6 milhões de adeptos e não há um - UM! - que tenha "tomates" para fazer uma denúncia em nome próprio. E como tal, recorrem a denúncias anónimas. 6 milhões de covardes.
terça-feira, 20 de março de 2018
segunda-feira, 12 de março de 2018
Depender de nós mesmos
A vantagem de um tropeção importante, desses que deixa sangue nos joelhos e as mãos feridas, é que acontece precisamente quando por primeira vez o FC Porto dependia apenas de si mesmo para cair e poder levantar-se sem deixar nunca de depender de si mesmo. A reviravolta em Estoril permitiu ter este colchão. Muitos - a começar pelos rivais - contavam com esse tropeção para que o Porto chegasse ao jogo com o Sporting já com a liderança efectivamente em risco mas depois de superados os leões, a rasteira veio precisamente onde era mais previsivel que chegasse. Não é por acaso que este Porto tem um padrão claro de sofrimento este ano, fruto das decisões tácticas de Sérgio Conceição.
Vila das Aves, Santa Maria da Feira, Moreira de Cónegos, Estoril e agora Paços de Ferreira. A casa dos últimos, dos que vão sofrer até ao fim, e também campos pequenos, sem espaços, perfeitos para equipas que montam o autocarro, perdem tempo desde o primeiro instante e roubam ao FC Porto aquilo que o alimenta, o jogo de transição ao espaço. Conceição tropeçou contra a mesma pedra várias vezes. Estes foram os piores jogos do Porto em todo o ano e sempre com o mesmo padrão de comportamento - tanto no 11 escolhido, nas alterações e na forma de jogar. O caso do Estoril foi especial (45 minutos como há muito não se via) e frente ao Feirense houve uma dose de eficácia inesperada mas nos restantes cenários perderam-se sete pontos que são aqueles que mantêm o campeonato vivo. Ninguém pode exigir ao Porto - ou a qualquer outro clube - ser perfeito e ter vencido esses três encontros basicamente era o mais próximo a ser perfeito que a liga portuguesa tinha visto em muito tempo mas o certo é que o preocupante passa pelo facto de ser sempre o mesmo cenário e sempre o mesmo resultado o que demonstra escassa aprendizagem. Havia muitas baixas importantes, sem dúvida, mas nunca houve futebol nem uma ideia de jogo coerente e eficaz para as condições em que se disputou o duelo. Debaixo de um diluvio e de um vendaval, com o campo enxarcado desde o primeiro instante, o Porto jogou exactamente como joga num fim de tarde tranquilo no Dragão. Manteve jogadores tecnicistas mas com pouca incisão (Corona), optou por usar o jogador mais parecido a Herrera (mas muito pior) quando a condução com o esférico era impossível e apostou tudo num jogador, Waris, que tem tudo o mau de Marega e nada do bom. Foi o jogador que menos contribuiu para o jogo, com mais perdas, menos passes e com uma relação com a bola nefasta. Foi jogar com um menos desde o início tendo a Gonçalo no banco e sabendo, desde o primeiro momento, que Aboubakar não só não recuperou a boa forma prévia à lesão como é um reflexo ofensivo deste Porto, um jogador que precisa de muitas oportunidades para marcar.
Porque sim, apesar de tudo, tal como nas Aves, Feira ou Moreira de Conegos o Porto criou ocasiões suficientes para dar a volta ao golo irregular do Paços mas como sempre tem sucedido o ratio de eficácia é extremamente baixo. O Porto é uma equipa ofensiva, de tração dianteira mas a quem custa marcar como a nenhum outro e ontem os disparates de Aboubakar, Waris, Brahimi e Hernani - só para dar alguns exemplos - foram evidentes e reflexos de histórias parecidas.
Entre essas oportunidades esteve o penalti falhado por Brahimi, o momento chave do jogo.
