sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Era pedir muito, não?



Sim, é certo que esta mesma gigantesca "poupança" tinha tido êxito na Madeira contra o Nacional, mas convenhamos que jogar apenas com 4 titulares contra um Braga praticamente na máxima força, não é propriamente a mesma coisa.

E a ironia é que a "coisa" até podia ter resultado.
A ideia era aguentar, fazendo muito pouco ou mesmo nada, aquele golo madrugador de Mangala.
Mas o recuo foi tamanho que os amarelos iam-se avolumando de forma muito perigosa.
Pior: Fernando, calculando mal uma saída de bola, foi obrigado a cometer penalty que, por sorte, o árbitro não viu.
O tempo ia assim passando mas muito devagar...
Nos minutos decisivos, aqueles em que o Braga começava a desesperar, eis que a inexperiência de Castro deita tudo a perder.
Forçado o amarelo? Bem houve tantos desse género nesta partida...

Ainda não estava tudo perdido, já não seria a primeira vez que nos aguentávamos assim.
O que ninguém esperava era o cúmulo de se marcar na própria baliza sem qualquer oposição por perto.

Faz sentido poupar assim a ainda 4 longos dias do próximo encontro?
Bem, agora é fácil falar mas, na realidade, numa partida para o campeonato e em iguais circunstancias, nunca tal sucede...
Por outro lado, se formos a ver com algum distanciamento, o jogo de Paris nem é assim tão importante quanto isso.

Certo, certo, é que jogar com Kléber é quase uma anedota que muito caro já nos saiu e sairá no futuro.
E depois, há ainda aquela clássica rábula de se teimar em não se jogar com o guarda-redes titular na Taça.
Um dia alguém o há de explicar, bem explicadinho, para ver se entendemos.
Ainda para mais, sabendo-se da calma que Helton transmite e que seria tão importante jogando com tantas caras novas no "11".

Enfim, eis o primeiro grande revés da temporada. Vitor Pereira arriscou em demasia e, desta vez, deu-se mal.

Chegou então aquela alltura em que ficaremos a saber de que massa é realmente feito este FCP da era pós-Hulk.

SAD: resultados consolidados do 1o trimestre

Já se conhecem os resultados do 1o trimestre de 12/13 (i.e. JAS), com um resultado positivo de 12,8M€, que podem ser consultados na íntegra aqui:


Como de costume não vou aqui debitar um "rôr" de rácios «crus» ou usar termos demasiado técnicos, tentando apenas transmitir dados e conclusões que me pareceram salientes com uma linguagem que qualquer adepto possa compreender.

Pois bem: a situação continua problemática (ainda que longe de catastrófica) mas com tendência a piorar, fruto tanto de um aumento de custos como uma diminuição das receitas (excluindo vendas de jogadores). A um nível agregado isto verifica-se em 2 coisas:

1) Se não fosse a venda de Hulk e A. Pereira neste período, teríamos feito um prejuízo (em 3 meses...) de 16M€. Há um ano atrás, o prejuízo equivalente (i.e. antes de ter em conta a venda de Falcão) era de 13M€, ou seja, a situação deteriorou-se em cerca de 1M€/mês.

Já tendo em conta a sazonalidade de alguns custos e receitas (LC,...), prevejo que por este caminho vamos fazer um prejuízo de uns 25 a 35M€ nos restantes 9 meses, antes de se tomar em conta a venda de mais jogadores. O que é equivalente a dizer que para não fazer prejuízo em 12/13 (o que não é uma obrigação por si só) seria provavelmente preciso encaixar ainda uns 25 a 40M€ brutos em vendas de jogadores (dependendo de quem é vendido, já que as mais-valias variam bastante de jogador para jogador, em função do que custou, quando, e a % de passe que detemos).

Salvo erro vi há um par de meses um dirigente da SAD a dizer que não precisava de vender mais nenhum titular esta época para equilibrar as contas, mas ou não sabia do que estava a falar ou então mentiu.

2) De um ponto de vista de tesouraria (que é o que mais interessa a curto prazo), apesar das vendas de Hulk e A. Pereira chegámos a 1 de Outubro com o mesmo saldo negativo de curto prazo  que tínhamos 3 meses antes (80M€), i.e. o saldo do que temos a pagar e a receber até Setembro do próximo ano.

O novo empréstimo obrigacionista (25M€) vai tapar apenas 30% desse «buraco». 

Outra parte será certamente tapada por receitas da LC (que não estavam ainda previstas), um pouco de bilheteira e pouco mais, mas certamente  isso não vai ultrapassar uns 20M€ extra no total em relação ao que já estava contabilizado.

Sobra o quê? O «sinal» de novas vendas de jogadores, que dificilmente ultrapassará uns 20M€ (com o resto a ser pago depois de Set 2013), a que se terá que descontar o «sinal» de novas compras e comissões de intermediação; e novos empréstimos (com juros mais altos do que os que caducam entretanto).

Passo agora a alguns detalhes interessantes nas contas:

1) Os custos com pessoal aumentaram 30% (!!) no primeiro trimestre, ou 2,7M€. Nem um «pio» no R&C a explicar isto, apesar de em outras coisas com muito menos peso se terem dado ao trabalho de dar detalhes.

Ainda há um pouco de salário de Hulk e A. Pereira nesses números e porventura haverá alguns efeitos pontuais, mas por aqui parece-me desde já impossível que cheguemos ao fim da época com custos com pessoal mais baixos do que em 11/12, apesar da apregoada contenção nesta rubrica.

2) Os 50M€ brutos de Hulk e A. Pereira traduziram-se em mais-valias de apenas 28.4M€, pouco mais do que metade. Não é propriamente uma surpresa, já aqui eu tinha previsto algo do género (tendo em conta o que eles nos tinham custado e que só detínhamos 75% do passe do Palito).

3) O Zenit já pagou 20M€, vai pagar 10M€ nos próximos 12 meses, e os restantes 10M€ para além de 2013.

4) Em JAS o A. Madrid abateu 9M€ ao que nos devia, mas mesmo assim ainda nos deve 16M€.

5) Os juros pagos nos empréstimos já «vão» numa taxa média de 7,5% (que vai subir ainda mais com o novo empréstimo obrigacionista). Tendo em conta o tamanho do passivo, isso é má notícia: como já disse anteriormente, são cerca de 10M€/ano (mais do que recebemos de receitas de TV) que vão pela janela fora só para servir a dívida.

Concluindo: para já não se descortina qualquer esforço sério e significativo de contenção de custos (pessoal, FSE, ...), apesar do «buraco» estrutural e da evolução negativa que se perspectiva de algumas receitas (em particular a bilheteira), a não ser uma contenção relativa no último defeso no que diz respeito a contratações; vamos a ver nos próximos defesos se essa contenção nas contratações foi meramente pontual e excepcional (como na época em que Co Adriaanse chegou) ou se é o princípio de uma mudança gradual e sustentada no rumo da gestão desta Direcção (e vamos ver também se enveredam por um esforço de contenção em outros custos para além dos passes e salários de jogadores). 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

A utopia ibérica

«A Liga espanhola está centrada no Barcelona e no Real Madrid, por isso seria inteligente encontrar uma fórmula para a criação de uma Liga de estados ibéricos», afirmou Laporta, em declarações prestadas à Antena 1.
Joan Laporta, ex-presidente do Barcelona

El Barcelona podría jugar la Liga que le gustara más. Pero yo creo que en este punto no habría duda de que jugaríamos la liga de la Península Ibérica, o la LFP, y jugaríamos contra los rivales habituales”.
Josep Bartomeu, vice-presidente Barcelona

Os eleitores catalães foram às urnas no passado domingo como nunca na sua história.
Viveu-se o maior registo de participação desde a queda do regime franquista e a maioria clara dos votos foram entregues a partidos que defendem a realização de um referundum que proponha a separação da Catalunha do resto de Espanha.

Apesar da derrota do partido que estava no governo - e que liderou a campanha independentista - o conservador CIU, os partidos de esquerda que apoiam a separação do estado catalão triplicaram a sua votação e garantem essa maioria necessária. Sem saber o que esperar nos próximos meses, os adeptos do Barcelona continuam a debater sobre onde deveria jogar o clube blaugrana em caso da improvável independência se tornar numa realidade.

