segunda-feira, 30 de abril de 2012

Esta é a liga que vencemos

Ontem vi em Leiria algo que nunca pensei ver num jogo de uma competição profissional que, segundo consta, a UEFA considera como a quinta melhor do ano. Uma equipa sobe ao terreno de jogo com oito (8!!) jogadores, a maior parte deles forçados, segundo o Sindicato de Jogadores, tanto pelos clubes de origem (nomeadamente o SL Benfica) como pela própria direcção da Liga. 

Com esta imagem impensável o jogo realiza-se, o circo continua e a União de Leiria evite a despromoção automática, porque a pontual é coisa de mais jogo menos jogo. Este é o futebol português, o mesmo dos que quer ter três equipas na Champions League, o mesmo daqueles que dizem que é complicado sagrar-se campeão nacional quando vai haver uma equipa a lutar pelo titulo que talvez jogue contra sete ou oito jogadores rivais na próxima jornada. Este é o futebol português que temos e que mostramos ao mundo que já fez eco em várias páginas web da situação de ridículo absoluto em que nos encontramos.

Pinto da Costa falou sobre esta situação e acertou em cheio quando se referiu a esta directiva da Liga - a mesma que quis inventar o ano sem despromoções e que alterou o acordo estabelecido com o protocolo de equipas B que tanta ilusão me fazia pessoalmente - como a prova viva de que o futebol português não se toma a sério. Vale a pena ler:


«É uma tristeza e um motivo de chacota do futebol português, como pude comprovar hoje [ontem] quando falei com pessoas que ligaram do estrangeiro a perguntar o que se passa. Talvez seja bom que alguns artistas que andam por aí reflitam se há capacidade de termos mais equipas na Liga», afirmou, sem rodeios, o líder portista, que deixou ainda vincada a sua rejeição sobre o alargamento da Liga.

«Se há um clube que desiste a três jornadas do fim, podendo alterar os resultados, se há clubes que com muito sacrifício não conseguem não ter três ou quatro meses de salários em atraso, pergunto como é que com liguilha ou sem liguilha podemos ter mais clubes na primeira divisão?»

Na Escócia, uma liga que não é tão diferente da nossa, o mais histórico dos clubes, o Glasgow Rangers, está em falência técnica e perto da desaparição. Numa liga de 12 clubes é difícil garantir a sustentabilidade do torneio e falamos de um país que ensinou os continentais a jogar sem apelar ao kick-and-rush inglês. Já nem vou falar dos casos suiços, austriacos, dinamarqueses, suecos e belgas, tudo países financeiramente muito mais sólidos que Portugal e onde há um pequeno mercado de patrocínios e financiadores que permitem que as provas se realizem sem situações limite como a que se viveu na Marinha Grande. 

Portugal é um país pequeno que tem a mania que é grande. Não o é, nem em população, nem em espaço geográfico e muito menos em recursos financeiros para sonhar emular as verdadeiras potências do continente. Se nas ligas espanhola, italiana e inglesa com 20 equipas há muitos clubes com a corda ao pescoço, como se pode sonhar em Portugal com uma liga de 18 clubes quando num torneio a 16 a maioria dos clubes não paga salários a tempo e horas - veja-se Guimarães, Setúbal, Beira-Mar - os clubes sustentados por Alberto João Jardim na Madeira - e vivem-se ridículos como este.

Ser campeão português é o mínimo que se pode exigir ao FC Porto mas uma prova destas é cada vez menos prestigiosa lá fora. A SAD deve entendê-lo e assumir de uma vez que o projecto de futuro deste clube passa forçosamente por reforçar o seu papel na elite europeia (falamos de Quartos de Final de Champions League e de vencer as Europe League quando lá cair-mos) sob pena de nos deixarmos apanhar por esta espiral auto-destructiva. A planificação desta época deixou a nu que um titulo nacional, ganho contra equipas como estas onde os jogadores não têm para comer, pesa muito pouco comparado com competir ao mais alto nível com a nata europeia. A liga lusa deveria ser imediatamente reduzida a 10 ou 12 equipas e o clube devia cada vez mais pensar em montar os seus planteis para brilhar de forma constante na Europa. Por muito que a UEFA diga o contrário, pessoalmente acho que vencer um titulo de campeão português nunca valeu tão pouco!

Contas à moda do Porto (IV)

Há números que dizem muita coisa:

6 nos últimos 7- 86%
8 nos últimos 10 - 80%
13 nos últimos 18 - 72%
16 nos últimos 24 - 67%
19 nos últimos 28 - 68%
21 nos últimos 35 - 60%
26 em 78 - 33%

Depois há outros n.ºs em que a soma das partes é muito diferente do total, e anda muita gente a ralar-se com o total quando o importante são as partes:

26 - Campeonatos Nacionais
4  - Campeonatos de Portugal
16 - Taças de Portugal
18 - Supertaças
2 - Taças de Campeão Europeu / Liga dos Campeões
2 - Taças Intercontinentais
2 - Taça UEFA / Liga Europa
1 - Supertaça Europeia

Eu não sei somar uma Liga dos Campeões com uma Supertaça, mas sei que este é o melhor palmarés de Portugal.

Mas verdade seja dita, a próxima meta volante tem definitivamente o n.º 32.

Centenas de milhões em jogo

Hoje à noite vai disputar-se o derby mais rico do futebol mundial, o qual, muito provavelmente, irá decidir o futuro campeão inglês.

Neste duelo entre as duas equipas de Manchester que, desde o início, dominaram a Premier League 2011/12, para além das estrelas que irão atuar, uma das coisas que mais impressiona é a quantidade de milhões que irão sentar-se nos bancos de suplentes.


Infografia (clicar para ampliar): record.pt

Uma época com sabor agridoce

Nos próximos dias irão ser feitas muitas análises acerca do bicampeonato ganho pelo FC Porto, com os méritos e deméritos a serem enfatizados consoante a preferência clubística e os destaques, positivos e negativos, a muitas vezes dependerem dos objetivos que se pretendem atingir.

A análise seguinte é de Bruno Prata, jornalista do PUBLICO e comentador da RTP e, para além de equilibrada, parece-me que toca os aspetos essenciais da época 2011/12.

«Pode um título ser ganho também contra o próprio treinador da equipa campeã? Não é normal nem razoável que assim seja, mas acaba por ser essa a convicção com que se fica depois de se ouvir e ler não só boa parte da opinião pública e publicada, mas também uma grande fatia dos adeptos do FC Porto. “Somos campeões, apesar de Vítor Pereira” – eis a opinião-síntese de muitos portistas, que teimam em não admitir os méritos do seu próprio técnico.
A frase encerra alguma injustiça, porque Vítor Pereira é um treinador conhecedor e competente na maioria das vertentes do seu trabalho. Mas reflecte, por outro lado, as debilidades de alguém que mostrou não ter o necessário sentido de liderança e de comunicação. Tirando uma outra excepção, as prestações nas conferências de imprensa foram apenas sofríveis ou até pior do que isso. Do que se sabe, fica a ideia de que a sua verve também nunca resultou empolgante no balneário. Mais, alguns jogadores terão aproveitado o seu trato dócil, que já era conhecido desde o tempo em que era apenas o braço direito de André Villas-Boas, para cometerem alguns excessos disciplinares. Nesse aspecto ter-se-á destacado um grave episódio protagonizado por Cristian Rodríguez, em que os factos terão ido muito para além da troca de palavras agressiva que constou na altura. Antes de ser definitivamente afastado, o uruguaio terá ainda agredido João Moutinho.

Tudo isto acabou por não impedir Vítor Pereira de chegar ao sucesso basicamente à custa da conjugação de três circunstâncias: o FC Porto tem um plantel de qualidade superior, como pode ser comprovado pelo orçamento que já ultrapassa os cem milhões de euros; os portistas continuam a ser clube com uma retaguarda forte e capaz de servir de “pára-raios” nos momentos de maior tensão; e, finalmente, o Benfica de Jorge Jesus não soube aproveitar os tropeções portistas e, mais do que isso, acabou ele próprio por cometer demasiados erros não forçados, voltando a ficar provado que o seu técnico tem dificuldades em gerir o desgaste nos finais de épocas.

