sexta-feira, 31 de julho de 2009

Os serviços mínimos nem sempre bastam

Entrou bem o Porto a movimentar-se a preceito nos primeiros 10 minutos. Falcão teve uma excelente jogada individual e num centro remate rasgado, nem a bola entrou nem Varela lhe chegou. Ficou a promessa (de um bom jogo) que não chegou a ser cumprida.

O AVilla ameaçou pelo lado direito, e acabou por marcar logo de seguida num centro rasgado que Heskey em posição duvidosa desviou para a baliza, quase a meias com Fernando que tentou o corte in extremis. A defesa do FCP esteve mal e Bruno Alves, muito longe da sua zona de influência, atentou mais na perseguição do seu adversário directo (que tinha recuado) que no equilíbrio da zona que lhe compete cobrir.

Apesar do golo sofrido, continuámos a jogar devagarinho e nem sempre a ligação entre o meio campo e a linha ofensiva saiu fluente, e raramente conseguimos levar perigo à baliza adversária. Varela tentava as diagonais, Meireles os passes de ruptura, mas as boas intenções não produziam qualquer efeito.

Ao contrário o AVilla, embora com menos posse de bola, sempre que chegava próximo da nossa área era um susto. Uma boa jogada do lado direito ia dando golo, após um bom centro e um excelente remate de cabeça de Carew que saiu ao lado, com o Nuno a fazer-se ao lance de modo desajeitado.
Varela continuava bastante em jogo, mas raramente dava a melhor sequência aos lances. Meireles, sempre em evidência, episodicamente caído sobre a direita, teve um remate de meia distância muito bom que o guarda redes, muito atento, defendeu bem.

No seguimento de uma série continuada de jogadas perigosas e duma acção trapalhona da defesa do FCP, o AVilla chegou ao o 2-0 na sequência de um canto. Fucile afastou a bola que foi bater no peito de Bruno Alves e sobrou para um adversário que só teve de rematar com calma, jeito e força para o golo. O FCP ficou mais longe de chegar à meia final. Uma equipa acomodada, rotinada no controlo, pouco concentrada nas acções defensivas e muito pouco acutilante nas acções ofensivas.

Na 2ª parte JF procedeu a algumas substituições, trocando Meireles por Tomás Costa, Varela por Hulk e Guarin por Beluschi. Entrámos mais diligentes, pressionantes, mas também mais trapalhões. Raramente demos velocidade ao jogo (excepção a Hulk) e jogámos demasiado com o coração. Muitos passes perdidos pela sofreguidão, pelo cansaço e pela pertinácia do adversário.

Bruno tentou o remate de longe, Hulk também, cruzaram-se muitas bolas, mas nem a expulsão de Heskey nos trouxe oportunidades de golo claras.
Ao contrário do FCP que continua a tirar muito pouco proveito da marcação de livres, o AVilla ainda mandou uma bola à trave na sequência de um canto. O FCP sem grande inspiração continuava a empurrar o adversário para dentro da sua área e quando espreitava o golo, lá estava o guarde redes adversário que, apesar de suplente, fez uma exibição muito segura.

Marcámos já nos descontos de grande penalidade, por Hulk, após falta assinalada numa jogada do próprio. Não merecemos ganhar, entramos demasiado descontraídos e saímos extenuados, pois tentamos sempre virar o resultado através de uma agressividade pouco eficaz, porque raramente cumprida de forma organizada e servida por executantes inspirados.

Não temos que nos queixar, senão de nós próprios. A equipa continua sob avaliação. Hulk bem (o FCP é Hulk e mais dez, o que não me agrada nada), Maicon é reforço, APereira menos bem tendo acusado cansaço, Fernando em bom nível, embora falhe ainda demais na fase de construção e Meireles, sem estar mal, esteve pouco atento nas tarefas defensivas.

Bruno regular mas algo displicente, e Guarin e Tomás Costa estiveram longe de actuar a um nível razoável. Tal como Farias que andou perdido, sem bola e jeito para encontrar espaços. Falcão teve uma excelente jogada e pouco mais. Varela não se mexe mal mas não resolve bem os lances e Mariano oscilou entre a forma habilidosa ou trapalhona como abordou os lances e não conseguiu ser regular. Fucile mais uma má exibição e Belluschi seria o jogador para pausar o jogo e ritmá-lo, mas não foi capaz. Ficou na retina, um grande passe para Hulk que terminou num portentoso remate que o guarda redes defendeu muito bem.

Rodriguez está ”feio” de gordo, muito longe ainda da boa forma, mas esteve perto do golo numa emenda na pequena área que o guarda redes adversário não deixou entrar.

Dito isto é conveniente referir que o AVilla trabalhou muito, como diria Octávio, e defendeu-se com tudo e teve no seu guarda redes a melhor figura em campo. Mesmo em desvantagem numérica foi à frente e levou algum perigo à baliza do FCP. Nada a dizer quanto à vitoria que acabou por lhes sorrir. Obviamente que o mérito da sua vitória encontrou algum espaço no demérito nosso. Mas não é sempre assim?

Tirando o dinheiro que deixamos de ganhar, a nossa presença neste torneio foi muito útil. Gostaria de ver um FCP mais de conquista e menos de controlo, sobretudo com adversários que não nos são superiores. Dos resultados feitos até ao momento não há muita queixa, quanto às exibições, esperemos por melhores dias.
No Domingo para a Super Taça vamos avaliar um pouco melhor o que vale este FCP, ainda em construção. A equipa segue dentro de momentos.

Adeus Sir Bobby Robson

De acordo com um comunicado da família, Bobby Robson «perdeu a sua longa e corajosa batalha contra o cancro e morreu, em paz, na manhã de hoje, na sua casa do condado de Durham, com a mulher e a família ao seu lado».
Bobby Robson, que enquanto futebolista representou a selecção inglesa nos Mundiais de 1958 e 1962, sofria de uma doença cancerígena e já tinha sido submetido a cinco operações.
Em Portugal, Bobby Robson orientou o Sporting, transferindo-se, depois, para o FC Porto, clube ao serviço do qual conquistou dois campeonatos e um taça de Portugal.

Robson orientou ainda o PSV Eindhoven, o Ipswich Town e o FC Barcelona, e desempenhou o cargo de seleccionador inglês entre 1982 e 1990.
Terminou a carreia de treinador em 2004, quando orientava o Newcastle United.
Lusa/SOL


Sir Bobby Robson, aqui lhe deixamos o nosso Obrigado pelo seu exemplo de perseverança, de paixão pela vida e de paixão pelo futebol.

Neste momento faço nossas as palavras do José Correia, aqui no Reflexão Portista, em 4 de Fevereiro de 2009:

Bobby Robson era (é) de facto um senhor, um gentleman do futebol, embora nos dois anos e meio em que foi treinador do FC Porto tenha sido brindado com os impropérios do costume da comunicação social lisboeta (são todos óptimos, mas só quando saem do FC Porto...).

(…), lembro-me de um fantástico Werder Bremen x FC Porto, em que vencemos uma das melhores equipas da Alemanha, no seu terreno, por 5-0.

Entre outras coisas, Bobby Robson foi o "pai" da equipa que haveria de conquistar o Penta, três anos após a sua saída.

Como portista, embora tenha consciência que o FC Porto representa apenas uma pequena parte da sua carreira, estou-lhe grato pela herança que nos deixou como treinador dos Dragões.

Jesualdo, o construtor

"A minha principal qualidade é a capacidade que tenho de fazer equipas em curtos espaços de tempo. A rentabilidade sustentada demora sempre mais tempo, mas a capacidade que eu tenho de organizar uma equipa, pô-la a jogar e a ganhar é a minha melhor qualidade."
Jesualdo Ferreira, PUBLICO, 05/06/2009


"Nesta altura, poderemos vir a admitir a saída de um ou dois jogadores se estiverem devidamente cobertos, isto para que se mantenha a estrutura tão forte como a que tivemos este ano e, num aspecto ou outro até melhorar, porque também temos argumentos financeiros para procurar outras situações favoráveis"
Jesualdo Ferreira, O JOGO, 08/06/2009


Uma das vantagens teóricas de manter um treinador vários anos, é a possibilidade de se contratarem jogadores que encaixem na filosofia e modelo de jogo definido e, ao longo dos anos, o plantel ir assimilando e consolidando as ideias do treinador.

