quinta-feira, 3 de julho de 2014

O futuro essencial da nossa formação nacional

O FC Porto nunca foi uma grande potência nacional em formação de jogadores. Sempre tivemos algumas posições onde fizemos escola (guarda-redes, centrais, sobretudo) mas nunca vivemos à sombra da fama que outros clubes tiveram com os seus "fabulosos" projectos de formação que em muitos casos foram fogos de vista. No entanto, a marca de jogadores à Porto, sobretudo recrutados e formados na região do Grande Porto sempre fez parte do nosso ADN, particularmente após a chegada de Pinto da Costa à presidência do clube. O FC Porto quer ter os melhores, seguramente, mas também quer - ou melhor, queria - ter os melhores no espaço físico que mais depressa se identificava com o clube. 

Foi com essa politica desportiva que se trabalhou muito e bem durante os anos oitenta. O FC Porto tinha uma excelente equipa de olheiros espalhados pelo país mas concentrados essencialmente na região Norte. Os jogadores estrangeiros que aterravam nas Antas eram, quase sempre, recomendações de empresários e não fruto do trabalho de prospecção. Foi graças a isso que as camadas jovens dos Dragões se encheram de jovens promessas que marcaram a geração do Penta, a dos Vitor Baía, Fernando Couto, Jorge Costa, Jorge Couto, Rui Filipe, Domingos Paciência, António Folha, Rui Jorge, Paulinho Santos que sucederam aos André, Jaime Magalhães, Fernando Gomes, Rui Barros ou Lima Pereira de outras eras. 
Esse modelo de gestão, complementado por alguns dos melhores jogadores estrangeiros da liga (os Drulovic, Zahovic e companhia) e alguns estrangeiros de grande qualidade como apostas certeiras da direcção (de Kostadinov a Jardel) funcionou até ao virar do século em que o abandono da formação se tornou evidente. Desde o ano 2002 que o FC Porto deixou de produzir jogadores de elite para passar a ser exclusivamente uma marca de importação. Primeiro de consumo nacional no biénio de José Mourinho (Maniche, Paulo Ferreira, Nuno Valente, Bosingwa, Raul Meireles, César Peixoto, Ricardo Fernandes, Pedro Mendes) para depois passar a ser exclusivamente um projecto de consumo externo. Desde 2002, quando Hélder Postiga se estreou na primeira equipa, os jogadores da formação quase que se tornaram personas non gratas para o Clube. 
Seguiu-se, brevemente, Hugo Almeida e Bruno Alves, hoje já instalados na casa dos 30, e depois as sucessivas gerações desaproveitadas dos Bruno Vale, Zé António, Ivanildo, Vierinha, Paulo Machado, Hélder Barbosa, Candeias, Ventura e companhia.

Qualidade pobre dos jogadores, poucos minutos na equipa A, predilecção por estrangeiros de qualidade duvidosa, falta de trabalho competente na base?
Tudo está certo e ainda sim tudo é manifestamente insuficiente para explicar a razia de jogadores da casa na primeira equipa. A criação do Projecto Visão 611 deveria servir para mudar a situação mas acabou por piorar ainda mais o esquema. Enquanto o Sporting se consolidava internacionalmente como a "cantera" por excelência do futebol português e o Benfica ia, pouco a pouco, "recrutando" alguns dos melhores olheiros e técnicos do Sporting para desenvolver o seu projecto, no Olival tudo continuou na mesma. Paralelamente o clube tem investido bastante em recrutar jovens promessas sub-18 espalhadas pelo Mundo. 
Sul-americanos (Kelvin, Victor Garcia, Caballero, Roniel, Elvis, Lichnovsky), europeus (Pavlovski, Djim, Johanssen) e africanos (Ba, Atsu, Mikel, Kaymbe) foram sendo integrados aos escalões de formação e à equipa B. Ainda nenhum com resultados excepcionais mas que dão conta de uma clara tendência de gestão. Parece-me, desde já, uma aposta extremamente inteligente da SAD. 
Não há dinheiro para continuar a gastar recorrentemente mais de 10 milhões de euros em Reyes, Herreras, Alex Sandro, Danilos ou Mangalas eternamente e fintar um mercado cada vez mais caótico e lotado de candidatos que oferecem melhores condições do que nós (o caso Bernard é exemplar) e descobrir essas promessas uns anos antes pode supor um desembolso infinitamente menor e um lucro desportivo e financeiro maior a médio prazo. É uma aposta sensata, inteligente e que seguramente dará frutos no médio prazo. Mas é insuficiente. 