A época seria sempre complicada para qualquer técnico do FC Porto. Porque lidar com o sucesso seria uma realidade ainda mas difícil de gerir depois de uma época inesquecível e quase irrepetível como foi a de 2010-11. Seria mais difícil até para o próprio André Villas-Boas, se este não tivesse trocado a sua cadeira de sonho pelos rublos de Roman Abramovich. O termo de comparação iria sempre funcionar como um obstáculo suplementar. As múltiplas conquistas de há ano atrás acabaram por ajudar a inflacionar a sensação de que no domingo foi garantido um título com sabor agridoce. Porque pioraram de forma substancial os resultados (não só para consumo interno mas também nas provas europeias) e, não menos importante, a nota artística dos espectáculos baixou de forma evidente.

Alguns factores alheios à vontade e às opções de Vítor Pereira acabaram de contribuir para as dificuldades. Desde logo a venda de Falcao ao Atlético de Madrid. Porque o plantel ficou claramente sem um dos melhores pontas-de-lança do futebol mundial, mas ainda porque o clube confiou em demasia na ideia de que a juventude de Kléber e os quilos em excesso de Walter não iriam impedir os dois brasileiros de se afirmarem como alternativas suficientes. Isso é tanto mais estranho quanto o FC Porto investiu mais de 51 milhões de euros em reforços, quase 30 milhões dos quais na contratação dos jovens defesas Danilo e Alex Sandro, que chegaram ao clube em Janeiro.

O outro aspecto com influência negativa resultou da instabilidade que começaram por revelar alguns jogadores que, no final da época, tinham algumas expectativas de serem protagonistas de transferências milionárias para campeonatos mais atractivos. Estão neste lote Álvaro Pereira, Rolando, Fernando, Hulk e João Moutinho, mas principalmente os três primeiros. O FC Porto não conseguiu, desta vez, o que havia logrado com grande sucesso em 2004, quando convenceu todos os principais craques, designadamente Deco, de que valia a pena esperar mais um ano antes de assinarem contratos ainda mais milionários noutras paragens para poderem perseguir (e, naquele caso, conquistar) o título de campões europeus. Claro que para isso fez diferença o facto de o FC Porto ser então treinado por José Mourinho e não pelo adjunto de André Villas-Boas...

Na área técnica, as principais críticas a Vítor Pereira resultaram da colocação de Maicon a lateral direito durante um longo período a meio da época, isto depois de Fucile (entretanto transferido para os brasileiros do Santos) e Sapunaru terem sido ostracizados sem motivo aparente, sendo que o romeno acabou mais tarde por ser recuperado. Outros reparos surgiram da colocação de Hulk na posição 9, mas a verdade é que essa solução já tinha sido utilizada aqui e ali por Villas-Boas. Nalguns jogos de maior grau de exigência acabou por ser uma opção razoável, até porque não houve paciência suficiente para com Kléber (e este também não tem ainda a estaleca psicológica para lidar com a pressão).

No final do ano, quando o Benfica ainda dispunha de cinco pontos de vantagem e o bicampeonato começava a parecer uma miragem para os portistas mais pessimistas, o FC Porto resgatou Lucho, depois de ter percebido que o Marselha andava a contar os tostões para pagar ao argentino. Apostou assim na experiência e na qualidade de um jogador que tinha ainda a vantagem de dar estabilidade e liderança a um balneário à beira de um ataque de nervos. Mas nem isso tornou suficientemente entendíveis as cedências, por empréstimo, de Belluschi, Guarín e Souza. Face ao reduzido número de médios disponíveis, valeu a Vítor Pereira as poucas lesões e castigos que afectaram os quatro médios sobrantes.

Em Janeiro também chegou Janko, um avançado austríaco de estatura elevada. Inicialmente marcou alguns golos, mas acabou por ter um rendimento de acordo com o seu preço reduzido (três milhões de euros). Trata-se de um avançado sem a mobilidade de outros que passaram com sucesso recentemente pelo Dragão, e a verdade é que o FC Porto, compreensivelmente, também não mudou o seu modelo de jogo para melhor aproveitar as suas características.
(…)
Há anos em que o treinador é considerado o pai da vitória. Noutros, o mérito é atribuído à equipa ou, no mínimo, a um ou dois craques que fizeram a diferença. No FC Porto, muitas vezes os dividendos acabam por ser principalmente atribuídos à estrutura que Pinto da Costa lidera há três décadas e que ajuda a disfarçar as debilidades e a exponenciar as virtudes. Até nisso este foi um ano atípico, porque os defeitos estiveram demasiado à mostra
Bruno Prata
PUBLICO, 30/04/2012

P.S. Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

domingo, 29 de abril de 2012

Já está...

É isto meus senhores.

Depois de tanto sofrimento desnecessário o inevitável sucedeu.

Campeões no sofá, como tem acontecido tantas vezes, graças à enésima incompetência do rival de turno. Com um treinador que ninguém quer ver nem pintado de azul e branco, com um plantel de meninos mimados que em Janeiro sofreu de anorexia, sem um avançado top e depois de um ano para esquecer nos palcos europeus, somos Bicampeões nacionais!

Não se pode dizer que tenha sido o titulo mais saboroso e mais entusiasmante da história do FC Porto mas já são 26 titulos. E isso sim é um número bonito!


Golos sem goleadores

Com os dois golos marcados no Funchal, Hulk passou a liderar a lista dos melhores marcadores do FC Porto nesta temporada com 14. Leva nesta contagem pessoal mais dois do que James Rodriguez (muito menos utilizado que o brasileiro) e seis dos tentos foram apontados da marca de grande penalidade. É fácil adivinhar que o brasileiro não vai reeditar o triunfo da época passada no troféu de Bota de Prata face à distância de cinco golos que leva de Lima do Sporting de Braga.

Historicamente o FC Porto tem um bom lote de jogadores que se sagraram melhores marcadores do campeonato nacional. Ou que pelo menos andaram lá perto. Este ano, no entanto, a equipa de Vítor Pereira nunca encontrou um homem golo. A falta do ponta-de-lança que todos pedimos faz-se notar neste registo particular e leva-nos a outros anos onde o ataque azul e branco estava entregue a jogadores competentes mas que estavam longe de ser verdadeiros matadores. 

Desde 1991 quando Domingos bateu Rui Águas na corrida ao prémio do melhor marcador o FC Porto teve ao seu serviço 10 Botas de Prata. E venceu 14 títulos de Liga. Só por duas vezes vencemos o troféu sem sagrar-nos campeões nacionais. Com Mário Jardel em 1999/2000, o ano de Campomaior, do atraso de Secretário e do "Bitri" que nunca o foi. E com Pena no ano seguinte, no último ano de Fernando Santos ao leme da equipa. No entanto este será o sétimo ano em que - a confirmar-se o titulo nacional que está tão perto - poderemos celebrar o titulo de liga sem ter o melhor marcado do nosso lado. Habitualmente diz-se que para ser-se grande campeão é preciso ter uma grande defesa e um ataque tremendamente eficaz. No caso dos dragões não exige ter um individuo capaz de marcar mais golos que ninguém senão um leque de jogadores com poder de finalização. 

Naturalmente, ter um ponta-de-lança de garantias permite ambicionar sempre a algo mais. Domingos Paciência, Mário Jardel, Benny McCarthy, Lisandro Lopez e Radamel Falcao foram Botas de Prata e fizeram parte das mais espectaculares e eficazes equipas que tivemos nestes últimos 20 anos de liga. Ao arrancar para esta temporada com Kleber e Walter (que juntos somam nesta liga oito tentos) e depois com o remendo que foi Marc Janko (autor de quatro golos) está claro que os dirigentes do FC Porto pensavam que o titulo de liga que os homens de Vitor Pereira estão perto de ganhar só poderia ser conseguido com uma óptima defesa e um grupo coral de goleadores. 

A linha ofensiva da equipa de Vitor Pereira - que muitas vezes preferiu lançar James Rodriguez nas segundas partes, apesar do seu óptimo ratio goleador - assentou em Hulk, Kleber e Varela durante grande parte do ano, com Moutinho e Belluschi/Guarin na primeira parte da época no apoio (a partir de Janeiro passou a ser Moutinho/Lucho e Janko no lugar de Kleber). Entre todos estes jogadores podemos somar 45 golos. Dos 62 já logrados pela equipa (o melhor ataque da prova) há que acrescentar os golos dos pouco utilizados Walter (2), Cristian Rodriguez, Defour, Alex Sandro (1 cada) e dos defesas Rolando (1), Maicon (3), Sapunaru (2), Otamendi (2) e Álvaro Pereira (1). Um cenário que se assemelha bastante a 2002/03, o ano do primeiro titulo de José Mourinho em que o melhor marcador do FC Porto foi Hélder Postiga (com 13 golos, menos cinco que o melhor marcador da prova) mas em que a equipa, no seu colectivo, chegou aos 73 (menos um que o Benfica, equipa mais concretizadora do ano).

