quinta-feira, 15 de novembro de 2018

O Euroexit do basquetebol portista

A equipa de basquetebol do FC Porto recebeu ontem o Varese de Itália, para a 5ª jornada da fase de grupos da Taça da Europa da FIBA (FIBA Europe Cup).

FC Porto x Varese (fonte: O JOGO de 15/11/2018)

O jogo foi disputado num Dragão Caixa com poucos adeptos e o FC Porto perdeu (71-89). Foi a 4ª derrota em cinco jogos para a FIBA Europe Cup 2018/19 e, a uma jornada do fim da fase de grupos, os dragões estão já sem qualquer hipótese de apuramento para a fase seguinte, daquela que é a competição mais fraca do basquetebol europeu de clubes.

Desde 2015/16, após um rearranjo feito pela FIBA, passaram a disputar-se as seguintes quatro competições europeias de clubes (por ordem de importância):






Olhando para a trajetória completa do FC Porto nas competições europeias de basquetebol desta época (2018/19), constata-se que o balanço é muito negativo:

Nizhny Novgorod x FC Porto (fonte: O JOGO de 23/09/2018)

FIBA Basketball Champions League, pré-eliminatória: 2 jogos, 2 derrotas

FIBA Europe Cup, fase de grupos: 5 jogos, 1 vitória, 4 derrotas

Ora, se nos últimos anos tem sido sempre assim (ou parecido), vale a pena questionar:

Perante o nível atual do basquetebol português e, particularmente, da equipa do FC Porto, para que serve ir às competições europeias?

Supostamente seria para os jogadores “crescerem” e a equipa, como um todo, evoluir. Contudo, não é isso que se tem verificado nos últimos anos.

Mais. A participação nas competições europeias de basquetebol provoca um enorme desgaste, consequência das viagens (algumas longas) e jogos a meio da semana.

Antes do jogo contra o Rilski (na Bulgária), o treinador do FC Porto, Moncho Lopez, fez as seguintes declarações:

Na Europa, somos obrigados a esforços extraordinários. (…) Tentámos alterar algumas coisas, até no planeamento da pré-época, mas a verdade é que chegaram as duas competições [campeonato e competição europeia] e é muito difícil, está a custar-nos muito. (…) É uma luta desigual para todas as equipas portuguesas. (…) O jogo com o Rilski [na quarta-feira] é exigente, depois na quinta-feira acordaremos muito cedo para viajar todo o dia e regressar ao Porto. Depois na sexta-feira já estaremos a viajar para Lisboa para defrontar o Benfica. Gostaríamos de ter, como as outras equipas têm, cinco ou seis dias para preparar um jogo. Mas a realidade é esta: queremos estar nas competições europeias e somos a única equipa portuguesa presente nas competições europeias. Uma [UD Oliveirense] não está porque desistiu, a outra [SL Benfica] porque não conseguiu estar. Não nos vamos queixar disso, mas é evidente que é um esforço muito grande para nós.


Em resumo, a participação do basquetebol portista nas competições europeias tem servido para:

- Gastar parte do orçamento da secção (que podia ser utilizado para reforço do plantel) na logística das viagens (bilhetes de avião, transfers, hotéis, refeições, etc.);

- Provocar um grande desgaste nos jogadores, principalmente nos melhores (que são os mais utilizados), com consequências para os jogos seguintes (do campeonato);

- Aumentar o risco de lesões num plantel que, qualitativamente, é curto;

- Deixar, todos os anos, uma má imagem do FC Porto por essa Europa fora.


Por tudo isto, a participação da nossa equipa de basquetebol nas competições europeias tem de ser repensada.

Mas não chega. Todo o basquetebol do FC Porto precisa de ser repensado pela administração do Clube, que para isso foi eleita pelos sócios.

E a reflexão tem de incidir em diversos aspetos - dirigentes da secção, treinador, equipa técnica, jogadores, scouting, equipa B e formação.

O basquetebol portista precisa de decisões, algumas de efeito imediato (época atual) e outras para a(s) próxima(s) época(s). Doa a quem doer porque, a manter-se a inação de quem manda, pode estar em causa a continuidade do basquetebol no FC Porto.