Ora, Jesualdo Ferreira está a iniciar a sua quarta temporada no Dragão e, até pelo facto do FC Porto ser Tetra-Campeão, seria de esperar que o plantel azul-e-branco apenas precisasse de uns ajustes. Contudo, tal como nos últimos anos, o plantel voltou a sofrer uma profunda alteração, tendo sido contratada uma equipa completa:
Beto (guarda-redes)
Miguel Lopes (defesa direito)
Nuno André Coelho (defesa central)
Maicon (defesa central)
Álvaro Pereira (defesa esquerdo)
Prediger (médio defensivo)
Valeri (médio)
Belluschi (médio ofensivo)
Varela (avançado/ala)
Orlando Sá (avançado/ponta-de-lança)
Falcao (avançado/ponta-de-lança)

Seria mesmo necessário fazer tantas contratações?
Bem, considerando as nove saídas do plantel já confirmadas, podemos fazer a seguinte correspondência relativamente às entradas:
Ventura --> Beto
Pedro Emanuel --> Nuno André Coelho
Stepanov --> Maicon
Cissokho --> Alvaro Pereira
Andrés Madrid --> Prediger
Lucho Gonzalez --> Belluschi
Tarik Sektioui --> Varela
Lisandro Lopez --> Falcao
Rabiola --> Orlando Sá

Para além das onze caras novas, convém recordar que há mais oito jogadores que estão no FC Porto há apenas um ano: Sapunaru, Rolando, Benitez, Fernando, Tomás Costa, Guarin, Rodriguez e Hulk.

Ou seja, de um plantel que para já tem 26 jogadores, apenas sete (Helton, Nuno, Fucile, Bruno Alves, Raul Meireles, Mariano e Farias) têm mais do que um ano de casa. Além disso, estamos perante um plantel jovem, cuja a média de idades deve ser das mais baixas do campeonato, e em que quase dois terços são sul-americanos (16 jogadores num total de 26).


Tudo isto significa que a capacidade do Professor Jesualdo Ferreira de fazer equipas em curtos espaços de tempo irá ser novamente posta à prova.
Será ele capaz de superar mais este desafio?
Depois do que vimos na época passada eu acredito que sim, mas também sei que os adeptos do FC Porto estão bem habituados (a ganhar!) e têm muito pouca paciência, ou mesmo nenhuma, para tudo o que não sejam vitórias. Por isso, e apesar dos factos atrás referidos sobre o plantel, Jesualdo sabe que os títulos já conquistados de pouco lhe servem se a "máquina" não ficar "afinada" rapidamente.

Os jogos a sério começam a 9 de Agosto (Supertaça), mas penso que só em meados de Setembro, dois meses após o início da temporada e com o arranque da fase de grupos da Liga dos Campeões, poderemos tirar ilações mais sustentadas sobre a "revolução" no plantel e o verdadeiro impacto das saídas da dupla argentina Lucho-Lisandro.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Em serviços mínimos


Para o segundo encontro referente à Peace Cup, o FC Porto apresentou-se em Sevilha, diante do Besiktas, com 4 alterações no onze inicial relativamente ao jogo com o Lyon. Beto, Miguel Lopes, Guarín e Farias tiveram oportunidade de se mostrar ao treinador, que, para esta partida, optou por retirar os alas puros da equipa, dando um cariz mais musculado ao meio campo. Uma espécie de 4-4-2, que se revertia pontualmente em 4-3-3.

Mercê dessa alteração táctica os Dragões evidenciaram alguma desorganização durante grandes períodos do jogo. A equipa Turca foi quem mais assumiu o controlo das operações, mas ao longo de todo o encontro, só foi criando algum frisson junto à baliza de Beto a partir de lances de bola parada.



Do lado do Porto, com Meireles a evidenciar pouco fulgor físico, Belluschi intermitente – apesar de pontualmente fazer uns apontamentos de classe – foi Guarín quem se mostrou mais esclarecido do que aquilo que lhe é habitual ver. Fernando, esse, varre tudo o que lhe aparece pela frente. Na dianteira, Farias passou longos minutos longe do jogo, e só Hulk fez valer a sua velocidade de ponta. Tivesse o árbitro a graduação dos seus óculos calibrada, e teria assinalado 2 penalidades claríssimas sobre o avançado portista.

Na verdade, esta é uma daquelas partidas que não deixará saudades a ninguém. Ao ritmo tradicionalmente lento destes típicos jogos de pré-temporada, junte-se a pouca predisposição das 2 equipas em jogar o jogo pelo jogo. É certo que ao FC Porto servia-lhe um empate para seguir em frente nesta competição, bem como as nuances tácticas impostas nesta partida por parte de Jesualdo possam ter afectado o rendimento colectivo, mas isso, por si só, não justifica uma exibição tão descolorida.



De positivo, fica o registo de mais uma prestação imaculada da defesa azul e branca, sendo claramente o sector mais entrosado da equipa. Beto muito seguro. Miguel Lopes em estreia, com algum nervosismo à mistura, que lhe valeu algumas más acções. A dupla de centrais esteve irrepreensível, como é hábito. Álvaro Pereira muito bem no flanco esquerdo.

Segue-se como adversário o Aston Villa, nas meias-finais da Peace Cup.

Fotos: Getty Images

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A marca do Benfica no Seixal


A propósito da notícia do 'Sol' do passado fim-de-semana, em que Luís Filipe Vieira terá assumido, em nome do Benfica, que obteria das Câmaras de Lisboa e do Seixal novos alvarás para ampliação dos projectos urbanísticos da Euroárea, vale a pena recordar um artigo do blogue "A-Sul" (blogue ambientalista da Margem Sul) de há quatro anos atrás, publicado em 17 de Julho de 2005:

«Perdido para os Seixaleiros está já a área natural onde o Centro de Estágio está implantado e que inclui áreas de Reserva Agrícola e Ecológica (REN e RAN), onde não é permitido construir!!! E esta suposta ferramenta de protecção ambiental foi precisamente o leitmotiv para que o Benfica viesse para o Seixal, é que no meio das permutas com os terrenos junto ao Estádio da Luz, a EUROÁREA que tinha aqueles terrenos do Seixal, sem nada lá poder fazer, dada a protecção ecológica, através do Benfica conseguiu contornar esse óbice, e mesmo acelerar a obtenção de alvarás de loteamento e construção, o que permitiu a viabilidade da vinda daquela empresa BENFICA SAD para a Margem Sul, "que contribuiu, como contrapartida, apenas com a sua presença" (segundo Manuel Vilarinho - PUBLICO 07/12/2001).

Os Seixaleiros não querem acreditar é que a reboque de uns campos relvados, pertencentes a uma empresa onde uns cidadãos privilegiados exercerão a sua actividade profissional principescamente bem remunerada, erguer-se-ão ("pela sua presença") 1325 apartamentos em 76 lotes com oito pisos cada. Grande parte do terreno onde se fará a construção estão afectos à RAN e REN onde é proibida qualquer edificação, salvo se esta se constituir de interesse publico (Expresso 28/06/2001). Esta urbanização acrescentará cerca de 4000 novos habitantes a uma envolvente onde habitam 2500.»

O artigo completo do blogue "A-Sul" pode ser lido aqui.

Em 21 de Julho de 2008, o mesmo blogue fez um resumo sobre aquilo a que chamou a 'Urbanização Benfica', onde compilou diversos aspectos elucidativos desta negociata envolvendo o Benfica, a Câmara do Seixal e interesses imobiliários em áreas protegidas.

Depois de ler isto, ainda haverá quem tenha vontade em falar de irregularidades no Centro de Treino e Formação do Olival?

Na sequência da notícia do "Sol", a posição do Benfica foi remeter os jornalistas para os Relatórios e Contas da SAD. Foi o que a 'Agência Financeira' fez.
De acordo com a Agência Financeira, nos Relatórios e Contas da Benfica SAD de 2006/07 e de 2007/08, no capítulo dedicado ao balanço e demonstração de resultados, na rubrica de «outros credores diversos», é referido que existe uma dívida com a Euroárea, no montante de 6 milhões de euros, «resultante dos acordos firmados em exercícios anteriores no âmbito do contrato promessa compra e venda dos terrenos da Urbanização Sul».
Nos mesmos relatórios, e segundo a Agência Financeira, o Benfica avança que a referida dívida «poderia vir a ser substancialmente reduzida, mediante a observação, que, sumariamente, envolviam o compromisso de construção do Centro de Estágios do Seixal no prazo máximo de 18 meses, nos termos já decididos pelo clube, a revogação da promessa de doação de lotes de terreno da Quinta da Trindade e a alteração de diversos alvarás de loteamento».


A Procuradoria Geral da República ter-se-á interessado por este caso de contornos tão nebulosos?
A Drª Maria José Morgado, que tantas vezes denuncia o triângulo futebol-autarquias-empreiteiros, terá investigado este caso?
Presumo que não deve ter havido tempo, até porque, como toda a gente compreende, havia outras prioridades. Por exemplo, ouvir, filtrar e tentar compor as várias versões das irmãs Salgado, o que convenhamos não deve ter sido tarefa fácil...

