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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Quem te viu e quem te vê

Disse aos jogadores que esta época acabou. E agora têm seis jogos até ao final da época, de pré-época, para mostrar quem tem caráter e valor para jogar no FC Porto

Há jogadores que não estão no FC Porto e que farão parte do plantel da próxima época, alguns emprestados, como é o caso do Rafa e do Otávio (...) O Josué é outro dos casos e também vai regressar

dar condições e motivação para que os jovens adiram ao futebol e ao FC Porto e tenham condições para chegar mais cedo à equipa principal (...) e não ter jogadores que, quando entram, perguntam qual é a porta de saída

Sabe quem é o Campaña? Foi um dos que acreditei que era jogador para o FC Porto, mas que nunca tinha visto...

Estas declarações foram feitas por Pinto da Costa, numa entrevista ao Porto Canal no dia 7 de abril, em que confessou ter-se sentido envergonhado com exibições da equipa e anunciou diversas mudanças para a época 2016/17.

Quatro meses depois (naquela que foi a pré-época mais longa de sempre...), comecemos, então, pelo caso de Rafa Soares.
Rafa Soares, capa de O JOGO de 27-06-2016

Bem, não só Rafa Soares não faz parte do plantel 2016/17 (foi mais uma vez emprestado) como, para a sua posição (lateral-esquerdo), a SAD presidida por Pinto da Costa gastou cerca de 13 milhões de euros (!) em dois jogadores: exerceu a opção de compra do passe do mexicano Layún e contratatou o brasileiro Alex Telles.

Outro jogador da formação portista que, tal como Rafa, Pinto da Costa anunciou que iria regressar para fazer parte do plantel 2016/17 é Josué. Na realidade, faz parte é do lote de proscritos que estão a treinar com a equipa B.

Quanto à anunciada aposta em jogadores da equipa B, depois da categoria demonstrada por vários deles na época passada e que culminou com a conquista do campeonato da II Liga, qual é o ponto da situação?

Plantel 2016/17, capa de O JOGO de 20-07-2016

Na realidade, no dia em que arranca o campeonato, nem o plantel é curto, nem há novos jogadores da equipa B a integrar o plantel principal.


«A pouco mais de uma semana do arranque da pré-temporada, Pinto da Costa confirma, ao JN, que o F. C. Porto persegue reforços para a defesa e o ataque, apesar de já ter contratado Felipe, central do Corinthians.
Estou convencido que vamos ter mais alguém. É prioritário ter mais um central e um ponta de lança”»

Um mês depois (em 19-07-2016)...

Ponta-de-lança, capa de O JOGO, de 19-07-2016

Com a "ajuda" do amigo Luciano D'Onofrio, à última da hora lá chegou o desejado ponta-de-lança, o qual, para além de não poder jogar no importantíssimo Play-off da Liga dos Campeões, apenas participou em 2 ou 3 treinos dos mais de 50 feitos pelos companheiros de equipa nesta pré-temporada.

Quanto à outra prioridade identificada por Pinto da Costa...

Alex, capa de O JOGO de 04-08-2016

... até agora nada (nem Alex, nem Boly, nem nenhum outro).

Revendo o "filme" desta pré-temporada e cruzando-o com as afirmações de Pinto da Costa, é com muita pena que cito um conhecido ditado (expressão) popular: quem te viu, quem te vê.


P.S. Apesar dos avanços, recuos, "certezas", indefinições e muitas vicissitudes que encheram esta pré-temporada do FC Porto, a expectativa para o jogo de logo à noite é que, obviamente, a equipa com o maior orçamento (de longe) entre no campeonato com o pé direito e traga uma vitória de Vila do Conde.

domingo, 31 de julho de 2016

Novo ano, mesmos vicios

O FC Porto está a poucos dias de começar a época de forma oficial. Os fantasmas do ano passado continuam todos bem presentes. Os vislumbres de um novo ciclo bem distantes. As responsabilidades pertencem aos mesmos. Os rivais mais directos na luta pelo título mexeram-se mais e melhor no mercado e sobretudo antes da buzina final, dando aos seus respectivos treinadores - que já têm o trabalho feito - uma importante vantagem. Nada impede o FC Porto de concretizar negócios antes do 31 de Agosto para colmatar as ainda muitas lacunas do plantel mas Nuno terá sempre a desvantagem de ter passado uma pré-época mais preocupado em descartar do que a construir.


Não se pode começar um projecto ganhador desta forma. Pode-se ganhar, sim, mas um projecto com pés e cabeça é muito mais difícil. Nuno Espirito Santo já devia saber o que o esperava mas passar três semanas a trabalhar numa espécie de Operação Triunfo Dragão em que todos os dias há candidatos á expulsão deixa muito pouco tempo para definir uma estrutura sólida, um onze base, um conjunto de ideias e mecanismos de jogo, enfim, tudo aquilo para que uma pré-época realmente serve. A finais de Julho Nuno entendeu que Quintero, Josué e Hernani não faziam parte dos seus planos. Decisões que não carecem de lógica mas que, conhecendo o passado dos jogadores, também não surpreendem. Porque estiveram então vinte dias em trabalhos? Porque Nuno sabe que vêm alternativas ou porque preferiu o que já lá tinha. Porque não os estudou a fundo antes de começar a pré-época ou porque o desiludiram nessas semanas de trabalho? Nunca o saberemos. O certo é que do FC Porto 2016/17 temos ouvido sobretudo noticias de empréstimos e empréstimos. Vendas? Escassas, muito escassas. Contratações? A conta gotas e sem impacto real no plantel.
Felipe já demonstrou que não é "o" defesa central que o FC Porto precisa. Pode ser um bom complemento para a "dupla" de centrais de Nuno mas precisa de uma referência ao lado. Que não é Marcano. Que nunca será Indi. Mas ambos ainda cá estão e Nuno tem de trabalhar com o refugo de erros passados sem poder ter tempo para preparar o futuro. Assim é complicado.



João Carlos Teixeira foi o exemplo de uma boa iniciativa de mercado, um jogador de grande potencial, castigado pelas lesões, mas com muito futebol nos pés. Um negócio com tudo para dar certo mas é ele a solução para assumir já a titularidade do posto criativo do meio-campo? É esse o plano de Nuno ou apenas uma alternativa momentânea, á espera do que passe (a 30 de Julho) no mercado nas próximas semanas. Otávio, André André, Ruben, Danilo são outros quatro jogadores para seis lugares e ainda há os casos Evandro, Herrera, todos sem solução aparente, com vendas prometidas que não se cumprem e overbooking de estilos que não permitem resolver problemas mais sérios. Rafa Silva está prometido há um ano na cabeça de muitos mas o Braga, que sempre se lucrou dos negócios do Porto muito ao contrário do que passa connosco, continua longe e não é propriamente o "messias" que vai resolver o desastre que é o jogo dos extremos do Porto onde Brahimi continua com a cabeça noutro lado mas o contrato depositado no Porto e Corona vai crescendo mas sem uma alternativa que lhe pressione a dar tudo sempre como jogadores do seu perfil exigem. Com Varela adaptado a lateral - Maxi, Telles, Layun e Varela são jogadores de um perfil similar competitivo mas há uma clara aposta em laterais ofensivos o que é um risco quando sabemos que a tal "dupla de centrais" não existe ainda a não ser no papel - e as jovens promessas da formação despachadas uma por uma para mais um ano de exílio desportivo, a quem compete fazer sombra ao jogo ofensivo pelas bandas quando a bola está quase a rolar? E claro, o busílis da questão continua na frente. André Silva terá de crescer a passos forçados, está visto, mas quer o Porto atacar o título com o jovem avançado e Aboubakar em solitário, confirmadas que estão as saídas esperadas e lógicas dos reforços de inverno que nada acrescentaram? Duas semanas para a bola rolar e os cromos, esses, são os mesmos. E porquê?