Brahimi não é um especialista, acertou metade dos remates que tentou na sua passagem pelo Porto, e é um jogador macio para estes momentos. Também não era o homem escolhido por Conceição. Foi visivel na televisão e audivel na rádio que Oliveira foi o escolhido para anotar a grande penalidade mas por um motivo que só ele sabe, deixou Brahimi ficar com o peso da responsabilidade. Num plantel sem grandes especialistas é importante partir para os jogos com as coisas claras e os marcadores muito bem definidos. O passo atrás de Oliveira foi um péssimo sinal de caracter e o erro de Brahimi esperado e consequente com o desnorte emocional de uma equipa frustrada pelo anti-jogo do Paços (um recorde seguramente) mas também pela falta de um plano B. Até ao final do jogo o Porto tentou sempre a mesma jogada mas Dalot (ainda) não é Telles e os seus centros não fazem a diferença do mesmo modo que faltou altura e bom jogo de cabeça para explorar tantos cruzamentos ao mesmo tempo que faltou calma e frieza na hora de gerar as jogadas (as que Herrera, Oliver e Danilo sempre têm e que ontem fizeram muita falta ao colectivo) de ataque.
O Porto mereceu perder o primeiro jogo do ano porque jogou mal, desaproveitou muito, não soube adaptar-se ao ritmo do jogo e ao terreno de jogo e falhou um penalti tão claro que nem Bruno Paixão pôde não apitar. Mas que equipa chega á jornada 26, sofre a primeira derrota e só tem dois pontos de avanço de um segundo classificado levado ao colo há meses por um Polvo que a cada dia é destapado um pouco mais? Até ao dia de ontem só o Barcelona de Messi se mantinha invicto nas ligas europeias de elite (actualmente só o Lincoln Imps de Gibraltar também está sem ser batido no seu campeonato) mas enquanto os catalães sacam oito pontos de avanço ao segundo, a impunidade que grassa em Portugal permite ao segundo classificado depender apenas de si próprio para ser campeão. O que há que reter desta noite nefasta é que as próximas deslocações fora do Dragão vão ser contra rivais (e em campos) diferentes daqueles que têm custado pontos e que continuam a faltar oito vitórias (ou sete e um empate na Luz, como queiram) e que apenas se perdeu um match point dos nove disponiveis. A brilhantez do trabalho do plantel continua sem merecer a mais minima critica e ninguém seria capaz de imaginar que o FC Porto fosse cair apenas pela primeira vez a esta altura do campeonato. A cada dia que passa estão também mais perto de voltar os lesionados (Alex, Danilo e Soares, sobretudo) e a cada dia que passa novas revelações vão dando ainda mais valor ao que está a ser logrado em campo por um clube totalmente condicionado fora dele. No fim de contas, o Porto sai deste fim-de-semana como entrou. Apenas a depender de si mesmo. Que seja assim até ao último jogo do ano!
Vila das Aves, Santa Maria da Feira, Moreira de Cónegos, Estoril e agora Paços de Ferreira. A casa dos últimos, dos que vão sofrer até ao fim, e também campos pequenos, sem espaços, perfeitos para equipas que montam o autocarro, perdem tempo desde o primeiro instante e roubam ao FC Porto aquilo que o alimenta, o jogo de transição ao espaço. Conceição tropeçou contra a mesma pedra várias vezes. Estes foram os piores jogos do Porto em todo o ano e sempre com o mesmo padrão de comportamento - tanto no 11 escolhido, nas alterações e na forma de jogar. O caso do Estoril foi especial (45 minutos como há muito não se via) e frente ao Feirense houve uma dose de eficácia inesperada mas nos restantes cenários perderam-se sete pontos que são aqueles que mantêm o campeonato vivo. Ninguém pode exigir ao Porto - ou a qualquer outro clube - ser perfeito e ter vencido esses três encontros basicamente era o mais próximo a ser perfeito que a liga portuguesa tinha visto em muito tempo mas o certo é que o preocupante passa pelo facto de ser sempre o mesmo cenário e sempre o mesmo resultado o que demonstra escassa aprendizagem. Havia muitas baixas importantes, sem dúvida, mas nunca houve futebol nem uma ideia de jogo coerente e eficaz para as condições em que se disputou o duelo. Debaixo de um diluvio e de um vendaval, com o campo enxarcado desde o primeiro instante, o Porto jogou exactamente como joga num fim de tarde tranquilo no Dragão. Manteve jogadores tecnicistas mas com pouca incisão (Corona), optou por usar o jogador mais parecido a Herrera (mas muito pior) quando a condução com o esférico era impossível e apostou tudo num jogador, Waris, que tem tudo o mau de Marega e nada do bom. Foi o jogador que menos contribuiu para o jogo, com mais perdas, menos passes e com uma relação com a bola nefasta. Foi jogar com um menos desde o início tendo a Gonçalo no banco e sabendo, desde o primeiro momento, que Aboubakar não só não recuperou a boa forma prévia à lesão como é um reflexo ofensivo deste Porto, um jogador que precisa de muitas oportunidades para marcar.