Fotos: 'A-Sul', 'Manhas da Baía'

terça-feira, 28 de julho de 2009

Com Hulk, não há Paz que resista


Na estreia Portista no torneio Peace Cup, Jesualdo Ferreira apresentou o esboço do onze inicial que idealiza para o inicio de época. Com Helton a continuar a merecer a confiança do Professor, a defesa a manter a base essencial da época passada (apenas entrando Pereira para o lugar de Cissohko), com Belluschi a ocupar a vaga de Lucho no meio campo e Varela a garantir um lugar lá na frente, na companhia de Hulk e Mariano.

Foi o Lyon quem começou a assumir as despesas do encontro, com uma sequência de lances pelo lado direito do seu ataque, tendo criado perigo logo aos 3 minutos num canto muito tenso marcado por Michel Bastos, o qual Helton sacudiu com engenho. Porem, num lance de insistência da equipa azul e branca, Hulk ganha a bola a meio terreno do Lyon, chuta forte para um golo imparável.



Foi o ponto de viragem na partida do FC Porto, não para uma exibição arrebatadora, mas para uma prestação bastante segura e equilibrada, conseguindo controlar desde esse momento a partida até ao fim. E para atestar este facto, basta dizer que a equipa Francesa apenas criou um único lance de perigo em todo o encontro, na sequência de um “brinde” de Helton já visto noutras alturas.

Tal como na temporada passada, a equipa comandada por Jesualdo sente-se à vontade quando está em vantagem, levando o ritmo do jogo para um lume brando, numa espécie de cântico de embalar sobre o adversário, infringindo aqui e ali venenosos contra golpes. Em complemento, uma linha defensiva meticulosamente articulada, vai pondo cobro aos ataques adversários.



Como já foi referido anteriormente, desde o golo inaugural de Hulk, a partida foi sempre dominada pelo FC Porto. Nem mesmo as várias alterações do Lyon no 2º tempo fizeram inverter essa tendência. Coube aliás aos portistas as melhores situações, casos de Hulk aos 59 minutos e Mariano aos 64.

Não foi por isso de estranhar que à entrada no ultimo quarto de hora, o Incrível, assistido por Falcao – que havia entrado momentos antes – numa bela combinação, tenha arrumado de vez a questão sobre o vencedor do encontro. Tão natural, como a serenidade e organização que esta equipa do FC Porto já evidencia. Esse sim, o grande mérito deste conjunto, para uma fase ainda tão embrionária da temporada.

Fotos: Getty Images

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Cai cedo!

Caicedo apresentado: "É um passo em frente na minha carreira"

O avançado equatoriano Felipe Caicedo foi apresentado em Alvalade esta tarde e mostrou-se ansioso por jogar com Liedson. "Vir para o Sporting é um passo em frente na carreira, tenho a possibilidade de jogar numa grande equipa, que está sempre a lutar pelos primeiros lugares e por um lugar na Champions. Tenho 20 anos e acredito que estou no local ideal para despontar no futebol europeu. Estou agradecido por esta oportunidade", disse.
(...)
O presidente José Eduardo Bettencourt esteve na apresentação e disse que Caicedo recusou outras propostas para ir para o Sporting. "Vem porque consideradou que pode ajudar e porque quis vir para o Sporting, rejeitando se calhar outras propostas mais vantajosas", sublinhou, recusando-se a dizer se o Sporting contratará mais alguém.


Os responsáveis leoninos ainda não se terão apercebido (ou talvez já) que o mais recente reforço poderá ter dificuldades de adaptação à sua nova equipa. Assim que um jogador sportinguista entrar na grande área adversária os restantes colegas entoarão o cântico de guerra habitual no clube dos calimeros: “Cai cedo!”. O árbitro, esse, irá sentir-se pressionado (tentado?) a assinalar o penalty do costume e o jogador equatoriano vai ficar confuso com tantos colegas a chamarem o seu nome. Será uma questão de hábito e de dias para se aperceber da afamada escola de penalties leonina.

PS - Bettencourt desiludiu... Desta vez não fez uma apresentação bombástica usando o seu sexy "portunhol" para pedir ao jogador "que al final de los 90 minutos tenga la camiseta xudada quasi de sangre, el sangre que les ha custado traerlo porque ha custado una pasta".

Mais do que contas equilibradas

"as vendas realizadas significam que o FC Porto conseguiu equilibrar as contas da última época, cumprindo as previsões do orçamento que tinha sido traçado e conseguindo até ir mais além do que estava previsto (...) os últimos movimentos do mercado não vão ser evidentes na próxima apresentação de contas que se refere ao período que terminou a 30 de Junho, pelo que não será perceptível aí um corte significativo no passivo"
Fernando Gomes, O JOGO, 20/07/2009


Em função do que foi comunicado à CMVM, as transferências do Quaresma (concretizada em 1 de Setembro de 2008) e do Lucho (em 30 de Junho de 2009), perfazem um total bruto de 36,6 milhões de euros. Contudo, atendendo ao valor contabilístico dos jogadores aquando das transferências e aos 5% a pagar aos clubes onde os dois futebolistas foram formados, as mais-valias (*) totais, sem contar com eventuais comissões dos negócios, devem ser de aproximadamente 31 milhões de euros.

Já as transferências do Lisandro e do Cissokho serão imputadas ao exercício 2009/10, mas não sabemos (porque não houve comunicação à CMVM) a que exercício irão ser afectadas as verbas resultantes das transferências do Paulo Machado (3,5 milhões?) e do Ibson (4 milhões?), bem como, do acordo relativo ao Paulo Assunção (3 milhões?) cujos valores, segundo a comunicação social, atingem um total de 10,5 milhões de euros.

Deste modo, levando em conta esta incerteza, mas atendendo a que as verbas da Liga dos Campeões também excederam o orçamentado em alguns milhões, eu estou à espera de algo mais do que contas equilibradas. Estimo um resultado líquido entre os cinco e os 15 milhões de euros.
Lá para Outubro saberemos se esta especulação acerca das contas 2008/09 bate certo com a realidade.

(*) Em termos contabilísticos, a mais-valia de uma transferência corresponde à diferença entre o valor da venda e o valor contabilístico do jogador no momento da mesma. O valor contabilístico corresponde ao valor de compra do passe do jogador menos as amortizações acumuladas ao longo do contrato.

domingo, 26 de julho de 2009

Farinha e Cartaxana


Em 27 de Março passado, morreu Alfredo Farinha, antigo jornalista de "A Bola". Tinha 83 anos.

Na passada sexta-feira, dia 24 de Julho, foi a vez de Rui Cartaxana, ex-director do "Record" entre 1986 e 1998. Tinha 79 anos.

Para além de pertencerem à mesma geração de jornalistas desportivos, Alfredo Farinha e Rui Cartaxana tinham várias outras coisas em comum: a enorme paixão pelo Benfica que, honra lhes seja feita, nunca disfarçaram nos seus escritos; o saudosismo pelos tempos do antigamente (Farinha assumia-se mesmo como salazarista); e um ódio quase irracional ao FC Porto e, particularmente, ao seu presidente. Neste aspecto, Cartaxana ia ainda mais longe do que Farinha, escrevendo crónicas atrás de crónicas de autêntica guerrilha anti-Porto. A sua última crónica, que o Record publicou em 5 de Março, é elucidativa disto mesmo.

Quando alguém morre é habitual as pessoas "esquecerem-se" dos defeitos e haver um coro de elogios fúnebres, uns mais sinceros e sentidos do que outros. Ora, eu sou portista, tenho memória, não sou hipócrita e por isso, relativamente a estes dois jornalistas, não alinho neste coro.

Importa salientar que nunca privei pessoalmente com Alfredo Farinha ou Rui Cartaxana e, portanto, como indivíduos não faço sobre eles qualquer juízo. Contudo, tal como a generalidade das pessoas que se interessam pelo futebol, conheci-os como jornalistas e comentadores desportivos e, nesse domínio, a minha opinião sobre eles é a pior possível.
Assim sendo, não posso dizer que a morte de ambos num curto espaço de tempo significa uma enorme perda para a comunicação social portuguesa. Honestamente, penso exactamente o contrário, isto é, ao deixar de contar com Farinha e Cartaxana o jornalismo desportivo baseado no ódio anti-Porto perde dois dos seus baluartes e, pelo menos em isenção, é capaz de melhorar um bocadinho.

Sinceramente, eu não vou ter saudades dos jornalistas Alfredo Farinha e Rui Cartaxana.

sábado, 25 de julho de 2009

Bídeo do dia - I

Que não lhe faltem oportunidades de voltar a fazer publicidade.

