sexta-feira, 7 de abril de 2017

A atitude de NES, Jonas e o "Somos Porto"

Acho que poucos duvidam que Nuno Espirito Santo será treinador do FC Porto na próxima época, com ou sem títulos na mão. No contexto presente é difícil imaginar num outro cenário salvo que seja o próprio treinador a decidir sair. Convém por isso recordar a NES que ainda que seja bastante meritória a época desportiva da equipa - a lutar pelo título e alcançando o objectivo minimo da Champions League, alcançar os oitavos-de-final - há ainda muito trabalho pela frente e parte desse trabalho depende exclusivamente dele. O homem das conferências imprensas dos desenhos, o homem do "Somos Porto", o homem das frases feitas nas conferências "Vamos levantar-nos!; O Dragão é a nossa fortaleza; Estamos tristes", tem também de ser o homem que vá buscar dentro das entranhas o verdadeiro espírito de treinador do FCP. Um espirito que tiveram homens sem qualquer ligação histórica ao clube como Julen Lopetegui ou Jesualdo Ferreira, nomes insuspeitos do portismo que NES sempre declarou - e que não temos motivos para desconfiar. O de não calar.

No final do jogo com o Benfica, ouvir o treinador do FC Porto dizer que está triste, que teve a sorte (porque no contexto actual do futebol internacional é uma sorte) de treinar com nove titulares durante dez dias antes do Clássico e que a equipa não soube entrar bem no jogo, já doi suficiente. Foi evidente para todos que o plano de NES (qual plano?) não resultou, que o Benfica medroso não apareceu em campo e que ninguém estava preparado para o jogo ofensivo dos primeiros minutos com sucessivas diagonais da ala para o centro que cortavam o meio-campo dragão com facilidade e que geraram o lance do não penalty que deu o golo da vantagem aos locais e nos obrigou a remar contra a corrente. Foi evidente que não alinhar Soares e André Silva juntos, como tão bem tinha funcionado noutros encontros, nem um só minuto, retirou possibilidades de fazer mossa a uma versão menor do Benfica de outros anos. E foi evidente ainda que a Nuno Espirito Santo lhe interessa mais o seu prestigio pessoal, o cair em graça com o establishment do futebol português do que ser um treinador que defende o FC Porto contra tudo e contra todos.
Sabemos perfeitamente que a impune agressão de Samaris a Telles e o fora-de-jogo ESCANDALOSO que se assinala a Diogo Jota podiam ter permitido um desfecho do jogo totalmente distinto. Cabe ao clube e aos seus porta-vozes (treinador incluído) lutar para que nada disso passe impune. O que não pode suceder é que um jogador rival decida, voluntariamente, tentar agredir o nosso treinador e este, em lugar de defender os interesses do clube, decida armar-se em "machão" e homem de paz e concórdia e retira importância ao assunto deixando assim com as calças na mão a todos os portistas que olham para esse lance como uma de tantas impunidades permitidas a Jonas desde que chegou a Portugal.



Jonas e NES têm um passado. Até a imprensa local valenciana fez eco disso antes e depois do Clássico.
Jonas estava no Valência quando NES chegou, NES não gostou de Jonas e da sua atitude e deu-lhe ordem de dispensa. Jonas não gostou de ser dispensado e houve zururu no balneário (o habitual no Valência) e tudo acabou com o brasileiro dispensado e com o Valência no quarto lugar do campeonato com a sua melhor pontuação histórica de sempre. No final do jogo vários jornais valencianos, incluindo o Levante, foram rápidos a perceber que Jonas tentou agredir NES como medida de retaliação por essa dispensa. O jornal espanhol, que seguramente não é nem conhecido por ser portista nem por ser pro-NES (leiam o que se disse dele quando saiu do clube), não teve problemas em classificar a acção do brasileiro de "propositada", "voluntária" e "ajuste de contas".
No meio de uma situação assim o que faz NES?
Decide dar-se a ares galantes em meio de uma guerra, de uma luta pelo título que se vai decidir em detalhes, e em lugar de colocar os focos na agressão de que foi vitima (e ele sabe que o foi), retira-lhe importância para referir o quão musculado, alto e forte é e quão difícil é derrubar o "monstro" NES. Isso é ser Porto? Isso é velar pelos interesses do clube? Isso é deixar que milhões de portistas que viram no lance uma agressão e estão dispostos a afirma-lo a pés juntos sejam calados pelos rivais que só têm de dizer "Agressão? Mas o vosso treinador diz que não!"?