O FC Porto não deve nem pode continuar a negligenciar o que devia ser o seu mercado primordial, o nacional. Num país capaz de produzir de forma surpreendente jogadores de elevada qualidade para a sua percentagem de população e atletas federados, Portugal é cada vez mais um mercado apetecível lá fora. Há olheiros de clubes franceses, italianos, ingleses e espanhóis a pescar futuros internacionais portugueses entre os 15-18 anos. Jogadores que podiam perfeitamente estar na nossa formação e que, inexplicavelmente, não estão. 
Bruno Fernandes, Marcos Lopes, Edgar Ie, Ruben Vezo são apenas exemplos de uma tendência crescente no mercado europeu. Paralelamente, enquanto é aceitável que seja difícil (e caro) recrutar atletas ao SL Benfica e Sporting, continua a não ser lógico que emblemas como o Vitória de Guimarães (Paulo Oliveira, Josué, Ricardo), Sporting de Braga (Rafa), Nacional da Madeira (Miguel Rodrigues) ou Maritimo (José Sá, Danilo) sejam capazes de produzir com regularidade jovens promessas e que esses jogadores escapem aos olheiros do FC Porto.


Tendo em conta os futebolistas portugueses que podem singrar na próxima década entre aqueles que contam com mais de 15 anos actualmente, o FC Porto conta com muito poucos. Rafa, Tozé, Tomás Podtawski e Gonçalo Paciência são as nossas melhores perspectivas de sucesso. Quase nenhum teve ainda minutos na primeira equipa nem convocatórias acumuladas. O Sporting pode apresentar, na mesma geração, jogadores que vão desde Ricardo Esgaio, Bruma (já transferido), João Mário, André Martins, Tobias Figueiredo a Alexandre Guedes, e o Benfica a Bernardo Silva, André Gomes, João Cancelo, Ivan Cavaleiro, Bruno Varela ou Nelson Oliveira.
Muitos desses jogadores entraram nos escalões de formação dos respectivos clubes entre os 14 e 16 anos, tendo antes feito a formação em clubes onde os olheiros do FC Porto se podiam ter antecipado. André Gomes e Alexandre Guedes são casos ainda mais paradigmáticos. O primeiro passou pela formação azul-e-branca e foi dispensado. O segundo foi recrutado aos 15 anos pelo Sporting do Arcozelo de Vila Nova de Gaia, o mesmo concelho onde a equipa treina. Ter olheiros no Grande Porto - ou na Grande Lisboa - não deveria supor nenhum gasto particular para os cofres do clube e em contrapartida poderia reproduzir significativos lucros futuros. Ter um onze titular futuro com jogadores formados em casa tem vários aspectos positivos. Máximo lucro em vendas, maior prestigio internacional na formação, cimentar uma cultura de balneário local que ajuda a integração das contratações estrangeiras que foi perdido com as saídas de Bruno Alves e Raul Meireles e jogadores formados localmente em número suficiente para garantir a inscrição constante de 25 jogadores nas provas da UEFA.

Não se trata de maior ou menor bairrismo, de querer uma "sportinguização" do FC Porto ou de deixar de apostar naquele que tem sido o core business da SAD de forma compulsiva. Trata-se de reinventar uma fórmula ganhadora, algo que a SAD já está a fazer com a sua aposta em sub18 estrangeiros. O que não me parece lógico é que o maior clube português, que graças ao sucesso obtido nos últimos trinta anos tem agora adeptos espalhados por todo o território nacional e milhares de miudos desejosos de vestir a camisola azul-e-branca, continue a negligenciar de forma tão evidente a prospecção e o treino da sua própria formação nacional. O futuro do futebol português não é tão negro como os catastrofistas pintam e não é motivo para o clube abandonar totalmente a prospecção local por outros (e interessantes) mercados. Ter um onze nos próximos sete anos competitivo com meia dúzia de jogadores portugueses é perfeitamente possível. Como também o é com jogadores formados em casa se esses forem recrutados antes que os nossos rivais e directamente em clubes com um bom trabalho na área. Ter um novo Ricardo Carvalho, Rui Barros, Domingos Paciência ou Vitor Baía não é só altamente desejável. É também possível. Basta fazer as coisas bem!

23 comentários:

Pedro ramos disse...