Porque sim, apesar de tudo, tal como nas Aves, Feira ou Moreira de Conegos o Porto criou ocasiões suficientes para dar a volta ao golo irregular do Paços mas como sempre tem sucedido o ratio de eficácia é extremamente baixo. O Porto é uma equipa ofensiva, de tração dianteira mas a quem custa marcar como a nenhum outro e ontem os disparates de Aboubakar, Waris, Brahimi e Hernani - só para dar alguns exemplos - foram evidentes e reflexos de histórias parecidas.
Entre essas oportunidades esteve o penalti falhado por Brahimi, o momento chave do jogo.
Brahimi não é um especialista, acertou metade dos remates que tentou na sua passagem pelo Porto, e é um jogador macio para estes momentos. Também não era o homem escolhido por Conceição. Foi visivel na televisão e audivel na rádio que Oliveira foi o escolhido para anotar a grande penalidade mas por um motivo que só ele sabe, deixou Brahimi ficar com o peso da responsabilidade. Num plantel sem grandes especialistas é importante partir para os jogos com as coisas claras e os marcadores muito bem definidos. O passo atrás de Oliveira foi um péssimo sinal de caracter e o erro de Brahimi esperado e consequente com o desnorte emocional de uma equipa frustrada pelo anti-jogo do Paços (um recorde seguramente) mas também pela falta de um plano B. Até ao final do jogo o Porto tentou sempre a mesma jogada mas Dalot (ainda) não é Telles e os seus centros não fazem a diferença do mesmo modo que faltou altura e bom jogo de cabeça para explorar tantos cruzamentos ao mesmo tempo que faltou calma e frieza na hora de gerar as jogadas (as que Herrera, Oliver e Danilo sempre têm e que ontem fizeram muita falta ao colectivo) de ataque.
O Porto mereceu perder o primeiro jogo do ano porque jogou mal, desaproveitou muito, não soube adaptar-se ao ritmo do jogo e ao terreno de jogo e falhou um penalti tão claro que nem Bruno Paixão pôde não apitar. Mas que equipa chega á jornada 26, sofre a primeira derrota e só tem dois pontos de avanço de um segundo classificado levado ao colo há meses por um Polvo que a cada dia é destapado um pouco mais? Até ao dia de ontem só o Barcelona de Messi se mantinha invicto nas ligas europeias de elite (actualmente só o Lincoln Imps de Gibraltar também está sem ser batido no seu campeonato) mas enquanto os catalães sacam oito pontos de avanço ao segundo, a impunidade que grassa em Portugal permite ao segundo classificado depender apenas de si próprio para ser campeão. O que há que reter desta noite nefasta é que as próximas deslocações fora do Dragão vão ser contra rivais (e em campos) diferentes daqueles que têm custado pontos e que continuam a faltar oito vitórias (ou sete e um empate na Luz, como queiram) e que apenas se perdeu um match point dos nove disponiveis. A brilhantez do trabalho do plantel continua sem merecer a mais minima critica e ninguém seria capaz de imaginar que o FC Porto fosse cair apenas pela primeira vez a esta altura do campeonato. A cada dia que passa estão também mais perto de voltar os lesionados (Alex, Danilo e Soares, sobretudo) e a cada dia que passa novas revelações vão dando ainda mais valor ao que está a ser logrado em campo por um clube totalmente condicionado fora dele. No fim de contas, o Porto sai deste fim-de-semana como entrou. Apenas a depender de si mesmo. Que seja assim até ao último jogo do ano!
