domingo, 29 de novembro de 2009

Finalmente um jogo à Porto

Depois de muitos jogos em que não se viu o FC Porto jogar como equipa e bater-se pela vitória durante 90 minutos hoje vimos finalmente uma equipa com vontade de vencer. E isso é suficiente para fazer as pazes com o público do Dragão. Desde o primeiro minuto os nossos mostraram boa dinâmica colectiva com um meio campo mais móvel e por isso cedo começaram a criar desequilíbrios na área defensiva do Rio Ave. Sucederam-se algumas oportunidades com Belluschi em bom plano até que aos 23 minutos, numa jogada de insistência, Hulk entra pela grande área dentro tirando dois adversários do caminho e remata para o fundo das redes. Golo. Estava feito o 1-0 cedo no jogo e pensava-se que o FC Porto iria arrancar para uma boa exibição e para uma vitória segura. Puro engano, logo na resposta sai um centro bem medido do lado direito do ataque adversário e João Tomás aparece a cabecear facilmente para golo, apenas estorvado por Fucile. Um balde de água gelada no Dragão.

A reacção da equipa ao golo adversário foi muito boa. O FC Porto continuou a atacar com convicção e com boas combinações e subidas nas alas, quer de Fucile quer de Alvaro Pereira e as oportunidades de golo continuaram a surgir até ao final da primeira parte sem que no entanto aparecesse o golo. No meio de muita vontade houve também muita falta de concentração e mais uma vez muitos passes falhados. Os problemas de finalização mantêm-se. Ainda são precisos muitos remates à baliza para que surja um golo.


No início da segunda parte Fucile foi carregado dentro da área dos vilacondenses e o árbitro apontou para a grande penalidade. Falcao rematou à trave e assim falhou mais um penalty. Não haverá ninguém na equipa técnica que o ponha a marcar 50 penalties por treino depois da hora? Não se admite a um ponta-de-lança que seja tão perdulário, principalmente nos penalties. Apesar disso a equipa continuou a acreditar e os lances perigosos continuaram a surgir na área do Rio Ave e o golo foi sendo evitado pelas defesas espectaculares do guarda-redes Carlos (faz-lhe bem jogar no Dragão, fica inspirado o rapaz). Já com Varela e Farías em campo surge o golo da vitória por intermédio do primeiro num remate à meia volta depois de um lance de cabeça na sequência de um canto. Hoje Varela foi o herói. Mereceu o golo porque regressou muito bem da sua ausência por lesão. É a grande revelação deste plantel.


Algumas notas:
- Com Fucile em campo é outra conversa. Como é que o FC Porto pôde ir buscar um jogador tão banal como o Sapunaru?
- Maicon esteve muito nervoso e inseguro na sua estreia. Esperam-se melhores exibições porque com performances como a de hoje o central que dá mais garantias para fazer companhia ao Bruno Alves é o Rolando.
- Jesualdo disse no flash-interview que a equipa não soube guardar a bola nos minutos finais. Grande constatação. E porque será, terá o Mister pensado nisso? Será talvez porque o seu modelo de jogo despreza a posse e circulação de bola? E depois ainda se admira que os rapazes não saibam guardar a bola quando é preciso.

Rock versus sinfonia de Beethoven


«A leitura mais certeira sobre o descalabro do Inter de Milão em Barcelona veio de Johan Cruyff, segundo o qual, "no futebol, é possível comprar músculo, fama e talento, mas não há dinheiro que pague o estilo". (...)
Mourinho foi muito importante no início da década, pelos contributos que deu ao futebol nacional e pela forma como contribuiu para o crescimento táctico do futebol inglês. Terá para sempre também um lugar cimeiro em qualquer enciclopédia mundial do pontapé da bola. A diferença é que as suas equipas são de rock puro, por vezes mais barulhento do que afinado, enquanto este Barcelona resulta mais numa sinfonia de Beethoven ou numa opereta de Plácido Domingo.»
Bruno Prata
in PÚBLICO, 27/11/2009

sábado, 28 de novembro de 2009

Pontaria desafinada


«o FC Porto é o clube mais rematador da Liga dos Campeões, somando os remates que vão à baliza aos que se ficam apenas pela intenção de lá chegar. (...) não há quem remate mais do que o FC Porto (90 em cinco jogos), é verdade, mas também não há quem remate tanto para fora (48 dos tais 90 contabilizados nas estatísticas oficiais da competição). Aliás, considerando apenas os que vão na direcção desejada, a baliza (no caso do FC Porto, foram 42), há que pendurar outro número na balança: só cinco resultaram em golo.»
in O JOGO, 28/11/2009


"A eficácia é um factor importante, mas, muitas vezes, depende de onde o remate é feito e da inspiração de quem o faz. (...) No jogo com o Chelsea, por exemplo, o único remate dentro da área foi uma recarga do Falcao. Os outros foram de longe e isso também ajuda a traduzir a questão remates/eficácia."
João Vieira Pinto, O JOGO, 28/11/2009


Tudo isto é verdade e deve merecer reflexão, mas estou convencido que bastaria que os índices de eficácia do Falcao melhorassem para níveis aceitáveis (nos últimos 5 ou 6 jogos o sucessor de Lisandro falhou um golo escandaloso por jogo), e uma parte da "crise" da equipa do FC Porto ficaria resolvida.

Fonte: uefa.com

Menos um para suceder a Jesualdo


"O que se passou esteve à vista de toda a gente. Não entrámos como queríamos, sofremos um golo de forma fortuita. Não sofremos o 0-2 no penalty por mérito do Ventura, que acabou por ser um dos melhores em campo. (...) o resultado acaba por ser justo, num dos nossos piores jogos da época. (...) Vamos pensar, hoje fizemos muitas coisas menos boas."
Jorge Costa, 27/11/2009


Depois das eliminações na Taça da Liga e Taça de Portugal, o Olhanense (a que alguns chamam de "Porto B") vai de mal a pior e averbou ontem mais uma derrota em casa. Foi o 10º jogo consecutivo sem vencer e há 615 minutos consecutivos que os algarvios não marcam um golito. É obra!

Presumo que este desempenho da equipa comandada por Jorge Costa deve ter arrefecido o entusiasmo daqueles que colocavam o ex-capitão portista entre os potenciais sucessores do treinador tri-campeão nacional e, quiçá, já em Janeiro...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ailton - 1949-2009 RIP


Faleceu em São Paulo o nosso antigo jogador Ailton Ballesteros, que fez parte do plantel vencedor da Taça de Portugal em 1977. RIP.


Foto: Grande Porto online

O novo empréstimo obrigacionista


Conforme foi amplamente divulgado, está a decorrer (termina a 15 de Dezembro) o período de subscrição de um novo empréstimo obrigacionista da Futebol Clube do Porto – Futebol, SAD, representando um montante global máximo de 18.000.000 euros. Irão ser emitidas 3,6 milhões de obrigações de valor nominal de cinco euros cada, remuneradas com uma taxa de juro bruta de 6%, e o reembolso será feito a 18 de Dezembro de 2012.

"[este terceiro empréstimo] é uma fonte de financiamento alternativo ao bancário. Desta forma, o passivo, a médio prazo, passa a ser mais equilibrado, resultando numa maior estabilidade da tesouraria e numa melhor gestão. Este aumento para os 18 milhões de euros, vai evitar ter outras operações financiadas a curto prazo."
Fernando Gomes, 18/11/2009

"Em 2003-06, o montante colocado foi de 11,5 milhões de euros e, em 2006-09, subimos para 15 milhões e os subscritores foram em número bem superior ao valor que tínhamos para realizar. Perante o sucesso anterior, com um juro de seis por cento que não é fácil de obter e com o apoio de duas grandes instituições, o Millennium BCP e o BES, vamos abalançar-nos para 18 milhões de euros. Estou certo de que, mais uma vez, com a percentagem de juro oferecida, vai ser um novo sucesso."
Pinto da Costa, 18/11/2009


Concordo com Pinto da Costa. A taxa de juro é, de facto, aliciante. A pergunta é se não será excessivo manter os seis por cento brutos, atendendo a que as taxas de juro baixaram significativamente nos últimos três anos e, actualmente, são muito mais reduzidas do que na altura do empréstimo anterior.
Apesar disso, ao oferecer este juro aos subscritores do empréstimo obrigacionista, deduz-se que para a SAD continua a ser um instrumento de financiamento mais favorável do que pedir emprestados estes 18 milhões directamente à banca. Ou seja, o financiamento bancário da SAD está a ser feito a um juro superior a 6%.

De resto, olhando para a progressão dos valores destes empréstimos - 11.5, 15, 18 milhões -, fica a ideia que os novos empréstimos servem para pagar o reembolso do anterior mais os juros. Ora, isso não é muito tranquilizador, porque a manter-se o cenário daqui a três anos vão ser necessários 21 ou 22 milhões de euros.