"Tendo em conta os futebolistas portugueses que podem singrar na próxima década entre aqueles que contam com mais de 15 anos actualmente, o FC Porto conta com muito poucos. Rafa, Tozé, Tomás Podtawski e Gonçalo Paciência são as nossas melhores perspectivas de sucesso. Quase nenhum teve ainda minutos na primeira equipa nem convocatórias acumuladas."

Como? Conhece Ivo Pinto, André Silva ou Ruben Neves? Também tenho alguma curiosidade com o Pité, mesmo nao sendo da formaçao.

" Sul-americanos (Kelvin, Victor Garcia, Caballero, Roniel, Elvis, Lichnovsky), europeus (Pavlovski, Djim, Johanssen) e africanos (Ba, Atsu, Mikel, Kaymbe) foram sendo integrados aos escalões de formação e à equipa B. Ainda nenhum com resultados excepcionais mas que dão conta de uma clara tendência de gestão. Parece-me, desde já, uma aposta extremamente inteligente da SAD.
Não há dinheiro para continuar a gastar recorrentemente mais de 10 milhões de euros em Reyes, Herreras, Alex Sandro, Danilos ou Mangalas eternamente e fintar um mercado cada vez mais caótico e lotado de candidatos que oferecem melhores condições do que nós (o caso Bernard é exemplar) e descobrir essas promessas uns anos antes pode supor um desembolso infinitamente menor e um lucro desportivo e financeiro maior a médio prazo. É uma aposta sensata, inteligente e que seguramente dará frutos no médio prazo. Mas é insuficiente. "

De que interessa contratar jogadores com 17/18 anos se depois continuamos a ser incapazes de os fazer evoluir?
Caballero, Lichnovsky e Quinones juntos custaram quê? Quase 6/7 milhoes? Será que vamos ter proveito com eles, ou teria sido melhor gastar esse dinheiro num jogador já feito?

Peço desculpa, porque apesar de eu ser um grande defensor da formaçao e muito critico do clube pelo abondono da mesma, o texto está cheio de falsa demagogia para tentar provar a sua opiniao.

João disse...

"Rafa, Tozé, Tomás Podtawski e Gonçalo Paciência são as nossas melhores perspectivas de sucesso."

Errado. André Silva tem um potencial enorme, o Leandro Silva está num nível muito próximo do Tomás (apesar de nenhum ser para mim uma certeza), na minha opinião fez uma melhor época que ele, é presença regular na seleção. Nos juvenis temos só o puto com mais potencial do seu escalão, o Rúben Neves que treinou hoje com a A, capitão dos sub-17. E outro perto do mesmo nível, o Moretto que veio do Sporting na época passada. Mata e Francisco Ramos também têm tanto ou mais potencial como qualquer dos pretensos craques que estão aí das camadas jovens de Sporting e Benfica. O panorama não é, nem de longe, tão negro como quer pintar. Temos qualidade na formação como já não me recordo de termos, não se deixe levar pelas convocatórias a patéticas do Rui Jorge e Peixe.

PS: Esqueci-me do Ivo, evoluiu imenso este ano, fez uma grande época na B. E o Pité, que fomos agora buscar ao Beira-Mar, parece ser um jogador muito acima da média.

Isto jogadores portugueses, porque não me faz confusão nenhuma termos putos estrangeiros com talento onde a formação não o consegue (caso mais evidente do Victor Garcia, infinitamente superior ao nosso mais débil jogador da B e alternativa para o lado direito, David Bruno) e eventualmente Lichnovski (o Tiago Ferreira também é fraquinho)

Joao Goncalves disse...

Este Post é ridiculo a todos os níveis mas comecemos por partes:

1) Rafa, Tozé, Tomás Podtawski e Gonçalo Paciência são as nossas melhores perspectivas de sucesso...

Sério? E o André Silva? E o Ivo Rodrigues? e o Ruben Neves?

Os "só" 4, já passam a ser "só" 7 assim de fininho e ainda falta ver o que tem para dar esta época nos B's pelo menos o João Graça.

Depois... Como o André Gomes, passam muitos em variadíssimos clubes que só mais tarde vingam e os outros aproveitam (Varela? Deco? Maniche?)... o Guedes duvido muito que dê jogador... e nunca o manteria quando temos dois dos mais promissores pontas de lança do país.

Depois tinha que vir as estúpidas criticas aos estrangeiros... mas será que somos o Benfica ou quê?

1) qual é a diferença entre contratar ao Braga, Nacional, Etc... e contratar no estrangeiro? Ambos não vão tirar lugar aso jogadores da formação? Ou estamos numa de xenofobia?

2) A formação por si só, não vai alimentar uma equipa B e para a mantermos precisamos de mais valias.

