quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Falar quando devemos


A arbitragem do FC Porto vs Guimarães, de responsabilidade de Jorge Sousa, deveria ter sido uma oportunidade aproveitada pela estrutura do nosso clube para chamar a atenção para a falta de respeito a que o FC Porto tem sido votado.

Seria fácil falar do golo ilegalmente anulado ao André Silva que, como se percebeu no estádio, e se comprovou na TV, não só não teve qualquer intenção de jogar a bola com a mão como, na realidade, não é ele que toca com mão, mas antes o jogador do Vitória, fazendo penalti não assinalado.
Seria fácil também falar sobre essa jogada, e compará-la com as duas jogadas de Alvalade, em que a mão dos jogadores do Sporting serviu de pé, com a total complacência dos homens do apito.

Seria fácil falar, mas não é isso que pretendo abordar.

A arbitragem de Jorge Sousa foi muito pior do que resultaria duma análise desse lance e da comparação com outros lances piores, com decisão diferente.

Abaixo explicarei porquê, mas antes uma nota sobre o momento: perante arbitragens escandalosas e - desde o início - tendenciosas, é nas vitórias que mais devemos fazer ouvir as nossas críticas.

De facto, perante um jejum de anos sem sentir o sabor do títulos, os nossos adversários procuram defender as injustiças acusando-nos de atacarmos as arbitragens apenas como forma de justificar derrotas.

Ora, todos sabemos que assim não é, e que a arbitragem nos tirou pontos decisivos em épocas passadas.
No entanto, a melhor forma de afastarmos essa acusação é, perante arbitragens vergonhosas em jogos que tenhamos ganho, apresentarmos um rigoroso mas duro trabalho de denúncia.
Não nos poderiam, assim, acusar de estarmos apenas a justificar o insucesso.


Mas onde esteve a vergonha da arbitragem de Jorge Sousa?

A meu ver, esteve em todo o lado.

Esteve, em primeiro lugar, na gestão dos tempos de jogo.
Desde o primeiro minuto de jogo que os jogadores do Vitória mostraram ao que vinham: gastar o mais tempo possível com o jogo parado. Não o esconderam, nem dissimularam. Não disfarçaram.
Dei-me ao trabalho de cronometrar as diversas paragens em pontapés de baliza e cantos, onde os jogadores do Vitória perdiam entre 20 e 30 segundos (o tempo que se dá de desconto a uma substituição). Só com esta brincadeira foram mais de 9 minutos, só na primeira parte do jogo.
Perante esta autêntica palhaçada (o exagero foi patente…), a um árbitro experiente e imparcial seria exigível uma atitude consequente: deveria dirigir-se aos jogadores do Vitória, assim que disso se apercebesse, informando-os de que procederia a descontos e que, se nisso persistissem, sairiam amarelos do bolso.
O que fez Jorge Sousa? Nada. Absolutamente nada. Nem avisos, nem amarelos, nem descontos.
Dos 9 minutos perdidos, nem um foi descontado antes do intervalo.

Esteve mal Jorge Sousa - também tendencioso - no aspecto técnico.
Ao mínimo contacto nosso (mesmo quando legal), logo virava o jogo contra nós. Mas, quando os adversários nos atingiram, pouco ou nada assinalou.
Esta dualidade introduz, por um lado, um enorme desequilíbrio na força com que cada uma das partes decide abordar um lance (o que é muitas vezes essencial para nele se poder ganhar vantagem). E, por outro lado, enerva de forma muito séria a equipa que sofre dessa desvantagem.
O objectivo do Vitória era, manifestamente, o de procurar enervar-nos e o árbitro, também aqui, quis participar na festa.

Esteve mal Jorge Sousa, finalmente, no campo disciplinar. O cúmulo deu-se quando sancionou com o mesmíssimo cartão amarelo um derrube a um jogador do FC Porto que se isolava e um derrube no meio campo, sem qualquer perigo ou relevância.

Acabou por correr tudo bem para todos: o FC PORTO ganhou; o Vitória perdeu apenas por três; e o árbitro pode justificar a quem pretendia que "fez o que foi possível".
Mas, especialmente por - aparentemente - estar tudo bem, não podemos deixar de denunciar o que esteve à vista de todos.

Temos que procurar fazê-lo nas vitórias e não nas derrotas.

Pela minha parte, será principalmente em vitórias como esta, com este tipo de arbitragens, que criticarei.
Espero ter muitas vitórias para o poder fazer.
   

5 comentários:

HULK ONZE MILHAS disse...

No final do jogo PdC fez declarações à CS dedicando a vitória aos adeptos e em especial aos do Marco. Quanto à vergonhosa arbitragem nem uma palavra!!!!! Alguém reconhece ainda este ex Grande Presidente???

Filipe Sousa disse...

Infelizmente, acima do treinador, o Porto está morto. Tiro o chapéu ao NES, que ainda assim consegue trabalhar nessas condicoes.

José Correia disse...

Desde 2008, ano em que foi criado o 'Reflexão Portista', que eu falo e vejo com muita preocupação o silêncio da Administração da FC Porto SAD.

( http://www.reflexaoportista.pt/2008/05/roubos-de-igreja.html )

Um dia destes voltarei a este tema com mais profundidade.

Mário Faria disse...

Não creio ser normal nos campeonatos com maior visibilidade virem os presidentes a terreiro para falar e maldizer das arbitragens. Aliás a presença deles é raríssima no espaço mediático. Em Portugal aparecem demais e para dizer vacuidades. Ninguém lhes liga nenhuma a não ser os adeptos dos respectivos clubes. E a imprensa. Essa sim, tem o poder de influenciar. Mas, infelizmente, está demasiado subordinada ao poder. E o poder passou para Lisboa com carácter definitivo. E o protesto é frequentemente desvalorizado porque uma boa parte das decisões arbitrais não escapa a um julgamento que tem muito de subsjectivo, como por exemplo foram tratadas as mãos na bola no SCP-FCP ou quando as “entradas” são duras e imprudentes a justificar a pena máxima (expulsão) ou as entradas são duras mas no quadro próprio de um jogo de contacto, merecedoras no máximo de cartão amarelo. Aliás, foi no âmbito desse conceito que os juízes de arbitragem consideraram, por exemplo, um lance em que Cédric meteu o Jackson pela baliza dentro e evitou um golo mais que cantado do FCP. Outro argumento muito utilizado e que também foi utilizado neste último jogo com o SCP é que o nosso adversário foi muito melhor que nós. Como se os erros tivessem feito justiça à qualidade. E até nós, na ressaca do jogo, fragilizamos o nosso argumentário relativamente à arbitragem com uma crítica muito severa em ralação à qualidade do nosso jogo como se não tivesse ocorrido um nexo de causalidade entre o rumo da arbitragem e o rumo do desempenho. Pela minha parte, acho que a denúncia e o seu suporte estão adequados, até ao momento. E o mais importante, é a intervenção muito positiva dos sócios no Dragão. E se calhar também deverá ser aí que devemos mostrar o nosso desagrado. Sem violência, obviamente

Vímara Peres disse...

Concordo totalmente! E em relação a este último comentário, é tão frequente ver portistas a fragilizar a nossa posição com a questão de muitas vezes não estarmos a jogar, como se tudo o que se passa não contribuísse para o nosso decréscimo exibicional e do lado dos favorecidos para o seu empolgamento?