terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Equilíbrios

Desde o início da época que receio que hajam certos desequilíbrios neste plantel, e infelizmente a passagem do tempo não me tem sossegado nesse aspecto (já outros aspectos, como por exemplo a evolução da maturidade dos jogadores, tem-me agradado). Penso que alguns desses desequilíbrios ficaram evidentes no jogo contra o Marítimo.

Começo por dizer que penso que finalmente temos um médio de transição no banco que se pode considerar como minimamente à altura do desafio em caso de impedimento (ou baixa de forma) de R Meireles ou Lucho: refiro-me a Tomas Costa, que me parece ser um jogador à imagem daquilo que Jesualdo Ferreira pede de um médio de transição no FCP (e bem ao contrário de um Kaz ou Cech, olhando para a época passada). No entanto vejo alguns desequilíbrios na formação do plantel, ou dito de outra forma uma certa falta de flexibilidade...

1) Falta notória de qualidade nos defesas laterais, principalmente do lado esquerdo: quando temos dois laterais esquerdos de raíz no plantel aptos, e prefere-se mesmo assim adaptar um P Emanuel para um jogo em casa contra um Marítimo, penso que está tudo dito sobre a forma como (não) se investiu para esta posição, apesar de se ter investido no último defeso perto de 30 milhões no plantel. É urgente reforçarmo-nos nesta posição no Natal, não só para equilibrar a defesa como para paradoxalmente reforçar o ataque (precisamos de laterais que apoiem os extremos).

2) A ausência de criatividade: jogadores criativos com a bola nos pés é uma espécie em vias de extinção no FCP, e isso faz falta quando é preciso "furar" defesas bem organizadas. Penso que faz falta um verdadeiro médio ofensivo neste plantel, sendo Ibson a opção mais óbvia neste momento.

Neste momento os únicos jogadores q conseguem criar desequilíbrios individuais são Hulk (que ainda não tem bem a noção de quando deve passar a bola, embora a pouco e pouco vá melhorando) e Tarik (com muitos altos e baixos, infelizmente em baixo neste momento).

3) A insuficiência de extremos: falo aqui de verdadeiros extremos, i.e. jogadores que saibam alargar o jogo e ir à linha centrar (se for preciso). Rodriguez tem muita tendência para descair para o centro; Mariano não é certamente um verdadeiro extremo; Candeias faz a 1a época de senior, nunca tendo jogado anteriormente na I Liga, estando portanto demasiado verde para contar a sério; Tarik é entre os "adultos" o único verdadeiro extremo no plantel, mas infelizmente tem demasiados altos e baixos.

Ora sabendo-se que Jesualdo gosta acima de tudo de jogar em 4-3-3 (embora esteja agora a mudar um pouco de ideias, seja por convicção seja para remediar), isto deixa-me algo confuso.

Para além disso, não compreendo muito bem porque temos nas vagas para extremos (em forma lata) 3 para o lado direito (Candeias, Mariano e Tarik) e apenas um para o lado esquerdo.

4) A ausência de um verdadeiro ponta-de-lança no plantel: já agora, penso que temos a situação inédita neste momento de que todos os avançados que temos, medem menos de 1,80m. Suspeito que sejamos a única equipa do top100 europeu nessa situação, e não será por acaso. Dizem-me que Farías é um verdadeiro ponta-de-lança, mas infelizmente ainda não vi nada disso no ano e meio que ele cá está...

Penso que alguns destes desequilíbrios são corrigíveis ou mitigáveis a muito curto prazo, enquanto outros demorarão mais tempo; diga-se no entanto que nada disto abala a minha confiança de que temos equipa para conquistar o "tetra".

16 comentários:

xandreazevedo disse...

Parabéns perfeita analise...Concordo 100%

sirmister disse...

concordo no geral, acho que a insuficiência mais critica é mesmo a lateral esquerda, medios acho que os que temos são bons e oferecem garantias, mais um extremos dava jeito sem duvida mas esse jogador poderá ser tarik, quanto ao ponta de lança acho que sim dava jeito e farias quanto a mim é um caso perdido e se tem mercado que se venda para nao estar a perder mais dinheiro com este jogador, quanto ao perfil desse ponta de lança quanto a mim não precisava de ser alto mas sim movel para ser uma alternativa aos que temos (podia ser aguero ou forlan os avançados do atletico e que tem menos de 1,8m o united o ano passado também jogava com tevez e rooney que mediam menos de 1,8m ), acho que os avançados não precisam de ser muito altos tem é que saber jogar liedson tambem faz varios golos de cabeça.

José Correia disse...

