domingo, 30 de outubro de 2016

NES não é um treinador à Porto

Nuno Espírito Santo a "explicar" o que é um jogador à Porto


«Se o pecado de João Pinheiro [árbitro do Vitória Setúbal x FC Porto] tivesse sido a grande penalidade não assinalada ainda se podia achar que tinha sido um caso sem exemplo, mas quem viu o jogo sabe bem a tendência do sr. árbitro, tanto a marcar faltas a todo o contacto dos jogadores do FC Porto e a aplicar um "critério largo" quando era o contacto era provocado pelo adversário. E depois temos os descontos, um assunto que por si só merecia um estudo, que neste jogo ficaram muito longe do tempo efetivamente perdido, tanto na primeira como na segunda parte
Francisco J. Marques, newsletter ‘Dragões Diário’, 30-10-2016


“quem viu o jogo sabe bem a tendência do sr. árbitro”

Sabe? Será que toda a gente que viu o jogo sabe?

No final do Vitória Setúbal x FC Porto, em declarações na flash interview, quando questionado sobre se o FC Porto tinha queixas da arbitragem, Nuno Espírito Santo (NES) afirmou o seguinte:

De onde estou não consigo analisar totalmente os lances, mas neste momento não vou olhar para isso

Não viu bem os lances, não percebeu a tendência da arbitragem (sempre contra o FC Porto), nem tem nada a dizer sobre o desconto (e que desconto!) de tempo dado pelo internacional proveta. Mas que gajo manso! Que cobardolas!

Ao contrário do treinador “ceguinho”, os jogadores FC Porto, quer os que estiveram sentados no banco de suplentes, quer os que andaram a correr lá dentro, viram bem e sentiram na pele a injustiça de mais uma roubalheira. Por isso, mal o jogo acabou, enquanto o seu treinador se escapulia rapidamente para o balneário, os jogadores foram manifestar a sua justa indignação junto do trio de arbitragem.

Jogadores do FC Porto a protestar com o árbitro João Pinheiro (fonte: O JOGO)

Jogadores do FC Porto a protestar com o árbitro João Pinheiro (fonte: Record)

Em vez de encher a boca com o slogan “Somos Porto”, ou pretender dar aulas, inspiradas em manuais de auto-ajuda, sobre o conceito “jogador à Porto”, alguém devia explicar a Nuno Espírito Santo o que é ser treinador à Porto.

Ser treinador à Porto, algo que Nuno Espírito Santo está muito longe de ser, é isto…


… ou isto…


Percebido?

Espero não voltar a ver, nunca mais, os jogadores do FC Porto a serem abandonados pelo seu treinador e a enfrentarem, sozinhos, juntamente com os adeptos nas bancadas, este Sistema vergonhoso que, sempre que pode, nos prejudica.

sábado, 29 de outubro de 2016

Assim dói...


Tantas e tantas vezes terá o FCP jogado pior do que hoje em Setúbal e vencido...

Foi pena. A equipa estava a crescer e principalmente a ganhar confiança, que é precisamente aquilo que o nosso adversário maior tem para dar e vender, fruto não só do seu próprio trabalho mas, e talvez principalmente, da tranquilidade de saber que nunca será prejudicado por uma arbitragem.

Já o nosso FCP, pelo contrário, voltou a ver o seu caminho dificultado por uma mistura de erros próprios e alheios.
Óliver, autor de uma péssima exibição esta noite, deveria ter tocado para André Silva naquela que foi a maior oportunidade de toda a partida. E também aquele (muito) jovem árbitro que alguém, lá em cima, achou que estaria a altura de um jogo tão importante, errou ao não assinalar grande penalidade, a 5 minutos do fim, num toque sobre o pé esquerdo de Otávio. Não terá sido como muita intensidade mas não existem "meios-penalties": estes ou o são ou não.

Porém, como esta semana Pinto da Costa surpreendeu-nos a todos ao afirmar que devemos calarmo-nos sobre o "caso dos vouchers", pois "são coisas que não ajudam o futebol", o melhor mesmo é esperar para ver a reacção oficial do nosso clube pelos seus meios habituais: facebook e afins.

Há melhorias indesmentíveis em relação ao início da época, quanto mais não seja na vertente defensiva (quarto jogo sem sofrer golos) mas também é verdade que NES errou hoje nos seguintes aspectos:

- Corona, tendo jogado bem na última partida e estando recuperado, devia ter sido titular.
Se a ideia era fazer regressar Otávio, então só poderia ser Herrera a sair;

- Diogo Jota estava a ser o elemento mais perigoso e deveria ter ficado em campo para os últimos minutos do tudo ou nada;

- Rúben Neves nunca deveria ter entrado. Se não é opção para os jogos mais fáceis, não era num jogo a "queimar" que iria fazer a diferença.