Em ano de torneio de selecções é normal que os principais negócios, os que fazem mover o dinheiro, se atrasem porque os próprios jogadores voltam mais tarde de férias e os clubes pensam a mais longo prazo. Mas a verdade é que salvo o negócio Pogba, praticamente fechado, quase todos os clubes já se mexeram no mercado e bem. Menos o Porto. Não saiu quem era previsto sair. Não entrou quem era necessário entrar. O clube está a ter problemas sérios em vender. Não surpreende. Há três factores chave.
O primeiro e mais evidente é a fraca qualidade do material. Vender um Aboubakar, um Herrera ou um Brahimi não é o mesmo que vender um Falcao, James ou Moutinho. Por outro lado o passado recente convida muitos clubes á reflexão. O Porto era uma referência mundial porque vendia caro mas quem vendia triunfava. Ultimamente isso não tem acontecido. O ano de Danilo foi para esquecer, o de Alex Sandro cinzento e o de Jackson sem classificação possível. Os clubes agora pensam duas vezes, não vão comprar "gato por lebre" e há quem comece mesmo, lá fora, a falar no Benfica como referência porque o Porto vende jogadores que "só funcionam no Porto". Isso é o pior que pode passar a um clube eminentemente vendedor. E claro, o terceiro ponto é o da necessidade. Todos os clubes europeus que vêm pescar ao Dragão sabem da nossa situação financeira e sabem que não estamos em condições de exigir muito. Vender é urgente e necessário e de aí nunca sai bom negócio. Corremos inclusive o risco de que não saía sequer negócio nenhum e que afinal os Herreras por quem pedimos X acabem por ficar porque como ele há vários no mercado e os potenciais compradores podem preferir mudar simplesmente de alvo. Não seria a primeira vez.
E claro, sem vender, como comprar?
Continuamos sem ouvir o mea culpa da péssima gestão financeira da SAD que levou a este precipício, seguramente á espera que um negócio marca Doyen ou o dinheiro que vá entrando nos próximos anos dos acordos televisivos salvem o dia mas se não existe cashflow e se não há saídas, como investimos em jogadores a sério? E que perfil tem o FC Porto no mercado quando é absolutamente incapaz de resgatar de Braga - de Braga - um jogador que ainda para mais é representado por aquele que é agora um parceiro preferencial de negociação. Respeito, o que se diz respeito, não somos capazes de impor.



Durante meses falou-se na necessidade de uma limpeza de balneário, na aposta de jovens da casa ou da liga portuguesa, de uma nova mentalidade e do inicio de um novo ciclo. Palavras que o vento levou depressa. A duas semanas e uns trocos de começar oficialmente a época - e com o acesso á Champions League em interrogação - este Porto não difere quase nada do anterior, nem em rostos, nem em dinâmicas. A culpa não é do novo treinador que trabalha com o mesmo material que já havia e que não pode fazer milagres como outros, no passado, também não podiam. Não basta só mudar de treinador quando os problemas são outros para inverter uma tendência. O Benfica vendeu (e venderá) quem tinha de vender mas soube manter jogadores chave e reforçar-se de forma tranquila e consciente. O Sporting, na sua desesperada aposta pelo título, tem seguido a mesma dinâmica. No Dragão mantém-se exactamente o mesmo silêncio, as mesmas dúvidas, as mesmas interrogações. Não se aprendeu absolutamente nada com o passado. Talvez esse seja o maior de todos os problemas.




domingo, 24 de julho de 2016

A 19 dias do primeiro jogo

24 de julho de 2016. O dia seguinte ao FC Porto ter ganho por 2-1 ao Vitesse. Uma vitória que não me deixou tranquilo, longe disso.

Tal como no consulado Peseiro, o modo como a equipa do FC Porto se (des)posiciona e (não) reage quando perde a bola, continua a ser assustador. Qualquer equipa (e este Vitesse é uma equipa vulgar) faz tremer a defesa do FC Porto, criando oportunidades flagrantes e marcando golos com a maior das facilidades.

Mas independentemente dos resultados (derrota e vitória), eu olho para as exibições destes dois jogos (contra o PSV e contra o Vitesse) e continuo a ver todos os defeitos que via na época passada. Ora, no final da época passada era mais ou menos consensual entre os portistas o seguinte:

1) Após quatro apostas falhadas – Paulo Fonseca, Luís Castro, Julen Lopetegui, José Peseiro – o FC Porto precisava de mudar de paradigma e contratar um treinador principal com provas dadas (títulos ganhos).
Veio o Nuno Espirito Santo.

2) O FC Porto precisava de reformular a sua dupla de centrais, o que implicava contratar, pelo menos, um defesa-central de categoria, que fosse o novo “patrão” da defesa portista.
Veio o Felipe, um jogador cujo valor de mercado é inferior ao de… Maicon (e que no primeiro jogo mais a sério esteve diretamente envolvido nos dois primeiros golos da pesada derrota sofrida frente ao PSV).

3) O FC Porto precisava de um médio de top, na linha de um Deco, Lucho ou Moutinho, que jogasse e fizesse jogar os companheiros de equipa.
Veio o João Carlos Teixeira e regressaram Otávio e… Quintero (?).

4) O FC Porto precisava de um ponta-de-lança que marque muitos golos (daqueles que marcam mais de 30 golos por época), porque o André Silva é bom, promete, mas não chega.
Não veio ninguém (até agora) e ficou o Aboubakar, supostamente após ter recusado um contrato milionário na China.

Declarações de Nuno Espírito Santo após o PSV x FC Porto (fonte: O JOGO)

24 de julho de 2016. O FC Porto está a menos de três semanas do primeiro jogo oficial (deslocação a Vila do Conde, no dia 12 de agosto) e, até lá, ainda devem existir movimentações no plantel (entradas e saídas).
Contudo, após três anos de insucessos e uma época 2015/16 verdadeiramente horribilis, seria de esperar, da parte da administração da SAD, uma atuação bem diferente daquela a que temos assistido até agora.

Lamento dizê-lo mas, nesta altura, os sinais que emanam desta equipa são pouco animadores.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Ilações de uma SUPER Taça

Acho que a pré-época foi preparada de forma algo atabalhoada
Rui Rangel (ex-candidato à presidência do Benfica), em declarações à Rádio Renascença, 03-08-2015


Termina o Benfica a sua digressão com mais uma derrota e fica na história apenas porque esteve na inauguração do BBVA Bancomer.
O problema do Benfica não está propriamente nos resultados pois ainda estamos a semear os feijões. O problema do Benfica é esta incrível digressão pelas américas...
Eugénio Queirós, record.pt, 03-08-2015


Agora que acabaram os “jogos a feijões” e após o primeiro jogo oficial, parece que aqueles que torceram o nariz à “incrível digressão pelas américas” tinham razão.

Num jogo em que os de Alvalade entraram a todo o gás e impuseram um ritmo de jogo intenso, os da Luz fizeram o que puderam, mas foram sempre inferiores a uma equipa que, cérebros à parte, demonstrou chegar a este jogo com mais pernas e pulmões.

E depois da penosa amostra da sua equipa ontem, não fosse as quatro primeiras jornadas do campeonato serem disputadas todas em casa (sim, estou a incluir nos jogos “em casa” o Arouca x SLB da 2ª jornada, estrategicamente mudado para o estádio de Aveiro) e Rui Vitória era bem capaz de ter de mudar de apelido…


P.S. Nada como os clubes em confronto serem os dois maiores clubes de Lisboa, para que um trofeu sem interesse (ou não tivesse o FC Porto no topo da lista dos seus vencedores) seja transformado numa competição importantíssima, numa verdadeira SUPER Taça!