Actualmente manejam-se três cenários (um quarto, que o Barça jogue na Ligue 1 é meramente retórico), para essa situação que incluiria igualmente o Espanyol e em menor medida o Nastic de Tarragona e o Girona, os outros dois clubes catalães que disputam a liga profissional mas no segundo escalão.



1) Que tudo fique na mesma e os clubes catalães joguem na liga espanhola, como sucede com o AS Monaco em França ou com o Swansea e Cardiff City em Inglaterra.

2) Que se crie uma liga própria, exclusiva para clubes catalães, emulando uma competição que já existe, a Copa Catalunya, dada a rejeição de muitos espanhóis em receber os dissidentes.

3) A criação de uma Liga Ibérica.

Enquanto o segundo ponto é o mais improvável, algo que a directiva do clube já se manifestou abertamente contra, consciente da insignificante realidade do futebol catalão para formar uma liga própria que seria muito inferior, por exemplo, à da Escócia, a grande polémica está entre os pontos 1 e 3. Ambos têm defensores e detractores com influência institucional e espelham bem o mosaico complexo que vive a sociedade espanhola.

Os mais radicais independentistas querem cortar todos os laços institucionais com Espanha e por isso, na impossibilidade lógica de ter uma liga própria, apenas aceitariam jogar com os clubes do país a que pertencem actualmente se essa prova incluísse também outros povos ibéricos, ou seja, nós.

Essa é a filosofia de Laporta e do laportismo, uma facção fortíssima entre os adeptos blaugranas e uma ideia que foi muito aplaudida nos sectores mais radicais durante a campanha eleitoral. Laporta prepara-se para voltar a disputar a presidência do clube e foi deputado independentista desde que abandonou o clube, e foi o primeiro, em 2009, a defender a ideia de uma Liga que reunisse os clubes catalães, vascos, galegos, espanhóis e portugueses, numa prova a 18 clubes. Convidaria o FC Porto, SL Benfica, Sporting de Braga e Sporting CP para juntar-se a Barcelona e Espanyol e 12 clubes mais espanhóis, entre bascos, galegos, andaluzes, valencianos ou castelhanos.



Essa liga tem sido um projecto utópico discutido - como o iberismo em si - desde há vários anos por vários intelectuais e pensadores do jogo na Península Ibérica. Muitos defendem a ideia como tábua de salvação financeira para os clubes portugueses, presos numa liga sem receitas e sem rivalidade para lá do top 4. Seria um torneio que agradaria a todos, já que a imprensa espanhola acredita que os clubes portugueses não aguentariam muito tempo na elite e acabariam por diluir-se na 2º divisão, a Liga Adelante, mantendo o status quo.

No entanto, essa pseudo-liga ibérica não deixa de ser uma tremenda utopia perfeitamente irrealizável.

Nunca teria o selo da UEFA - que de o permitir abriria a porta para o fim da sua base de apoio legal, o federalismo nacional - e o exemplo das propostas do Celtic e Rangers de juntar-se à Premier - rejeitadas - já o deixa antever.

Mais realista seria o ponto 1, emulando o que já acontece com clubes do Pais de Gales (o Swansea é o caso mais evidente) ou com o próprio AS Monaco, que actuam nas ligas profissionais inglesas e francesas, respectivamente, precisamente porque não há condições para subsistirem numa liga autonómica independente. Além do mais, ninguém, nem em Madrid nem em Barcelona, está disposto a viver sem os inevitáveis Clásicos anuais, o verdadeiro termómetro emocional do futebol espanhol. As directivas de ambos os clubes conhecem o impacto financeiro que esse duelo tem nas contas dos clubes e na sua imagem a nível mundial e seriam incapazes de abdicar dessa mais valia apenas por questões políticas.

No caso dos clubes portugueses, restará a possibilidade de melhorar as condições existentes na Liga ZON Sagres, seja pela renegociação dos contratos televisivos, a aposta na formação local e o ajuste dos preços dos bilhetes para manter longe o espectro dos estádios vazios. Porque sonhar com disputar o título ibérico com Real Madrid, Barcelona, Valencia ou Atlético de Madrid é apenas um sonho de impossível realização.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Rolando parte a loiça

«During the summer window Hughes first attempted to bring Ricardo Carvalho back to the Premier League, from Real Madrid, then persuade Michael Dawson to move across London from Tottenham Hotspur. Both declined the invite, and thus ensued a tortuous attempt to sign the Portugal international Rolando.
Here was a robust but technical able defender in his mid-20s who had just gone to the European Championship. He had been a first choice for Porto throughout his four seasons there, winning trophy after trophy. And Porto were willing to let him leave for a surprisingly reasonable €2millon (Dh9.4m) loan fee with a €10m option to buy. Problem solved? Not quite.

An intelligent and strong-minded individual, Rolando was not keen on joining a small club that only just avoided relegation to the Championship. He did not appreciate the pressure exerted by Porto technical director Antero Henrique to leave for QPR, nor the threats from coach Vitor Pereira that he should not expect to be a starter if he refused to leave the club. Nor did he appreciate the calls informing him that Mohamed Afzal, a Portuguese-based agent registered in the tiny African state of Guinea-Bissau, and Kia Joorabchian, Hughes's controversial representative, wanted him to meet the QPR manager to discuss a move.

Though both clubs pursued the transfer until deadline day, Rolando dug in his heels and stayed put. “I didn't go to QPR for two reasons”, Rolando explains. “First, I don't go anywhere on loan. If I leave Porto I want to leave for good because it is difficult for a player who has been a first choice for four years and is a Portugal international to come back to a club after that club has sent him away on loan. Second, with all respect to QPR I didn't consider them to be a team for my level”. “What I find hard to understand is why Porto rejected an offer of €8m from Roma at the beginning of August and then told me to move to QPR for a €2m loan fee and an option of €10m. This I find hard to explain.

Hard to explain, easier to see the results. Paying for his strength of mind, Rolando has been exiled to Porto's reserves. Paying for his adviser's presumption, Hughes is unemployed.»


Evidentemente, esta é a versão do Rolando ou, provavelmente, do empresário do Rolando (que nas últimas semanas tem andado muito falador...).

Estranho é o facto de estas declarações surgirem num jornal inglês (The National). Se o Rolando, ou o seu empresário, têm queixas da FC Porto SAD e entenderam ser a altura para vir para a praça pública partir a loiça, acharia mais normal que o fizessem através dos canais habituais para esse fim: A BOLA, Record, ou o programa ‘Bola Branca’ (RR).
Aliás, gostava de perceber como é que esta entrevista é dada ao jornalista Duncan Castles (ex-Sunday Times). Ou seja, quem estabeleceu a ligação entre o Duncan Castles e o Rolando (ou o seu empresário)?

Falta saber qual é a versão da SAD portista e, principalmente, do Antero Henrique e do Vítor Pereira, que são diretamente visados nesta entrevista.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Resolver a questão da co-propriedade

«Se se proibirem totalmente fundos de investimento vai ser uma tragédia, vão matar o futebol português tal como o conhecemos hoje em dia, com a competitividade atual e com a capacidade para formar jogadores», garantiu Mário Figueiredo em declarações exclusivas à Agência Lusa.

Desde que escrevi aqui, na passada semana, sobre a problemática da extinção da co-propriedade, muitas têm sido as vozes que se têm igualmente levantado contra a medida. Alguns por oportunismo, outros por convicção. O que está claro é que a medida não é popular nos países afectados e não há na Europa um caso tão flagrante como o de Portugal e dos seus clubes.

As palavras do actual presidente da Liga são a mais pura verdade.
Significa isso que tem razão? Em parte, porque de certa forma, a necessidade dos clubes portugueses em recorrer de forma constante a este modelo deve-se também à sua péssima gestão financeira da última década. Se os clubes tivessem tido abordagens radicalmente diferentes das que tiveram, a situação não seria tão dramática. O drama é real, ninguém pense o contrário.