A vida e o futebol

Uma bela crónica de Jorge Fiel, com interessantes analogias futebolísticas, e que foi publicada no Diário de Notícias de 23/07/2009:

«Jardim Gonçalves, que também fez na vida muitas coisas de aplaudir, costumava dizer que não se devem tratar os filhos todos da mesma maneira, pois são diferentes uns dos outros. Usava esta imagem para explicar porque estruturou a oferta do banco em diversas redes, uma estratégia de segmentação reconhecida como uma das razões do rápido sucesso do BCP, o primeiro banco a perceber que Américo Amorim, o seu motorista e o director financeiro da Corticeira Amorim não podiam ser todos tratados da mesma maneira, pois tinham patrimónios e necessidades diferentes.

Quando contou num livro algumas das histórias da sua passagem dourada pelo FC Porto, José Mourinho declinou de uma forma ainda mais rica a regra de que é errado tratar os filhos todos da mesma maneira.
Conta Mourinho, que chamou Sicrano para uma conversa a dois, antes de o lançar pela primeira vez na equipa, e lhe explicou que não tinha de estar nervoso com a estreia. Mesmo que o jogo lhe corresse mal, era garantido que seria titular no fim-de-semana seguinte.
Já quando se tratou de anunciar a titularidade a Beltrano, o treinador avisou-o de que a estreia era uma oportunidade única. Se ele a desperdiçasse, bem podia pensar em ir tratar de vida, porque no Porto não teria futuro.
Mourinho é bem sucedido porque percebe como funciona a cabeça das pessoas que lidera e é capaz de adaptar a mensagem ao destinatário. Sabia que Sicrano reagia mal à pressão, por isso pô-lo à vontade. Sabia que Beltrano só conseguia elevadas performances sob pressão, por isso tratou de o pôr em tensão.

Os aspectos mais importantes e dramáticos da vida estão condensados num jogo de futebol, que é um compêndio onde se pode aprender a desembrulhar-nos neste mundo em acelerado mudança, em que as dez profissões mais procuradas em 2010 não existiam há seis anos. Pode aprender-se mais com um jogo de futebol do que numa aula de MBA.

Ao longo dos 90 minutos, um avançado raramente tem a bola mais de três minutos, durante os quais tem de decidir num segundo qual a melhor opção - driblar, passar ou rematar.
A rapidez na decisão é fundamental para sobreviver e prosperar num mundo em que se prevê que os actuais estudantes terão dez a 14 empregos diferentes antes de fazerem 38 anos.
Um bom médio não é o que falha menos passes (porque mal recebe a bola faz logo um passe curto, de pouco risco) mas aquele que cria situações de golo ao arriscar passes de ruptura.

Com o céu carregado de nuvens, a única coisa de que devemos temer é de ter medo de decidir, de falhar, e de arriscar. Não é a jogar para o lado que se ganham jogos. Só marca quem chuta à baliza – e não tem medo que o remate saia torto. O mundo não está para cobardes.»

sexta-feira, 24 de julho de 2009

O efeito champanhe

Fernando vai ter um concorrente interno no plantel do FC Porto - Sebastián Prediger, número 5 do Colón, da Argentina, estará muito perto de assinar contrato com os portistas.

A Fiorentina prepara-se para apresentar uma nova proposta por Fernando. O clube de Florença continua no mercado à procura de um substituto para Felipe Melo - vendido à Juventus - e, segundo avançou a Imprensa italiana, estará na disposição de subir a parada pelo médio do FC Porto.

É certo que o FCP só tinha Fernando para a função de “trinco”, embora quer Raul Meireles quer Tomás Costa sejam capazes de assumir a função, nomeadamente em jogos de pendor claramente atacante. Fernando é um diamante e esta contratação de Prediger faz-me temer o pior. Ou seja: a saída do nosso jovem médio brasileiro se a Fiorentina abrir os cordões à bolsa.


Se aceitar a imagem de uma cascata de copos de champanhe, o que acontece é que depois de encher o primeiro copo, este vai transbordando e enchendo os restantes abaixo. (Dr. Fernando Gomes in o Jogo).

Não creio que a Fiorentina tenha capacidade financeira para encher a taça do FCP com 30 m€. O Presidente garantiu que novas vendas só quem cumprisse a clausula de desvinculação. A de Fernando é muito alta e não creio que o clube italiano esteja disponível para gastar tanto dinheiro.

Porém, Quaresma também tinha uma clausula semelhante e foi vendido por 18,5 m€ . Pior: tivemos que ficar com o contra-peso (Pelé) por 6,5 m€, jogador com um passado pouco abonatório como indiciam as saídas do SLB e do VFC, deste último com um pontapé no rabo de todo tamanho de Cajuda que nem é homem dado a ultimatos tão definitivos e dolorosos.

Talvez este ano não saia mais ninguém. Até porque temos que valorizar os nossos activos para o próximo ano. É essa a nossa política, só falta saber se para a próxima época aparecerá algum clube feito mecenas, para produzir o tal efeito champanhe e saciar a sede (indirectamente) dos sequiosos do costume. O pior é se a seca atinge os mais poderosos. E esse é sempre um perigo para um clube vendedor, quando se lhe acenam com propostas irrecusáveis no presente. É que o futuro pode não ser tão promissor: as ondas de choque provocadas pela crise poderão produzir efeitos perversos e inesperados. Uma angústia para quem não faz parte do clube dos ricos e tem de ponderar e decidir entre as certezas de hoje e as ameaças de amanhã.

Conto com Fernando. Nem pensar em deixá-lo sair. É um risco que tem de se correr. É muito importante no modelo táctico e tem ainda uma larga margem de progressão. Não quero mais saídas, e apenas “entenderei” a de Bruno Alves, nas condições referidas pelo nosso Presidente. Disse.

“Albufeira Anima” : mais uma vitória !

Foi um jogo monótono e bem melhor a primeira do que a segunda parte, como vem sendo hábito. Na primeira metade jogámos com mais intensidade, estivemos claramente por cima e criámos algumas oportunidades, enquanto na segunda metade fomos mais de controlo, com muita troca de bola na zona defensiva e pouca capacidade de penetração na defensiva adversária.

Houve algumas movimentações interessantes, mormente na primeira parte, insisto. Hulk esteve bastante menos explosivo e inspirado. Muito marcado, via-se que o adversário o conhecia e sobre ele moveu uma apertada marcação. Gostei do Varela e desta vez acho que o Guarin fez uma bela jogatana, do melhor que lhe vi fazer no FCP.

Os novos (velhos) recrutas confirmaram que são reforços. Relativamente a Valeri não deu para tirar grandes conclusões. De Falcão, também não, mas ao vê-lo jogar senti umas enormes saudades de Lisandro, e fiquei com a ideia que é um jogador com características semelhantes a Farias que esteve longe do razoável.

Fucille continua a mostrar-se a um nível baixo. Sapu continua coxo (entrou cansado na nova época, o que não é lá muito bom sinal) e Miguel Lopes com uma maleita que não lhe permite jogar e mostrar-se. É pena, porque o lado direito da nossa defesa não está lá muito bem, por enquanto.

Fica a vitória que é sempre bom e deu para cair das nuvens. Foi útil. É cedo para devaneios, pois estamos longe de estar fortes, obviamente. Falta Cebola e perceber como JF vai encaixar os jogadores segundo o seu modelo. O torneio, Peace Cup, vai ser útil para rever o comportamento da equipa contra formações mais fortes e se JF vai proceder a algumas experiências, de acordo com o perfil dos novos recrutas.

Quatro jogos, quatro vitórias é um bom saldo. E mais uma taça para o novo Museu.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A fuga para a frente no seu esplendor

"O Benfica oficializou a contratação de Javi Garcia. O médio deixa o Real Madrid e chega à Luz num negócio de sete milhões de euros, assinando por cinco anos."

Pelas minhas contas e baseado nos R&C das duas SADs, a slb SAD está estruturalmente 5 a 10 milhões melhor do que a FCP SAD.

Por "estruturalmente" quero dizer antes de:

1) entrar em conta com as vendas e compras de jogadores
2) presumindo que os dois clubes fazem receitas idênticas na Europa

Ou seja, já entrando em conta com tudo o resto (receitas de bilheteira/quotas, merchandising, patrocínios, custos com jogadores, custos administrativos, FSE, etc).

No entanto, esta vantagem de 5 a 10 milhões é logo à partida anulada na época que agora começa devido ao FCP estar na Liga dos Campeões e o benfica na Taça UEFA (ou lá como aquilo agora se vai passar a chamar). Para além disso e até agora neste defeso o saldo [vendas - compras] é muitíssimo mais favorável ao FCP em várias dezenas de milhões.

Conclusão: o LFV começa a ficar desesperado com a performance desportiva miserável (alteram o 3o com o 4o lugar nos últimos 4 anos) e está disposto a esticar a corda o mais possível - ainda por cima até porque sabe que financeiramente outro ano fora da LC seria uma mini-catástrofe (como se não já bastasse a fúria e impaciência dos adeptos).