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Felizmente que não fomos

«a equipa do Benfica chegou a New Brunswick e foi surpreendida com uma temperatura a rondar os 40 graus. Aliás, perto das 18 horas, no início do treino, os termómetros ainda estavam muito altos. Dada esta condicionante, Rui Vitória e os restantes membros da sua equipa técnica estão a estudar a melhor forma de contornar a questão. Uma das soluções pode passar pela alteração do horário das sessões de trabalho para aproveitar os momentos mais frescos. Numa fase da época em que os futebolistas são castigados com grandes cargas físicas, é preciso dosear o cansaço de forma a assegurar um bom rendimento nos jogos e, mais importante, evitar lesões.»
in record.pt, 20 julho de 2015 | 06:00


Está muito calor mas temos de trabalhar nessas condições. Todos estão a trabalhar muito, concentrados nos objetivos. É mais fácil treinar quando está mais fresco (…)
Samaris (futebolista do SLB), 20 julho de 2015


«a equipa do Benfica foi confrontada com duras condições climatéricas que não irá encontrar nos jogos oficiais, na Europa. Frente ao América, na Cidade do México, os jogadores foram obrigados a jogar acima dos 2 mil metros numa metrópole conhecida pelos elevados índices de poluição e na próxima madrugada, em Monterrey, as águias serão submetidas a temperaturas a rondar os 35 graus»
in record.pt, 2 agosto de 2015 | 04:42


«Benfica concluiu a International Champions Cup na nona posição»
in ojogo.pt, 3 agosto de 2015


«o Benfica acaba de perder por 3-0 no novo estádio do CF Monterrey. Com uma atuação pobre e praticamente sem criar oportunidades de golo, os encarnados deixam a Eusébio Cup no México.»
in ojogo.pt, 3 agosto de 2015 | 06:08


O JOGO, 04-08-2015
Estamos com muita vontade de regressar a casa e vamos preparar-nos de uma forma muito afincada para o próximo jogo [Supertaça Cândido de Oliveira, dia 9 de agosto]. Há aqui uma concentração de quase 20 dias, que é um bocadinho complicado (…) Felizmente que tudo isto terminou [a digressão do SLB pelo Canadá, EUA e México] e vamos regressar ao nosso habitat natural
Rui Vitória (treinador do SLB)
3 agosto de 2015 | 06:46


«O jogo dos encarnados terminou às 6 horas portuguesas (meia-noite no México) e a comitiva benfiquista tinha viagem marcada duas horas depois. Ou seja, o Benfica iniciou a travessia do Atlântico já depois das 8 horas (Portugal), com chegada prevista a Lisboa para as 19 horas.
O cenário ideal, nestes casos, e para encurtar a recuperação, seria uma adaptação rápida ao fuso horário português já em pleno voo. Na verdade, era isto que as equipas técnicas e médicas tinham previsto, embora com algumas condicionantes.
Já adaptados à hora mexicana, seria impossível pedir aos jogadores que, após o jogo com o Monterrey, se mantivessem acordados, já que em Lisboa era de manhã. Para minimizar estragos, foi-lhes pedido que dormissem o menos possível durante a viagem, tentando ignorar o cansaço, natural após um jogo, e ainda por cima com o fuso horário a desfavor.»
in record.pt, 3 agosto de 2015 | 08:05


A BOLA, 04-08-2015
19 dias seguidos em digressão, longe de casa e da família.
Viagens atrás de viagens (cerca de 20 mil quilómetros percorridos).
Temperaturas e humidade (muito) elevadas, que afetaram treinos e jogos, um dos quais disputado em altitude (na Cidade do México).
Três golos e zero vitórias em cinco jogos.
Resultados desportivos péssimos e, diz quem viu, exibições confrangedoras.

Li, algures, que o SLB terá encaixado um cachet de pouco mais de 3 milhões de euros com esta digressão de quase três semanas.
É pouco, muito pouco, para quem regressa a Portugal com o plantel de rastos (física e emocionalmente) e o prestígio internacional na lama.

Em finais de maio passado, a explicação dada pelo FC Porto, para desistir da participação na International Champions Cup, não me pareceu aceitável. Contudo, eu agora olho para os contornos desta digressão horrenda do SLB por Canadá, EUA e México (e veremos que consequências terá na época dos encarnados de Lisboa) e vejo com outros olhos essa decisão (que se revelou acertada) da Administração da FC Porto SAD.


«O FC Porto comunicou a sua incapacidade de completar o programa completo na International Champions Cup 2015 e foi por isso substituído», afirmou a Relevent Sports, em comunicado oficial.

Tínhamos dado o acordo para fazer jogos em Nova Iorque. Unicamente, havia um quarto jogo no México que o treinador e nós, departamento de futebol, entendemos que uma coisa é jogar no raio de 100 ou 200 quilómetros. Outra era fazer cinco horas e meia de viagem de avião e jogar a dois mil metros de altitude com 40 graus. Entendemos que era prejudicial e que não iríamos.
Pinto da Costa, 24 maio de 2015, em declarações ao JN


Felizmente, que o FC Porto ainda foi a tempo de substituir uma digressão longa, passando por Canadá, EUA e México, por uma pré-temporada na Europa, bem estruturada, com jogos em clima ameno e nos “fusos horários certos” e defrontando equipas da 1ª metade dos campeonatos alemão, espanhol, inglês e italiano (em vez de New York Red Bulls, América e CF Monterrey deste Mundo).

terça-feira, 28 de julho de 2015

Criatividade, procura-se!

Os jogos de pré-temporada servem quase sempre para muito pouco para o espectador comum e muito para quem segue as entranhas do desenvolvimento da equipa. Analisam-se ao detalhe a evolução da condição física, o entrosamento entre jogadores, a assimilação de sistemas. Os resultados são sempre o de menos mas para os adeptos, desde fora, perturbados sempre pelo excitante mercado de transferências, com os seus vais e vens, os amigáveis servem igualmente para ver até que ponto o plantel está bem concebido. E, neste momento, o plantel actual do FC Porto não é apenas um plantel com desiquilibrios pontuais. É um plantel onde não há uma chispa de criatividade.

O futebol mudou muito, evoluiu tacticamente, mudaram-se conceitos e sistemas mas continua a girar á volta de verdades absolutas. Uma delas, no que aos planteis diz respeito, é que se torna muito dificil a um clube triunfar sem um esqueleto bem definido onde há espaço para um grande guarda-redes, um defesa com capacidade de liderança, um médio recuperador capaz de trazer equilibrio à equipa, um goleador e um jogador com criatividade para desbloquear jogos. São cinco papeis chave entre vinte e cinco jogadores. Sem eles, dificilmente, uma equipa triunfa e muitas vezes são precisamente nestes pontos que se distinguem entre as boas e as grandes equipas. Actualmente o plantel do FCP carece de três desses cinco papeis, um preocupante ratio de 60%. Há médios recuperadores para dar e vender capazes de dar conta do recado e entre Casillas e Helton há segurança e experiência para dar e vender na baliza. Mas continuamos sem um central lider há muito tempo - Maicon é o mais veterano mas o mais propenso, igualmente, a cometer erros infantis, sobretudo na distribuição; Marcano é um jogador certinho mas sem chispa de liderança e Indi um projecto de futebolista complementar e pouco mais - e sem um número 9 no seguimento da melhor tradição do clube (a Aboubakar ainda falta muito para sonhar com esse patamar). Sobretudo, falta-nos quem ponha a arte e a criatividade na mesa e quem abra o livro nos momentos complicados.