E eis-nos numa situação muito semelhante a de há duas épocas: na próxima jornada teremos um jogo já absolutamente decisivo e ainda o campeonato vai no seu início.
Se não ganharmos ao slb no Domingo, ficaremos numa posição delicadíssima.
Se perdermos, então a liga fica mesmo praticamente arrumada.

O nosso adversário directo já nem saberá muito bem como ganha toda e qualquer partida disputada em Portugal, tal a anormal facilidade com que o faz. Um dia isto vai terminar pois, face ao plantel que possui, a situação presente não tem qualquer lógica.

Também Mourinho ganhava tudo e mais alguma, até que um dia deixou de saber vencer mesmo quando o merecia...


Pinto da Costa e a hora certa para André Silva

Pinto da Costa ao lado de Julen Lopetegui (foto: Rui Silva / ASpress/Global Imagens)

«O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa, considerou que André Silva deveria ter entrado na equipa principal dos 'dragões' mais cedo, e que tal só não aconteceu por causa das decisões 'técnicas' de Julen Lopetegui.
O André foi formado no FC Porto, treinava-se muitas vezes com os seniores, e na época passada fez vários jogos pela equipa principal. Penso que foi mal aproveitado, devia ter sido lançado mais cedo. São opções técnicas nas quais não interfiro, mas não me surpreende absolutamente nada”»


O mesmo Pinto da Costa, 10 meses antes…

«O dirigente desvalorizou ainda os assobios do público a Lopetegui pelo facto de ter o jovem ponta de lança André Silva a aquecer e, à última, não entrar, recordando que o podem ver em ação no campo do Pedroso, em Vila Nova de Gaia, onde costuma alinhar pela equipa B, que lidera isolada a II Liga.
Tenho esperança em mais um jovem formado no clube e que vai atingir a equipa principal, mas quando for a hora certa, estiver preparado e o treinador entender que é o momento, não porque o público assobia ou deixa de assobiar”»


Sem comentários.

domingo, 23 de outubro de 2016

O "Jogar à Porto" de NES

Na conferência de imprensa que se seguiu ao triunfo por 3-0 sobre o Arouca, Nuno Espirito do Santo teve um gesto extremamente atípico num treinador de futebol de elite: falou de futebol, falou de treino, falou de táctica, falou de mentalidade. NES desligou o piloto automático habitual que faz com que cada conferência acabe quase sempre por ser um exercício de repetição da anterior e deixou plasmado, visualmente, o que ele entende por "Jogar à Porto". Um modelo onde o sistema, a táctica, o desenho em campo, tudo se reduza a um plano secundário face a um conjunto de valores partilhados pelo grupo. E sabem que mais? Tem toda a razão.

O "Jogar à Porto" é um conceito pintocostista, forjado na década de vitórias dos anos oitenta, que bebia directamente da radical mudança implementada na década anterior pelo "refundador" moral do clube, José Maria Pedroto. Pedroto - o mais brutal treinador da história do futebol luso - não era um inovador táctico como Guardiola nem era um motivador nato como Simeone nem um gestor de grupo privilegiado como foi (ou é?) José Mourinho. Era um pouco de tudo. Para o "Zé do Boné" jogar em 4-4-2 - a táctica habitual da época - não era um santo e senha mas também não era um condicionante. Jogou em 4-5-1, jogou em 4-2-4, jogou em 4-3-3 em muitas ocasiões da sua carreira. Porque os resultados eram quase sempre os mesmos? Porque o importante não era o desenho, era a atitude. Se algo defendeu Pedroto foi a criação de uma base forte no balneário, um espírito de coesão de equipa onde cada jogador sabia que tinha e devia confiar no colega, onde todos jogavam para todos - mesmo quando havia dandys do talento de um Oliveira - e que o importante era controlar onde se jogava - o espaço - e o ritmo a que se jogava - a bola - dentro de uma dinâmica grupal. Para Pedroto as linhas não existiam por si mesmas se não que eram tecidas no balneário, no treino, nas conversas com e entre os jogadores. Se um jogador estivesse preparado a dar a vida pelo colega em campo, a dar tudo pelo clube, então as probabilidades de êxito eram muito maiores. Claro que Pedroto não inventou nada. Quase todas as grandes equipas da história partiam dessa premissa mas no caso do Porto, um clube sem dinheiro para contratar estrelas e que dependia enormemente da formação e da prospecção em clubes vizinhos - de onde vinha o 80% do plantel quase sempre - essa realidade tornava-se cada vez mais importante. Para contrariar o "Sistema" e a qualidade dos planteis mais ricos dos clubes de Lisboa, o forjar desse "Jogar à Porto", tão bem interpretado por Rodolfo e João Pinto, por Octávio e André, por Jaime Magalhães e Frasco, durante esses quinze anos, assentou as sólidas base do êxito do clube mesmo quando Pedroto já não estava.