quinta-feira, 8 de março de 2018
A rede subterrânea do slb
É impossível representar, num só esquema, a totalidade da rede subterrânea que os dirigentes do slb montaram, paulatinamente, ao longo da
última década (de 2007 a 2017).
Contudo, o esquema seguinte, publicado no jornal O JOGO de ontem (07-03-2018), dá uma ideia dos “tentáculos” e das áreas, dentro e fora do futebol, abrangidas por essa rede de informações, influências, troca de favores e corrupção.
Paulo Gonçalves e a "rede" (clicar para ampliar) |
Esta rede tinha (tem?) de tudo: árbitros, ex-árbitros, vice-presidentes do Conselho de Arbitragem, observadores de árbitros, delegados da Liga, elementos das comissões de Disciplina e de Justiça da FPF, elementos do TAD, elementos do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça, empresários de futebolistas, etc.
Perante tudo aquilo que veio a público ao longo dos últimos meses;
Perante tantos factos envolvendo a cúpula dirigente do slb;
Perante os gravíssimos indícios (para dizer o mínimo), de que os últimos campeonatos terão sido adulterados por ação de elementos desta rede, não há consequências?
Até quando, o presidente da Liga, o presidente da FPF e o Secretário de Estado do Desporto irão continuar a assistir a este espetáculo
indecoroso, de braços cruzados e a assobiar para o lado?
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sábado, 3 de março de 2018
Oito vitórias...
Não quero saber de tropeções alheios e estou preparado para aceitar tropeções próprios, mesmo no pior cenário. O que sei, apenas e só, é que o FC Porto está matematicamente a oito vitórias de ser campeão nacional. Podem ser 7+1 empate na Luz, podem ser 6+2 empates do Benfica, podem ser até 5+6 pontos perdidos do Benfica em tantos jogos. Tanto me faz. Este Porto vive jogo a jogo e é assim que tem de continuar a viver nos próximos dois meses. São oito triunfos para fechar em casa, com os Dragões, frente ao Feirense, um título que ontem ficou, mais uma vez, claro que tem tons azuis e brancos já escritos. Tudo pode passar até Maio mas nenhuma equipa tem sido melhor, mais competente e mais querido vencer que o FCP de Conceição. Mesmo numa noite de escasso mérito futebolistico tudo o resto fez a diferença e além de atirar o Sporting para fora da luta, praticamente, logrou-se reforçar uma sensação de invencibilidade emocional que nestes momentos conta mais do que tudo.
Há duas formas de olhar para o Clássico de ontem no Dragão mas apenas uma conclusão: o Porto tem sido sempre melhor, no cômputo geral, nos duelos com todas as equipas nacionais este ano. É o quarto duelo com os leões - falta um, igualmente importante porque a Dobradinha pode e deve ser objectivo - e uma vez mais ficou claro que o Sporting nunca conseguiu ser superior. Foi melhor, em momentos do jogo, mas superior nunca. Nunca o tem sido como não foi o Benfica no jogo do campeonato nem qualquer outra equipa. Num torneio claramente nivelado por baixo em talento individual e colectivo o Porto tem sabido fazer das suas fraquezas forças e entendido a natureza cada vez mais evidente do futebol luso, para o bem e para o mal. O que nos leva a ver o duelo de ontem de duas perspectivas diferentes mas forçosamente complementares.