Como é que conseguem esticar a corda, perguntam-se alguns? É fácil: com um downpayment considerável do novo contrato com a Centralcer, com novos empréstimos junto da banca (ou de outrém), ou com prazos alargados de pagamento das novas contratações. Ou com uma mistura de tudo isto. Enfim, é o tudo ou nada.

Se não resultar (e estejamos confiantes que não, mas há que estar atentos, incluindo no que se passa nos bastidores da Liga, começando pelo CD) o próximo presidente que se desenrasque... correm o risco de passar uma travessia do deserto financeira por 3 ou 4 anos como o SCP passou (mas se isso acontecer, suspeito que teremos muita gente - incluindo portistas - com memória curta a afirmar que a "estratégia" do novo presidente do slb, apostando em prata da casa e gastando pouco em contratações, é "fraca").

É em boa parte tendo isto em conta que eu defendo neste defeso (defendia...) que mesmo que algumas possíveis vendas pareçam isoladamente um "bom negócio" (por ex Lucho, B Alves), devíamos vender o menos possível para não comprometer a luta pelo penta (e bastava vender Lisandro e Cissokho para termos fôlego financeiro) e assim "ajudar" ao K.O. do benfica. O Lucho já foi, espero ao menos que não cedam no caso do B Alves.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Justiça desportiva à moda de LFV

«O Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) atribuiu a Sporting e Benfica a derrota por 3-0 no jogo que ambos disputavam em Alcochete, na Academia do clube leonino, no dia 27 de Junho e relativo à última jornada da fase final do campeonato nacional de juniores, que acabou por ter que ser interrompido devido a distúrbios entre adeptos de ambos os emblemas. Com esta decisão, o título fica nas mãos dos "encarnados"
in PÚBLICO, 22.07.2009 - 20:55


Parece que o "crime" compensou. Depois das vergonhosas decisões da (in)Justiça desportiva no âmbito do 'Apito Final', mais um exemplo de como funciona a "justiça encarnada".

Marionetas


Em 2 de Setembro de 2008, Pelé chegou ao FC Porto englobado no negócio Quaresma, avaliado em 6 milhões de euros e como a grande aposta da SAD para substituir Paulo Assunção.

As coisas não correram bem ao jovem internacional português e, perante a total ausência de rendimento desportivo, em 26 de Janeiro de 2009 foi emprestado ao Portsmouth, tendo na altura afirmado ao site dos pompeys:
"É uma transferência de sonho. Vejo sempre os jogos do campeonato inglês, sei que a atmosfera é fantástica, por isso acho que é muito bom estar aqui. (...) Podem esperar muito trabalho e dedicação e, espero que também alguns golos".

De acordo com o comunicado enviado pelo FC Porto à CMVM, o contrato permitia ao Portsmouth a opção de compra definitiva dos direitos desportivos do jogador, pelo valor global de 6,5 milhões de euros.
Na realidade, durante os cinco meses que esteve em Inglaterra Pelé não fez um único jogo e, obviamente, a questão da compra do passe nem sequer se colocou.

Em 7 de Maio de 2009, Pelé revelava a sua vontade de voltar ao FC Porto: "O FC Porto é a minha equipa, tenho mais quatro anos de contrato para cumprir e conto ajudar o clube".
Contudo, rapidamente deve ter perdido as ilusões, porque Jesualdo Ferreira deu uma entrevista ao PUBLICO, publicada em 05/06/2009, e não podia ser mais claro:
«[O Pelé] não tem o traço, nem de carácter nem de estrutura táctica, para ser o “seis” que o FC Porto precisa. Isto sem colocar em dúvida minimamente as qualidades grandes que o Pelé tem. Poderá não ser o “seis” que o FC Porto deseja, mas poderá sê-lo noutro clube qualquer ou noutro país

Quatro dias depois, em 9 de Junho, o presidente do Génova (Enrico Preziosi) afirmou:
"Não consegui Quaresma - não queremos um jogador que não quer estar connosco -, mas com Jorge Mendes consegui um médio, Pelé".
De facto, no dia seguinte Pelé foi a Itália fazer os habituais exames médicos e afirmou ao site do Génova:
"Conheci o presidente Preziosi, que já me tinha expressado a sua admiração. Se a transferência se concretizar, irei com entusiasmo para um clube que, segundo sei, é vivido com muita paixão. (...) E, este ano, terei a possibilidade de jogar na Europa".

Não houve comunicado para a CMVM, mas a comunicação social anunciou que os genoveses ficavam com a opção de compra por 5 milhões de euros.

Quando toda a gente pensava que o caso Pelé estava arrumado - ia voltar ao campeonato onde já tinha sido feliz com a camisola do Inter -, mais uma reviravolta e, em 20 de Julho, Pelé é apresentado em Espanha como jogador do Valladolid.

Segundo O JOGO de 21/07/2009, o jogador chegou a acordo com o Génova para cancelar o contrato (o jornal não explicou porquê), ficando o clube espanhol com opção de compra no final da época.
Desta vez, nem comunicado para a CMVM, nem os valores da transferência foram anunciados embora, segundo O JOGO, «exista a forte possibilidade de serem semelhantes aos alinhavados anteriormente com o clube italiano: cinco milhões de euros para ficar com o jogador no final da época».

Quanto ao Pelé, afirmou: "Vou dar o melhor. Quero crescer como jogador e também quero fazer crescer o Valladolid".

Resumindo, em menos sete meses (de Janeiro a Julho de 2009), Pelé vestiu as camisolas de quatro clubes de diferentes campeonatos. Se não é recorde mundial deve andar lá perto.

A novela em que se transformou a carreira profissional deste jogador, pertencente aos quadros da FCP SAD, merece alguma reflexão.
Em primeiro lugar, quero dizer que não duvido que o Vitor Hugo Gomes Passos (Pelé) precise de um bom acompanhamento para evitar alguns desvios nefastos para um jogador profissional. Contudo, custa-me a crer que este jovem futebolista, que há dois anos atrás demonstrou tanta maturidade ao serviço do Inter de Milão, seja assim tão inconsciente e instável.

Não haverá aqui outros interesses? Não estará o jogador a servir de marioneta nas mãos dos empresários e clubes envolvidos?

Foto: La gran marioneta, Pablo Ciliberti

terça-feira, 21 de julho de 2009

Uma pergunta a ... - VI


De tanto coçar, ainda não ganharam ferida?

Porque saiu Carlos Resende?


No dia 30 de Junho de 2009, a Direcção do FC Porto emitiu um comunicado no site oficial do clube, com o seguinte teor:
«No momento em que a colaboração entre o FC Porto e o treinador Carlos Resende é concluída, palavra de agradecimento pelos títulos conquistados e que enriqueceram o palmarés da modalidade. Esta descontinuidade poderá não significar um adeus definitivo»

18 dias depois, Pinto da Costa apresentou no Dragão Caixa o novo treinador do FC Porto: o sérvio Ljubomir Obradovic.

Antes ainda da apresentação do novo treinador, o FC Porto já tinha assegurado a contratação dos internacionais portugueses Dario Andrade (ex-ABC) e Nuno Grilo (ex-São Bernardo), para as posições de ponta-esquerda e lateral-esquerdo respectivamente, aos quais juntou ontem a contratação do lateral-direito Pedro Spínola (ex-Belenenses).

Esta aposta em jogadores lusos vem na linha da época passada, cujo plantel era constituído apenas por portugueses.
Ora, se como tudo indica, a estratégia para o Andebol é apostar na continuidade, uma dúvida subsiste: porque saiu Carlos Resende, após o excelente trabalho que fez na época passada?
Ter formado um grupo coeso, disciplinado e altamente competitivo, que conduziu à conquista do campeonato nacional e à final da Taça de Portugal, não é suficiente?

Carlos Resende remeteu-se ao silêncio mas, como sócio do FC Porto, gostava de saber se foi ele que quis sair, ou se alguém da Secção lhe apontou a porta de saída.

A montra


Em Abril passado, após a eliminação nos quartos-de-final perante o Manchester United, O JOGO fez as contas e chegou à conclusão que o FC Porto tinha arrecadado cerca de 18 milhões de euros na Liga dos Campeões, divididos nas seguintes parcelas:
- 5,4 milhões de prémio de participação;
- 2,4 milhões correspondentes ao desempenho desportivo na fase de grupos (4 vitórias - Fenerbahçe (2), Dínamo de Kiev e Arsenal);
- 2,2 milhões pelo acesso aos oitavos-de-final;
- 2,5 milhões pelo acesso aos quartos-de-final;
- 2 milhões do market pool televisivo (o valor exacto é 1,992 milhões);
- 3,5 milhões de receitas de bilheteira (total aproximado para os cinco jogos realizados no Dragão, sem contar com os dragon seats).