No final com ou sem agressão, Jonas continuará a caminhar impune, mas a falta de ruido do protagonista sobre esse lance diz muito sobre NES e sobre a sua agenda onde o Porto é claramente uma virgula e não a frase completa. Lutar á morte pelo clube - como Jesualdo fez nos dias quentes do Apito Dourado ou Lopetegui, levando para a imprensa espanhola, em capas da Marca e do As o Colinho que Pinto da Costa calou - é aquilo que este projecto desportivo necessita e não é aquilo que NES parece estar disposto a dar. Convém recordar portanto para o futuro imediato que tanto como ter um bom plantel, uma boa estrutura de jogo é igualmente importante ter uma voz única, uma voz que recebe indicações desde dentro para defender os direitos do FC Porto e depois decide, unilateralmente, fazer o que bem lhe apetece e o que lhe vai potenciar no futuro para outros cargos. Quando até os espanhóis vêm na atitude de Jonas uma agressão, quando há tantos portistas indignados por mais um acto de impunidade do rival num terreno de jogo, ter um treinador com o discurso de NES é o pior que pode passar. Já vai tarde para emendar este erro mas que sirva de aprendizagem para o futuro. Antes de soltar slogans como "Somos Porto" convém Nuno que o sintas de verdade.

10 comentários:

vmartins45 disse...

Desde o principio se viu que NES não tem estofo nem garra para defender as nossas cores.
Nunca percebeu que SER PORTO é estar pronto a lutar contra tudo e contra todos, lutar todos os dias contra a imprensa falada e escrita que sempre esteve vendida ao clube do regime.
O slogam "SOMOS PORTO" é fácil de dizer, mas só os verdadeiros portistas o sentem na sua alma e infelizmente NES só o diz da boca para fora.......

Valdemar Martins

Paulo Marques disse...

Quem ainda não percebeu que o problema não é o treinador só vai continuar a cavar o cemitério. O Negroni disse parte da razão no último comentário.

Hélder disse...

No lance com Jonas, chega a ser Hilariante, pois Filipe nem sequer toca no avançado, sendo que este simula um toque e muda repentinamente a trajetória, logo que se apercebe que NES estava "mesmo ali"... Agressão, e expulsão clara na apelidada belíssima arbitragem pelos pasquins e comentaristas de serviço.

Tiago Valente disse...

Completamente de acordo com esta análise!

ricardo disse...

lê-lo elogiar lopetegui mesmo que ao de leve da-me riso. e criticar nuno tb. ha-de concerteza chegar a altura de o elogiar... cumps

miguel.ca disse...

Eu sinceramente acho o tema meio disparatado!
Então num clube que há anos que é acusado à boca cheia e sem qualquer tipo de prova sustentável, de ser corrupto, de ser o clube da fruta, dos apitos e dos bares de alterne, que tem um Presidente acusado de barbaridades mitológicas e nunca provadas em tribunal mas que ainda assim preferiu remeter-se a um silêncio ensurdecedor que chegou a ser chocante aos olhos dos adeptos vai agora exigir a um tipo que nem sequer é da casa que ande por aí a disparar contra o benfica por causa duma insignificância chamada Jonas?
Não me digam que foi por causa do Jonas que empatamos em casa contra o Setúbal!
O Nuno não é um papa-chiclas ou um Mourinho! É um tipo calmo, sereno e educado como qualquer profissional deveria ser.
Se tem qualidades técnicas ou não para ser treinador do Porto, isso é outro assunto completamente diferente.

Hélder disse...