No final, tendo em conta o panorama geral (melhor ataque da prova, titulo nacional quase no bolso, dois jogadores no top 5 dos melhores da liga) é licito repensar o debate do ponta-de-lança como elemento critico fundamental à época do FC Porto. É normal que um clube habituado a contar com jogadores de primeiríssimo nível sinta a falta de uma referência de área. Por cada Jardel houve um Farias, por Falcao haverá sempre um Adriano. E no entanto não foi por ter Adriano e Farias sido os melhores marcadores do Porto em dois anos seguidos que a equipa não venceu o titulo nacional. 

Claro que os palcos europeus exigem muito mais e as defesas da Champions (seja o APOEL ou o Manchester) não são as do Rio Ave, Feirense ou Académica, e aí sim nota-se em excesso nas prestações do clube quando não há um homem golo como foi Jardel, Derlei, McCarthy, Lisandro ou Falcao. Mas essa foi a ambição da SAD este ano porque melhor que nós, eles conhecem bem as estatísticas e os registos do clube nas provas europeias quando aposta num ataque de low profile. A nível interno, este ataque tão criticado durante o ano tem chegado para as encomendas e pode terminar o ano, uma vez mais, como o mais concretizador. Hulk não levará outra bota prateada para casa mas provavelmente poderá vestir a sua terceira faixa de campeão nacional. Como adepto e portista prefiro muito mais ver um jogador do nível de Falcao a rematar o jogo da equipa mas também é verdade que entre os pecados de Vítor Pereira não pode estar uma decisão da SAD, decisão que este soube contornar com um ataque concretizador e, eventualmente, campeão!   

O Futebol Somos Nós

É certo que o que conta é ser campeão, mas sê-lo no sofá não é decididamente a mesma coisa. E era tão simples, bastava que os jogos das últimas 3 jornadas continuassem a ser à mesma hora.

A verdade desportiva também passa por aqui.

Por falar em verdade desportiva e no momento em que o Leiria joga com 8, há uma coisa que no meio disto tudo me faz uma confusão do caraças, mas é o futebol moderno que temos: Onde estão os adeptos?

Já vi toda a gente botar faladura nas TVs, mas ainda não ouvi um único adepto. Podem lamentar o que quiserem, podem dizer que quem devia pagar era este ou aquele, que devia existir um fundo xpto, ... mas o problema não é a falta de dinheiro, nem a falta de jogadores.

O problema é a falta de adeptos.

O problema é haver quem ache que os clubes são deles.

O Futebol Somos Nós.

sábado, 28 de abril de 2012

É para vencer, mas podia também entreter

Hulk: Duas penalidades, dois golos

É básico fazer tudo para ganhar um jogo que põe um campeonato à merce de uma equipa. Mas básico se mantem o futebol jogado pelo conjunto de Vítor Pereira, mesmo estando às portas do tão ambicionado ceptro. A singular descontração, imagem plena e vincada desta equipa, não foi diferente esta noite. Nem se pediria o contrário. É bom que fique na retina a paupérrima qualidade exibicional do quase bicampeão nacional. Nem ao ar se lancem escamoteios envergonhados só porque os propósitos estão a meio palmo de se tornarem cumpridos.

Se afinal tudo isto é um entretenimento, fiquem pois a saber que me tenho divertido pouco!

À parte das minhas frustrações, louve-se os 20 minutos iniciais dos azuis e brancos no Funchal. Interessantes incursões pelo lado esquerdo fizeram tremer a retaguarda dos locais, com Varela a dar melhoras da morte (esfumou-se pouco depois), na parceria de Moutinho e Lucho numas quantas promessas de golo. A mais flagrante salva em cima da linha num rechaço no corpo de Ruben Ferreira.

Só o Incrível para destoar

Se não deu de uma maneira, resolveu-se doutra. Num canto sem perigo Fidélis fez-se réu, oferecendo o ouro ao bandido. Não, aqui não há metáfora. O homem será mesmo julgado e posteriormente queimado também assim será diante do pelourinho. E a nós, o bandido, é género e qualificação que já soa a melodia a ouvidos tão duros como os nossos.

Hulk é que não se perde em modéstias e menos ainda em contemporizações. Toma lá disto Ronaldo que penalties supremos não se desperdiçam. Um espécime raro num mar de boçalidade da liga lusitana. Só ele, e apenas ele, se mostrou capaz de partir para o desequilíbrio e relevar imprevisibilidade ao jogo. Mas tão só e desamparado, as sequências das suas criações ficam votadas ao ocaso.

Do que restou ao encontro, mais foram os nervos para contar do que perigos que valham a devida referência. Exceção naquele calafrio que Benachour nos causou ou no desperdício de Lucho com a baliza escancarada. A coisa só estabilizou com a entrada de Defour, apesar da posterior e desnecessária incursão final de Rolando.

Com o interesse tão voltado para a área de Helton, no espaço que soçobrou o Porto fez finalmente perigo. E se não vai em corrida, sai de bola parada. Outra penalidade, tão clara como a primeira, que Hulk volta a converter sem mácula. Assim mesmo, tudo prático, simples e merecido, mas muito pouco entretido.

Em contagem decrescente! 3...

Faltam 3 jogos para terminar o campeonato!

Estamos em primeiro. Temos 4 pontos de avanço sobre o segundo. Em caso de igualdade pontual no fim do campeonato, a vantagem é nossa.

Em condições normais, estaríamos já com as faixas encomendadas e com uma quantidade assinalável de espumante no frigorífico para assegurar uma comemoração em condições! O problema é que este ano tem sido atípico em termos exibicionais, e ninguém está seguro quanto aos possível resultado, independentemente to adversário. Paradoxalmente, o FC Porto até tem feito melhores resultados/exibições com as equipas teoricamente mais fortes e com os adversários directos!

O primeiro adversário das três finais que ainda temos pela frente é o Marítimo.


Vamos jogar fora, num estádio recentemente remodelado e que nos costuma trazer algumas dores de cabeça. Nos últimos 10 jogos como visitante, o FC Porto teve 5 vitórias, 3 empates e 2 derrotas, o que apesar de não ser um historial trágico, é uma estatística que nos dá razões para que a preparação deste jogo seja feita com algumas cautelas (maiores do que, por exemplo, contra o Rio Ave na última jornada). Em relação aos últimos jogos da Liga, podemos dizer que estamos em melhor forma, já que temos uma série de 3 vitórias, enquanto os madeirenses têm 2 derrotas.

De uma perspectiva de objectivos ainda a atingir nesta temporada no campeonato (ainda com 9 pontos por disputar), a equipa do segundo maior arquipélago português (primeiro em dívida) ainda pode subir ou descer uma posição. A distancia para o 5º lugar, ocupado pelo Sporting, é de 5 pontos, apesar de em termos desportivos não haver uma vantagem efectiva na conquista dessa posição visto que ambas vão às competições europeias (Liga Europa). Para o Guimarães, actualmente em 6º lugar a 6 pontos, ainda é possível ultrapassar o Marítimo, o que deixa os insulares numa posição um pouco tremida já que isso significaria a perda do acesso à Liga Europa do próximo ano.

O onze mais utilizado por Pedro Martins ao longo da época é constituído por Peçanha na baliza; Briguel, Valentin Roberge, João Guilherme, Luis Olim e Rúben Ferreira na defesa; Roberto Sousa, Rafael Miranda e Danilo Dias no meio campo; Sami e Baba no ataque. Apesar de os jogadores mais usados sugerirem a utilização de um esquema de (5-3-2), o esquema táctico utilizado pelo treinador no último jogo foi um pouco diferente e talvez um pouco mais próximo daquilo que devemos esperar. Quanto aos destaques, o jogador mais utilizado até ao momento é Peçanha, e o melhor marcador da equipa é Bába com 10 golos.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Competições profissionais

Há uma semana atrás, no terceiro jogo dos quartos-de-final do play-off da Liga Portuguesa de Basquetebol, dois dos três estrangeiros do Vitória de Guimarães (o letão Maris Gulbis e o norte-americano Brian Morris) recusaram-se a defrontar o FC Porto, alegadamente por não terem recebido, pelo menos, parte dos seis meses de salários que se encontram em atraso.