NES recuperou exactamente as mesmas expressões, a mesma atitude na formação do grupo. Ele conhece a casa. Ele viveu o que é "Jogar à Porto" mesmo na sua etapa já mais decadente onde os valores se foram perdendo por culpa de uma SAD com mais olhos que barriga que levaram o clube à situação financeira penosa onde se encontra. E portanto é natural que seja ele - e não Lopetegui ou Peseiro - a explicar algo que, no entanto, também Villas-Boas e Vitor Pereira fizeram durante três anos. A diferença? NES tem claramente material de pior qualidade para por a ideia em prática. Porque criar o pilar que é introduzir no jogador o "Jogar à Porto" é fundamental mas não suficiente. Não o é quando falta qualidade individual. Não o é quando o jogador sabe que daqui a oito meses nada disto lhe vai servir porque vai ser despachado pela SAD para tapar buracos. Não o é quando é o próprio jogador que está com a cabeça noutro lado. Esses problemas não os teve nunca Pedroto - que viveu outro mundo - e que agora minam o balneário. Porquê?
Porque foi a própria SAD do clube que em diversas ocasiões manifestou a evidência de que o jogador do FCP é-o apenas durante ciclos curtos. Foram eles que abandonaram a formação e o campo de recrutamento local - que permitiu que os Diogo Jota, Rafas e afins acabem noutro lado - em função de negócios aparentemente mais lucrativos mas que deixavam o balneário sem referências. Foram eles que procuraram satisfazer caprichos de treinador, agentes e comissionistas e esqueceram-se da necessidade de ter sempre lideres a passar a mensagem, nacionais ou estrangeiros. Porque olhando para Helton ou Sapunaru, para Lucho ou Hulk, está claro que não é preciso ser-se portuense para ser-se "Jogador à Porto". Mas hoje já nem isso sobra porque o importante é o tal ciclo que acabou num problema de muitos milhões e poucas soluções. Os balneários hoje não são os de antes nem o são os jogadores. André Silva é da casa. Ruben Neves também. Ambos querem ser jogador do Porto durante muito tempo mas ambos sabem que o clube os tentou vender num passado muito recente porque as contas são mais importantes que ter essa base de "Jogar á Porto". Com que motivação jogam se sabem que têm o destino marcado por decisões que não são suas. E que pode fazer um treinador que quer criar esse núcleo duro se os jogadores que escolhe para que façam parte do mesmo são provavelmente os primeiros com guia de marcha - juntem a esses dois Danilo, Layun e Herrera e podem fazer-se uma ideia de quem vai ser vendido em Junho para salvar as contas.

NES deu ontem uma lição que todos os portistas que cresceram com o clube nos últimos trinta anos sabem de memória. Que "Jogar à Porto" não pode ser nunca um espelho do que faz um Barcelona porque as nossas condições são e sempre foram diferentes. Que querer implementar um desenho táctico, um sistema de jogo, nunca pode ser a prioridade num clube que se fez grande com base noutros princípios e valores. NES tacticamente não é um treinador entusiasmante nem apresenta um futebol vistoso e provavelmente não tem sequer nível mínimo exigido para levar o FC Porto ao êxito. Mas sabe qual é a base a partir da qual se constroem os triunfos nesta instituição e é normal que ressalve esse processo, sobretudo quando, e é evidente, tem um grupo de jogadores novos e jovens, a maioria dos quais com o futuro já traçado antes de começar, que dificultam ainda mais o seu trabalho. Não tem a mesma matéria prima da esmagadora maioria dos treinadores do FC Porto pos-Pedroto e não tem culpa no cartório nesse aspecto. É de louvar que queira recuperar uma ideia e uma mensagem - pelo menos na teoria - e que procure criar este cordão de empatia com os adeptos que valorizam essa aproximação ao ADN do clube. No entanto, sabe ele e sabemos que nós que isso será sempre insuficiente se todo o trabalho de base for deitado borda fora para tapar erros de muitos anos. Porque se algo fez do FC Porto grande, no passado, foi a constância de uma ideia, esse "Jogar à Porto" que mais do que as vitórias em campo selaram para sempre a história deste clube.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

A brutal ascensão de André Silva

André Silva.
Neste marasmo absoluto de meses de competição, com uma equipa que joga como clube pequeno contra grandes e anões do futebol nacional e internacional, poucas noticias positivas há a celebrar. O defeso foi um desastre, os dois meses de pré-época a trabalhar em 4-3-3 foram atirados ao ar por um 4-4-2 que parte da premissa de que "primeiro não perdemos e depois já vemos se ganhamos" tão fiel ao espirito do seu treinador e salvo as aparições positivas de Otávio e Diogo Jota e as boas sensações, um ano mais, de Danilo e Layun, pouco há que acrescentar a um plantel que dista muito do nível de exigência de um FC Porto. Mas depois há André Silva.