 Todas as grandes equipas se definem pelos seus artistas. No final triunfa sempre o colectivo, está claro, mas sem esses artesões o conjunto perde sempre em influência, talento e capacidade de superação. Podem ser de um perfil mais contido - Iniesta, Isco, Zidane - ou mais espectacular - Neymar, Hazard, Robben. Podem ser omnipresentes - Ronaldo - ou divinos - Messi - mas estão sempre lá para fazer a diferença. O FC Porto 2015/16 não tem nenhum jogador dessas caracteristicas no plantel e há medida que a época avança, parece pouco provável que o venha a ter. O único jogador que pode encaixar nesse papel é Brahimi mas o ano passado deixou claro que o argelino é um futebolista que oscila demasiado entre o 8 e o 80 para ter e exigir o peso da equipa, o que se pede sempre a esses jogadores. Tem talento para ser um Deco mas não o perfil mental exigido. Será fundamental, quando estiver bem, para aportar esse desiquilibrio mas sempre desde a faixa lateral. É o único que sobra do plantel da épcoa passada onde Lopetegui contava com outros dois desiquilibradores natos, dos criativos únicos em perfis distintos. Por um lado havia Quaresma, o jogador que, quando abria o livro, não devia nada a ninguém no futebol mundial. Abria-o pouco, cada vez menos, mas tinha essa capacidade de "cair" no rival e desmontar defesas bem organizadas com um gesto técnico. Por outro lado Oliver Torres liderava desde a tranquilidade do passe certo no momento certo. A sua criatividade era cerebral, lendo o jogo, provocando desiquilibrios no espaço, movendo as peças a belo prazer, tanto em condução como com um só golpe no esférico. Sem os dois, a equipa ficou orfã.



Quem tem agora em mãos o treinador para esses papeis? Ninguém.
Sergio Oliveira e Ruben Neves são jogadores de bom toque de bola, que tanto podem servir nas transições em largo como no jogo rendilhado, mas não vão ser os alicerces criativos da equipa. Imbula, Herrera, Danilo, Evandro e André André são jogadores de um perfil similar, de ida-e-volta, box-to-box, com capacidade física, pulmão, sentido táctico apurado e boa leitura de jogo, mas sem a "magia" de dar o toque de graça no momento certo. Alberto Bueno tem a idade que tem e até agora, por onde passou, demonstrou ser um jogador seguro, "certinho", mas sem essa capacidade de improvisação genuina que se lhe exige a quem vai ser "criativo" em amplos sentidos. Nas alas, salvo Brahimi, estão os mesmos protagonistas. O vertical Hernani, um Ricardo que continua sem saber bem o que vai ser e um Tello bom no um par um, em diagonal, mas que só sabe um movimento, ainda que o utilize muitas vezes bem e para beneficio da equipa. Mas, em nenhum caso, é um jogador que a equipa pode sentir que vai pegar nela nos momentos mais dificeis.

A isso há que juntar dois factores. Existe, evidentemente, um overbooking no meio-campo. Lopetegui conta, actualmente, com oito jogadores para o que, em principio, seriam seis vagas - Sergio, Ruben, Imbula, Herrera, Danilo, Evandro, Bueno e André André. O mexicano ainda pode sair ou algum dos restantes (Evandro ou André) serem sacrificados. O que não abre espaço para esse "10" - Quintero, um projecto de 10 falhado, está aparentemente já fora destas contas e Otávio foi rodar um ano mais - que tenha alma de 8 como tiveram, no seu melhor momento, jogadores como Deco, Zahovic ou Lucho Gonzalez.
Por outro lado, e ainda que pareça que há petróleo para os lados de Contumil e arredores, não há fundos disponiveis para contratar um jogador desse perfil com impacto imediato - Oliver veio emprestado, Quintero foi um flop, James demorou o seu tempo a adaptar-se - e que faça esse elo de ligação com a equipa. Jogue Lopetegui no mesmo 4-3-3 ou no 4-2-3-1, esse perfil de jogador continua a ser necessário e os jogos até agora vistos só reforçam essa ideia. A equipa poderá estar tacticamente muito bem trabalhada, ser organizada e certinha. Mas sem as trivelas de Quaresma, os slaloms de Oliver ou os golpes de magia de um jogador desconhecido, o nosso modelo de jogo ofensivo tem todas as condições para ser previsivel. Funcionará no plano interno, seguramente, mas este plantel tem um "paper value" que exige uma ambição europeia significa e nesse cenário, como bem vimos o ano passado, a presença desse tipo de jogadores é chave.

Que pode o clube fazer?
Se tiver fundos e a certeza absoluta do impacto do jogador, esse perfil deve ser preenchido. Na dúvida, procurar, dentro do plantel, alguém que assuma esse papel ainda que, pela amostra e pelo que se viu no passado de todos os membros da equipa, nenhum parece ter no seu ADN a capacidade de ser o nosso maestro de cerimónias até Junho de 2016.

domingo, 26 de julho de 2015

Um Ensaio Trôpego



Foi fraquinho, mas estes jogos têm pouca importância do ponto de vista de resultado e até de exibição. Servem para aquecer os motores. Além disso, defrontámos o 3º classificado da Bundesliga.

PONTOS POSITIVOS

Em termos colectivos é difícil salientar pontos positivos, mas individualmente sempre se salientaram:

Aboubakar - tem sido insistente a notícia de que o FC Porto procura um ponta de lança, embora alguns dos nomes ventilados só possam cair no reino da fantasia, mas Aboubakar fez um excelente jogo, não só na sua comprovada eficácia de homem de área - excelente finalização no nosso golo - como no apoio que deu à equipa, recuando frequentemente.

Varela - Esta espécie de filho pródigo regressou com aparente vontade de impressionar. Há duas facetas "varelianas": a da molenga e a da eficácia. Esta última preponderou, especialmente na jogada do golo.

Marcano - não que tenha deslumbrado, mas cada vez me sinto mais seguro ao ver este homem no centro da nossa defesa. Decidido e firme.

PONTOS NEGATIVOS

O 4-4-2: não é o modelo que acho negativo, mas o modo como se apresentou. Jogar em 4-4-2 não é enfiar quatro médios, sejam quais forem as suas características, no meio-campo, e toca a andar. Se já temos uma monocórdica tendência a trocar a bola sem proficuidade, com quatro homens a meio-campo a coisa pode tornar-se verdadeiramente empastelante se entre eles não constar um tipo que seja capaz de furar "na vertical", como agora se diz.

José Angel - quando ataca até se lhe notam qualidades, mas na defesa este fulano chega a ser sobressaltante.

Maicon - bateu o recorde de biqueirada para a frente em toda a carreira, até agora detido por um voluntarioso central do Ramaldense dos anos 60. A FIFA presenteou-o com uma medalha comemorativa da efeméride. Não se confirma que vai para o Manchester United.


terça-feira, 28 de abril de 2015

International CHAMPIONS Cup

Depois da muito boa campanha na UEFA Champions League (8 vitórias, 3 empates, 1 derrota), onde foi o único clube português que superou a fase de grupos e só foi travado nos Quartos-de-final, após uma série de 11 jogos sem perder…

… o FC Porto foi convidado para participar na International Champions Cup North America, juntamente com clubes como o Manchester United, Chelsea, Barcelona e PSG, entre outros.

International Champions Cup North America - todos os jogos

O FC Porto, um "clube regional", foi o único clube português convidado para a International Champions Cup?

Sporting e SL Benfica, dois "colossos mundiais", não foram convidados?!! Porquê?

