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FC Porto x Kapfenberg Bulls |
Após a surpreendente vitória no primeiro jogo oficial (em Israel), a equipa de basquetebol do FC Porto averbou seis derrotas seguidas.
FIBA Europe Cup (FEC):
03-10-2017: Bnei Herzliya x FC Porto (65 - 68)
11-10-2017: FC Porto x Bnei Herzliya (83 - 85)
18-10-2017: KK Mornar x FC Porto (81 - 70)
25-10-2017: Kataja BC x FC Porto (88 - 84)
Liga Portuguesa de Basquetebol (LPB):
07-10-2017: FC Porto x Illiabum (76 - 80)
15-10-2017: FC Porto x UD Oliveirense (78 - 93)
21-10-2017: SL Benfica x FC Porto (77 - 71)
Seis derrotas seguidas é algo inédito, o que fez com que tivesse lido, nas redes sociais, alguns adeptos portistas a desconfiar deste plantel, desta equipa e deste treinador.
Foi com este peso aos ombros, que a equipa de basquetebol se deslocou aos Açores (Ilha Terceira), de onde regressou com duas vitórias em dois jogos.
28-10-2017, LPB: Terceira Basket x FC Porto (75 - 81)
29-10-2017, LPB: SC Lusitânia x FC Porto (84 - 93)
A que se seguiram mais duas vitórias no Dragão Caixa: frente à equipa austríaca do Kapfenberg Bulls (com um cesto no último segundo!) e contra o Galitos do Barreiro, no passado fim-de-semana.
01-11-2017, FEC: FC Porto x Kapfenberg Bulls (85 - 84)
04-11-2017, LPB: FC Porto x Galitos (83 - 67)
11 jogos (oficiais), 5 vitórias e 6 derrotas.
Está a ser um inicio de época de altos e baixos, mas quem acompanha de perto esta modalidade e, particularmente, a equipa de basquetebol do FC Porto, não pode ficar muito surpreendido.
Sem assistir aos treinos, nem estar por dentro do que se passa no balneário, parece-me que são várias as razões para este começo difícil.
1) Alterações à Equipa
Da época passada para esta, houve uma mudança radical na equipa do FC Porto. Do cinco-tipo (cinco mais forte) da época passada, só continuou um jogador (Sasa Borovnjak). Ora, perceber o que o treinador pretende, as jogadas ensaiadas, na defesa e no ataque, os mecanismos e sincronismo entre os jogadores, é algo que não se adquire de um dia para o outro. Exige muitos treinos e muitos jogos.
Neste aspeto, penso que a equipa irá melhorar substancialmente. Só pode.
2) Lesões
Um dos três novos americanos – Will Sheehey – lesionou-se (com alguma gravidade), esteve quatro semanas sem sequer treinar e só pôde dar o seu contributo, embora de forma limitada, a partir do 7º jogo oficial (na deslocação à Finlândia, para defrontar o Kataja).
Apesar do atraso na integração e no conhecimento dos companheiros de equipa, o regresso de Will Sheehey, que está a ser gradual, irá fazer subir os patamares qualitativos desta nova equipa (porque é de uma nova equipa que se trata) de basquetebol do FC Porto.
3) Calendário e Viagens
Na fase mais difícil deste calendário inicial, entre os dias 3 e 29 de outubro, a equipa de basquetebol disputou nove jogos, dos quais seis fora de casa. Para se fazer uma ideia das dificuldades que a equipa teve nesse período, na semana em que foi jogar a casa do KK Mornar (no dia 18 outubro), a equipa partiu do Porto dois dias antes (dia 16 outubro) para o Montenegro (com escalas…) e só regressou a Portugal, por Lisboa, na sexta-feira (dia 20 outubro). No dia seguinte jogou no pavilhão da Luz, sem ter feito um único treino!
Um calendário inicial com muitas deslocações – Israel, Montenegro, Lisboa, Finlândia, Açores –, com o inerente cansaço a tantas viagens e com poucos dias no Porto para treinar e corrigir, tinha de se fazer sentir.
4) Limitação de estrangeiros
Este é um problema antigo, do qual Moncho Lopez já se queixou várias vezes. De facto, não faz muito sentido que o FC Porto tenha de jogar contra equipas israelitas, finlandesas, austríacas, holandesas, alemãs, etc., cheias de jogadores norte-americanos e, por imposição da Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB), as equipas portuguesas só possam jogar com três.
Aquilo que, supostamente, seria uma medida para promover os jogadores portugueses, acaba por, na prática, se transformar numa enorme limitação, impedindo as equipas portuguesas de ter outro tipo de ambições e de ir mais longe nas competições europeias.
Urge continuar a pressionar a FPB para alterar esta regra, mesmo que, internamente, isso vá contra os interesses do clube do regime (que domina o mercado dos jogadores de nacionalidade portuguesa).
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Os cinco reforços (contratações) para a época 2017/18 |
5) O trio de norte-americanos
Da época passada para esta, o FC Porto trocou a totalidade do trio de norte-americanos.
Saíram Brad Tinsley, Jeff Xavier e Nick Washburn.
Entraram Marcus Gilbert, Will Sheehey e Will Hanley.