O avançado portuense leva sete golos e três assistências em treze jogos. Não são números de Mário Jardel mas não estão demasiado longe. São apenas dois meses completos de competição (obviando os quatro golos em três jogos que já tem como internacional A) e aos 20 anos, André é já um dos avançados mais determinantes no futebol nacional, um seguro de vida para um clube que decidiu que depois de deixar sair Aboubakar a solução era contratar Depoitre caso André não estivesse a um nível que, francamente, não era supor estar. Estamos a falar do primeiro ano de sénior de um avançado que na época passada apenas começou a contar - e pouco - na segunda metade da época. Lopetegui foi assobiado por não o colocar em campo (blasfémia, e mais para quem não tinha tido medo com Ruben Neves e vinha dos escalões de formação) e Peseiro nunca soube muito bem o que fazer com ele. A brilhante exibição no Jamor, repleta de garra e magia levou-o inclusive a entrar na lista de muitos para o Europeu de França no lugar de Éder. Felizmente Fernando Santos manteve-se fiel a si mesmo. Felizmente para Éder, para Portugal e para o FC Porto que, provavelmente, teria ficado sem o avançado no defeso e hoje estaria a lutar com os Depoitres que por cá aterram. Obviando a lenga-lenga para dormir de que o clube podia ter vendido o avançado se quisesse - claro que sim - e que esse cenário não esteja demasiado distante num futuro próximo face ao estado desastroso das finanças desta gestão, o certo é que é dificil olhar para os números e para os jogos e esquecer-se que André está apenas a dar os primeiros passos. No entanto a sua frieza - o penalti em Bruges foi apenas mais um golpe de autoridade moral - e a sua progressão convidam a sonhar alto. Tem ainda muitos defeitos, sobretudo na recepção e controlo orientado, no jogo ao primeiro toque e no futebol de apoio. É um avançado de presença na área e de progressão vertical á base da potência, não da técnica. Sem os primeiros, dificilmente triunfará na elite mundial mas com vinte anos está muito bem a tempo de limar essas arestas no seu jogo. O que está claro - e que muitos pareciam duvidar no ano passado - é que André tem golo. Tem faro de golo, tem apetite de golo e tem tido a capacidade de desbloquear encontros graças aos seus golos, algo de que o Porto carecia profundamente.



Convém, sobretudo, ao pensar nestes dois primeiros meses de André Silva como titular indiscutível do ataque dos Dragões pensar no que fizeram os outros avançados que saltaram da formação á primeira equipa no passado. Ajuda a ter uma perspectiva real do seu crescimento.
Pensemos, por exemplo, em Hélder Postiga, lançado por Octávio Machado em 2001-02, que disputou um total de 41 jogos em todo o ano anotando 13 golos, nove deles na Liga (praticamente os mesmos que André tem em Outubro, cinco) e dois em Champions (os mesmos que tem André, contando em ambos casos a fase preliminar).
Pensemos, por exemplo, em Hugo Almeida, que em 2003-04 passa a contar finalmente para a primeira equipa depois de marcar, inclusive, na inauguração do Dragão, é emprestado em Janeiro porque nos sete jogos oficiais disputados não marca um só golo, um cenário que repetiria no ano seguinte, sendo que só em 2005/06 consegue o seu primeiro golo como profissional.
Pensemos, por exemplo, em Domingos Paciência, que em 1987/88, ano de todos os títulos menos a Taça dos Campeões Europeus - e portanto, ano de super-equipa - jogou doze jogos oficiais e marcou um só golo. No ano seguinte anotou seis em trinta e três e para superar a cifra que André Silva já tem esta época é preciso esperar á 1990/91, quando marca 31 golos em 44 jogos naquele que foi o seu quarto ano de profissional, tendo já 22 no Bilhete de Identidade.
E claro, pensemos no mito Fernando Gomes, que tal como André Silva se estreou na primeira equipa numa época de profunda crise desportiva, no ano 1975/75 marcou 18 golos na sua primeira temporada como profissional em vinte e oito jogos que disputou em todas as competições. Uma cifra quase triplica a de André com dois meses de competição mas que está perfeitamente ao seu alcance - faltam mais de seis meses para terminar o ano desportivo - e que explica bem, em perspectiva, onde pode chegar o jovem avançado. Aos pés do Bibota, nem mais nem menos.

