e é nesse espaço que surge o rival. Isso vai suceder regularmente durante o ano. Contra equipas mais exigentes, que vão ter a bola tanto ou mais tempo que nós (jogos de Champions, sobretudo), essa situação vai ser ainda mais habitual porque esse espaço livre é uma mina de ouro para explorar. Não há um jogador que varra o lance.

Nesta imagem estamos perante essa situação. 
Uma perda de bola do ataque, contra-golpe do rival. O número 10 é o último, o que não corre e o avançado e os extremos estão todos muito próximos. Um dos laterais (Fucile), está pendente do extremo e longe da linha defensiva. Os restantes elementos da defesa estão em linha. Mas os dois médios estão expectantes, na mesma zona. Neste momento o Defour não está a marcar ninguém, é um jogador passivo na acção. O Fernando cumpre o seu papel (o que faz melhor) e aproxima-se do homem com a bola, que pode colocar um passe em diagonal para o avançado nas costas do meio-campo. 


Não deixa de ser uma movimentação de jogadores que pode ser trabalhada durante o ano. Mas é um risco.
Não há sistemas perfeitos, o 4-3-3 desde já não o era. Mas defensivamente era muito mais seguro do que este modelo. Claro que o trabalho dos jogadores será fundamental para que este ou qualquer outro modelo funcione. E de aí vamos ao segundo ponto da análise.

Faz o 4-2-3-1 mais sentido que o 4-3-3 com este plantel e estes jogadores?
(continua)

domingo, 11 de agosto de 2013

Soma e segue


Mais uma supertaça já cá canta. Foi um jogo bem conseguido e uma  vitória justíssima, que peca por escassa. Diziam os homens que comentavam o confronto na RTP que o VG tinha entrado bem, desinibido e sem complexos,  quando  o FCP,  pela faixa direita,  chegou ao primeiro golo aos 5 minutos. Aos 17 mais um excelente movimento de ruptura  e deixámos de ser favoritos para nos constituirmos como próximos detentores do trofeu em disputa , que o golo a fechar a primeira parte tirou todas as dúvidas,  se ainda as houvesse.
Entre o segundo e o terceiro golo e toda a segunda parte,  tivemos excelentes momentos individuais e colectivos, mas muitas cócegas para chegar ao golo. Embora compreenda que com a vitória no bolso o treinador  se sentisse legitimado para a experimentação, o principal reparo que faço foi a falta de gula para tentar o golo de forma mais predadora, nomeadamente no segundo tempo que controlámos sempre bem,  mas com demasiada gente no miolo,  provocando demasiado congestionamento nos espaços interiores, que o posicionamento de Josué na esquerda não atenuou antes agravou

Apesar desse inconveniente,  os jogadores movimentaram-se bastante bem e com muitas diagonais, que saídas a preceito, criaram imensas dificuldades à defensiva adversário. Ao contrário do que aconteceu nos jogos da  pré época foi pelo direito que construímos uma boa parte das investida da equipa e foi por essa banda que chegámos aos golos.
O labor de uma equipa resulta do esforço de todos,  mas no jogo de ontem Fucile, Licá e Lucho estiveram a um nível muito elevado e foram os principais artífices dos desequilíbrios que provocámos na defensiva vimaranense, enquanto nos equilíbrios e compensações contámos com os excelentes desempenhos de toda a defesa,  de Defour e Fernando. Martinez e Varela estiveram em bom nível, sem deslumbrar, Quintero prometeu, Josué pouco activo e Kelvin entrou demasiado tarde: foi menos para jogar e mais para receber o apoio por aquele inesquecível minuto 92, e disso é que o miúdo precisa menos.

Não gostei da arbitragem nem de alguns sinais exteriores de porreirismo do nosso treinador o que não empalidece a boa entrada desportiva na presente época. Na supertaça são onze contra onze e no final ganha o FCP.