E também significa que os encargos anuais com os juros do empréstimo obrigacionista continuam a crescer. No caso deste empréstimo serão 1,08 milhões de euros por ano (6% x 18 milhões).

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SMS do dia - LXXXVI

Depois do Fernando Gomes, saúdam-se as relações normais com a Aurora Cunha.

Ainda não perdi a esperança de um dia destes, os ver no Passeio da Fama, juntamente com a Fernanda Ribeiro.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Crónica de uma derrota anunciada


Foi mais do mesmo, com Varela em vez de Hulk, com Belluschi em vez de Guarin. Mas, não houve mudança especial na exibição e nos processos. Os pontos fracos mantiveram-se e só serão mais atendíveis porque o FCP jogou com uma equipa de uma dimensão superior.

Aliás, e apesar do guarda redes do Chelsea ter estado mais em jogo que Beto, a equipa londrina teve mais bola e pautou sempre o ritmo. Não tinha pressa em chegar ao golo ou em esmagar o adversário. Notava-se, contudo, que a bola nos pés do adversário era melhor tratada, o jogo fluía com simplicidade e aparentemente sem precisar de grandes acelerações ou de uma especial tendência atacante. O importante era o controlo do jogo. A vitória a acontecer surgiria naturalmente, à boa maneira italiana.
Ao, contrário, o FCP manteve a bitola ao perder inúmeros passes, e a circulação de bola raramente se fez com jeito e de forma envolvente. Sempre em esforço, os jogadores do FCP pareceram sempre fatigados, tristes e a equipa sempre pareceu dependente de uma jogada individual para ganhar o jogo, o que aliás ia acontecendo, numa boa iniciativa de Varela a que Belluschi deu o melhor seguimento com um belo remate que ultrapassou Cech, mas não a trave. Já antes o argentino tinha tentado o remate de meia distância que o gr adversário não agarrou e que Falcão desperdiçou. Foram os melhores momentos do FCP.

A 2ª. parte foi bastante pior que a primeira. Beluschi e Varela perderam gás, as bolas perdidas sucediam-se, e os ingleses passaram a ameaçar, escolhendo o seu flanco esquerdo como ala privilegiada para o ataque à nossa defesa.

Foi, por essa altura que JF tirou Varela e colocou Hulk. Num período relativamente curto os ingleses ameaçaram pela banda esquerda. Belluschi não fechava, Varela já não estava lá para compensar as subidas do defesa esquerdo e Hulk demorava a entrar em jogo, provavelmente ainda não refeito da estada no banco.
O golpe fatal vinha sendo anunciado. Pelo lado esquerdo, obviamente. A equipa do FCP , não foi capaz de compensar, Sapunaru foi batido naquele dois contra um, repetido e não corrigido, a defesa não fechou, e o golo do Chelsea foi tão fácil que até senti dó.

Mais substituições, algum coração, muitas correrias, pouca lucidez e o jogo acabou com uma vitória do Chelsea que esteve longe de ser brilhante. Fernando foi para defesa direito, Meireles passou a ocupar o lado direito do meio campo e do lado esquerdo posicionou-se Guarin. Farías entrou para dar musculo e mais oferta de homens na área adversária, mas a convicção infelizmente escasseava. O que doeu foi sempre a ideia pressentida que não tínhamos argumentos sólidos para ganhar e que bastava um Chelsea qb para nos vencer, sem se incomodar muito.

Meireles regular e Bruno Alves bem. Belluschi na 1ª. parte esteve em destaque, mas caiu muito na segunda. Varela, muito bem tacticamente, nem sempre acertou no último passe, deu o berro e foi substituído. Rodriguez uma desgraça, Falcão esforçado. Rolando menos seguro e confiante e Fernando defende e avança pior. Com dois alas sempre encostados às linhas, acho que nem por uma vez conseguiram ganhar a linha de fundo. Diagonais não se viram.
Enfim, um FCP demasiado estático tacticamente e fisicamente mal.
Ao invés, o Chelsea sem alas, chegou ao golo aproveitando bem o espaço livre que soube criar na sua ala esquerda. Sem pressas e com a estúcia própria dos mais poderosos.

É verdadeiramente preocupante o número de passes que a equipa do FCP falha, e a quantidade de bolas que se perdem pelas laterais. Um FCP irreconhecível. O pior FCP dos últimos anos. Tão mau, só no tempo do Octávio, que também tinha ganho a Super Taça e garantido a continuidade do FCP na CL.

Não podemos ganhar sempre, mas temos de jogar melhor. E jogar melhor é o caminho certo para melhores resultados. Não é ? A situação não é dramática, mas há sinais preocupantes que não podem ser escamoteados. Este não é o meu Porto.
Um árbitro medíocre, sem influência no resultado. Mas, foi visível que depois dos protestos do treinador italiano, ao serviço do Chelsea, passou a ser demasiado anti-caseiro.

Bolsa de apostas - V

Para o jogo de hoje, com o Chelsea, as casas de apostas vêem as coisas assim:

Probabilidade de Vitória do FC Porto: 33%
Empate: 29%
Derrota: 38%

O resultado mais provável é 1-1 (12,5%), mas os resultados de 0-1 (12,5%), 0-0 (11,7%) e 1-0 (11,7%) estão todos muito próximos. Ou seja, é daqueles jogos que pode mesmo dar para qualquer um dos lados (ou para nenhum).

Sendo que o Drogba (16,6%) é o mais provável para molhar a sopa, pela nossa parte é o inevitável Falcao (13,3%).

Ao intervalo o mais provável (37%) é que se fique pelo 0-0. Se estivermos a ganhar ao intervalo, a probabilidade de perdermos o jogo é de 3%, mas se no intervalo estivermos a perder, a probabilidade de ganharmos também é de 3%.

Garantido que está o apuramento para os oitavos (e aposta ganha), resta em aberto a probabilidade de ganharmos o grupo que é agora de 22,4% (contra o 16,3% da jornada anterior).

Continuando a simular a aposta de € 1,00 sempre a favor do FCP, a coisa está assim:



terça-feira, 24 de novembro de 2009

SMS do dia - LXXXV

É o n.º 10
Finta com os 2 pés
É melhor que o Pelé
É o Deco! Allez! Allez!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Meireles é um médio de cariz defensivo?


No último Bósnia x Portugal, Raúl Meireles repetiu o bom jogo que já tinha feito na 1ª mão mas, na ausência de Deco, foi ainda mais incisivo em termos atacantes. Assim, para além do golo, surgiu várias vezes em zona de remate e, pelo menos em mais duas ocasiões, esteve na iminência de marcar mais golos.

Por isso, e depois do que vimos neste jogo, quem se atreve a continuar a dizer que o Raul Meireles é um médio de cariz defensivo?

Não sejamos virgens ofendidas

É bom que se defenda o espectáculo e os adeptos, mas também convém termos memória e não fazermos de virgens ofendidas, só assim a nossa razão ganha força.

É bom relembrar o pavilhão de Fânzeres de onde se retiraram as cadeiras da cabeceira para caberem mais Super Dragões, para onde estes tinham livre trânsito, e que em dia de jogo grande eram mais que as mães, mas nas bilheteiras a venda de bilhetes nunca fechava.



Não raras vezes, e não há muito tempo, lá dentro estiveram mais do dobro de espectadores do que aqueles que teoricamente o pavilhão levava e onde se chegava a ouvir o speaker de serviço a dizer (mais palavra, menos palavra):

"Ainda está muita gente lá fora para entrar no pavilhão, pedia que vissem o jogo de pé para podermos ser mais a apoiar o nosso clube, vamos lá! juntem-se mais!"

domingo, 22 de novembro de 2009

"Galinheiro" licenciado pela Liga


"Até agora nenhum adversário se queixou, apesar do relvado em péssimas condições."
Jorge Silva, guarda-redes da Oliveirense

"Com o Gil Vicente o relvado estava pior e jogámos. Com o Carregado aconteceu a mesma coisa"
Laranjeira, capitão da Oliveirense

«(...) o estádio da Oliveirense está licenciado para receber jogos de uma competição profissional»
ponto 1, comunicado da FPF, 21/11/2009


Como é possível que um "galinheiro" como o pseudo Estádio Carlos Osório tenha sido licenciado pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (e sublinho o profissional) para jogos das suas competições?

Mais. Se ontem o "relvado" estava impraticável, transformado num pântano de lama, buracos e poças de água, como é possível que árbitros e delegados da Liga tenham permitido a disputa de jogos da Liga Vitalis em condições ainda piores?