Para um torneio de Champions, não faria muito sentido convidar clubes de Liga Europa, pois não?…


O calendário do FC Porto já está definido e prevê jogos no Canadá, EUA e México:

18 de Julho: FC Porto x Paris Saint-Germain (BMO Field, Toronto, Canadá)
24 de Julho: FC Porto x Fiorentina (Rentschler Field, Hartford, EUA)
26 de Julho: FC Porto x NY Red Bulls (Red Bull Arena, Harrison, EUA)
28 de Julho: FC Porto x América (Estádio Azteca, Cidade do México)

Prestigio, dinheiro (cachet), divulgação mediática e internacionalização da marca.
Eu diria que é quase tão bom como disputar o Torneio do Guadiana ou a Eusébio Cup…


P.S. Quem ler os jornais de Lisboa, ou assistir a programas sobre futebol nas televisões da capital portuguesa, fica convencido que o FC Porto está numa crise profunda porque, atenção, vai ficar dois anos seguidos sem ganhar o campeonato. Dois anos! Ena… Contudo, e infelizmente (para muitos anti-portistas), a notícia da "morte" desportiva do FC Porto parece que ainda não chegou ao estrangeiro…

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Nota 15


O que está a dar é o mundial que tenho seguido com particular atenção. Porém, estou mais interessado no FCP, na próxima época e em alguns escritos que têm saído sobre o momento do clube. Vou participar nesse debate, desorganizadamente.

Vítor Baia, Fernando Gomes, João Pinto, Jaime Magalhães e Domingos, não passaram pelo crivo do empréstimo; a maioria dos jovens jogadores (por essa altura) teve que cumprir noutros clubes uma fase de transição até regressar ao FCP. Perdemos André Gomes como no passado Pedro Barbosa. O FCP tentou promover alguns jogadores, como Postiga e Sérgio Oliveira, em tempos diferentes. Também, com Ivanildo, Paulo Machado, Vieirinha ou Hugo Almeida. Saíram e não deixaram saudades, pelo que me apercebi. Recrutaram-se jovens promessas portuguesas que servem de chacota para muitos porque não corresponderam às expectativas; só na época passada: Josué, Tiago Rodrigues, Licá e Ricardo constituíram-se como exemplo disso. Sentença: o FCP não tem prospecção, escolhe mal e paga caro.

A formação é uma espécie de D. Sebastião da bola: sempre que a coisa corre mal, no FCP ou na selecção, toda a gente se vira para ela, emergindo como uma personagem saída do nevoeiro, para preparar a redenção do futebol; os directores dos clubes são eleitos como os principais responsáveis pelo défice, por interesse próprio. Os estrangeiros são mais lucrativos, acusa o pessoal. Que os jornalistas e os adeptos o façam, percebe-se, porque não se tem produzido valores de qualidade suficiente nas nossas oficinas e, desse facto, resulta um sentido de desperdício, pronto a esquecer logo de seguida ao próximo êxito, e a ressuscitar imediatamente após o próximo insucesso. Tem a palavra a FPF que deve ser o motor da mudança. A palavra aos técnicos. Espero que não se fiquem por lugares comuns e “no olha para o que digo, não olhes para o que faço”, como fez há uns dias VP na TV.

Portugal é um país pequeno e avesso a praticar desporto e ao exercício físico. Tem, segundo penso saber, o triângulo invertido no que concerne à distribuição etária da população que pratica futebol, inscrita federativamente. Estes são dados estruturais. Mas há outros. A obrigação de chegar a resultados desportivos que garantam receitas compatíveis, a obrigatoriedade da presença na CL para engrossar os proveitos e a fragilidade dos vínculos contratuais, face à pressão que os jogadores fazem para fugir quando estão em alta, apelam a um tipo de gestão imediatista ou de curto prazo que obviamente acarreta muitos inconvenientes na sustentabilidade do negócio e da coesão dos grupos. Cada época é um calvário. Este circo aborrece. Não me revejo nesta fúria, mas sigo a par e passo, esta prática que se vem entranhando no panorama futebolístico. Alguma vez, teremos de arrepiar caminho, mas não creio que se regresse ao passado. O futuro é incerto, o que não o é?

Para explorar e criticar o presente nada melhor que cantar loas ao passado. Fica bem e melhora o perfil de quem acusa. Mas, no passado, cometeram-se erros: fiquei indignado quando exportámos Rui Barros para a Juventus; nessa época batemos no fundo e não apenas pelo recrutamento de Quinito para treinador, para sossegar (em parte) os detratores de Ivic que defendiam que não jogávamos bem e que, por isso, tínhamos de mudar. Relativamente às escolhas dos treinadores por este ou aquele jogador, lembro que Bobby Robson não hesitou em sentar Domingos (vindo da formação) para colocar no eixo do ataque Yuran (raptado ao SLB) na mesma semana em que foi recrutado pelo FCP. Não houve drama. E Domingos acabou por tomar o lugar e tornou-se imprescindível, porque tinha muita qualidade. Lamentavelmente, a nossa formação não tem produzido jogadores de futebol com qualidade, ultimamente. Nem alma se nota nas equipas de formação.

Velho como sou, aprecio a estabilidade, a segurança no emprego e os jogadores como fazendo parte de um futebol mais romântico em que o amor à camisola deveria contar; por isso, acolho estas novidades que o negócio atrai, com natural desconfiança. No FCP gostaria que houvesse práticas mais transparentes e dirigentes irrepreensíveis. O futebol mudou: não é do clube, é de uma sociedade anónima desportiva. Nas actuais circunstâncias, estou de acordo com o plano do FCP SAD para a próxima época. Aceitei muito bem a escolha do treinador, o empréstimo do Tozé (eleito à condição de mártir), o recrutamento de um guarda-rede e o que vou lendo sobre a época de 2014/15. Desagrada-me não haver uma adequada blindagem, relativamente aos alvos que o FCP pretende contratar. E são tantos!? Que orgia! A indefinição da formação do plantel, que pode arrastar-se até ao final de Agosto, é mais um elemento indesejável na constituição da equipa. Aumenta a incerteza e a CL tão perto. Esta época, estou prudentemente confiante. Dou nota 15 ao programa. A revisão segue dentro de momentos.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Da sofreguidão à natural superioridade


Na sua incursão pela América do Sul o FC Porto manteve o registo 100% vitorioso na sua pré-temporada ao derrotar por 4-2 o Deportivo Anzoátegui, mas onde pela primeira vez a nossa equipa se sentiu verdadeiramente “acossada” pela iniciativa do adversário. Ficaram a nu alguns problemas defensivos do conjunto de Paulo Fonseca, porém houve quem tenha aproveitado para ganhar notoriedade junto do novo técnico portista. Iturbe foi o melhor no terreno de jogo e Defour assumiu o “patronato” do meio-campo.

As equipas europeias já lideram com destaque a Taça Euroamericana com duas vitórias sem resposta. O triunfo portista acabou por ser natural e tranquilo, mas em boa verdade os dragões passaram ao lado do jogo no primeiro tempo. Nesse período a equipa revelou um grande desacerto na sua organização defensiva e uma incapacidade quase total para construir uma jogada com princípio, meio e fim.

No sector mais recuado Fucile foi “oferecendo” continuamente espaço nas costas ao seu opositor e nunca revelou explosividade para carrilar o jogo no ataque. Maicon e Mangala nem sempre conseguiram a melhor coordenação onde o francês se mostrou esta noite mais apático do que o habitual. Fernando revelou exagerada confiança na acuidade no seu passe que nunca foi grande coisa. Um cocktail de falhas que resultou em perigos vários para as redes de Fabiano.

Não foi particularmente surpreendente a vantagem conseguida na raça pelo Deportivo. A equipa azul e branca jogava em pezinhos de lã, não era agressiva sobre o portador da bola e não se organizava agrupada no miolo do terreno. Sobre este último aspecto refira-se a ainda curta percepção do que Paulo Fonseca pretenderá do “seu” meio-campo. Dois médios mais recuados com liberdade alternada entre Defour e Fernando? Um pivô encostado ao avançado? A coabitação dos elementos mais recuados está longe de ser perfeita e Carlos Eduardo não apresenta estofo para pegar no jogo. Isto sem anotar os imensos espaços entre linhas que se registaram várias vezes ao longo do encontro.