Este valor – 18 milhões de euros – representa mais seis milhões em relação ao previsto no orçamento da FCP SAD para 2008/09 e é o segundo mais alto de sempre, atrás apenas das receitas garantidas em 2003/04, época em que os dragões conquistaram a Liga dos Campeões.

Confrontado com estes números, o Dr. Fernando Gomes foi ainda mais longe referindo que o FC Porto tinha ganho "muito mais que os 18 milhões de que se tem falado nos últimos dias". Segundo o administrador da FCP SAD responsável pela área financeira, os proveitos eram "difíceis de quantificar", acrescentando que "não é fácil avaliar com exactidão a valorização que sofreram os nossos jogadores depois de estarem expostos naquela que é a maior montra do futebol europeu e Mundial, mais ainda quando foram capazes de demonstrar todas as competências técnicas que são reconhecidas nacional e internacionalmente".

Três meses depois, já se consegue ter uma ideia aproximada do impacto que as exibições na Liga dos Campeões tiveram na valorização dos jogadores do FC Porto. Os números envolvidos nas transferências do Lucho, Lisandro e, principalmente, do Cissokho são elucidativos, tendo ainda sido referido o interesse de diversos clubes em Bruno Alves, Raul Meireles e Fernando (o mercado continua aberto até 31 de Agosto).
Mas se a Liga dos Campeões serve para valorizar alguns "activos" também é impiedosa, funcionando em sentido contrário quando as equipas/jogadores desiludem e chumbam neste autêntico teste do algodão. Foi o caso do Sporting, que teve desempenhos desastrosos perante o Barcelona e Bayern Munique. Apesar da necessidade premente que a Sporting SAD tem em vender, o mercado parece ignorar os seus principais jogadores e não há quem se chegue à frente para contratar os supostamente apetecidos Miguel Veloso, Moutinho ou Liedson.

Questionado no JOGO de ontem se seria possível avaliar que efeitos teria tido a eventual ausência do FC Porto na última edição da Liga dos Campeões, Fernando Gomes respondeu:
"É quase impossível fazer uma avaliação dos custos que teria tido essa ausência, porque estamos a falar de efeitos directos e indirectos. Em termos de efeitos directos, entre receitas de bilheteiras, direitos e prémios de performance, estaremos a falar de qualquer coisa como 15 a 18 milhões de euros. Depois teríamos os efeitos indirectos que se reflectem na valorização dos jogadores. Se pensarmos que o Cissokho, por exemplo, nunca teria jogado em Madrid e em Manchester, se considerássemos que o Lisandro e o Lucho também não teriam essas montras ao seu dispor, estamos a falar de um efeito que podia facilmente atingir as dezenas de milhões de euros."

Percebe-se, pois, a ânsia do SLB em afastar o FC Porto da Liga dos Campeões e o desespero que os invadiu após a derrota estrondosa que tiveram no TAS.

Foto: Loja da Gucci na 5ª avenida, a rua comercial mais cara do mundo

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Uma pergunta a ... - V

Ou melhor duas:

- O projecto Visão 611 não 'obrigava' à entrada anual de 3 jogadores oriundos da formação no plantel principal?

- Por que motivo o Baía não teve uma festa de homenagem?

A "Superliga Europeia": o Regresso da Febre do Ouro


Pela voz de um conhecido promotor castelhano de espectáculos de circo, F. Perez, a peregrina ideia da “Superliga Europeia” voltou à “actualidade noticiosa”. Uma coisa me deixa logo de pé atrás quando se fala desta competição: é que, curiosamente, tanto o Sr. Perez como todos aqueles que antes ou agora defendem esta ideia, nunca o fazem alegando benefícios de ordem desportiva. É de facto bizarro a ideia de uma competição desportiva ser apenas defendida com base em argumentos de ordem financeira. Decerto isto significa que, desportivamente, pouco há a dizer em abono de uma prova desta natureza. E, de facto, uma coisa é vermos algumas vezes por época pela televisão as principais equipas europeias a defrontarem-se, ou recebê-las no nosso estádio, outra bem diferente seria isso passar a ser um acontecimento semanal. Estou em crer que, passada a novidade, o sucesso da prova não seria assim tão retumbante. O que torna a Liga dos Campeões especialmente apetecível é também o facto de se “fazer rogar”, de não ser uma rotina semanal. Para isso existe o “rame-rame” semanal dos campeonatos nacionais.


O conceito da “Superliga Europeia” fora enterrado com o alargamento da Liga dos Campeões, garantindo às ligas mais fortes quatro presenças na competição. Ninguém tem voltado ao assunto nos últimos anos, tendo a ideia apenas regressado à superfície, como referido no início, pela boca do mencionado empresário de espectáculos circenses. Mas não me parece que tenha, neste momento, pés para andar, ainda para mais vinda de quem vem, um personagem olhado de esguelha pela maioria dos outros principais clubes da Europa.

A mais grave consequência previsível da criação desta competição seria a morte das ligas nacionais, pelo menos tal como agora existem. O futebol não pode sobreviver sem a solidez da sua "pirâmide". Se a base ruir, o topo cairá também.

Nós portistas gostamos de atacar Benfica e Sporting e de vê-los pelas ruas da amargura, mas, no fundo, sentiríamos a falta deles se deixássemos de jogar contra eles regularmente. Precisamos deles um pouco como o Mouzinho precisava do Gungunhana em Chaimite, é verdade, mas também é dessas rivalidades que se alimenta o futebol. Basta ver, por exemplo, que, na Premier League, os grandes derbies de Liverpool, Manchester e Londres têm regularmente maiores assistências que a maioria dos jogos em casa das equipas inglesas na Liga dos Campeões, e, mesmo por cá, temos melhores assistências contra o Benfica e o Sporting que em muitos jogos da LC. Uma coisa é o gozo que dá ganhar a esses clubes, outra, bem diferente, seria ganhar a Man. U., Real Madrid ou Milan: saboroso, sem dúvida, mas sem aquele gozo interior que transborda à 2ª feira de manhã para o colega de trabalho que tem o azar de ser benfiquista ou sportinguista. E mesmo sob o ponto de vista estritamente financeiro, se tal competição nos permitiria alcançar maiores receitas, também, provavelmente, ela serviria para cavar ainda mais o fosso que nos separa dos clubes mais ricos da Europa, pois nada faz crer que a distribuição das receitas provenientes dos direitos televisivos viesse a ser feita de modo diferente do actual, isto é, privilegiando os clubes de países mais populosos e com, consequentemente, maiores mercados televisivos.

Na minha opinião, aqueles que, por essa Europa fora, possam achar que o futuro do futebol está numa superliga, podem perceber muito de cifrões e de marketing, mas não percebem nada das paixões e dos valores desportivos de quem gosta mesmo de futebol. Acho que, ao deixarem-se fascinar pelos milhões que uma superliga poderia dar a ganhar aos seus clubes, estão essencialmente a olhar para o curto prazo e para o seu umbigo, esquecendo o futuro do futebol em geral.

domingo, 19 de julho de 2009

SMS do dia: LXX

Na transferência de Cissokho para o Lyon, e de acordo com a informação enviada à CMVM, «A Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD garantiu ainda 20% da mais valia que o Olympique de Lyon vier a obter como resultado duma eventual transferência do jogador.»

Ora, ao contrário do que a generalidade (toda?) a comunicação social referiu, 20% da mais valia não é a mesma coisa que 20% do valor de uma futura transferência do Cissokho. Ou seja, a FCP SAD só receberá alguma coisa, se o Lyon vender o Cissokho (evidentemente) e por mais de 15 milhões.

Exemplo: Se o Lyon vender o Cissokho por 20 milhões, o FC Porto receberá 1 milhão (=20% de 5 milhões) e não 4 milhões (20% do valor da transferência).

Gommendy desilude em Zolder


Ao contrário das expectativas, o início da temporada 2009 da Superleague Formula não está a correr bem ao carro do FC Porto, novamente pilotado pelo francês Tristan Gommendy.

Na prova deste fim-de-semana, que decorreu no circuito de Zolder, na Bélgica, Gommendy partiu do 5º lugar da grelha para a primeira corrida, mas terminou em 12º (num total de 18), sendo o último dos pilotos classificados na corrida.

Relativamente à segunda corrida, a que assisti na TVI24, pude constatar que a performance do binómio piloto/carro foi muito fraca. Partindo do 7º lugar da grelha, o carro do FC Porto nunca mostrou um andamento ao nível dos da frente, quer na parte inicial da corrida, ainda com a pista molhada e pneus de chuva, quer após a passagem pelas boxes, quando todos os pilotos em prova mudaram para pneus slick. Para ajudar à festa, a própria equipa deu um tiro no pé, não aproveitando a oportunidade para mudar imediatamente de pneus logo após o safety car entrar em pista.
Gommendy não ultrapassou um único carro mas, beneficiando de muitas desistências, terminou a segunda corrida em 7º, sendo o antepenúltimo dos pilotos classificados.