Das duas uma, ou esta gente anda a brincar com o futebol profissional, ou o facto de Hermínio Loureiro ser um fervoroso adepto da Oliveirense teve (tem) um peso decisivo em toda esta pouca vergonha.
E depois, o presidente da Liga e da câmara municipal de Oliveira de Azeméis, ainda tem a lata de dizer que um dos seus objectivos é promover o futebol espectáculo, de modo a levar mais adeptos aos estádios...

Foto: A Bola

A mão de Henry, 20 anos depois de Vata

Época 1989/90, meia-final da Taça dos Campeões Europeus
SLB x Marselha (1-0)






Época 2009/10, play-off de apuramento para o Mundial
França x Irlanda (1-1)



Leio comentários na comunicação social portuguesa e, 20 anos depois, parece que há quem já se tenha esquecido que foi através da mão de Vata que o SLB chegou à sua última final europeia.

sábado, 21 de novembro de 2009

Uma novela rasca com um final previsível


«Dois golos na sequência de lances de bola parada ditaram a divisão de pontos entre Oliveirense e Gil Vicente, em jogo da 10.ª jornada da Liga de Honra, disputado num relvado alagado e com José Gomes, treinador adjunto do FC Porto, na bancada, para observar a Oliveirense (...) O encontro, disputado sob muita chuva, caracterizou-se pela luta e pelos pontapés longos, visto que era impossível fazer a bola rolar no terreno de jogo
in Record, 15/11/2009

"A Oliveirense não vai fazer nenhuma alteração no estádio, que se vai apresentar como está. Vamos tentar recuperar o relvado o mais possível, esperando que o bom tempo surja"
José Godinho, presidente da Oliveirense, 15/11/2009

"Se não vierem cinco dias de sol, não vai recuperar, porque conheço este relvado. Vai ser um terreno difícil, onde vai imperar muita luta, muito contacto."
Pedro Miguel, treinador da Oliveirense, 15/11/2009

"Esperamos bom tempo durante o resto da semana e que, no sábado, não chova"
José Godinho, 18/11/2009

«A FPF deseja que o jogo entre a UD Oliveirense e o FC Porto seja – como sempre são os jogos da Taça de Portugal – uma verdadeira festa do futebol, disputado dentro do melhor espírito do fair-play, do respeito e do desportivismo.»
ponto 5 do comunicado da FPF, 20/11/2009


«O árbitro Bruno Paixão decidiu que não há condições para se realizar o Oliveirense-F.C. Porto. (...) O relvado do Estádio Carlos Osório está completamente impraticável, até porque se abateu um forte temporal sobre o norte do país neste sábado de manhã. Chuvas intensas, ventos fortes e muito frio, que aumentaram os buracos e as zonas do relvado cheias de lama. Ora por isso a bola praticamente nem rolava.»
in Maisfutebol, 21/11/2009


«O relvado do Estádio Carlos Osório não está em condições de receber a partida e poderia colocar em risco a integridade física dos jogadores. Durante o aquecimento, foi notório que o relvado era um misto de lama e água, no qual os jogadores se enterravam a cada passo dado»
in A Bola, 21/11/2009

"O árbitro entendeu que não estavam reunidas condições para jogo, que a integridade dos jogadores e árbitros estava em risco e decidiu adiar. Está no seu direito. Eu, como presidente, compreendo, pois o relvado está praticamente impraticável. (...)
Espero que seja irreversível o processo para a construção de novo estádio. Demonstrámos a toda a comunidade oliveirense que
para estarmos numa competição não podemos ter este estádio, ou então teremos de descer de divisão."
José Godinho, 21/11/2009

"Isto foi um exercício prático para demonstrar que precisamos de um novo estádio"
José Godinho, 21/11/2009


Nem é preciso dizer mais nada. Os factos, as imagens, os comunicados e as declarações dos próprios presidente e treinador da Oliveirense ao longo da semana falam por si.

Fotos: A Bola, PUBLICO, Maisfutebol

Há coisas que não se esquecem - III

Porque há roubos que não tiveram direito a apitos especiais, sempre que o Bruno Ladrão se atravessar no caminho do tetracampeão, não deixarei passar a efeméride sem o devido refrescar de memória:



O que diria disto o Sr. Batota?


A pergunta é retórica, como é óbvio. O Sr. Batota não diz nada e o que mais lhe interessa é que a França esteja apurada para o Mundial da África do Sul em 2010, ainda que tenha conseguido esse apuramento através de um lance decisivo em que Henry assiste um colega depois de ter dominado a bola com a mão. Um erro de arbitragem muito grosseiro e que a FIFA convenientemente resolveu ignorar.

Em 6 de Junho de 2008 o Sr. Platini, Presidente da UEFA, comentando os castigos impostos pela UEFA ao FC Porto (no âmbito da Farsa “Apito Final”) e a outros clubes, revelou que estava “empenhado em deixar uma mensagem muito forte contra a batota”. Quem diria...



Não deixa de ser irónico que um francês que está à frente dos destinos da UEFA e que, além de se arrogar em justiceiro, está a fazer uma campanha miserável contra os clubes ingleses (que segundo ele "estão muito endividados"), assista agora em silêncio ao apuramento para o Mundial 2010 da sua selecção através da batota em detrimento de uma selecção anglo-saxónica, a Irlanda.
No que diz respeito ao comportamento da FIFA, esta já se tinha portado muito mal em Setembro quando criou regras já no final da fase de qualificação com o intuito de proteger os cabeças-de-série, depois de se saber que países como a França e Portugal teriam de disputar um play-off. Agora, ignorando a forma como a França se qualificou, a FIFA acabou de passar a mensagem de que vale tudo para que os países com maiores receitas estejam presentes na fase final do Mundial.

Fico-me com uma citação dessa grande personalidade do futebol luso que é Paulo Bento: “Andebol – mão, Basquetebol – mão, Futebol – pé”.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

O Amor da F.P.F. pelo Futebol




A Taça de Portugal é, segundo dizem, "a festa do futebol". Ou, se calhar, é apenas a final da competição que merece tal epíteto, disputada que é no "olímpico", "helénico", Estádio Nacional - como o descreveu, se a memória me não atraiçoa, o Dr. Silva Resende, conhecido sportinguista de Cinfães, durante a polémica sobre a final de 1983 (àquela arquitectura de traça mussoliniana nós preferimos chamar Estádio de Oeiras).



Pelo menos atendendo ao que se vem passando em redor do Campo Carlos Osório em Oliveira de Azeméis não parece que a F.P.F. se preocupe muito com as condições em que devem decorrer os jogos das eliminatórias da prova. Já não falo do estado do relvado, que admito se deva essencialmente ao mau tempo que se tem feito sentir este mês, mas que dizer da decisão da U.D. Oliveirense de retirar as cadeiras do recinto de modo a que o maior número possível de espectadores nele se possam enfiar, tipo sardinha em lata, à velha moda dos antigos eléctricos do Porto, cujo mote era "cabe sempre mais um"? O público dos nossos dias, habituado ao conforto dos estádios modernos, já não se sujeita de bom grado a semelhantes vexames.

Entendo que a Oliveirense queira arrecadar a maior receita possível e queira possibilitar que o maior número possível de adeptos assista ao jogo, mas então, por que não, por exemplo, ter transferido o jogo para o novo Estádio Mário Duarte? Ganhava o espectáculo, ganhava o público e ganhava a Oliveirense em termos de receita. Não vão os Pescadores da Caparica receber o Sporting no Restelo? Não defrontou o Monsanto em Torres Novas a equipa do Benfica?

Mas, pelos vistos, a F.P.F. não tem padrões mínimos de exigência para a realização dos jogos da sua prova mais importante ou, se os tem, eles são mesmo muito baixos.


Fotos: site da U.D. Oliveirense

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Honra aos Nossos!


Raul Meireles, tripeiro de nascença e jogador do F.C.Porto, assina a qualificação de Portugal para o Campeonato do Mundo de 2010. Bravo, Raul!


Foto: A Bola online

Ainda se Lembram? (III) O "Xico" Nóbrega



Cabeça caída, queixo quase colado ao peito, com um passo melancólico, esta era, de certo modo, a imagem de marca de Francisco Lages Pereira Nóbrega, que viu a luz do dia em Vila Real em 14 de Abril de 1942. De tal modo essa imagem se lhe colou que alguns adeptos de humor mais espontâneo diziam que ele perdera “cinco coroas” (antiga moeda de 2$50) no relvado das Antas.

Mas isto era nas pausas do jogo. Com ele a decorrer, o Nóbrega era um fogoso extremo-esquerdo, senhor de um drible mais que competente e um dos melhores jogadores a centrar uma bola que já vi actuar no F.C. Porto. E a isso aliava um poderoso pé esquerdo, que o viu facturar um número apreciável de golos durante a sua longa carreira no F.C. Porto, que decorreu de inícios da década de 60 a meados da década seguinte. Pelo meio, o Nóbrega foi quatro vezes internacional “A” por Portugal, entre 1964 e 1967.