3) Praticamente a totalidade dos estrangeiros que nos últimos 3 anos tem sido contratados para a equipa B seguem sempre a mesma lógica: 1 ano de empréstimo, para ver o melão e depois ou ficam ou seguem viagem... este ano e tirando o Chileno, segue tudo a mesma lógica.

4) Temos 7 estrangeiros na equipa B... 7! Dos quais apenas o Pius e o Pavlovski(se foi contratado em definitivo que ninguém sabe) são nossos... Quando se lê este post parece que temos 20 estrangeiros e 7 portugueses...

5) E por fim, todos os estrangeiros e portugueses contratados para a B, vem colmatar lacunas que a nossa formação não tem para dar à equipa B (esperando contudo que algum juvenil consiga apresentar qualidade para jogar na B (Ruben Neves?)), senão vejamos:
Contratações: Centrais - Lichnovsky, Johansen, Pius
Formação: Ricardo Tavares
Ou seja, a formação está a 0!

Contratações: Defesa Direito - Candé
Formação: 0! Concorrência Vitor Garcia (A) e David Bruno (despachado pff)

Contratações: Meio Campo Ofensivo - Élvis, Pavlovski, Pité
Formação: Só mesmo o João Graça e é isso e falta intensidade defensiva...

Contratações: Ataque alas - Pité(de novo), Djim, Idrisa Sambú
Formação: Ivo Rodrigues... De resto é o Frederic que não se prevê grande coisa dali.

Contratações: Ataque alas - Roniel
Formação: André Silva e Gonçalo (A).

Portanto as contratações visaram áreas que estávamos deficitários a nível de formação e inteligentemente, vieram peças emprestadas para ver se dão e as quais 80-90% vão recambiadas no final do ano.

O Porto tem tido uma fantástica politica de equipa B depois da desastrosa visão 611 e isso tem sido muito importante para os jogadores como Mikel, Gonçalo, André Silva, Ivo, Rafa, Vitor Garcia e o próprio Tozé estarem em patamares evolutivos que estão actualmente e dos quais considero que alguns já poderiam ser considerados para reais opções da equipa A (como espero que aconteça no decorrer da presente época)


DC disse...

Miguel até podia concordar com o seu artigo se não tivesse escrito isto:

"Rafa, Tozé, Tomás Podtawski e Gonçalo Paciência são as nossas melhores perspectivas de sucesso. Quase nenhum teve ainda minutos na primeira equipa nem convocatórias acumuladas. O Sporting pode apresentar, na mesma geração, jogadores que vão desde Ricardo Esgaio, Bruma (já transferido), João Mário, André Martins, Tobias Figueiredo a Alexandre Guedes, e o Benfica a Bernardo Silva, André Gomes, João Cancelo, Ivan Cavaleiro, Bruno Varela ou Nelson Oliveira."

Se consideramos como promessas nomes como os de Esgaio ou Cancelo então tem obrigatoriamente que falar de Kadu, TIago Ferreira, Ruben Neves, Leadnro Silva, Frederic Maciel, Ivo, André Silva ou até Josué (já que falou em André Martins).
As camadas jovens do Porto não estão óptimas mas não vejo assim tanta diferença para os 2 de Lisboa. Aliás a única diferença que vejo e que em Lisboa apostam muito mais em africanos que nós. O Ruben Neves, nosso capitão dos juniores, tem metade do peso e do tamanho dos "juniores" do 5LB.
E quanto a grandes, grandes promessas, vejo 3: Gonçalo Paciencia, Bernardo Silva e André Silva. 2 são nossos e o outro já foi vendido a um fundo pelo 5LB.

Miguel Lourenço Pereira disse...

DC,

Eu não ponho em causa o valor do André ou do Ruben (estava a falar em portugueses e não conto com o Kadu) para juntar aos que mencionei que, parece-me, estão um degrau por cima desse grupo. O Tiago desiludiu-me muito, o Leandro e Ivo preciso de os ver mais e o Maciel não é do meu agrado particular.

O que me parece claro é que dentro de todo este grupo de jogadores, salvo pelo Alexandre Guedes (que tem feito muito bons jogos com a selecção) e o Tobias Figueiredo (idem), os restantes têm já bastantes minutos em comparação com os nossos jogadores. E a esta idade (estamos a falar dos 17 aos 21 nestes casos) esses minutos são fundamentais. O meu problema nem é tanto com a escolas do Sporting (aproveitada por necessidade) e do Benfica (que está a recuperar o tempo perdido) mas sim com a quantidade de jogadores que nos têm escapado do radar com 15-17 anos e que acabam noutras paragens como passou com o Luis Neto, o Bruno Fernandes ou o Ruben Vezo.