Esta noite, o FC Porto deveria receber o CAB Madeira no Dragão Caixa, para o primeiro jogo das meias-finais do play-off, mas a direção do clube madeirense anunciou hoje mesmo que desistia da competição e emitiu o seguinte comunicado:

«O Conselho de Administração do CAB-Madeira, SAD, informa que não irá tomar parte nos restantes jogos da edição deste ano dos 'play-off'. Esta decisão, que não influencia a permanência do CAB-Madeira na Liga, surge após o Conselho de Administração ter esgotado todos os canais ao seu alcance com vista o financiamento da deslocação da equipa ao continente e as despesas de transportes aéreos, alojamento e alimentação que lhe estão inerentes»

Mas que raio de competição profissional é esta?

Se, por razões financeiras, o CAB Madeira não tem condições para disputar os play-off (o presidente da Federação afirmou ter conhecimento que dirigentes do CAB pagaram do seu bolso viagens anteriores), não faria mais sentido ser substituído pela equipa que eliminaram nos quartos-de-final (o Barreirense)?

Com os patrocinadores a afastarem-se (Vista Alegre, Aerosoles, etc.), o fim, ou redução drástica, dos apoios de câmaras e governos regionais, a que se juntam exemplos destes, o futuro do basquetebol português (e das modalidades erradamente ditas amadoras) é cada vez mais negro.

P.S. E convém lembrar que o FC Porto contratou um base norte-americano - Ricky Cadell - propositadamente para jogar nestes play-off...

Foto: Vimaranes

A meia-haste

Não deixa de ser sintomático e patético o quase luto nacional pela eliminação do Real Madrid da Liga dos Campeões.

A SIC - pasme-se! - já que não podia iniciar o seu telejornal das 13 horas de ontem com mais um sucesso castelhano, iniciou-o com uma foto de Mourinho ajoelhado antes do fatídico penalty do Sérgio Ramos, logo nos assegurando que a foto iria ficar famosa, ou coisa no género.

Não deixo de registar o contraste com a reacção dos media perante a eliminação dos galhardos rapazes do portista Sá Pinto no País Basco. Umas meras lamentações, e siga a rusga.


Como diria o outro: mas está tudo doido ou quê?


quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tempos muito curiosos e estranhos estes...

Chelsea e Bayern.

De "humilhados" nos seus países a heróis imprevistos da actual "Champions". Real Madrid, do céu ao inferno em apenas 4 dias. O Barça em 3...

É um fiel retrato do que vem sendo a presente época um pouco por todo o lado.

Em Portugal, o slb foi o "maior" durante muito tempo, depois veio o sonho do Braga que durou apenas 15 dias e agora...parece (p-a-r-e-c-e) que é a nossa vez.
Também o scp começou muito mal, depois cresceu, voltou a cair e, agora, está de novo em alta. Ninguém acreditaria que chegariam tao longe na Europa.

Na liga espanhola, tudo começou, como habitualmente, com o Barça e o Real taco-a-taco. Depois, apareceu (do nada) aquela diferença enorme de 11 pontos e, quando o Barça parecia que, ainda assim, iria recuperar, eis a queda na sua própria fortaleza.

Em Inglaterra, tivemos show do City durante 2/3 da época, depois o United teve o título na mão. E, hoje mesmo, já ninguém faz a mais pequena ideia de quem vai ser campeão...

Em Itália, tanto era a Juve que estava em primeiro como, na semana seguinte, empatava um jogo fácil em casa e dava a vez ao Milan. Agora, a "vecchia signora" aparece, de novo, com tudo para voltar aos títulos depois de penosa travessia no deserto. Ou será que...?

A quem se devem estes sucessivos altos e baixos, de uma hora para a outra, afectando tantas equipas, de tantos países diferentes? Estará ligado ao brutal número total de partidas (+ viagens) que um futebolista de topo faz hoje em dia?
Um tema a reflectir.

terça-feira, 24 de abril de 2012

De autocarro para Munique


Após o jogo da 1ª mão, escrevi: «Este aparente contra-senso dos números faz parte da magia do futebol e faz com que, contra todas as previsões, os blues de Londres estejam a um passo da final de Munique.»

Hoje os números voltaram a ser esmagadores e o Barça enviou mais duas bolas aos postes (quatro no total dos dois jogos) e até falhou um penalty, mas o que é certo é que quem vai estar na tribuna VIP do Allianz Arena, ao lado de Michel Platini, será Roman Arkadyevich Abramovich.

Estamos em Abril, mas já é certo que 2012 não será o ano de Pep, nem de Messi. Em contraponto, se amanhã o Real confirmar o seu favoritismo perante o Bayern, o dia 19 de Maio poderá ser o da consagração de dois portugueses - CR7 e Mou - como os melhores do ano, até porque, se em condições normais o Chelsea já sofre para ganhar, sem Ramires, Ivanovic, Raul Meireles e o capitão John Terry (todos ausentes da final da Liga dos Campeões devido a castigo), as hipóteses de sucesso do "autocarro londrino" reduzem-se a quase nada.

30 anos na presidência


Infografia (clicar para ampliar): JN

O evangelho segundo Joaquim

«Eu não acredito em coincidências, mas que as há, há. Os jogadores do Estrela da Amadora, que têm os respectivos ordenados em atraso desde o início da temporada, admitem ao fim de oito jornadas fazer greve no próximo jogo, por sinal uma deslocação ao Estádio da Luz. Fazem-no incitados por Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores. Ora, parece-me justo que os jogadores defendam os seus direitos e que o façam por todos os meios ao seu alcance, reconhecendo que, em última instância, o recurso à greve não pode ser excluído como justa forma de luta. Registo apenas a coincidência depois de quase três meses de competição, com sete jornadas disputadas e depois de várias intervenções bem mais moderadas, Joaquim Evangelista surgir agora tão empenhado na marcação de uma greve. Um empenho semelhante ao demonstrado em 2005 quando estavam em causa os salários em atraso no Vitória de Setúbal, embora aí o presidente do Sindicato dos Jogadores tenha esperado até à 14ª jornada para forçar a apresentação do pré-aviso de greve. Coincidentemente, antes de um jogo com o Benfica.
Ele há coisas...»
Jorge Maia
in O JOGO, 13/11/2008


«Três dias DEPOIS de serem goleados em casa pelo slb e quatro dias ANTES de se deslocarem ao Estádio do Dragão, os jogadores do Vitória de Setúbal receberam duas “prendas”:
- metade de um ordenado (algo que não recebiam há cinco meses!);
- uma verba do Fundo de Garantia Salarial, entregue por Joaquim Evangelista.
Evidentemente, deve ter sido coincidência estas verbas não estarem disponíveis ANTES do jogo com o slb...
Aliás, esta época futebolística tem andado cheia de coincidências. Por exemplo, os jogadores do Estrela da Amadora, após terem estado 10 dias sem treinar (tendo para tal o apoio público do presidente do Sindicato), decidiram regressar aos treinos sem que nenhuma das suas exigências tivesse sido cumprida.
Quando? Precisamente três dias DEPOIS de terem jogado com o slb e quatro dias ANTES de se deslocarem ao Estádio do Dragão. Olha que coincidência!...»
in Reflexão Portista, 26/04/2009


«A Direcção do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, ao abrigo e nos termos do disposto no Art. 534º do Código do Trabalho aprovado pela Lei 7/2009, de 12 de Fevereiro, comunica que os trabalhadores profissionais de futebol em actividade na União Desportiva de Leiria, Futebol SAD, se não for efectuado o pagamento de três meses a todo o plantel até à véspera de cada um dos jogos em falta, se decidiram pelo recurso à greve sob a forma de paralisação total do trabalho aos jogos Leiria-Feirense (28ºJornada), Benfica-Leiria (29ºJornada) e Leiria-Nacional (30ºJornada) respectivamente.»
in PUBLICO.pt, 23/04/2012


aqui falei na vergonha que é a existência de salários em atraso em mais de uma dezena de clubes das competições profissionais do futebol português.
Mas não posso deixar de apreciar as "intervenções cirúrgicas" do presidente do Sindicato dos Jogadores, em que os timings dos pré-avisos de greve parecem ser escolhidos a dedo, embora haja quem acredite que são coincidências...