Mas, de facto, pareceu sempre faltar-lhe alguma chama, dava a ideia de ser um jogador pouco motivado. O grande jornalista Vítor Santos frequentemente, ao escrever sobre ele, dizia que o Nóbrega patenteava “sempre os mesmos defeitos e as mesmas qualidades”.

A certo ponto dos anos sessenta irrompeu no clube um jogador da mesma posição que chegou a tirar-lhe o lugar, o angolano Serafim dos Anjos Mesquita Pedro, popularizado pela alcunha de “Malagueta”. Mas o Malagueta, coitado, que já não está entre nós e teve um fim triste, gostava muito das noitadas, e paulatinamente o “Xico” Nóbrega recuperou o lugar. Fez, por essa altura, parte da equipa que no Jamor venceu a Taça de Portugal de 1968, contra o Vitória de Setúbal (2-1), tendo apontado um dos golos, salvo erro o da vitória.

Ainda por cá estava, “sempre com os mesmos defeitos e as mesmas qualidades”, na época em que o Pavão morreu, em 1973, e participou nessa partida, também contra o Vitória de Setúbal.

Percorrendo as minhas memórias do Nóbrega, recordo-me da sua fulcral intervenção na jogada que deu o único golo da partida num jogo contra o Benfica nas Antas em Dezembro de 1968: antecipando-se a um defesa adversário dentro da grande-área, o Nóbrega rematou com violência à meia-volta, o guarda-redes do Benfica, José Henrique, apenas conseguiu rechaçar a bola, e o Custódio Pinto, ali mesmo à mão de semear, empurrou-a para a baliza. Nessa época disputámos o título renhidamente com o Benfica, e já dela falei no artigo sobre o “Bacalhau”. Voltarei a ela aqui, um dia, com mais pormenor. Hoje a tinta da minha pena virtual é derramada em homenagem ao “Xico” Nóbrega.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Arrivederci Quaresma


«O jornal espanhol Mundo Deportivo avança na sua edição de hoje que o Atlético de Madrid está na corrida pelo extremo, para além do Génova, Nápoles, Everton e... Sporting. Recorde-se que o clube de Simão Sabrosa já tentou a contratação de Quaresma em 2006 e 2007, esbarrando na altura no alto preço pedido pelo FC Porto. O regresso aos campeões nacionais é também uma forte hipótese para o jogador prosseguir a carreira, garante o diário La Gazzetta dello Sport.»
in Record, 12/11/2009

Compreendo que o Ricardo Quaresma queira jogar com regularidade, algo que não faz desde que saiu do FC Porto, e percebo perfeitamente a urgência pessoal em fazê-lo, nomeadamente no caso de Portugal garantir o apuramento para o Mundial da África do Sul.

Contudo, esperando que esta paragem de três semanas no campeonato contribua para que o trio de ataque portista - Rodriguez, Hulk e Falcao - e o "joker" Varela atinjam o pleno em termos físicos, faz sentido a FC Porto SAD equacionar a possibilidade de contratar (por empréstimo) Quaresma a partir de Janeiro?

Apesar das saudades das trivelas e de diversos golos espectaculares, sinceramente penso que não e por três razões:

1º) As principais carências do plantel portista são no meio-campo, com destaque para médios ofensivos de qualidade. A investir em Janeiro a prioridade deve ser nesse sector;

2º) Em ano de Mundial, a SAD tem de valorizar os seus activos - por exemplo, Hulk e Varela - e não os que pertencem ao Internazionale;

3º) A forma como Quaresma forçou a sua saída do FC Porto e as palavras pouco simpáticas que proferiu quando assinou pelo Inter (qualquer coisa do estilo, "tinha o desejo de voltar a jogar por um grande clube"), fazem com que muitos adeptos portistas, entre os quais eu me incluo, não vejam um hipotético regresso do Quaresma com os mesmos olhos com que veriam o de Deco ou Ricardo Carvalho, só para citar dois exemplos.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Pérolas Retóricas do Zé do Boné (15)


"Os sistemas não se inventam, mas funcionam sempre, do meio-campo para a frente, em função das características dos jogadores de que se dispõe".

Entrevista a "A Bola" em 1979 citada em Alfredo Barbosa "Pedroto o Mestre", 1998.

A propósito da finalização


Provavelmente muitos dos nossos leitores já assistiram aos exercícios de aquecimento da actual equipa do FC Porto. Este processo consiste normalmente num curto período inicial em que os jogadores descontraidamente fazem passes e trocam a bola em grupos de dois (sendo que quem trabalha com o Bruno Alves lhe manda as bolas para a cabeça), depois há corrida, sprints e saltos aos pares num período mais alargado e mais tarde há uma sessão de "meinho" num curto espaço de terreno com duas equipas de quatro elementos cada e os restantes dois jogadores a envergarem coletes diferentes para fazerem parte da equipa que tem a posse de bola (nunca indo, portanto, ao "meio"). Por fim, nos 5 a 10 minutos que restam, os jogadores de campo reúnem-se a aproximadamente 40 metros da baliza, cada um com uma bola, para depois, um a um, fazerem uma triangulação com um dos treinadores adjuntos e de seguida rematarem à baliza um pouco antes da entrada da grande área.

Ora, é precisamente desta última fase do aquecimento que venho abordar. Não sou da equipa técnica e ainda por cima sou um leigo no que à teoria futebolística diz respeito e, por isso, desconheço o objectivo de tal exercício no âmbito dos minutos finais que precedem um jogo de futebol, mas uma coisa me intriga: será normal que 8 em cada 10 remates (mais coisa menos coisa) tenham como destino a bancada e os placards publicitários ou saiam frouxos às mãos do guarda-redes? Será normal que a quase totalidade dos remates falhem o alvo poucos minutos antes do início da partida? É possível que a explicação para isto seja muito simples e esteja relacionada com o facto de todo o trabalho específico importante ser feito nos treinos e à porta fechada e que estes sejam apenas momentos para descontracção dos atletas antes dos jogos. Mas nesse caso volto a perguntar: não será muito pior pôr um jogador a fazer 2 ou 3 remates de longa distância à baliza antes de começar o jogo e ele não acertar um único? Não ficará desmotivado a tentar a sua sorte de longe?

Dito isto, não me espanta nada que o FC Porto tenha uma prestação paupérrima em bolas paradas e remates de longa distância. Não me espanta nada que o Hulk (que tem um remate portentoso) remate e saia (quase) sempre uma "rosca" muito ao lado ou que o Meireles já não marque golos fora da área há muitos meses. No futebol, como nas outras profissões, quando não há trabalho não há resultados.

No passado estive atento às sessões de aquecimento de alguns dos melhores clubes da Europa que já defrontámos: Manchester United, Chelsea, Liverpool, Real Madrid ou Barcelona. Em todos eles identifiquei um factor comum no que respeita a remates à baliza, há 2 ou 3 jogadores que ficam alguns minutos do aquecimento a trabalhar o remate à baliza e esses remates são precisamente o contrário dos dos nossos jogadores: muito poucos falham o alvo.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

6 anos



Música do futebol

Inspirado neste artigo do João Saraiva, relembrei algumas das músicas que me ajudam a exprimir um pouco do que é o futebol para mim.
Estas duas músicas não estão relacionadas com o FC Porto ou outro clube em particular, mas são antes um hino ao espectáculo que é o Futebol e às emoções e paixões que este desperta.

1.


Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém pra cabecear
Bola na rede pra fazer um gol
Quem não sonhou ser um jogador de futebol?

A bandeira no estádio é um estandarte
A flâmula pendurada na parede do quarto
O distintivo na camisa do uniforme
Que coisa linda, é uma partida de futebol

Posso morrer pelo meu team
Se ele perder, que dor, imenso crime
Posso chorar se ele não ganhar
Mas se ele ganha, não adianta
Não há garganta que não pare de berrar

A chuteira veste o pé descalço
O tapete da realeza é verde
Olhando para bola eu vejo o sol
Está rolando agora, é uma partida de futebol

O meio campo é lugar dos craques
Que vão levando o team todo pro ataque
O centroavante, o mais importante
Que emocionante, é uma partida de futebol

O goleiro é um homem de elástico
Só os dois zagueiros tem a chave do cadeado
Os laterais fecham a defesa
Mas que beleza é uma partida de futebol

Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém pra cabecear
Bola na rede pra fazer um gol
Quem não sonhou ser um jogador de futebol?

O meio campo é lugar dos craques
Que vão levando o team todo pro ataque
O centroavante, o mais importante
Que emocionante, é uma partida de futebol
Por Skunk, "Partida de Futebol"

2.