Por um lado não se pode dizer que tenha sido um bom jogo. Foi emocionante, tenso mas fraco. O Porto jogou pouco e durante alguns momentos do choque foi superado. É uma equipa que lhe custa muito, muito controlar os jogos, parar os jogos, adormecer os jogos. Vive na vertigem. Conceição foi apresentado e já se sabia da sua boca que era homem de preferir o 1-0 ao 4-3 e que o 4-3-3 era um modelo historicamente ligado ao clube com o que se identificava. Não procurou nem uma coisa nem outra todos estes meses, para o bem e para o mal. A equipa joga, quase sempre, um 442 ou 424 de peito aberto exposto no meio-campo e demasiado dependente da velocidade das transições, e apesar de ter uma boa defesa permite aos rivais mais oportunidades do que seria desejável. Quando esses rivais têm nível - leia-se Liverpool ou até mesmo o caso do Bessiktas - pode sofrer e muito a ousadia. Quando em causa está o nivel médio do futebol português actual a coisa muda de figura. Conceição não inventou nada. Em 2009 Jesus chegou ao Benfica com essa mentalidade. Excluindo (se é que isso é possível) factores extra-desportivos, aquele seu onze era o que Conceição procura hoje mas com uma qualidade individual muito superior á que dispomos e sempre com jokers para momentos de aperto que já conhecemos. Mas durante uma década o futebol português converteu-se nisso. O 433 inteligente de Vitor Pereira salvou-se por um milagre mas as restantes equipas campeãs sempre procuraram modelos similares e Conceição, inteligentemente, fez o mesmo. O que isso provoca são jogos como os de Portimão, na maioria dos casos, o que dá os números ofensivos que nos levam aos dias de Robson, mas também jogos como ontem, contra rivais de outro nível, onde se sofre muito porque não há rotinas de posse e não há uma coesão táctica no meio-campo que permita respirar. Também essa exigência fisica constante tem dois efeitos colaterais importantes. Exilia a jogadores inteligentes e influentes mas sem esse ritmo - caso de Oliver Torres mas, como se depreende das palavras de Conceição, do próprio Paciência - e leva ao limite do desgaste físico os habituais titulares. O histórico de lesões musculares de este ano não pode surpreender quando se exige tanto fisicamente aos jogadores que não param em nenhum momento e que são apenas humanas. Marega foi a última vitima, um jogador que nem sequer foi alvo de rotação mesmo quando a equipa vencia com tranquilidade vários jogos, e o melhor exemplo dessa cultura. Com dois meses pela frente ainda e o lote de lesionados a tender a aumentar progressivamente á medida que o cansaço sobe esse será um importante ponto a gerir.
De facto ontem o Porto foi superior mas não foi uma grande equipa. Raramente houve triangulações, saídas a jogar em colectivo, trocas de bola largas. Não. Houve precipitação - sobretudo na linha defensiva, sempre nervosa a aliviar bolas que a segunda linha do Sporting quase sempre recuperava por superioridade númerica - e pouca paciência. Os golos nasceram de um lance de bola parada mal defendido e de dois momentos de grande inteligência individual, de Maxi Pereira que viu Herrera só, com tempo para colocar um centro tenso e perfeito, e também de Gonçalo, que soube colocar a bola no momento certo e no local certo para que Brahimi, com a frieza das estrelas, acabasse com a malapata de não anotar em jogos grandes. Houve ainda três oportunidades - um lance confuso na área que Marega não aproveitou, o remate sem força mas com intenção que antecedeu a lesão do maliano a uma saída de Rui Patricio e a brilhante corrida de Dalot que terminou com um disparo precipitado de Paciência - mas fora isso a produção ofensiva foi escassa e defensivamente a equipa mostrou-se insegura em muitos momentos, cedendo faltas desnecessárias - sobretudo Felipe - e permitiu um golo que deixa louco qualquer treinador. Pela perda da bola em zona central (Brahimi), porque nem Oliveira nem Herrera souberam apertar Ruiz e porque entre dois centrais demasiado espaçados, Leão soube encontrar com comodida o espaço para disparar sem pensar e colocar a bola debaixo das pernas de Casillas (que pareceu Baía em alguns momentos ontem, para o bem e para o mal) num