Claramente o FC Porto precisava de uma nova alma para agitar o jogo e reverter o resultado a seu favor. As entradas ao intervalo de Jackson, Lucho e Danilo tiveram esse tónico. O efeito prático demorou 8 minutos, momento do empate restabelecido pelo nosso avançado colombiano. Entre o infortúnio e a já referida passividade da defesa portista levou o Deportivo novamente à vantagem através de um ressalto de um livre. Um golo que contrariava o domínio das nossas cores que por hora imperava.

Mas não havia tempo para respirar e o dragão carregou forte aos pés de Iturbe. O jovem argentino impunha velocidade ao lado esquerdo e cruzava a preceito. O empate a dois golos chegava no aproveitamento de um ressalto por Mangala num canto e a reviravolta no minuto seguinte saía da cabeça de Varela com a assistência primorosa do já referido ala oriundo dos país das pampas. Iturbe, sempre ele, animou o encontro até aos limites das suas forças.

A equipa azul e branca fechou o encontro tranquilo e com um resultado mais gordo. Varela matou as esperanças venezuelanas numa boa assistência de Lucho. Um culminar mais assertivo e seguro que contrasta com a apatia generalizada da equipa na primeira parte e alguns desacertos do sector recuado que certamente não deixarão (ou pelo menos não devem deixar) Paulo Fonseca indiferente.

sábado, 22 de junho de 2013

Começou o Verão

Por André Vilas-Boas

Começou o verão. E com ele a "silly season", os anúncios de vitórias interplanetárias e visões faraónicas da terra prometida onde a secura vai acabar, a relva crescerá vermelha, ou melhor, encarnada, e onde os árbitros vão acabar o jogo antes dos 92'.

É neste período, entre Junho e Agosto, que um clube ganha sempre tudo. É neste período que uma vez mais, a soberba e a alienação criam uma equipa divina, gigante, um "rolo compressor" que joga um futebol divino, digno de "nota artística".


Mas tal como no "1984" de Orwell, é difícil reescrever a história todos os dias e manipular toda gente durante todo o tempo. No último jogo do campeonato, a águia Vitória piou mais alto e disse chega: abriu as asas e voou para longe e decidiu nunca mais voltar. A águia já foi. Restam 6 milhões de alienados que continuam à espera de ganhar. Entretanto, vão perdendo tudo, e se quando perdem apagam as luzes, ligam a rega, não cumprimentam o presidente da nação e saem de campo sem honrar o adversário que lhes ganhou e agridem árbitros e o próprio treinador nem me atrevo a pensar no que seria se ganhassem.

Mas tento sempre entender que clube é este, que valores defende e que adeptos são estes. Nunca tenho muito sucesso, e entretanto começa mais um campeonato, onde a Providência nos lembra, inexoravelmente, que o inferno é vermelho e que o Céu foi pintado em tons de Azul!

Nota: o Reflexão Portista agradece a André Vilas-Boas a elaboração deste artigo.


quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Perguntei ao vento norte…



Começaram os JO com um espetáculo deslumbrante. No futebol, a Espanha de Rodrigo, como se lê na nossa imprensa, já se foi e o Brasil confirmou o seu estatuto de favorito, sem deslumbrar. O Japão mostrou a sua força e constitui, até ao momento, a boa surpresa do torneio. Mas, não só de futebol, vivem as olimpíadas. A natação domina e os portugueses ficam longe dos seus recordes pessoais. Os nossos atletas andam por lá, batem-se, perdem e choram. É o nosso fado.

Ao nível da nossa comunicação social, tomei nota do entusiasmo dos comentadores com Labyad e fiquei enjoado porque, de tanto falar no moço (muito interessante como jogador), esqueceram-se que havia futebol para comentar. Uma tristeza. Cá no burgo, a RTP transmitiu o jogo SLB-Real Madrid, e ninguém notou a diferença entre os comentários da televisão estatal e da Benfica TV, o que significa que está no bom caminho porque, honrar e favorecer o SLB, situa-se no estrito âmbito da prestação de um serviço público de qualidade. Definitivamente, a vergonha não mora lá!


Enquanto isso, o FCP vai-se preparando: integra os novos recrutas, avalia os regressados, espera pelos olímpicos e que o mercado se mexa e não se fique pelos sinais. Todavia, nada acontece por acaso. A demora é estratégica: os emblemas europeus, com maior poder de compra, esperam, pacientemente, que os clubes vendedores os libertem a valores substancialmente mais baixos do que as cláusulas de rescisão impõem. A urgência aprendeu a simular a pressa e os clubes que vivem do encaixe de receitas extraordinárias sofrem amargamente este tempo cheio de incertezas a que acresce, no nosso caso, o fecho da torneira da Banca e a inevitável pressão da tesouraria. Já aconteceu algo semelhante na época passada e vai ser pior no próximo futuro. A austeridade veio para ficar e algumas das principais ligas europeias não lhe vão poder escapar: ninguém gosta, nem admite, depois entranha-se e faz-se regra.

O FCP tem privilegiado o recrutamento de jogadores jovens, alguns dos quais demasiado caros para a nossa bolsa, a meu ver. É bem provável que se torne mais regular a fuga que os jogadores podem usar para contornar o bloqueio contratual que a cláusula de rescisão implica para os seus interesses. Cristian Rodriguez apontou o caminho: saber esperar. Um jogador que não seja impaciente e tenha como agente um profissional competente, pode servir-se do clube como uma montra e esgotar o seu vínculo até ao termo contratual. Têm tempo para crescer, ganhar experiência e notoriedade para atrair interessados e multiplicar os proveitos que o seu esforço potenciou. Ganham todos, menos os investidores de talentos à procura de mais valias. Sapu e Belluschi podem sair prejudicados por não poderem competir ao mais alto nível em 2012/13, mas creio que têm valor para que possam constituir bons reforços para muitas equipas de nível médio alto e, desta forma, negociar exclusivamente segundo o seu interesse, no futuro.

O FCP tem contratado pouco a “custo zero” (Sereno e Djalma) e com excepção de Bracalli (para suplente), Lucho (um regresso) e de Janko (um remedeio) poucos atletas foram recrutados entre os 25 e os 30 anos, com curriculum, maduros, estáveis, disponíveis, com experiência e menos dispendiosos (em princípio) porque têm menos procura e muitos deles “jogam com a carta na mão”. Será que poderemos ajustar o modelo ou é pouco rendível em termos desportivos e financeiros?

O FCP naturalmente estará muito atento e sabe da poda. Porém, nas últimas duas épocas as dificuldades de colocação têm sido maiores. Os sócios e adeptos impacientam-se, quer entendam que vivemos um tempo complicado para o negócio, quer expludam em críticas generalizadas onde se mete tudo: o arrastamento negocial, a formação do plantel, a má prestação da equipa, o treinador, os jogadores, o modelo, a tática, a ocupação dos espaços, a defesa, o meio campo, a avançada, as bolas paradas em geral e as grandes penalidades em particular. Salvo o tom e o excesso, considero que uma boa parte dessa crítica é pertinente. À direção cumpre-lhe comandar, aos sócios apoiar, aplaudir e criticar. Se não lhe é conferido o direito de falar nas AG’s do clube, compete-lhes fazer chegar a sua voz, pelos canais que têm mais à mão. Se o fizerem de forma equilibrada, tanto melhor.

Pela minha parte, perguntei ao vento norte, notícias do meu clube. O vento pouco me disse. Avisou-me que os sócios do FCP, amantes do basquete, se movem e estiveram em Valência. E isso é bom!