Clubes podem desaparecer, clubes podem perder o pouco que têm e mesmo os grandes minguarão, forçosamente, até encontrar forma de se levantar outra vez. Com este modelo permitiu-se que os clubes portugueses tenham ajudado da Liga Sagres a trepar ao quinto posto do ranking UEFA. Com este modelo permitiu-se vencer uma Europe League - com um semi-finalista e um finalista vencido no mesmo ano - mas também as boas performances europeias tanto em Champions League (2009, FC Porto, 2012, SL Benfica) como na Europe League (campanhas de Braga, a épica de 2011 e a semi-final do Sporting no ano passado). Ninguém duvida que as equipas que aí chegaram não o poderiam ter feito se tivessem de arcar com o 100% da ficha salarial mais o 100% dos passes dos seus jogadores. Com as dividas já acumuladas pelas principais instituições do futebol português, esse sobrepeso financeiro o que fará, não se iludam, é acabar com a competitividade desses mesmos clubes contra os rivais europeus.

Mas se Platini e Blatter conseguem aprovar a lei, que podem os clubes fazer?
O projecto está agora em discussão e diz-nos a experiência que demorará sempre um par de anos até ser aplicado. No caso da UEFA a ideia do Fair Play Financeiro, desde a sua divulgação até à sua aplicação, tardou mais de cinco anos enquanto que o 6+5 ainda está em discussão - por envolver a lei comunitária - enquanto que a utilização obrigatória de 6 jogadores de formação nacional no plantel de 25 na Europa (3 do mesmo clube) foi aplicada em três temporadas. Tempo providencial para clubes como o FC Porto adoptarem medidas urgentes a olhar para o futuro.



1) Aposta séria e inequívoca na formação.

É inevitável. O fim da co-propriedade vai impedir que o clube mergulhe em mercados estrangeiros com a mesma regularidade. Não se enganem. Muitas vezes a co-propriedade não é uma eleição nossa mas uma exigência de quem vende. Os empresários e fundos compram jogadores para sacarem lucro e quanto mais tempo detenham parte do passe, melhor. Caso este cenário acabe, o preço dos jogadores subirá porque a margem de lucro, forçosamente, será menor. Um James, a 100%, custará bem mais do que custa a 70%, não tenham dúvidas.
Para evitar esta realidade há que captar jogadores cada vez mais novos e fazê-los parte do nosso sistema de formação, como já fazem o Arsenal e o Barcelona há uma década e que também é uma das ideias por detrás do 6+5 que Platini quer aplicar.



2) Comprar nacional

O mercado português é o que é e um jogador na liga lusa vale sempre menos que um jogador das ligas sul-americanas ou europeias. É lei de mercado. Para poder deter a 100% o passe de um jogador ele tem de ser mais baixo e mais acessível. Lima, quando estava no Belenenses, poderia ter sido do FC Porto por muito menos do que se pagou por Jackson. Não quer dizer que seja melhor, quer dizer que no futuro, quando não exista tanto dinheiro disponível para jogar com os passes, será nesses jogadores que nos temos de focar.

3) Fim dos empréstimos entre clubes da mesma divisão

Uma ideia que esteve perto de se tornar real este Verão e que continua a ser fundamental para garantir que os clubes não possuem planteis de 50 jogadores para depois usá-los para manobras políticas de bastidores e garantem que esses jogadores permanecem nos clubes de origem.


4) Criar um lobby dentro da ECA.

Portugal não é o único país afectado por esta realidade. A co-propriedade envolve clubes sul-americanos mas também clubes do sul da Europa, de Espanha à Turquia, da Grécia a Itália passando por ligas como a romena, sérvia ou croata. É a realidade de uma Europa a duas velocidades.
O FC Porto, um clube com um peso institucional na Europa incomparável em relação aos outros clubes portugueses, deveria procurar dentro da ECA - European Club Association - construir pontes que exijam da FIFA e da UEFA outras medidas que, aplicadas ao mesmo tempo que o fim da co-propriedade, defendam a competitividade de clubes como o nosso. Medidas que podem ser, por exemplo:

- A aplicação definitiva do 6+5.
A UEFA tem encontrado problemas com a União Europeia porque estes entendem que não se podem restringir a cidadãos europeus a actuação em clubes dentro da UE. Mas o que podem é exigir que exista um máximo de 5 jogadores não-europeus no onze titular. Isso permitira que o mercado sul-americano e africano não seja exclusivo de uns poucos e se mantenha uma via livre para clubes como o FCP.

- Acabar com o Marketpool da Champions League e repartir os valores pelas ligas mais prejudicadas.
Actualmente há clubes de Inglaterra e Espanha que, eliminados na fase de grupos, acabam por ganhar quase tanto dinheiro com a Champions como se o FC Porto fosse campeão. Sem o Marketpool ou, pelo menos, desenhado noutros moldes, e esse dinheiro redistribuído os clubes poderiam encontrar um importante balão de oxigénio numa fase de transição. A medida não seria definitiva mas sim um mecanismo de solidariedade.

- Obrigatoriedade por parte da UEFA da venda colectiva de direitos televisivos
Esta medida não só tornaria a distribuição do dinheiro entre os clubes europeus mais equitativa como acabaria com o profundo desequilíbrio entre clubes no espectro nacional como também sucederia o mesmo no espectro europeu. A Bundesliga e a Ligue 1 são o melhor exemplo.

- Obrigatoriedade da UEFA em passar de 6 para 10 os jogadores de formação nacional no plantel europeu
Essa medida, que agora mesmo nos seria prejudicial, no futuro poderia ser uma tábua de salvação. Obrigaria os tubarões europeus a alinhar com 10 jogadores formados no seu país nos seus planteis europeus - que são, no fundo, os seus planteis anuais - e defenderia os melhores jogadores dos vários países europeus de ser alvo de constante cobiça. Se o clube apostasse nos primeiros dois pontos que mencionei e os restantes clubes europeus fossem forçados a fazer o mesmo, os jogadores sul-americanos, africanos, asiáticos ou de outros países da Europa não estariam concentrados numa dúzia de clubes forçosamente.

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Com estas medidas - ou metade delas pelo menos - teríamos um clube mais sustentável, mais financeiramente saudável, mais preparado para os desafios do futuro e igual de competitivo.

 É um processo longo, complexo e que acabaria com algumas das políticas de favores em que directivos da SAD têm sido tristemente protagonistas, com um certo compadrio com agentes, fundos e personagens externos à realidade do clube. Não existem gestões perfeitas nem clubes perfeitos mas encontrar um rumo auto-sustentável, com olhos para o depois de amanhã, seria uma jogada importante por parte da directiva e um sinal de que no Dragão há quem consiga ver para lá do imediato.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Os "penalties manetas" e as regras à portuguesa

Os adeptos do SC Braga e, principalmente, os adeptos dos clubes da 2ª circular (incluo neste lote 90% dos jornalistas desportivos portugueses), são unânimes em considerar que devia ter sido assinalada uma grande penalidade contra o FC Porto, mas será que têm razão?

Comecemos pelos factos (por aqueles que são inequivocamente comprováveis pelo vídeo e fotos do lance):

1) O avançado do SC Braga (Alan) faz um remate à queima-roupa relativamente à posição do defesa-esquerdo portista (Alex Sandro).

2) No momento do remate de Alan (ou uns milissegundos antes), Alex Sandro desvia a cara para a posição contrária ao remate e dobra o braço esquerdo, num movimento que aparenta ser de proteção do rosto/cabeça.

3) A bola sai disparada do pé direito de Alan e uma fração de segundo depois bate no cotovelo do braço esquerdo de Alex Sandro.

Perante estes factos, o que disseram os ex-árbitros que compõem o ‘Tribunal de O JOGO’?


Alex Sandro, com o braço, no prolongamento do corpo, fora do seu plano, ganha volumetria…”, Pedro Henriques (ex-árbitro da AF Lisboa)

Não é verdade que o Alex Sandro tenha esticado o braço esquerdo, “prolongando-o do corpo” para “fora do seu plano” (presume-se que para a frente). O que aconteceu foi precisamente o contrário. Alex Sandro dobrou o braço esquerdo, aproximando (e não afastando) o antebraço do seu corpo.