I’m in love with a football club
At the age of 7 my father took me
He got me hooked into this game
I’m a member of an ape like race in the final days of the 20th century
When we don’t win I go insane…

Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal

Wanna see you take that ball
and make it break the laws of gravity
Sell me a dummy on the way…
Curved ball around the wall
Make the play with a touch of clarity
I get much pleasure from this game

Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal

Who were so powerful
watch these giants collide
so individual
he was never ever ever offside…

Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
Goal, Goal, Goal, Goal, Goal
James, "Goal Goal Goal"

A palestra de Fernando Gomes na EGP


Na passada sexta-feira, dia 13 de Novembro, Fernando Gomes foi convidado para uma palestra inserida na pós-graduação do curso de "Gestão do desporto profissional" da EGP - University Business School. Num ambiente diferente das assembleias gerais da SAD ou do clube, o administrador do FC Porto respondeu a várias perguntas e fez um conjunto de afirmações interessantes.

"[o sucesso desportivo continuado do FC Porto, sobretudo a nível internacional] é um autêntico milagre".

Para concretizar o fosso que separa Portugal de países como a Inglaterra e a Espanha, Fernando Gomes serviu-se de um quadro comparativo das receitas: Manchester United (324 milhões de euros), Barcelona (308), Bayern Munique (295), Chelsea (268), Arsenal (264), Liverpool (210), Villarreal (68) e FC Porto (54).

"O FC Porto está num mercado parco. Tem apenas 10 ou 12 por cento da capacidade de gerar receitas nos mercados em que está envolvido. Mas, ao mesmo tempo, compete ao mesmo nível em aspectos como a aquisição de jogadores."

"O Keirrison [agora com 20 anos] foi referenciado há dois anos, mas os valores eram incomportáveis. Acabou por ir para o Barcelona, por 14 milhões de euros, com encargos de um milhão de euros por ano. Não tivemos capacidade financeira para competir com o Barcelona."

"Lisandro foi ganhar três mihões de euros para o Lyon".

Na resposta a perguntas da plateia, Fernando Gomes considerou interessantes, mas quase inviáveis uma liga ibérica ou uma liga europeia de clubes.

"[a integração do FC Porto, Benfica e Sporting num potencial campeonato ibérico] Seria aliciante, do ponto de vista de receitas, mas há regras extremamente restritivas a esse respeito no futebol europeu. Ainda recentemente não foi permitida a entrada dos escoceses do Celtic e do Rangers na Premier League."

"O Real Madrid recebe, por ano, 135 milhões de euros, só de direitos televisivos. O Barcelona 125 milhões e o FC Porto nove. Do ponto de vista de mercado, seria muito interessante, mas isso provocaria a diminuição da competição em Portugal".

Quanto à possibilidade de o FC Porto competir numa Liga europeia, foi descrita como "inviável", até porque a UEFA respondeu com o reforço de prémios da Champions. "A oportunidade surgiu em 1998, mas esse tempo já passou. A melhoria das receitas por parte da UEFA tornou quase impeditivo os grandes clubes de darem esse passo".

"Apesar das inúmeras presenças na Liga dos Campeões, o FC Porto tem direito a fatias do market pool muito inferiores a clubes holandeses ou turcos, por exemplo."

"O nosso sucesso passa por antecipar e conquistar os jogadores através da projecção que os atletas ganham no FC Porto"

"O FC Porto é um case study europeu", estatuto granjeado à custa de vários factores: "cuidadosa gestão, boa observação de jogadores e equipas competitivas". O fortalecimento da marca também conta. "Somos muito procurados".

A estratégia do FC Porto para o sucesso, segundo Fernando Gomes, é a seguinte: "profissionalização dos quadros; aposta no centro de treinos e no estádio novo; estratégia agressiva de investimento no plantel e planeamento a longo prazo". Boa parte do sucesso tem que ver com a "prospecção de jogadores e recolocação posterior com negócios altamente vantajosos".

Com um "passivo de 155 milhões de euros, sem contar com outro de 50 milhões relativos à EuroAntas" (detentora do estádio), Fernando Gomes referiu não ser importante o montante. "Os passivos não interessam para nada. Temos é de ter capacidade para gerar fluxos de maneira a pagar esses passivos".

domingo, 15 de novembro de 2009

Intermitência e tremedeira

Os críticos no final do jogo entre Portugal e a Bósnia estavam de acordo. A exibição de Portugal foi demasiado intermitente. Por uma vez, concordo com a rapaziada da informação desportiva . Com efeito, o jogo entre Portugal e a Bósnia foi dominado pela intermitência, sobretudo da nossa selecção. A Bósnia cumpriu o plano e apenas foi infeliz, a meu ver. A equipa portuguesa teve bons momentos, mas para além de intermitente esteve desequilibrada e no final do jogo completamente à deriva. E essa imagem marcou o jogo. Espero que não marque o futuro.

Na 1ª parte o jogo correu quase todo pelo lado direito com Nani em destaque. Algumas triangulações em que intervieram Meireles e Deco foram vistosas, mas perdiam-se : o último passe não saía e se saía não encontrava finalizador, pois raramente conseguimos meter “muitos” homens na grande área da Bósnia.
Quando o fizemos, um cruzamento suficientemente tenso de Nani aproveitou uma excelente desmarcação de Bruno Alves pela esquerda que fez o golo que valeu o resultado.

Os últimos minutos da 1ª parte foram um sufoco, e no seguimento de um canto a trave da nossa baliza abanou com força, mas impediu bravamente que os bósnios empatassem o jogo.

Na 2ª parte não entramos bem, mas como os bósnios se mantiveram na expectativa, acabamos por tirar partido dessa prudência do adversário para abanar um pouco jogo, o que conseguimos durante cerca de 15 minutos, entre os 55 e os 70 minutos, em que tivemos algumas oportunidades e Liedson construiu e perdeu a melhor chance de aumentar a vantagem. Bem, depois, até ao final do jogo, foi uma tremedeira total e fomos muito felizes, nomeadamente quando na mesma jogada vimos duas vezes os postes a substituir o nosso guarda redes. Foi dos lances mais aplaudido pelos indefectíveis da selecção. Uma loucura !
Fomos felizes no resultado, mas mostramos muita fragilidade. Vamos ter um osso muito duro de roer . O adversário é forte, conta com o nosso medo e tem uma grande vantagem atlética. Hoje dividimos a posse de bola : 50% para cada lado. Na Bósnia, teremos de ser muito hábeis para controlar o jogo. Os nossos laterais estiveram fracos, Liedson e Simão pouco influentes, e a entrada de Coentrão não resolveu coisa nenhuma, à direita ou à esquerda. Pepe, RCarvalho, Meireles , BAlves e Nani estiveram a um nível satisfatório. Deco esteve no melhor de Portugal, mas esteve demasiado intermitente o que nos penaliza, pois é o jogador que pensa o jogo e marca o ritmo. O Eduardo é o tipo de guarda redes que nenhuma selecção gostaria de ter. O final foi um sufoco e o salve-se quem puder. A equipa perdeu completamente o tino.
Os sub-21 já foram. O futuro não é risonho. O Hulk jogou pela selecção brasileira. Lá perdemos um potencial jogador para a nossa selecção. Que jeito dava. Oxalá não se perca o Fernando, pois corremos o risco de não estar nas principais competições em jogos de selecção, no futuro próximo, se não soubermos aproveitar os recursos que nos chegam dos países bárbaros. Que barbaridade !

sábado, 14 de novembro de 2009

SMS do dia (LXXXV)


Dizem que recebeu "bons conselhos" e os soube ouvir.

Ainda se lembram? (II) O Bife

Aproveitando a deixa do Alexandre e para equilibrar gastronomicamente as coisas, depois do Bacalhau nada melhor que um Bife.

Não me lembro dele propriamente como jogador, mas faz parte das minhas recordações infantis.

Primeiro que tudo pelo nome de guerra - Bife, que como ele relatou veio de:
“Estava com pressa para jogar futebol e tropecei no caminho. A marmita caiu e a tampa abriu e eu estava para morrer de fome e o que eu vi ali? Um bife enorme”, narra o atleta, fazendo gesto, sem se importar com o soro na veia. “Tinha uma padaria ao lado e planejei tudo. Entrei e pedi água. Sabia que o dono ia buscar água lá no fundo. Enquanto ele fez isso, catei o maior pão que tinha. Fui esconder atrás de uns tijolos e arrumei o sanduíche. Quando estava comendo, passou um colega e disse: você está comendo o bife da marmita. Eu disse: não, estou só descansando”. Na hora da escolha dos times, quem estava no par ou ímpar era o tal colega. Ele ganhou e pediu: eu quero o Bife. “Mas aí eu zanguei, não devia ter zangado, bastou isso para o time todo gritar Bife, Bife. E nunca mais tive outro nome”.