A próxima prova vai ser daqui a 12 dias, em Donington Park. Até lá, muita coisa tem de melhorar para que o carro do FC Porto possa disputar os primeiros lugares.

O Campeão já fumega


Estranho sentimento este, apesar da vitória robusta e segura do FC Porto, paira no ar um sentimento de orfandade, de vazio. Nada que tenha directamente a ver com a exibição Portista em si, mas pela ausência de três Reis Magos que compuseram o filão azul e branco nos últimos anos, Lucho, Lisandro e Pedro Emanuel. É no retorno ao estádio, no principiar de cada época, que verdadeiramente processamos a cíclicas perdas das nossas estrelas, pese a do nosso ex-Capitão derivar de uma razão diferente.

Precisamente, na merecida e justa homenagem ao nosso bravo Pedrão, esteve o ponto alto da apresentação do plantel da noite passada. Diante de um público que não lhe regateou aplausos, com todo o grupo de trabalho em 1ª fila a assimilar a gratidão que recaí em quem se dedica à causa do Dragão, fez-se o tributo nosso Grande Campeão, de forma particularmente emotiva.



Aos novos que chegam, aprendam com Pedro Emanuel se puderem. Porque homens como ele, não estão de passagem, são dos ficam…

No que ao encontro com o AS Mónaco diz respeito, Jesualdo Ferreira, face as contingências das lesões que assolam o plantel e ainda sem Falcão e Valeri, dispôs no novo relvado do Dragão o 11 possível, que voltou a dar boa conta de si, à semelhança do que havia feito com o Leixões. A exibição não foi tão exuberante como na passada Quarta em Aveiro, Cissokho já rumou a Lyon, mas equipa voltou a mostrar boas práticas de outros tempos.

Raul Meireles, talvez por herdar a histórica camisola 3 de Pedro Emanuel, mas também pela partida de Lucho, vem chamando a si a responsabilidade de indicar o caminho correcto aos seus companheiros. E faz com acerto. Belluschi, ainda em fase de reconhecimento dos terrenos que pisa, tenta seguir as pisadas do Português, salpicando com classe o seu jogo.



Sem grandes espalhafatos e chinfrins tão típicos da 2ª Circular, Jesualdo vai moldando a sua equipa em conformidade com as suas ideias. As peças vão encaixando harmoniosamente, mesmo faltando ainda lançar algumas pedras de potencial valor. O caminho está traçado, com o mesmo objectivo de sempre, rumo à vitória!

Fotos: Jornal de Notícias

sábado, 18 de julho de 2009

Uma questão de prestigio e dinheiro


“Benfica garante melhor marcador da Argentina”, garantia o Record em Janeiro de 2005. Uns meses depois, no arranque para a época 2005/06, Lisandro Lopez assinava pelo FC Porto, onde jogou quatro anos, conquistou um tetracampeonato e foi agora vendido ao Lyon por 24 milhões de euros (com a possibilidade de chegar a 28 milhões).

Há um ano atrás, o Benfica tudo fez para manter nas suas fileiras aquele que tinha sido o melhor jogador encarnado da época 2007/08 – o internacional uruguaio Cristian Rodriguez. Contudo, não tendo exercido a opção de compra do passe em devido tempo, não teve capacidade financeira para disputar o leilão com o FC Porto e “Cebola” foi para o Dragão, onde substituiria Quaresma (vendido ao Inter de Milão por 18,6 milhões mais o passe de Pelé).

“Na Roménia com o novo defesa-esquerdo do Benfica”, titulava A BOLA com grandes parangonas em 16 de Maio passado. Afinal, três semanas depois o FC Porto chegava a acordo com o Cluj e garantia a contratação de Alvaro Pereira (uma alternativa para o caso de se confirmar a transferência milionária de Cissokho), com o internacional uruguaio a afirmar ter assinado pelos azuis-e-brancos em apenas 4 minutos. Que crueldade!...

O último exemplo dos jogadores que estiveram com um pé e meio na Luz, cuja contratação foi dada como certa, ou quase, pela comunicação social e que acabam por vestir a camisola azul-e-branca é Falcao.

Este conjunto de contratações falhadas, além de servirem para ridicularizar a “imprensa vermelha”, provocam um enorme desconforto nos dirigentes benfiquistas, ao ponto de o site do clube publicar comunicados justificadores de não-contratações (!) e de o director desportivo – Rui Costa – ter necessidade de afirmar que o Benfica “não está à procura, nem nunca procurou contratar jogadores para não irem para o FC Porto ou porque o FC Porto está interessado”.

Mas mais importante do que achincalhar o rival, ou ganhar o campeonato das contratações que são disputadas entre os dois clubes, interessa analisar estes casos com frieza e de forma racional. Se o fizermos, é muito fácil perceber porque razão, quando têm hipóteses de escolher, os jogadores preferem o FC Porto em detrimento do SLB.

Em primeiro lugar é uma questão do prestigio que os dois clubes têm no Mundo. Por mais voltas que se dê, por mais manipulações jornalísticas que se façam, nas últimas duas décadas não há comparação possível entre o desempenho e conquistas internacionais de “águias” e “dragões. Aliás, é preciso recuar à década de 60 para se encontrar um “grande Benfica”, o que significa que só os pais, ou avós, dos actuais jogadores terão visto a actuar a equipa onde pontificava Eusébio. O mito de que há jogadores estrangeiros que sonham jogar no Benfica, não passa disso mesmo: um mito.

Depois há as perspectivas de valorização do próprio jogador. Conforme Jorge Maia escreveu em ‘O Jogo’, “temos de convir que é apenas normal que um jogador prefira jogar no tetracampeão português quando a alternativa é o terceiro classificado, que prefira ter a oportunidade de disputar a Liga dos Campeões em vez da Liga Europa e que opte pela oportunidade de actuar num dos clubes europeus que mais valorizam os seus activos em vez de jogar num clube valorizado especialmente pelo seu passado”.

Last but not the least, o carcanhol. Um dos slogans propagandeados pela actual direcção benfiquista é o pseudo equilíbrio financeiro e que o SLB não precisa de vender jogadores. Isto até pode ser verdade, mas só enquanto houver Bancos que emprestem dinheiro para tapar os buracos de exploração (vamos ver até quando). Contudo, o que estes casos demonstraram não é a apregoada saúde financeira, mas sim uma enorme debilidade económica na hora de discutir salários, valores de passes e formas de pagamento. Ora, como há muito deixou de haver jogadores a jogarem por amor à camisola...

Em resumo, prestigio, perspectivas de valorização e, principalmente, capacidade financeira, são estes aspectos que aos olhos dos jogadores e respectivos clubes marcam a diferença actual entre o FC Porto e o SLB. O resto é folclore.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Razia de lesões

«Jesualdo Ferreira vai ter de improvisar para o jogo de apresentação aos sócios e adeptos do F.C. Porto. O técnico dos azuis e brancos não tem nenhum dos três laterais direitos disponíveis e Tomás Costa será adaptado ao lugar na partida contra o Mónaco.
(...)
Jorge Fucile, Miguel Lopes, Sapunaru, Farías, Orlando Sá e Rodriguez continuam afastados dos trabalhos do restante plantel. Os dois primeiros ainda subiram ao relvado na parte final do apronto mas limitaram-se a correr em ritmo lento. Todos eles, ao que tudo indica, estão fora de combate para o duelo com o Mónaco.»
in Maisfutebol, 17/07/2009


Ainda agora começou a época (treinos) e já há seis lesionados. É certo que dois deles - Miguel Lopes e Orlando Sá - ainda estão a recuperar de lesões/operações da época passada, mas também é verdade que nos restantes quatro já lá estão dois clientes habituais do departamento médico: Sapunaru e Fucile.

Os 15M do Lyon valem menos que os do Milan

"Não há a mínima abertura para rever as condições do negócio. É inaceitável pensar-se que vamos admitir um empréstimo quando o próprio médico do Milan disse que o problema nos dentes não era impeditivo do jogador continuar a jogar. Ou querem o Cissokho e o negócio faz-se por 15 milhões ou não querem o jogador e não há problema nenhum porque não fui que o quis vender. Não há outra solução. Se o Milan vier com a proposta que foi acordada no início, podemos pensar vendê-lo. Menos um euro do que isso, então o Cissokho não sai do F.C. Porto."
Pinto da Costa, 24/06/2009


"Responsáveis da direcção do Lyon vão fazer uma nova proposta hoje. Ligaram ontem a perguntar se podiam reunir-se connosco para concretizar a intenção. Não têm acordo com o jogador e se oferecerem 15 milhões o Cissokho não sai"
Pinto da Costa, 17/07/2009


Pelos vistos, o Pinto da Costa está disposto a esticar a corda para sacar mais uns milhões ao Lyon. Espero que consiga, mas também não me importo se os franceses desistirem e o Cissokho continuar de dragão ao peito.
Quem não deve estar a achar muita graça é o jogador e o seu empresário.
Esta novela promete...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Fiquei com apetite de ver mais!