remate que surpreendeu o espanhol, que mais tarde se resserciu brilhantemente com uma defesa espectacular a Montero. Entre essa defesa e o remate isolado de Leão (fosse Dost e seria outra conversa seguramente) e não se pode dizer que o Sporting não tenha gerado ocasiões suficientes para merecer mais. Mostrou querer mais em muitos momentos e foi um digno rival, mas também ficou vivo demasiado tempo porque, inexplicavelmente, Conceição continua a acreditar em Corona. O mexicano vai seguramente entrar na história como um dos piores investimentos do clube. Um jogador que toma sempre mal a decisão que tem de tomar, seja no passe, no controlo ou no remate. Esforçado mas trapalhão, rápido mas sem aproveitar os metros que ganha e sobretudo incapaz de ser pro-activo no passe ou no remate, Corona só contribuiu com os seus erros a fazer um jogo que devia ter sido controlado num encontro de carrinhos de choque. O jogo pedia claramente Oliver mas a lesão de Marega levou Conceição a colocar Reyes (antes já Aboubakar, ainda sem ritmo claramente, rendeu Gonçalo) e a meter-se ainda para mais atrás e a expor-se a um ultimo ataque desesperado dos leões. Um ataque que o próprio Dragão ajudou a suster numa noite de ambiente incrivel.
Dito tudo isso, e sabendo que este modelo é o que nos trouxe aqui e a dois meses dificilmente será alterado - outra coisa é o futuro mais distante - não podemos terminar sem deixar de prestar a devida vénia ao trabalho de Conceição. Em Agosto a imensa maioria dos adeptos - portistas muitos, eu inclusive - temiam o pior. Outro ano de seca, mau futebol, jogadores sem nível, entrega mas sem resultados. O plantel era curto e escasso de talento. E Conceição era um enigma. Dizer que o Porto seria lider e disputaria um Clássico decisivo com seis titulares inesperados naquele mês é dizer muito. O Porto foi a jogo com um miudo da equipa B (que futuro terá Dalot se quiser e lhe deixarem na SAD), um dispensado chamado Maxi, um Oliveira que muitos nem se lembravam que existia. Com um hiper-questionado Herrera, com um emprestado repescado com um grande histórico de lesões como Gonçalo e com a epitome de todas as criticas como era Marega. Seis de cinco. E todos eles foram determinantes na vitória. O certo é que este plantel é um milagre com pernas e isso deve-se ao jogador e ao trabalho táctico e emocional de Sérgio Conceição e jamais pode ser ignorado. Sem um cêntimo para gastar, com toda a imaginação do mundo, a cada problema o técnico tem encontrado solução. Sem Danilo há mês e meio Oliveira deu um passo em frente. Sem Telles lançou-se sem medo Dalot e um Maxi com um pé na China aguentou bem a ausência de Ricardo. Casillas voltou merecidamente a marcar diferenças e Herrera, que sofre quando se exige jogar em posse, encontrou neste modelo o paraíso. Soares, perdido completamente em Dezembro agora parece fundamental e Marega vai deixar saudades este mês - quem diria - mas seguramente terá também alternativa milagrosa. Não há, na memória recente, uma história mais bonita que a de este plantel do FC Porto e da forma como está a superar qualquer sonho e expectativa. Todos os adeptos merecem celebrar o título mas, por primeira vez em muito tempo, atrevo-me a dizer que mais do que nós, este título merecem, antes que todos, esses jogadores e essa equipa técnica.
Oito vitórias amigos. Oito...
Há duas formas de olhar para o Clássico de ontem no Dragão mas apenas uma conclusão: o Porto tem sido sempre melhor, no cômputo geral, nos duelos com todas as equipas nacionais este ano. É o quarto duelo com os leões - falta um, igualmente importante porque a Dobradinha pode e deve ser objectivo - e uma vez mais ficou claro que o Sporting nunca conseguiu ser superior. Foi melhor, em momentos do jogo, mas superior nunca. Nunca o tem sido como não foi o Benfica no jogo do campeonato nem qualquer outra equipa. Num torneio claramente nivelado por baixo em talento individual e colectivo o Porto tem sabido fazer das suas fraquezas forças e entendido a natureza cada vez mais evidente do futebol luso, para o bem e para o mal. O que nos leva a ver o duelo de ontem de duas perspectivas diferentes mas forçosamente complementares.