O Bife foi contratado no início de 1980, já a época ia a meio, e foi marcado um jogo de apresentação - na altura face à escassez de contratações e para ajudar a pagar a mesma, era normal tal acontecer.

O Sp. Espinho foi o convidado e o jogo marcado para o dia 2 de Fevereiro de 1980 (pelos arquivos a data foi esta e o resultado 2-1), e a vedeta ia ser ele - José Silva de Oliveira - Bife para os adeptos. Mas algo viria a mudar esta história.

António Oliveira, tinha ido no início da época para o Bétis, mas estava descontente e queria voltar. E voltou. Mas voltou precisamente no dia da apresentação do Bife. 29 anos depois, já não retenho os pormenores, não sei se o Oliveira chegou a jogar ou não, só me lembro que um jogo particular e banal se tornou de repente no regresso do ídolo Oliveira. Na altura foi umas das maiores alegrias que tive e que foi ficando na memória, sempre associada ao Bife.

Ficou por cá até ao final dessa época de 1979/1980, não sei se o Verão Quente teve alguma coisa que ver com a sua saída, tendo efectuado 11 jogos e marcado 3 golos. Um ano depois voltaria a Portugal para jogar no Belenenses, onde esteve uma época.

Faleceu em Fevereiro de 2007, vítima de falência múltipla dos órgãos devido a uma cirrose hepática, depois de uma vida em que “Na época, ganhava R$ 120 por mês, mas gastei tudo, porque sou burro”.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Ainda se Lembram? (I) O Bacalhau

Corria a época de 1968/69 e o F.C. Porto, dez anos depois do seu último triunfo na prova, disputava taco-a-taco com o inevitável Benfica o Campeonato Nacional da I Divisão (os patrocinadores, tal como "a luta pela verdade desportiva", os "paineleiros" e as "transições rápidas" eram ainda uma coisa do futuro).

Atendendo ao aquecer da luta pelo título, José Maria Pedroto, que cumpria a sua terceira época à frente da equipa, elaborou um programa especial de estágios. Esse programa, contudo, viria a enfrentar a oposição dos jogadores, especialmente do trio formado pelo guarda-redes Américo, o médio Eduardo Gomes e o ponta-de-lança Custódio Pinto. O trio foi suspenso por indicações de Pedroto e no jogo seguinte, frente à tradicionalmente difícil equipa da CUF (actual Fabril do Barreiro), no seu Estádio Alfredo da Silva, surgiu uma surpresa de monta: a lateral-esquerdo estreava-se um jovem de 19 anos e, mais, era ele o capitão de equipa. Com esse gesto, José Maria Pedroto pretendeu significar aos restantes jogadores que nenhum deles era imprescindível ou mais importante que a equipa. Assim nascia para o futebol da alta roda o Leopoldo, que os adeptos do F.C. Porto viriam a popularizar com a alcunha de "o Bacalhau".

O F.C. Porto venceria o desafio por 1-0, mas o título, esse, depois de novas peripécias e de algumas ignóbeis atitudes por parte da direcção do clube, culminando no despedimento de Pedroto, ficaria "no tinteiro".

Entretanto "o Bacalhau", de seu nome completo Leopoldo José Nogueira Amorim, foi singrando no clube, o qual, como sabemos, atravessava uma época de vacas magras em matéria de êxitos desportivos. Sem nunca ser um jogador brilhante, não estava, porém, abaixo da média - muito pelo contrário - dos ocupantes do lugar de defesa-esquerdo antes da sua aparição. Com os tempos chegou a ser utilizado a defesa-direito, e recordo-me bem de um jogo no Bessa, em Dezembro de 1973, precisamente uma semana depois da morte do grande Pavão, em que o primeiro golo do F.C. Porto numa vitória de 2-0 foi da autoria do "Bacalhau". E não sei mesmo se não terá sido o seu único golo ao serviço do clube.

Mais tarde, por volta de 1976, o "Bacalhau" rumaria ao Varzim, onde jogou, segundo creio, até 1980. Ou seja, falhou por pouco a época em que aquele que o lançara na equipa principal, regressado triunfalmente, haveria de levar o F.C. Porto de novo ao título nacional.

É também dos "Bacalhaus" deste mundo, jogadores da casa e dedicados ao clube, que se faz a história do F.C. Porto. Bem hajas, Bacalhau!

Nota: nesta foto de uma equipa do F.C.P. do iníco da década de 70, o "Bacalhau" é o terceiro a contar da esquerda na fila de trás, entre os "monstros" Pavão e Rolando.

Créditos: O Baú dos Cromos, Paixão pelo Porto

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Nós somos o Porto !

.
Fiquei muito chateado com o resultado feito com o Marítimo : por termos perdido, por termos jogado mal, porque esperava que acontecessem ambas as coisas, porque bem no fundinho da m/alma portista contava com um milagre e que tudo acontecesse ao contrário.
O que me impressiona - e essa responsabilidade devo imputar prioritariamente ao treinador - é o FCP estar em péssima forma física e, apesar disso, tender a jogar tacticamente como se estivesse no apogeu. Os jogadores muito abertos, sem entreajudas, raramente conseguindo o dois contra um e perdendo quase todos os duelos individuais, pediria, dada a pouca "saúde" da equipa, que os artistas jogassem juntinhos e com as linhas muito próximas. Somos a equipa da CL com mais passes falhados, o que explica a imperícia e põe em dúvida ou os famosos processos de JF ou a incapacidade dos jogadores na sua aplicação.

Para além disso, JF deveria ter feito alguma rotação e poupado os jogadores que provavelmente estão mais fatigados. Quando não se tem cão, caça-se com gato. Nós somos o Porto, disse Meireles, e não deixávamos de o ser se jogássemos segundo a nossa condição actual. Coragem não é só ousar assumir o jogo. Bruno do Marítimo que joga bem devagarinho, teve sempre tempo para jogar ao seu ritmo, sem ser incomodado.

O JF tinha prometido que a equipa tinha de saber sofrer, só que lhe pediu o impossível, pois não soube mostrar o caminho para a equipa o poder fazer, discutindo o jogo e o resultado. E o JF tem que conhecer a situação dos seus jogadores e os seus limites. Meireles foi o jogador que mais correu com o Apoel (acima de 11 kms) o que comprova a ideia que não se corre pouco, corre-se mal.
É gritante a diferença entre o SLB e o FCP em termos de intensidade e qualidade de jogo, e isso é que me assusta. Mas, entrar em loucuras seria o que de pior nos poderia acontecer neste momento.

Muito mérito cabe à SAD pelos imensos êxitos que temos obtido. Estamos gratos por isso. Porém, os bons resultados e a estabilidade são valores muito estimáveis se não favorecem a inércia. E o mundo é composto de mudança. O futebol e as SAD’s não são excepção. Incomoda-me que o nosso presidente continue exposto nos tribunais, mas nos tempos difíceis, PdC tem-se saído quase sempre bem. É, aliás, um dos seus principais méritos. Quando trouxe Artur Jorge, quando o fez regressar para substituir Quinito, quando entrou Robson para o lugar de Ivic, quando Mourinho substituiu Octávio, quando trouxe Adriaanse e depois Jesualdo. Por isso, continuo a acreditar na sua sageza para uma correcta avaliação do valor da nossa equipa e do desempenho do treinador. Muita água vai correr por baixo da ponte até ao Natal, e por essa altura estaremos em condições de julgar melhor o desempenho de todos : dirigentes, técnicos e jogadores. Nós somos o Porto e é no terreno do jogo que temos de o demonstrar, preferencialmente.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Baptista & Baptista


41': Maxi Pereira derruba Camora na área do Benfica. Havia lugar a grande penalidade?

«O Painel de jurados de O JOGO considera, por maioria, que o árbitro Lucílio Batista "pecou" ao não assinalar falta de Maxi Pereira sobre Camora já perto do intervalo
in O JOGO, 10/11/2009

Nota: Escusado será dizer quem foi o ex-árbitro do painel de O JOGO que considerou que Maxi Pereira carregou o jogador da Naval de forma legal...

Na Luz, com o resultado em 0-0, ficou um penalty por marcar a favor da Naval. Contudo, a bem da "verdade desportiva", este lance, bem como, o do livre inventado que esteve na origem do golo encarnado, não fazem parte das crónicas dos jornais nem dos resumos televisivos do jogo. Acho bem, convém evitar polémicas desnecessárias que manchem as vitórias do clube do regime.