Esse paragrafo é, precisamente, para reivindicar mais minutos para esses 4 jogadores (juntaria o André, ao Ruben ainda é preciso algum tempo) num outro contexto de gestão desportiva.

Miguel Lourenço Pereira disse...

Pedro

1) São as nossas melhores perspectivas não quer dizer que são as únicas perspectivas. É uma questão de português. Os jogadores que citei, a meu ver, estão um degrau por encima dos que citou e da maioria de exemplos que dei na faixa etária 18-22 no artigo). O que não significa que não se desenvolvem em óptimos jogadores.

2) Esse é um ponto interessante, saber se o trabalho de desenvolvimento (e integração na primeira equipa) acompanha as nossas necessidades. Nesse sentido a chegada por empréstimo de um Oliver é uma má noticia.

PS: Não sei onde está a demagogia no artigo. Nem a percebi no comentário.

Miguel Lourenço Pereira disse...

João,

1) Repito o que disse no comentário anterior. Falei das melhores não das únicas. Considero o Leandro, o André e o Ruben, bem como o Luis Peixoto ou o Francisco, jogadores com potencial, mas não no nivel de Tozé, Rafa, Tomás ou Gonçalo. E muito menos se falamos nos Bruma, William, Fernandes, Oliveira, Miguel Rodrigues ou Bernardo Silva que cito no artigo. O que não significa que não crescem como grandissimos jogadores

2) Não pintei nenhum panorama negro. Tenho a consciência de que algo bom se está a construir (tarde) mas é um processo que vai demorar e, sobretudo, vai precisar de uma mudança de postura da primeira equipa. Onde o Benfica e o Sporting têm sabido, pontualmente, integrar jogadores, nós mantemos as portas fechadas. E quanto ás convocatórias dos sub21 e sub19, não vejo demasiados problemas nas mesmas.

3) "não me faz confusão nenhuma termos putos estrangeiros "
A mim também não e referi-o no artigo. Eu gostaria, como portista e portuense, ter um core de jogadores locais/regionais na equipa mas não é condição sine qua non. Não somos o Athletic Bilbao. E acho que o Victor Garcia devia ser jogador da primeira equipa sim ou sim este ano (do que conheço do Lichnovsky vejo muito mais potencial que o Tiago Ferreira, lamentavelmente para quem, como eu, pensava há uns anos que podia ser um central "á Porto")

Miguel Lourenço Pereira disse...

"Ou estamos numa de xenofobia? "

Parei de ler aqui. Quem não sabe analisar um artigo de discussão do futuro da formação de um clube sem recorrer a esta terminologia não tem nada a aportar a este debate!

João disse...

1) Desculpe Miguel, mas isso simplesmente não é verdade. Não está sequer a fazer comparações exequíveis. Não pode comparar um puto de 17 anos com o William. O William com 19 anos estava de malas feitas para um clube de meio da tabela da Liga Belga e já lhe auguravam um elo futuro na área da confeitaria, o Rúben saiu este ano dos juvenis. Tem um potencial muitos superior ao Tomás, simplesmente as diferenças de idades têm um peso enorme nesta fase. O Paulo Oliveira é outro "puto" de 21 anos, com 2 anos de Primeira Liga, mais propriamente lançado pela precariedade financeira do que propriamente pelo engenho formativo vitoriano. O Gonçalo vai começar - agora - a fazer o seu percurso na Primeira Liga, exactamente com a mesma idade com que ele foi lançado. Não é comparável. O Miguel Rodrigues não tem mais potencial que nenhum dos jogadores que eu enunciei. O Bernardo não tem mais potencial que vários jogadores que eu enunciei. O Bruno Fernandes e Bruma sim, eventualmente, mas são jogadores de excepção, nunca uma fasquia sensata para se tecer críticas a uma política de formação;

2) Quem, exactamente? O Benfica em dois anos, "lançou" dois jogadores da "sua" formação - André Gomes e Ivan Cavaleiro - duas belas nódoas, já agora, que nem terceiras opções são para jogos minimamente relevantes. Já descontei o André Almeida, menino dos seus 23 anos, mas consegue ser pior que os outros dois. O Sporting, principalmente quando está nas lonas, farta-se de lançar putos. Até ao momento, o único que poderá, muito eventualmente, ser qualquer coisa de jeito é o Mané. Isto é um "pontualmente" extraordinariamente" simpático

Se não vê nada de errado nas convocatórias, é porque acha normal serem convocados 12 jogadores do Benfica para os sub-17, por exemplo. Quer dizer que até um suplente do - 2º classificado - Benfica faz melhor serviço que um titular do - campeão - Vitória de Guimarães, por exemplo. Faz todo o sentido.