Ver mais em:
A aliança entre Evangelista e Vieira
“Contribuir para a estabilidade do grupo”

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

No país que odeia vencedores

«Jorge Nuno Pinto da Costa completou na última terça-feira trinta anos como presidente da mais bem sucedida instituição portuguesa da nossa história recente: o Futebol Clube do Porto.
Em nenhum sector de actividade uma organização conseguiu sequer aproximar-se do desempenho nacional e internacional do clube nortenho. Até o mais distraído dos cidadãos não ignora as sistemáticas vitórias do Futebol Clube do Porto no plano interno em todos os desportos profissionais ou semiprofissionais e os êxitos retumbantes a nível internacional. Desde 1964, o único clube de futebol português a ganhar provas europeias e mundiais foi o FC Porto. Ganhou sete, batendo-se de igual para igual com clubes representativos de cidades e países com muitíssimas mais capacidades financeiras e com uma capacidade de recrutamento de jogadores e treinadores quase ilimitada – não vale a pena perder tempo referindo os campeonatos e taças dentro de fronteiras, o espaço nesta página é demasiado pequeno.

A pergunta impõe-se: que empresa portuguesa, que instituição, foi a melhor da Europa, no seu ramo de actividade, por duas vezes ou, pelo menos, chegou perto disso nos últimos trinta anos? Pois...

Os sócios e adeptos do FC Porto, o desporto português e a comunidade portuguesa devem todos esses feitos a uma pessoa: Pinto da Costa. Claro que nenhum homem sozinho seria capaz de tão espantosa obra, mas foi, de facto, ele o grande motor, o grande líder duma das mais extraordinárias histórias de sucesso duma organização portuguesa.

Pinto da Costa é, sem sombra de dúvida, o mais brilhante gestor português e, no seu sector, um dos melhores do mundo, senão o melhor (é o presidente dum clube, no mundo inteiro, com mais títulos ganhos). Em qualquer país que não estivesse minado pela inveja, que não vivesse obcecado pela intriga e não odiasse vencedores, o presidente do FC do Porto seria um autêntico herói nacional. O exemplo de alguém que com parcos recursos, liderando uma organização originária duma região pobre da Europa, conseguiu, à custa de trabalho, capacidade de organização e uma dedicação sem limites transformar um clube como muitos outros num dos maiores do mundo seria estudado, promovido, glorificado. Não é em vão que por esse mundo fora o FC Porto e o seu presidente são homenageados e vistos como autênticos fenómenos. Mas, em Portugal, quanto maior for o sucesso, maior será o ódio, maior será o desprezo, e, claro está, Pinto da Costa é o alvo de toda a desconsideração, de toda a infâmia, de toda a calúnia.

Desenganem-se os que acreditam que a razão para tanta falta de respeito pela obra realizada se deve exclusivamente à paixão que rodeia as coisas do futebol, ao facto de um clube com menos adeptos que os seus rivais lhes ganhar sistematicamente, às tomadas de posição muitas vezes duras do presidente ou ao discurso exageradamente regionalista. Terão essas razões algum peso, mas estão longe de ser as fundamentais. Pinto da Costa é invejado e odiado porque ganha. E ganha porque sabe mais do seu ofício, porque trabalha mais, porque sabe organizar melhor a sua empresa. Mas isso no nosso país pouco conta. Toda a gente sabe que se alguém é rico é porque roubou, se alguém tem um bom contrato é porque tem cunhas. Porque seria diferente com Pinto da Costa?

O sucesso em Portugal nunca serve de exemplo, nunca leva as pessoas a quererem fazer melhor, a trabalharem mais, a serem mais empenhadas.

Como dizia um meu bom amigo benfiquista, em Portugal só no futebol se fazem declarações de interesses. Sou sócio do FC Porto. Estarei eternamente agradecido a quem me proporcionou tantas alegrias e me fez quase arrebentar de orgulho por ser portista e português. Mas isso, para o tema, pouco importa. É quase patético ter de anunciar a minha condição de adepto dum clube apenas porque se reconhece a obra de alguém ímpar na nossa comunidade, de alguém que honrou o nome da cidade do Porto e de Portugal.

Muito obrigado, sr. Pinto da Costa.»
Pedro Marques Lopes
DN, 22/04/2012


E não é preciso acrescentar mais nada. Neste texto, está tudo dito acerca da extraordinária competência do melhor dirigente/presidente de sempre do futebol português e, também, sobre o triste país que o odeia.

domingo, 22 de abril de 2012

O convidado VIP



«Afastado do futebol desde que abandonou o cargo de presidente da Comissão Disciplinar da Liga, o advogado Ricardo Costa foi visto na tribuna VIP do Estádio Cidade de Coimbra, no passado fim-de-semana, onde assistiu à final da Taça da Liga entre o "seu" Benfica e o Gil Vicente»
Semanário Grande Porto, 20/04/2012


Eu nunca tive dúvidas que, para a estratégia do slb de lugares na Liga, o Ricardo Costa era uma Very Important Person...

A fórmula "Incrível"

Hulk, rei e senhor da noite

Ao minuto 51, situação paradoxal desta partida, momento único onde Marc Janko não estragou um lance quando a bola passou-lhe pelos pés, finalmente o Dragão acordou para o jogo tonando-o muito mais entusiasmante do que fora até aí. A contrapor a primeira parte insípida, os homens de Vítor Pereira entraram para os segundos 45 minutos dispostos a resolver o encontro rapidamente. E quando assim é, tudo se torna mais simples e mais fácil.

Sem se tornar displicente como em jogos anteriores deste pouco suculento campeonato, a etapa inicial do FC Porto carburou numa cadência inconstante, ora vivaça – com alguns apontamentos de Hulk, ora monótona – onde a equipa aveirense se abeirou com perigo das redes de Helton por duas vezes. O futebol soluçava em jogadas ou passes perdidos, entre a linha média dos visitantes, não permitindo a nossa equipa assumir-se em verdadeiro e real perigo.

Quase sem querer, num desses momentos perdidos no baú das memórias que um jogo contém, Sapunaru escapa-se a Dias que agarra o braço do lateral romeno cometendo uma grande penalidade evidente. Tão clara como a estupidez de quem narra estes jogos numa televisão perto de si. Hulk é que não se distrai com estes somenos e fez o que lhe competia. A vantagem fundamental já cantava.

Janko e Hulk comemoram o 2º do encontro

A segunda parte trouxe-nos finalmente o repouso e a chama do jogo. O protagonista manteve-se, sempre ele, pois claro, Incrível como é, faz um pique voraz e Janko lá se enganou. Nem as gargantas repousadas estavam, e já Hulk voltava a fazer miséria na baliza de Rui Rego. Cruzamento perigoso, Maicon assiste o avançado brasileiro, que não perdoou. Momento de respirar fundo e de redefinir o jogo sobre a vantagem produzida.

Já Fernando estava em campo, não fosse sair um duplo amarelo transviado, juntou-se também aos companheiros Danilo. Com os três pontos no bolso foi tempo de incutir ritmo aos recém-lesionados. Importantes acrescentos para o ancore final desta prova, como já o foram esta noite também. Competência bastante para o coletivo em geral, mas o brilho total fica uma vez mais na obra de Hulk.

sábado, 21 de abril de 2012

Adeptos do SLB condenados

«A Polícia Judiciária está a investigar, em Lisboa e no Porto, vários casos de ameaças de morte e ofensas à integridade física ocorridos nos últimos tempos contra vários árbitros de primeira categoria e respectivos familiares. De acordo com informações recolhidas pelo JN, apresentaram queixa às autoridades pelo menos três juízes e um dirigente da arbitragem. Os ofendidos terão sido contactados através dos seus telemóveis particulares, ora mediante chamadas telefónicas, ora através de mensagens escritas.»
JN, 19/12/2009

«Pelo menos os árbitros Jorge Sousa, Vasco Santos, João Ferreira e Pedro Proença receberam esta época chamadas telefónicas e SMS com ameaças à sua integridade física antes e depois de terem apitado jogos do Benfica, o que terá acontecido desde o início da época. (...) As chamadas e os SMS são oriundas do Reino Unido (+44....)»
Record, 20/12/2009