… e de forma deliberada intercepta a bola”, Pedro Henriques

“de forma deliberada”?!! No momento do remate do Alan (quando é visível, ou se pode intuir, a direção que a bola ia tomar), o senhor Pedro Henriques consegue ver algum movimento do braço do Alex Sandro no sentido de interceptar a bola?

Alex Sandro levantou o braço da posição natural…”, José Leirós (ex-árbitro da AF Porto)

Não sabia que o senhor José Leirós era especialista em bio-motricidade… Atendendo a que o Alex Sandro ia em corrida e que, no momento do remate feito por Alan, fez um movimento de proteção do rosto (aparentemente instintivo), qual deveria ter sido a posição natural do seu braço esquerdo?

O lance é passível de várias interpretações?
Sim.

Seria escandaloso se o árbitro tivesse assinalado penalty?
Não. Em Portugal até já houve um campeão - o slb em 2004/05 - em que nos jogos mais complicados e à falta de outros argumentos, os jogadores encarnados faziam pontaria aos braços dos jogadores adversários. Tudo de acordo com as regras... à portuguesa.

A posição dos jogadores e o ângulo em que estava o árbitro permitia-lhe ver o lance na perfeição?
Não. Aliás, as imagens que melhor ilustram o lance foram as captadas pela câmara que estava atrás da baliza.

Perante um lance que é duvidoso, o árbitro fez aquilo que a FIFA recomenda para estas situações, isto é, em caso de dúvida os árbitros não devem assinalar grandes penalidades.

Quanto ao que dizem os comentadores (a começar pelo Luís Freitas Lobo) e generalidade dos jornalistas desportivos, eu compreendo perfeitamente a sua azia (já estavam a esfregar as mãos e deve-lhes ter custado muito os dois golos do FC Porto ao cair do pano).
Eu imagino mesmo os títulos que já estariam alinhavados, para a eventualidade do slb ficar isolado na frente do campeonato…

domingo, 25 de novembro de 2012

A sorte veio no fim


E ao cair do pano eis que se cumpriu mais uma profecia de Jesus. Depois de muitos remates do FC Porto terem sido interceptados pela defesa bracarense, James Rodrigues (quem havia de ser?) descai para a esquerda e remata forte, com a bola a ressaltar em Douglão, batendo na barra e acabando dentro da baliza de Beto. Depois de muitas tentativas e de algum azar (cabeceamento de Otamendi ao poste logo a abrir) durante 89 minutos, o FC Porto foi feliz e acabou bafejado pela sorte como, aliás, tinha previsto o treinador benfiquista.

O FC Porto entrou forte e com vontade de resolver a partida logo nos primeiros minutos. Os responsáveis técnicos terão por certo reparado que o Braga vem sofrendo muitos golos na etapa inicial dos seus jogos. Aos 4 minutos já Otamendi havia cabeceado ao poste para logo no lance seguinte, depois de isolado por Lucho, ter rematado ao lado. A tendência manteve-se durante os primeiros 20 minutos. Muita posse de bola e domínio do jogo mas sem que se conseguisse concretizar esse caudal ofensivo. A partir daqui e até ao intervalo o jogo ficou repartido, com hipóteses de parte a parte (lembro canto directo de Hugo Viana e remate de Mossoró para duas grandes defesas de Helton).

Na segunda parte o Braga baixou (ainda mais) as linhas passando a defender de forma compacta e apostando nas saídas rápidas para o contra-ataque. O FC Porto teve mais dificuldade em criar lances de perigo e em chegar à grande área bracarense. Era previsível que Peseiro tivesse muito pouco a arriscar devido às críticas internas que tem sofrido e por isso parece-me que o FC Porto deveria ter preparado melhor um plano b para chegar com êxito à baliza adversária. Assim, face ao acantonamento bracarense, vimos algumas tentativas de jogo directo pelos portistas e outros tantos remates de fora de área (a maior parte deles interceptados). Após as substituições do costume (Atsu por Varela aos 70’, Defour por Moutinho e Kléber depois dos 85’) Vítor Pereira acabou por ser feliz ao conseguir 3 preciosos pontos num terreno difícil mas, como o próprio já tinha afirmado, “ter sorte dá muito trabalho”.


Queixam-se os de Braga (e os de Lisboa!) de um penalty por marcar por mão de Alex Sandro após remate de Alan. Foi um remate “à queima”, com Alex Sandro a dar o corpo (portanto, de costas para a bola), pelo que me parece que esteve bem o árbitro ao não assinalar grande penalidade. Contudo, também aceitaria se a tivesse assinalado. Em termos técnicos acho que Xistra esteve mal na marcação de faltas, actuando quase sempre “a pedido” da massa adepta local. Em termos disciplinares esteve muito mal: perdoou consecutivamente o amarelo a Ismaily – que estava a marcar James – até aos 70 minutos e só aí entendeu que era demais; não mostrou o amarelo a Hugo Viana por entrada dura para, passados poucos minutos, o mostrar a Varela por uma falta normalíssima.

Já nos descontos e com o Braga a acusar fadiga mental,Salino tentou sacudir a bola e esta embateu em Jackson Martínez que a puxou para o pé esquerdo e mesmo à entrada da área atirou, em força, para o fundo das redes. Estocada final nas aspirações bracarenses com um grande golo.

Destaques positivos: Otamendi, James Rodriguez e Alex Sandro.
Destaques negativos: Danilo, que tarda em afirmar-se na lateral e a justificar o enorme investimento na aquisição do seu passe.

FC Porto lidera UEFA Team Coefficients 2012-13



[1] This table shows the calculation of the UEFA team coefficients, which are determined by the number of points added to 20% of the country coefficient.

[2] The basis for the UEFA coefficients is the performance of teams in the European Cups during a five year period. During that period each team gets two points for a win and one point for a draw. In addition one bonus point is allocated for reaching the quarter final, the semi final and the final. Qualification for the group-stage of the Champions League is awarded with 4 bonus points. Qualification for the first knock-out round of the Champions League yields 5 bonus points.

[3] The UEFA team ranking is computed by the sum of 5 coefficients in the last 5 years.

[4] The used acronyms for are: CL=Champions League, EL=Europa League


Fonte: kassiesa.home.xs4all.nl/bert/uefa/data/method4/tcoef2013.html

sábado, 24 de novembro de 2012

Guilherme, Hélio, cunhas e (des)lealdades

«Luís Guilherme, que perdeu a presidência do Conselho de Arbitragem por um voto, no dia em que o delegado da A. F. Viana teve um desarranjo intestinal e não pôde votar, demitiu-se do Centro de Treinos de Árbitros de Lisboa depois de ter visto o CA da FPF [presidido por Vítor Pereira] vetar o nome de Hélio Santos, antigo árbitro de 1.ª categoria, indicado por Guilherme para colaborar, graciosamente, com o Centro de Treinos. O próprio Luís Guilherme fez questão de afirmar que Hélio Santos é padrinho de um filho seu
Eugénio Queirós, 23 novembro de 2012 | 19:15
in record.pt


Este texto, publicado ontem por Eugénio Queirós no seu blogue, é muito interessante e remete para alguns dos tentáculos que o slb teve (tem?) no chamado SISTEMA.

Recuemos uns anos...

Luís Guilherme deixou a arbitragem e assumiu funções na APAF em 1998 e, em 2002, foi convidado (segundo se disse na altura por indicação do slb) a presidir à Comissão de Arbitragem da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), onde esteve quatro anos.

No mesmo período, 2002 a 2006, um ex-responsável pelo futebol dos encarnados, Cunha Leal, exerceu (e de que maneira!) o cargo de director executivo da LPFP.

«As cunhas desleais não honram o futebol nem os lugares, quando se percebe que o objectivo é prejudicar o FC Porto»
Rui Santos, 16/05/2008
in record.pt

Hoje pode parecer estranho, mas na altura vivia-se na Liga o período de ouro da aliança entre o Boavista dos Loureiros (pai e filho) e o slb de Luís Filipe Vieira, uma santa aliança forjada contra Pinto da Costa e contra o FC Porto (em que uma das primeiras vitimas foi José Guilherme Aguiar).

Fui convidado por Valentim Loureiro, mas provavelmente por indicação do Benfica
Cunha Leal, 2 junho de 2002

Hélio Santos, outro dos protagonistas desta história, é um ex-árbitro filiado na Associação de Futebol de Lisboa, que teve como seu árbitro assistente um tal de... Luís Guilherme!