André Silva não precisa de maior pressão. Já a tem toda. É o nove titular do FC Porto. E no entanto, com 20 anos e toda essa pressão - mais sendo consciente, porque seguramente o é, que a equipa depende dele para marcar porque Adrian e Depoitre não serão nunca alternativas lógicas - André tem sabido responder bem ás expectativas o que demonstra não só espirito goleador como alma de guerreiro. No meio de tanto cinzentismo, a sua brutal ascensão é a grande notícia que nos alegra o corpo e alma de dragões.

quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Uma vitória sofrida e que bem que soube!



Uma primeira parte sofrida. Não conseguimos reagir à pressão, aos duelos que reclamavam o confronto atlético e à alta rotação do adversário. Desorganizámo-nos e deixámos de ter bola e controlar. O golo saiu de um lance em que Layún hesitou demasiado. Ficou a ver a bola a passar. Mas, não foi só ele. Reagimos ao golo, fomos melhorando, conseguimos chegar à frente e ameaçar, mas o adversário também e com perigo. Poderíamos dizer que a melhoria aconteceu mas foi claramente insuficiente. O meio campo não conseguiu estabilizar e impor o ritmo e o trio atacante não foi bem servido nem teve força para mudar o estado das coisas. Há que rever os processos, nomeadamente quando jogámos com equipas de porte atlético superior e que apela aos duelos durinhos, durinhos. Sempre a bater. E com jogo directo de preferência.
Na segunda parte estivemos melhor. Subimos as linhas, estendemo-nos e ocupámos melhor os espaços e Danilo subiu muito de rendimento. Herrera não esteve bem e o Jota era engolido sistematicamente pelos adversários que fizeram da rudeza uma arma permanente. Otávio, embora tocado (foi muito castigado pelos adversários), ainda assim ia abrindo frechas no sector-defensivo do adversário. Foi, porém, com a entrada de Brahimi e de Corona e com o 4x3x3 bem aberto que passámos a dominar e a criar bastante perigo. Chegámos ao empate com um excelente golo de Layún e à vitória com uma grande penalidade muito bem conquistada por Corona e superiormente transformada por André Silva. Que bom é ganhar no fim.

A continuidade na Champions mantem-se aberta. Ainda bem. Nota-se que o espírito de grupo se fortaleceu muito na nossa equipa. E isso é bom. As vitórias ajudam e a equipa foi sempre muito apoiada pelos portistas presentes. Bonito. O árbitro usou um critério largo que favoreceu sempre os belgas. Teve a coragem de marcar a grande penalidade e ressarciu-se. Fez bem.

Tive a oportunidade de ver os miúdos na Youth League e gostei muito do que vi.

Os comentadores que ouvi no fim do jogo estavam tristes. Não pelo facto de ganharmos, obviamente, mas porque não esmagámos contra uma equipa menor. E estão preocupados. Ainda bem.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

Ricos tachos

Numa época (15/16) em que conseguiram «brilhantes» resultados (tanto desportivos como economico-financeiros), os administradores da FCP SAD levaram para casa 2 milhões de Euros, ou seja, em média uns 400mil euros cada um (ou 33mil euros por mês, o que já dá para comprar um bom carro todos os meses). Isto já não incluindo obviamente regalias várias de ajudas de custo (carros de luxo, viagens, comunicação etc) que estão enterradas em FSE; remuneração do FCP clube; e eventuais regalias menos óbvias que possam ser fruto da posição que ocupam no FCP.

E já na época anterior tinha sido igual. E na anterior a essa também.

Convenhamos que não é nada mau. Mas compreende-se, o dinheiro dá sempre jeito para eventualidades, como por ex, sei lá, aquando de separações ou divórcios não amigáveis.

Falando a sério, já falo neste ponto há muitos anos em artigos e comentários no RP: a remuneração fixa dos administradores da SAD é obscena, ainda por cima para quem diz estar no FCP por amor ao clube. Não devia ser nunca superior ao salário médio português (podendo a remuneração total ser muito mais alta em função de bónus de desempenho, isso acho bem). É mesmo uma afronta a imensos adeptos portistas que fazem grandes sacrifícios para poder seguir o FCP. Enfim, é preciso não ter vergonha na cara.