«O presidente demissionário da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), Hermínio Loureiro, reuniu-se com o director nacional da Polícia Judiciária (PJ) para denunciar as ameaças e coacção que quatro árbitros sofreram durante os últimos oito meses. (...) No total, são nove os arguidos já constituídos pela PJ. Todos eles adeptos de “um clube de Lisboa”, mais concretamente do Benfica, segundo fonte da Judiciária. Em causa estão suspeitas de injúrias, coacção e ameaças sobre quatro árbitros da primeira categoria. Fonte da Judiciária explicou que os arguidos, “antes dos jogos do clube em causa, coagiam e faziam ameaças à integridade física e de morte aos árbitros nomeados e aos seus familiares”. Jorge Sousa, ao que o PÚBLICO apurou, é um dos visados. No caso do juiz do Porto, as ameaças terão sido dirigidas à mulher, através de um telefonema, numa altura em que se encontrava sozinha em casa. (...) As ameaças eram normalmente feitas através de telemóvel, nomeadamente por SMS, tendo a PJ realizado hoje uma série de buscas domiciliárias, divididas por Paredes, Rio Tinto, Tondela, Nordeste, Lisboa e Ponta Delgada. Nestas diligências, foram apreendidos onze telemóveis, três computadores, vários suportes físicos com registo de dados informáticos e documentos. E os arguidos foram sujeitos a Termo de Identidade e Residência.»
PUBLICO, 20/05/2010

«O caso das ameaças ao árbitro internacional Jorge Sousa chegou ao fim. Há uma semana, os sete arguidos foram condenados pelo Tribunal de Paredes a penas de multa inferiores a um ano. Um deles foi absolvido. Todos adeptos do Benfica, estavam acusados de violação de domicílio e injúria agravada por terem aterrorizado o árbitro durante vários meses. (...) Os arguidos estavam acusados de violação de domicílio e tiveram de pagar uma indemnização a Jorge Sousa. Apenas Luís Marques e Rui Franco respondiam também por injúria agravada, tendo as penas mais pesadas - multa de 880 e de 1080 euros, respectivamente. Os restantes arguidos - Hugo Silva, José Sousa, Tomás Lima e António Vieira - têm de pagar multas entre os 480 e os 540 euros cada.»
Correio da Manhã, 21/04/2012


A PJ averiguou se estes sete adeptos do slb se conheciam?
Como é que estes adeptos do slb arranjaram os números dos telemóveis dos árbitros?
Estas acções ocorreram de forma isolada e independente, ou tratou-se de uma manobra organizada e feita a pedido de terceiros?
Algum destes adeptos mantinha, ou teve, contactos com casas do slb e/ou com dirigentes encarnados?
Devido a ameaças e coação sobre árbitros, adeptos do slb foram identificados e condenados por um Tribunal, mas o clube, mais uma vez, escapou pelo meio dos pingos da chuva...

Nota: Os destaques no texto a negrito são da minha responsabilidade.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

O avançado que não estava lá

Ontem à noite estive no Vicente Calderon a ver a meia-final da Europe League entre o Atlético de Madrid e o Valência. Havia um tal de Radamel Falcao no relvado. Acho que durante largos minutos ignorei o jogo para fixar-me neste avançado que alguns daqui devem reconhecer. Os golos, principalmente o segundo, maradoniano, já devem ter visto nos resumos. Mas é o que não se vê, o trabalho de desgaste da defesa, o poder de associação com uma linha de três atrás, o saber táctico e a forma como sempre soube ler bem o jogo que me conquistaram. Poderia ter sido a primeira vez que via este jogador. Se assim fosse já estaria a encher de sms os meus amigos portistas com um "temos de contratar este gajo".


Mas Falcao foi nosso. 
Durante pouco tempo, mas foi. E, exceptuando a veia goleadora de Mário Jardel, para mim foi o melhor ponta-de-lança que o FC Porto teve desde os dias de Fernando Gomes. Não tenho a menor dúvida. O ano passado foi fundamental para vencer a Europe League e mesmo na Liga, onde esteve alguns meses ausente por problemas físicos, foi peça nuclear da equipa que o AVB resgatou da depressão jesualdiana. 
O FC Porto supostamente vendeu aquele que é o melhor avançado do Mundo - não conto Messi e Ronaldo nesta demarcação apesar da veia goleadora de ambos - por uns 40 milhões de euros muito mal explicados. 40 milhões mais Ruben Micael, que depois eram 36 milhões, 38 milhões e que, na realidade, ainda nem 5 milhões parecem ter entrado nos nossos cofres. Uma situação que levou à falta de liquidez para pagar o que tínhamos de ter pago pelo Danilo e Alex Sandro ao Santos (e que nos levou a ter de esperar até Janeiro por um, enviando Fucile também para apaziguar as hostes) e por Defour e Mangala ao Standard Liege. Uma situação a que não me recordo que alguém tenha levado esta SAD e que estávamos habituados a ver só a sul do Mondego.
O Atlético de Madrid é um clube que paga mal e nunca a horas e os dirigentes da SAD deviam sabê-lo. Também deviam saber que Radamel Falcao é um jogador do outro mundo, que 40 milhões é um valor de mercado real sempre e quando o dinheiro chegue realmente e sem contrapartidas. 

Enganaram-se.
Não só deixaram este avançado sair no final do defeso, como não garantiram que o dinheiro entrava a tempo de ir ao mercado, fosse em Agosto fosse em Janeiro, para substitui-lo. E a verdade é que Falcao é insubstituível. É um dos melhores do Mundo, muito mais importante na sua função goleadora do que pode ser Hulk como falso extremo, Moutinho como médio de criação ou Alvaro Pereira como lateral esquerdo. O clube optou por regatear o "Palito", ignorar as ofertas da Premier por Moutinho e declarar Hulk como insubstituível. Provavelmente seremos campeões nacionais com essa politica. Mas os adeptos têm memória e saberão sempre que este titulo, a ser ganho, foi um "ai jesus" escusado e que nos palcos europeus perdemos uma boa oportunidade de, pelo menos, igualar a performance do Benfica na Champions League.
Desde o primeiro dia faltou-nos um ponta-de-lança capaz de matar os jogos mais difíceis, em Chipre, na Rússia e com o City. As oportunidades estiveram lá, como no ano passado, mas não havia Radamel para rematar. Nem Kleber, nem Janko nem sequer o sul-americano que se segue para a próxima época seriam capazes de fazer a diferença como ele. Vítor Pereira não teve a culpa de perder um jogador que para o Porto representava o mesmo que Messi para o Barcelona e Ronaldo para o Real Madrid. E ainda por cima, sem ter um substituto digno desse nome. A SAD preferiu sanear as contas com números que são fictícios porque os cofres continuam vazios.


É uma postura. Mas não é a única. Ontem no Calderon 50 mil colchoneros gritaram o nome do avançado que, provavelmente, os pode levar a vencer a segunda prova europeia em três anos. A segunda consecutiva do colombiano. Jogadores assim não se podem perder, apesar da nossa sina de clube grande em liga pequena. Mas se temos de o ver triunfar num clube mediano lá fora, pelo menos que alguém na SAD nos mostre que valeu a pena. Mas não valeu e todos sabemos isso. Vender Falcao como o vendemos podia ter sido um grande negócio financeiro e um erro desportivo. Cada vez mais parece que foi um erro a dobrar. Lamentavelmente! 

Mudar de treinador a meio da época


Após a dupla vitória sobre o slb nos quartos-de-final, ao vencer na quarta-feira o Barça por 1-0, na 1ª mão da meia-final, Di Matteo conseguiu a décima vitória em 12 jogos ao comando do Chelsea e, daqui a uns dias, irá a Barcelona discutir a passagem à final da Liga dos Campeões.

Adicionalmente, os blues estão na final da Taça de Inglaterra (derrotaram o Tottenham nas meias-finais por 5-1!) e na Premier League, a cinco jogos do fim, estão a apenas dois pontos do 4º lugar (que dá acesso às pré-eliminatórias da LC 2012/13).

Quem disse que mudar de treinador a meio da época é sempre mau e nunca resolve nada?

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Quo Vadis futebol português?