Ao longo da sua carreira, as tendências benfiquistas do árbitro Hélio Santos foram sempre notórias, mas o jogo que o projectou para a história do futebol português foi um célebre Estoril-Benfica, da época 2004/05, disputado no estádio do... Algarve (!).

«se [Cunha Leal] cumprisse o seu dever de isenção, não teria autorizado a farsa que constituiu a marcação do Estoril-Benfica para o Algarve, na jornada 30 do campeonato de 2004-05, cujo desfecho foi decisivo para a atribuição do título nessa temporada»
Rui Santos, 21/05/2008
in record.pt

A nomeação de Hélio Santos já dava algumas “garantias” mas, não fosse o diabo tecê-las, o seu compadre (Luís Guilherme) também nomeou para o mesmo jogo Devesa Neto, um ex-árbitro assistente que foi apanhado a jantar com José Veiga (ex-diretor desportivo do slb) no restaurante Sapo e que, conforme se ouviu nas escutas entre João Rodrigues (ex-dirigente do slb e ex-presidente da Federação Portuguesa de Futebol) e Pinto de Sousa, tinha o condão de acalmar os dirigentes benfiquistas...

O jogo, da 30ª jornada, realizou-se no dia 24 de Abril de 2005 e, tal como a data sugere, fez lembrar os tempos da outra senhora.
Seria exaustivo (e difícil) referir todas as "roubalheiras", perdão, os casos de arbitragem que ocorreram durante os 90 minutos, por coincidência quase todos em prejuízo do Estoril, mas os mais significativos foram os seguintes:
Aos 24 minutos, numa altura em que o Estoril vencia por 1-0, deu-se a expulsão do estorilista Rui Duarte, naquela que foi a expulsão mais rápida dessa época;
Aos 37 minutos, ficou por assinalar um penalty clarissimo contra o slb, bem como, a expulsão do defesa central encarnado Ricardo Rocha;
Aos 75 minutos, uma falta do médio encarnado Petit foi transformada em falta contra o Estoril, e deu origem ao golo do empate;
Finalmente, aos 79 minutos, nova expulsão de um jogador do Estoril (vermelho direto para João Paulo, por palavras), abrindo caminho ao 2º golo do slb, que haveria de ser marcado por Mantorras dois minutos depois.
O jogo terminou com sete cartões amarelos e dois vermelhos para jogadores do Estoril, um cartão amarelo para jogadores do slb e, claro, com a vitória dos encarnados (1-2), como tinha de ser.

Missão cumprida, após o jogo soube-se que o árbitro o tinha apitado com botas emprestadas pelo slb. Tudo normal, aliás o próprio Hélio Santos confessou que, no final, lavou as botas e as devolveu. Só faltou engraxá-las...

Mas, aquilo que para a História do futebol português ficou conhecido como Estorilgate, teve ainda outros contornos pouco claros, envolvendo pressões sobre jogadores do Estoril, que foram denunciadas pelos próprios treinadores dos canarinhos (Litos, treinador principal e Carlos Xavier, treinador-adjunto).

Enfim, tudo claro e limpinho, como os benfiquistas gostam...

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A força da Bundesliga


A uma jornada do final da fase de grupos da Liga dos Campeões e da Liga Europa, seis das sete equipas alemãs que estão a disputar as competições europeias 2012-13 já atingiram os seus objetivos e a sétima está em vias disso. Nenhum outro país europeu pode dizer o mesmo.

Liga dos Campeões, três equipas alemãs

Bayern Munique (1º)
3V, 1E, 1D, 10 pontos, 1º classificado do Grupo F (já apurado para os oitavos-de-final)

Schalke 04 (2º)
3V, 2E, 0D, 11 pontos, 1º classificado do Grupo B (já apurado para os oitavos-de-final)

Borussia Dortmund (4º, atual campeão alemão)
3V, 2E, 0D, 11 pontos, 1º classificado do Grupo D (já apurado para os oitavos-de-final)


Liga Europa, quatro equipas alemãs

Bayer Leverkusen (5º)
3V, 1E, 1D, 10 pontos, 2º classificado do Grupo K (já apurado para os 1/16 final)

Hannover (7º)
3V, 2E, 0D, 11 pontos, 1º classificado do Grupo L (já apurado para os 1/16 final)

Borussia Moenchengladbach (11º)
2V, 2E, 1D, 8 pontos, 2º classificado do Grupo C (já apurado para os 1/16 final)

Estugarda (12º)
2V, 2E, 1D, 8 pontos, 2º classificado do Grupo E


Estes números são ilustrativos da força do futebol alemão. E José Mourinho já o sentiu na pele. O seu Real Madrid, um dos grandes favoritos a vencer a Liga dos Campeões 2012-13, perdeu em Dortmund e duas semanas depois, a jogar em casa, esteve a poucos minutos de ser novamente derrotado pelo atual 4º classificado da Bundesliga.

Em contraste com a Alemanha...
«Portugal perdeu quatro equipas na fase de grupos das competições europeias. Pior do que isso, perdeu-as à quinta jornada, prova suficiente de falta de competitividade. (...)
O futebol português é ver jogar Académica e Marítimo e reconhecer o cenário de todas as jornadas da Liga. Aquelas equipas que elogiamos como «bem montadas», mas que no fundo não passam de grupos de profissionais cautelosos, seguros apenas das suas deficiências, que de vez em quando tentam ir lá à frente. Mas sem se desmontarem, nunca.
Em Portugal jogamos o futebol do «bom taticamente», que no fundo é uma forma elegante de escrever medo. Falta de dinheiro é a desculpa da moda. Mas falta de dinheiro há em todo o lado e mesmo quando os dirigentes faziam parecer que havia dinheiro, o jogo era o mesmo.
O futebol português, sempre que há seis equipas na UEFA, mostra à Europa o que realmente é. Sem surpresa. Desta vez foi apenas um pouco mais evidente. E mais cedo.»
Luís Sobral, Maisfutebol


Nota: Entre parêntesis está a classificação atual destas sete equipas alemãs na Bundesliga, após terem sido disputadas 12 jornadas.

O novo relvado vem de França...




«Foi tratado com o carinho de sempre, mas o relvado de Benfica do Ribatejo foi compreensivelmente rejeitado pelo Estádio do Dragão. O novo vem de França e será colocado nos próximos dias. Substituição em curso.»
in Facebook oficial do FC Porto, 22-11-2012


Segundo pôde ser lido na comunicação social, as obras iniciaram-se ontem (quinta-feira) e estarão concluídas no domingo. Assim, após os dois próximos jogos em Braga (um para o campeonato e outro para a Taça de Portugal) e uma deslocação a Paris para o 6º e último jogo da fase de grupos da Liga dos Campeões, aquando da recepção ao Moreirense, no dia 9 de Dezembro, espero que se comprove o acerto desta decisão e que o Estádio do Dragão volte a evidenciar um dos melhores relvados de Portugal.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Matteo, o oitavo de passagem


Em Junho de 2003, Roman Abramovich comprou o Chelsea FC por £140 milhões e, desde aí, já se despediu dos seguintes treinadores:

Claudio Ranieri (Setembro 2000 a Maio 2004) [1]
José Mourinho (Junho 2004 a Setembro 2007)
Avram Grant (Setembro 2007 a Maio 2008)
Luiz Felipe Scolari (Julho 2008 a Fevereiro 2009)
Guus Hiddink (Fevereiro 2009 a Maio 2009) [2]
Carlo Ancelotti (Junho 2009 a Maio 2011)
André Villas-Boas (Junho 2011 a Março 2012)
Roberto Di Matteo (Março 2012 a Novembro 2012)


[1] Ranieri foi contratado por Ken Bates, o anterior dono do Chelsea FC.

[2] Dos oito treinadores que saíram do Chelsea FC na era Abramovich, Hiddink foi o único que não teve direito a indemnização.

[3] A ânsia de Abramovich em mudar de treinador já rendeu à FC Porto SAD 21 milhões de euros (6 milhões de euros aquando da contratação de Mourinho e 15 milhões pela cláusula de rescisão de André Villas-Boas).