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Sinais vindos dos Açores

No quarto jogo da pré-temporada, o FC Porto venceu o Santa Clara (0-3) e conquistou o Troféu Pedro Pauleta mas, mais do que o resultado, desta deslocação aos Açores resultam vários sinais.

1) A titularidade de Fabiano. Irá mesmo ser emprestado ao Olhanense ou, conforme parece, Vítor Pereira quer o "gigante" brasileiro no plantel? E, nesse caso, qual o futuro de Bracali?

2) A renovada aposta de Djalma a lateral direito. Será que, tal como Jorge Jesus fez com Fábio Coentrão, Vítor Pereira pretende transformar o extremo angolano num lateral ofensivo?

3) Mangala a defesa esquerdo. Será isto um ensaio para alguns jogos, em que poderá ser usada uma defesa com três jogadores (numa tática de 3-4-3)? Ou seja, Maicon a descair para a direita, Otamendi no meio e Mangala a cobrir o flanco esquerdo?

4) Após o golaço contra o Celta de Vigo, Iturbe surgiu a titular, num trio de ataque com os "indiscutíveis" James e Jackson Martínez.

5) Na ausência de Hulk, é Maicon o especialista da equipa na marcação de livres diretos (neste jogo a bola não entrou, mas esteve perto).

6) Christian Atsu e Kelvin diretamente ligados aos dois golos que a equipa marcou na 2ª parte. Atsu, Kelvin e Iturbe, haverá espaço para estes três Sub-19 no plantel do FC Porto?

7) Castro, esforçado como sempre, concluiu com sucesso a bela jogada do 3º golo, mas suspeito que só deve ficar se Moutinho sair.

8) Miguel Lopes, Rolando, João Moutinho e Varela, uns dias após o regresso tardio de férias (devido ao EURO 2012), já foram chamados e fizeram os primeiros minutos da época.

9) Álvaro Pereira nem sequer fez parte do extenso lote de jogadores (23) convocados por Vítor Pereira para a viagem aos Açores. Será uma grande surpresa se em 2012/13 continuar a ser jogador do FC Porto.

10) Foi agradável ver tantos portistas a ocuparem maioritariamente as bancadas do Estádio de S. Miguel. Há 20 anos atrás, um cenário destes seria impossível.

sábado, 21 de julho de 2012

iTurbo

(clicar na imagem para a ampliar)

Não vi o FC Porto x Celta Vigo de hoje, porque às 21h00 ainda estava no Auditório José Maria Pedroto, no rescaldo do I Encontro da Bluegosfera.

Contudo, já deu para ver os golos, num pequeno resumo do Porto Canal, e meus amigos, que golaço do "novo Messi"!



Foto: Maisfutebol

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Em (des)vantagem desde o 1º dia


«O Benfica realizou esta quinta-feira o primeiro treino da nova época (...) O técnico Jorge Jesus tem ao seu dispor 28 jogadores neste arranque da nova temporada (...) Ausentes dos trabalhos estão o defesa Maxi Pereira, que apenas se vai apresentar no dia 7 de julho, pois esteve ao serviço da seleção uruguaia, e Nelson Oliveira, que representou Portugal no Euro'2012 e que regressa ao trabalho a 18 de julho.»
in record.pt, 5 julho de 2012


O FC Porto e o slb iniciaram a pré-temporada 2012/13 na mesma data, mas desde o 1º dia que Jorge Jesus está em vantagem relativamente a Vítor Pereira. De facto, enquanto o treinador encarnado tem à sua disposição todos os jogadores que formaram a equipa base da época passada e os únicos ausentes são dois jovens com pouco peso dentro da equipa - Rodrigo (convocado para os Jogos Olímpicos) e Nelson Oliveira -, no caso do treinador dos dragões ainda não pôde contar com vários dos principais "pesos pesados" do plantel, nomeadamente: Hulk, Danilo, Alex Sandro, João Moutinho, Rolando, Varela e Álvaro Pereira.
Além disso, o novo ponta-de-lança - o colombiano Jackson Martínez - chegou a meio do estágio e subsistem diversas indefinições relativas ao futuro de vários jogadores, como são os casos de Sapunaru, Miguel Lopes e Belluschi.
E como se tudo isto não bastasse, o assédio a alguns dos principais jogadores do plantel azul-e-branco, com destaque para Hulk e Moutinho, promete arrastar-se até Agosto.
Vida difícil para Vítor Pereira.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Em estágio na Suíça


Há muitos craques - Hulk, Moutinho, Rolando, Varela, Danilo, Alex Sandro, Jackson Martinez - que ainda não iniciaram os treinos da nova temporada mas, com os 24 jogadores que estão em estágio na Suíça, já dá para formar um onze jeitoso.

Mantendo o sistema em 4-3-3, a minha escolha seria a seguinte:
Helton
Maicon, Otamendi, Mangala, Addy
Fernando, Defour, Lucho
James, Kléber, Atsu

Fotos: record.pt

terça-feira, 3 de julho de 2012

Os empréstimos, os clubes e o arranque da nova época


“A Liga Portuguesa de Futebol Profissional aprovou, esta quinta-feira [28 de Junho], uma nova norma que visa impedir os empréstimos de jogadores entre clubes da mesma Divisão, para entrar em vigor já na época 2012/13. A decisão foi tomada na Assembleia-Geral extraordinária do organismo e resultou de uma iniciativa do Nacional da Madeira. O Sporting também tinha intenção de fazer uma proposta idêntica. A revelação, de resto, veio da boca de Rui Alves, presidente do Nacional, que adiantou, à saída da reunião, que a proposta teve o voto favorável de 19 emblemas, uma abstenção e nove votos contra.”


Maisfutebol, 28/06/2012

A decisão tomada em AG extraordinária pelos Clubes profissionais é, à primeira vista, muito estranha. Porque foram os clubes votar favoravelmente uma medida radical, sem um compreensível período de transição, e que lhes retira a possibilidade de terem melhores jogadores nos seus plantéis – e assim serem mais competitivos – e com encargos salariais mais reduzidos?

Admito que faria sentido limitar os empréstimos a cada clube e eventualmente limitar o número de emprestados no 11 titular. A solução poderia ser replicar os regulamentos de uma das principais Ligas europeias nesta matéria.

A decisão, que acabará por prejudicar os próprios clubes, pode ter vindo dos clubes da Madeira ou até do Sporting. Não me admiraria nada.


A época 2012/2013 do FC Porto arrancou ontem no Olival. Para já apresentaram-se 23 jogadores, de acordo com a informação do site do clube: Bracali, Kadú, Helton, Igor Stefanovic, Maicon, Otamendi, Abdoulaye, Addy, David, Sereno, Defour, Fernando, Lucho, Castro, Edú, Mikel, Pedro Moreira, Djalma, Iturbe, Janko, Kleber, Kelvin e Christian Atsu.

Com as novas regras de impedimento de empréstimos de jogadores a clubes da mesma divisão começo por antever problemas ao FC Porto na gestão dos excedentários, jovens, inexperientes ou daqueles que por qualquer outro motivo não possam fazer parte do plantel principal. A solução será a transferência para a equipa B, mas acredito que nem todos fiquem confortáveis sabendo que vão jogar na II Liga.


Assim à primeira vista observo pelo menos 8 jogadores que poderão não incluir o plantel principal e para os quais terá de ser encontrada uma solução: Kadú, Igor Stefanovic, Addy, David, Sereno, Edú, Mikel e Pedro Moreira.

Seguem-se o estágio na Suiça e os sempre apelativos negócios de compra e venda de jogadores. Ao trabalho!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Vitórias morais? Não, obrigado

O FC Porto perdeu ontem o último jogo de pré-época por 2-1 contra o Lyon, em Genebra.