PS - O profissionalismo da SAD vê-se também em coisas como esta. 15 meses depois de eu ter escrito esse artigo e ter enviado um email à SAD (como se fosse preciso alguém de fora reparar numa coisa tão básica...) continua tudo exactamente na mesma, é impossível para um estrangeiro comprar na loja online, que só tem versão portuguesa e dá o mesmo erro na hora de preencher o # de telemóvel. Mas pronto, ainda bem que as receitas que se perdem de merchandising com isto não fazem falta nenhuma...

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

As lágrimas de Tinsley

Sábado, 15 de Outubro, Dragão Caixa.
A 2 segundos do fim do FC Porto x SL Benfica, com o resultado em 74-75, Brad Tinsley sofre falta e vai para a linha de lance livre.
Tudo se decidirá nestes dois lançamentos. Se entrarem os dois, o FC Porto ganha; se entrar apenas um, haverá prolongamento; se Tinsley falhar os dois, a vitória neste jogo será dos encarnados de Lisboa.

Brad Tinsley (fotos de José Lacerda)

Brad Tinsley falhou os dois lançamentos e, após o final do jogo, não se conteve e chorou. Os companheiros de equipa tentaram animá-lo, alguns adeptos gritaram pelo seu nome (“Brad Tinsley, olé!”), mas as lágrimas continuaram a cair pelo rosto do atleta norte-americano, que doou uma camisola oficial da temporada 2015/2016 ao IPO-Porto.

Pode haver quem, de uma forma simplista, aponte o dedo a Brad Tinsley e até o culpe por esta derrota. Sim, Brad Tinsley falhou naquele momento mas, no resto do jogo, foi “só” o jogador do FC Porto que marcou mais pontos (18) e o jogador das duas equipas com mais assistências (8) e que provocou mais faltas cometidas pelos jogadores adversários (7).

Mais do que um bom jogador de basquetebol, Brad Tinsley é um ser humano especial. Chorou porque queria ganhar, queria que a sua (nossa) equipa ganhasse e, num jogo contra o principal rival, queria muito oferecer a vitória aos adeptos portistas que foram ao Dragão Caixa. Contudo, após um jogo muito intenso, Brad sentiu o peso da responsabilidade e falhou. Paciência, acontece aos melhores e Tinsley já provou ser um dos melhores e dos mais completos jogadores do campeonato português.

Força Brad, as tuas lágrimas, um misto e tristeza e raiva, foram lágrimas à Porto!
E foram, não tenho dúvidas, um prenúncio de (mais) vitórias.


P.S. De certa forma, neste jogo, Brad Tinsley foi vítima do desacerto dos seus companheiros de equipa Pedro Bastos e Jeffrey Xavier (fez mais turnovers do que pontos!), cujos fracos desempenhos “obrigaram” Moncho López a manter Tinsley em campo o jogo quase todo (35 minutos e 20 segundos). Por isso, é natural que Brad tenha chegado ao final do jogo física e mentalmente esgotado.

P.S.2 A equipa de basquetebol não pára. Na próxima quarta-feira, o FC Porto inicia a sua participação na FIBA Europe Cup 2016/17 recebendo, às 19:00, o Antwerp Giants para o jogo 1 da fase de grupos. Era bonito que o Dragão Caixa estivesse composto.

domingo, 16 de outubro de 2016

A SAD fez 75 milhões em vendas!

O JOGO é o único jornal desportivo que eu compro, o que faço, com alguma frequência, aos fins-de-semana.
De há uns meses para cá, a edição de domingo de O JOGO sofreu diversas alterações e passou a incluir crónicas de um conjunto alargado de comentadores.

Comentadores de O JOGO (edição de 16-10-2016)

Um dos comentadores da edição de domingo de O JOGO é Manuel Queiroz, um jornalista Portista, que leio desde os seus tempos do PÚBLICO (no século passado) e do qual destaquei vários artigos em posts publicados no ‘Reflexão Portista’ ao longo dos anos. Alguns exemplos:

O jornalismo vergado a interesses (7 de Março de 2009)
Matar o mensageiro (25 de Janeiro de 2010)
Recordando Pôncio Monteiro (16 de Abril de 2011)


Manuel Queiroz, que já esteve no “Index” de Pinto da Costa (penso que já não está), no início da sua crónica de hoje (com várias partes) faz uma referência às contas do FC Porto:

