"Esquema de corrupção", o que está Pinto da Costa disposto a fazer pelo FC Porto?

No último "Universo Porto", o Director de Comunicação do clube, Francisco J. Marques, leu em directo uma troca de emails entre um antigo árbitro que continua envolvido no meio - Adão Mendes - e um dos individuos mais asquerosos que rondam o futebol português, um tal de Pedro Guerra. Nessa sequência de emails estão claras as provas que faltavam para confirmar as suspeitas da imensa maioria de adeptos não benfiquistas (e de alguns próprios, também, porque nem todos são idiotas) sobre a influência crescente do clube dentro do universo arbitral durante esta década. Sob linguagem codificada, ex-árbitro e presente-idiota debatem sobre como o clube está protegido por uma nova seiva de árbitros "amigos", que consequências há para os árbitros que os "desafiam" e como o "primeiro-ministro" (leia-se Luis Filipe Vieira) controla o mundo religioso dos "padres" (leia-se árbitros) do futebol português.

Exemplos do citado incluem expressões como:

"Não temos de ser mãezinhas, temos de usar a inteligência a nosso favor. Confidencial: o [Manuel] Mota ganhou o processo. O primeiro-ministro é um grande homem e um grande líder, conheço as suas capacidades. O Benfica manda mesmo e os outros já não mexem nada. Dizem os grandes sábios dos painéis que algo está a mudar. Este espaço foi conquistado com muito trabalho do primeiro-ministro. Temos de rezar e cantar bem. Quanto às missas, temos bons padres para todas"

"'Temos hoje árbitros que, não sendo internacionais, têm demonstrado excelentes prestações: Bruno Esteves, Manuel Mota, Jorge Ferreira, Nuno Almeida, Vasco Santos, Hugo Pacheco, Rui Silva e Paulo Baptista, que está a fazer uma excelente época." 

"Hoje, quem nos prejudicar sabe que é punido"

 Ora o que Francisco J. Marques denuncia, e bem, é infinitamente mais sério que muitas das gravações do processo "Apito Dourado" uma vez que tanto um ex-árbitro envolvido no meio como um "ataché" do clube da Luz confessam entre si é a existência do "Polvo", do processo que levou ao "Colinho" - o email data de 2014 - e de tudo aquilo que vários meios, incluindo este, têm vindo a denunciar sem encontrar demasiado eco no clube, que tem primado estes anos por um discurso de silêncio cumplice ou de gritos surdos que nada logram provocar. Aqui, pelo contrário, não há suposições nem queixas...há provas, escritas, que podem ser apresentadas às autoridades, sejam policiais sejam desportivas.

Uma vez mais o Clube optou pelo silêncio da sua cúpula - que desde esse Apito Dourado vive nesse permanente estado de silêncio funerário - para lançar a bomba por outros canais, mais modestos e seguramente sem o mesmo impacto mediático, político e administrativo. Francisco J. Marques disponibilizou-se a entregar essa documentação à polícia mas aqui é que entra a verdadeira questão. Não é o Director de Comunicação do FC Porto que tem de esperar que lhe venha bater a polícia à porta para "oferecer a documentação". É o FC Porto Instituição - como prejudicado directo destes quatro anos de teia arbitral - que deve ser uma entidade pro-activa e recolher essa e qualquer outra documentação e avançar com a denúncia nos canais indicados. Não se trata de atirar uma bomba ao ar e ver se páginas de facebook afins, blogues ou algum jornal encomendado dão eco. Trata-se de pegar no material e actuar, uma palavra que desapareceu do vocabulário do Dragão.

Há provas reais? Pois muito bem, a que espera Jorge Nuno Pinto da Costa para as fazer chegar à FIFA que tutela o desporto mundial e cujas as insignias de internacionais exibem alguns desses árbitros? À UEFA, que tutela o desporto europeu e sob o qual depende qualquer decisão tomada no espaço português? À Federação Portuguesa de Futebol, que recentemente até abriu um canal ao cidadão para divulgar suspeitas de corrupção e cujo Presidente é um ex-administrativo do FC Porto que viveu na pele a perseguição mediática do caso Apito Dourado e que tutela a arbitragem portuguesa? À Liga de Clubes, cujo presidente é, ele mesmo, um antigo colega dos nomes citados? E, em última análise, à Polícia Judiciária, que foi quem também pegou nas denúncias habilidosas do Apito Dourado e permitiu, com a colaboração de alguns meios de comunicação, que se montasse o circo mediático que se montou com as fugas calculadas das célebres "escutas"?

A que espera Jorge Nuno Pinto da Costa como recém-eleito Presidente para dar a cara pelo seu Clube, pelos seus adeptos, pelo futebol em geral, e exigir com todo o seu peso e em todos os canais possíveis, consequências desportivas, administrativas, legais e financeiras a este esquema? Se a informação em posse é de tamanha gravidade e clareza não há espaço para duvidar. Agir é a única opção para desmontar este "esquema de corrupção" da mesma forma que tanto com o Apito Dourado como depois na queixa apresentada á UEFA pelo Vitória de Guimarães e SL Benfica, os nossos rivais não tiveram o mais minimo problema em fazer tremer a terra para nos prejudicar.

Entre o Agir e o Silêncio está a decisão, a mesma que determinará definitivamente que tipo de Presidência vigente tem o Clube numa situação de tamanha gravidade capaz de unir todos os portistas, sejam eles pro ou anti-SAD, criticos ou seguidores cegos, uma vez que no final de contas os prejudicados somos todos.

Ficamos à espera!