Acertar nos americanos é crucial e basta que um deles seja um flop, devido a lesões, falta de adaptação ou mesmo por razões extradesportivas, e as ambições da equipa ficam, desde logo, comprometidas.
Nesta altura, é cedo para ter uma opinião definitiva acerca destes novos jogadores americanos (e, no caso do Will Sheehey, demasiado cedo), mas parece-me que, ao contrário da época 2015/16, o segredo do sucesso da equipa poderá estar mais na integração e complementaridade com os restantes jogadores do que na valia individual deste trio de americanos.
6) Jogadores provenientes do “projeto Dragon Force”
Mais do que ganhar títulos na formação ou nos escalões secundários do basquetebol português, o “
projeto Dragon Force Basquetebol” tinha como objetivo principal a deteção de talentos e a formação de atletas de elite.
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Moncho López, O JOGO, 20-08-2012 |
Para quê?
Para alguns deles (os melhores) serem integrados no plantel da equipa principal.
Eu acompanhei de perto o
trajeto do basquetebol Portista nos escalões secundários e tive grandes expectativas no crescimento daquele lote de jogadores. Contudo, olhamos para o plantel 2017/18 e vemos que, do projeto inicial, sobram apenas dois jogadores – Pedro Bastos e Ferrán Ventura.
E mesmo estes, que eram os melhores e a que podemos juntar o Miguel Queirós (integrou o projeto mais tarde, vindo do Illiabum), evoluíram pouco ou nada nos últimos dois anos, ficando num patamar competitivo aquém das necessidades de uma equipa que quer lutar pelo título de campeão nacional.
A não ser que o FC Porto passe a canalizar mais meios para as modalidades e, particularmente, para o basquetebol, o sucesso da equipa, este ano e nos próximos anos, vai depender muito do crescimento competitivo destes jogadores – Pedro Bastos, Ferrán Ventura, Miguel Queirós – e do contributo de outros, como André Bessa e António Monteiro.
7) Nível dos jogadores portugueses
Depois da geração de Paulo Pinto, Nuno Marçal, Carlos Andrade, Miguel Miranda, entre outros, nos últimos anos o basquetebol português não produziu suficientes jogadores de nível elevado (veja-se os resultados da seleção nacional de basquetebol).
Ora, havendo uma forte limitação de estrangeiros (comparativamente com outros países), os escassos jogadores portugueses de maior qualidade emigram ou são disputados a “peso de ouro” (para a realidade do basquetebol português) acabando, na maior parte dos casos, contratados pelo clube de maior orçamento (o SLB).
Sem ser os portugueses que estão no SLB (e que são inacessíveis), talvez jogadores como Miguel Maria (V. Guimarães), Henrique Piedade (Galitos) ou Loncovic (Illiabum), entre outros, pudessem reforçar o plantel do FC Porto. Contudo, olhando para a realidade do basquetebol português, parece-me que a grande aposta tem de ser na melhoria da formação e em criar condições para o crescimento competitivo de jogadores provenientes da Equipa B / Dragon Force (talvez a rodagem, por empréstimo, em outros clubes da I Liga).
8) O Base da equipa
Nenhum dos novos americanos é um base, ou tem perfil para jogar na posição 1, como era o caso de Brad Tinsley. Assim, para colmatar a saída de Tinsley, o
FC Porto contratou Pedro Pinto, um base internacional português de 29 anos.
Na época passada, ao serviço do Vitória de Guimarães (onde esteve quatro temporadas), Pedro Pinto registou médias muito interessantes para um base (12,4 pontos, 2,3 ressaltos e 3,9 assistências por jogo). Contudo, ao serviço do FC Porto, ainda não se afirmou como a escolha indiscutível para a posição 1, revelando inconstância exibicional de uns jogos para outros.
Não há boas equipas de basquetebol sem um bom base e, por isso, é fundamental que o Pedro Pinto complete rapidamente o processo de integração no FC Porto e se assuma como o líder (organizador de jogo) da equipa dentro do campo.
9) Os Adeptos
The last but not the least, os adeptos. Faltam adeptos às modalidades do FC Porto. E, particularmente, faltam adeptos ao basquetebol portista.
Esta nova equipa de basquetebol do FC Porto não tem o melhor plantel, nem tem um
Troy DeVries e, por isso, precisa ainda mais do apoio de adeptos Portistas. Precisa ainda mais que os adeptos encham o Dragão Caixa e que, nos momentos mais difíceis, ajudem a ganhar os jogos.
Apesar do Dragão Caixa ser um pavilhão de reduzida lotação (cerca de 2000 lugares) e dos muitos convites / bilhetes gratuitos que são distribuídos para cada jogo, na maior parte dos jogos está menos de metade da lotação. Chega a ser deprimente, principalmente em jogos europeus, ver as duas bancadas de topo quase vazias.
Hoje à noite não há futebol mas, a partir das 20h30, há uma equipa do FC Porto que joga numa competição europeia. Há um FC Porto x KK Mornar (equipa do Montenegro), para a fase de grupos da FIBA Europe Cup.
Era bonito ver o Dragão Caixa cheio. Moncho, a equipa técnica e os jogadores da equipa de basquetebol do FC Porto merecem a nossa presença e apoio.