No Marítimo x FC Porto, outro Baptista também defendeu o espectáculo, evitando que os madeirenses tivessem ficado a jogar com menos um a 35 minutos do fim. E desta vez nem sequer há a desculpa de que o árbitro não viu a agressão de Roberto Sousa a Rodriguez. Viu perfeitamente, mas Paulo Baptista decidiu transformar em amarelo esbatido um cartão que deveria ser da cor do sangue que escorria pela face do internacional uruguaio.

Dois erros de arbitragem de que ninguém fala (nem o Labaredas), com provável influência nos resultados finais destes dois jogos. Mas enfim, olhando para quem foi beneficiado e prejudicado, está tudo bem.

P.S. Segundo consta, ontem não houve berros, ameaças ou agressões no túnel da Luz. Que bom!...

Miolo do FC Porto anda coxo


Artigo de opinião de Bruno Prata, publicado em 06/11/2009, onde o jornalista do PÚBLICO toca num dos problemas principais deste FC Porto 2009/10.

«O diagnóstico dos problemas do FC Porto em termos de qualidade de jogo tem sido associado às vendas (cíclicas) de alguns dos seus melhores jogadores e à necessidade de dar tempo aos seus substitutos para que eles possam apreender a cultura, os processos e o modelo de jogo. Os mesmos motivos estiveram na origem do periclitante arranque da época passada, em que os resultados até foram bem piores na fase de grupos da Liga dos campeões.

Os mais atentos acrescentarão a onda de lesões que têm afectado os portistas e as dificuldades criadas pelas múltiplas convocatórias para as respectivas selecções, que, além do desgaste dos jogos e das longas viagens, impedem o desenvolvimento normal dos treinos, que já se sabe ser a arma que Jesualdo Ferreira mais e melhor sabe potenciar.

Sendo tudo isto verdade, há mais um detalhe que deve ser relevado. O meio-campo denota falhas de complementaridade, algo que complica ainda mais as coisas, especialmente numa equipa desenhada em 4x3x3, como é o caso.

Para perceber do que falamos, atente-se no meio-campo que levou Jesualdo ao sucesso em Braga: Andrés Madrid, Vandinho (então um médio interior esquerdo, antes de se tornar no "trinco" de grandes recursos que é hoje) e João Alves. São três jogadores de características diferentes, mas que cosem bem uns com os outros. O sentido posicional de Madrid dava-se bem com a verticalidade de Vandinho e com a capacidade de Alves de ler o jogo. As diferenças entre aqueles três médios funcionavam como um factor multiplicador, tornando o meio campo bracarense coeso, versátil e imaginativo.

Mas há outros exemplos de boa complementaridade em equipas desenhadas em 4x3x3, a mais conhecida das quais talvez seja o Barcelona, principalmente quando opta pela capacidade física de Touré, o futebol cerebral de Xavi e a magia e a verticalidade de Iniesta. Recuando na história, é possível recordar a forma perfeita como se desenvolvia e organizava o meio-campo de José Mourinho na sua primeira época no FC Porto, com Costinha a "6" e Maniche e Deco como médios interiores. Mais um caso de evidente complementaridade.

Jesualdo conseguiu repetir a receita quando se mudou para o FC Porto. Porque Paulo Assunção, Raul Meireles e Lucho são três jogadores diferentes, mas que também tinham o condão de funcionar em harmonia. E esta complementaridade não foi sequer trocada quando Paulo Assunção desertou para Madrid e no lugar se impôs Fernando.

A verdade é que uma boa parte dos elos de ligação foram quebrados com a venda de Lucho. O lugar foi ocupado por Belluschi, que já se sabia ser um belíssimo jogador. Mas é muito mais um "dez" do que um "oito". É justo reconhecer que tem feito um esforço enorme para se adaptar às funções e as coisas até lhe saíram de forma razoável nos primeiros tempos, antes de uma lesão atrapalhar a sua afirmação. Só que, mesmo quando está bem, acaba por funcionar frequentemente como um corpo algo estranho, principalmente quando opta pela posse da bola em circunstâncias em que o modelo portista recomenda a transição. Belluschi não tem culpa, porque isso faz parte do seu ADN futebolístico, devendo ainda reconhecer-se que a sua presença garante, pelo menos, uma fantasia que não abunda no Dragão.

A complementaridade do miolo é ainda mais reduzida quando, em vez de Belluschi, se recorre a Guarín, Tomás Costa ou Mariano (mais por instabilidade psicológica do que por outra qualquer razão). Não que estes sejam fracos, mas porque não acrescentam suficiente diversidade a um sector em que Fernando e Meireles acabam por viver fases de angústia e de saudade do complemento perfeito que era Lucho.

O substituto ideal do argentino parecia ser outro argentino. Mas Valeri demorou a apanhar a primeira carruagem, fruto de alguns problemas físicos - é provável, de resto, que o FC Porto tenha optado por garantir o seu empréstimo (por duas épocas), em vez de o contratar logo ao Lanús, por temer eventuais sequelas da operação aos ligamentos cruzados do joelho direito a que o jogador foi sujeito em Novembro de 2005. Valeri soma apenas 77 minutos nos quatro jogos em que começou como suplente na liga portuguesa. Jesualdo tentou rodá-lo nos jogos da Taça de Portugal, mas quando o médio se começava a integrar totalmente, uma nova lesão afastou-o dos últimos jogos, que poderiam ter sido uma boa oportunidade para a afirmação deste argentino de 23 anos.

Enquanto isso não acontece, a Jesualdo Ferreira só restam três alternativas para tentar resolver a questão: trabalhar cada vez mais com Belluschi para o tornar mais compatível com o triângulo no miolo; recorrer ainda com mais insistência ao 4x4x2 que nos últimos tempos vem funcionando como uma "muleta" táctica interessante; e começar a arriscar um pouco mais no lançamento de alguns jovens formados na casa e que já mostram valor. Muitos adeptos continuam a ansiosos de reverem, por exemplo, Sérgio Oliveira, que deu água pela barba na Taça de Portugal frente ao Sertanense. Pode não ser ele também o substituto ideal de Lucho (até porque só tem ainda 18 anos), mas o que lhe vimos fazer naquele jogo não pode ter sido obra do acaso. É craque.»

Nota: Os destaques a negrito são da minha responsabilidade.

domingo, 8 de novembro de 2009

Crónica de um pesadelo anunciado


Não foi pesadelo, foi mesmo real. O FC Porto foi à ilha da Madeira “oferecer” a vitória ao Marítimo, com um “prego” de Rolando a ditar o resultado final. Um golo solitário e insólito, mas que só levantará duvidas sobre a justiça do marcador para quem não assistiu ao encontro. Os insulares controlaram quase sempre as operações, podendo ficar a dever a si próprios a razão de não terem conseguido uma vantagem mais confortável. O Dragão, esse, conseguiu a proeza de ser um conjunto mais pálido do que aquilo que já vinha evidenciando nos últimos encontros.

Como já referido, a equipa Madeirense mostrou em largos períodos saber como manter sob rédea curta este Porto de pacotilha, pelo que desde cedo começou a pegar no jogo, criando perigo a partir de incursões laterais, tentando servir o móvel avançado Baba. Em 2 momentos esteve perto de marcar. O infortúnio (ou será melhor dizer o previsível?) aconteceu, com o auto-golo do central portista. Nem assim os homens de Jesualdo espevitaram.



O Dragão, mergulhado numa letargia profunda, não sabia o que fazer com a bola. Na verdade, a equipa portista parece que caiu num buraco negro, sem qualquer processo de jogo definido, ou construção de jogadas vindas do laboratório de ensaio. O número de passes errados, demonstra como os jogadores estão à deriva, sem uma linha orientação de equipa abrangente, ou pontos de referência em seu redor. Cada jogador está por sua conta, quando a bola lhe cai nos pés. Não admira que tudo saia mastigado e aos repelões. Ou então, vai um pontapé longo em busca de um milagre.

A falta de criatividade, fantasia e espontaneidade desta equipa torna-se gritante, o que facilita, e de que maneira, a vida aos adversários. A linha do meio campo que iniciou o encontro, bem como toda trupe da zona intermédia que foi a combate no decorrer do mesmo, só tem características e está formatada para pensar o jogo no domínio de ocupação dos espaços, Mas nem isso souberam fazer convenientemente. Nenhum dos que actuaram poderiam vir a causar desequilíbrios, pois não têm engenho para tal. Foi este o caminho que Jesualdo escolheu para tentar dar a volta ao rumo dos acontecimentos. Não admira, pois, que em 90 minutos, o FC Porto tenha apenas criado uma única situação de golo iminente, tornando-se presa fácil para o Marítimo.



A fórmula esgotou-se, e há elementos da equipa que demonstram alguma dificuldade em lidar com as contrariedades, ou sem estofo para assumir as operações. Chegou o momento de o Professor definir outro rumo ao processo de jogo da sua equipa, pois com este, está visto que a probabilidade de voltar a perder pontos é enorme. As lesões de alguns jogadores, a baixa de forma de outros não explicam tudo, porque o que se viu esta noite, não tem ponta por onde se lhe pegue.