P.S. Nem sempre o basquetebol portista andou pelas ruas da amargura a nível internacional. Lembro-me da época 1999/2000, em que a equipa do FC Porto fez uma caminhada notável até aos ¼ de final da Taça Saporta (à época a 2ª competição europeia de clubes), enchendo várias vezes o pavilhão Rosa Mota. Essa equipa, comandada por Alberto Babo e que que tinha jogadores como Jared Miller, Rui Santos, Paulo Pinto, Nuno Marçal, Fernando Sá, etc., ficou para a história do basquetebol português.

P.S.2 Época 1996/97, pavilhão Rosa Mota, FC Porto x Nobiles (Polónia), 2ª mão dos 1/8 final da Taça da Europa. Um video (do meu amigo Sérgio Gomes) do tempo em que o basquetebol portista enchia pavilhões.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Pássaros, passarinhos, passarões, aves de rapina e cucos

Tiago Martins rodeado de jogadores do Chaves (foto: Filipe Amorim / Global Imagens)

Pássaros do Sul,
Bando de asas soltas,
Trazem melodias,
Pra cantar às moças,
Em noites de romaria,
Em noites de romaria

Este refrão, de uma conhecida música de Mafalda Veiga, aplica-se bem à “romaria” de ontem à noite em Alvalade.

O “passarão” foi o conhecido Tiago Martins, protagonista de uma arbitragem à maneira.

E assim, pela 2ª jornada consecutiva, os “viscondes” chegaram à vitória após um penalti e uma expulsão de um jogador da equipa adversária. Algo que, no meio do ruído provocado pela detenção de Bruno de Carvalho, passou quase despercebido.

Capa de A BOLA de 12/11/2018

Capa do Record de 12/11/2018

Capa de O JOGO de 12/11/2018

Com arbitragens destas, o marketing do Sporting ainda vai ter de meter na gaveta a habitual calimerice e copiar o célebre hashtag dos encarnados-- #colinho

E por falar nos vizinhos da 2ª circular, que grande resultado!

Após o “penta ciao” da época passada, desta vez lá conseguiram ganhar ao Tondela, que viu dois dos seus jogadores serem expulsos pelo senhor João Pinheiro.

João Pinheiro a expulsar um jogador do Tondela (foto: Bruno Teixeira Pires / Record)

…com as duas expulsões fica muito complicado. Foi uma luta tremenda, mas o minuto 53 marcou esta partida (…) É muito difícil com 11, com menos um é ainda pior
Pepa, treinador do Tondela


Foi, de facto, um domingo em cheio para os dois clubes da 2ª circular.

E o fim-de-semana só não foi melhor, porque o golo de Soares, ao minuto 88, estragou os planos…

FC Porto x SC Braga, Tribunal de O JOGO

FC Porto x SC Braga, Record

Na semana em que a comunicação social deu conta de um encontro entre Luís Filipe Vieira e Paulo Gonçalves, no fim-de-semana não faltaram "pássaros", "passarinhos", "passarões" e "aves de rapina", com os "cucos" a assobiar para o lado…

sábado, 10 de novembro de 2018

Ticão!


E que grande vitória a desta noite.
Importantíssima nas contas do título, não só tendo em conta que o adversário era o segundo classificado (sem qualquer derrota) mas também pelo timing da mesma, numa altura que os rivais lisboetas estão ambos a atravessar uma fase de transição.

O Braga é, de facto, uma equipa forte. Apesar de contar, apenas, com 2 ou 3 nomes sonantes, há trabalho muito competente a ser ali executado e tal acontece desde já há alguns anos.
Uma grande aptidão competitiva, de calibre bem acima da média.

O FCP voltou, hoje também, a contar com a estrelinha (de campeão?) que nos tem acompanhado amiúde esta época.
E bem que a merecemos pois, durante vários anos, esta nada quis connosco.

Mas a estrela mais alta (esta cá da Terra) voltou a ser o nosso treinador que, uma vez mais, arriscou tudo para vencer a partida. Novamente Maxi a dar lugar a Otávio, colocando a equipa ainda mais ofensiva, para lá ainda do muito que ela já o é na sua génese e identidade.
Quão raro é vermos um técnico português assim.

Destaque também para Soares, que hoje foi absolutamente decisivo. O cruzamento do talismã Otávio era bem colocado mas, daí até o lance terminar em golo, faltava ainda algum trabalho. Foi obra de Ticão. Não era para qualquer tiquinho colocar aquela bola bem no cantinho e, para mais, ao minuto 87. O brasileiro, recorde-se, já tinha tido papel determinante na reviravolta contra o Varzim e, antes, contra o Tondela.