«A menos de um mês do final da época e com quatro meses de ordenados em atraso, os jogadores do Vitória de Guimarães tomaram ontem à tarde uma medida drástica, recusando-se a treinar, depois de a Direção presidida por Júlio Mendes não ter pago, tal como fora prometido, o salário relativo a dezembro de 2011.»
in O Jogo, 19/04/2012


«Hugo Alcântara rescindiu. É o terceiro jogador a rescindir contrato com o Leiria na última semana: Hugo Alcântara contou a O JOGO que a decisão já estava tomada antes da reunião que o plantel teve com o Sindicato dos Jogadores, na segunda-feira. O central, 32 anos, não recebe ordenado há quatro meses e tem sobrevivido com a ajuda dos companheiros. “Não tinha dinheiro para pagar a renda e as outras despesas e, para comprar comida, tive de pedir dinheiro emprestado aos meus companheiros. Se não fossem eles a emprestar, eu não podia comer”, revelou. Hugo Alcântara explicou que avançou para a rescisão do contrato, tal como haviam feito, recentemente, Luís Leal e Obradovic, porque deixou de acreditar numa solução por parte da SAD.»
in O Jogo, 19/04/2012


No próximo fim-de-semana vai realizar-se o Vitória Guimarães x União Leiria, da 27ª jornada da Liga ZON Sagres e, provavelmente, na cabeça dos jogadores das duas equipas, o resultado será a coisa menos importante.

Perante uma situação destas, o que fazem as entidades responsáveis pelo futebol profissional (Liga Portuguesa de Futebol Profissional e Federação Portuguesa de Futebol)?

E ainda há quem perca tempo e encha a boca a falar em verdade desportiva…

Infografia: JN (15/04/2012)

O contra-senso dos números


Perante estes números, quem diria que o Chelsea iria ganhar por 1-0 (marcou no único remate enquadrado com a baliza) aquela que muitos consideram a melhor equipa do Mundo?

Este aparente contra-senso dos números faz parte da magia do futebol e faz com que, contra todas as previsões, os blues de Londres estejam a um passo da final de Munique.

O “reinado” de Pinto da Costa


Infografia (clicar na imagem para a ampliar): record.pt

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Descubra as diferenças e a... coerência



«Dias antes do Beira-Mar – Porto, Pinto da Costa recebeu em casa Augusto Duarte, o árbitro desse jogo.»
Zé Diogo Quintela, A Bola, 10 de Janeiro de 2010


De acordo com que foi abundantemente divulgado pela comunicação social, dias antes do SCP – Marítimo, um funcionário de uma das empresas de Paulo Pereira Cristóvão, vice-presidente do Sporting, depositou dois mil euros na conta de José Cardinal, um dos árbitros assistentes nomeados para esse jogo.

Já agora, eu sei que é um “pequeno pormenor”, mas o jogo Beira-Mar – FC Porto, da 31ª jornada da época 2003/04, realizado em 18 de Abril de 2004, terminou empatado (0-0), sem que no final tivesse havido qualquer queixa relacionada com a arbitragem. Mais. O FC Porto venceu matematicamente o campeonato 2003/04 a três jornadas do fim e nem precisou de jogar, porque o Sporting perdeu na véspera em Leiria.

Ao contrário, o jogo SCP – Marítimo, dos quartos-de-final da Taça de Portugal 2011/12, realizado em 22 de Dezembro de 2011, terminou com a vitória dos leões (3-0) e, no final, houve fortes queixas dos madeirenses relacionadas com a arbitragem (tal como haveria por parte do Nacional, na eliminatória seguinte - ver P.S. em baixo). Mais. A Taça de Portugal é a única competição interna que o SCP pode ganhar na época em curso.

Pois é Quintela (e sportinguistas), não sei se sabiam, mas largos dias têm 100 anos.


P.S. “Paulo Pereira Cristóvão não viajou com a equipa do Sporting para a Madeira antes do Nacional-Sporting [meias-finais da Taça de Portugal]. Viajou ao lado de Pedro Proença e privaram durante todo o voo. Toda a crítica admitiu que as decisões do árbitro prejudicaram o Nacional. É normal Paulo Pereira Cristóvão viajar nos voos das equipas de arbitragem.
Paulo Pereira Cristóvão detém dados dos árbitros que não estão ao alcance de qualquer dirigente desportivo. Tenho testemunhas do que estou a dizer. O que se passou foi uma estratégia de coacção dos árbitros.
As acções e atitudes dos dirigentes não podem ser dissociadas das respectivas SAD. Senão está aberto o caminho para se formarem direcções de bandidos sem responsabilidades para as SAD.
Rui Alves, presidente do Nacional da Madeira, em entrevista à Rádio Renascença

terça-feira, 17 de abril de 2012

Pinto da Costa em discurso directo

30 anos de sucesso. 30 anos de conquistas. 30 anos recheados de títulos, no futebol e nas restantes modalidades do Futebol Clube do Porto, que fazem de Pinto da Costa o presidente com mais títulos a nível mundial. Mas disso, falaram os jornais e inúmeros blogues portistas durante o dia de hoje.

Ao longo destes 30 anos, Pinto da Costa também deixou a sua marca através de uma refinada ironia, ou de discursos contundentes.




Pinto da Costa, 1988 (RTP, entrevista a José Eduardo Moniz)




Pinto da Costa, 1994 (RTP, Prova Oral)




Pinto da Costa, 1999 (RTP, Jogo Falado)

30 Anos de Sucesso


Celebra-se hoje o trigésimo aniversário da primeira eleição de Jorge Nuno Pinto da Costa como Presidente do F.C. Porto. O clube que recebeu nada tinha a ver com aquele a que ainda preside trinta anos decorridos. Jorge Nuno Pinto da Costa é não só a maior figura da História do F.C. Porto, como a maior figura do dirigismo desportivo português de todos os tempos e, sem dúvida, uma das maiores à escala planetária.


Longa vida e ainda mais sucesso é o que, decerto, todos os portistas lhe desejam nesta hora histórica.

Fundos sem fundo II

«Em 4 de Julho de 2010, a Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD emitiu um comunicado para informar que tinha adquirido o passe (direitos de inscrição desportiva) do João Moutinho pelo montante de 11.000.000 € (onze milhões de euros).
Cerca de três meses depois, no dia 15 de Outubro de 2010, a FC Porto SAD enviou um novo comunicado à CMVM para informar o mercado que tinha alienado 37,5% dos direitos económicos do João Moutinho por 4.125.000€ à Mamers B.V.
No dia 3 de Agosto, a SAD portista informou ter readquirido, por 4.000.000€, 22,5% dos direitos económicos do João Moutinho ao Soccer Invest Fund – Fundo Especial de Investimento Mobiliário Fechado, Fundo este ao qual a Mamers B.V. cedeu a sua posição contratual relativamente aos direitos económicos que detinha.»
in Reflexão Portista, 03 de Agosto de 2011



Dos negócios acima descritos, relativamente ao passe do João Moutinho, temos que:
1. Em 4 de Julho de 2010 adquirimos 100% por 11,0 milhões;
2. Em 15 de Outubro de 2010 alienamos 37,5% por 4,125 milhões (100% = 11 milhões);
3. Em 3 de Agosto de 2011 recompramos 22,5% por 4,0 milhões (100% = 17,7(7) milhões);
4. Em Outubro de 2011 alienamos à Mamers BV e em Agosto 2011 adquirimos à Soccer Investment Fund;
5. Até um novo negócio no passe de João Moutinho a FC Porto SAD está a perder 1,525 milhões (adquiriu 22,5% por 4,0 milhões, que ao valor nominal valeriam 2,475 milhões). É verdade que o jogador poderá ter valorizado 6,7(7) milhões entre Outubro de 2010 e Agosto de 2011 dada a extraordinária época realizada pelo próprio e pela equipa. Mas também é verdade que desde Agosto 2011 o seu passe não mais foi negociado pelo que existe para já uma perda contingente. Este negócio só se entende no caso de o FC Porto ter tido uma proposta iminente para vender João Moutinho antes de Agosto 2011 por um valor superior a 17,7(7) milhões por 100% do passe.


«(...) Embora a FC Porto SAD tenha o bom hábito de identificar o nome dos fundos com quem trabalha, quer nos comunicados que envia à CMVM, quer nos relatórios & contas, não é claro quem são as pessoas/empresas que estão por trás desses fundos, nem tão pouco se também mantêm negócios, ou relações contratuais, com clubes concorrentes do FC Porto.»
in Reflexão Portista, 05 de Agosto de 2011


Em 28.02.2012 o jornal PÚBLICO publicou um artigo na sequência de uma investigação aos detentores de percentagens dos passes de jogadores dos três grandes. Esse artigo, entre outras coisas, diz o seguinte:

«Há jogadores do FC Porto que estão parcialmente nas mãos de empresas holandesas, luxemburguesas, inglesas e maltesas. (…) Um dos negócios mais curiosos envolve João Moutinho. O FC Porto comprou o passe do médio ao Sporting em Julho de 2010 por 11 milhões de euros e três meses depois vendeu 37,5% a uma empresa holandesa chamada Mamers B.V, por 4,125 milhões. Segundo os dados obtidos pelo PÚBLICO na base de dados de empresas D&B, esta sociedade é detida por uma fundação (Stiching Mamers), cujos corpos directivos são o empresário português António Fernando Maia Moreira de Sá e o filho Flávio Moreira de Sá. António Moreira de Sá é um empresário do Norte do país com interesses na construção civil e também membro suplente do conselho superior do FC Porto (um órgão consultivo do clube).