Por um lado não se pode dizer que tenha sido um bom jogo. Foi emocionante, tenso mas fraco. O Porto jogou pouco e durante alguns momentos do choque foi superado. É uma equipa que lhe custa muito, muito controlar os jogos, parar os jogos, adormecer os jogos. Vive na vertigem. Conceição foi apresentado e já se sabia da sua boca que era homem de preferir o 1-0 ao 4-3 e que o 4-3-3 era um modelo historicamente ligado ao clube com o que se identificava. Não procurou nem uma coisa nem outra todos estes meses, para o bem e para o mal. A equipa joga, quase sempre, um 442 ou 424 de peito aberto exposto no meio-campo e demasiado dependente da velocidade das transições, e apesar de ter uma boa defesa permite aos rivais mais oportunidades do que seria desejável. Quando esses rivais têm nível - leia-se Liverpool ou até mesmo o caso do Bessiktas - pode sofrer e muito a ousadia. Quando em causa está o nivel médio do futebol português actual a coisa muda de figura. Conceição não inventou nada. Em 2009 Jesus chegou ao Benfica com essa mentalidade. Excluindo (se é que isso é possível) factores extra-desportivos, aquele seu onze era o que Conceição procura hoje mas com uma qualidade individual muito superior á que dispomos e sempre com jokers para momentos de aperto que já conhecemos. Mas durante uma década o futebol português converteu-se nisso. O 433 inteligente de Vitor Pereira salvou-se por um milagre mas as restantes equipas campeãs sempre procuraram modelos similares e Conceição, inteligentemente, fez o mesmo. O que isso provoca são jogos como os de Portimão, na maioria dos casos, o que dá os números ofensivos que nos levam aos dias de Robson, mas também jogos como ontem, contra rivais de outro nível, onde se sofre muito porque não há rotinas de posse e não há uma coesão táctica no meio-campo que permita respirar. Também essa exigência fisica constante tem dois efeitos colaterais importantes. Exilia a jogadores inteligentes e influentes mas sem esse ritmo - caso de Oliver Torres mas, como se depreende das palavras de Conceição, do próprio Paciência - e leva ao limite do desgaste físico os habituais titulares. O histórico de lesões musculares de este ano não pode surpreender quando se exige tanto fisicamente aos jogadores que não param em nenhum momento e que são apenas humanas. Marega foi a última vitima, um jogador que nem sequer foi alvo de rotação mesmo quando a equipa vencia com tranquilidade vários jogos, e o melhor exemplo dessa cultura. Com dois meses pela frente ainda e o lote de lesionados a tender a aumentar progressivamente á medida que o cansaço sobe esse será um importante ponto a gerir.