Estão de parabéns os jogadores e segue-se agora mais uma longa pausa que, esperemos, não estrague esta nossa grande dinâmica de vitória actual.

sábado, 3 de novembro de 2018

Siga!


67 foi o minuto-chave desta partida. Sérgio Conceição foi, hoje, ainda mais valente que o seu habitual e não hesitou em trocar um lateral-direito por mais um elemento ofensivo (Otávio) que, apenas três minutos depois, marcaria o golo que desbloquearia uma partida onde pairava um intenso odor a empate.
E, dadas as circunstâncias (derrota escandalosa do slb, em sua casa, na noite anterior), talvez um qualquer outro treinador não se incomodasse assim tanto com uma eventual igualdade, num campo historicamente complicado para as nossas cores. Sérgio Conceição, no entanto, tinha outros planos e, como na última quarta-feira para a Taça da Liga, virou tudo ao contrário com alterações vindas do banco.

E tudo tinha começado mal para o FCP. Um primeiro tempo completamente desinspirado da nossa parte. Quando Brahimi não está nos seus dias, a máquina emperra sempre. Aqui e ali, Corona lá continuou na sua actual onda de sentar primeiro os adversários e, depois, centrar com precisão. Contudo, a frequência com que o faz não se aproxima sequer do habitual caudal atacante do argelino e, por isso, o FCP não criou qualquer lance de perigo nos primeiros 45 minutos.

Foi assim recebido como uma dádiva dos céus o penalty assinalado por Xistra, já na segunda metade. Lance duvidoso, mesmo após inúmeras repetições. Mas Marega falhou. Ainda não parece que seja ele quem deva ser o habitual marcador. Há que treinar mais este tipo de lances. São já muitos os falhanços da marca dos 11 metros.
Após este lance, parecia mesmo que a maldição dos Barreiros estava de volta, até Otávio ter dado a melhor sequência a dois toques de calcanhar consecutivos (de Soares e Marega), num golo fabuloso para mais tarde recordar.
Três minutos depois, Óliver, de novo titular (e bem) no lugar de Herrera, rouba uma bola à defesa do Marítimo e segue completamente isolado para a baliza contrária. Como sabe que a finalização não é o seu ponto forte, olhou para todos os lados até encontrar um companheiro solto. Otávio e Marega completaram a obra.
O brasileiro ainda conseguiria fazer expulsar Danny e o FCP acabaria, assim, um jogo teoricamente difícil de uma forma inesperadamente tranquila.


quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Esquerdinha




Foi, durante anos, o nosso melhor lateral-esquerdo da era pós-Branco
(o maior deles todos).
Praticamente até Álvaro Pereira surgir em 2009, Esquerdinha foi o
homem que melhor fez aquele lugar que andava órfão desde a saída do
internacional brasileiro. Claro que, recentemente, apareceram
Layun e Alex Telles, laterais que relegaram Esquerdinha para uns lugares mais
abaixo na tabela dos melhores de sempre, mas nem por isso o homem dos
cabelos compridos deixou de ter um lugar especial entre a família
azul-e-branca.

Foi em 1999 que Esquerdinha surgiu nas Antas pelas mãos do também
antigo jogador Lula. Veio do modesto Vitória da Baía mas esteve em
alta no Brasileirão do ano anterior. Levou algum tempo até convencer a
exigente massa associativa mas, quando alcançou a titularidade, não a
largou praticamente até à sua saída.
Num tempo em que Jardel brilhava a grande altura, Esquerdinha foi
autor de inúmeras assistências para este. Venceu apenas um campeonato
mas o seu ponto mais alto terá sido o confronto com o Bayern, nos
quartos-de-final da Liga dos Campeões.
No período de alguma decadência do FCP, quando em dois anos Fernando
Santos apenas venceu a Taça de Portugal, Esquerdinha foi por vezes
preterido (imagine-se) por um insurrecto de nome Rúbens Júnior.
Saiu, depois, para o Saragoça aquando do (malfadado) regresso de
Octávio ao nosso clube.

Um bom profissional e um bom lateral-esquerdo que só pode mesmo deixar
saudades. Como me dizia um amigo, naqueles dia de glória de
Esquerdinha: "Agora só precisamos de um Direitinha".