quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Temos homem


Começo por dizer que tive, no momento do anúncio de Sérgio Conceição como treinador do FCPORTO, alguns receios e muitas dúvidas.
A grande questão que se me levantava (e não está resolvida) tem a ver com a forma como SC poderá reagir em momentos mais complexos do campeonato.
Temos vindo a ganhar - SC tem tido muito boa influência nos resultados, não sendo um mero assistente - e, quando se ganha, tudo é mais fácil.
Devemos, no entanto, contar com momentos difíceis a breve prazo: o plantel é curto, as "missas" vão continuar e é possível que surjam lesões e castigos.
Nesse momento veremos se "temos homem" com pulso para o lugar.
Devo dizer que a forma natural (sem grande futebolês e frases feitas) como tem lidado com a imprensa, tem vindo a surpreender-me e faz esperar que venha a aparecer um treinador mais maduro e mais seguro do que era há poucos anos.

Do ponto de vista técnico-tatico, SC é, para mim, um enorme treinador.
De facto, sempre me irritou a figura do "treinador estrela", aquele que arrogantemente coloca as "suas equipas" a jogar do mesmo modo, sejam elas compostas de catalães ou ingleses, ou uma amálgama de nacionalidades.
Para mim um treinador não deve colocar as equipas a jogar à sua imagem. Deve, pelo contrário, construir a sua forma de jogar olhando aos jogadores que tem, procurando retirar de cada um o melhor possível e assim construindo jogo da forma que as características dos verdadeiros artistas - os jogadores - aconselham.

Por outro lado, não deve também um treinador ter "um" estilo de jogo.
Em minha opinião, as equipas devem saber ler os momentos do jogo: há momentos para pressing e momentos para contenção; momentos para posse e momentos para transições rápidas; momentos para arriscar no ataque e momentos para adormecer o jogo. Tudo isso deve ser treinado e vivido durante um jogo, dificultando a vida ao oponente e não permitindo que este arme só uma estratégia para se defender de um só estilo de jogo.

SC faz isto muito bem.
Todos e cada um dos jogadores estão a jogar muito acima do que pensávamos possível. Parece até, comparando com os últimos anos, que alguns ganharam uma inteligência e uma visão que não lhes conhecíamos.
Acresce que SC faz a equipa cair em cima do adversário (o que contrasta com a posse estéril que vigorou até há pouco), embora saiba, quando é preciso, trocar a bola e controlar os ritmos.
Quando começamos o jogo, logo no apito inicial, a bola é normalmente atrasada e depois lançada para cima da defesa adversária que, ainda a frio, leva com choque de duas locomotivas como Abouba e Marega. Este movimento é um grito ao adversário: "Vamos para cima de vocês e é desde o minuto zero"

Não fui um entusiasta do SC, mas estou a gostar e espero que aquilo de que me tenho vindo a aperceber se confirme.

O tempo o dirá, mas estas primeiras impressões são muito positivas.

5 comentários:

Azul disse...

Não temos é uma SAD competente, uma SAD que não tivesse inviabilizado o nosso futuro, uma SAD que fosse capaz de ir além de um Vána (sem qualquer tipo de critica ao jogador).

Mefistófeles disse...

Azul...e branco...tão branco...
( sem qualquer tipo de crítica ao autor )

Azul disse...

Temos inventor, agora vamos esperar pelas consequências da titularidade do José Sá. Para destabilizar já bastam os outros.

Pedro disse...

Sinceramente também estava a achar que sim, mas a verdade é que ele inventou contra o Leipzig e perdemos... porque é que os treinadores inventam tanto ? quando inventam perdem....

Kostadinov disse...

No início dizíamos o mesmo do tresloucado espanhol, do NES e no entanto...tem que provar.