De facto ontem o Porto foi superior mas não foi uma grande equipa. Raramente houve triangulações, saídas a jogar em colectivo, trocas de bola largas. Não. Houve precipitação - sobretudo na linha defensiva, sempre nervosa a aliviar bolas que a segunda linha do Sporting quase sempre recuperava por superioridade númerica - e pouca paciência. Os golos nasceram de um lance de bola parada mal defendido e de dois momentos de grande inteligência individual, de Maxi Pereira que viu Herrera só, com tempo para colocar um centro tenso e perfeito, e também de Gonçalo, que soube colocar a bola no momento certo e no local certo para que Brahimi, com a frieza das estrelas, acabasse com a malapata de não anotar em jogos grandes. Houve ainda três oportunidades - um lance confuso na área que Marega não aproveitou, o remate sem força mas com intenção que antecedeu a lesão do maliano a uma saída de Rui Patricio e a brilhante corrida de Dalot que terminou com um disparo precipitado de Paciência - mas fora isso a produção ofensiva foi escassa e defensivamente a equipa mostrou-se insegura em muitos momentos, cedendo faltas desnecessárias - sobretudo Felipe - e permitiu um golo que deixa louco qualquer treinador. Pela perda da bola em zona central (Brahimi), porque nem Oliveira nem Herrera souberam apertar Ruiz e porque entre dois centrais demasiado espaçados, Leão soube encontrar com comodida o espaço para disparar sem pensar e colocar a bola debaixo das pernas de Casillas (que pareceu Baía em alguns momentos ontem, para o bem e para o mal) num remate que surpreendeu o espanhol, que mais tarde se resserciu brilhantemente com uma defesa espectacular a Montero. Entre essa defesa e o remate isolado de Leão (fosse Dost e seria outra conversa seguramente) e não se pode dizer que o Sporting não tenha gerado ocasiões suficientes para merecer mais. Mostrou querer mais em muitos momentos e foi um digno rival, mas também ficou vivo demasiado tempo porque, inexplicavelmente, Conceição continua a acreditar em Corona. O mexicano vai seguramente entrar na história como um dos piores investimentos do clube. Um jogador que toma sempre mal a decisão que tem de tomar, seja no passe, no controlo ou no remate. Esforçado mas trapalhão, rápido mas sem aproveitar os metros que ganha e sobretudo incapaz de ser pro-activo no passe ou no remate, Corona só contribuiu com os seus erros a fazer um jogo que devia ter sido controlado num encontro de carrinhos de choque. O jogo pedia claramente Oliver mas a lesão de Marega levou Conceição a colocar Reyes (antes já Aboubakar, ainda sem ritmo claramente, rendeu Gonçalo) e a meter-se ainda para mais atrás e a expor-se a um ultimo ataque desesperado dos leões. Um ataque que o próprio Dragão ajudou a suster numa noite de ambiente incrivel.
Dito tudo isso, e sabendo que este modelo é o que nos trouxe aqui e a dois meses dificilmente será alterado - outra coisa é o futuro mais distante - não podemos terminar sem deixar de prestar a devida vénia ao trabalho de Conceição. Em Agosto a imensa maioria dos adeptos - portistas muitos, eu inclusive - temiam o pior. Outro ano de seca, mau futebol, jogadores sem nível, entrega mas sem resultados. O plantel era curto e escasso de talento. E Conceição era um enigma. Dizer que o Porto seria lider e disputaria um Clássico decisivo com seis titulares inesperados naquele mês é dizer muito. O Porto foi a jogo com um miudo da equipa B (que futuro terá Dalot se quiser e lhe deixarem na SAD), um dispensado chamado Maxi, um Oliveira que muitos nem se lembravam que existia. Com um hiper-questionado Herrera, com um emprestado repescado com um grande histórico de lesões como Gonçalo e com a epitome de todas as criticas como era Marega. Seis de cinco. E todos eles foram determinantes na vitória. O certo é que este plantel é um milagre com pernas e isso deve-se ao jogador e ao trabalho táctico e emocional de Sérgio Conceição e jamais pode ser ignorado. Sem um cêntimo para gastar, com toda a imaginação do mundo, a cada problema o técnico tem encontrado solução. Sem Danilo há mês e meio Oliveira deu um passo em frente. Sem Telles lançou-se sem medo Dalot e um Maxi com um pé na China aguentou bem a ausência de Ricardo. Casillas voltou merecidamente a marcar diferenças e Herrera, que sofre quando se exige jogar em posse, encontrou neste modelo o paraíso. Soares, perdido completamente em Dezembro agora parece fundamental e Marega vai deixar saudades este mês - quem diria - mas seguramente terá também alternativa milagrosa. Não há, na memória recente, uma história mais bonita que a de este plantel do FC Porto e da forma como está a superar qualquer sonho e expectativa. Todos os adeptos merecem celebrar o título mas, por primeira vez em muito tempo, atrevo-me a dizer que mais do que nós, este título merecem, antes que todos, esses jogadores e essa equipa técnica.
Oito vitórias amigos. Oito...
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