segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

No caminho para o TRI...

Comecemos por aquilo em que, suponho, estamos todos (pelo menos os portistas) de acordo:
- a estatística demonstra que o FC Porto dominou o jogo em todos os aspectos relevantes (posse de bola, cantos, livres, remates, oportunidades de golo);
- apesar da bola "não querer entrar", os jogadores do FC Porto lutaram até ao fim de forma estóica, sem nunca desistirem;
- individual e colectivamente, a equipa do FC Porto demonstrou, em pleno estádio de Alvalade, ser muito superior à do Sporting;
- a arbitragem anulou um golo do FC Porto precedido de fora-de-jogo, mas validou o 2º golo do Sporting, que também foi precedido de um fora-de-jogo;
- em resumo, a equipa do FC Porto podia e merecia ter ganho este jogo.

MAS...
Mas nem tudo correu bem a começar, obviamente, pelo resultado.
Na vida, aprende-se muito com os erros e, no caso do futebol, pode-se aprender muito com as derrotas, nomeadamente se analisarmos e, futuramente, corrigirmos os aspectos em que estivemos mal (ou menos bem, se preferirem).
É com este objectivo (o da equipa melhorar, corrigindo aquilo que esteve menos bem) que destaco os seguintes aspectos:

1) Fraquíssimo aproveitamento das bolas paradas (livres ou cantos).
Há 10 jogos que o FC Porto não marca um golo de bola parada. Isto não é normal.
Porque razão os cantos são marcados sempre da mesma maneira?
Porque razão é sempre, ou quase sempre, o mesmo jogador - Quaresma - a executar as bolas paradas?

2) Poucos golos marcados
28 golos marcados em 17 jogos, traduz uma média de apenas 1,6 golos por jogo.
É muito pouco e, se atendermos ao potencial ofensivo desta equipa e às oportunidades criadas em todos os jogos, acho que deveria ser motivo para preocupação e reflexão da parte do professor Jesualdo Ferreira.

3) Incapacidade de recuperar de desvantagens no marcador
Esta época, sempre que esteve a perder (Supertaça, Liverpool,Nacional, Alvalade) a equipa foi incapaz de dar a volta ao resultado. Aliás, foi mesmo incapaz de sequer alcançar o empate. É apenas coincidência ou algo mais do que isso?

4) O Quaresma ainda está de corpo e alma no FC Porto?
O Quaresma é um jogador genial que já decidiu muitos jogos a favor do FC Porto. Contudo, as exibições do Quaresma em 2008 e as recentes declarações que fez, mostram um jogador que parece já não ter a cabeça no FC Porto. Se assim é, o treinador vai ter muito trabalho até ao final da época e, se for caso disso, terá de ter a coragem de lhe dar uma "cura de banco". O FC Porto nunca foi, nem pode ser, um clube de primas donnas.

5) O provérbio "ganha fama e deita-te na cama" aplica-se ao Helton?
Nos últimos 10 meses é a 3ª vez (Chelsea, Amadora, Alvalade) que um frango do Helton é decisivo para um mau resultado da equipa. O Helton é um guarda-redes de enormes recursos, mas desde que deixou de ter a "sombra" do Baía parece um jogador acomodado, convicto que faça o que fizer a titularidade será sempre sua. Ora, este tipo de mentalidade é muito negativa para a equipa.

Mas enfim, no caminho para o TRI ontem só perdemos um jogo.

3 comentários:

José Rodrigues disse...

O Quaresma parece estar de malas aviadas no fim da época, e para satisfação de quase todos:

- da SAD, que fará um enorme encaixe, podendo assim segurar outros jogadores importantes;
- do jogador, que poderá dar "o salto" para outro campeonato mais competitivo, como nunca escondeu;
- de muitos adeptos (incluindo aqueles que admiram o jogador) e do próprio treinador, que têm aqui um jogador complicado de gerir e que poderia "perder-se" se ficasse muito mais tempo.

O que se pede é que haja bom senso nos meses que faltam (e de todos os lados: jogador, treinador, SAD e adeptos) para que no mínimo dos mínimos o Quaresma possa sair por cima, deixando o seu perfume nos relvados e ajudando o clube a atingir os seus objectivos.