Manuel Queiroz na TVI
«O descalabro das contas do FC Porto – 58 milhões é uma brutalidade – teve o efeito, ao que parece, de colocar Pinto da Costa outra vez na torre de comando, de que verdadeiramente tinha saído nos últimos anos. Mas aqueles números vermelhos têm nomes – Casillas, Maxi, Quintero, Adrian Lopez, Bueno, Tello, Imbula, Lopetegui – que foram decisões de gestão contra as quais muita gente alertou. E até foi alvo de chacota por isso. Vê-se hoje: nem títulos, nem dinheiro. É um descontrolo total porque, se é verdade que a grande diferença teve a ver com as vendas de jogadores que não houve, parecia muito evidente já em janeiro. E ninguém tomou medidas e o resto da administração estava toda – saiu apenas Antero Henrique. Que teve muitas culpas, mas todos os contratos têm que ser assinados, pelo menos, por dois administradores…»


Neste seu texto, curto mas incisivo, particularmente por aquilo que é sugerido nas entrelinhas, Manuel Queiroz parece querer isentar Pinto da Costa da desastrosa gestão desportivo-financeira dos últimos anos. Pelo menos é essa a leitura que se pode fazer da frase “colocar Pinto da Costa outra vez na torre de comando, de que verdadeiramente tinha saído nos últimos anos”.
Bem, se Pinto da Costa, que é o presidente do Clube e da SAD, não é o primeiro culpado e o responsável máximo do que se passou nos últimos anos, quem foi? O porteiro?

Por outro lado, ao falar do descontrolo das contas da FC Porto SAD, Manuel Queiroz insiste na ideia, que já li/ouvi a muitos portistas, de que “a grande diferença teve a ver com as vendas de jogadores que não houve”.

“as vendas de jogadores que não houve”? Ó meus amigos, vamos lá ver se a gente se entende. No exercício 2015/2016, a FC Porto SAD registou mais de 75 milhões de euros (75.357.145 Euros) em vendas de passes de jogadores, as quais proporcionaram mais-valias superiores a 40 milhões de euros (40.222.955 Euros).
Se alguém tem dúvidas, consulte as páginas 68, 97 e 98 do Relatório e Contas Consolidado da FC Porto SAD, porque está lá tudo explicadinho.

O cenário é de tal forma negro, que se a FC Porto SAD tivesse feito o dobro em vendas de passes de jogadores, mantendo o mesmo rácio entre vendas e mais-valias, atingiria o valor estratosférico de 150 milhões de euros em vendas de jogadores, 80 milhões em mais-valias e continuaria a fechar o exercício 2015/2016 com um elevado prejuízo (cerca de 20 milhões de euros).

Para não nos andarmos a enganar a nós próprios, era bom que Portistas – jornalistas, comentadores ou meros adeptos – não induzissem outros Portistas em erro. De uma vez por todas, NÃO É VERDADE que, no período correspondente ao exercício 2015/2016, não tenha havido vendas significativas de passes de jogadores.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

95 milhões de euros…

Fernando Gomes durante a apresentação das contas 2015/16

No final da época [2015/16], tivemos solicitações de venda do Danilo, André Silva e Herrera, com valores em causa de 95 milhões de euros. A equipa técnica e administração entenderam que, num momento em que ainda não estava garantido o acesso direto à Liga dos Campeões, a venda seria um duro golpe no percurso desportivo desta época [2016/17]

Estas declarações foram feitas ontem de manhã, pelo administrador financeiro da FC Porto SAD, durante a apresentação das contas referentes ao exercício 2015/16.

95 milhões de euros? Ena, é (seria…) muita massa!
E, entre os adeptos portistas, houve logo quem tentasse que estas declarações de Fernando Gomes fossem interpretadas da seguinte forma:
O prejuízo (brutal) do exercício 2015/16 é consequência da FC Porto SAD não ter feito vendas porque, se a administração quisesse, bastava ter vendido três jogadores (Danilo, André Silva e Herrera, por 95 milhões) que até teria tido lucro.

Bastava ter vendido três jogadores? Pois…
Cada sócio ou adepto do FC Porto é livre de fazer as interpretações e leituras que quiser, mas vamos lá ver se a gente se entende: no período correspondente ao exercício 2015/16, a SAD alienou os direitos desportivos e económicos de vários jogadores.

De acordo com o Relatório e Contas Consolidado 2015/2016 (páginas 68, 97 e 98), os Proveitos com transações de passes de jogadores atingiram um total de 75.357.145 Euros e as Mais-valias com alienações de passes de jogadores superaram os 40 milhões de euros (40.222.955 Euros).

«Em 30 de junho de 2016 a rubrica “Mais-valias de alienações de passes de jogadores” respeita essencialmente à alienação dos direitos desportivos e económicos do Alex Sandro (21.362.880 Euros). Maicon (9.093.100 Euros) e Imbula (3.867.346 Euros), entre outros.», (Nota 27 do Relatório e Contas Consolidado 2015/2016, página 97).