3) completamente de acordo. Temos que nos mentalizar que, por muito boa que seja a formação, não vai servir a equipa para todas as posições e devemos também ter a capacidade de pescar bons valores noutros mercados. O Mikel é outra aposta ganha.

DC disse...

Acho que esse problema tem sido corrigido com a equipa B. A evolução do Tozé e do Gonçalo no ano passado foi fabulosa e rapidíssima e outros como Ivo ou Leandro começaram a dar passos no bom sentido. Acredito que este ano com aposta contínua em mais meia dúzia de putos os resultados continuem a surgir.

Miguel Lourenço Pereira disse...

1) A natureza do artigo não se limitava a valorar exclusivamente o que temos. Primeiro centra-se numa faixa etária que vai dos 17 aos 21-22 e que, portanto, não é estanque. Naturalmente quem está a começar a caminhada não pode ser comparado com quem já a fez mas a prova é que dos 19 para cima temos muito menos nomes que outros para apresentar.
Quanto á avaliação de vários jogadores não estou de acordo, acho que o Miguel é melhor central que qualquer um da formação do FCP, que o Bernardo é um jogador com um óptimo futuro, que o André Gomes e o Ivan Cavaleiro não são piores que nenhum dos nossos jogadores de formação com a sua idade.

Joao Goncalves disse...

Claro que paras de ler aì como é óbvio... o resto não te interessa apesar de andares sempre a cascar na nossa formação e a acusar o clube de contratar estrangeiros sem qualquer ponta de análise.

Que eu Saiba tanto é "estrangeiro" à nossa formação um Chileno como um Piqué, Diogo Viana ou Candé mas quando se lê n o artigo:

"... Olival tudo continuou na mesma. Paralelamente o clube tem investido bastante em recrutar jovens promessas sub-18 espalhadas pelo Mundo."


está-se mesmo a ver que onde queres bater é no recrutamento estrangeiro e não no recrutamento nacional que ir buscar a com 18-19-20 anos Guimarães, Nacional, Braga,etc.. etc.. já está tudo bem, contando que sejam portugueses....

Portanto queres que lhe chame o quê? Que estás a ser nacionalista é isso?

DragaoMinho disse...

Desculpem se estou enganado mas pelas opiniões que aqui se lêem fica-se com a ideia de que ter uma boa formação é fornecer craques á equipa principal ou mesmo formar craques!
Na minha modesta opinião uma boa formação avalia-se pela quantidade de jogadores que se tornam profissionais oriundos do clube!
E neste aspecto não me parece que o nosso clube não tenha feito a sua parte, pode não ter surgido um craque daqueles de encher os olhos mas há muito jogador que faz vida de futebolista e que se formou no FCP!
Claro que nós adeptos só reparamos no percurso daqueles que passam na equipa principal do nosso clube e claro esta que queremos que se formem jogadores para a equipa principal isso seria o ideal, mas sinceramente craques não aparecem todos os dias e hoje em dia os miúdos gostam mais de playstation e ipads do que bola, qual de nos concordaria que um filho não fosse medico para ter uma carreira breve e incerta no futebol??
Conheço gerações de miúdos de grande qualidade que chegaram aos 18 anos e foram para a universidade, optaram por estudar outros mesmo trabalhar porque a "bola" não dava para os gastos.
Discutir a formação de futebolistas jovens e portugueses engloba muito mais do que o foro interno do clube há uma conjuntura que não podemos ignorar e o FCporto não esta alheio a isso, podemos ter excelentes condições e uma excelente formação mas depois temos que ir buscar jovens fora porque os jovens portugueses já não se interessam tanto pelo futebol como há 30 ou 20 anos atrás e como é óbvio mais talento luso se perde!
Dá que pensar este assunto mas não me parece que seja um assunto
de inteira responsabilidade do nosso clube e duvido que o clube possa fazer mais do que já fez ate agora!
Saudações

José Rodrigues disse...

Ha' aqui varias questoes...

A primeira (e sem percebi o ponto principal do artigo) diz respeito 'a captacao de jovens portugueses.