[4] Com a contratação de Rafa Benítez, Abramovich já vai no seu 9º treinador, desde que comprou o Chelsea FC em Junho de 2003. Em contraste, Arsène Wenger é o treinador do vizinho Arsenal desde 1996 e Alex Ferguson, o treinador de maior sucesso do futebol inglês, lidera o Manchester United desde 1986!

Vitória suave dá pleno no Dragão



O FC Porto recebeu ontem no Dragão o Dínamo de Zagreb, último classificado do Grupo A da Liga dos Campeões, que até aqui contava por derrotas os jogos realizados, sem ter marcado qualquer golo. Esperava-se, por isso, um jogo fácil. Mas o Dínamo entrou melhor no jogo. Com uma equipa montada de trás para a frente, 11 jogadores a defender atrás da linha da bola e com saídas rápidas para o contra-ataque, apostando sobretudo num futebol vertical e na velocidade de Sammir e Beqiraj. Numa dessas jogadas rápidas, Sammir rasgou a defesa portista pela direita e atirou com estrondo ao poste mais distante da baliza de Helton. O FC Porto acordou e procurou ser mais perigoso no ataque. Aos 20 minutos, depois de Jackson atrapalhar a defesa contrária, Moutinho desmarca Lucho que, da marca de penalty, atira para o canto superior da baliza croata fazendo o primeiro do jogo. O capitão está em boa forma e com muita confiança.

Mesmo na frente do marcador, o jogo do FC Porto continuou muito lento e previsível, de pé para pé, com pouco rasgo e alguns passes errados. O Dínamo acreditou que era possível chegar ao golo e, em cima do intervalo, depois de um canto a bola sobra para Beqiraj que, já em esforço, empurra para a baliza surgindo Varela para tirar o golo aos croatas, mesmo em cima da linha. Intervalo. Assistiu-se a um FC Porto lento, pouco pressionante e com algumas desconcentrações na defesa (aquele passe de Otamendi a isolar um adversário…).

Vítor Pereira corrigiu alguns posicionamentos ao intervalo e na segunda parte a equipa do FC Porto mudou para melhor. Moutinho e Lucho avançaram no terreno de jogo, a par de Varela e James, que passaram a pressionar o Dínamo à saída da sua grande área, encurtando espaços e obrigando os croatas a jogarem com o guarda-redes e aliviar a bola pelo ar. Entraram de uma vez os regressados Fernando e Alex Sandro para os lugares de Defour e Abdoulaye (passando Mangala para Central). Estávamos donos do jogo, o segundo golo seria uma questão de tempo. Depois de um puxão a Jackson surgiu um livre directo a alguns metros da entrada da área do Dínamo que João Moutinho quis bater. Toque de colher por cima da barreira e bola no fundo das redes. Golaço! A cinco minutos do fim, tempo ainda para uma bela jogada entre James e Moutinho, com este a assistir de calcanhar Varela para o terceiro golo. Missão cumprida: pleno de vitórias no Dragão na fase de grupos e a liderança do Grupo A, agora com 13 pontos. Mas ainda não acabou: faltará carimbar em Paris o primeiro lugar diante do PSG.

PS- Este relvado do Dragão é uma desgraça. Ainda bem que será substituído. Mas com o concerto dos Muse já agendado para Junho de 2013 terá, depois, de ser plantado um novo. 3 relvados em apenas 12 meses?

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

SMS do Dia

Há um ano perdia em Coimbra, vivia um momento diferente.. «Faz parte da vida, é preciso crescer e isso acontece fundamentalmente nas dificuldades. O contexto é diferente este ano, o trabalho é o mesmo, as cabeças estão limpas, focadas e quando assim é...»                         

Vitor Pereira à SportTv no final do FC Porto 3-0 Dinamo Zagreb
O treinador que bateu a marca dos pontos conquistados por Mourinho na fase de grupos em 2003/04 e está a três do recorde de António Oliveira em 1996!

Lembram-se do Rui Pedro?


Rui Pedro Couto Ramalho, mais conhecido por Rui Pedro, nasceu em Lever, a 2 de Julho de 1988 (tem 24 anos).

Iniciou-se com oito anos no Leverense e transferiu-se para o FC Porto dois anos mais tarde, tendo-se estreado na equipa A infantil dos dragõezinhos com dois golos, num jogo contra o Leixões.

Fez toda a sua formação no FC Porto, clube pelo qual foi internacional português nos sub-16, sub-17, sub-18, sub-19 e sub-21 (num total de 49 internacionalizações e 14 golos).

Joga habitualmente na posição de número 10 (médio atacante), mas também pode jogar a avançado centro, ou ser colocado numa das alas.

No início da época 2007/08, foi chamado dos Juniores à equipa principal do FC Porto.
Na segunda metade da época 2007/08 jogou no Estrela da Amadora, por empréstimo do FC Porto.
Na época 2008/09 foi emprestado ao Portimonense.
Na época 2009/10 foi emprestado ao Gil Vicente.
Na época 2010/11 foi emprestado ao Leixões, ao serviço do qual marcou 12 golos.
Na época 2011/12 desvinculou-se do FC Porto e foi contratado pelo Cluj da Roménia, onde atuam vários jogadores portugueses.

Ontem, segundo o próprio, fez o melhor jogo da sua vida. De facto, em apenas 26 minutos (aos 7, 15 e 33), Rui Pedro marcou três golos ao SC Braga e, depois de Cristiano Ronaldo, tornou-se o segundo futebolista português a conseguir um hat trick na Liga dos Campeões, naquele que foi apenas o seu segundo jogo nesta prova.

Fontes: Wikipedia, ojogo.pt
Foto: Maisfutebol

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Estrangular o futebol dos pequenos

A FIFA revelou nesta sexta-feira que o comité do organismo para o futebol, liderado por Michel Platini, presidente da UEFA, solicitou “a criação de regulamentos que proíbam a propriedade por parte de terceiros” dos passes dos jogadores.

Esta notícia vinha publicada na edição online do PÚBLICO de Sábado. E não surpreende ninguém.

Michel Platini é uma figura que divide opiniões como dirigente (menos como futebolista). É, sobretudo, um excelente político com máscara de figura desportiva. Cresceu ao lado de Sepp Blatter, nesse antro de mafiosos que é a FIFA. Foi o seu homem forte na luta contra Johansson, um dos amigos mais íntimos de Pinto da Costa e da maioria dos homens do G14, e venceu. A partir de então a sua atitude com os clubes que entravam nesse grupo foi fria, distante e tensa em muitos casos. Salvo casos pontuais, como o Barcelona, que se afastaram do modelo original para aproximar-se da sua gestão presidencial, os clubes do G14 tiveram dificuldades com a UEFA nos últimos oito anos. O FC Porto, um dos que mais. Tivemos de sofrer as ameaças do francês, sem nenhum critério legal, e seguramente que Platini não se esquece do que teve de suar para vencer os azuis e brancos na polémica final de Basileia.


A gestão de Platini de devolver o futebol aos adeptos tem tido aspectos positivos.
Na sua luta contra os grandes, apostou num novo formato de Champions League que abre mais a porta à fase final a clubes campeões nacionais dos seus modestos países, ao livrarem-se de disputar o play-off final com os quartos ingleses, espanhóis  alemães e terceiros das ligas portuguesas, italianas ou francesas. Com gestos como esse (e o Euro 2008 e 2012, e as finais europeias que começam a chegar ao leste do continente), assegurou os votos para a reeleição e vendeu a ideia de ser um presidente dos mais fracos. Mas  como negociador nato que é, nunca se afastou em demasia dos países grandes. Não é por acaso que Londres recebe duas finais da Champions em três anos. Que Munique, Madrid, Paris e Moscovo tenham sido eleitas antes. Que os milhões da Champions sejam cada vez mais para cada vez menos e que o dinheiro investido na Europe League - a liga dos pobres - seja cada vez mais insignificante.