«temos a situação inédita neste momento de que todos os avançados que temos, medem menos de 1,80m»

Em desafios contra equipas fechadinhas, que jogam com “três centrais, dois laterais, mais três médios”, e em que o 1º golo tarda em aparecer as coisas podem complicar-se.

Neste último jogo, a partir de determinada altura, entrava pelos olhos dentro que precisávamos de um ponta-de-lança que, jogando na área do Marítimo, conseguisse ganhar algumas bolas de cabeça ao trio de centrais madeirenses.
Mesmo que não estivesse em condições de finalizar, precisávamos de alguém que desestabilizasse a defesa deles, de modo a ganharmos uma 2ª bola ou a provocar uma situação de ressalto.

Não tivemos esse jogador e é mais do que evidente que o Farias não tem estas características, devido à sua compleição física, mas também por uma atitude em campo pouco guerreira.

Ora, o Adriano é nosso jogador, encaixa neste perfil como uma luva e, ao contrário do Farias, demonstrou-o ao serviço do FC Porto. Estou absolutamente convicto que teria sido muito útil no jogo com o Marítimo.

José Correia disse...

«insuficiência de extremos: falo aqui de verdadeiros extremos, i.e. jogadores que saibam alargar o jogo e ir à linha centrar (se for preciso)»

A falta de um extremo rápido e desequilibrador, como eram o Quaresma e o Tarik da época passada, agrava-se ao jogarmos com um defesa-lateral como o Pedro Emanuel e ao não podermos contar com as arrancadas do Bosingwa.

A compra de um lateral esquerdo de qualidade, que entre no onze inicial de caras, é uma emergência.

pedro disse...

Falta notória de qualidade nos defesas laterais, principalmente do lado esquerdo: SIM PREFERIA O CECH VENDIDO POR 1,5 MILHOES DO QUE O BENITEZ CUJA METADE DO PASSE CUSTOU 1 MILHAO.

ausência de criatividade: O PROF NAO QUER. ONDE ANDA O IBSON? PARA ONDE FOI O AGUIAR?

insuficiência de extremos: O CANDEIAS CUMPRE A 2ª EPOCA DE SENIOR E SE NAO TEM EXPERIENCIA SO LA ESTA PARA FAZER NUMERO, COMO O TENGARRINHA, DADO O NUMERO NECESSARIO DE JOGADORES FORMADOS NO CLUBE. POR ISSO A EPOCA PASSADA SAIU O RUI PEDRO EM DEZEMBRO E VOLTOU O HELDER BARBOSA. PARA NAO JOGAR. EDAR 4 MILHOES PELO MARIANO E UMA ANEDOTA.

verdadeiro ponta-de-lança: TENHO A CERTEZA QUE O ADRIANO, NO MINIMO, DAVA DIFERENTES SOLUÇÕES A ESTE PLANTEL.

Luís Carvalho disse...

Este nosso actual esquema, que apenas comporta "médios de transição" está esgotado.
Ou seja, nunca jogaremos melhor do que actualmente estamos a produzir. Nunca conseguiremos melhor do que isto que temos vindo a assistir.
É um registo que, sim senhor, estando os homens da frente inspirados, permite-nos uma série interessante de vitórias (principalmente caseiras) mas não vai além disso.

Se queremos realmente ser competitivos, não apenas em jogos de dificuldade-média mas também nos grandes encontros, urge alterar a composição do nosso meio-campo.
Se queremos, finalmente, passar para além dos oitavos da Champions, tal torna-se até imperarativo.

Pura e simplesmente, não dá para colocar todas as "fichas" na boa forma dos nossos atacantes e darmo-nos ao luxo de, jogo após jogo, época após época, os nossos médios não criarem qualquer desiquilibrios ofensivos.
Ser apenas "médio de transição" e deixar tudo o resto para os colegas de frente, não é suficiente numa equipa de topo.

E muita sorte temos tido nós ao contarmos com Quaresmas, Lisandros e Hulks. Fossem os nossos avançados apenas "normais" e tal situação seria absolutamente incomportável.

jdm.dragão.lisboeta disse...

Aproveito para deixar um FELIZ NATAL e um BOM ANO ANOVO com muita saúde para todos (e muitas vitórias para o nosso F. C. PORTO).

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro disse...

Gostava de saber quais são as equipas de top europeu que jogam com esse tal criativo no seu trio de meio campo.

Depois, ter esse tal jogador no plantel até poderia ser interessante. Mas imaginemos que estava o Ibson ou Luis Aguiar no banco contra o Marítimo, teria sido opção? Tenho muitas dúvidas!

Quem teria sido lançado seria o Tarik, e julgo que tem feito falta, uma vez faltam alternativas aos três da frente neste momento. Mas quanto a isso, só nos resta esperar que ele volte à boa forma. Algo que prometeu estar para breve!