Bem, penso que nao e' demasiado ambicao esperar que o FCP consiga ter uns 50% dos mais promissores jogadores portugueses com 16 anos (e digo 16 anos porque dessa idade para a frente o seu preco e salario dispara exponencialmente se derem nas vistas). Idealmente mais do q 50%, mas ja' nem peco mais. Ora na ultima decada temos andado bem longe disso, em media.

Em Portugal o nosso poderio economico so' e' comparavel com o do slb, o resto (ate' mesmo o SCP) vem muuuito longe. uma arma enorme na captacao, e uma vantagem enorme em relacao a outros clubes europeus (q tem muito mais concorrencia interna na captacao de talento). E o Miguel tem razao: ha' muitos jogadores promissores portugueses q nos escaparam por entre os dedos. E ha' tambem alguns que ate' acabaram por ingressar no FCP, mas ja' com 19 ou mais anos, depois de dar nas vistas a nivel senior, vindo portanto ja' com um custo muito mais elevado (por ex Vieirinha).

Isto nao invalida q tambem se olhe para o estrangeiro na captacao de jovens (e falo aqui ate' aos 16 anos), mas a prioridade maxima deve claramente ser Portugal (por varias razoes praticas: como nao ser facil/simples trazer menores do estrangeiro, o risco de inadaptacao ao pais, os custos de observacao de putos no estrangeiro, ....). E afinal de contas, a materia prima portuguesa e' relativamente boa. Olhar com mais atencao para o estrangeiro fara' mais sentido a partir dos 17 anos.

Depois ha' outras questoes como o ACOMPANHAMENTO desses jovens a partir do momento q pertencem ao FCP (e ha' por ex dados anedoticos que indicam q o acompanhamento dos emprestados e' fraco) e o seu APROVEITAMENTO, mas isso e' outra discussao.

José Rodrigues disse...

"qual é a diferença entre contratar ao Braga, Nacional, Etc... e contratar no estrangeiro? Ambos não vão tirar lugar aso jogadores da formação? Ou estamos numa de xenofobia?"

Sera' q o Joao Goncalves pensa que e' a mesma coisa trazer um puto de 16 anos para o Porto de Braga ou um puto da mesma idade de por ex Senegal?

Adaptacao ao pais/lingua, facilidade com as autoridades de "importar" menores, acabar a escola, etc, sao factores irrelevantes?

Ate' mesmo para jogadores adultos: a adaptacao ao pais e campeonato portugues e' um factor irrelevante?

E' mais do que obvio por essas razoes que se tiver 2 jogadores de valia identica (um num Braga ou Nacional e o outro no estrangeiro), e' de longe preferivel o primeiro, e e' tb obvio que xenofobia nao tem nada a ver com isto.

Mas ja' agora: tambem e' muito mais facil determinar a verdadeira valia de um jogador saido de clubes portugueses do q de clubes estrangeiro (observacao). Tambem ai' ha' menos risco (e infelizmente nao faltam exemplos de jogadores contratados no estrangeiro apenas 'a base da recomendacao de um empresario e de um DVD).

HS disse...

Só um aparte

http://www.zerozero.pt/jogador.php?id=368346

Africano??

Abraço

DC disse...

Não concordo com esses valores José. Até porque seria totalmente contraproducente ter uma percentagem dessas. Os putos evoluem a jogar, portanto nós além de captarmos os mais talentosos, temos que os ter a jogar regularmente para evoluir.
E se andássemos a contratar camiões de putos, metade deles ia-se perder e nunca evoluiria para profissional. O Porto tem que contratar em qualidade e não em quantidade.
Admito que nas captações tenha havido erros na qualidade das captações mas tanto pode ser esse o problema como o problema da evolução posterior deles. Se calhar até tínhamos os melhores e não os soubemos guiar no caminho do estrelato.
É preciso captar pouco e bem e essencialmente saber formar. O Barcelona forma o que forma não por captar tudo o que é bom mas sim por qualquer jogador que sai daquela casa vir com uma escola fabulosa.

E a centralização dos talentos das camadas jovens apenas nos três grandes seria muito prejudicial à formação em Portugal. Para no futuro podermos ser fortes e ter uma selecção forte é importante haver pelo menos10, 15 equipas portuguesas a trabalhar bem nas camadas jovens.

E olhando para outros países (Southampton, Valencia, Rennes, etc...) não é por haver vários talentos espalhados por equipas mais pequenas que a formação dos grandes fica prejudicada. Pelo contrário, isso só garante que mais jovens com potencial cheguem aos escalões profissionais.

