
Com excepção de Pedroto (que foi bem mais que um treinador no FCP) todos os restantes, uns mais do que outros, foram sujeitos a contestação por parte dos adeptos, do balneário ou de ambos.
Nem Robson escapou. Uma das críticas que lhe era dirigida frequentemente era sua incapacidade de ser mais interventivo no banco e, nessa perspectiva, gerir melhor “quem substitui quem” e o timing mais adequado para produzir essas mudanças. Rui Barros passou, a partir de certa altura, a ser o sacrificado da ordem e acho que o foi numa grande parte dos jogos. Também não foi muito bem entendido que tivesse recebido os “russos” do SLB e os tenha colocado a jogar de imediato e posto no banco o Domingos. Também não foi muito bem aceite, que tivesse sido eliminado da taça com o Marítimo e, pior, que tivesse levado 3-0 e um banho de bola do SCP de Octávio, na Supertaça em Paris. Estava no aeroporto quando a comitiva do FCP chegou de Paris e fiquei revoltado com a forma como foi recebida, tendo havido confrontos entre alguns dos palermas que lá se encontravam e alguns jogadores. Recordo que Vítor Baía e João Manuel Pinto eram dos mais inconformados com aquela estúpida recepção, depois de terem sido campeões com inteiro mérito.
Artur Jorge foi sempre muito contestado, e toda essa contestação começou no balneário e tinha como principal protagonista o Fernando Gomes, que queria a continuidade do António Morais no comando da equipa. Aliás, na época que vencemos a Taça dos Campeões perdemos o campeonato para o SLB e fomos eliminados da Taça pelo SCP, nas Antas. Artur Jorge trouxe modernidade ao futebol português e alguns conceitos novos, nomeadamente a “concentração” competitiva que exigia aos seus jogadores em todos os momentos de jogo. Octávio foi mais que um treinador adjunto, porque foi capaz de ser e fazer aquilo que Artur Jorge não era capaz, ou seja, assumir o lado desagradável do comando e ser duro e intransigente relativamente à disciplina dentro e fora do campo, ao que consta. Desse tempo vem as desavenças com Fernando Gomes e os Oliveira.
Ivic ganhou tudo no FCP, menos a Taça dos Campeões. Os sócios detestavam-no ainda mais que ao actual treinador e não foi por acaso que foi embora e substituído pelo Quinito, que fez haraquiri quando disse que o FCP era Gomes mais dez: ficou refém do balneário e sem mão na rapaziada. Depois foi o que se viu: uma equipa sem rumo do pior que tivemos nestes longos anos em que PdC comandou o clube.
Quanto ao actual treinador não alinho em muitas críticas que lhe são feitas, onde entra tudo, particularmente o que é suposto faltar-lhe: carácter, competência e experiência, um murcão como, de forma sucinta, alguns adeptos o qualificam. Estou em desacordo frequentemente com o treinador porque não “faz” como acho melhor, mas estaria com qualquer outro desde que não cumprisse o que eu acho melhor. No jogo com o SC Braga (para o campeonato) benzi-me quando meteu Kléber no fecho do jogo e não é que fomos ganhar por 2-0. No segundo, também não fez o que esperava que fizesse: meter mais gente no meio campo para equilibrar o jogo naquela zona, mas o brinde quem o deu foi Danilo, como antes Fernando tinha provocado uma grande penalidade com um claro erro individual. Quem ganha os jogos são os jogadores quem os perde é sempre o treinador, e nessa não alinho porque não é justo. A responsabilidade tem de ser partilhada, nomeadamente quando há erros individuais que influenciam o resultado final, por muito que se se especule que a desgraça já vinha a caminho. Acho que alguma coisa mudou desde o primeiro jogo com o SC Braga: Vítor Pereira apareceu muito tenso na entrevista após o jogo, pelo que – tendo em conta a cara muito zangada de Lucho quando saiu – se deva ter passado algo de desagradável no banco. Espero que se ajustem, se deixem de amuos e saibam dialogar.
Uma das criticas que têm feito ao nosso treinador é a eventual desvalorização dos activos do FCP, desde que VP tomou posse como treinador principal. Afinal, assim parece não acontecer a atentar na seguinte notícia:
“O plantel do FC Porto é o 18º mais valioso do mundo num ranking com 200 equipas, de acordo com um estudo efetuado pela empresa brasileira Pluri Consultoria, especializada em marketing desportivo, que lhe atribui um valor de mercado de 180 milhões de euros (ME) e 6,9 milhões (valor médio) a cada um dos 26 futebolistas”.
Por fim, considero que o Vítor Pereira se excedeu na rotação do jogo da Taça de Portugal, reagiu tarde quando Castro foi expulso e deixou James tempo demais em campo, já que era tempo de rodar os que haveria a proteger. Dito isto, considero que há jogadores que têm de “merecer tratamento especial”. Danilo e Alex porque estiveram nos Jogos Olímpicos, Moutinho, Varela, James e Martinez por causa das horas extra nas selecções, o Fernando porque saiu de uma lesão, voltou e teve uma recaída, logo no momento em que anunciou que gostava de sair, o Lucho porque é dos que corre mais e é quase um veterano. Nesse particular, dou o benefício da dúvida ao treinador, embora considere, insisto, que decidiu a rotação num laivo de deslumbramento que não é nada aconselhável.
Depois de Vercauteren e de avaliar a forma como tem dirigido o SCP, acho que devo continuar a conceder o benefício da dúvida a VP.