A "cartilha" distribuída em Carnide aos "paineleiros" submissos, contém matéria gravíssima de acusações a elementos do FC Porto. Vamos ver o que irá fazer a administração do clube.

Mário Faria disse...

Completamente em desacordo.
Acho que este comentário é profundamente injusto.
Nuno "juntou" o plantel e fez os jogadores e os sócios acreditarem que era possível. E isso não é coisa pouca.
Não consigo perceber esta fixação em bater no treinador por tudo e por nada.
Até o Lopetegui , tão vilipendiado, foi recuperado. Mais vale tarde do que nunca.
A intervenção do NES no jogo com o Boavista foi muito corajosa e importante.
Com o SLB deveria ter sido mais ponderado sobre a avaliação da grande penalidade, mas fê-lo de forma muito contida. E foi severo nos demais comentários. Aliás, nada de muito diferente que muitos sócios e comentadores portistas expressaram.
Nunca se mostrou exuberante nem vendeu o “orgulho por finalmente se sentar na sua cadeira de sonho”.
A sua intervenção, sempre pouco vistosa é bem acolhida pelos jogadores. E isso é o mais importante. Os jogadores é que ganham os jogos. Ao treinador compete dar o treino, saber ajudar e juntar vontades.
Este final de época vai ser muito complicado. Vamos lá Porto

Miguel Lourenço Pereira disse...

Ricardo,

"lê-lo elogiar lopetegui mesmo que ao de leve da-me riso. e criticar nuno tb. ha-de concerteza chegar a altura de o elogiar."

No histórico deste espaço estão todos os meus elogios a criticas a todos os treinadores do FCP, todos foram merecedores de ambos dependendo do contexto. Duvidar que Lopetegui defendeu os interesses do FC Porto é ter estado cego e surdo á sua passagem pelo clube.

Miguel.Ca

"vai agora exigir a um tipo que nem sequer é da casa que ande por aí a disparar contra o benfica por causa duma insignificância chamada Jonas?"

Não é da casa?
O NES já disse publicamente que é portista dos sete costados. Que é o homem por detrás do "Somos Porto". Que abdicou de ofertas como jogador para ser suplente no Porto porque era no Porto que queria estar. Que se sente em casa como treinador da instituição. A um treinador portista, como um AVB ou VP, essa exigência de defesa dos interesses do clube faz ainda mais sentido do que a um Jesualdo ou Lopetegui que todos sabemos não serem do clube. E Jonas não é nenhuma insignificância numa corrida ao sprint pelo título da mesma forma que não o era Hulk quando conseguiram fazer dele o bode expiatório de uma emboscada planeada.

ABrito disse...

Em tempos de luta mano a mano pelo titulo, que deveriam ser de união em torno de um objectivo, a bluegosfera inunda-se de textos sobre as falhas tecnicas, profissionais e humanas do NES.
Consigo imaginar facilmente uma duzia de treinadores portugueses que têm mais qualidade e que seriam melhores opções do que o NES. Mas neste momento é ele o treinador do FCP. E também é muito seu o merito de manter esta equipa mediana na luta pelo titulo, coisa que nenhum portista acreditava há 3 ou 4 meses.
E assim sendo não entendo sequer o que está por detrás desta corrente de pensamento que considera que neste momento isso é minimamente relevante para a luta que travamos.
Respeito as opiniões pessoais mas o que questiono é: Que raio de importancia têm neste momento, quando o que interessa é que o NES e a brava equipa que montou consiga atingir o que todos sonhamos - o titulo.
Nas criticas ao NES abunda a ideia que não defende com acérrimo os interesses do clube e que é demasiado politico e educado. Ora bolas, dá-me ideia que tivemos cá um tipo basco que disparava para tudo o que era prejudicial ao clube e que nunca em momento nenhum foi apoiado pela massa adepta.
Receio muito esta mentalidade "à benfica nos anos 90" em que tudo está mal e tem de ser mudado ano após ano sem qualquer tipo de sustentabilidade no crescimento. Prefiro muito mais o mote do NES "somos porto" - contra todas as adversidades uni-mo-nos para vencer.