Quanto à necessidade do tal avançado alto e forte de cabeça, ela já foi várias vezes discutida. Mas valerá a pena manter um jogador desses para jogar apenas nos últimos 20 minutos de jogos em que o resultado seja adverso?

Concordo mais com quem diz que mais falta nos faz um avançado ao estilo dos que temos, que seja alternativa credível ao Lisandro e ao Hulk!

miguel87 disse...

Eu concordo com o comentário deixado pelo "C"! Para mim a questão fundamental nesta altura e a ideia que fica é que temos jogadores para fazer mais e melhor (excepção talvez para um numero "10" que bem podiam ser Ibson ou Luis Aguiar), mas estão agarrados à tacanhez e limitação táctica/de ambição do treinador.

Mesmo quando ganhamos, as exibições ficam muito aquém daquilo que é expectavel para uma equipa do Porto. Eu sei que fico desiludido e exigo mais.

miguel87 disse...

Outra coisa que me faz confusão é falar na baixa de forma do Tarik! Quantos jogos/minutos ele jogou para se chegar a essa conclusão??? Eu acho até que ele foi o mais incoformado na 1ª parte do jogo com o cinfães, e mais não posso dizer, simplesmente porque ele não tem jogado!

Luís Carvalho disse...

"Gostava de saber quais são as equipas de top europeu que jogam com esse tal criativo no seu trio de meio campo.

Depois, ter esse tal jogador no plantel até poderia ser interessante.(...)"


Nem era preciso responder, pois o próprio Pedro já dá a resposta na sua segunda frase.
Mas apetecia-me ripostar com um "- FCP 2002/04!", sobre esse velho tema das "equipas de top europeu com criativo".
E creio que bastaria, julgo...

Contudo, como essa questão, desde que Jesualdo cá chegou, é tantas vezes colocada, respondo com algumas outras:

-Que faz o Ronaldinho no Milan?
-Que faz o próprio Deco no Chelsea?
-E o Alonso no Liverpool?
-E o Van der Vaat no Real?


Já para não me referir a outros nomes como Iniesta, Xavi, Anderson (sim, o nosso), Fabregas, Pirlo, etc, que não jogando especificamente como "números 10" participam tão assídua e tão activamente no caudal ofensivo das suas equipas, que faria qualquer Meireles ou Lucho corar de vergonha.

Pedro disse...

Admiro o seu esforço, mas o único exemplo de jogador que poderia fazer esse papel de criativo num esquema de 4-3-3 era o Deco. Fantástico jogador, mas para mim único no mundo.

Ronaldinho joga com o Kaká, nas costas do ponta de lança, normalmente o Pato, nunca no meio campo obviamente!

E Van der Vaart, quando jogou, jogou numa das alas do 4-4-2 usado pelo Schuster no Real!

O exemplo do Alonso é disparatado.

Xavi, Iniesta, Pirlo, Anderson, Fabregas, quando jogam, porque nem todos são titulares indiscutíveis, têm um papel igual ao do Lucho do Porto.

O que se pode questionar é o actual momento do Lucho no plano ofensivo.

Luís Carvalho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Carvalho disse...

Pedro,
Eu é que admiro o seu esforço em afirmar que um criativo não é um criativo. Ou porque joga "nas costas", ou porque joga "nas pontas"...
E eu que pensava que o Deco tinha começado a jogar mais recuado no Barça exactamente porque Ronaldinho estava a ocupar os seus terrenos...
E sobre o Kaká que cita, também ele não encaixa na sua definição de número 10?

Bem, todos sabemos que Decos não existem por aí aos pontapés. Se os houvesse, até Mourinho voltaria às suas velhas tácticas - consagradas - de 2002/04 e jogaria seguramente com um número 10. É um treinador de uma abrangência tal que, obviamente, não terá qualquer preconceito contra tais jogadores.

Mas quem não tem Decos pode perfeitamente caçar com outro tipos de jogadores menos virtuosos mas igualmente com mentalidade ofensiva.

Eu, com um António Sousa já me contentava...
Pois, também em 87 a nossa táctica vencedora não incluía apenas "médios de transição".

P.S: E o Liverpool lá segue isolado em Inglaterra, mesmo com o seu "disparatado" Alonso no comando das operações a meio-campo...

Pedro disse...

Epa, o Alonso é um trinco...

Queres dar um exemplo no Liverpool fala no Gerrard! Mas diz-me também onde arranjar alguém que faça o que ele faz!

Como é que encaixavas o Káká ou o Ronaldinho no meio campo do Porto?