Isto é no interesse de todos:

- o clube e os adeptos não têm interesse em "educar" um jogador para o futuro através de medidas drásticas quando a saída é iminente, nem muito menos em comprometer os objectivos do clube.

- o próprio jogador terá interesse em mostrar-se na "montra" europeia (LC, anyone?) e demonstrar a Scolari que tem lugar a titular no Euro, apesar da forte concorrência (C Ronaldo, Simão, Nani).

Estou convicto que o bom senso da parte de todos vá imperar, apesar de provocações externas. Mas que fique claro que "bom senso" não invalida eventuais castigos a Quaresma se tal se justificar.

Mário Faria disse...

Perdemos como ganhámos alguns jogos. O SCP teve 2 min. afortunados e ganhou. O FCP esteve bem e não aponto culpados. É futebol, e todos perceberíamos e minimizaríamos esta derrota, se não fossemos portistas. Mas, somos.
Não comungo deste optimismo exacerbado, como se fosse esse estado de alma que certifica os resultados no campo e avaliza a condição de "bom portista". Basta ler muitos dos comentários feitos sobre a antevisão do último SCP-FCP, para se perceber como são inócuos.
O Barcelona perdeu o ano passado o campeonato, na última jornada, no próprio terreno, depois de ter andado bem à frente, durante quase todo o tempo.
Não são autos de fé que fazem os campeões. Nem os comentários optimistas dos blogs e afins.
Os campeões confirmam-se depois dos desaires. Ou os jogadores vencem, porque convivem bem com o insucesso do momento e, reconhecendo as suas (superiores) qualidades e estando prontos a debelar os defeitos, vão para a luta dispostos a deixar a pele em campo, seja qual for o adversário, ou então, sofrem porque entram num espiral de perda de confiança que se imiscui no comportamento da equipa - como se fora um fatalismo construído de sucessivos azares e/ou imponderáveis – que acaba por se intrometer nos resultados, de forma decisiva, porque corrói a coesão e a capacidade de luta que fica sujeita a esse destino fatalista que, não raras vezes, faz cair os braços aos menos fortes. Um pouco à semelhança do que aconteceu na época passada : a equipa parecia passiva e com pouca atitude.
Há muito campeonato e os vampiros estão ansiosos.
Espero que, apesar de termos jogado bem, não se tenda a cair no logro de considerar que esta derrota não foi um desaire. Foram cometido erros, alguns que vêm persistindo ao longo da época e a defesa tem-se mostrado, ultimamente, mais permissiva : individual e colectivamente estamos menos fortes.
De vitórias morais basta lembrar o SCP de Peseiro que praticou muito bom futebol e foi o principal candidato a ganhar as três provas a que concorreu. Perdeu todas e morreu, em quase todas, à beira da praia.
Espero que a massa associativa ajude ao êxito, tal qual fez na época passada. Não entrar em pânico – não é caso disso – não quer dizer que se entre nesse tsunami triunfalista a troco de tudo e de nada. Das vitórias resultadistas às derrotas gloriosas. A fé serve-se na religião. No futebol vale a competência e a capacidade de saber gerir com inteligência os desaires, sem os ignorar.

Mário Faria

José Correia disse...

«O tribunal de O JOGO é unânime: o segundo tento leonino não deveria ter sido validado, pois Vukcevic estava em posição de fora-de-jogo. Helton defendeu o cabeceamento do sérvio, mas Izmailov empurrou para o fundo das redes, beneficiando do irregular posicionamento do seu companheiro. Carlos Xistra deixou ainda um homem por expulsar em cada equipa no clássico de ontem - o painel não tem dúvidas quanto ao cartão vermelho que ficou por mostrar ao camisola 31 leonino pela falta sobre Helton, e, quanto a Bruno Alves, apenas um elemento não vê intencionalidade na entrada sobre João Moutinho.»
in O JOGO, 28/01/2008

Ou seja, os quatro ex-árbitros que constituem este painel consideraram, por unanimidade, que o Sporting deveria ter ficado reduzido a 10 elementos aos 46 minutos. Para que conste...