Primeiro as coisas boas:
- Uma pressão sufocante ao adversário, com a vantagem de o fazer de forma constante, o que representa uma diferença visível relativamente ao treinador da época passada. O FC Porto conseguiu dominar praticamente o jogo todo.
- Souza fez uma óptima exibição e coloca-se como o natural sucessor do desastrado Fernando. Ao longo de todo o jogo demonstrou boa capacidade de colocação, boa capacidade de passe curto e mais longo, pulmão e muita confiança.
- Fucile está grande forma, cheio de confiança a encher todo o seu corredor. E ainda rematou uma bola ao poste.
- Otamendi mostrou-se seguro.
- Hulk continua a ser o monstro do costume com sprints, dribles, remates e assistências.
- Kléber é mesmo um ponta de lança.
- Lisandro marcou um golo (golaço) ao FC Porto e não festejou, baixou a cabeça.





Depois, inevitavelmente, as coisas más:
- O jogo acabou por ser uma vitória moral, pelo volume e qualidade do jogo criado e pelos erros defensivos que ditaram a derrota. Maicon esteve mal, Rolando também e, Fernando, mais uma vez, tem responsabilidades em golos sofridos.
- Não temos capacidade concretizadora para o caudal ofensivo criado pela equipa.
- Alguns jogadores tardam em provar a sua valia, como é o caso do Djalma que é esforçado, joga e posiciona-se bem mas tem imensas dificuldades para marcar golo ou fazer boas assistências. Parece sofrer do Síndrome Fernando Mamede.
- É neste momento mais que óbvio que precisamos de um defesa central e de um trinco que possa substituir Souza. Maicon e Sereno não têm qualidade para serem titulares em jogos importantes e Rolando teima em dar erros defensivos de principiante.
- Fernando tem de ir embora urgentemente. Na final da Liga Europa ofereceu um golo que o Braga desperdiçou, na final da Taça ofereceu um penalty ao Guimarães, no jogo de preparação contra o Rio Ave ofereceu outro golo e no jogo de ontem voltou a oferecer um golo ao adversário. Ele acha que está na altura de “dar o salto”. Eu também. Está na altura de dar o salto para fora do Dragão. Urgentemente.

Gostaria que este treinador trabalhasse mais a vertente emotiva dos jogadores porque essa será essencial para conseguir transformar (i) o jogo ofensivo em golos e (ii) os erros defensivos em lances seguros. Não gostaria nada que este fosse o treinador do bom futebol e das vitórias morais. No próximo fim-de-semana veremos o primeiro acto.

sábado, 16 de julho de 2011

Paneleirices de pré-temporada


O defeso é mesmo assim. Disparates aos rodos e vindos de todos os lados. Jogadores a suspirar pela “salvação” familiar escudados em contratos dignos de um rendimento mínimo, dirigentes a comprar tudo o que se mexe, empresários a empanturrar os bolsos, jornalistas a mostrarem credencias para argumentistas de Hollywood. Os árbitros, esses, vá lá, conseguem manter a bitola da restante temporada, ou seja, cagada seja em que circunstância for.

Enquanto neste final de tarde foi possível ver o jogo de preparação do conjunto azul e branco com o tabuleiro equilibrado, constatou-se que a continuidade é quem mais ordena. A promoção de Vítor Pereira a chefe da companhia vem nesse sentido e este mostra ponderação ao saber potenciar a bagagem construída na época passada. Algumas luzes da ribalta oferecidas aos putos da cantera que se saúda, e uma paulatina integração aos que agora chegam ao nosso clube.

Com efeito, nos 24 minutos iniciais do encontro, este Borussia Não-Sei-das-Quantas parecia presa fácil para o Dragão. A boa dinâmica patenteada pela nossa equipa, com o agitador de massas Hulk a assumir a batuta, fizeram o perigo rondar a baliza alemã. Depois veio ao de cima dois feitios manhosos e o choque foi inevitável. O nabo do árbitro esqueceu-se que estava num jogo particular e ao Hulk varreu-se a inteligência. Coisa que já não é nova, diga-se!

A recomposição da equipa retirou capacidade e fogo lá mais na frente e o Porto viveu de espaços e intermitências. Alguns contra-ataques bem gizados e lances prometedores animaram a pintura geral, numa aceitável organização como equipa. A defesa foi sacudindo o perigo imediato, mas aqui e ali permitiu alguns espaços. Nada de muito grave. A bitola de Moutinho é que não muda. Sempre bem alta.

As substituições a meio do 2º tempo deram alguma frescura ao conjunto fustigado pela carga de treinos e pela chuva que caía. O raçudo Castro é entusiasmante, apesar de não ter a leveza técnica de Moutinho. Djalma rápido e decidido no contra-golpe que teve nos pés e kléber lutou dentro das limitações conhecidas. Pena é estas paneleirices de defeso virem sempre ao de cima, e mandarem directamente para o lixo um prometedor ensaio de pré-temporada.

Amanha há mais, mas a gente não estará cá para ver…

sábado, 7 de agosto de 2010

Férias longas e preparação curta


Salta à vista um Benfica com hábitos de treino e de jogo assimilados ao mais alto nível. O Sporting passa pela mesma transformação que nós, com a mudança de hábitos.”
André Villas-Boas, 30/07/2010


Ao contrário do SLB, que fez uma digressão de final de época, o plantel do FC Porto entrou de férias no dia seguinte à final da Taça de Portugal, disputada em 16 de Maio.

Inicialmente, estava previsto os jogadores terem 39 dias de férias, visto o arranque da época 2010/11 estar agendado para o dia 25 de Junho. Contudo, sem se perceber porquê, o início dos trabalhos foi adiado e passou para o dia 2 de Julho, cerca de uma semana após os encarnados e duas após os “leões”. Terá sido por indicação do novo treinador?

Os 46 (!) dias de férias não me preocupariam por aí além, se o treinador fosse o mesmo e o plantel não registasse mais do que duas ou três entradas e saídas mas, como se sabe, a situação não é essa. É o próprio AVB quem afirma que o FC Porto está a passar por um processo de transformação, com mudança de hábitos.
Habitualmente, estes "pormenores" não eram descuidados pela máquina portista, mas também não é costume vermos jogos anunciados (Marselha) a serem anulados porque, supostamente, iriam ser substituídos por uma digressão a Angola que... não se realizou!

Com tudo isto, se descontarmos os jogos contra o Tourizense e os amadores alemães, constatamos que um FC Porto em transformação apenas disputou quatro jogos: Trabzonspor, Ajax, Sampdoria e PSG/Bordéus (*).

Ora, atendendo ao facto do treinador ter mudado e de, para já, o plantel ter nove jogadores novos – Kieszek, Sereno, Emídio Rafael, Souza, Moutinho, Castro, Ukra, James, Walter –, não teria sido prudente começar a época mais cedo e programar mais três ou quatro jogos de preparação?

Hoje termina a silly season (pré-temporada) e começam os jogos a sério. O AVB diz que estamos prontos e eu quero acreditar que sim. Por isso, independentemente do que se passou para trás, se logo à noite o FC Porto vencer a Supertaça, ninguém se lembrará dos 46 dias de férias e dos escassos jogos de preparação. Quem ganha tem sempre razão e o resto é conversa. Contudo, se o resultado for desfavorável, espero que ninguém recorra ao argumento de que houve pouco tempo para preparar um onze capaz...

(*) Os jogos contra o PSG e o Bordéus foram disputados num intervalo de tempo inferior a 24 horas, obrigando a uma gestão de esforço impeditiva de, por exemplo, fazer correcções entre os dois jogos. Na prática, os dois jogos foram geridos como se fosse um único de 180 minutos.