O PÚBLICO questionou a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) para saber se existe alguma incompatibilidade, algo a que o órgão regulador respondeu negativamente: "Nessa data, António Fernando Moreira de Sá não integrava os órgãos sociais da Futebol Clube do Porto - Futebol SAD." O PÚBLICO também tentou obter uma explicação do FC Porto (que recusou responder a perguntas) e de António Moreira de Sá, que não se disponibilizou para falar.

As movimentações em torno do passe de João Moutinho, porém, não ficaram por aqui. A dado momento (entre Outubro de 2010 e Agosto de 2011), esses 37,5% dos direitos económicos de Moutinho foram cedidos ao Soccer Invest Fund, um fundo registado na CMVM cujos nomes dos accionistas não são conhecidos publicamente (só o regulador sabe quem são). Este fundo é gerido pela MNF Gestão de Activos, uma empresa que tem entre os seus administradores João Lino de Castro, que à data da venda de Moutinho ao FC Porto era secretário da mesa da assembleia-geral do Sporting e em Setembro de 2010 foi cooptado para a administração da SAD leonina, então presidida por José Eduardo Bettencourt. Em Agosto de 2011, o Soccer Invest Fund vendeu 22,5% do passe de Moutinho ao FC Porto, por 4 milhões de euros, ficando com 15%.

Também aqui a CMVM recusa a existência de qualquer incompatibilidade, até porque "na data em que foi comunicada esta transacção entre o Soccer Invest Fund e a Porto SAD, João Lino de Castro não integrava os órgãos sociais da Sporting SAD." O PÚBLICO também tentou ouvir o ex-administrador leonino, mas não foi possível.
(…)
Percentagens sem dono conhecido
Na análise que fez aos relatórios das sociedades anónimas desportivas (SAD) do Benfica, FC Porto e Sporting e aos comunicados enviados à CMVM, o PÚBLICO deparou-se com algumas dúvidas sobre o paradeiro de partes de passes de jogadores dos três "grandes". É o caso de 5% de Hulk e 10% de James Rodríguez (FC Porto), (…). O FC Porto detinha 90% de Hulk mas no último relatório anual aparece apenas 85%. A explicação é que os restantes 5% terão sido cedidos à empresa Maxtex, embora o clube não comente oficialmente. No caso de James Rodríguez, o FC Porto comprou 70%, depois vendeu 35% e recomprou 30%. Ou seja, deveria ter 65% e não os 55% que constam do relatório.»
PÚBLICO, 28 de Fevereiro de 2012


Como é possível concluir deste excelente trabalho jornalístico do PÚBLICO, transparência e ética são valores que escasseiam nos recentes negócios envolvendo jogadores do FC Porto. Exemplo: um membro do Conselho Consultivo lidera uma empresa (Mamers, BV) que negoceia com a SAD em passes de jogadores.

É também interessante observar que, embora lideradas por portugueses, as empresas com quem a SAD tem desenvolvido mais negócios estão sediadas na Holanda, Malta, Inglaterra ou Antilhas Holandesas.

Nota: Este artigo é acompanhado pela infografia publicada no jornal PÚBLICO e que ilustra o artigo acima citado. Clique na imagem para ampliar.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O Triunfo dos Porcos

«O Velho Major, o mais respeitado porco, reúne, durante a noite, todos os animais da quinta e conta-lhes um sonho que tivera - a sua morte estava para breve e compreendia, então, o valor da vida. Explica logo aos companheiros que devem a sua miserável existência à tirania dos homens que, preguiçosos e incompetentes, usufruem do trabalho dos animais, vítimas de uma exploração prepotente. O Velho Major incita o grupo não só à rebelião, para derrotar o inimigo, como também a entoar o cântico de revolta "Animais de Inglaterra".
Três dias depois, morre o Velho Major. Mas a revolução prossegue, com novos líderes - os porcos Snowball, Napoleão e Squealer, que criam o Animalismo, como sistema doutrinário, com "Os Sete Mandamentos". Expulsam o dono da quinta e mudam o nome da propriedade para "Quinta dos Animais". Dada a estupidez e a limitação de alguns, que não conseguem decorar os "Mandamentos", Snowball reduziu-os a uma máxima: "Quatro pernas, bom; duas pernas, mau".
O regime do Animalismo começa logo de forma vigorosa, com todos os animais a trabalharem, de forma a fazerem progredir a quinta, a auto-gestão estimulava o orgulho animal. Snowball cria uma lista de comissões para conceber programas de desenvolvimento social, educação e formação.
Com o passar do tempo, os porcos tornam-se corruptos pelo poder. Instala-se então uma nova tirania, sob o comando de Napoleão, que passa a impor um novo princípio: "Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros".»
in Infopédia


Lembrei-me do célebre romance de George Orwell (cujo título original é Animal Farm), publicado em 1945, quando li o JN do passado sábado.




Tal como na Quinta dos Animais, também no futebol português todos os clubes são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros.
E, de facto, toda a gente percebe que as coações sobre os árbitros feitas a Norte, são muito mais graves que as coações feitas a Sul...

domingo, 15 de abril de 2012

Fazer as coisas por outro lado


Nas vésperas da final da Taça Lucílio Baptista, Rui Miguel Tovar, do jornal i, contactou António Fiúza para uma entrevista telefónica.
A entrevista foi publicada no dia 13 de Abril e a seguinte parte é ilustrativa de que já nos tempos em que Luís Filipe Vieira era presidente do Alverca, se faziam as coisas por outro lado...

«Recua-se à época 1997/98, quando Fiúza é o vice do Gil e Vieira é o presidente do Alverca, a equipa-satélite do Benfica. Na Liga de Honra, o Gil acaba em quarto, a dois pontos do Alverca. Mas quem sobe é o Alverca! “Pelos regulamentos, o satélite não sobe de divisão. Como estavam a fazer um bom campeonato e andavam nos primeiros lugares, lembraram-se de deixar de ser um satélite do Benfica. Havia até jogadores que numa semana alinhavam pelo Benfica e na outra pelo Alverca. O presidente da Assembleia Geral da Federação alterou os regulamentos à pressa para ainda ir a tempo de eles conseguirem subir nesse ano. Os regulamentos foram alterados a quatro ou cinco jornadas do fim. Foi uma vergonha nacional.”

sábado, 14 de abril de 2012

Terá ficado mudo?

«A culpa é nossa [do Sporting] por nunca termos dito nada sobre o Apito Dourado. Por termos tido presidentes que se sentaram, como se nada fosse, ao lado de Pinto da Costa. (...) A solução para o problema do futebol português não passa pelo aumento da competência dos árbitros através da sua profissionalização. É uma falácia. A maioria das vezes não erram por incompetência, erram por corrupção.»
Zé Diogo Quintela, 23/08/2011


Três dias após o caso do árbitro do Porto, perdão, do caso do assistente José Cardinal, perdão, do caso do ex-inspetor da PJ Paulo Pereira Cristóvão se ter tornado público, já alguém ouviu este senhor pronunciar-se sobre o mesmo?
Deve ser por o SCP não ter rigorosamente nada a ver com o caso...

P.S. É uma pena que os fedorentos tenham deixado de escrever em A Bola. Depois das incidências arbitrais do recente calimeros x clube do regime e de se saber que foram depositados dois mil euros na conta de um árbitro, ia ser uma delicia ler as crónicas desta semana... Mas, pode ser que o Miguel Sousa Tavares e o Rui Moreira se lembrem dos gatinhos...

P.S.2 Também vou gostar de ouvir/ler o que têm para dizer os sportinguistas que escrevem em jornais, ou que comentam nas televisões. Do alto da sua autoridade moral, que história nos irá contar o dr. Eduardo Barroso?...