Fotos: Agência Lusa, uefa.com

No poupar está o ganho?

Para mim é claro que estamos financeiramente melhor do que os nossos rivais portugueses. Será isto razão para não nos preocuparmos de todo com este aspecto? Penso que não, já que quanto mais fortes estivermos financeiramente, maior a vantagem competitiva a médio prazo - tanto ao nível nacional, como internacional (não nos esqueçamos da Liga dos Campeões). Além disso continuamos dependentes de mais-valias superiores a 35 milhões/ano para ficar no "zero", e não se pode contar eternamente que os substitutos dos vendidos estarão à altura do desafio (e já agora, cada ano que passa temos uma % menos elevada dos passes dos jogadores mais valiosos).

Penso que do lado das receitas não há muito que fazer, o trabalho da SAD nesta área parece-me muito bom. Sim, haverá algum potencial para crescimento em patrocínios (naming do estádio, anyone?) e merchandising, mas é bastante limitado.

Já do lado dos custos penso que há muito para dizer; vejo potencial para poupar uns 15 a 20 milhões €/ano sem colocar em causa a competividade desportiva - pelo contrário, se tivéssemos esta quantia para re-investir desportivamente (por ex vendendo menos um titular por ano) acho que a podíamos mesmo aumentar.

Começa pelos salários dos jogadores - em 08/09 gastámos 28,5 milhões (subida de 4 milhões em relação ao ano anterior). Todos os anos vejo dirigentes e adeptos a dizer "este ano é que vai baixar com a saída de Postiga/Diego/Quaresma/Lucho/emprestados etc" mas o que eu vejo é que continua a subir - e subidas de 2 dígitos (em percentagem), ano após ano. Que fazer nesta área? Renegociar contratos para baixo é pouco menos que impossível, esqueçam (até por causa do acordão Bosman). Cortar nos salários dos excedentários? Pode ajudar um pouco, mas não muito - não mais que 1 a 2 milhões/ano no máximo dos máximos.

Onde se pode fazer alguma coisa a sério nesta área é não ter o banco repleto de jogadores a ganhar dezenas de milhares de euros/mês (já nem digo titulares) - estou convencido que perdíamos muitíssimo pouco desportivamente se tivéssemos no banco mais prata da casa em vez de jogadores contratados no estrangeiro (ou, como 2a opção, jogadores saídos do campeonato português q hoje têm um salário muito baixo nos seus clubes pobretanas; estou certo que Varela ganha muito menos que Guarín, por exemplo). Aqui acho que podíamos facilmente poupar 2-3 milhões/ano, se tivéssemos uns 5 jogadores da casa no plantel, mesmo q fosse acima de tudo para o banco.
Mas o maior impacto da prata da casa nem seria nos salários, mas sim nas amortizações de passes - ou se quiserem o custo de aquisição. Aqui podia-se poupar uns quantos milhões por ano tendo um bocadinho mais de contenção nas aquisições, e sem colocar em causa a contratação de jogadores que têm um CV de qualidade e para posições em q não estamos lá muito bem servidos para titular (como no caso da contratação de um Rodriguez ou Belluschi). Repare-se que o valor contabilístico do plantel (que reflecte os custos de aquisição do passe, ainda que amortizados) tem vindo sempre a subir, e muito pouca gente vai dizer que a valia geral do plantel (desportivamente falando) tem subido constantemente de ano para ano. A 1 de Julho de 2009 o plantel "valia" 58 milhões, contra 51 um ano antes. O mesmo tinha acontecido no ano anterior. Isto é consequencia de duas coisas: as contratações para titular têm sido cada vez mais caras (agora compra-se jogadores que valem 10 milhões como se fosse uma coisa natural, quando há 3 ou 4 anos nenhuma contratação chegava a esse valor), e o banco tem sido gradualmente repleto de jogadores que custaram vários milhões de euros cada um (quando antes tínhamos no banco um Cech, um Tarik, um R Costa, um Jorginho, até mesmo um Ibson, etc, jogadores que tinham custado muito menos).

Ah, mas não será isso fruto de uma inflação generalizada do mercado? Olhando para as contratações no panorama internacional constato que não, a média internacional não tem aumentado (terá até mesmo diminuído). É fruto sim de um esvaziamento do plantel do FCP de prata da casa (custo zero) ou de jogadores baratos saídos acima de tudo do campeonato português (e por favor não me queiram convencer q um Benitez veio ganhar o mesmo q um Areias, ou que um Prediger ou Guarin veio ganhar o mesmo q um Jorginho). Se eu até concordo q todos os anos se compre um par de jogadores por 10 milhões (se continuarmos com vendas muito boas), já me faz impressão que se contrate mais 5 a 10 atletas por 2 a 5 milhões cada um. 3 ou 4 ainda compreendo, tantos não (ainda mais quando há continuidade de treinador).

Continuando a falar dos custos com pessoal, passo aos administrativos: entre "órgãos sociais" e "técnicos e administrativos", aumentámos os custos anuais para os 13 milhões (contra 10 um ano antes), 30%. 13 milhões é uma pequena fortuna (quase METADE do que gastamos nos salários dos jogadores todos sob contrato!). O nr de funcionários voltou a aumentar (uma constante dos últimos anos, quando cá fora no mundo "normal" das empresas só se vê downsizing); já excluindo os vendedores das lojas (24 funcionários que um ano antes não pertenciam ao quadro do FCP), temos 44 (!!) treinadores e treinadores-auxiliares, e 106 (!!) directores e outros funcionários da SAD. Desculpem lá, mas há ali gente a ganhar muito mais do que ganharia num cargo equivalente noutra empresa qualquer da mesma dimensão - e não falo sequer dos administradores, há vários directores e outros funcionários muitíssimo bem pagos na esfera SAD, na Porto Estádio, na Porto Comercial etc., que não têm nada a ver com o futebol directamente.

A propósito, já mencionei que todas as empresas satélites (Porto Comercial, Porto Multimédia, Porto Seguros, Porto Estádio) dão... prejuízo? Se não servem para contribuir com lucro para a SAD, servem para quê ao certo? Enfim, nesta área (custos com pessoal excluindo jogadores) estou certo que havendo vontade podia-se cortar até uns 5 milhões por ano (baixando para uns "meros" 8 milhões) sem beliscar o funcionamento eficiente daquilo que conta, que é o desempenho da equipa de futebol.


Falta falar de duas áreas dos custos: FSE (Fornecimentos e Serviços Externos) e serviço da dívida (custos financeiros). Começo pelo último, que é mais simples: gastamos 5,5 milhões/ano em juros, e acho q num prazo de 3 anos - de repente, não - podia-se poupar uns 3 milhões/ano abatendo-se gradualmente o passivo correspondente a empréstimos).

Falta portanto apenas abordar os FSE, onde os custos subiram de 16,8 para os 20 milhões (há 3 ou 4 anos não chegava aos 10 milhões...). À primeira vista, parece-me q sem uma enorme dificuldade se podia arranjar maneira de poupar uns, digamos, 3 milhões/ano nesta área. Como? Menores encargos com advogados, mais apertado controlo de custos em várias das vertentes que englobam esta rubrica (só para dar um pequeníssimo exemplo: o clube fica a ganhar alguma coisa na prática por fazer publicidade às crónicas do Labaredas no site d'O Jogo como tenho visto? Qual é a vantagem para o FCP que haja eventualmente mais umas quantas centenas de portistas a visitar essas crónicas por terem visto esse anúncio? Ou será que o anúncio é de borla por o Labaredas atacar tão sistematicamente outro jornal desportivo concorrente?).

Para terminar, assinalo apenas que este é um ponto de partida para discussão, uns meros bitaites de um adepto razoavelmente informado - mas que não se arroga conhecer os detalhes ao nível de quem está lá dentro, nem pouco mais ou menos.

Quer esta última frase dizer que quem está lá dentro está certo em tudo? Não necessariamente. Pode haver uma certa falta de cultura de controlo de custos (entre os mais altos dirigentes só Fernando Gomes terá alguma experiência e know-how neste aspecto); um certo síndroma que o que é de fora é que é bom com um certo empolgamento nos DVDs (nas contratações vs prata da casa); uma certa cultura de clientelismo que leve a uma distribuição de benesses mais do que desejável; o não querer "chatear-se" com certos amigos; uma certa complacência fruto das vitórias e das grandes vendas. Não seria de admirar por aí além que alguns destes elementos estivessem presentes, já que os nossos dirigentes são seres humanos como qualquer pessoa, com as suas virtudes e as suas fraquezas.