75 milhões em vendas de passes de jogadores.
40 milhões em mais-valias.
E, mesmo assim, 58 milhões de prejuízo!

Ou seja, apesar da FC Porto SAD ter feito várias vendas e de valor bastante elevado, não chegou.
E por que razão não chegou?
Porque, nos últimos anos, particularmente nos dois exercícios mais recentes - 2014/15 e 2015/16 -, esta administração (já com este administrador financeiro) tomou decisões que fizeram os custos da FC Porto SAD dispararem para valores desmesurados e incomportáveis para a realidade do futebol português.

Salários versus Proveitos (O JOGO, 13-10-2016)

E agora?
Agora, a mesma administração da FC Porto SAD, as mesmas pessoas que colocaram os custos com o plantel principal na fasquia dos 100 milhões de euros, dos quais 75 milhões são salários, falam em “momento zero” e dizem que, nos próximos três anos, pretendem que a massa salarial desça para os 55 milhões de euros.

Mesmo que haja essa intenção (desculpem mas, perante o passado recente, permitam-me duvidar), o problema é se a equipa principal de futebol continuar neste ciclo de derrotas (já são três anos sem ganhar nada), o que obrigará (?) a mais fugas para a frente.

Quem vier depois…

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Panorama negro

Demonstrações de Resultados (fonte: Comunicado da FCP SAD - Resultados Consolidados 2015/2016)

Resultado Líquido Consolidado negativo em 58.411m€.

Proveitos Operacionais, excluindo proveitos com passes, reduzem-se em 17.778m€.

Custos operacionais, excluindo custos com passes de jogadores, crescem 13%, equivalente a 14.091m€.

O passivo total atinge os 349.181m€, o que representa um aumento de 73.049m€ face a 30 de junho de 2015.

Estes são alguns dos destaques apresentados no comunicado enviado hoje pela FC Porto SAD à CMVM, referente aos Resultados Consolidados 2015/2016.

Antes de uma análise detalhada às contas e à situação financeira do FC Porto (a qual carece de mais informação e tempo), o que já se pode dizer é que estes Resultados Consolidados são péssimos, os piores de sempre desde que foi criada a SAD (em 1997) e os piores de sempre da história centenária do Futebol Clube do Porto.

Custos Operacionais excluindo passes (fonte: Comunicado da FCP SAD - Resultados Consolidados 2015/2016)

O panorama é negro, os custos operacionais estão descontrolados e, no mínimo, exige-se uma explicação cabal da Administração da FC Porto SAD, bem como, dos responsáveis do principal acionista da SAD, que é o Futebol Clube do Porto.

domingo, 9 de outubro de 2016

Mais uma para o basket Portista

Depois de termos terminado a época passada com a conquista do campeonato nacional…

FC Porto campeão nacional 2015/16

… arrancamos a época 2016/17 (competições nacionais) com a conquista de mais uma taça (uma Supertaça!) para o Museu.

FC Porto vencedor da Supertaça 2016/17

E, ainda por cima, contra o grande rival. Isto é bom (é óptimo!) e qualquer dia a malta habitua-se…

Nota importante: O dinheiro não abunda, mas trabalha-se bem no Basquetebol Portista.


domingo, 2 de outubro de 2016

Jota, Diogo Jota!

Num terreno sempre difícil, construímos um bom resultado, num jogo em que dominámos, marcámos quatro golos e estivemos bastante bem no sector defensivo. O desempenho individual foi bom e durou os 90 minutos do jogo. Nas entradas em jogo que tinha cumprido na condição de suplente, Jota demonstrou que tem um registo que poderia ser muito útil porque é rápido, atrevido, forte na desmarcação e vai descaradamente para cima deles. Que belo jogo fez. Prometia mas excedeu todas as expectativas. André Silva fez uma excelente exibição e não poupou esforços: alto ritmo, muito suor e um quebra-cabeças permanente para os seus marcadores. A defesa exibiu-se em bom nível. Faz bem NES em insistir neste quarteto. Danilo esteve muito bem (grande jogatina) e todos os demais construíram a melhor exibição do FCP nesta época. Muito doutor da bola associou imediata e prioritariamente a goleada à péssima exibição do Nacional. Obviamente que haverá uma relação entre o mais do FCP e o menos do Nacional, mas foi um excelente desempenho por muito que desacreditem o desempenho do Nacional e relativizem o nosso mérito. Uma alegria é uma alegria e esta veio mesmo a calhar.

O FCP precisava e os sócios e adeptos mereciam. Queremos mais. Mais nada!