O FCP estreou-se ontem de forma pública. Foi um bom treino, com uma primeira parte muito entretida e com alguns jogadores a mostrar um bom nível neste arranque da temporada.

Afinal, o FCP apresentou-se segundo o modelo tradicional de JF e a equipa movimentou-se muito bem.

Belluschi foi uma boa surpresa: mostrou-se bom de bola, com boa movimentação e muito bem a explorar os espaços abertos junto da área do Leixões.

Tivemos bons momentos em que a bola circulou muito bem e a que só faltou o passe mais certeiro e de ruptura, o um contra um (ou dois) mais eficaz, ou uma maior espontaneidade no momento do remate.

Hulk, muito activo, foi um perigo permanente, Varela esteve muito em jogo mas nem sempre foi suficientemente acutilante no momento do remate ou no duelo que travou com Laranjeiro. Prometeu e parece ser reforço.
Destaco ainda, Fernando, a um nível já muito elevado, a jogar mais à frente do que é costume colaborando de forma decisiva no encolhimento do Leixões, e o empenhamento de Mariano que fez parte do trio que jogou os 90 minutos.

Gostei de Maicon e Cissokho que esteve muito activo: acho que vamos sentir a sua falta se sair. Nuno André Coelho esteve irregular e perdeu alguns passes em zona proibida. Como defesa direito limitou-se a cumprir, sem grandes rasgos. A rever.

Na segunda parte estivemos mais intermitentes, mais cansados e o jogo não fluiu tão bem, nomeadamente porque o meio campo esteve menos assertivo, um pouco também por mérito do Leixões que subiu um pouco no terreno e foi capaz de cortar melhor as linhas de passe.

Apesar disso, tivemos mais oportunidades de golo que na primeira parte, porque o jogo foi mais partido e o Leixões não foi capaz de jogar com igual intensidade em todo o campo e abriu mais a sua linha defensiva.

O novo reforço, Álvaro Pereira, pareceu-me bom a atacar. Falta ver um jogo em que desempenhe a tempo inteiro o lugar de defesa esquerdo.

Uma última palavra para a exibição do árbitro que esteve mal e frequentemente mal auxiliado, e para Raul Meireles que teve uma entrada perigosa e protestou de forma excessiva a marcação da grande penalidade, que constituiu um dos erros grosseiros cometidos pelo árbitro que teve uma actuação ao estilo Robin dos Bosques.

O sistema e o modelo de jogo continuam à boa maneira de JF. Como diria o grande Octávio mais importante que a táctica é a dinâmica da equipa. E, ontem, quer o sistema quer a dinâmica não pareceram incompatíveis, ora quando circulámos mais a bola, ora quando contra-atacámos ou jogamos mais no controlo do jogo.

Boa estreia e boas perspectivas. Gostei!

O Adepto Bairrista e o Adepto da "Marca"


1. Quando, na Final da Taça de Portugal da última época, as equipas subiram ao relvado, cerca de 10.000 espectadores equipavam de amarelo, a cor do Paços de Ferreira, o nosso adversário naquela partida. De onde vinha tanta gente? De Monção? De Miranda do Douro? De Vila Real de Santo António? A questão parece descabida e a resposta é evidente: mas, claro que vinham de Paços de Ferreira!

E qual a razão pela qual esses adeptos do Paços viriam todos da sua terra? Bolas, mais uma pergunta estúpida! Será assim tão estúpida? Experimente-se então perguntar agora de onde vinham os cerca de 25.000 portistas presentes no Jamor. Sem dúvida que a maioria viria do Grande Porto mas, com a Final nos arredores de Lisboa, decerto muito portista da capital ali estaria presente.

2. Há uns 10 anos fiquei meio estupefacto quando, seguindo pela televisão um jogo do FC Porto em Faro, reparei num cartaz que dizia “Dragões de Olhão”. Foi aí que comecei a reparar no crescente fenómeno dos portistas da “província”, para roubar um termo tão caro ao vocabulário lisboeta. O F.C.P. parecia estar também a ser acometido por um fenómeno que há muito existia em Benfica e Sporting. Todos nós conhecemos (de “ginjeira”, diria eu) os famigerados benfiquistas do Norte, particularmente do Minho e dos desertos futebolísticos do planalto transmontano, aliás a espécie mais aferroada de vermelhuscos. A incidência do lagartus nortensis vulgaris (Linnaeus) é muito menor, estando a espécie claramente em vias de extinção, provavelmente sendo até já uma espécie protegida (não está ainda determinado o impacto do CO2 de origem humana na rápida diminuição desta espécie zoológica).

3. A origem dos fenómenos citados em 2. está nos períodos de êxito, mais ou menos alargados, de cada um dos clubes. O portuense médio, adepto do F.C. Porto, tê-lo-ia também sido mesmo que o seu clube não tivesse atingido o fulgor dos últimos 25 a 30 anos. O mesmo se diga do bom lisboeta adepto do Benfica ou do Sporting em relação aos períodos dourados daqueles emblemas. Mas o êxito dos três clubes fez transbordar a respectiva massa adepta para fora do seu habitat natural. De hoje em dia já há, pelos vistos, mais portistas que belenenses em Lisboa. E o número de benfiquistas assumidos terá de novo aumentado na Invicta com o naufrágio do Boavista, embarcação onde muitos deles se tinham refugiado e da qual eram bem capazes de constituir a maioria da tripulação (possível explicação para o escasso amor clubista recentemente revelado por aquelas bandas).

4. Temos assim, e para nos centrarmos agora no F.C. Porto, duas espécies relevantes e distintas de adeptos: o adepto bairrista e o adepto a que poderia chamar-se “da marca” (nestes últimos não incluo, obviamente, os lisboetas com raízes no Porto ou no Norte, eles também adeptos bairristas em sentido lato). Este fenómeno vem tornar obsoletas, pelo menos no campo futebolístico, as proclamações contra os “mouros” e os gritos de “nós só queremos Lisboa a arder”, pois do outro lado da porta de Martim Moniz pode estar um “mouro” de cachecol azul-branco ao pescoço. Mas se o alargamento da base de adeptos só pode ser bem-vindo (e já haverá mais portistas que sportinguistas no país inteiro) já os assomos de alguns desses adeptos da marca se tornam, aos olhos dos portistas de sempre e de todas as estações, por vezes incomodativos. É que isto de ouvir “lições de portismo”, ou até de moral, de correligionários recém-convertidos não cai mesmo nada bem. É que muita dessa gente, como diria um amigo meu, se tivesse nascido vinte anos mais cedo, seria possivelmente adepta do Benfica ou do Sporting, e o portista bairrista acha que não tem de aturar esses “entusiasmos”. Essa é, contudo a atitude típica de todos os recém-convertidos: regra geral, a sua militância é mais radical. Mas o “núcleo duro” do F.C. Porto, aquele de onde o clube nasceu, onde sempre foi buscar os seus dirigentes, só pode ser o dos adeptos bairristas. Sem estes, o clube não existiria; com os outros, tornou-se apenas maior. Tornou-se também melhor?

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Falcão voa para o Dragão




"Está feito. Depois de quase duas semanas de avanços e recuos, Falcao está garantido como reforço do FC Porto e deve viajar durante o dia de hoje para Portugal, apresentando-se nos trabalhos de pré-temporada que decorrem no Olival sob a orientação de Jesualdo Ferreira já amanhã.

O acordo foi alcançado ontem à noite na Argentina, madrugada em Portugal, e a determinação do avançado de jogar no FC Porto foi decisiva para a conclusão de um negócio que se complicou inesperadamente."


Depois dos diversos "wishful thinkings" dos pasquins lisboetas, cá está, para variar, o mais recente reforço para o ataque do FC Porto, aquele que será um provável substituto de Lisandro Lopez. Trata-se do ex-ponta-de-lança do River Plate, Radamel Falcão, caracterizado assim há 2 anos atrás por Luís Freitas Lobo, o especialista em prospecção de craques cá do burgo: “goleador colombiano já crescido na cantera galina. É um pouco parecido com Angel, outro avançado centro colombiano que também passou pelo River, na forma de jogar. Gosta de recuar fugindo às marcações, procurar tabelas com companheiros e procurar depois espaços livres de desmarcação na área, rematando sempre que possível. Não é muito forte fisicamente (1.75m e 78kg) mas nunca pára de lutar durante os 90 minutos.”
O FC Porto comprou 60% do passe do jogador por 3,9 milhões de euros que assinou contrato válido para as próximas 4 épocas, conforme comunicado da SAD à CMVM.