Platini quer chegar à FIFA e quer chegar com o apoio dos grandes. Precisa de sentir-se respaldado pela ECA, pela elite do futebol europeu e não apenas pelos clubes de países pequenos e sem expressão mundial. Por isso a nova medida vem apenas confirmar a sua deriva política. Acabar com a co-propriedade, algo que já existe nas ligas inglesa e francesa, é uma estocada de morte na ambição de muitos desses clubes. Os portugueses, por exemplo.

Com a situação actual de mercado, é cada vez mais difícil aos clubes como o FC Porto competirem com os milhões dos históricos do continente e com as novas fortunas do leste. A co-propriedade tornou-se numa ferramenta possível para comprar jogadores incomportáveis a preço total e também para aliviar o passivo quando a necessidade de cash flow se tornava iminente e aparecia um fundo qualquer para comprar uma pequena parte do passe de um jogador promissor. Sem esse mecanismo, não se enganem, não existia futebol profissional em Portugal. E em muitos países do Mediterrâneo. Em Itália a co-propriedade entre clubes é habitual desde os anos 90. Em Espanha, a esmagadora maioria dos clubes não detém o 100% do passe dos seus melhores atletas. Falar da Grécia, Chipre, Turquia, países eslavos e centro-europeus é apenas repetir a mesma história. A co-propriedade permite-lhes manter o pulso sem asfixiar-se (ainda mais) financeiramente. Sem ela, a Superliga europeia torna-se inevitável.

A missão de Platini nos últimos anos como presidente da UEFA é abrir caminho para essa realidade.
Abolir a co-propriedade significa dar aos clubes ingleses, alemães, russos, ucranianos e à elite espanhola, francesa e italiana, o domínio exclusivo e absoluto do futebol europeu. Deixa de haver margem de manobra para qualquer desafio externo. O FC Porto, como tantos outros, desapareceria entre o passivo acumulado e a venda dos seus activos para não acabar. Sem jogadores top não há performances top, não há ameaça, não há vitórias ao PSG, não há gestas como 2004. Não há nada.



Pessoalmente sou contra o modelo da co-propriedade. Absolutamente contra a entrada de fundos e empresários, muitas vezes para lavar dinheiro, no futebol gerido por um clube independente.
Mas também sou contra os salários praticados de forma infame pelos donos da pasta árabes e russos. Também sou contra a Lei Bosman, tal como está actualmente, e sou contra o modelo de distribuição de lucro das provas europeias desenhado pela UEFA.
Ou se é contra tudo ou a favor de tudo. Por um lado, se tudo isto fosse revisto, o futebol voltaria a ser mais igualitário  mais justo, mais divertido. Mas aos grandes isso não lhes interessa nada. O caminho é o oposto, aumentar ainda mais os desafios aos pequenos, roubando-lhes os melhores jogadores sem limite (mesmo que seja para preencher o banco), pagando-lhes fortunas impensáveis, ficando com números impensáveis de pagamentos por parte da UEFA e do império televisivo que vive à sua sombra. Acabar com a co-propriedade é só facilitar que os James, Jackson, Moutinho, Alex Sandro, Fernando, Danilo sejam suplentes do PSG ou do Shaktar em vez de serem jogadores do FC Porto.

É mais um golpe baixo e sujo, mais uma jogada muito bem pensada por parte da elite europeia. A tornar-se real - e ninguém duvida que Platini tem o poder necessário para lográ-lo - poderia ser também o fim do FC Porto como um potentado europeu. E talvez o fim do profissionalismo, tal como o conhecemos, do futebol do sul da Europa. Estejam atentos!

domingo, 18 de novembro de 2012

Em defesa de André Villas-Boas

Ponto prévio: Considero André Villas-Boas um grande treinador, não esqueço a fantástica época em que comandou a equipa técnica do FC Porto e faço parte dos portistas que aplaudiram a entrega do Dragão de Ouro de Treinador do ano em 25 de Outubro de 2011.

Contudo, sei que a maior parte dos adeptos portugueses não partilham deste sentimento. E as razões são várias.
Os sportinguistas não perdoam a forma como, após ter sido anunciado em Alvalade (pela comunicação social), André recuou e preferiu esperar que lhe fossem abertas as portas do seu clube de sempre.
Os benfiquistas não se esquecem das humilhantes derrotas (e foram três!) que, em poucos meses, o FC Porto de André Villas-Boas lhes impôs na época 2010/11.
E há muitos portistas (talvez a maioria) que não aceitaram a forma como o André trocou a sua "cadeira de sonho" pelos milhões de Roman Arkadyevich Abramovich.

Este misto de azia e ressentimento de grande parte do Portugal futebolístico, faz com que as derrotas das equipas treinadas por AVB sejam destacadas como derrotas pessoais, quase da mesma forma como são efusivamente festejadas as vitórias de um outro treinador português, um tal de special one, que também teve um enorme sucesso na cidade Invicta, mas que em devido tempo soube romper os laços afectivos com o FC Porto.

Vem isto a propósito da forma como vi comentada, em jornais portugueses, e não só, a derrota pesada que o Tottenham averbou ontem na deslocação ao Emirates Stadium. É verdade que os Spurs perderam por 5-2 com o seu grande rival de Londres, mas só quem não viu o jogo, ou por má fé, pode culpar o ex-treinador do FC Porto.
Eu vi um Tottenham que entrou no jogo de uma forma personalizada, a controlar completamente os Gunners e que antes de completar os primeiros 10 minutos já tinha marcado um golo por Gallas, que foi anulado e bem (o defesa francês estava em fora-de-jogo). Uns minutos depois do golo anulado marcou outro golo, por Adebayor, e pode dizer-se que era inteiramente justa a vantagem no marcador. E mais uns minutos após estar a ganhar por 1-0, os Spurs podiam perfeitamente ter chegado ao 2-0, num remate cruzado de Lennon que passou a rasar o poste e com o guarda-redes do Arsenal completamente batido.
Até o Adebayor se ter feito expulsar, aos 18 minutos, só dava Tottenham e as estatísticas do jogo eram claras: quatro tentativas de golo para o Tottenham e 0 (zero!) para a equipa da casa.

"O Tottenham começou bem, estávamos um pouco nervosos e eles marcaram cedo (...) mas depois houve o ponto de viragem com a expulsão de Adebayor. Mudou o jogo"
Arsène Wenger, treinador do Arsenal


AVB não tem a frieza, nem sabe gerir a sua carreira de treinador da forma inteligente e quase cientifica como José Mourinho tem sabido gerir a sua e, nesta segunda experiência na Premier League, não me parece que tenha criado as condições necessárias para ter sucesso no Tottenham (olhando para a concorrência e para o plantel que tem à sua disposição, melhor que o 4º ou 5º lugar será quase impossível).
Mas, para mim, continua a ser o "cenourinha", continua a ser o portuense da Foz, sócio do FC Porto desde criança, continua a ser dos nossos e, por isso (e por aquilo que já referi atrás), desejo-lhe o maior sucesso nas equipas que tem treinado no pós-FC Porto (excepto, obviamente, em jogos contra o FC Porto).

sábado, 17 de novembro de 2012

Deram boa conta do recado


A FIFA inventa datas para as federações poderem fazer "negociatas", perdão, jogos particulares.
As selecções sacam os jogadores aos clubes, "espremem-nos" nestes jogos particulares e, não raras vezes, devolvem-nos aos clubes num estado lastimável (e é uma sorte quando não voltam lesionados).
E depois, quando não é possível os jogadores recuperarem a tempo, têm de ser os treinadores dos clubes a gerir o plantel, isto é, a abdicar dos seus melhores jogadores.

Foi neste contexto, que Vítor Pereira se viu compelido a deixar ficar no banco de suplentes Moutinho, Varela, James e Jackson Martinez.
Descontando estes quatro, a que se juntam lesões noutros três (Maicon, Alex Sandro e Fernando) e alguma alternância numas posições (por exemplo, na baliza), o onze inicial do FC Porto tinha apenas dois jogadores - Otamendi e Lucho - que fazem parte daquele que tem sido o onze base do FC Porto neste início de época.

Apesar deste handicap, os dragões que foram chamados à liça deram boa conta do recado, com especial destaque para Fabiano (Helton que se cuide), Otamendi (o patrão de uma defesa pouco órfã de Maicon), Mangala (um defesa-esquerdo adaptado que até marca golos), Lucho (além de marcar um golaço voltou a aguentar os 90 minutos) e, principalmente, Atsu (duas assistências e um perfume futebolístico que deixa água na boca).