Joao Goncalves disse...

Se são somente contratados à base de um "DVD" então deve saber bem mais que eu, pois que saiba, o Porto tem um rede de scouting espalhada pelo globo e que não trabalham gratuitamente... se assim não o é então a politica de comunicação do clube está feita de falsas verdades.

Agora se eu acho que é a mesma coisa de ir buscar uma ao Nacional, Braga etc... do que ir buscar ao Senegal, Guiné, Brasil, etc... é a mesma coisa... acho e tem muitíssimas provas por esse Portugal todo e então na auto-proclamada maior academia de Portugal, temos dezenas destes casos... a única diferença é que parece que um Guineense é Português desde pequenino para esta gente...

Quando falamos de formação temos de dividir em jogadores que chegam ao clube nos seus 7/13-14 anos dos restantes... pois a partir dos 15/16 anos, estamos a adquirir jogadores que não nos pertencem e já tem um percurso de formação próprio, onde a missão do clube que os adquire é tentar explorar o talento que já está em formação, mas na prática vem tirar um lugar a um elemento "Porto" que pode já ter 6 ou 7 anos de casa na altura... e isso é certo? Claro que sim! Desde que tenha qualidade e não interessa se vem do Barreiro ou do Cairo!

E então na nossa formação, temos dezenas de exemplos de jogadores portugueses adquiridos até por quantias razoáveis, nesse estágio de formação, que depois nada deram (nós e os outros de Lisboa)

Joao Goncalves disse...

Nesse aspecto eu penso que a lógica regional tem de imperar com excepções apenas baseadas na qualidade e no talento, sejam nacionais ou estrangeiras e por motivos essencialmente de proximidade familiar dos jogadores para com as suas casas/famílias.

Apesar de termos uma academia, os jogadores que tem uma estrutura familiar próxima e presente tem mais capacidade de aguentarem os maus momentos e de estarem capazes de explorar as suas capacidades.

Também será no Norte em que os jovens são mais Porto desde pequenos e isso também influencia a maneira e o empenho daquilo que podem colocar em campo e evoluir.

Agora, temos que colocar um ponto final na nossa politica de formar jovens para a vida... é extremamente importante mas impede-nos de secalhar tomar decisões difíceis com vista para a qualidade e com isso estarmos a ocupar espaço que outros poderiam beneficiar.

O Sporting por exemplo, está-se borrifando para prestar um trabalho social... ali o que interessa é o talento... se não o tem poder ir andando que existem muitos outros clubes para formas homens.

Filipe Sousa disse...

Totalmente de acordo; essa é uma vertente do problema que raramente é considerada. Só sobre uma pergunta: porque é que os poucos craques há, saem todos da academia do SCP?

José Rodrigues disse...

"E se andássemos a contratar camiões de putos, metade deles ia-se perder e nunca evoluiria para profissional."

Eu acho q nada mais natural q quanto mais jovem forem os jogadores mais se contratem em numero, ja' q custa muitissimo menos do q contrata-los quando forem mais velhos.

Quer isso dizer q se deve contratar camioes e camioes de miudos com 15 e 16 anos? Nao, nem 8 nem 80. Deve tentar separar-se o trigo do joio (com uma malha um bocadinho elastica, certamente mais do q a nivel senior), fazendo um bom scouting e contratando todos os anos o top de jogadores-promessa q se ve^ pelo pais fora (mas estou a falar de uma meia-duzia/ano, nao do top50...).

Bluesky disse...

Isto não é mais que a filosofia dos 3 M's, na formação: momento, meio e moda!
Momento propicio a comprar jogadores jovens estrangeiros.
Meio financeiro bastante atrativo e ao alcance das bolsas portuguesas
Moda que FC PORTO, SL e B e até os calimeros aderiram e com seguidores como o Sporting de Braga...
Daqui a um par de anos, alguem se enche e volta tudo outra vez a olhar para a formçáo de jovens lusos...

Pedro disse...

Por falar em bairrismo e portismo...
http://bibo-porto-carago.blogspot.pt/2014/07/cliente-com-portabilidade.html

Vergonhoso!

Tudo me preocupa, a formação, o projecto, a viabilidade financeira, os jogadores portugueses, as transferências mais claras etc. Mas esta separação altiva e arrogante entre SAD e sócios é vergonhosa. Pessoas com 4 ou mais décadas de superior sul são escorraçadas. E vai esta gente preocupar-se com a formação do clube?