Fechado (por agora) o capítulo das taças, vêm aí dois jogos importantes e para competições a sério. Nesse sentido, espero que a lesão do Mangala não seja grave e o polivalente defesa francês recupere a tempo do jogo da Liga dos Campeões da próxima quarta-feira, até porque o Danilo a jogar na posição de defesa-esquerdo é como um peixe fora de água (não percebi por que razão o Danilo não entrou para lateral-direito, passando o Miguel Lopes para o outro lado).

E também espero que o golo marcado ao cair do pano anime o Kléber porque, se quer continuar no plantel do FC Porto, quando voltar a ter oportunidades de jogar tem de render muito mais.

A dupla James e Jackson


James e Jackson. Esta dupla de internacionais colombianos tem andado nas bocas do Mundo e, entre jogos do FC Porto e da Selecção da Colômbia, pode-se também dizer que tem andado numa roda viva, com jogos, deslocações e muitos minutos nas pernas.

É indiscutível o peso que esta dupla tem tido no FC Porto 2012/13 e, se olharmos para a sua utilização (ver quadros seguintes), verificamos que qualquer um deles tem sido quase insubstituível.



E porquê?
Bem, por boas e más razões.
Comecemos pelas boas. À sua conta, já levam 18 golos marcados (7 de James Rodriguez e 11 de Jackson Martinez) esta época em jogos oficiais do FC Porto (e nenhum foi contra "adversários menores" em provas secundárias, como a Taça de Portugal ou a Taça da Liga).
Mas, por outro lado, se Vítor Pereira quiser gerir a sobrecarga competitiva destes dois jogadores ou se, por lesão ou castigo, tiver de recorrer a outros jogadores, que alternativas existem no plantel portista para James ou Jackson?

Imagens: ojogo.pt, zerozero.pt

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Happy Birthday mr. Dragão!

Num dia como hoje há nove largos anos, nascia para o mundo do futebol o Estádio do Dragão.

É, clubismos à parte, um dos estádios mais bonitos da Europa.
Frigorífico no Inverno, com correntes de ar bem portuenses, rodeado pela cintura rodoviária de um lado e a saudosa Fernão de Magalhães do outro, a casa do Dragão está prestes a cumprir uma década que acabará forçosamente por ser associada a alguns dos grandes momentos da história do clube.

Quando se anunciou o final do velhinho estádio, como aconteceu seguramente com todos os portistas, apertou-se-me algo no peito. Pensei, a principio, como aconteceu com a Luz e com Alvalade, que o nome se ia manter. Não que o estádio alguma vez tivesse sido das Antas (o nome oficial era Estádio do Futebol Clube do Porto) mas era um título que ecoava glória e nos prendia ao granito escuro da cidade. Depois ouvi o presidente anunciar, numa entrevista na RTP, que o nome do recinto seria o de uma personalidade marcante da história do clube. Pensei, de imediato, em José Maria Pedroto.

O pintocostismo, nos seus gloriosos 30 anos, tem uma divida com o Zé do Boné que nunca pagou - nem acredito que alguma vez consiga pagar tudo aquilo que o mestre nos deu e não pode viver para saborear - e dar o nome à maior personalidade individual da história do clube seria honroso e digno. Mas se nem uma estátua mandamos construir em tantos anos, seria um estádio inteiro uma utopia? Foi.
O nome Dragão primeiro foi estranho, raro, demasiado metafórico. Mas depois entranhou, e de que maneira. Hoje considero que foi uma das melhores ideias da gestão de Pinto da Costa como presidente. É um nome de força, um nome de alma, um nome que evoca tudo aquilo que nos separa da era pré-Pedroto, pré-Pinto da Costa, a era dos andrades com medo de ir a sul disputar o título com o regime.


No próximo ano a Luz irá receber a final da Champions. Alvalade já recebeu uma final da Taça UEFA.
As relações da direcção com o G14 talvez nos tenham impedido de receber uma merecida prova europeia em casa por parte da UEFA de Platini, mas nem sequer precisamos disso para estar na história. Um tal de Lionel Messi deu aqui os primeiros toques numa bola como profissional, numa equipa pouco de gala que o Barcelona enviou para a inauguração. Estive lá, paguei 70 euros (nunca paguei tanto por um bilhete), tenho o meu nome escrito para sempre no estádio e apesar de, por motivos alheios à minha vontade de portista, não lá ir há algum tempo, quando fecho os olhos sinto-me em casa e o cheiro da relva e a voz dos adeptos ressoa na minha cabeça.

Para muitos o seu grande momento do Dragão será o recente 5-0 ao Benfica. Percebo-os bem, mas não estive lá. O meu lugar anual de dez anos das Antas só durou três no Dragão antes de acabar por sair da Invicta para não voltar (ainda) de forma a recuperar o velho costume de estacionar o carro na Velazques, tomar um café, descer a Alameda e sentar-me no meu assento. Para mim a vitória ao Manchester United, em Março do ano seguinte, o da consagração definitiva, será esse momento mágico. Aí caiu uma lenda aos nossos pés e nasceram duas: a do FC Porto de Mourinho e a do Dragão.

O estádio onde a magia transforma-se em sentimento e futebol!

O Bento cala a desgraça ......


“Não me meto no trabalho dos dirigentes e, por isso, não admito ingerências no meu trabalho nem dos meus próprios dirigentes, quanto mais de um presidente que não trabalha comigo”

“Houve jogadores com a mesma importância [de João Moutinho] que jogaram, um 90 minutos [James Rodríguez], outro 80 [Jackson Martínez], um pouco mais longe, com uma diferença horária maior”

“Ou alguém tem algo contra a FPF e terá de resolver esse problema ou gostará mais da federação colombiana”.

(declarações de Paulo Bento)

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Durante o Europeu, Paulo Bento apareceu frequentemente tenso e pouco receptivo às críticas. É frontal e admiro essa qualidade. Falta-me saber se é uma espécie de Octávio ou se é inteligente e não cede a seguir caminhos fáceis, sabendo que os alvos ou são frágeis (Bosingwa, como muito bem explicou Jaime Pacheco) ou representam figuras com poder, mas cuja “oposição ou ataque” merece créditos garantidos a quem os pratica, como Scolari tão sabiamente explorou.

PdC fez o que lhe competia. Talvez, repito talvez, não devesse ser tão minucioso nos detalhes e ser mais certeiro no tiro, paras que não nos ficássemos pela possibilidade do contraditório e permitir que se passasse a discutir o acessório e não o mais importante: o objectivo desportivo e a calendarização deste jogo, a escolha do adversário, a convocatória e as opções de Paulo Bento, a degradante exibição de Portugal e o caminho desta selecção, sem norte e sem bússola, nos últimos jogos que efectuou.

Várias vezes Paulo Bento utilizou a frase “… vocês sabem do que estou a falar …” defendendo-se para iludir falar no problema principal e Humberto Coelho seguiu o mesmo caminho: como costume falou sem dizer nada.

Espero que o FCP saiba responder, porque a questão principal não é saber se PdC gosta ou não da FPF, mas se a FPF gosta desta selecção e se a está a "usar" e promover da melhor forma.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

SMS do dia

A todos os amigos portistas que gostariam de ver Vitor Pereira ser rendido do seu cargo - apesar da significativa melhoria de resultados e exibições - há um novo nome disponível no mercado com mais do que credenciais para a cadeira de sonho. Fica à vossa - e da SAD - consideração:

"Jesualdo Ferreira já não é o treinador do Panathinaikos. O português foi demitido por causa dos maus resultados.
A equipa grega, que também foi castigada com a redução de dois pontos no início da época, só venceu três dos dez jogos realizados no campeonato e está já a 15 pontos do líder Olympiakos, treinado por Leonardo Jardim.

No fim-de-semana, o Panathinaikos empatou (0-0) no estádio do Kerkyra.

Na Liga Europa, a carreira do clube também não tem sido famosa: ainda não venceu e soma apenas dois pontos em quatro jogos, ocupando o último lugar do Grupo J. "
in Publico